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Abstract

Este livro é uma rica fonte de pesquisas, dados e de conhecimento da multidisciplinaridade, o qual envolveu pesquisas relacionadas as áreas da: epidemiologia, saúde pública, saúde estética, acupuntura, psicologia, doenças do sistema nervoso central, farmacologia, plantas medicinais, drogas de abuso e saúde da Mulher. Nesta elaboração multidisciplinar de saber, os autores abordaram assuntos relevantes e trouxeram informações inovadoras, promovendo uma compreensão mais profunda e abrangente da Amazônia.
AndressA sAntA BrigidA dA silvA
Bruno gonçAlves Pinheiro
Bruno José MArtins dA silvA
tAís vAnessA gABBAy Alves
MAriA KAroliny dA silvA torres
(Organizadores)
ACervo CientíFiCo dA AMAZÔniA
voluMe 1
editorA PAsCAl
2025
2025 - Copyright© da Editora Pascal
Editor Chefe: Prof. Dr. Patrício Moreira de Araújo Filho
Edição e Diagramação: Eduardo Mendonça Pinheiro
Edição de Arte: Marcos Clyver dos Santos Oliveira
Bibliotecária: Rayssa Cristhália Viana da Silva – CRB-13/904
Revisão: Os autores
Conselho Editorial
Dr. Aruanã Joaquim Matheus Costa Rodrigues Pinheiro
Drª Ildenice Nogueira Monteiro
Drª Mireilly Marques Resende
Drª Selma Maria Rodrigues
Drª Sinara de Fátima Freire dos Santos
Drª Maria Raimunda Chagas Silva
Drª Rita de Cássia Silva de Oliveira
Drª Thais Roseli Corrêa
Drª Priscila Xavier de Araújo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e conabilidade são de
responsabilidade exclusiva dos autores.
2025
www.editorapascal.com.br
A173c
Coletânea Acervo Científico da Amazônia / Andressa Santa Brigida da Silva, Bru-
no Gonçalves Pinheiro, Bruno José Martins da Silva, Taís Vanessa Gabbay Alves e
MariaKarolinyTorres da Silva (Orgs.). — São Luís: Editora Pascal, 2025.
135 f. : il.: (Acervo Científico da Amazônia; 1)
Formato: PDF
Modo de acesso: World Wide Web
ISBN: 978-65-6068-135-4
D.O.I.: 10.29327/5529040
1. Acervo bibliográfico. 2. Pesquisa. 3. Ciência. 4. Região Amazônica. I. Silva, An-
dressa Santa Brigida da. II. Pinheiro, Bruno Gonçalves. III. Silva, Bruno José Mar-
tins da. IV. Alves, Taís Vanessa Gabbay. V. Torres, MariaKaroliny da Silva. VI. Título.
CDU: 025.855:001.8+91(811)
PREFÁCIO
A
Amazônia, com sua vasta biodiversidade, complexidade ecológi-
ca, diversidade cultural e um complexo processo de saúde-do-
ença sempre foi foco de estudo para muitos pesquisadores em
diferentes áreas de atuação, se tornando um foco multidiscipli-
nar de estudo. Este livro se propõe é uma celebração dessa riqueza e uma
demonstração das inúmeras maneiras pelas quais a ciência pode se unir para
compreender os segredos dessa região única e inestimável.
Ao longo dos trabalhos que se seguem, você encontrará contribuições de
biomédicos, farmacêuticos e químicos que dedicaram suas carreiras ao estu-
do sobre a região Amazônica. Cada capítulo mostra como a colaboração entre
diferentes campos de conhecimento pode proporcionar descobertas inova-
doras e soluções para os diferentes problemas enfrentados pela população
residente dessa localidade.
Este livro é uma rica fonte de pesquisas, dados e de conhecimento da
multidisciplinaridade, o qual envolveu pesquisas relacionadas as áreas da:
epidemiologia, saúde pública, saúde estética, acupuntura, psicologia, doen-
ças do sistema nervoso central, farmacologia, plantas medicinais, drogas de
abuso e saúde da Mulher. Nesta elaboração multidisciplinar de saber, os auto-
res abordaram assuntos relevantes e trouxeram informações inovadoras, pro-
movendo uma compreensão mais profunda e abrangente da Amazônia.
Esperamos que esta obra inspire novos estudos, colaborações e, acima de
tudo, uma maior apreciação pela importância de proteger e preservar a Ama-
zônia para as futuras gerações. Assim, convidamos você, caro leitor, a conhe-
cer um pouco mais sobre os conhecimentos científicos produzidos na região
Amazônica e descobrir que a Amazônia não apenas rica em biodiversidade, e
sim, também na produção científica.
ORGANIZADORES
Dra. Andressa Santa Brígida da Silva
Graduada em Farmácia pela Universidade Federal do Pará
(2008) com Habilitação em Bioquímica (2012), Mestrado em
Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal do Pará
(2011) e Doutorado em Inovação Farmacêutica (2018) com
estágio sanduíche na Università degli Studi Firenze-Itália
com bolsa CAPES (2015-2016). Professora da Universidade da
Amazônia
CV: http://lattes.cnpq.br/3646300470577185
Dr. Bruno Gonçalves Pinheiro
Possui graduação em Farmácia-UFPA (2009), habilitação em
Bioquímica-UFPA (2012), especialização em Farmacologia
Clínica-UNINTER-PR (2016), Mestrado em Ciências Farma-
cêuticas- UFPA (2011), doutorado em Neurociências e Bio-
logia Celular (ICB/UFPA, 2022) e pós-doutoramento em an-
damento de Ciências Farmacêuticas (PPGCF/UFPA - 2023).
Professor da Universidade da Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/7085104553234223
Dr. Bruno José Martins da Silva
Graduação em Biomedicina pela Universidade Federal do
Pará (2012). Mestre (2015) e doutor (2018) em Biologia de
Agentes Infecciosos e Parasitários pela Universidade Federal
do Pará. Especialista em análises clínicas e diagnóstico toxi-
cológico (2020). Especialista em metodologias ativas (2021).
