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Alimentos Orgânicos: Qualidade Nutritiva e Segurança do Alimento

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Abstract

Orgânico' é um termo de rotulagem que indica que o alimento é produzido de acordo com normas específicas que vetam o uso de quaisquer agroquímicos e que está certificado por uma agência devidamente constituída. Esta revisão discute as distinções entre os alimentos orgânicos e convencionais, com respeito à qualidade nutritiva e à segurança do alimento, e evidencia a existência de diversas diferenças qualitativas. Palavras-chave: alimentos orgânicos; qualidade nutritiva; resíduos de pesticidas. Organic Food: Nutritional Quality and Food Safety 'Organic food' is a labeling term indicating that the food has been produced in accordance with specific norms that exclude the use of any agrochemicals and is certificated by an appropriate agency. This review discusses the distinctions between organic foods and conventional foods with respect to the nutritive quality and food safety and asserts that several qualitative differences do exist.
Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 13(2): 64-75, 2006
Alimentos orgânicos: qualidade nutritiva e segurança do alimento, Borguini et al.
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1Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios. Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
2Departamento de Nutrição. Faculdade de Saúde Pública (USP)
Alimentos Orgânicos: Qualidade Nutritiva
e Segurança do Alimento
Renata Galhardo Borguini1, Elizabeth A. Ferraz da Silva Torres2
‘Orgânico’ é um termo de rotulagem que indica que o alimento é produzido de acordo com normas específicas que vetam
o uso de quaisquer agroquímicos e que está certificado por uma agência devidamente constituída. Esta revisão discute as
distinções entre os alimentos orgânicos e convencionais, com respeito à qualidade nutritiva e à segurança do alimento, e
evidencia a existência de diversas diferenças qualitativas.
Palavras-chave: alimentos orgânicos; qualidade nutritiva; resíduos de pesticidas.
Organic Food: Nutritional Quality and Food Safety
‘Organic food’ is a labeling term indicating that the food has been produced in accordance with specific norms that
exclude the use of any agrochemicals and is certificated by an appropriate agency. This review discusses the distinctions
between organic foods and conventional foods with respect to the nutritive quality and food safety and asserts that
several qualitative differences do exist.
Keywords: organic food; nutritional quality; pesticide residues.
Alimentos orgânicos: qualidade nutritiva e segurança do alimento, Borguini et al.
Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 13(2): 64-75, 2006 65
Introdução
Têm sido observados sinais que evidenciam
uma mudança de hábito alimentar entre os brasileiros,
na direção de uma maior demanda por produtos
orgânicos. A julgar pela presença dos orgânicos nas
gôndolas de supermercados, estima-se que exista um
potencial de mercado de expressiva magnitude para
estes produtos. Tais observações, por si mesmas,
chamam a atenção para o potencial deste novo nicho
de consumo e para a necessidade da implementação
de análises sobre o tema [1].
Há um mercado potencial para os produtos
orgânicos, uma vez que existe resistência de uma
parcela da população em manter a aquisição e
consumo de alguns alimentos convencionais, como
tomate, morango e batata, cujo cultivo
reconhecidamente envolve o emprego de substanciais
quantidades de adubos sintéticos e pesticidas [2]. No
entanto, existem controvérsias sobre os alimentos
orgânicos, principalmente, quando são classificados
como mais nutritivos e seguros [3], devido à escassez
de dados científicos que assegurem tais vantagens
em relação ao convencional.
Orgânico é um termo de rotulagem que indica
que os produtos são produzidos atendendo às
normas da produção orgânica e que estão certificados
por uma estrutura ou autoridade de certificação
devidamente constituída. A agricultura orgânica se
baseia no emprego mínimo de insumos externos. No
entanto, devido à contaminação ambiental
generalizada, as práticas de agricultura orgânica não
podem garantir a ausência total de resíduos. Contudo,
é possível aplicar métodos que visem à redução, ao
mínimo, da contaminação do ar, do solo e da água[4].
Considerando-se o aumento da demanda e
também do interesse do consumidor pelos produtos
da agricultura orgânica, esta revisão visa abordar
aspectos relacionados à qualidade nutritiva e à
segurança dos alimentos orgânicos.
Alimentos orgânicos: legislação, certificação e
mercado
Segundo Souza [5], a busca por alimentos
provenientes de sistemas de produção mais
sustentáveis, como os métodos orgânicos de
produção, é uma tendência que vem se fortalecendo
e se consolidando mundialmente.
No Brasil, o sistema orgânico de produção está
regulamentado pela Lei Federal no 10.831, de 23 de
dezembro de 2003, que contém normas disciplinares
para a produção, tipificação, processamento, envase,
distribuição, identificação e certificação da qualidade
dos produtos orgânicos, sejam de origem animal ou
vegetal. De acordo com a referida Lei, considera-se
sistema orgânico de produção agropecuária todo
aquele em que são adotadas técnicas específicas,
mediante a otimização do uso dos recursos naturais
e socioeconômicos disponíveis e o respeito à
integridade cultural das comunidades rurais, tendo
por objetivo a sustentabilidade ecológica e
econômica, a maximização dos benefícios sociais, a
minimização da dependência de energia não-
renovável, empregando, sempre que possível,
métodos culturais, biológicos e mecânicos, em
contraposição ao uso de materiais sintéticos, a
eliminação do uso de organismos geneticamente
modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase
do processo de produção, processamento,
armazenamento, distribuição e comercialização, e a
proteção do meio ambiente [6].
De acordo com Torjusen et al. [7], a agricultura
orgânica tem sido praticada desde a década de 20,
inicialmente como uma resposta ao processo de
industrialização da agricultura, marcado pela
tecnificação. Com relação às metas da agricultura
orgânica, as mais relevantes para os consumidores
são: a não utilização de pesticidas e fertilizantes
químicos sintéticos, de organismos geneticamente
modificados, de estimulantes de crescimento
sintéticos e de antibióticos, além do uso restrito de
aditivos em alimentos processados.
De acordo com Souza [5], quanto menos
direta for a relação entre produtores e consumidores,
maior será a necessidade de instrumentos formais
de certificação da produção. Isso ocorre devido à
maior distância entre os agentes e à dificuldade para
a comprovação das características inerentes a esses
produtos.
Existem, mundialmente, centenas de agências
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de certificação orgânica, as quais estabelecem seus
próprios padrões de produção e processo de
certificação. No Brasil, existem cerca de 15
certificadoras. Um pequeno número destas agências
obteve autorização da International Federation of
Organic Agricultural Movements (IFOAM), baseado
na constatação de que operavam em concordância
com os padrões básicos da IFOAM.
Os produtos comercializados in natura,
sobretudo as hortaliças, são os mais expressivos na
produção orgânica nacional [8]. Entre os produtos
orgânicos destinados à exportação, merecem
destaque a soja, café, cacau, açúcar mascavo, erva-
mate, suco de laranja, mel, frutas secas, castanha de
caju, óleos essenciais, óleo de palma, frutas tropicais,
palmito, guaraná e arroz.
Estima-se que 90% dos agricultores orgânicos
no país sejam classificados como pequenos
produtores ligados a associações e grupos de
movimentos sociais. Os 10% restantes são
representados pelos grandes produtores vinculados
a empresas privadas. Os agricultores familiares são
responsáveis por 70% da produção orgânica, com
maior expressão na região sul do país, enquanto na
região sudeste, observa-se maior adesão aos sistemas
orgânicos de produção por parte de propriedades
de grande porte [5].
