December 2019
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Macabéa - Revista Eletrônica do Netlli
Quando Josefina Ludmer escreveu o ensaio Literaturas postautónomas, percebeu-se um movimento da crítica literária em torno das artes e da reflexão acerca da emergência da constituição de novos paradigmas de leituras das artes que, nascidas no seio do capitalismo e na consolidação da globalização, não se encaixam em conceitos limitadores. Ancorado na discussão sobre as artes contemporâneas e os processos de autoexposição do artista do presente (LADDAGA, 2013), este trabalho pretende lançar algumas análises sobre a exposição ‘Corpo-Poema’ (2015), idealizada pelo Ariel Coletivo Literário, no estado da Paraíba. Nossa asserção parte do argumento de que a partir de uma posição diaspórica, situada nas fronteiras do literário, a exposição “Corpo-Poema” questiona os limites e a institucionalização da literatura em veículos tradicionais, apresentando uma literatura pós-autônoma que se materializa nas formas dos corpos humanos. Para tanto, nossas análises se encontram fundamentadas no conceito de ‘formas corais’, de Flora Sussekind (2013), que pode ser entendido como a experiência contemporânea com a multiplicidade de vozes e de registros que se conectam a uma linhagem instabilizadora nas artes do presente. Em nossas análises, apontamos para a problematização sobre o rompimento do paradigma do corpo da mulher enquanto objeto atravessado por uma cultura patriarcal, misógina e machista.