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Parque Paleontológico de São José de Itaboraí (Brasil): Propostas para a Preservação do Patrimônio a partir das Opiniões da População de Cabuçu

Authors:

Abstract and Figures

For the development of geotourism is essential to involve local communities in managing the geotouristic space. In this context were held interviews with the population of the Cabuçu district, located in Itaboraí (Rio de Janeiro State, Brazil), seeking the perception they have of São José de Itaboraí Paleontological Park. In general, the participants commented that they know the park; most have already visited, but are skeptical about the project to revitalize the institution due to delays in its implementation. They believe that the site is abandoned and is lacking in attractions and infrastructure services to visitors. The population trusts that the park is important because it is a tourist attraction that can generate employment, income and infrastructure for the region and also for research and dissemination of scientific knowledge. They commented that the Cabuçu population is not involved in the preservation of the paleontological park for lack of invitations and not knowing the importance of heritage. They consider that their contribution to the preservation of the area could be carried out through the promotion and respect for the norms of the institution and believe that to improve and disseminate the paleontological park it is necessary the advancement of the local infrastructure. This study can be used in the implementation of musealization and geoconservation strategies of the geological heritage, in the adoption of measures to attend geotourism and local populations and in the development of popular education programs.
Content may be subject to copyright.
verificar medidas da capa/lombada. Lombada: 18mm
9789892 605241
Série Documentos
Imprensa da Universidade de Coimbra
Coimbra University Press
2012
IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
Henriques, M. H., Andrade, A. I.,
Quinta-Ferreira, M., Lopes, F. C.,
Barata, M. T., Pena dos Reis, R.
& Machado, A.
Coordenação
ARA APRENDER
COM A TERRA
2012
MEMÓRIAS E NOTÍCIAS
DE GEOCIÊNCIAS
NO ESPAÇO LUSÓFONO
PARA APRENDER COM A TERRA
A presente obra reúne um conjunto de contribuições apresentadas no I Congresso
Internacional de Geociências na CPLP, que decorreu de 14 a 16 de maio de 2012 no
Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra. São aqui apresentados trabalhos
desenvolvidos por várias equipas afiliadas a distintas instituições da CPLP,
que representam abordagens educativas inovadoras, perspetivadas quer para
contextos escolares, quer para cenários exteriores à sala de aula, e utilizando desde os
recursos mais convencionais, como os manuais escolares, até às narrativas ficcionadas,
sem descurar o potencial educativo que encerram muitos dos locais situados em vários
países lusófonos, e que detêm enorme valor patrimonial.
Fotografia da Capa
Ribeira do Maloás, Ilha de Santa Maria, Portugal
A presente obra reúne um conjunto de contribuições apresentadas no I Congresso
Internacional de Geociências na CPLP, que decorreu de 14 a 16 de maio de 2012 no
Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra. São aqui apresentados trabalhos
desenvolvidos por várias equipas afiliadas a distintas instituições da CPLP,
que representam abordagens educativas inovadoras, perspetivadas quer para
contextos escolares, quer para cenários exteriores à sala de aula, e utilizando desde os
recursos mais convencionais, como os manuais escolares, até às narrativas ficcionadas,
sem descurar o potencial educativo que encerram muitos dos locais situados em vários
países lusófonos, e que detêm enorme valor patrimonial.
Fotografia da Capa
Ribeira do Maloás, Ilha de Santa Maria, Portugal
PARQUE PALEONTOLÓGICO DE SÃO JOSÉ DE ITABORAÍ (BRASIL):
PROPOSTAS PARA A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO
A PARTIR DAS OPINIÕES DA POPULAÇÃO DE CABUÇU
SÃO JOSÉ DE ITABORAÍ PALEONTOLOGICAL PARK (BRAZIL):
PROPOSALS FOR THE HERITAGE PRESERVATION
BASED ON THE OPINIONS OF CABUÇU POPULATION
W. F. S. Santos1 & I. S. Carvalho1
Resumo – Para que ocorra o desenvolvimento do geoturismo torna-se essencial o
envolvi
mento das comunidades locais na gestão do espaço delimitado. Nesse contexto
realizaram-se entrevistas com a população do bairro Cabuçu, localizado no município
de Itaboraí (Estado do Rio de Janeiro, Brasil), buscando a percepção que possuem do
Parque Paleontológico de São José de Itaboraí. De maneira geral, os entrevistados co-
mentaram que conhecem o parque, a maioria já o visitou, mas estão descrentes do proje-
to de revitalização da instituição devido à demora na sua concretização. Consideram que
o local está abandonado, sendo carente em atrativos e infraestrutura de atendimento aos
visitantes. Conam que o parque é importante por tratar-se de um atrativo turístico que
pode gerar emprego, renda e infraestrutura para a região e, também, para a pesquisa e
difusão do conhecimento cientíco. Comentaram que a população de Cabuçu não par-
ticipa da preservação do parque paleontológico por falta de convites e por não saberem
a importância do patrimônio. Podem contribuir com a preservação da área por meio da
divulgação e respeito às normas da instituição e acreditam que, para melhorar e divulgar
o parque paleontológico, torna-se necessário o avanço da infraestrutura do local. Este
estudo possui utilização em estratégias de geoconservação e musealização do patrimônio
geológico, em medidas para atender ao geoturismo e populações locais e em programas
de educação popular.