Consumo de alimentos orgânicos
Os meios de comunicação têm divulgado as
vantagens da alimentação baseada em produtos
orgânicos, o que vem contribuindo para aumentar o
número de consumidores destes alimentos. Segundo
Archanjo et al. [9], o crescimento do consumo não
está diretamente relacionado com o valor nutricional
dos alimentos, mas aos diversos significados que lhes
são atribuídos pelos consumidores. Tais significados
variam desde a busca por uma alimentação mais
saudável, de melhor qualidade e sabor, até a
preocupação ecológica de preservar o meio ambiente.
Pesquisa realizada por Archanjo et al. [9]
demonstrou que os consumidores que freqüentavam
a feira de produtos orgânicos de Curitiba (Paraná)
apresentavam algumas peculiaridades. A maioria
estabelecia uma estreita relação entre alimentação e
saúde e muitos começaram a freqüentar a feira e
adquirir os alimentos ali comercializados, seguindo
uma prescrição médica. Alguns consumidores não
demonstraram preocupação com cuidados com a
saúde, adotados por meio da alimentação, e
justificavam a preferência por alimentos orgânicos
devido à qualidade organoléptica. À medida que
despendiam, para a compra de alimentos orgânicos,
mais recursos financeiros do que gastariam com a
aquisição de alimentos convencionais, os
consumidores acreditavam que investiam na saúde.
Para os referidos consumidores, o alimento orgânico
significava um meio de prevenir e até mesmo de curar
doenças. Desta forma, o alimento adquire valor
simbólico de medicamento, por meio do qual se
busca garantir a saúde. Tais registros são comuns
em outras pesquisas nacionais [10, 11], que abordam
o consumo de alimentos orgânicos.
De acordo com Torjusen et al. [7], as pessoas
que compravam alimentos orgânicos manifestaram
maior preocupação no tocante às questões éticas,
ambientais e de saúde. A maior parte dos
consumidores estava atenta para os aspectos de
produção e de processamento dos alimentos
orgânicos, enfatizando os alimentos isentos de
substâncias prejudiciais à saúde. Muitos dos
consumidores preocupavam-se também com o
conteúdo nutricional dos alimentos.
O preço dos alimentos orgânicos é
considerado um fator limitante para o consumo dos
mesmos, como pode ser observado por meio da
totalidade das pesquisas nacionais e internacionais
sobre o consumo destes alimentos [1, 10, 11, 12, 13,
14].
Segundo Souza & Alcântara [15], no mercado
de produtos orgânicos não existe um parâmetro
definido para o estabelecimento de preços, mas sabe-
se que as estratégias de atribuição de preços variam
amplamente de acordo com o estabelecimento
comercial. Por exemplo, nas grandes redes varejistas
o sobre-preço cobrado em relação aos produtos
convencionais é elevado, enquanto nas feiras de
produtos orgânicos esta diferença é reduzida. Em
média, os produtos orgânicos in natura têm um
sobre-preço de 40%, quando comparados aos
produtos convencionais, porém, alguns produtos,
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como o trigo e o açúcar, chegam a custar (venda ao
atacado), respectivamente, 200% e 170% acima do
convencional.
Comparações entre o valor nutritivo de alimentos
orgânicos e convencionais
Devido ao substancial aumento do interesse
do consumidor pelos alimentos orgânicos, existe a
necessidade de conhecer o alcance das bases
científicas para as alegações de superioridade
atribuídas aos produtos orgânicos.
De acordo com Bourn & Prescott [16]; Ren et
al. [17], as considerações sobre o impacto do sistema
orgânico de produção na biodisponibilidade de
nutrientes e o teor de compostos antioxidantes têm
recebido pouca atenção, mas são importantes
diretrizes para futuras pesquisas.
Estudos que compararam alimentos
produzidos por meio dos sistemas orgânico e
convencional foram avaliados por Bourn & Prescott
[16] sob três diferentes aspectos: valor nutricional,
qualidade sensorial e segurança do alimento. Os
autores afirmaram que existe reduzido número de
estudos bem controlados, que sejam capazes de
viabilizar uma comparação válida. Com possível
exceção ao conteúdo de nitratos, os autores não
verificaram fortes evidências de que alimentos
orgânicos e convencionais diferissem quanto ao teor
de nutrientes.
Existe uma considerável variação nos tipos e
nos delineamentos de estudos que visam a
identificação de diferenças entre o valor nutricional
de alimentos orgânicos e convencionais. Ainda de
acordo com os referidos autores [16], são quatro os
tipos básicos de comparação: 1) a análise química de
alimento orgânico e convencional adquiridos no
comércio; 2) o efeito da fertilização na qualidade
nutricional das culturas; 3) a análise dos alimentos
orgânicos e convencionais provenientes de
propriedades conduzidas organicamente e
convencionalmente e 4) o efeito da ingestão dos
alimentos orgânicos e convencionais sobre a saúde
humana ou animal.
Estudos com foco no efeito do tipo de
fertilizante sobre o valor nutricional do alimento e
aqueles que envolvem análises de alimentos
comprados no comércio não permitem a obtenção
de conclusões claras sobre o impacto do sistema de
produção orgânico e convencional no valor nutritivo.
No primeiro tipo de comparação, embora
importante, apenas um aspecto da produção é
considerado, a adubação, enquanto no segundo tipo,
pouco ou nada é conhecido sobre a origem dos
alimentos avaliados.
Entretanto, uma vez que estudos sobre
diferentes tratamentos com fertilizantes são mais
baratos e mais fáceis de serem conduzidos, quando
comparados aos resultados obtidos por meio de
estudos envolvendo o sistema de produção como
um todo, fica claro que o primeiro tipo de
comparação seja o mais freqüente. Estes estudos
contribuem para o conhecimento sobre os efeitos
da fertilização, mas não respondem claramente às
questões quanto ao efeito dos diferentes sistemas
de produção sobre o valor nutricional das culturas.
Informações mais precisas sobre diferenças do valor
nutricional podem ser obtidas a partir da análise de
alimentos provenientes de propriedades orgânicas e
convencionais, pois o efeito de todo o sistema de
produção sobre o valor nutricional seria realmente
avaliado [16].
Toor et al. [18] verificaram a influência de
diferentes tipos de fertilizantes sobre os principais
componentes antioxidantes de tomates e concluíram
que as fontes de adubos podem ter um expressivo
efeito sobre a concentração destes compostos. A
utilização de adubos orgânicos aumentou os níveis
de fenólicos totais e ácido ascórbico. Porém, os
autores afirmam que são necessários estudos em
escala comercial, para que seja possível a confirmação
de tais resultados.
Smith [19] analisou o teor de minerais de
alimentos adquiridos em várias lojas da cidade de
Chicago, durante o período de dois anos. As frutas
(maçãs e pêras), batata e milho foram selecionados
entre amostras de alimentos convencionais e
orgânicos, considerando-se variedades e tamanhos
similares. Os resultados revelaram que nos alimentos
orgânicos, as concentrações foram superiores para
os seguintes minerais: cálcio (63%), ferro (59%),
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magnésio (138%), fósforo (91%), potássio (125%),
zinco (72,5%), sódio (159%) e selênio (390%).
Inversamente, foi verificado menor conteúdo de
alumínio (40%), chumbo (29%) e mercúrio (25%).
Deste modo, este estudo sugere que existem
diferenças significativas, quando se estabelece a
comparação entre a composição dos alimentos
orgânicos e convencionais, no que diz respeito a
nutrientes e contaminantes minerais.
