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Chiquinha Gonzaga : grande compositora popular brasileira / Mariza Lira

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... A produção de memória por meio da prática de arquivamento pode ser entendida como uma das tantas formas daquilo que Foucault (2004) denomina por "escritas de si". As principais biografias produzidas sobre Chiquinha (LIRA, 1939. BÔSCOLI, 1971. ...
... De posse deste acervo, seu sobrinho lançou em 1971 uma biografia intitulada A pioneira Chiquinha Gonzaga, considerada a segunda biografia de Chiquinha 4 . Mariza Lira (1939), a primeira biógrafa, também utilizou como referência o acervo, quando ainda em mãos de Joãozinho, de modo que o mesmo constituiu uma importante fonte para a produção das primeiras narrativas biográficas sobre a artista. Seu filho-companheiro foi um dos maiores colaboradores do acervo, talvez até mais do que a própria Chiquinha. ...
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Nesta investigação analiso os documentos que constam no acervo da maestrina e compositora Chiquinha Gonzaga, hoje em posse do Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro. Trata-se de um material que começou a ser colecionado pelas mãos da própria artista, pelo qual foram conservados inúmeros fragmentos de sua própria vida, suas memórias, sua trajetória pessoal e profissional, de modo que, parte deste material, analiso como “representações de si”, ou seja, como possibilidade de narrativas autobiográficas. Com base nas noções de “cultura de si” e “formações discursivas”, de Foucault (2015), “biografemas”, de Barthes (1977), e “pacto autobiográfico”, de Lejeune (2014), recorro à Análise do Discurso, partindo do fundamento de que os conhecimentos que compõem o acervo constituem um sistema de enunciados, verdades parciais, intepretações históricas e culturalmente constituídas; portanto, mais do que descrevê-lo e interpretá-lo, interessa-me compreender os contextos – social e simbólico – de como o acervo foi constituído, modificado e produzido. A análise do material problematizou os mecanismos pelos quais os discursos e narrativas sobre a vida e obra de Chiquinha Gonzaga atravessaram o tempo, assim como as implicações do arquivamento da própria vida. Além disso, a análise revela o acervo como uma fonte privilegiada para compreensão do universo social feminino, uma alternativa diante da ausência de informações sobre artistas mulheres na historiografia musical brasileira, na qual, muitas vezes, a presença feminina é ignorada e desvalorizada.
... Quando Pierre Bourdieu ponderou sobre a "ilusão biográfica", ele chamou a atenção para um tipo de escrita que toma a vida como matéria-prima e opera sobre ela uma seleção segundo critérios previamente 5. Para um tratamento das biografias escritas sobre a compositora, ver Cesar (2012Cesar ( , 2013. São elas: Chiquinha Gonzaga: grande compositora popular brasileira, de Mariza Lira (1939); A pioneira Chiquinha Gonzaga, de Geysa Bôscoli (1973); Chiquinha Gonzaga: uma história de vida, de Edinha Diniz (1984;; A memória social de Chiquinha Gonzaga, de Cleusa de Souza Millan (2000), Chiquinha Gonzaga: sofri e chorei. Tive Muito Amor, de Dalva Lazaroni (1999), e A jovem Chiquinha Gonzaga, de Ayrton Mugnaini (2005). ...
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Este artigo toma a trajetória da compositora brasileira Chiquinha Gonzaga (1847-1935) com o objetivo de analisar o processo de construção social de seu renome a partir das inflexões de gênero presentes no campo da produção cultural carioca nas primeiras décadas do século XX. A tentativa de circunscrever a rede de relações sociais na qual ela se inseria – dando especial atenção à constituição de seu arquivo pessoal e à confecção de sua primeira biografia pela folclorista Mariza Lira (1899-1971) – é amparada por uma perspectiva socioantropológica que vê na história de vida da compositora o resultado de um projeto coletivo no qual interesses diversos são negociados e materializados em uma narrativa específica. Nesse sentido, tanto o nome Chiquinha Gonzaga quanto seu adjetivo “pioneira” podem ser repensados à luz dessa complexa dinâmica.
... Outra vertente tem se dedicado a identificar onde estão as mulheres no meio musical, que funções exercem e qual a importância delas no contexto social da sua época. Nesta linha também se destacam os estudos biográficos de mulheres que tiveram significativa repercussão nos ambientes artístico-musicais de sua época (STIVAL, 2004;BARONCELLI, 1987;CHAVES, 2006;SARTORI, 2006;MEDIA, 2006;PACHECO e KAYAMA, 2006;WELLER, 2005;DINIZ, 1984;KATER, 2001;LIRA, 1978;SCARINCI, 2006). ...