Biólogo pela faculdade IBRA (2025). Professor da Universida-
de da Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/0327739266303085
ORGANIZADORES
Dra. Taís Vanessa Gabbay Alves
Possui Graduação em Farmácia (2009), Habilitação em Bio-
química (2011), Mestrado em Ciências Farmacêuticas (2011)
pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Doutorado em
Inovação Farmacêutica (2017) pela Universidade Federal do
Pará (UFPA) com período sanduíche na Università Degli Stu-
di di Genova (UNIGE), Itália. Professora da Universidade da
Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/844705305600535
Dra. Maria Karoliny da Silva Torres
Graduada em Biomedicina pela Faculdade Metropolitana da
Amazônia (FAMAZ), Belém, PA (2016). Mestre em Biologia de
Agentes Infecciosos e Parasitários pela Universidade Fede-
ral do Pará (UFPA) (2018). Doutora em Biologia de Agentes
Infecciosos e Parasitários pela Universidade Federal do Pará
(UFPA) (2023). Pós-doutoranda na Faculdade de Enferma-
gem na Universidade Federal do Pará (UFPA). Professora da
Universidade da Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/6049919748556971
COLABORADORES
Dra. Ana Carolina da Silva Costa
Possui graduação em Farmácia (2011), habilitação em Bioquí-
mica (2013), Mestrado em Ciências Farmacêuticas (2013) pela
Universidade Federal do Pará, Especialização em Farmaco-
logia Clínica (2016), pelo Centro Universitário Internacional,
(UNINTER), Doutorado em Inovação Farmacêutica (2019)
pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Professora da Uni-
versidade da Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/3993821358192962
Msc. Adreanne Oliveira da Silva
Farmacêutica Generalista graduada pelo Cesupa, pós - gra-
duada em Farmacologia Clínica pela iBEPEX, Mestre em Ci-
ências Farmacêuticas pela UFPA e pós graduada em Gestão
Estratégica de Farmácias e Drogarias pelo Instituto Racine.
Doutorado em andamento em Inovação Farmacêutica no
PPGIF/UFAPA. Especialização em andamento em Farmácia
Estética. Professora da Universidade da Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/2192901460779526
Dra. Barbara Brasil Santana
Bacharel em Biomedicina pela Universidade Federal do Pará
(2011). Concluiu o Mestrado em Ciências Biológicas (Área de
Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários) pela UFPA
(2014). Concluiu Doutorado em Ciências Biológicas (Área de
Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários) pela Univer-
sidade Federal do Pará (2018). Especialista em Biomedicina
Estética (2024). Pró-Reitora Acadêmica da Universidade da
Amazônia. Professora da Universidade da Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/7854173184066543
COLABORADORES
Msc. José Raul Rocha de Araújo Júnior
Possui graduação em Farmácia pelo Centro Universitário do
Estado do Pará (2001). Habilitação em Bioquímica realizado
no Centro Universitário do Estado do Pará (2002). Pós-gradu-
ado em Citologia clínica com ênfase no trato genital femini-
no pelo Centro Universitário do Estado do Pará (2005). Pós-
-graduado em Estatística Aplicada pela Faculdade Unyleia
(2023), Mestre em Virologia pelo Instituto Evandro Chagas
(2018). Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Do-
enças Tropicais e Mestrando no Programa de Epidemiologia
Clínica. Professor da Universidade da Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/1353125530330956
Msc. Kamila Leal Correa
Possui graduação em Farmácia com formação Generalista
(2020) e mestrado em Ciências Farmacêuticas (2022) pela
Universidade Federal do Pará (UFPA). Atualmente é douto-
randa do Programa de Pós-Graduação em Inovação Farma-
cêutica da UFPA e Integrante do Laboratório de Pesquisa e
Desenvolvimento Farmacêutico e Cosmético (PD) da UFPA.
Professora da Universidade da Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/6366473060661675
Dr. Wandson Braamcamp de Souza Pinheiro
Professor do Programa de Pós-graduação em Biodiversida-
de e Biotecnologia da Rede BIONORTE, Químico (nível E) da
Universidade Federal do Pará (UFPA) e professor da faculda-
de de farmácia da Universidade da Amazônia (UNAMA). Pos-
sui Graduações em Bacharelado em Química Industrial pela
Universidade Federal do Pará - UFPA e Licenciatura em Quí-
mica pela Universidade de Uberaba - UNIUBE, é Mestre em
Química Orgânica pela UFPA e Doutor em Química Orgânica
pela UFPA. Professor da Universidade da Amazônia.