Palavras‑chave – Parque Paleontológico de São José de Itaboraí; Patrimônio geológico;
Estratégias de geoconservação; Geoturismo
1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, Instituto de
Geociências, Departamento de Geologia. Av. Athos da Silveira Ramos, 274. Bloco F. 21941-916, Cidade
Universitária, Ilha do Fundão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; tonlingeo@yahoo.com.br; ismar@geologia.ufrj.br
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Abstract For the development of geotourism is essential to involve local communities in
managing the geotouristic space. In this context were held interviews with the population of
the Cabuçu district, located in Itaboraí (Rio de Janeiro State, Brazil), seeking the perception
they have of São José de Itaboraí Paleontological Park. In general, the participants commen‑
ted that they know the park; most have already visited, but are skeptical about the project
to revitalize the institution due to delays in its implementation. ey believe that the site is
abandoned and is lacking in attractions and infrastructure services to visitors. e popula
tion trusts that the park is important because it is a tourist attraction that can generate em‑
ployment, income and infrastructure for the region and also for research and dissemination
of scientic knowledge. ey commented that the Cabuçu population is not involved in the
preservation of the paleontological park for lack of invitations and not knowing the impor
tance of heritage. ey consider that their contribution to the preservation of the area could
be carried out through the promotion and respect for the norms of the institution and believe
that to improve and disseminate the paleontological park it is necessary the advancement of
the local infrastructure. is study can be used in the implementation of musealization and
geoconservation strategies of the geological heritage, in the adoption of measures to attend
geotourism and local populations and in the development of popular education programs.
Keywords – São José de Itaboraí Paleontological Park; Geological heritage; Geoconservation
strategies; Geotourism
1 – Introdução
Cabuçu é a sede do 6° distrito do município de Itaboraí (Estado do Rio de Janeiro,
Brasil) e possui uma população de aproximadamente 7500 habitantes. Vizinho a esta
localidade encontra-se o bairro de São José de Itaboraí, onde ocorre uma pequena bacia
sedimentar de 1400 m de comprimento por 500 m de largura, preenchida por rochas
calcárias ricas em fósseis de invertebrados e vertebrados, com destaque para os mamífe-
ros do Paleoceno tardio, com aproximadamente 57 Ma (Fig. 1). No lugar existem tam-
bém artefatos líticos do homem pré-histórico datados de 8100 ± 75 AP (BELTRÃO,
2000). De 1933 a 1984 estas rochas foram exploradas economicamente pela Companhia
Nacional de Cimento Portland Mauá, sendo responsável pela descoberta dos fósseis, ur-
banização e geração de empregos na área. No entanto, com o m da mineração a região
entrou em um processo de decadência socioeconômica e um lago se formou na depressão
deixada com o m da mineração, que diculta os estudos cientícos, mas abastece de
água os moradores da região (g. 2A) (BERGQVIST et al., 2006; SANTOS, 2010).
Com o objetivo de conservar o patrimônio geológico da região foi criado em 1995
o Parque Paleontológico de São José de Itaboraí nas antigas instalações da companhia
mineradora (Fig. 2B). Atualmente, a instituição passa por um processo de revitalização,
com apoio do Instituto Virtual de Paleontologia e da Petrobras, e está prevista a reforma
do Centro de Referência Ambiental, Paleontológico e Arqueológico da área (centro
cultural), com a construção de laboratórios de informática, salas de vídeo, laboratório
de preparação de fósseis e um museu paleontológico (VELLOSO & ALMEIDA, 2006).
Estas modicações poderão acarretar um novo impulso socioeconômico na região, através
da intensicação do geoturismo.
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Fig. 1 – Localização da Bacia de São José de Itaboraí e de Cabuçu, bairro do 6° distrito de Itaboraí
(Estado do Rio de Janeiro, Brasil). Imagem obtida do satélite Landsat (2007) e Google Earth (2010).
Fig. 2 – Parque Paleontológico de São José de Itaboraí. A. Bacia de São José de Itaboraí, com o Morro da
Dinamite ao fundo, local onde foram encontrados vestígios do homem pré-histórico. Note o lago formado com
o fim da mineração (junho, 2011). B. Entrada do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí (junho, 2011).
Nesse contexto, buscou-se analisar a percepção que a população de Cabuçu possui
em relação ao Parque Paleontológico de São José de Itaboraí, já que é um bairro vizinho
a São José e também poderá ser inuenciado social e economicamente pela atividade
geoturística. A pesquisa possui utilização em estratégias de geoconservação e musealização
do patrimônio geológico, em programas de educação popular e em medidas para atender
ao geoturismo e populações locais.
2 – Metodologia
Foram realizadas 100 entrevistas, de maneira direta e aleatoriamente, com a população
de Cabuçu, além de pessoas que possuíam vínculos empregatícios, familiares ou afetivos
com o bairro, entre os dias 12 e 26 de agosto de 2009. Elaborou-se um questionário com
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perguntas pré-estabelecidas referente a aspectos ligados à preservação do Parque Paleonto-
lógico de São José de Itaboraí, buscando uma análise quantitativa e qualitativa dos dados
(tabela 1). As entrevistas davam-se pela visita a domicílios e estabelecimentos comerciais,
além de abordagens a transeuntes, no centro da localidade.
Tabela 1 – Roteiro de entrevistas que busca a percepção da população
de Cabuçu acerca do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí.
Percepção dos entrevistados acerca do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí
1 Você já ouviu falar do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí? Sim ( ) Não ( )
2 Você já visitou o Parque Paleontológico de São José de Itaboraí? Sim ( ) Não ( )
3 Você sabe da futura revitalização do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí, o que inclui a criação
de um centro cultural (espaço museográco)? Sim ( ) Nao ( )
4 Na sua opinião, qual a maior importância do parque paleontológico?
5 A população de Cabuçu tem participado da preservação do parque? Sim ( ) Não ( )
6 Como você pode contribuir para a preservação do parque paleontológico?
7 O que precisa melhorar no interior do parque paleontológico para atender aos visitantes e para que a
instituição seja mais divulgada? Questão exclusiva para quem já visitou o parque.
