December 2023
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O marco dos 50 anos de instituição da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) nos proporciona a oportunidade de olhar para a sua situação atual, com foco nos processos desiguais de ocupação do seu território. Nesse sentido, o presente capítulo discute a relação entre a centralidade metropolitana e a localização da população em vulnerabilidade social na RMPA. As centralidades são fenômenos de alta concentração de pessoas, funções, atividades nos espaços urbanos e regionais, atuando como forças de atração (e repulsão) que orientam fluxos de pessoas, capital e informações. A localização geográfica é um dos principais componentes da centralidade, definindo não apenas as relações de distância, mas também as facilidades de acesso aos benefícios da vida urbana. A formação de centralidades é um processo histórico das cidades e regiões, vinculado às vantagens locacionais de certos espaços e à busca por acessibilidade por parte das atividades. Por sua vez, as centralidades repercutem no seu entorno, desencadeando processos de valorização imobiliária, ocupação intensiva, densidade e movimento de pedestres e veículos. A valorização dos espaços de maior centralidade reflete-se no afastamento da população de menor renda desses locais, incapaz de competir pelas localizações. A segregação espacial dos grupos de baixa renda nas cidades brasileiras levanta a questão da falta de acesso às oportunidades urbanas, a qual tende a retroalimentar a pobreza dessa população. O objetivo deste trabalho é analisar a localização das áreas de vulnerabilidade socioespacial com relação às áreas de centralidade da RMPA. Pretende-se responder à questão de como a localização dos aglomerados subnormais se relaciona com áreas de centralidade metropolitana. A metodologia tem suporte numa análise espacial comparativa entre os indicadores de vulnerabilidade socioespacial e de centralidade configuracional. O indicador de vulnerabilidade é baseado nos dados dos aglomerados subnormais disponibilizados pelo IBGE, referentes ao ano de 2019. Já o indicador de centralidade é baseado em modelos configuracionais urbanos, avaliando a centralidade a partir de duas escalas, uma metropolitana e outra intraurbana.