Peter Lamborn Wilson’s scientific contributions

What is this page?


This page lists works of an author who doesn't have a ResearchGate profile or hasn't added the works to their profile yet. It is automatically generated from public (personal) data to further our legitimate goal of comprehensive and accurate scientific recordkeeping. If you are this author and want this page removed, please let us know.

Publications (1)


A Religião Midiática do Fim do Século
  • Article

4 Reads

Peter Lamborn Wilson

Nós podemos definir "a mídia" de acordo se, ou não, um dado um meio, professa a si mesmo como "objetivo" -nos três sentidos da palavra, por exemplo, que ela "reporta objetivamente" a realidade; que se define a si mesmo como uma parte de uma condição objetiva ou natural da realidade; e que isso assume que a realidade pode ser refletida e representada como um objeto através de um observador da realidade. "A Mídia" -usada aqui no singular mas no sentido coletivo -coloca em parênteses o subjetivo e isola ele da estrutura básica da mediação, que é afirmada como o olhar reflexivo do social, "imparcial", "balançado", reportagem puramente empírica. Através de uma deliberada desfocagem da linha entre o objetivo e o subjetivo -como um infotretenimento¹, ou as "novelas" que tanta gente acredita serem "reais", ou acreditam representarem a "vida-real" dos policiais -ou na propaganda -ou nos programas de entrevista -a mídia constrói a imagem de uma falsa subjetividade, embalada e vendida para o consumidor como um simulacro dos seus próprios "sentimentos" e "opiniões pessoais" ou subjetividade. E ao mesmo tempo, a Mídia constrói (ou é construída por) uma falsa objetividade, uma falsa totalidade, a qual se impõe como a visão de mundo que possui autoridade, muito maior do que qualquer assunto -inevitável, inescapável, uma verdadeira força da natureza. Assim, cada "sentimento" ou "opinião pessoal" nasce dentro do consumidor como se ele sentisse isso como uma profunda, objetiva e pessoal verdade. Compro isso porque eu gosto, porque é melhor; apóio a Guerra porque é justa é honrável, e porque ela produz algum entretenimento excitante ("Tempestade no Deserto²", uma mini-série de horário nobre feita-pra-TV). Isso aparentemente refuta o meramente subjetivo (ou a legitimação disso como "arte"), a Mídia ativamente recupera o assunto e o reproduz como um elemento dentro de seu grande objeto, a reflexão total do olhar total: -a mercadoria perfeita em si mesma. Claro que toda mídia se comporta assim em alguma extensão, e possa talvez estar resistindo conscientemente ou estar inserido "criticamente" em alguma dimensão. Livros podem ser tão venenosos quanto as rádios TOP 40, e tão falsamente objetivos quanto os noticiários. A grande diferença é que qualquer um pode produzir um livro. Ele se tornou um "meio intimista", na qual faculdades críticas são utilizadas, porque agora nós sabemos e entendemos que o livro é subjetivo. Cada livro, como Calvino³ apontou, personaliza uma política pessoal -da qual o autor está consciente ou não. Nosso cuidado nesse sentido aumentou na proporção direta do nosso acesso ao meio. E precisamente por causa do livro não possuir mais a aura de objetividade que um dia teve, eu diria no séc. XVI, essa aura migrou da mídia intimista para "A Mídia", a mídia "pública", como as redes de televisão. A mídia nesse sentido permanece com uma definição fechada e inacessível para minha subjetividade. A mídia quer construir minha objetividade e não ser construída. Se assim fosse permitido, ela se tornaria -novamente por definição -outro meio intimista, privado de seu apelo objetivo, reduzido (em termos espetaculares) a uma relativa insignificância. Obviamente a Mídia irá resistir a essa eventualidade -mas irá fazê-lo precisamente ao nos convidar a investir nossas subjetividades em suas energias totais. Ela irá recuperar minha subjetividade, colocá-la entre parênteses, e usá-la para reforçar sua própria falsa objetividade. Irá me vender a ilusão de que eu estou "me expressando", ao mesmo tempo que me vende o modo de vida da minha "escolha", ou me convida para "aparecer" dentro do olhar da representação.