3 – Perfil dos entrevistados
Dentre os 100 entrevistados, 49% eram do sexo masculino enquanto 51% do sexo
feminino. A faixa etária variou de 15 a acima de 70 anos, sendo que 52% possuem de 15
a 30 anos, 31% de 31 a 45 anos e 17% de 46 a acima de 70 anos. O nível de escolaridade
dos participantes é baixo, já que 30% não concluíram o ensino fundamental e 10%
ultrapassaram esta fase. Sobre o ensino médio, temos 22% que não o terminaram e 32%
que chegaram a sua conclusão. Apenas 2% dos entrevistados possuem ensino superior
completo, 3% não o completaram e 1% tem alguma Pós-Graduação.
A maioria dos entrevistados recebe entre meio e dois salários mínimos (54%) e são
pouquíssimos os que ganham acima de três salários mínimos (18%), o que caracteriza
um baixo poder econômico da localidade. Um total de 26% são desempregados, estudantes
e donas de casa que não recebem salário e 2% não informaram o salário. Vericou-se
que 74% dos entrevistados residem em Cabuçu e o restante em São Gonçalo, São José de
Itaboraí, Curuzu (bairro próximo), centro de Itaboraí e Niterói.
4 – Percepção sobre o Parque Paleontológico
Vericou-se que 93% dos entrevistados já ouviram falar do Parque Paleontológico
de São José de Itaboraí, mas 7% nunca ouviram falar da instituição. Dos que conhecem
o parque, 68% já o visitaram. Isso demonstra que a maioria dos participantes da pesquisa
tem consciência da existência deste atrativo na região. Mesmo não sendo questionados,
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alguns entrevistados manifestaram a impressão que tiveram do parque paleontológico du-
rante a visita. De maneira geral, explanaram que foram ao parque somente para conhecer
a lagoa como lazer e não os fósseis, e que o local possui aparência de abandono, pois é
carente em atrativos e infraestrutura. Além disso, acreditam que o parque serve apenas de
“lavagem de dinheiro”, já que o projeto existe há muito tempo e foram poucas as melhorias
na área. Assim, não tiveram uma boa impressão do patrimônio durante a visita, o que faz
com que a instituição tenha pouca aceitação na região.
Em relação à revitalização do parque paleontológico, 66% dos participantes em
Cabuçu já ouviram falar do projeto, enquanto 27% não possuem noção deste tema. Vale
relembrar que 7% nunca ouviram falar da instituição. De modo geral, os entrevistados
reclamaram da demora na concretização do projeto de revitalização e da falta de escla-
recimento do que realmente será feito na área e de transparência nos investimentos, já
que apenas um banheiro público e um deck (rampa de visualização da bacia sedimentar)
foram construídos, e foi realizada uma delimitação da área. Comentaram que, primei-
ramente, teria que ser realizada a melhoria do acesso ao parque, para posteriormente se
pensar em revitalização, pois as estradas estão precárias e de difícil acesso. Assim, os
entrevistados estão desacreditados da revitalização do parque paleontológico, demons-
trando a necessidade de se agilizar o projeto, para que a população de Cabuçu possa criar
identidade com o patrimônio geológico.
4.1 – Importância do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí
Pela análise da Fig. 3 verica-se que 22% dos entrevistados em Cabuçu acreditam
que o parque paleontológico é importante por tratar-se de um atrativo turístico que pode
gerar emprego, renda e infraestrutura para a região. São José de Itaboraí e, consequen-
temente, os bairros do entorno (Cabuçu e Curuzu), possuíam a sua economia voltada
para a mineração, mas com o m desta atividade em 1984, entraram num processo de
decadência social e econômica. Então, esta porcentagem de entrevistados vê no parque
paleontológico uma forma de crescimento socioeconômico por meio do geoturismo.
Entretanto, 22% dos participantes acreditam que a maior importância do parque paleon-
tológico é para a pesquisa e difusão do conhecimento cientíco.
Prosseguindo na interpretação da Fig. 3, percebe-se que 15% dos entrevistados creem
que o parque é importante por valorizar e divulgar a cultura e história da região. Assim,
para esta parcela da população de Cabuçu, valorizando e divulgando a história geoló-
gica, paleontológica e arqueológica da região, a cultura e história dos moradores locais
também serão difundidas. Dessa forma, poder-se-á ter uma inter-relação dos aspectos
cientícos aos históricos-culturais de Itaboraí, calcados na mineração destinada ao de-
senvolvimento socioeconômico da região por meio do geoturismo.
A Fig. 3 mostra igualmente que somente 5% dos entrevistados acham que a maior im-
portância do parque paleontológico seja a de preservação ambiental. Contudo, a pesquisa
e difusão do conhecimento cientíco, a valorização e divulgação cultural e histórica da
região e o aumento do emprego, renda e infraestrutura por meio do geoturismo só serão
conseguidos no momento em que o patrimônio geológico estiver preservado. Segundo
BRILHA (2005), o geoturismo só se justica por meio de estratégias de geoconservação
que garantam a sustentabilidade dos geossítios.
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Fig. 3 – Relação de opiniões da população de Cabuçu acerca da maior importância
do parque paleontológico. Universo de 100 entrevistados (12/08/09 a 26/08/09).
