Introdução: Considerando a relação recíproca entre o assoalho pélvico e o diafragma respiratório, a sobrecarga da musculatura pélvica pela tosse e a dispneia e ação viral sobre a bexiga, podemos hipotetizar relação entre a COVID-19 e as disfunções do assoalho pélvico. Objetivo: Investigar a frequência de sintomas urinários em mulheres que foram afetadas pela COVID e se esses sintomas permaneceram após a melhora da infecção e identificar se houve piora de sintomas já previamente existentes nas participantes. Métodos: 88 mulheres entre 18 e 60 anos, que haviam sido infectadas pela COVID-19 responderam ao questionário digital via Google Forms, que buscava identificar a presença ou não de incontinência urinária de esforço e urgência, urgência urinária, noctúria, e outros sintomas do trato urinário, em 4 momentos estabelecidos (antes da pandemia, durante a pandemia, durante o período em que estava infectado pela COVID-19 e após a COVID-19). Para análise estatística foi realizado teste de Kolmogorov-Smirnov seguido do teste de Wilcoxon, considerando significância de p < 0,05. Resultados: A média de idade das 88 participantes foi de 31,9 anos, e dessas 13(14,8%) referiram sintomas de incontinência urinária de esforço antes da COVID, tendo a frequência aumentada para 22(25%) durante a infecção (p < 0,08) e 23(26,1%) após a COVID (p < 0,06). O sintoma de incontinência urinária de urgência foi relatado por 9(10,2%) das participantes antes da COVID e esse sintoma foi descrito por 19(21,5%) durante e 29(33%) após (p < 0,005). A frequência de sensação de urgência sem perda urinária aumentou de 14(15,9%) participantes antes, para 19(21,6%) durante e 29(33%) após a COVID (p < 0,005). A frequência de noctúria aumentou de 36(40,9%) antes para 50 (56,8%) durante (p < 0,05), reduzindo para 48(54,5%) após a COVID (p = 0,07). A frequência urinária também aumentou e 6,02 para 7,56 (p < 0,05) considerando o antes e após a COVID. Conclusão: Ocorreu aumento na frequência da noctúria durante o período de infecção pela COVID e na sensação de urgência e esvaziamento incompleto no período de infecção pela COVID e após COVID. A piora entre as participantes foi nos sintomas de perdas urinárias aos esforços e na sensação de urgência miccional no período de infecção pela COVID e após COVID.