CV: http://lattes.cnpq.br/8867866033296703
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................................................ 12
ÓLEO ESSENCIAL DE CANELA CÁSSIA (Cinnamomum Cassia) COMO ANALGÉSICO NO TRATA-
MENTO DA NEUROPÁTIA DIABÉTICA: REVISÃO DE LITERATURA
Maria Rita Almeida Sampaio
Bruno Gonçalves Pinheiro
Bruno José Martins da Silva
Tais Vanessa Gabbay Alves
Andressa Santa Brigida da Silva
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................................................ 21
AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ACELERADA DE GÉIS COSMÉTICOS COM ÓLEO ESSENCIAL DE
PATCHOULI (Pogostemon cablin)
Ingrid Bergman Pinheiro Rocha
Danielle da Silva Queiroz
José Augusto da Silva Santiago
Quesia Noemi Ribeiro Carrilho
Bruno José Martins da Silva
Bruno Gonçalves Pinheiro
Wandson Braamcamp de Souza Pinheiro
Andressa Santa Brígida da Silva
Taís Vanessa Gabbay Alves
CAPÍTULO 3 ........................................................................................................................................................ 31
ESTUDO DA PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO
MUNICÍPIO DE BELÉM-PA
Sarianny Monike Alves Pinheiro
Leonora Gonçalves Carneiro
Orismar da Silva Carvalho Neto
Michelle Caroline Barbosa e Silva
Valéria Santos da Silva
Emily Agurto
Andressa Santa Brígida da Silva
Taís Vanessa Gabbay Alves
Maria Karoliny da Silva Torres
Bruno Gonçalves Pinheiro
CAPÍTULO 4 ...................................................................................................................................................... 40
USO DE PLANTAS MEDICINAIS PARA FINS GINECOLÓGICOS POR MULHERES RIBEIRINHAS DA
ILHA DE COTIJUBA, PARÁ, BRASIL
Amanda Barros Pinheiro
Brenda Suelen da Silva Reis
Leticia Milena da Silva Pinheiro
Suzanne Alves Corrêa
Jennyfer Elaine Costa Cunha
Ingrid de Resende Martins
Izabela Do Socorro Martins de Resende Martins
Andrea Lima Silva Figueiredo
Kamila Leal Correa
José Raul Rocha de Araújo Júnior
CAPÍTULO 5 ........................................................................................................................................................ 51
PERCEPÇÃO DOS RESIDENTES DE BELÉM-PA SOBRE O USO DE MEDICAMENTOS À BASE DE
CANABINÓIDES
Bruna Ferreira de Paula
Adriano Cardoso Moreira
Luziane da Silva Silva
Jennyfer Elaine Costa Cunha
Ingrid de Resende Martins
Izabela Do Socorro Martins de Resende Martins
Andrea Lima Silva Figueiredo
Alessandra Pereira da Silva
Adreanne Oliveira da Silva
José Raul Rocha de Araújo Júnior
CAPÍTULO 6 ........................................................................................................................................................ 62
OS RISCOS DO USO DE ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTEROIDAIS: UMA PESQUISA DE OPINIÃO
Ângela Tenório Batista
Divani Santos Paes
Joselene dos Santos Progênio de Lima
Joselina dos Santos Progênio de Sousa
Kamila Leal Correa
Ana Carolina da Silva Costa
CAPÍTULO 7 ........................................................................................................................................................ 72
PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE ANANINDEUA SOBRE A ATUAÇÃO DO FAR-
MACÊUTICO NA SAÚDE ESTÉTICA
Danieli Gomes da Silva
Ivanilda dos Santos Pereira
Mayara Danúbia Brito Barroso
José Raul Rocha de Araújo Júnior
Kamila Leal Correa
Bruno José Martins da Silva
Adreanne Oliveira da Silva
CAPÍTULO 8 ....................................................................................................................................................... 88
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE SIFILIS CONGÊNITA NA REGIÃO METROPOLITANA
DE BELÉM DO PARÁ ENTRE OS ANOS DE 2018 E 2023
Thamire Sueli Moraes de Andrade
Brenda Kalinhe Ribeiro do Amaral
Jeila de Souza Trindade
Daniella Ramos Nunes
Adreanne Oliveira da Silva
Ana Carolina da Silva Costa
José Raul Rocha de Araújo Júnior
Kamila Leal Correa
CAPÍTULO 9 ........................................................................................................................................................ 99
ANÁLISE FITOQUÍMICA E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO HIDROALCOÓLICO DA
CASCA DE MURURÉ (Brosimum acutifolium subsp. acutifolium)
Tamires Serra de Souza
Naila Ferreira da Cruz
Kyouk Isabel Portilhos dos Santos
Tais Vanessa Gabbay Alves
Sônia das Graças Santa Rosa Pamplona
Wandson Braamcamp de Souza Pinheiro
CAPÍTULO 10 ...................................................................................................................................................... 114
A MÚSICA NO ENSINO DE HABILIDADES SOCIAIS NO TEA
Bruna Vitória do Nascimento Muniz
João Francisco de Lima Alvarenga
Marcelino da Silva Gama
Roberta Chermont Lopes
Isabella Klautau de Amorim Ferreira
Wênia Gilmara da Silva
Bruno Gonçalves Pinheiro
Bruno José Martins da Silva
Maria Karoliny da Silva Torres
CAPÍTULO 11 ....................................................................................................................................................... 126
AVALIAÇÃO DA CARGA VIRAL EM PACIENTES COM HIV-1 QUE UTILIZAM MARAVIROC COMO
TERAPIA ANTIRRETROVIRAL: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Cesar Augusto Nascimento Felicidade
Jéssica Cristina Tapajos Vasques dos Santos
Manoel Antônio Ferreira Neto
Emily Agurto
Bárbara Brasil Santana
1
Maria Rita Almeida Sampaio1
Bruno Gonçalves Pinheiro1
Bruno José Martins da Silva2
Tais Vanessa Gabbay Alves1
Andressa Santa Brigida da Silva1
1 Farmacêutico(a), Universidade da Amazônia, Ananindeua-Pará
2 Biomédico, Universidade da Amazônia, Ananindeua-Pará
ÓLEO ESSENCIAL DE CANELA CÁSSIA
(Cinnamomum Cassia) COMO ANALGÉSICO
NO TRATAMENTO DA NEUROPÁTIA DIABÉTICA:
REVISÃO DE LITERATURA
A REVIEW OF THE LITERATURE ON THE USE OF Cassia Cinnamon
ESSENTIAL OIL (Cinnamomum cassia) AS AN ANALGESIC IN THE
TREATMENT OF DIABETIC NEUROPATHY
10.29327/5529040.1-1
Capítulo 1
13
Editora Pascal
Resumo
Canela cássia é uma planta medicinal conhecida por suas propriedades analgésicas,
indicada para o tratamento de pessoas neurodivergentes. Seus óleos essenciais pos-
suem, dentre outras funções, a hipoglicêmica. Em função disso, este estudo consis-
tiu em uma revisão de literatura que busca compreender a composição da canela cássia
(C. cassia) como uma planta com potencial analgésico no tratamento da neuropatia dia-
bética; identificar o cinamaldeído como o componente ativo da canela cássia com fun-
ções analgésicas e verificar possíveis contraindicações e efeitos colaterais. A revisão é do
tipo narrativa, sem recorte temporal cujas fontes são de origem nacionais e internacionais,
encontradas nas bases de dados Biblioteca Virtual de Saúde, Periódicos Capes, PubMed,
SciELO, Scopus e Google Acadêmico. Foram encontradas 65 publicações, porém, apenas
21 se referem ao uso da canela no tratamento da Diabetes mellitus tipo 2. com indicações
para o tratamento da neuropatia diabética.
