July 2024
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A voz de Maria Nova em Becos da memória confunde-se com a de Conceição Evaristo pela “parecença”, ora costurada pelas narrativas do trauma, no tempo da narrativa, ora como resistência, em um ofício de memória da ficção, no tempo da narração. Maria Nova, menina, vive o desfavelamento dos corpos negros no espaço e na memória silenciada da favela. Quando mulher, relata as rememorações pela barbárie, um reconhecimento dos esfacelamentos de tais corpos, pela elaboração do lugar de fala representado no ofício da escritora negra hoje e no passado, do possível e do provável. Logo, pretende-se discutir como o lugar de fala dessa escritora na contemporaneidade é formado pela marcação do tempo, de um passado colonizador e um presente estereotipado, de um conhecimento imaginário possível somente pela experiência, no tempo depois do trauma. Assim como, interpretar a relação da memória de ficção, esquecimento e a invenção, matérias de uma narrativa decolonial. Para tanto, partiremos de Homi Bhabha (1998); Conceição Evaristo (2017); Djaimilia Pereira de Almeida (2023); Luíza Santana Chaves (2014); Nogueira (2021); e Spivak (2010).