A pesquisa de Smith [19] foi muito divulgada
na mídia com alcance popular, assegurando que o
alimento orgânico é mais nutritivo que o alimento
convencional. Porém, o delineamento do estudo
impede que os resultados sejam conclusivos, pois,
aparentemente, não foi atribuída a devida atenção
para verificar se os produtos rotulados como
orgânicos eram de fato provenientes de um sistema
orgânico de produção. Acrescenta-se, também, o fato
de que não foram descritos detalhes sobre o sistema
de amostragem.
Alguns pesquisadores argumentam que a
melhor forma de avaliar os nutrientes é por meio da
análise dos alimentos adquiridos diretamente nos
locais de compra. Entretanto, esta abordagem não
considera que algumas variáveis não controladas,
como maturidade na colheita e tipo de cultivar e as
condições de produção, possam mascarar eventuais
diferenças no valor nutricional [16].
Identificar os agentes de comercialização ou
produtores de alimentos orgânicos e convencionais,
que atuem numa área similar, e estabelecer um
protocolo experimental que permita documentar as
informações do sistema de produção, tais como: a
data de colheita, as condições de distribuição e
transporte, as condições de armazenamento, entre
outras, pode ser o mais indicado [16]. Neste caso,
haveria a necessidade de estabelecer um maior
número de ensaios conduzidos em diferentes áreas
no sentido de poder alcançar alguma conclusão
generalizada.
Pesquisa realizada por Schuphan [20], na
Alemanha, durante um período de doze anos, visou
a comparação entre dois padrões de aplicação de
fertilizantes na produção de espinafre, batata, cenoura
e repolho. Em um processo, foi utilizado um
fertilizante convencional de alta solubilidade,
contendo NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), e
no outro houve a adoção de adubo orgânico. Os
resultados revelaram um decréscimo de 24% na
produtividade, quando se utilizou adubo orgânico.
No entanto, ao examinar os demais resultados,
obtidos para os alimentos cultivados com a aplicação
da adubação orgânica, observou-se acréscimos de
matéria seca (23%), proteína (18%), vitamina C
(28%), açúcares totais (19%), metionina (23%), ferro
(77%), potássio (18%), cálcio (10%) e fósforo (13%).
Inversamente, verificou-se o decréscimo do sódio
(12%) e do nitrato (93%). Embora a produção
absoluta tenha sido menor com o uso dos adubos
orgânicos, o substancial aumento da matéria seca,
vitaminas e minerais resultou em um alimento com
maior valor nutricional.
Reconhece-se que a aplicação de fertilizantes
no sistema de produção afeta a composição do
produto. O estudo de Schuphan [20] é
freqüentemente citado com o objetivo de confirmar
a superioridade do valor nutricional dos produtos
orgânicos.
Premuzic et al. [21] compararam o conteúdo
de ácido ascórbico de tomates cultivados com
substrato orgânico aos tomates cultivados
hidroponicamente e registraram um conteúdo maior
de ácido ascórbico para os frutos produzidos
mediante utilização de composto orgânico.
Ren et al. [17] avaliaram o conteúdo de
polifenóis de cinco hortaliças (couve, repolho chinês,
espinafre, alho e pimentão verde) amplamente
consumidas no Japão, produzidas pelo cultivo
orgânico e convencional. Os conteúdos dos
orgânicos em flavonóides (quercetina) e ácido caféico
foram de 1,3 a 10,4 vezes superiores aos encontrados
nos convencionais, sugerindo assim a influência
exercida por diferentes práticas de cultivo.
Ishida & Chapman [22] estimaram o conteúdo
total de carotenóides e, especificamente, o conteúdo
de licopeno em amostras de ketchup orgânicos e
convencionais. As amostras de ketchup produzidas
por empresas de alimentos orgânicos apresentaram
maiores teores de licopeno e de carotenóides totais.
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Caris-Veyrat et al. [23] realizaram um estudo
visando à comparação do conteúdo de compostos
antioxidantes presentes em tomates cultivados
orgânica e convencionalmente. Os resultados,
expressos em base úmida, demonstraram maior teor
de vitamina C, carotenóides e polifenóis para o
tomate orgânico.
Pesquisa realizada no Brasil por Borguini [24]
registrou que tomates provenientes de sistema
orgânico de produção apresentaram maior teor de
fenólicos totais e de ácido ascórbico do que o tomate
produzido por cultivo convencional.
Alguns pesquisadores mantêm-se atentos para
controlar variáveis como localização da propriedade,
cultivar e maturação na colheita, como uma maneira
de reduzir o número de fatores potenciais que podem
afetar o valor nutricional. Os estudos comparando o
sistema de produção como um todo têm relativa
vantagem, pois evitam atribuir importância a fatores
individuais no valor nutricional dos alimentos. Além
disso, é importante que as propriedades venham
sendo manejadas orgânica ou convencionalmente por
um considerável período de tempo.
Segundo Bourn & Prescott [16], a ampla gama
de fatores que pode afetar a composição dos
alimentos (genéticos, práticas agronômicas, clima e
condições de pós-colheita) faz com que as pesquisas
sobre o valor nutricional de alimentos, produzidos
orgânica e convencionalmente, tornem-se difíceis de
serem estabelecidas e seus resultados interpretados
de forma consistente. No entanto, devido ao
crescente interesse pelo tema e ao aumento da
produção e do consumo de alimentos orgânicos,
maior número de pesquisas deve ser implementado
neste sentido.
Existe uma tendência, que pode ser observada
por meio dos resultados das pesquisas anteriormente
citadas, que indica maior conteúdo de nutrientes para
os alimentos produzidos organicamente.
Resíduos de pesticidas em alimentos
O maciço uso de produtos químicos na
agricultura teve início na década de 50, logo após o
final da Segunda Guerra Mundial. De acordo com
os alvos contra os quais são destinados, os citados
produtos químicos são denominados inseticidas,
fungicidas, herbicidas, nematicidas, entre outros [25].
Este conjunto de produtos químicos recebeu as
seguintes denominações: defensivos agrícolas,
pesticidas, praguicidas, produtos fitossanitários ou
agrotóxicos (este último termo restrito ao Brasil, por
força da Lei no 7.802/89).
O aumento do uso de produtos químicos na
agricultura tem gerado preocupação crescente,
quanto aos riscos à saúde humana e ao meio
ambiente. Esta preocupação decorre de casos de
doenças registradas em seres humanos e das
alterações ambientais, que parecem ter como agentes
etiológicos os agrotóxicos. De acordo com Kotaka
& Zambrone [25], no Brasil, o uso de produtos
químicos na agricultura depende do registro
concedido pelo Ministério da Agricultura, Pecuária
e Abastecimento (MAPA), condicionado à
autorização do Ministério da Saúde (MS) e do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos
Naturais Renováveis (IBAMA).
Uma das maiores preocupações dos
consumidores com relação ao uso de agrotóxicos na
agricultura é o conhecimento do grau de
contaminação, a ponto de saber se os alimentos estão
contaminados com resíduos tóxicos, que possam
comprometer a saúde. Conforme a Portaria no 03,
de 16 de janeiro de 1992, da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) [26], resíduo de
agrotóxico consiste em “substância ou mistura de
substâncias remanescente ou existente em alimentos
ou no meio ambiente, decorrente do uso ou da
presença de agrotóxicos e afins, inclusive quaisquer
derivados específicos, tais como: produtos de
conversão e de degradação, metabólitos, produtos
de reação e impurezas, consideradas tóxicas e
ambientalmente importantes”.
