Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados da análise dos significados representacionais de leitura e de leitor competente atribuídos por estudantes brasileiros do Ensino Médio, de uma instituição federal de Educação Básica. Metodologicamente, trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa interpretativista (CHIZZOTTI, 2006; MOITA LOPES, 1994), na modalidade estudo de caso (STAKE, 1994) de base etnográfica virtual (SANTOS; GOMES, 2013), cujos dados foram gerados com o apoio de questionários (MARCONI; LAKATOS, 1999), narrativas verbais escritas (CLANDININ, 2006; PAIVA, 2008, 2019) e entrevistas abertas audiogravadas (COHEN; MANION; MORRISON, 2005; ROSA; ARNOLDI, 2006). A sua triangulação (FLICK, 2009) se deu à luz do arcabouço teórico caracterizado pela interface entre a perspectiva enunciativa de Benveniste (1989, 1995) e categorias de análise do sistema da Transitividade, sob a ótica da linguística sistêmico-funcional de Halliday (1994, 1999) e Halliday e Mathiessen (1999, 2014). Os resultados sinalizam a emergência de três grupos de significados representacionais referentes a ambos os construtos investigados, delineados, sobretudo, por sua natureza ascendente, apresentando tangenciamentos relacionados com os modelos descendente e interacional de processamento do texto, de acordo com os atributos paradigmáticos elencados pela literatura especializada consultada. À luz da articulação entre as diretrizes para as práticas escolares propostas para o eixo da leitura pela Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Médio (BRASIL, 2018), a investigação aponta, ainda, a necessária atenção cuidadosa que o docente de línguas deve ter diante da complexa formação leitora dos estudantes, visto encontrar-se marcada por interações entre processos propulsores e inibidores que influenciam o seu desenvolvimento.