Uma questão curiosa é a presença de 5% dos participantes que creem que a maior
importância do parque é “a lagoa” existente em seu interior, que serve de abastecimento
de água das comunidades do entorno e que, durante muito tempo, funcionou como
área de lazer para as comunidades locais (Fig. 2A). Esse resultado mostra que “a lagoa”
possui um grande signicado para as populações locais, transcendendo até mesmo as
questões cientícas da região. Um total de 4% dos entrevistados em Cabuçu crê que o
parque paleontológico não possui importância alguma devido à precariedade em que se
encontra, 20% não souberam responder a questão e 7% nunca ouviram falar do parque
paleontológico.
4.2 – Contribuições da população para a preservação do Parque Paleontológico
Segundo MANSUR (2009), somente o envolvimento das comunidades locais na
gestão do espaço delimitado poderá promover a sustentabilidade nanceira e ambiental
requerida. Nesse contexto, 20% dos entrevistados acreditam que a população de Cabuçu
participa da preservação do parque paleontológico. Contudo, de maneira geral, deixa-
ram claro que uma minoria participa devido à falta de conhecimento que possuem em
relação ao patrimônio. Já 54% armaram que os moradores locais não participam da
preservação do patrimônio, principalmente, por não conhecerem o parque, pela ausên-
cia de convites e de divulgação da instituição, pela ausência de educação e cultura de
preservação e, também, porque a população não se interessa pela temática do parque,
demonstrando a necessidade de conscientização dos moradores. Um total de 19% dos
participantes de Cabuçu não soube responder à questão.
A seguir, buscou-se uma reexão dos participantes sobre as possíveis ajudas que
possam estar oferecendo, no sentido da manutenção do parque paleontológico e proteção
do geossítio, já que a maior parte refere que a população de Cabuçu não participa na
preservação do patrimônio. Assim, a Fig. 4 mostra que 17% dos entrevistados acredi-
tam que podem contribuir para a preservação do parque paleontológico por meio da
divulgação local. Para esta parcela, com a divulgação da instituição, mais visitantes
de diversas partes do Brasil e do mundo terão curiosidade em conhecer os aspectos
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geológicos, paleontológicos, arqueológicos e histórico-culturais da região, o que poderá
atrair investimentos públicos e privados, contribuindo para a melhoria e divulgação do
parque paleontológico, bem como, para a geração de empregos, renda e urbanização das
comunidades locais.
Fig. 4 – Relação das possíveis contribuições dos entrevistados em Cabuçu para a preservação
do parque paleontológico. Universo de 100 entrevistados (12/08/09 a 26/08/09).
Prosseguindo na interpretação da Fig. 4, percebe-se que 16% dos participantes creem
que podem estar contribuindo com a preservação do parque através do respeito às normas
da instituição. Dessa forma, não desmatar a área, não jogar lixo no local e não destruir
as instalações durante a visita foram algumas medidas indicadas pelos entrevistados em
Cabuçu. Já 12% acham que realizando trabalhos voluntários no parque paleontológico
podem estar contribuindo com a preservação local. Assim, plantar uma árvore no interior
do parque, realizar mutirões para recolher o lixo e para capinar o local, além de evitar
queimadas, seriam maneiras de contribuir com a preservação do parque paleontológico.
O tema conscientização de adultos e crianças sobre a importância do parque obteve
10% das opiniões dos entrevistados sobre modos de contribuir com a preservação do
patrimônio (Fig. 4). Dessa maneira, trabalhar os conceitos geológicos, paleontológicos,
arqueológicos e de preservação do patrimônio junto aos estudantes da região, sejam estes
adultos ou crianças, ajudaria na criação de identidade com as pesquisas cientícas, e os
próprios alunos estariam repassando o conhecimento para os familiares e amigos. Uma
grande parcela dos entrevistados (29%) comentou que, por não terem tempo, morarem
distantes do parque e desconhecerem a temática da instituição, não podem contribuir
com a preservação local. Um total de 9% não soube responder a questão.
4.3 – Propostas para a melhoria e divulgação do Parque Paleontológico
A Fig. 5 representa as diferentes opiniões dos entrevistados em Cabuçu sobre as
necessidades para divulgar e melhorar o interior do Parque Paleontológico de São José
de Itaboraí. Assim, ocorreram 235 citações de 68 entrevistados que já visitaram o par-
que paleontológico. Com 15,8% das 235 citações, a infraestrutura do parque foi a mais
abordada entre os participantes e, dentro deste tópico, comentaram diferentes melhorias
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que possam ocorrer no local para atender aos visitantes. Os entrevistados abordaram a
necessidade de construção no interior do parque de áreas de lazer, restaurantes ou lan-
chonetes, lojas de souvenir (artesanatos), placas de sinalização, cabine de segurança, sala
de pesquisa e estudo (biblioteca), bebedouros, lugares para sentar, recepção, alojamento
para pesquisadores, além da instalação de uma coleta seletiva de lixo. Reclamaram da
iluminação inadequada do local.
Fig. 5 – Relação de opiniões dos entrevistados em Cabuçu a respeito das medidas necessárias
para divulgar e melhorar o interior do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí.
Universo de 235 citações de 68 entrevistados (12/08/09 a 26/08/09).
Prosseguindo a análise da Fig. 5, verica-se que 11,9% das 235 citações de 68 entrevistados
consideram imprescindíveis para a melhoria do parque a realização de um reorestamento.
