Tim Ingold’s research while affiliated with University of Aberdeen and other places

This interview article explores how British anthropologist Tim Ingold’s work can inspire innovation in mental health and the psy disciplines. Ingold critiques dominant biomedical and individualistic approaches, arguing for the importance of caring attentiveness and abolishing dichotomies like those between surface and depth, when engaging with people to understand and assist them. Instead, he suggests viewing human existence as correspondences with environmental, social, and relational others. The interview highlights the concept of “doing-undergoing,” proposing that care is a reciprocal, relational process. Ingold’s ideas suggest a shift towards practices that engage directly with the world and promote attentiveness to human and more-than-human relations. The article encourages practitioners, educators and students of mental health disciplines to rethink traditional models and adopt more humane approaches.

This essay traces the evolution of my thinking from ecological anthropology to a synthesis of linealogy and meteorology. As my ideas developed, via concepts of landscape and taskscape, I began to think of human lives as lived along lines, entangled in a meshwork. Yet every life is also lived on the ground, in the zone of interpenetration between earth and sky. And the sky is the domain of the weather. My challenge was then to understand the relations between lines and the weather, or between the meshwork and the earth-sky world. This is where the atmosphere came in. Through a critique of the aesthetics of atmosphere, I argue for an approach that, in reintroducing the element of air, would fuse cosmos and affect. But this means undoing the inversion, characteristic of modernity, which turns the earth-sky world into landscape and scenery on which life is enacted. Ultimately, I find the relation between lines and the weather in the alternation of breathing in and breathing out.

La suerte de la antropología y la de la universidad siempre han estado estrechamente ligadas. La universidad de la Ilustración estaba comprometida con el progreso humano universal, al igual que la antropología que creció en su seno. Pero tanto la universidad como la antropología fueron igualmente cómplices en el proyecto de subyugación colonial. Hoy en día, con el inminente colapso del modelo de producción de conocimiento de la Ilustración, el reto consiste en reconvertir la universidad para que se alinee más con la sostenibilidad que con el progreso. ¿Qué papel puede desempeñar la antropología para lograrlo? Este capítulo describe principios comunes a ambas, la antropología y la universidad del futuro. Entre ellos se incluyen: la libertad, realizada en un espíritu de compañerismo más que de excepcionalidad académica; la decolonialidad, entendida como un proceso que desacopla la educación de la modernidad y la colonialidad; la multiversalidad, como un compromiso con un mundo, no obstante, de diferencias infinitas; la investigación, como la búsqueda de la verdad a través de la curiosidad y la atención; el amateurismo, entendiendo la erudición como una labor de amor; y una disciplinariedad nómada que entrelace múltiples líneas de interés. El capítulo concluye retomando la idea de la educación como el hacer de lo común. ¿Cómo puede la universidad del futuro servir al bien común? ¿Cómo puede sanar la ruptura entre educación y democracia?

Many years ago, I taught a course at the University of Aberdeen on the ‘4As’ of anthropology, archaeology, art and architecture (Ingold 2013). As we had been discussing flint-knapping, I invited the master-knapper, John Lord, to give a demonstration. We watched in awe as he skilfully detached flakes from a flint nodule of irregular shape to reveal the classical, bifacial form of an Acheulean handaxe. Then it was our turn to use wooden or antler hammers to detach flakes from fragments of flint. After an hour or two, none of us had made any headway. What looked simple in practised hands would have required years to learn, not a single afternoon! Nevertheless, the workshop taught us an important lesson. As Bentley and O'Brien (2024) remind us, mastering the skills to make an Acheulean biface requires hundreds of hours of practice. The question is, why does it need so long? What is going on during these many hours?

Conversations with Tim Ingold offers a comprehensive and accessible introduction to the work of Tim Ingold, one of the leading anthropologists of our time. Presented as a series of interviews conducted by three anthropologists from the University of Glasgow over a period of two years, the book explores Ingold's key contributions to anthropology and other disciplines. In his responses, Ingold describes the significant influences shaping his life and career, and addresses some of the criticisms that have been made of his ideas. Following an introductory chapter, the book consists of five edited and annotated interviews, each focusing on a specific theme: 'Life and Career,' 'Anthropology, Ethnography, Education and the University,' 'Environment, Perception and Skill,' 'Animals, Lines and Imagination,' and 'Looking Back and Forward.' Each chapter ends with a 'Further Reading' section, referencing Ingold's work and that of other scholars, to assist readers who want to follow up particular issues and debates. It concludes with an ‘Afterword’ authored by Ingold himself.