Palavras-chave: Canela cássia, Óleos essenciais, Cinamaldeído, Diabetes tipo 2, Neu-
ropatia diabética.
Abstract
Cinnamon cassia, a medicinal plant, is renowned for its analgesic properties, which
have been utilized in the treatment of neurodivergent individuals. The essential oils
derived from this plant have been shown to possess hypoglycemic properties, among
other biological activities. The present study was thus undertaken to comprehensively exa-
mine the composition of cassia cinnamon (C. cassia) as a plant with analgesic potential in
the treatment of diabetic neuropathy. The objectives of this study were threefold: first, to
identify cinnamaldehyde as the active component of cassia cinnamon with analgesic func-
tions; second, to verify possible contraindications and side effects; and third, to review the
existing literature on the subject. The review is of the narrative type, with no time frame,
whose sources are national and international, found in the Virtual Health Library, Periódi-
cos Capes, PubMed, SciELO, Scopus and Google Scholar databases.Sixty-five publications
were found, but only 21 referred to the use of cinnamon in the treatment of type 2 diabetes
mellitus, with indications for the treatment of diabetic neuropathy.
Keywords: Cassia cinnamon, Essential oils, Cinnamaldehyde, Type 2 diabetes, Diabe-
tic neuropathy.
Capítulo 1
14
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
1. INTRODUÇÃO
A canela é uma planta com propriedades medicinais, reconhecida pelo Sistema Úni-
co de Saúde (SUS) desde 2006. Considerada como uma das especiarias mais utilizadas no
mundo, é aplicada na culinária e medicina desde a antiguidade. Pertencente à família Lau-
raceae, a canela apresenta, aproximadamente, 250 espécies distribuídas na China, Índia e
Austrália. As espécies de Cinnamomum contêm um elevado teor de óleos aromáticos nas
folhas e casca, particularmente nos ramos juvenis (SCHERNER, 2022).
O gênero pode ser encontrado em regiões tropicais e subtropicais da América do Nor-
te, América Central, América do Sul, Ásia, Oceania e Austrália. Várias de suas espécies, com
destaque para C. verum, são cultivadas para produção de canela e cânfora (JAYAPRAKASHA
et al, 2003).
Os estudos desenvolvidos, ao longo dos anos, sobre a eficácia da canela, enquanto
analgésica através de seus óleos essenciais, mostram que essa planta, além de amenizar
alguns sintomas de pessoas neurodivergentes, comprovam, também, a sua utilização no
tratamento das mais diversas doenças, como infecção urinária (cistite), dismenorreia, en-
tre outros. Entretanto, ainda existe uma enorme lacuna em relação à produção de estudos
referentes à aplicação do óleo como analgésico no alívio de dores neuropáticas (KRAYCHE-
TE et al, 2008).
Neste contexto, a proposta deste trabalho consiste numa revisão de literatura que
permita compreender a composição e a eficácia da canela cássia (C.cassia) como uma
planta com potencial analgésico para o tratamento da neuropatia diabética. Especifica-
mente, busca identificar os componentes ativos da canela cássia com funções analgésicas
bem como investigar a eficácia da canela cassia no tratamento de dores neuropáticas,
verificando possíveis contraindicações e efeitos colaterais dos óleos essenciais da canela.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Tipo de estudo
Este trabalho consistiu em uma revisão de literatura do tipo narrativa, sem recorte
temporal. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada em artigos científicos, disserta-
ções de mestrado, livros e trabalhos de conclusão de curso.
2.2 Base de dados
As buscas das fontes foram de origem nacional e internacional, nas bases de dados
Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e dissertações de mestrado, Teses de Doutorado, locali-
zadas no Periódico Capes (acessados no US National Library of Medicine (PubMed), SciE-
LO, Scopus); em livros de uso pessoal e Trabalhos de Conclusão de Cursos, encontrados no
Google Acadêmico.
Os descritores utilizados para as buscas foram todos relacionados a este trabalho: “ca-
nela cássia”, “Cinnamomum cassia”, “óleos essenciais”, “analgésico”, “neuropatia diabéti-
ca”.
Capítulo 1
15
Editora Pascal
2.3 Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos artigos publicados em inglês e português e aqueles que apresen-
taram, após leitura do título e resumo, enquadramento na proposta deste estudo, como:
uso de plantas medicinais, fitoterapia, atenção farmacêutica, SUS, toxicidade, atuação do
farmacêutico com fitoterápicos, conhecimentos e saberes populares. Foram excluídos es-
tudos que, pelo título e/ou após a leitura do resumo, não fazem abordagem aos temas
relacionados aos objetivos do estudo.
2.4 Análise e organização dos dados
Os artigos obtidos a partir dos descritores foram lidos, e aqueles selecionados foram
organizados em tabelas para facilitar a discussão, as quais estão detalhadas na próxima
sessão.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A revisão permitiu acesso a um universo de 65 trabalhos consultados e lidos, porém
apenas 21 desses tratavam da potencialidade analgésica da canela cássia para o tratamen-
to de neuropatia diabética provocada por Diabetes Mellitus Tipo 2. Os artigos que com-
põem as tabelas 1 e 2 mostram que a C.cassia e outras espécies do gênero possuem diver-
sas funções e atividades bem como efeitos colaterais e contra indicações. Essas atividades
estão diretamente relacionadas à substância cinamaldeído como um componente ativo
da canela, o qual exerce funções analgésicas e hipoglicêmicas, sendo testado com bons
resultados para o tratamento da neuropatia diabética (ZHU et al., 2017).