A agricultura orgânica baseia-se no emprego
mínimo de insumos externos. Devido à
contaminação ambiental, as práticas de agricultura
orgânica não podem garantir a ausência total de
resíduos. No entanto, é possível adotar métodos
destinados a reduzir ao mínimo a contaminação do
ar, do solo e da água. Os manipuladores,
processadores e vendedores envolvidos no manuseio
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dos produtos orgânicos aderem às normas que
mantém a integridade dos produtos da agricultura
orgânica [4].
A produção orgânica de alimentos surge como
uma alternativa ao quadro de contaminação química
dos alimentos, buscando oferecer produtos isentos
de resíduos químicos. Os atributos de qualidade dos
produtos obtidos por meio da agricultura orgânica,
como a ausência de resíduos químicos ou aditivos
sintéticos, representam elevado grau de afinidade
com o conceito de segurança do alimento, que inclui
a aquisição pelo consumidor de alimentos de boa
qualidade, livre de contaminantes de natureza química
(pesticidas, aditivos), física ou biológica [15].
Os consumidores freqüentemente citam a
preocupação com a saúde como a principal
motivação para consumir alimentos orgânicos. A
possível ausência de agrotóxicos é apontada como o
principal atributo destes alimentos. Considerando-
se a proibição da aplicação de pesticidas químicos
sintéticos no sistema orgânico de produção, seria
razoável assumir que alimentos produzidos
organicamente, em geral, contenham menores níveis
de resíduos de pesticidas do que aqueles produzidos
convencionalmente [16].
A quantidade de pesticidas utilizada na
produção de um vegetal varia amplamente de cultura
para cultura. Um considerável número de fatores irá
afetar a presença de resíduos em alimentos, incluindo
o estágio de desenvolvimento da cultura em que o
pesticida foi aplicado, a persistência do produto, o
uso de pesticida no pós-colheita e o nível de pesticidas
presentes no meio ambiente [16]. Devido à tendência
de uso de pesticidas na agricultura convencional, é
provável que os consumidores de orgânicos estejam,
no mínimo, consumindo menores quantidade e tipos
de resíduos. Porém, ainda não foi elucidado se tais
resultados envolvem benefícios à saúde dos
consumidores.
Ainda de acordo com Bourn & Prescott [16],
considerando-se que muitos consumidores optam
por comprar alimentos produzidos organicamente
por acreditarem que estes alimentos possuem um
menor nível de resíduos de pesticidas, seria
interessante implementar pesquisas com vistas à
confirmação de tal hipótese. No futuro, com a
tendência de declínio do uso de pesticidas nas
culturas produzidas convencionalmente, devido às
técnicas de produção, como o Manejo Integrado de
Pragas, pode ser que a questão dos resíduos de
pesticidas venha a se revelar menos importante para
a decisão dos consumidores pela compra de
alimentos orgânicos em comparação às outras
questões.
Conforme a Portaria no 03, de 16 de janeiro
de 1992, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), Ingestão Diária Aceitável (IDA) é a
“quantidade máxima que, ingerida diariamente
durante toda a vida, parece não oferecer risco
apreciável à saúde, à luz dos conhecimentos atuais.
É expressa em miligramas (mg) do agrotóxico por
quilograma (kg) de peso corpóreo (mg / kg p.c.)”.
De acordo com a mesma Portaria, Limite Máximo
de Resíduo (LMR) significa a “quantidade máxima
de resíduo de agrotóxico legalmente aceita no
alimento, em decorrência da aplicação adequada
numa fase específica, desde sua produção até o
consumo, expressa em partes (em peso) do
agrotóxico ou seus derivados por um milhão de
partes de alimento (em peso) (ppm ou mg / kg)”
[26].
Para garantir a qualidade dos alimentos e a
segurança para a população, o Ministério da Saúde
exige que sejam realizadas análises de resíduos de
agrotóxicos comprobatórias da segurança do
alimento em todas as culturas para as quais ele será
registrado. Os níveis de resíduos, eventualmente
detectados nos alimentos, devem ser inferiores ao
LMR estabelecido após a realização de todos os
estudos toxicológicos necessários para efeito de
registro. Os testes toxicológicos realizados têm como
um de seus principais objetivos determinar qual a
quantidade que poderá ser ingerida pelas pessoas
(IDA), sem que isto provoque qualquer tipo de dano
à sua saúde [27].
Em muitos países, a presença e a quantidade
de resíduos de agrotóxicos em alimentos nacionais e
importados são monitoradas para assegurar que a
população tenha acesso a uma dieta que não
ultrapasse o nível de tolerância (LMR) recomendado,
com base nos estudos de Ingestão Diária Aceitável.
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Para tanto, os Limites Máximos de Resíduos são
estabelecidos internacionalmente e divulgados pela
Food and Agriculture Organization (FAO). Este
monitoramento pode contribuir para ampliar a
confiança do consumidor na qualidade dos alimentos
ofertados e minimizar possíveis riscos à saúde
pública[27].
A legislação brasileira previu normas que
visam a regulamentação do uso de defensivos na
agricultura, mas, salvo em alguns estados que
dispõem de fiscalização efetiva, a obediência às leis
ainda esbarra em questões sócio-culturais peculiares
de cada região [28].
A presença de resíduos de defensivos em
alimentos, somada à contaminação da água,
constituem risco para a população em geral e
representam, sem dúvida, um grande problema de
saúde pública no Brasil. Com o objetivo de ampliar
o nível de conhecimento da situação, Araújo et al.[28]
analisaram a utilização de defensivos em tomates
produzidos no estado de Pernambuco. Outras
motivações para a pesquisa referem-se ao fato da
grande importância socioeconômica da cultura deste
fruto e o potencial risco epidemiológico relacionado
à saúde dos consumidores dos referidos alimentos.
No modelo dominante de produção, a cultura do
tomate demanda uso intensivo de agroquímicos e
este fruto integra o hábito alimentar da população
em geral.
De acordo com os referidos autores [28], todas
as áreas integrantes da pesquisa careciam de ações
que visassem à proteção da saúde dos trabalhadores
rurais, que lidavam com os defensivos e, também,
de medidas de proteção ao meio ambiente, que se
revelou gravemente comprometido. Os autores
relataram ainda que produtos sem registro autorizado
para o uso na produção de tomates eram comumente
utilizados pelos agricultores. Tal situação era agravada
pelo fato de não existir qualquer tipo de controle
sistemático da presença de resíduos de defensivos
nos alimentos ou dos produtos comercializados no
estado de Pernambuco. Observou-se ainda a escassez
de campanhas efetivas com vistas à orientação, apoio
e educação dos produtores envolvidos. Foi registrado
o desconhecimento, por parte dos produtores e
aplicadores de defensivos, no que se refere aos efeitos
tóxicos para a saúde e o meio ambiente, associados
ao uso indevido dos produtos não-autorizados.
Caldas & Souza [29], a partir de dados de
consumo de alimentos registrados pela Pesquisa de
Orçamentos Familiares, realizada pelo IBGE, em
1995-96, identificaram os alimentos que mais
contribuíram para a Ingestão Diária Máxima Teórica
(IDMT) de pesticidas. O cereal (arroz) e a leguminosa
(feijão), de expressivo consumo pela população
brasileira, as frutas, principalmente as cítricas, e o
tomate foram alimentos que exerceram papel
preponderante para a elevação da ingestão.
