Brízzida Caldeira’s research while affiliated with Aix-Marseille University and other places
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Este ensaio aborda a transdisciplinaridade propiciada pela Linguística Cognitiva, nomeadamente pelas teorias da Integração Conceptual (FAUCONNIER; TURNER, 2002); categorização e recategorização em L2 (LITTLEMORE, 2015) e Modelos Cognitivos Idealizados (LAKOFF, 1987) como resposta aos desafios enfrentados em uma investigação sobre o processo de ensino-aprendizagem do português como língua de herança na França, mediado pela leitura de histórias em quadrinhos (CALDEIRA, 2021). Graças à conjugação de teorias que conversam com a LC, foi desenvolvida uma metodologia de cristalização de dados, com base no proposto por Richardson (2018), na qual cada elemento do corpus atuou como uma das facetas presentes na coconstrução dos entendimentos gerados na pesquisa.
A crescente imigração de brasileiros para países no exterior vem acarretando interesse em escala pelo português como língua de herança (PLH). Neste artigo, o desenvolvimento do PLH de um graduando da Universidade de Rennes 2 é analisado sob o enquadramento teórico-analítico da Linguística Cognitiva e da Socialização da Linguagem. O propósito foi verificar que processos cognitivos são propiciados na prática pedagógica de leitura mediada por quadrinhos e que relação têm com a narrativa produzida pelo aluno na fase de pós-leitura. Para tal, a prática pedagógica e a narrativa são examinadas. A análise sublinha ter o aluno recuperado categorias evocadas durante a pré-leitura e a leitura e gerado ideias inéditas em sua narrativa, por mesclagem.
Neste artigo, discute-se o papel da socialização no uso da linguagem (Duff; Talmy, 2011) para o desenvolvimento linguístico a partir da integração conceptual (Fauconnier; Turner, 2002). Para tanto, analisa-se qualitativamente uma prática realizada com um aluno de português língua de herança em um curso particular francês. A aula contempla a exploração de uma HQ do personagem Papa-Capim (Maurício de Sousa) e propicia a coconstrução oral de uma narrativa (Bruner, 1991) na LH. A linguagem icônica da HQ e o estado de conversa instaurado pela professora fornecem pistas para a ativação dos Modelos Cognitivos Idealizados (Lakoff, 1987) que estruturam o processo de integração conceptual que cria novos sentidos na LH. Os resultados revelam que, além das pistas verbo-visuais, os quadrinhos oportunizam exposição linguística e desenvolvimento de aspectos discursivos, linguísticos e culturais. A prática pedagógica também favoreceu a realização de inferências intratextuais e extratextuais na LH, pautadas nos conhecimentos disponíveis na memória de longo prazo do aluno (Ackerman, 1988; Cain; Oakhill; Bryant, 2000; Oliveira, 2014).
O ensino-aprendizagem de português em instituições estrangeiras pode ter como público-alvo aprendizes do português como língua estrangeira (PLE); alunos nascidos em países de língua portuguesa, que moram no estrangeiro e continuam os estudos da sua língua materna (PLM); ou alunos oriundos de famílias que têm o português como língua de origem e estudam o português como língua de herança (PLH), por razões afetivas. Nesta pesquisa, busca-se entender se e como a leitura e a manipulação de histórias em quadrinhos podem contribuir para o processo de ensino-aprendizagem do português como língua de herança em contextos variados de ensino, que abrigam alunos de PLE e PLH. Para tanto, foram compiladas narrativas escritas e orais produzidas por alunos a partir da leitura de histórias em quadrinhos (HQs), assim como entrevistas semiestruturadas de rememoração das atividades. A geração de dados ocorreu ao longo de um semestre em que atuei como professora regente de aulas na Universidade Rennes 2 e através da gravação de duas aulas de dois cursos privados da cidade de Rennes. Os dados foram analisados à luz da Linguística Cognitiva, tendo como categorias de análise os seguintes conceitos: categorização e recategorização em L2 (LITTLEMORE, 2015); Modelos Cognitivos Idealizados (LAKOFF, 1987); e mesclagem, na Teoria da Integração Conceptual (FAUCONNIER; TURNER, 2002). A análise dos dados foi organizada a partir de cada contexto e contemplou as seguintes etapas: práticas pedagógicas; quadrinhos utilizados; produções escritas e orais dos alunos; e entrevistas de rememoração, no caso dos alunos da universidade. As interações em cada entrevista foram analisadas segundo a estrutura de tópicos (GÖRSKI, 1993; CHAFE, 1994). Inspirada em Bernardo (2002), a estrutura de tópicos é organizada a partir dos Espaços Mentais (FAUCONNIER; TURNER, 2002) ativados por gatilhos linguísticos presentes na interação verbal. Os entendimentos emergentes da análise foram cristalizados segundo Richardson (2018). Essa visão analítica considera a existência de múltiplos ângulos de aproximação dos dados de acordo com várias perspectivas, desconstruindo a ideia tradicional de verdade absoluta. Espera-se compreender, a partir da análise, (1) qual seria o papel dos quadrinhos na prática pedagógica de PLH; (2) os processos cognitivos ativados na leitura das HQs por esses alunos, refletidos nas produções textuais e orais subsequentes. Espera-se ainda compreender (3) os entendimentos que essa experiência nos permite construir em relação ao ensino-aprendizagem de PLH em contextos variados. Dentre os entendimentos gerados, destaco terem as HQs mediado a construção de conhecimento ao propiciarem exposição linguística e evocarem aspectos culturais na pré e pós-leitura. Tal exposição linguística gerou, igualmente, oportunidades para a integração do conhecimento prévio dos alunos (os MCIs) com aquele coconstruído interacionalmente, permitindo a emergência de sentidos inéditos pela Integração Conceptual. Ademais, os resultados corroboram as colocações de Reid (1998) acerca das características dos falantes de herança, visto que as habilidades de compreensão e produção oral dos participantes de PLH se mostraram superiores aos de alunos de PLE.
... Poucos foram os estudos que investigaram a violência de gênero em narrativas de mulheres nas Redes Sociais à luz de uma abordagem sociocognitiva-discursiva crítica. Aqueles que o fizeram investigaram a violência contra a mulher em outros contextos de uso e/ou sob prismas distintos, assim como seguindo outros passos metodológicos que não os aqui reunidos (Carneiro, 2014;Presotto et al., 2018;Muéles;Romano, 2023;Da Costa et al., 2022 (2021), Caldeira et al. (2020) enfocam uma única metáfora -VIOLÊNCIA É CAÇA. No contexto discursivo, essa metáfora ativa a compreensão de ser o homem o caçador, aquele que usa estratégias para subjugar a presa -a mulher. ...
... O ensino-aprendizagem do Português como Língua de Herança (PLH) fora do seio familiar, assim como acontece em outras línguas, ocorre em diversos contextos: igrejas, escolas comunitárias, universidades e centros de idiomas (Caldeira 2021;Spitz 2018;Sousa 2016;Jennings-Winterle e Lima-Hernandes 2015). Em alguns casos, tal ensino é desenvolvido totalmente à parte do sistema escolar regular (Fishman 2014). ...