A tabela 1 mostra as atividades de C. cassia como potencial analgésico, tendo com
principal componente seus óleos essenciais, nos quais o cinamaldeído seria o principal
componente.
AUTOR(ES) COMPONETES DESCRITOS FUNÇÕES
BIZZO et al., 2019. Óleos Essenciais da canela cássia Analgésica
BOTELHO e ARAUJO, 2022. Óleos Essenciais da canela cássia Analgésica
COSTA, 2020. Cinamaldeído Antibacteriano, anti-inflama-
tório e antioxidante
CRISTIANY et al., 2021. Cinnamomum zeylanicum Analgésica
FELIZARDO, 2017. Cinnamomum cassia Analgésica, antimicrobiana,
antioxidante, antidiabética
FERRO, 2017. Cinamaldeído; eugenol Analgésica; antipirético; anti-
microbiana e cicatrizante
FRANCO, 2003. Óleos Essenciais Analgésico
FREIRE, 2014. Óleos Essenciais da canela Analgésico
JAYAPRAKASHA et al., 2003. Cinnamomum zeylanicum Atividade antioxidante
KOKETSU et al., 1997. Óleos Essenciais de Cinnamomum
verum Analgésica
Capítulo 1
16
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
KONIG, 2020 Óleos Essenciais Analgésico
KRAYCHETE et al., 2008. Cinamaldeído Analgésica para dor neuropá-
tica; neuropatia diabética
MUZY et al., 2021. Cinamaldeído Antidiabético.
NASCIMENTO et al., 2016. Cinamaldeído Tratar neuropatia diabética
PATHAK e SHARMA, 2021. Cinnamomum verum (Cinnamon) Analgésico
PENTEADO, 2021. Óleo Essenial de Cinnamomum cassia Analgésico
SCHERNER, 2022. Cinnamomum cassia Diabetes Mellitus 2
UNLU et al., 2010. Cinnamomum zeylanicum Blume Efeito hipoglicemiante
USLU et al., 2018. Cinnamomum cassia Diabetes Mellitus 2; anti-infla-
matória.
ZANARDO et al., 2014. Cinamaldeído Antidiabético
ZHU et al., 2017. Cinamaldeído Antidiabético
Tabela 1. Dados organizados e estruturados contendo: autor(es), componentes, funções relatadas na litera-
tura para espécies e componentes de canela.
Fonte: autoria própria
Felizardo (2017) relata sobre a importância da canela no tratamento e até cura de di-
versas doenças. Dentre às atividades biológicas e farmacológicas do cinamaldeído, princi-
pal componente associado à espécie, estão as propriedades antioxidantes, hipoglicêmicas,
hipolipidêmicas, hepatoprotetoras, cicatrizantes, espermicidas, antibacterianas, antifúngi-
cas, anti-helmínticas, inseticidas, repelentes de sanguessugas e mutagênicas (Tabela 1).
Vale ressaltar que todos os trabalhos pesquisados apresentam o cinamaldeído com
funções analgésicas. Ferreira (2014) acrescenta, ainda, ações desclerosante, anestésica, an-
tialérgica, antiespasmódica, antifúngica, hepatoestimulante, anti-infecciosa de largo es-
pectro e sedativa. Figueiredo et al. (2018) e Botelho e Araujo (2022) ressaltam ações antimi-
crobiana, antiflamatória, angiogênico e cicatrizante no tratamento de diabetes. Ademais,
Zhu et al. (2017) garantem que o cinamaldeído melhora a homeostase de glicose e lipídios
em animais diabéticos o que pode fornecer uma nova opção para a intervenção diabética
(Tabela 1).
Além disso, os estudos de Negraes et al. (2022) acrescentam, ainda, que o cinamal-
deído apresenta efeitos redutores de glicolipídios em animais diabéticos, aumentando a
captação de glicose; melhora a sensibilidade à insulina nos tecidos adiposos e muscular
esquelética; melhora a síntese de glicogênio no fígado e restaura a disfunção hepática.
Os estudos de Mehmet et al. (2010), realizados em animais, sugerem que o extrato de
canela pode exercer um efeito supressor de glicose no sangue, melhorando a sensibilida-
de à insulina ou diminuindo a absorção de carboidratos no intestino delgado. Os pesqui-
sadores garantem que o extrato de canela aumentou, significativamente, a sensibilidade
à insulina, reduziu os lipídios séricos e hepáticos e melhorou a hiperglicemia e a hiperli-
pidemia, possivelmente pela regulação da glicose mediada por receptores ativados por
proliferadores de peroxissomos (PPAR) e do metabolismo lipídico.
Em testes realizados em animais alimentados com uma dieta rica em gordura/frutose
(um modelo animal de síndrome metabólica) para induzir resistência à insulina, o trata-
Capítulo 1
17
Editora Pascal
mento com polifenóis da canela alterou a composição corporal, melhorou a sensibilidade
à insulina, preveniu a redução da massa pancreática e diminuiu a acumulação de gordura
branca mesentérica. Portanto, acredita-se que a canela tem um possível efeito na redução
do açúcar no sangue (MEHMET et al., 2010).
E, pesquisas realizadas em 60 indivíduos com diabetes e hiperlipidemia, sendo dividi-
dos em seis grupos. Os grupos 1 e 3 receberam 1,3 ou 6g de canela, enquanto os outros gru-
pos receberam placebo. Observaram que todas as três doses de canela reduziram a média
de glicemia de jejum (18 e 29%), triglicerídeos (23 e 30%), lipoproteína de baixa densidade
(LDL; 7 e 27%) e colesterol total (12 e 26%) após 40 dias de tratamento, enquanto nenhuma
alteração foi observada nos grupos placebo; mostrando-se com os resultados que a canela
pode ter efeitos promissores sobre o metabolismo de açucares (MEHMET et al., 2010).
