September 2024
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Executar investigações científicas com a ajuda do público é uma forma de diminuir o distanciamento entre a academia e a sociedade, mas essa pode ser uma tarefa complexa. Neste manuscrito, compartilhamos nossas experiências em quatro investigações ornitológicas realizadas pelo projeto de ciência cidadã "Eu vi uma ave usando pulseiras!?". Destacamos como os erros cometidos e desafios vivenciados ajudaram a gradativamente moldar os atuais objetivos deste projeto. O projeto iniciou em 2016 com a intenção de mensurar a área de vida de aves em um remanescente florestal contando com a ajuda do público. Cada ave era marcada com anilhas com cores e sequências exclusivas e o público era recrutado para visitar o local. Ao encontrar uma ave anilhada, o público deveria reportar o ponto exato do encontro, data, hora e as cores das anilhas. Embora na primeira tentativa o baixo número de cidadãos engajados (n=10) não foi suficiente para coletar os dados necessários à investigação sobre espécies florestais, a mesma metodologia de monitoramento foi oportu-namente testada em outras investigações que demandavam informações sobre indivíduos de aves. Movido pela curiosidade de vários cidadãos, estudamos o comportamento de seriemas e corruíras no ambiente urbano, e os impactos que comedouros podem causar nas comunidades de aves. Mesmo com uma equipe reduzida e bastante rotativa, pouco fomento e limitações tecnológicas, entre 2016 e 2023 o projeto anilhou 515 aves de 94 espécies em sete localidades e conseguiu gerar 986 registros de aves anilhadas com a atuação de 329 cida-dãos. Estes resultados e o sucesso das investigações realizadas determinaram o escopo de atuação futura do projeto. Esperamos que a trajetória do projeto expressa neste manuscrito inspire outros brasileiros a contornar possíveis desafios ao executar seus projetos de ciência cidadã.