O estudo de Lourenço [27] teve por objetivo
discutir as possíveis interações entre os agrotóxicos,
de uso autorizado em produtos de origem vegetal,
como tomate, banana e maçã, consumidos nas
principais regiões metropolitanas brasileiras, e o
possível risco à saúde humana. O autor concluiu que
existe perigo à saúde humana, decorrente de tais
interações, com efeitos danosos e de diferentes
proporções. À medida que outros estudos forem
realizados nesta linha de pesquisa, os resultados
gerados permitirão que as autoridades competentes
harmonizem os interesses agrícolas com a proteção
da saúde pública. Neste contexto, a população tem
o direito de conhecer os riscos a que está exposta ao
ingerir cada alimento e, a partir disso, optar pelo que
prefere consumir.
Ainda de acordo com Lourenço [27], os danos
à saúde humana, devido à ingestão de resíduos de
agrotóxicos em alimentos, só poderão ser
minimizados pelo uso restrito, controlado e racional
destes produtos na agricultura. Existe uma
necessidade urgente de ações na área de saúde
pública, para que seja possível uma identificação
rápida e segura das intoxicações causadas por
agrotóxicos.
Também de acordo com Lourenço [27], como
medida de segurança, a população tenta evitar os
possíveis riscos da presença de resíduos de
agrotóxicos em alimentos, entre outras práticas,
comprando alimentos orgânicos que, em geral, são
mais caros que os convencionais e preferindo a
aquisição de produtos de origem vegetal com selo
de qualidade e consumindo alimentos da época.
Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 13(2): 64-75, 2006
Alimentos orgânicos: qualidade nutritiva e segurança do alimento, Borguini et al.
72
Vale registrar que o consumo de alimentos
seguros significa a promoção da saúde e manutenção
da qualidade de vida da população. A garantia de
alimento relativamente livre de contaminantes é
essencial para a prevenção de doenças,
principalmente em um país como o Brasil, onde uma
parte considerável da população enfrenta sérios
problemas relativos aos distúrbios nutricionais e
limitações no tocante ao acesso ao sistema público
de saúde [29].
Considerando-se a permissão do uso de
pesticidas na agricultura convencional, espera-se
encontrar menores níveis de resíduos nos produtos
orgânicos. Porém, existem poucos registros sobre
os níveis de pesticidas em alimentos orgânicos [30].
Segundo Pussemier et al. [31], quando são
comparados os efeitos do sistema de produção na
segurança do alimento, há evidências de que, com
relação à presença de resíduos de pesticidas, os
alimentos orgânicos apresentam uma clara vantagem
sobre os convencionais.
Kouba [32] registrou que os alimentos
orgânicos de origem animal apresentavam menores
níveis de pesticidas e de drogas de uso veterinário.
Moore et al. [33] analisaram alimentos infantis
de diversas marcas, elaborados com produtos
provenientes do cultivo orgânico e convencional,
quanto à presença de resíduos de pesticidas, e não
encontraram tais resíduos em nenhum dos produtos
analisados. Portanto, neste caso, não houve diferença
entre orgânicos e convencionais.
Baker et al. [34] avaliaram dados relativos à
presença de resíduos de pesticidas em alimentos
produzidos por meio do cultivo convencional, do
Manejo Integrado de Pragas e do sistema orgânico.
Segundo os autores, os alimentos orgânicos
continham menor número de resíduos de pesticidas,
quando comparados àqueles provenientes dos outros
sistemas de produção, e, quando presentes, tais
resíduos estavam em menor quantidade nos
alimentos orgânicos.
Rekha et al. [35] analisaram amostras de trigo
e arroz produzidas em sistema orgânico e
convencional, quanto à presença de resíduos de
pesticidas. Considerando que não foi encontrada nem
mesmo quantidade-traço de resíduos nos alimentos
produzidos organicamente, os autores
recomendaram o consumo de arroz e trigo orgânicos.
Em pesquisa realizada no Brasil, Borguini [24]
registrou que a forma de cultivo foi um fator
determinante em relação à presença de resíduos de
pesticidas e, como esperado, de acordo com as
diretrizes para produção orgânica de alimentos [36],
o tomate orgânico não apresentou tais resíduos.
Portanto, de acordo com os resultados das
pesquisas anteriormente citadas, os alimentos
genuinamente orgânicos contêm menores níveis ou,
simplesmente, não apresentam resíduos de pesticidas,
quando comparados aos alimentos convencionais.
Os dados sugerem que os consumidores, que buscam
reduzir sua exposição aos resíduos de pesticidas,
podem optar pela aquisição de alimentos orgânicos.
Considerações Finais
As informações indicam que existem
diferenças relativas à qualidade nutritiva, quando se
estabelece uma comparação entre os alimentos
produzidos pelos métodos orgânico e convencional.
Entretanto, as evidências não são suficientes para
assumir, de forma definitiva, a superioridade do
alimento produzido organicamente, quanto à
qualidade nutritiva e aos benefícios do seu consumo
para a saúde do consumidor. Deste modo,
recomenda-se que pesquisas sejam desenvolvidas,
controlando-se a ampla gama de fatores que podem
afetar a composição dos alimentos, tais como: fatores
genéticos, práticas agronômicas, clima e condições
de pós-colheita, entre outros.
Os alimentos orgânicos possuem menores
níveis de resíduos de pesticidas ou, simplesmente,
não contêm quantidades detectáveis de tais resíduos.
Porém, a escassez de dados sobre a presença de
resíduos de pesticidas em alimentos produzidos
organicamente não permite conclusões definitivas
para estabelecer alguma diferença entre alimentos
orgânicos e convencionais.
Alimentos orgânicos: qualidade nutritiva e segurança do alimento, Borguini et al.
Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 13(2): 64-75, 2006 73
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Alimentos orgânicos: qualidade nutritiva e segurança do alimento, Borguini et al.
Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, 13(2): 64-75, 2006 75
Autores
Renata Galhardo Borguini - Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios. Secretaria de Agricultura
e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Correspondência: Av. Prof. Manoel César Ribeiro, 1920
Caixa Postal 07, CEP: 12400-970 Pindamonhangaba/SP
Fax: (12) 3642-1812. E-mail: renata@aptaregional.sp.gov.br
Elizabeth A. Ferraz da Silva Torres - Departamento de
Nutrição. Faculdade de Saúde Pública. Universidade de
São Paulo
... Inversamente, verificou-se o decréscimo de sódio (12%) e de nitrato (93%). Embora a produção absoluta tenha sido menor com o uso dos adubos orgânicos, o substancial aumento da matéria seca, vitaminas e minerais resultou num alimento com maior valor nutricional (BORGUINI;TORRES, 2006). ...
... Inversamente, verificou-se o decréscimo de sódio (12%) e de nitrato (93%). Embora a produção absoluta tenha sido menor com o uso dos adubos orgânicos, o substancial aumento da matéria seca, vitaminas e minerais resultou num alimento com maior valor nutricional (BORGUINI;TORRES, 2006). ...
... Esse aumento do consumo de orgânicos pode ser entendido, de acordo com Borguini e Torres (2006), em virtude da resistência de muitas pessoas em consumir alimentos convencionais, produzidos com a utilização de químicos sintéticos, ainda que, conforme apontam as autoras, existam poucos estudos científicos que comprovem ou não teorias que afirmam que alimentos orgânicos são mais nutritivos e seguros que os convencionais. ...
... O interesse pelo consumo de produtos orgânicos está relacionado ao sabor, alimentação saudável, qualidade e preservação do meio ambiente [3] . Segundo Silva & Silva (2016), a qualidade dos alimentos é um princípio de segurança alimentar e nutricional que traz benefícios à saúde do consumidor. ...