AUTOR(ES) EFEITOS COLATERAIS CONTRAINDICAÇÕES
BIZZO et al., 2019 Toxidade
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
BOTELHO e ARAUJO, 2022. Toxidade
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
CRISTIANY et al., 2021. Toxidade
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
FELIZARDO, 2017. Toxidade
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
FERRO, 2017. Toxidade
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
FERRO, 2017. Toxidade se ingerido
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
FREIRE, 2014. Toxidade se ingerido
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
JAYAPRAKASHA et al., 2003. Toxidade Não utilizar via oral
KOKETSU et al., 1997. Toxidade
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
KONIG, 2020 Toxidade
Não deve ser ingerido por ges-
tantes porque afeta o cérebro do
feto
KRAYCHETE et al., 2008. Toxidade
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
Capítulo 1
18
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
MUZY et al., 2021. Toxidade
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
NASCIMENTO et al., 2016. Toxidade
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
PATHAK e SHARMA, 2021. Toxidade Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças
PATHAK e SHARMA, 2021. Toxidade Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças
SCHERNER, 2022. Toxidade Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças
UNLU et al., 2010.
Podem causar hepatotoxicidade de-
vido ao conteúdo de cumarina. Logo,
recomendam que deve ter cautela
em indivíduos com doença hepática,
em uso de agentes hipoglicemiantes
(efeito aditivo) e/ou medicamentos
hepatóxicos.
Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças e ges-
tantes
USLU et al., 2018. Toxidade Não deve ser consumido via oral;
Não indicado para crianças
ZANARDO et al., 2014. Toxidade Não consumir via oral
ZHU et al., 2017.
Efeitos por meio de sua ação em vá-
rias vias de sinalização, incluindo as
vias PPARs, AMPK, PI3K/IRS-1, RBP-
4-GLUT4 e ERK/JNK/p38MAPK, TRPA-
1-grelina e Nrf2.
toxicidade sobre esse composto.
São necessárias mais evidências
científicas de ensaios clínicos so-
bre seus efeitos reguladores da
glicose e segurança.
Tabela 2. Dados organizados e estruturados contendo: autor(es), efeitos colaterais e contraindicações da
canela.
Em relação às contraindicações e efeitos colaterais constantes da Tabela 02, todos os
21 estudos analisados chamam a atenção para a toxidade apresentada nos óleos essen-
ciais. Portanto, a espécie pode ser considerada contraindicada para gestantes e crianças
por risco de má formação fetal.
Unlu et al. (2010), apesar de destacarem a canela como um produto bem tolerado,
o que leva a acreditar que seja segura para o tratamento do Diabetes tipo 2. Chamam
atenção para doses maiores (7 g/dia) as quais podem causar hepatotoxicidade devido ao
conteúdo de cumarina. Logo, recomendam que deve-se ter cautela em indivíduos com
doença hepática, em uso de agentes hipoglicemiantes (efeito aditivo) e/ou medicamentos
hepatóxicos.
Grace (1999) adverte para o uso de alguns óleos essenciais considerados tóxicos. Res-
salta que, apesar de oferecerem ações terapêuticas, os óleos essenciais não podem ser
ingeridos, uma vez que, podem romper as barreiras hematoencefálicas e causar lesões aos
nervos e tecidos cerebrais. Por isso, é importante estar bem informado e orientado antes
de se iniciar um tratamento com óleos essenciais.
Nesse sentido, Kônig (2020) chama atenção sobre o uso de óleos essenciais da canela
Capítulo 1
19
Editora Pascal
por mulheres grávidas. Em relação aos componentes químicos, a pesquisadora ressalta
que é importante observar as contraindicações e os riscos que apresentam na gravidez,
pois possuem em sua composição moléculas do grupo fenol, as quais cruzam a barreira
placentária e podem atingir o bebê.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo possibilitou compreender a importância do óleo essencial da canela cás-
sia (Cinnamomum cassia) como analgésico para o tratamento de neuropatia diabética. A
partir do tema, descreveu-se a composição e a eficácia da canela como uma planta com
potencial analgésico para o tratamento da neuropatia diabética. |Identificou-se o cinamal-
deído, como um componente ativo da planta eficazmente comprovado para o tratamen-
to de diversas doenças, dentre outras o diabetes mellitus Tipo 2. Verificou-se, também, a
eficácia da canela no tratamento de dores neuropáticas, bem como os efeitos colaterais e
contra indicações desse componente.
De um universo de 65 trabalhos, obteve-se uma amostra com 21 estudos que tratam
da canela cássia e seus óleos essenciais, tendo o cinamaldeído como um componente ati-
vo eficaz no tratamento de diversas doenças dentre outras a neuropatia diabética.
Conclui-se que apesar dos avanços dos estudos sobre a C. cassia, ao longo dos anos,
que mostram a planta como um fitoterápico utilizado para o tratamento ou até a cura de
diversas doenças em pessoas neuro divergentes, esta revisão de literatura permitiu afir-
mar que ainda existe uma enorme lacuna sobre o uso da canela como um fitoterápico
capaz de atuar no tratamento ou na cura da neuropatia diabética.
Os estudos acerca da fitoterapia, utilizando os óleos essenciais da canela, ainda são
precários no Brasil, fazendo-se ainda necessárias pesquisas nessa área, de modo a ampliar
o conhecimento dos profissionais e estudantes da saúde, auxiliando e tornando mais sóli-
das as bases de segurança e eficácia para implementação das práticas fitoterápicas para
a população.
Finalmente, considera-se esta revisão como um trabalho relevante, pois além de con-
tribuir na identificação de estudos sobre a C. cassia e o seu potencial curativo ou terapêu-
tico com seus óleos essenciais, poderá enriquecer as fontes e ao acervo de informações
para a produção de futuras pesquisas sobre a canela cássia produzidas pelos discentes e
profissionais da saúde, em especial os farmacêuticos.
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Capítulo 1
20
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
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2017.