Resumo Esse artigo foi apresentado inicialmente em uma comunicação oral no congresso Think Global, Act Local, em 2023. Nele, argumento pelo papel radical das artes de mudar o próprio significado e propósito da educação: ao invés da transmissão eficiente de conhecimento dos professores de uma geração aos estudantes da próxima, a educação é vista como uma jornada interminável de descoberta na qual professores e estudantes embarcam juntos, tomados não pelo ideal humanístico da melhora progressiva, mas pela paixão de buscar a verdade do que é real e presente no mundo. Ao invés de educar estudantes na matéria da arte, aqui são as práticas de arte que educam. Nesta jornada para levar os estudantes a estabelecer um diálogo contínuo com o mundo em si mesmo, sustentando a possibilidade de atentar para as coisas ou seres a serem encontrados lá, responder à presença delas e explorar as condições de coexistência com elas, os conceitos de respons-habilidade e sobcomuns são apresentados e seus efeitos para a construção efetiva da democracia e da sustentabilidade destacados.

A criatividade é geralmente retratada como um fator X responsável pela geração espontânea do absolutamente novo. No entanto, a obsessão pela novidade implica uma atenção aos produtos finais e uma atribuição retrospectiva das suas formas a ideias sem precedentes na mente dos indivíduos, ignorando os potenciais geradores de forma das relações e processos em que as pessoas e coisas surgem e se desenvolvem. Nesses processos, espera-se tipicamente que o aprendiz copie as obras dos grandes mestres do passado. No entanto, mesmo seguindo um roteiro ou uma partitura, cada praticante tem de improvisar o seu próprio caminho através do conjunto de tarefas que a performance implica. Com exemplos da música, da caligrafia e da confecção de rendas, mostro que a fontes da criatividade não está na cabeça das pessoas, mas em seu envolvimento em um mundo em formação. Nesse tipo de criatividade, mais vivenciada que realizada, a imaginação não é tanto a capacidade de apresentar novas ideias, mas o impulso aspiracional de uma vida que não apenas se vive, mas se conduz. Para onde ela é conduzida, no entanto, não é dado de antemão. Abrindo-se ao desconhecido – se expondo – a imaginação conduz não pela maestria, mas pela submissão. Assim, a criatividade do vivenciar, da ação sem agência, é a criatividade da própria vida. Tradução: Beto Vianna Submissão: 15 mai. 2024 ⊶ Aceite: 3 jun. 2024

Conhecimento e sabedoria frequentemente operam com propósitos cruzados. Em particular, sabedoria significa virar-se em direção ao mundo, prestando atenção às coisas que encontramos lá, enquanto com o conhecimento nós viramos nossas costas para elas. Conhecimento floresce sobre a certeza e previsibilidade. Porém, em um certo mundo onde tudo é integrado [joined up], nada poderia viver ou crescer. Se um mundo de vida é necessariamente incerto, ele também se abre à pura possibilidade. Para chegar em tal possibilidade, contudo, nós temos que repensar a relação entre fazer e sofrer [undergoing], ou entre modelos intencionais e atencionais de ação. Eu mostro como a atenção corta uma estrada longitudinalmente através das conexões transversais entre intenções e seus objetos. Onde a intenção é preditiva, atenção é antecipatória. E se o outro lado da predição é a falha da ignorância, o outro lado da antecipação é a possibilidade de não saber. A ideia de que conhecimento preditivo demanda explicação perpetua a equação do não-saber com a ignorância. Educação, ciência e o Estado são poderosas máquinas para a perpetuação da ignorância. Eu argumento, entretanto, que ignorância e não-saber são coisas inteiramente diferentes. Em um mundo de vida, não-saber não denota ignorância, mas a sabedoria que reside em atentar para as coisas.