... Os demais 10% são representados pelos grandes produtores vinculados a empresas privadas. Alguns produtos in natura (principalmente hortaliças) são destinados à comercialização orgânica nacional, outros (soja, café, cacau, açúcar mascavo, erva mate, suco de laranja, mel, frutas secas, castanha de caju, óleos essenciais, óleo de palma, frutas tropicais, palmito, guaraná e arroz) são destinados à exportação [3] . ...
Article
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O presente estudo procurou conhecer a opinião dos consumidores de um município de pequeno porte da região sudoeste do Paraná em relação aos alimentos orgânicos, buscando identificar os fatores que possam interferir na sua aquisição e no consumo. Utilizou-se como instrumento para coleta de dados um questionário elaborado para este fim a partir de outros estudos já realizados e um questionário socioeconômico. A maioria dos participantes da pesquisa era adulta (86%; n=327), do gênero feminino (77%; n=294), residia na área urbana do município (80%; n=308) e o nível de escolaridade concentrou-se no ensino superior (42%; n=159). Quanto ao conhecimento sobre alimentos orgânicos, 96% (n=368) os entrevistados relataram que conhecem tais alimentos e o critério mais importante para sua aquisição é “fazer bem a saúde” (55%; n=211). Por outro lado, foi destacada a existência de poucos locais para adquirí-los (64%; n= 245), prevalecendo, assim, o baixo consumo pelo grupo (53%; n= 205). A maioria respondeu que confia nas universidades (76%; n= 291) e em profissionais nutricionistas (77%; n= 294) como referência sobre o tema e mais de um terço não confia nas mídias como agentes formadores de opinião (39%; n= 149). O principal fator que interfere na aquisição e no consumo de orgânicos é a falta de locais destinados à venda dos mesmos, o que restringe o acesso à população.
... Brown sugar is the most common energy source for water kefir grains development [14][15][16] (Figure 1); however, the use of other carbohydrate sources may be able to support the fermentation process, resulting in tasty and healthy beverages. According to Silva et al. [17], refined and unrefined sugars can affect the microbiota of kefir differently, thus producing beverages with varying acidity and concentrations of microorganisms and metabolites. ...
Article
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There is a scarcity of studies evaluating the influence of different commonly marketed sugars in water kefir beverage production. Therefore, this study aimed to evaluate the fermentation of water kefir grains in different sugary solutions: brown, demerara, refined, coconut, and cane molasses. A total of 10% of each type of sugar was dissolved in sterile water to which 10% of kefir grains were then added and fermented for 48 h at room temperature. Analyses of pH/acidity, soluble solids, lactic/acetic acids, and lactic acid bacteria and yeast counts were performed, in addition to grain weighing at 0 h, 24 h, and 48 h. The microbial biodiversity was measured using PCR-DGGE and DNA sequencing at the species level. A sensory acceptance test was performed on all beverages. Lactobacillus, Lacticaseibacillus, Lentilactobacillus Lactococcus, Leuconostoc, Acetobacter, Saccharomyces, Kluyveromyces, Lachancea, and Kazachstania were present in the kefir grains and the beverages. Molasses showed a more intense fermentation, with greater production of organic acids and higher lactic/acetic acid bacteria and yeast counts (7.46 and 7.49 log CFU/mL, respectively). Refined sugar fermentation had a lower microbial yield of lactic/acetic acid bacteria (6.87 log CFU/mL). Smith's salience index indicates that the brown-sugar kefir beverage was better accepted among the tasters. The results indicate that the use of alternative sources of sugar to produce water kefir beverages is satisfactory. This opens up new perspectives for the application of kefir microorganisms in the development of beverages with probiotic and functional properties.
... Ainda neste estudo, verifica-se que o mercado dos alimentos orgânicos vem crescendo mais rapidamente que o tradicional. (BORGUINI & TORRES, 2015). ...
... Esses compostos fenólicos podem inibir alguns tipos de câncer, como o de cólon, esôfago, pulmão, fígado, mama e pele, segundo estudos in vitro 54 . De acordo com um estudo de metanálise realizado na Grã-Bretanha, alimentos orgânicos apresentam maiores teores de antioxidantes, que são protetores contra o câncer, quando comparados àqueles produzidos de forma convencional 51 . ...
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RESUMO Atualmente, a agricultura brasileira é caracterizada pelo crescente consumo de agrotóxicos e fertilizantes químicos, inserindo-se no modelo de produção baseado nos fundamentos do agronegócio. As novas técnicas de cultivo baseadas no agronegócio resultaram na expansão das monoculturas sobre os ecossistemas naturais, com o consequente desmatamento, desequilíbrio e perda da biodiversidade; e o aumento da contaminação do solo, da água e do ar pelos agrotóxicos. No que tange à saúde humana, a literatura científica tem demonstrado que a contaminação química decorrente do uso de agrotóxicos na agricultura implica adoecimento dos trabalhadores rurais expostos ocupacionalmente aos agrotóxicos, dos moradores da área rural, além de consumidores de alimentos contendo resíduos de agrotóxicos. Entre os efeitos sobre a saúde humana associados à exposição a agrotóxicos, os mais preocupantes são as intoxicações crônicas, caracterizadas por infertilidade, abortos, malformações congênitas, neurotoxicidade, desregulação hormonal, imunotoxicidade, genotoxicidade e câncer. Sendo assim, neste ensaio, apresenta-se uma revisão narrativa com dados presentes na literatura científica nacional e internacional referentes à associação entre a exposição a agrotóxicos e o desenvolvimento de câncer no contexto da saúde coletiva e o papel da alimentação saudável e da agroecologia como suporte às políticas públicas de prevenção do câncer.
... Essa perspectiva vem persuadindo a ideia de que o consumo de produtos naturais tem influência direta sobre a longevidade das pessoas. E o Brasil, país com imenso patrimônio natural pela biodiversidade territorial, investe cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento tecnológico no cultivo natural de produtos, além de se mobilizar para criação de leis disciplinares para a produção, identificação e certificação da qualidade desses produtos (Borguini, 2006). O setor de produtos naturais permanece em expansão apesar dos momentos de crise vividos por outros segmentos, pois a previsão é que o mercado brasileiro de produtos saudáveis cresça 4% ao ano até 2021 (Euromonitor, 2017). ...
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Este artigo tem por objetivo estudar a viabilidade econômica financeira de se montar uma loja de produtos naturais no município de Cacoal e Pimenta Bueno/RO. Utilizou-se de técnicas de Valor Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e Payback (Período de Retorno do Investimento). Foram realizadas as médias ponderadas sobre os resultados apontados pelos participantes da pesquisa, para o levantamento da viabilidade econômica. Os objetivos específicos deste artigo eram identificar valores do investimento inicial, descrever as linhas de produtos e margens de preços, além de projetar os custos diretos e indiretos e calcular a viabilidade do negócio. Os cálculos foram por meio do fluxo de caixa projetados pelo período de 5 anos, trazidos a valor presente com uma Taxa Mínima de Atratividade (TMA) de 15% ao ano. Projetou-se um crescimento médio de 4,60% ao ano sobre a receita de vendas. Os dados fornecidos pelas empresas pesquisadas, resultaram numa TIR de 17,27% ao ano, frente a uma TMA de 15% ao ano, apresentando um ganho sobre a TMA de apenas 2,27%. O Payback do projeto, ou seja, o capital investido começa a ser recuperado após 4 anos e 8 meses e 20 dias, e uma a lucratividade projetada de 6,34% apenas no último ano da projeção. Os dados apresentados demonstram o resultado operacional e financeiro deste ramo de atuação com base nos dados levantados pelos participantes, sobre a decisão sobre a viabilidade econômica, cabe exclusivamente ao investidor tomar esta decisão.