2
Ingrid Bergman Pinheiro Rocha1
Danielle da Silva Queiroz1
José Augusto da Silva Santiago1
Quesia Noemi Ribeiro Carrilho1
Bruno José Martins da Silva2
Bruno Gonçalves Pinheiro3
Wandson Braamcamp de Souza Pinheiro3
Andressa Santa Brígida da Silva3
Taís Vanessa Gabbay Alves3
1 Graduação em Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
2 Docente do curso de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE ACELERADA DE
GÉIS COSMÉTICOS COM ÓLEO ESSENCIAL DE
PATCHOULI (Pogostemon cablin)
EVALUATION OF THE ACCELERATED STABILITY OF COSMETIC
GELS WITH PATCHOULI (Pogostemon cablin) ESSENTIAL OIL
10.29327/5529040.1-2
Capítulo 2
22
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Resumo
O
óleo essencial de patchouli (OEP), possui propriedades anti-inflamatórias e antimi-
crobianas. Para melhorar seu uso, é indicado combiná-lo com formulações cosméti-
cas em gel devido à sua forma semissólida, logo, o estudo visa avaliar a estabilidade
preliminar do gel à base de OEP. Foram formulados géis de natrosol com OEP nas con-
centrações de 1,5% (GP1) e 4,5% (GP2). Esses géis foram submetidos a testes de estabilida-
de acelerada, avaliando propriedades organolépticas, densidade aparente e pH. As carac-
terísticas organolépticas mostraram variações mínimas, com odor alterado em amostras
expostas à estufa. O pH permaneceu estável, variando entre 4,2 e 4,6, adequando-se aos
padrões recomendados. A densidade apresentou variações ao longo do tempo, especial-
mente sob luz natural e temperatura de estufa, com GP2 mostrando maior densidade mé-
dia. O acondicionamento em luz natural não é adequado para a manutenção da densidade
do gel. Apesar da estabilidade do pH, as alterações organolépticas indicam a necessidade
de ajustes na formulação para garantir maior estabilidade, devido à volatilidade e oxidação
do óleo essencial. Deve ser precedido de no mínimo 3 e no máximo 5 palavras-chave, se-
paradas por vírgulas, conforme demonstra o presente modelo.
Palavras-chave: Óleos Essenciais, Cosméticos, Géis, Estabilidade de Medicamentos,
Propriedades Físico-Químicas.
Abstract
Patchouli essential oil (OEP) has anti-inflammatory and antimicrobial properties. To
enhance its use, combining it with gel-based cosmetic formulations is recommen-
ded due to its semi-solid form. Therefore, the study aims to evaluate the preliminary
stability of a gel based on PEO. Natrosol gels with PEO were formulated at 1.5% (GP1) and
4.5% (GP2) concentrations. These gels were subjected to accelerated stability tests, evalua-
ting organoleptic properties, apparent density, and pH. The organoleptic characteristics
showed minimal variations, with altered odor in samples exposed to the oven. The pH re-
mained stable, ranging from 4.2 to 4.6, fitting within the recommended standards. Den-
sity presented variations over time, especially under natural light and oven temperature,
with GP2 showing higher average density. Storage under natural light is not suitable for
maintaining gel density. Despite pH stability, organoleptic changes indicate the need for
formulation adjustments to ensure greater stability, due to the volatility and oxidation of
the essential oil.
Keywords: Essential Oils, Cosmetics, Gels, Drug stability, Physicochemical Properties.
Capítulo 2
23
Editora Pascal
1. INTRODUÇÃO
Óleos essenciais são composições extraídas de várias partes de uma planta (flores,
cascas, folhas ou frutas), desempenham funções de proteção contra agentes externos,
retenção de água em períodos de estiagem e como auxiliares na reprodução (De Almeida;
De Almeida, Gherardi, 2020).
Febriyenti e Suharti (2019), indicam o uso de óleos essenciais combinados a formula-
ções cosméticas em gel, pois, sua forma farmacêutica semissólida apresenta vantagens
como preparo simples, fácil lavagem com água, sensação de resfriamento na pele devido
ao maior teor de água, fácil absorção da pele e aparência mais atraente que a forma far-
macêutica em creme.
Além do seu uso em cosméticos, o óleo essencial de patchouli (Pogostemon cablin)
apresenta inúmeras propriedades farmacêuticas, como a atividade anti-inflamatórias e
antimicrobianas. Tais ações estão relacionadas com a concentração de álcool de patchouli
(AP; C15H26O), um sesquiterpeno tricíclico geralmente usados como um composto mar-
cador químico fundamental para as avaliações no controle de qualidade dos OEP (Cruz et
al., 2022).
Embora apresente-se muito vantajoso para uso farmacológico, Gómez-Rioja et al., ex-
plicam que para garantir que um produto novo ou modificado atenda aos padrões de
qualidade físicos, químicos e microbiológicos pretendidos, bem como funcionalidade e
estética, quando armazenado em condições apropriadas é necessário a realização de um
estudo de estabilidade do produto (Gómez-Rioja et al., 2019).
Considerando que cosméticos sofrem variações acentuadas devido ao envelhecimen-
to e uso do produto, destacado por Gómez-Rioja et al. (2019), é importante realizar testes
de estabilidade, a fim de garantir a qualidade física, química e biológica do cosmético.
Sendo assim, este estudo avalia a estabilidade preliminar de um gel à base do óleo essen-
cial de patchouli (Pogostemon cablin).
2. MÉTODOS
2.1 Formulação do gel
Para a formulação foi utilizado Carbopol 940® (Dinâmica contemporânea Ltda São
Paulo/Brasil), Metilparabeno (Cinética; São Paulo/ Brasil), Propilparabeno (Dinâmica con-
temporânea Ltda São Paulo/Brasil), EDTA (Dinâmica contemporânea Ltda São Paulo/
Brasil); Óleo Essencial de patchouli (Phamapele, Belém, Brasil) e Trietanolamina 0,5 (Di-
nâmica contemporânea Ltda São Paulo/Brasil), adaptada segundo o Formulário Médico
Farmacêutico, diferindo em relação à concentração do ativo. No qual após testes pré-
vios, se determinou que no gel padrão 1 (GP1) foi adicionado 1,5% do óleo de patchouli,
enquanto o gel padrão 2 (GP2) foi 4,5%, com pH ajustado 5 (Batistuzzo; Itaya; Eto, 2021).