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Resumo: Esta comunicação trata da temática das relações de gênero na música popular brasileira a partir da perspectiva etnomusicológica, investigando a participação das mulheres em grupos de música popular, especialmente no rock, samba, pagode e hip-hop. Através de relatos, observações e pesquisa em diferentes mídias, procuramos apontar para os diversos espaços que vêm sendo ocupados atualmente por estes grupos femininos, bem como para os diálogos que vêm sendo estabelecidos entre eles, e de que forma a organização dos mesmos tem possibilitado a contestação e a transformação dos papéis de gênero vigentes. Esta investigação aponta que atuação das mulheres na música popular brasileira ao longo do tempo não se deu como meras coadjuvantes, mas sim como agentes transformadoras da estética musical, promovendo o surgimento de novas categorias ou subgêneros específicos para a produção feminina como é o caso do "rock com vocal feminino". PALAVRAS-CHAVE: relações de gênero e música; bandas femininas; etnomusicologia. Abstract: This communication deals with the thematic of gender relations in Brazilian popular music through an ethnomusicological perspective, and it investigates the participation of women in groups of popular music, specially rock, samba, pagode, and hip-hop groups. Through narratives, comments and research in different medias, we try to point to the various spaces that are currently being occupated by these feminine groups, as well as for the dialogues that have been established between them, and also how their organisation have been making possible the plea and the transformation of the existing gender roles. This inquiry indicates that the women performance in brazilian popular music was not given as mere coadjuvant, but as transforming agents of the aesthetic musical, promoting the sprouting of new categories or subgenre specific to feminine production as for example "the feminine vocal rock".
... O ator principal, Alfredo Silva, tratava de tirar de Carlos Bittencourt suas últimas ilusões. A julgar pelo relato que nos chegou através de Marisa Lira (1978), a única a confiar plenamente no êxito era a experiente Chiquinha. E ela estava certa. ...
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The musical comedy Forrobodó from Luiz Peixoto and Carlos Bittencourt first performed in 1912 in Rio de Janeiro opened way to broadening the interest of Carioca middle classes in the culture produced in what was then qualified as "Little Africa." The region around Onze Square concentrated most of the spiritual and cultural leadership of Afro-Brazilians and had become a coop of manifestations that would have an enormous influence on the city and the country. This analysis focuses less on the text and more on the performance by itself, aiming at learning how the myths of a mestiza identity started to comprise. All the elements of the production of the play mingle to fill the necessity of Carioca middle class groups for an ambiguous and ambivalent representation of race and class in the culture of the city.
... O ator principal, Alfredo Silva, tratava de tirar de Carlos Bittencourt suas últimas ilusões. A julgar pelo relato que nos chegou através de Marisa Lira (1978), a única a confiar plenamente no êxito era a experiente Chiquinha. E ela estava certa. ...
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A comédia musical Forrobodó, de Luiz Peixoto e Carlos Bittencourt, estreada em 1912 no Rio de Janeiro, abriu caminho para a ampliação do interesse das classes médias cariocas pela cultura produzida no que se convencionou chamar de "Pequena África". A região em torno da praça Onze tinha uma alta concentração de lideranças espirituais e culturais dos afrobrasileiros e se transformara num viveiro de manifestações que teriam enorme influência na cidade e no país. Minha análise se concentra menos no texto e mais na performance em si, no sentido de apreender como os mitos de uma identidade mestiça começam a se construir. Todos os elementos da produção da peça se combinam para preencher a necessidade de grupos da classe média branca carioca de uma representação ambígua e ambivalente de raça e classe na cultura da cidade.
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Renome, nome e silêncio de Pianistas-Compositoras Dalila Vasconcellos de Carvalho (USP) Compositoras, pianistas, gênero. ST 55-Música popular brasileira & relações de gênero. Neste pequeno texto, pretendo apenas descrever de modo sucinto o percurso que fiz a partir das reflexões teóricas e problemas que me levaram a construir um projeto de mestrado cuja temática central é a especificidade das relações de gênero no universo da música no Rio de Janeiro entre os séculos XIX e primeiras décadas do século XX. A compositora carioca Chiquinha Gonzaga (1847-1935) é uma compositora de renome, muito apreciada pela sua contribuição ao enriquecimento e consolidação do gênero popular da música brasileira (Tinhorão 1991). Tal notoriedade pode ser aferida pelas várias biografias 1 , publicações e gravações de sua obra, pela minissérie "Chiquinha Gonzaga", apresentada pela Rede Globo de Televisão em 1999 e pela página oficial sobre ela na Internet 2. Lendo os trabalhos sobre sua trajetória de vida, uma pergunta nos instigou: Como teria sido possível a carreira de Chiquinha Gonzaga como compositora no final do século XIX e inicio do XX, se antes dela parece não ter havido nenhuma outra, nem mesmo uma tradição de musicistas? Tais perguntas foram motivadas por dois problemas apontados por Corrêa 2003 3 , de um lado, a "notoriedade retrospectiva" isto é, o "modo como o renome adquirido a partir de certo momento pode iluminar a vida inteira de um personagem." (idem, p. 21). No caso de Chiquinha Gonzaga, o rótulo dado pelas biografias de "pioneira" empobrece a capacidade de compreensão da sua trajetória, retirando-a do seu contexto e desconsiderando assim as forças sociais, entre elas, as relações de gênero, implicadas neste processo. De outro lado, o problema das "versões masculinas" da história que tendem a construir personagens femininos como menores ou excêntricos. Tal problemática pode ser exemplificada na dificuldade de localizar outros nomes femininos nos livros de história da música no Brasil. Colocados estes entraves, a investigação prévia feita para a construção do nosso objeto de pesquisa foi realizada em fontes específicas: dicionários de música. Por exemplo, o New Grove Dictionary of Women Composers (1996), que descreve ao longo da história da música ocidental a existência de inúmeras compositoras, entre as quais 15 compositoras brasileiras 4. No Dicionário Biográfico de Música Erudita Brasileira de Cacciatore (2005) encontramos 23 compositoras. Outros dois dicionários nacionais se diferenciam dos demais por resgatar a vida e a obra especificamente de compositoras apresentando dados preciosos como fontes para novas pesquisas.
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