... & Torres, 2006;Brasil, 2007). ...
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Quando nos referimos à Agroecologia, estamos focalizando um conjunto de princípios (unidade) e, quando tratamos de Agriculturas Ecológicas, nos remetemos às manifestações concretas ou à materialização daqueles conceitos (diversidade), mediante formas de manejo específicas. Esse conjunto de iniciativas/experiências, a partir de uma visão holística, que considera a complexidade e a relação entre os diversos processos que ocorrem nos agroecossitemas, configura um modelo de agricultura com base em princípios ecológicos de produção, que contrapõe à agricultura moderna. O presente artigo teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico acerca dos principais sistemas de produção de base ecológica, com ênfase no sistema orgânico. Através de descritores previamente selecionados realizou-se uma busca ativa nas principais plataformas de pesquisa, por artigos, dissertações e teses que abordassem como tema principal ou secundário as principais formas de agricultura ecológica: Biodinâmica, Natural, Biológica e Orgânica. Muito além da ausência do uso de agrotóxicos, a adesão a uma agricultura de base ecológica, de forma mais específica, a agricultura de base orgânica, é expansiva e envolve questões sociais, ambientais e econômicas. Além de intrinsicamente defender o direito a vida e a saúde, de produtores e consumidores, a agricultura ecológica engaja a prática de uma economia solidária, valorizando os pequenos agricultores e contribuindo para sua independência, além de trazer consigo pontos importantes como sustentabilidade, preservação ambiental, respeito aos saberes locais e não desperdício de alimentos e recursos.
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Os agrotóxicos também são chamados de defensivos agrícolas ou agroquímicos, eles são um conjunto de substâncias produzidas para exterminar ou inibir a proliferação de insetos, ácaros, ervas daninhas, fungos e outros tipos de vida animal ou vegetal que possam prejudicar a produção agrícola. Entre os agrotóxicos mais usados estão as acaricidas, fungicidas, herbicidas, inseticidas e rodenticidas. Sobre a intoxicação direta de seres humanos, pode ser dividida entre dois tipos principais: a aguda ocorre quando o indivíduo é exposto a altas doses das substâncias, já a crônica é de longo prazo, quando a vítima é exposta gradativamente a doses menores das substâncias agrotóxicas. O exame que faz para diagnosticar a fim de identificar a intoxicação por agrotóxicos é o de colinesterase que é um teste laboratorial solicitado com o objetivo de verificar o grau de exposição da pessoa a produtos tóxicos, como pesticidas, inseticidas, herbicidas ou adubos. Descrever a relação dos agrotóxicos provenientes dos alimentos com a saúde humana e o papel do biomédico é o objetivo dessa pesquisa, que foi realizada em revisão sistemática de literatura de base técnica qualitativa. Podendo concluir que a pesquisa realizada ampliou o conhecimento a respeito do uso de agrotóxicos e seus efeitos na saúde humana, com seus impactos nas regiões com maior utilização, e também teve a maior incidência de problemas de saúde agudo e crônico, como má formação fetal de mulheres gestantes, neoplasias, além de doenças subcrônicas, de tipo neurológico e psiquiátrico.
Chapter
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O uso das Geotecnologias vem tornando-se mais presente para obtenção de informações visando a elaboração de pesquisas voltadas para a representação espacial dos variados temas, para diversas áreas do conhecimento. O objetivo central desse trabalho é apresentar a utilização das geotecnologias, especificamente a representação cartográfica, no mapeamento e divulgação dos casos de Covid-19 na Região Nordeste do Brasil. Nesse sentido, realizamos um levantamento de base bibliográfica referente aos temas propostos, além de construirmos um Banco de Dados Geográficos – BDG com informações disponibilizadas pelas Secretarias de Saúde de cada estado da região Nordeste, bem como do Ministério da Saúde, referente aos casos suspeitos, descartados, confirmados e óbitos, e, ao final, apresentamos as formas de divulgação dessas informações pelos governos estaduais da região em estudo. A pesquisa evidenciou que não há uma padronização da disponibilização das informações acerca do novo Coronavírus, pois cada Estado, na Região Nordeste, faz uso de metodologias e ferramentas geotecnológicas distintas. Diante disso, observou-se que a transparência e a compreensão dos dados, em alguns casos, não se dão por completo. Por fim, entende-se que o uso das geotecnologias, quando utilizadas de forma padronizadas, auxiliam gestores públicos e privados na tomada de decisões coletivas. Nesse sentido, propôs-se um modelo de divulgação de dados e informações sobre os casos de COVID-19.
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Objetivo: Avaliar e comparar o potencial erosivo de refrigerantes orgânicos e convencionais, disponíveis no mercado, utilizando as variáveis de pH, titulação ácida (TA) e capacidade tampão (CT). Metodologia: Foram analisadas 14 bebidas industrializadas adquiridas nos supermercados da Cidade de João Pessoa/PB, sendo 7 orgânicas e 7 convencionais do mesmo sabor. As medições de pH e TA para o pH 5,5 e 7,0 foram realizadas em triplicata, em 50ml de cada bebida, imediatamente após a sua abertura. A CT foi calculada baseada nos valores de pH e titulação ácida para o pH 7,0. Os dados foram analisados pelo teste ANOVA, seguido de Bonferroni e a correlação de Pearson, com significância de 5%. Resultados: Diferença estatisticamente significante foi encontrada entre os grupos, para todas as variáveis analisadas (p
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During the era of green revolution in the late sixties, introduction of high yielding varieties, expansion of irrigated areas, increased use of nitrogen, phosphorous, potassium (N, P and K) fertilizers; chemical pesticides and higher cropping intensity drove India toward self-sufficiency in food production. Use of chemical pesticides to control various insects, pests and diseases over the years destroyed many naturally occurring effective biological agents. Increased quantities of nutrients and pesticides in agricultural run off waters in recent years has caused serious problem of water pollution. The ill effects of green revolution include residues of extensively used chemical pesticides in various environmental components. Several studies showed that pesticides could cause health problem such as birth defects, nerve damage and cancer. Keeping in mind the problem of pesticide residues in various components of environment, the present study was conducted on different organic farms and market samples (conventional farms). Four groups of pesticides, i.e., organochlorine, carbamates, organophosphorous and pyrethrites were analyzed in wheat and rice samples. Presence of organochlorine pesticide residue was observed in two out of ten organic farms, which were converted from conventional to organic practices few years ago. This was attributed to excessive use of synthetic pesticides. Wheat and rice samples taken from market (conventional farm) showed significant level of pesticide residues. Method used for extraction of pesticides was validated with recovery studies, which showed more than 80% recoveries for organochlorine, organophosphorous, carbamates and pyrithroids, respectively. Pesticide residue contamination of food was assessed for risk analysis. © 2006 Division of Chemical Health and Safety of the American Chemical Society.
