Resumo: Requisitos de acessibilidade precisam ser considerados durante a concepção e desenvolvimento de jogos, em especial aqueles com propósito educacional, para incluir grande diversidade de jogadores. Este trabalho apresenta o planejamento da arquitetura e desenvolvimento de um jogo educacional acessível a pessoas com deficiência visual e surdos. Para isso, foi realizado um levantamento de requisitos gerais e de acessibilidade para jogos educacionais digitais visando o desenvolvimento de um protótipo de uma das missões do jogo para ser avaliado pelo público-alvo do jogo. Após os testes, os usuários relataram aspectos de jogabilidade e requisitos de acessibilidade que puderam ser aprimorados em uma nova versão do protótipo. Como resultado, são relatadas escolhas técnicas e experiência relacionadas com o desenvolvimento envolvendo a participação de pessoas com diferentes tipos de deficiência e especialistas em educação acessível, para a construção de um jogo com interface que pode ser usada por usuários sem deficiência ou com variados tipos de necessidades especiais. 1. Introdução Jogos digitais podem ser usados para propósitos educacionais além de entretenimento, porém pessoas com deficiência (PCDs) sentem-se excluídas ao não conseguirem jogar, o que ocorre quando a interface nãoé planejada considerando aspectos de acessibilidade [1]. Com a finalidade de reduzir esse problema, o design universal tem sido explorado, para orientar o desenvolvimento de ambientes e produtos que possam ser utilizados por todas as pessoas, sem a necessidade de adaptações [2]. Para o caso de produtos como programas de computador e, em particular, jogos digitais, o design universal representa um grande desafio, pois caraterísticas de interface que atendem bem pessoas sem deficiência nem sempre são adequadas para PCDs e vice-versa. Aspectos como a usabilidade precisam receber especial atenção durante o design, istoé, a usabilidade do jogo precisa ser compreensível (controles intuitivos), consistente (não há conflitos de lógica) e eficiente (o usuário consegue compreender a interface sem perder muito tempo) [3], considerando-se os vários tipos de jogadores. Nesse contexto, este trabalho apresenta o planejamento da arquitetura de software, em relação aos requisitos de acessibilidade e ferramentas usadas, e o processo de desenvolvimento de um jogo educacional para o ensino interdis-ciplinar de ciências, matemática e educação científica, para ser inclusivo e acessível a surdos e PCDs visual. O jogo em questão, intitulado "Expedição Antártica",é do tipo RPG top-down ambientado na Antártica e aborda conceitos de ciência cidadã. O restante deste texto está organizado como segue: na Seção 2 são apresentados os passos do método adotado; na Seção 3 são relacionados os requisitos identificados para acessibilidade, a arquitetura proposta e a seleção de ferramentas para o desenvolvimento do jogo; na Seção 4 são discutidos os resultados alcançados e, por fim, algumas considerações finais, na Seção 5. 2. Procedimentos Metodológicos O planejamento e desenvolvimento do jogo Expedição Antártica abrange uma equipe multidisciplinar, para se alcançar um melhor resultado. Assim, tem-se as seguintes equipes: (1) conteúdo e game design: responsável por produzir o conteúdo e criar as mecânicas e regras do jogo; (2) análise e gestão: responsável pela análise do contexto e dos requisitos do jogo, bem como a gestão do projeto; (3) acessibilidade: composto por PCDs visual e surdos e especialistas III Workshop @NUVEM