O tópico melhorar vias de acesso/trilhas recebeu 10,6% das indicações (Fig. 6A). A divulgação
visual também abrangeu 10,6% das citações relacionadas à necessidade de construção de
mais placas informativas (painéis interpretativos), da elaboração de panetos mostrando
a questão cientíca e histórico-cultural da região para serem entregues nas ruas, de inter-
pretações por meio de cartazes, outdoors (propaganda ao ar livre) e a sugestão de construção
de placas informativas em outros bairros, e não somente no interior do parque. A ausência
de entretenimentos/atrativos/atividades no parque obteve 9,8% das indicações. Neste tópico,
os entrevistados comentaram da carência de atrativos como réplicas e fotos dos fósseis, de
exposições e eventos no parque, da necessidade de realização de atividades como excursões
escolares e da falta de atividades voltadas para o ciclismo e caminhadas, além de atrativos
como maquetes explicativas e brinquedos paleontológicos.
O tema contratar funcionários (Fig. 5) abrangeu 9,4% das 235 citações de 68 entrevis-
tados direcionadas a contratar empregados para exercerem serviços gerais no parque, como
por exemplo, limpeza e manutenção e para serem guias turísticos. Os meios de divulgação
oral (palestras, reuniões e convites) e capacitação dos moradores (cursos prossionalizantes)
compreenderam 8,1% das opiniões. Entre os meios de divulgação oral destacaram-se a neces-
sidade de realização de palestras sobre a importância dos fósseis nas escolas e no interior do
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parque, de reuniões com as populações locais para mostrar o que será feito na área, além da
necessidade de convites para participar dos eventos do parque. Entre os meios de capacitação
dos moradores destacam-se a necessidade de cursos prossionalizantes no interior do parque.
A precariedade das instalações do parque e a urgência de reformas é uma opinião comparti-
lhada em 5,1% das sugestões. Um percentual de 4,3% das 235 citações está de acordo com a
necessidade de melhoria na entrada do parque paleontológico (Fig. 2B).
Na Fig. 5 vê-se que 3,8% das 235 indicações de 68 entrevistados estão voltadas para
a urgência de uma maior divulgação do parque nos meios de comunicação, como por
exemplo, em jornais, na televisão e nas rádios. Também com 3,8% das citações se encon-
tra o tópico melhorias em geral, como por exemplo, a necessidade de ampliar o parque
paleontológico, de retirar o gado do local e para urgência de reassentar os moradores do
parque para outras áreas (Fig. 6B). E, para nalizar, o tópico “outros” obteve 6,8% das
indicações e abrangeu as citações dos entrevistados que não se encaixaram nos assun-
tos abordados anteriormente. Dessa forma, os participantes abordaram a necessidade de
conservar as estradas que levam ao parque, de um projeto mais organizado, de maiores
investimentos da prefeitura de Itaboraí, de uma maior divulgação através de visitas diretas
às casas do bairro Cabuçu, de cobrar taxa para entrar no parque, já que a entrada é de
graça, de obras de melhorias do entorno imediato ao parque, de divulgação por meio
de carros de som e de divulgação nas ruas (boca-a-boca).
Fig. 6 – Parque Paleontológico de São José de Itaboraí. A. Via de acesso à Bacia de São José de Itaboraí.
Note que a via está sendo reformada para melhor atender aos visitantes. A vegetação também
vem sendo aparada (março, 2011). B. Ocupação irregular em antigas instalações da
Companhia Nacional de Cimento Portland Mauá (março, 2011).
5 – Conclusões
Vericou-se que as estratégias de geoconservação do Parque Paleontológico de São
José de Itaboraí (conservação, valorização e divulgação) não estão sendo ecientes para
a proteção do geossítio e sensibilização das populações locais. Os aoramentos estão
inundados ou cobertos pela vegetação e rejeitos da mineração, dicultando a visualização
das feições geológicas e a coleta de novos materiais cientícos. A maioria dos entre-
vistados já visitou o parque paleontológico e estão cientes da revitalização da área, no
entanto, devido à demora na concretização do projeto, pela ausência de infraestruturas e
340
entretenimentos para atender aos visitantes, e pelo pouco entendimento em relação aos
aspectos cientícos da região, a população de Cabuçu está distante do parque, descon-
ada da intenção dos pesquisadores responsáveis pela instituição e, por esse motivo, não
possuem identidade com o patrimônio geológico. Os próprios moradores reconhecem
que as medidas necessárias para a intensicação do geoturismo, satisfação dos visitantes
e conscientização das populações locais estão baseadas, principalmente, na realização de
benfeitorias no interior do parque e na elaboração de medidas de valorização e divulgação
do patrimônio.
Nesse contexto, pode-se concluir que o parque paleontológico carece de investi-
mentos públicos e privados para a criação de atrativos e infraestruturas em seu interior.
Faltam convites por parte dos pesquisadores aos moradores locais, com o objetivo de
participarem de reuniões, cursos de capacitação e palestras sobre a importância do
patrimônio geológico, na medida em que o sucesso do projeto demanda a mobilização
das comunidades na preservação e gestão do patrimônio. Além disso, é imprescindível a
elaboração de painéis interpretativos, panetos, cartazes e outdoors destinados à divulgação
cientíca. Torna-se importante também dar mais ênfase aos aspectos histórico-culturais
calcados na mineração, haja vista que esta atividade teve contribuições positivas na questão
socioeconômica do 6° distrito de Itaboraí e para a descoberta dos fósseis.
Agradecimentos – Aos moradores de Cabuçu, pela ótima receptividade e excelentes
participações nos questionários, propiciando a realização do estudo. Ao geógrafo Marcelo
Bueno de Abreu pela ajuda na elaboração dos mapas. Apoio do CNPq, CAPES e FAPERJ.