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OBJETIVO: A presença de resíduos de praguicidas em alimentos, somada à contaminação da água, oferece risco para a população em geral e representa, sem dúvida, um grande problema de saúde pública no Brasil. Com o objetivo de obter melhor conhecimento da situação, foi estudada a utilização de praguicidas em tomates produzidos no Estado de Pernambuco. MÉTODOS: Foram aplicados questionários semi-estruturados para obtenção de informações socioambientais e de morbidade referida aos trabalhadores rurais, durante a safra de tomates. Foram selecionadas seis propriedades, localizadas em duas regiões produtoras do agreste pernambucano. O total de entrevistados foi de 186. RESULTADOS/CONCLUSÕES: Ficou constatado que as duas regiões estudadas carecem, indiscriminadamente, de ações que visem à proteção da saúde dos trabalhadores rurais, que lidam com os praguicidas, e de medidas contra os danos para o meio ambiente, que se encontra gravemente comprometido.
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Respectivamente, técnico, assistente técnico, gerente e estagiária da Gerência Setorial de Estudos da Agroindústria do BNDES. Os autores agradecem os comentários e sugestões da Drª Maria Fernanda A. C. da Fonseca (Pesagro-RJ), de Jorge Vailati (IBD), da Drª Maria Cristina Prata Neves, da equipe da Embrapa-Agrobiologia e da Drª Corinne R. B. Gonzáles (Deral/Seab-PR), bem como as informações prestadas por Sítio do Moinho (RJ), Horta e Arte (SP), Agrinatura (RJ), Planeta Orgânico (RJ), Emater (PR, SC e RS), certificadoras de produtos orgânicos e instituições relacionadas nos Anexos. $*5,&8/785$25*Ç1,&$ Em virtude da inexistência de informações sis-tematizadas sobre o setor, grande parte do trabalho resulta de pesquisas e entrevistas feitas no período 2000/01 junto a instituições certificadoras, produtores, processa-dores primários e secundários, distribuidores, consumi-dores, instituições de pesquisa, consultorias, cooperati-vas de produtores e órgãos de extensão rural, além de consultas a portais específicos sobre o assunto no Brasil, na Comunidade Européia e nos países do Nafta. Apresenta-se a agricultura orgânica como uma retomada do uso de antigas práticas agrícolas, porém adaptando-as às mais modernas tecnologias de produ-ção agropecuária com o objetivo de aumentar a produti-vidade e causar o mínimo de interferência nos ecossiste-mas, além de ser uma das alternativas para viabilizar a pequena propriedade.
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Objective # . Food contamination # . Risk assessment, methods # . Insecticides, organophosphate, toxicity. # Pesticide, poisoning. Metropolitan zones. Food consumption. - Chronic dietary risk assessment.
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Five green vegetables (qing‐gen‐cai, Chinese Cabbage, spinach, Welsh onion and green pepper) commonly used in our daily diet were analysed to determine their antioxidative and antimutagenic activities and chemical content of polyphenols. We obtained pesticide‐free and organically cultivated (O) vegetables using water‐soluble chitosan as a soil modifier and leaf surface spray (as an alternative natural insecticide) in order to investigate biofunctions induced or enhanced by such specialised cultivation practices. In addition, we purchased the same varieties of vegetables cultivated on an adjacent farm in the conventional manner (C) using pesticides and chemical fertilisers in order to examine the differences in biological activities and distribution of constituents responsible for such activities. The antioxidative activity shown by O vegetables was 120% times higher than that shown by C vegetables in the case of spinach and 20–50% higher in the case of Welsh onion, Chinese cabbage and qing‐gen‐cai. In comparison with C vegetables, the antimutagenic activity shown by O vegetables was higher against 4‐nitroquinoline oxide (4NQO) in qing‐gen‐cai, Chinese cabbage and Welsh onion, against benzo[ a ]pyrene (BaP) in all five vegetables, against 2‐amino‐3‐methylimidazo[4,5‐ f ]quinoline (IQ) in qing‐gen‐cai, Chinese cabbage and green pepper and against 3‐amino‐1‐methyl‐5 H ‐pyrido[4,3‐ b ]indole acetate (Trp‐P‐2) in spinach only. Among all green vegetable juices tested for flavonoid composition, quercitrin, caffeic acid and baicalein in O vegetables were detected in concentrations 1.3–10.4 times higher than those found in C vegetables, suggesting the influence of different cultivation practices. © 2001 Society of Chemical Industry
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This paper investigates the state-of-the-art of organic food with respect to the law (certification, inspection, and labelling), the market, the customer, and organic food itself.In spite of research work carried out on different aspects of organic food, there is not yet a method/methods for routine use in authentication of organic food products. The issues of organic food safety and potential nutritional benefits are also under study as controversial claims.Research work to support and meet the needs of farmers and markets concerning claims on authenticity, safety and nutritional values of organic crops is necessary and discussed in this paper.
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Two lots of applesauce, pears, winter squash and carrots from each of two traditional commercials and one commercial “organic” brand of baby food were purchased from local retailers. These samples were analyzed for eight organochlorine (aldrin, dieldrin, cis-chlordane, p,p′-DDT, p,p′-DDE, p,p′-DDD, heptachlor, and hexachlorobenzene) and five botanical (nicotine, pyrethrin I, pyrethrin II, warfarin, and rotenone) pesticides in duplicate. The results indicated no detectable organochlorine pesticide residues at levels of detection between 4 and 11 pg/g, no detectable nicotine residues at the level of detection of 0.66 ng/g and no detectable pyrethrin I, pyrethrin II, warfarin and rotenone residues at levels of detection between 0.126 and 0.36 ng/g. Since no residues were found in any of the baby foods, there was no apparent distinction between the traditional commercial brands and the “organic” commercial brand of baby foods evaluated in this study.
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This paper goes through the chemical risks able to affect the organic and the conventional agro-food products. For each type of contaminant a tentative assessment has been made in considering not only the levels of exposure but also the toxicological data when available. When comparing both production systems with regards to food safety, it appears that, for the well-known toxicants (pesticides, nitrates), organic products present some clear advantages, but it is also recognized that natural toxicants need to be better identified within this mode of production. Environmental and food processing contaminants are present in both organic and conventional products. It is recommended to improve the monitoring programmes by paying more attention to the mode of production as well as to the whole array of relevant contaminants.
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Recent years have seen a sharp rise in demand for organic animal products. There is no evidence of consistent differences in flavour or nutritional qualities between organic products and conventional ones. However, organic animal products have lower levels of veterinary drugs and pesticides. There is no clear evidence to indicate that organic food is more prone to mycotoxin contamination than conventional food, and there is no firm evidence at present to support the assertion that organic animal food is more or less microbiological safe than conventional food. Fears of consumers may lead them to buy organic food, to avoid genetically modified organisms and food irradiation.
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To explore the potentials of organic agriculture, it is important to know how consumers, as well as producers, relate to food quality and food system issues. A consumer survey from the Hamar region in Southern Norway provided information on a number of these issues, and a rapid food system appraisal and a seminar revealed concerns among organic farmers in the region. Multivariate analyses showed that traditional food quality aspects such as freshness and taste, called “observation traits,” were important to all consumers. In addition, those who purchased organic foods were more concerned about ethical, environmental, and health issues, called “reflection traits”. Three consumer orientations in the food market were identified. Consumers with a “practical” orientation were less likely, and those with a “local” orientation in the food market were more likely, to buy organic food, while “social” considerations were equally important to all. The results indicate that many interests of organic farmers coincide with concerns among those who buy organic food, and that these are more complex than the formal rules for organic agriculture. This may provide a basis for identifying common goals and improving communication and cooperation between consumers and producers in order to further develop the organic food system. [Note that organic agriculture is called “ecological agriculture” in the Nordic Region.]