Referências Bibliográficas
BELTRÃO, M. C. M. C. (2000) – Ensaio de Arqueogeologia. R io de Janeiro: Zit Gráfica e Editora Ltda. 168 p.
BRILHA, J. B. (2005) – Património Geológico e Geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente
geológica. Coimbra, Viseu Palimage, 190 p.
BERGQVIST, L. P., MOREIR A, A. L. & PINTO, D. R. (2006) – Bacia de São José de Itaboraí 75 anos de
História e Ciência. Rio de Janeiro, Serviço Geológico do Brasil – CPRM. 81 p.
MANSUR, K. L. (2009) – Projetos Educacionais para a Popularização das Geociências e pa ra a Geoconservação.
Revista do Instituto de Geociências – USP, 5, p. 63-74.
SANTOS, W. F. S. (2010) – Diagnóstico para o uso geoturístico do patrimônio geológico de São José de
Itaboraí – Itaboraí (Estado do Rio de Janeiro): subsídio às estratégias de geoconservação. Programa de
Pós-Graduação em Geologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Dissertação de Mestrado, 252 p.
VELLOSO, R. & ALMEIDA, M. C. S. (2006) – Plano de Diretrizes do Parque Municipal Paleontológico de
São José de Itaboraí. UERJ, Departamento de Geologia, 43 p.
REVISÃO CIENTÍFICA
Coordenação
Rui Pena dos Reis – Portugal
Mário Quinta Ferreira – Portugal
Maria Teresa Barata – Portugal
Membros
Adriane Machado – Brasil
Adriano Viana – Brasil
Alberto Caselli – Argentina
Alethea Ernandes Martins Sallun – Brasil
Amadeu dos Muchangos – Moçambique
Ana Aguiar Castilho – Portugal
Ana Isabel Andrade – Portugal
Ana Maria Muratori – Brasil
Ana Rodrigo Sanz – Espanha
André Buta Neto – Angola
Angel Corrochano Sanchez – Espanha
António Filipe Lobo de Pina – Cabo Verde
António Almeida Saraiva – Portugal
Artur Sá – Portugal
Bernard Legall – França
Carlos Augusto Sommer – Brasil
Celeste Gomes – Portugal
Christian Seyve – Angola
Duncan Alistair Lockhart – Portugal
Edison Archela – Brasil
Eduardo Ivo Alves – Portugal
Eduardo Morais – Angola
Elisa Preto Gomes – Portugal
Elonio Muiuane – Moçambique
Elsa Gomes – Portugal
Evandro F. de Lima – Brasil
Fernando Augusto Coimbra – Portugal
Fernando Carlos Lopes – Portugal
Fernando Pita – Portugal
Fernando Rull – Espanha
Flávia Fernanda Lima – Brasil
Francisco Idalécio de Freitas – Brasil
Francisco Jose Correa Martins – Brasil
Francisco S. Bernardes Ladeira – Brasil
Francisco Vieira – Moçambique
Fredy Leon – Argentina
Gabriel Luis Miguel – Angola
George Nash – Inglaterra
Gilmar Bueno – Brasil
Giorgio Basilici – Brasil
Graciela Sarmento – Espanha
Guy Martini – França
Hélio Casimiro Guterres – Timor Leste
Howard R. Feldman – EUA
Isabel Margarida Antunes – Portugal
Ismar Souza Carvalho – Brasil
João Cabral – Portugal
João Pratas – Portugal
José António Lopes Velho – Portugal
José Brilha – Portugal
José Luiz de Morais – Brasil
José Manuel Azevedo – Portugal
Juan Gutiérrez-Marco – Espanha
Jussara Alves Pinheiro Sommer – Brasil
Kátia Mansur – Brasil
Keynesménio Neto – R. São Tomé e Príncipe
Lopo Vasconcelos – Moçambique
Luís Alcalá – Espanha
Luis Carcavilla – Espanha
Luis Gonzalez Vallejo – Espanha
Luis Oosterbeek – Portugal
Luís P. Teixeira – R. São Tomé e Príncipe
416
Luís Sousa – Portugal
Luiz Eduardo Travassos – Brasil
Margarida Ventura – Angola
Maria Amélia Calonge García – Espanha
Maria Dolores Pereira – Espanha
Maria Helena Henriques – Portugal
María Luisa Canales – Espanha
Maria Manuela da V. G. Silva – Portugal
Mena Schemm-Gregory – Alemanha
Monica Heilbron – Brasil
Mussa Achino – Moçambique
Narendra Srivastava – Brasil
Nei Ahrens Haag – Brasil
Nuno Pimentel – Portugal
Paolo Mozzi – Itália
Paulo Cesar Rocha – Brasil
Pedro Santarém Andrade – Portugal
Pierluigi Rosina – Portugal
Ramon Salas – Espanha
Ramon Vegas – Espanha
Reginaldo Assêncio Machado – Brasil
Ricardo Scholz – Brasil
Rosemeri Melo e Souza – Brasil
Rubem Porto Jr. – Brasil
Rudy Ferreira – Brasil
Santiago Alija – Espanha
Sónia Victória – Cabo Verde
Tatiana Tavares Silva – Angola
Teresa Monteiro Seixas – Portugal
Tibor Stigter – Holanda
Tomás Campos – Brasil
Valéria G. Silvestre Rodrigues – Brasil
Vera Alfama – Cabo Verde
Instituições
Agência Nacional do Petróleo, A ssociação dos G eólogos em Angola, Consejo Superior de I nvestigaciones Cien-
tíficas, Galpenergia, Geoparque Araripe, Geoparque Maestrazgo, Institut Universitaire Européen de la Mer,
Instituto Geológico, Instituto Geológico y Minero de España, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Insti-
tuto Politécnico de Tomar, Laboratório Nacional de Geologia, Ministério das Obras Públicas e dos Recursos
Naturais, Ministério do Ensino Superior e da Ciência e Tecnologia, Museum of Natural History New York,
Partex, Petrobras, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Réserve Géologique de Haute-Provence,
TOTAL EP, Universidad de Alcalá de Henares, Universidade Agostinho Neto, Universidade Complutense de
Madrid, Universidade de Aveiro, Universidade de Barcelona, Universidade de Bristol, Universidade de Buenos
Aires, Universidade de Cabo Verde, Universidade de Coimbra, Universidade de Lisboa, Universidade de Pá-
dua, Universidade de Salamanca, Universidade de São Paulo, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro,
Universidade de Valladolid, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade do Minho, Universidade
do Porto, Universidade Eduardo Mondlane, Universidade Estadual de Campinas, Universidade Estadual
de Londrina, Universidade Estadua l Paulista, Universidade Federal do R io de Janeiro, Universidade Federal de
Ouro Preto, Universidade Federal de Sergipe, Universidade Federal do Acre, Universidade Federal do Paraná,
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Fe-
deral Rural do Rio de Janeiro, Universidade Luterana do Brasil, Universidade Privada de Angola e Universidade
Técnica de Lisboa.
... Raising awareness of the public of the importance of these special places for science, education, and tourism is an effective strategy. As such, several studies relate local geodiversity to the surrounding population, as Potter (2005), Burek and Potter (2006), Santos & Carvalho (2011), Burek (2012, Carvalho (2013a, 2013b), Castro, Mansur and Carvalho (2016), Pimentel et al. (2018), Da Silva (2019) and Santos, Carvalho and Brilha (2019). ...
Article
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Geodiversity of value must be conserved and thus bring benefits to the local population. The goal of this study was to analyze the perception of João Dourado inhabitants regarding their geodiversity, as well as to seek suggestions from the residents on its geoconservation. The opinion survey was carried out with 280 residents and we found that 254 respondents understand that the city’s rocks, water, and caves are considered as heritage and 231 believe that they may have associated economic value. Most people show confidence in the benefits that geodiversity could offer in economic and social terms, such as attracting geotourists to the city.
... This initiative can generate new socioeconomic momentum in the region by intensifying the geotouristic activity (Santos & Carvalho, 2012). Santos (2010), Santos & Carvalho (2011a; 2011b) conducted interviews with the people of São José de Itaboraí, Cabuçu and teachers in the region seeking to understand the perception they have of the paleontological park. In general, they commented that the site is not like a park and is abandoned due to the lack infrastructure and attractions for visitors. ...
Article
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The mining of limestone had positive and negative effects on the 6 th district of Itaboraí (Rio de Janeiro State). During the time of mining activity by the National Company of Portland Cement "Mauá" (1933 to 1984) several invertebrate and vertebrate fossils, especially mammals from the Late Paleocene (57 Ma) were discovered in São José de Itaboraí Basin. Mineral exploitation contributed to creating jobs and improving the infrastructure of the region. However, with the end of the activity, the area entered in a process of socioeconomic decay. To establish geosite geoconservation, the São José de Itaboraí Paleontological Park was created in 1995. The institution is currently going through a revitalization process, which includes the construction of a cultural center for the protection of fossiliferous collections and scientific exposition. These initiatives can result in social and economic development of neighborhoods near the paleontological park through the intensification of geotouristic activity. In this context, interviews were conducted with teachers around the paleontological park, to seek their public opinion on relation to the mineral exploitation.
... This initiative can generate new socioeconomic momentum in the region by intensifying the geotouristic activity (Santos & Carvalho, 2012). Santos (2010), Santos & Carvalho (2011a; 2011b) conducted interviews with the people of São José de Itaboraí, Cabuçu and teachers in the region seeking to understand the perception they have of the paleontological park. In general, they commented that the site is not like a park and is abandoned due to the lack infrastructure and attractions for visitors. ...
Article
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The mining of limestone had positive and negative effects on the 6 th district of Itaboraí (Rio de Janeiro State). During the time of mining activity by the National Company of Portland Cement "Mauá" (1933 to 1984) several invertebrate and vertebrate fossils, especially mammals from the Late Paleocene (57 Ma) were discovered in São José de Itaboraí Basin. Mineral exploitation contributed to creating jobs and improving the infrastructure of the region. However, with the end of the activity, the area entered in a process of socioeconomic decay. To establish geosite geoconservation, the São José de Itaboraí Paleontological Park was created in 1995. The institution is currently going through a revitalization process, which includes the construction of a cultural center for the protection of fossiliferous collections and scientific exposition. These initiatives can result in social and economic development of neighborhoods near the paleontological park through the intensification of geotouristic activity. In this context, interviews were conducted with teachers around the paleontological park, to seek their public opinion on relation to the mineral exploitation.
Article
The Rio do Peixe basin, which is developed during the Lower Cretaceous, consists of the Sousa, Uiraúna-Brejo das Freiras, Pombal and Vertentes sub-basins. They have abundant ichnofauna represented by dinosaur tracks of theropods, sauropods and ornithopods, these being the main objects of geological heritage in the region. The majority of palaeontological sites are found in the Sousa basin and the most important geosite in terms of distribution of fossil footprints is Passagem das Pedras (Municipality of Sousa—Sousa basin). In 1992, this area was classified as the BValley of the Dinosaurs Natural Monument^ and initially had high-quality infrastructure and trained tour guides; however, following a period of neglect, the local infrastructure became precarious. In 2014, revitalization of the museum, kiosks and walkways in Valley was performed; however, there are inefficient measures to protect the dinosaur footprints from human and natural threats. Thus, 500 interviews with the urban and rural population of Sousa in addition to traders and teachers were done, seeking public understanding of geoconservation strategies at the Passagem das Pedras geosite. Critical analysis of the results was performed as a contribution to the proposal for the Rio do Peixe Geopark. The perception is that the geoconservation strategies are not effective in protecting the Passagem das Pedras geosite or in raising the Sousa population’s awareness as to the importance of geological heritage. The other palaeontological sites of the Sousa basin are also quite vulnerable and with deteriorating geological elements. Therefore, the region currently has low potential to become a geopark.
Chapter
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A presente obra reúne um conjunto de contribuições apresentadas no I Congresso Internacional de Geociências na CPLP, que decorreu de 14 a 16 de maio de 2012 no Auditório da Reitoria da Universidade de Coimbra. São aqui apresentados trabalhos desenvolvidos por várias equipas afiliadas a distintas instituições da CPLP, que representam abordagens educativas inovadoras, perspetivadas quer para contextos escolares, quer para cenários exteriores à sala de aula, e utilizando desde os recursos mais convencionais, como os manuais escolares, até às narrativas ficcionadas, sem descurar o potencial educativo que encerram muitos dos locais situados em vários países lusófonos, e que detêm enorme valor patrimonial.
Conference Paper
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The major motive behind the creation of the paleontological park in São José, Itaboraí, Rio de Janeiro, was to protect the paleontological site from possible destruction. The paleontological community requested this heritage protection measure and the municipal government executed it. However, the local community seems not to be involved in this process, and has caused conflicts with the others, even though the park was created in 1995. For this reason, the social actors involved, their relationships and their heritage appropriation have to be identified, in order to contribute to the conservation of the Park. It is believed that the understanding of the existing social relations in the surroundings of a heritage is the right way to its appropriation and effective protection. In this case study, the social relations involve three spheres: the community, the municipal government and scientists. They are not always harmonious, because each one has accessed to and understood this heritage in differents ways, what could create some tensions. An open dialogue between the spheres, as well as joint actions, are imperative to an effective preservation of this heritage. The heritage education may help this process. Working together, all the participants will be able to contribute to the creation of a space for socialization, learning and exchanges. This space will allow the construction of a plural identity, which means that different people from different spheres will be able to interact with this heritage, each in their own way, what will make possible the appropriation and preservation of this heritage / territory. Keywords: Geological Heritage, Heritage Education, Paleontological Park of São José de Itaboraí.
Article
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The geological heritage of São José de Itaboraí is represented by calcareous rocks rich in invertebrates and vertebrates fossils, specially the late Paleocene mammals. At this site there is also an important archaeological heritage represented by lithic artifacts. In this context, interviews were conducted with teachers of local public schools at the basic level , seeking to evaluate the level of understanding they pursue about geological , paleontological and archaeological aspects of the São José de Itaboraí Paleontological Park. It was found that the teachers have little knowledge about the rocks, fossils and evidences of pre history, however, the paleontological heritage is best perceived in relation to the archaeological one. This study may be used in geoconservation strategies, popular educational programs and interventions to attend geotourism.
Projetos Educacionais para a Popularização das Geociências e para a Geoconservação
MANSUR, K. L. (2009)-Projetos Educacionais para a Popularização das Geociências e para a Geoconservação. Revista do Instituto de Geociências-USP, 5, p. 63-74.
Ministério das Obras Públicas e dos Recursos Naturais, Ministério do Ensino Superior e da Ciência e Tecnologia, Museum of Natural History New York, Partex, Petrobras, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Réserve Géologique de Haute-Provence, TOTAL EP
  • Agência Nacional
  • Petróleo
  • Consejo Associação Dos Geólogos Em Angola
  • Superior De Investigaciones Científicas
  • Geoparque Galpenergia
  • Geoparque Araripe
  • Maestrazgo
Agência Nacional do Petróleo, Associação dos Geólogos em Angola, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Galpenergia, Geoparque Araripe, Geoparque Maestrazgo, Institut Universitaire Européen de la Mer, Instituto Geológico, Instituto Geológico y Minero de España, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Instituto Politécnico de Tomar, Laboratório Nacional de Geologia, Ministério das Obras Públicas e dos Recursos Naturais, Ministério do Ensino Superior e da Ciência e Tecnologia, Museum of Natural History New York, Partex, Petrobras, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Réserve Géologique de Haute-Provence, TOTAL EP, Universidad de Alcalá de Henares, Universidade Agostinho Neto, Universidade Complutense de Madrid, Universidade de Aveiro, Universidade de Barcelona, Universidade de Bristol, Universidade de Buenos Aires, Universidade de Cabo Verde, Universidade de Coimbra, Universidade de Lisboa, Universidade de Pádua, Universidade de Salamanca, Universidade de São Paulo, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Universidade de Valladolid, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Universidade do Minho, Universidade do Porto, Universidade Eduardo Mondlane, Universidade Estadual de Campinas, Universidade Estadual de Londrina, Universidade Estadual Paulista, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Ouro Preto, Universidade Federal de Sergipe, Universidade Federal do Acre, Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Universidade Luterana do Brasil, Universidade Privada de Angola e Universidade Técnica de Lisboa.