Sendo assim, para formular o gel foi utilizado de 1,5-4,5% de óleo essencial de patchouli,
0,1% de nipagin, 0,15% de nipazol, 1% de carbopol, 0,5% de trietanolamina e água destilada
qsp até 100%.
Capítulo 2
24
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
2.2 Condições da estabilidade acelerada
O teste consistiu em avaliar as amostras em cinco parâmetros: 1) na estufa (45 ± 2°C);
2) na geladeira (5 ± 2°C); 3) temperatura ambiente (25 ± 2°C); 4) no escuro (temperatura
ambiente em um compartimento que havia ausência da luz); e, 5) na luz natural (tempe-
ratura ambiente em uma superfície na frente de uma janela com vidro transparente). As
amostras dos géis GP1 e GP2 foram analisadas nos dias 1, 7, 14, 21 e 30 e submetidas entre
os intervalos de dias, às análises de controle de qualidade, como avaliação organoléptica,
densidade e pH. Para a avaliação dos parâmetros, o grupo controle foi deixado em tempe-
ratura ambiente, sem sofrer a ação do estresse térmico (Brasil, 2004; Garcia; Pereira, 2020;
Cavalvante et al., 2022).
2.3 Propriedades organolépticas
Foi avaliado o aspecto, cor e odor, através de inspeção visual, tátil e olfativa. Em rela-
ção a cada percepção, se classificou como: N (Normal, sem alteração) ou LS (Levemente
separado, precipitado ou turvo ou modificado), segundo a classificação estabelecida con-
forme Guia de estabilidade de cosméticos da Anvisa (Brasil, 2004).
2.4 Densidade aparente
Calculou-se através do quociente entre a massa (g) pelo volume (L), no qual foi pesado
em balança analítica a quantidade total do gel e anotado o valor da massa (Garcia; Pereira,
2020; Cavalvante et al., 2022).
2.5 Análise de pH
Foram utilizadas tiras universais (KASVI, Brasil) com valores de 0 a 14, onde foram mer-
gulhadas nas formulações e observadas após 1 minuto (Garcia; Pereira, 2020; Cavalvante et
al., 2022).
3. RESULTADOS
3.1 Características organolépticas
Demonstraram poucas variações em relação aos parâmetros, sendo o odor desagra-
dável a caraterística mais marcante em todos os tratamentos as amostras submetidas à
estufa, mostram aspectos alterados (Figura 1).
Grupo de
Amostra
T. ambiente T. estufa T. geladeira Luz natural
C O A C O A C O A C O A
GP1 N LS N N LS LS NLS N N LS N
GP2 NLS N N LS LS NLS N N LS N
Figura 1. Aspectos organolépticos das amostras
Legenda: C: Cor; O: Odor; A: Aspecto; N: Normal, sem alteração; LS: Levemente separado, precipitado ou
turvo ou modificado. Classificação estabelecida conforme Guia de estabilidade de cosméticos da Anvisa
(Brasil, 2004).
Capítulo 2
25
Editora Pascal
3.2 Testes de pH
As análises variaram em média de 4,2 a 4,6, como demonstra a Figura 2, onde no de-
correr de quatro semanas houve uma diminuição e um aumento irrisório do pH indepen-
dentemente do ambiente de tratamento, indicando que as preparações são estáveis e há
ausência de reação química causada pelo recipiente de armazenamento ou pelos mate-
riais contidos na preparação, não havendo uma grande alteração da média do pH (Figura
2) entre os tratamentos, entretanto, faz-se necessário análises a posteriori.
Grupo de
Amostra
Análise do pH em temperatura ambiente (25°C) Média
Dia 1 Dia 7 Dia 14 Dia 21 Dia 30
GP1 5 4 4 5 5 4,6
GP2 5 4 4 5 5 4,6
Grupo de
Amostra
Análise do pH em temperatura da estufa (45°C) Média
Dia 1 Dia 7 Dia 14 Dia 21 Dia 30
GP1 5 3 3 5 5 4,2
GP2 5 4 4 5 5 4,6
Grupo de
Amostra
Análise do pH em temperatura da geladeira (5°C) Média
Dia 1 Dia 7 Dia 14 Dia 21 Dia 30
GP1 5 4 4 5 5 4,6
GP2 5 4 4 5 5 4,6
Grupo de
Amostra
Análise do pH sob luz natural Média
Dia 1 Dia 7 Dia 14 Dia 21 Dia 30
GP1 5 3 3 5 5 4,2
GP2 5 3 3 5 5 4,2
Grupo de
Amostra
Análise do pH na ausência da luz Média
Dia 1 Dia 7 Dia 14 Dia 21 Dia 30
GP1 5 3 3 5 5 4,2
GP2 5 3 3 5 5 4,2
Figura 2. Valor de pH, por média e erro padrão, das amostras de GP1 e GP2 em cada dia avaliado de acordo
com as cinco condições de ambiente
Capítulo 2
26
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
3.3 Análise da Densidade
As análises mostraram variações descendentes ao longo do tempo para todos os pa-
râmetros avaliados, onde o GP1 apresentou maior densidade quando submetido à am-
biente escuro e à temperatura de geladeira do primeiro ao sétimo dia e no mesmo período
e em condições de temperatura ambiente, temperatura de estufa e luz natural variaram,
na primeira semana (Figura 3).
As amostras de GP2 mantiveram um padrão semelhante ao da GP1, apresentando
variações apenas da primeira à segunda semana e na última semana de avaliação. Do dia
7 ao dia 21 as densidades se mantiveram constantes.
Enquanto as densidades médias das formulações de GP1 foram abaixo de 1g/mL, sen-
do as de maior erro padrão as analisadas em temperatura de geladeira e no escuro. Ade-
mais, a amostra GP2 teve um aumento da densidade média, e a condição que teve maior
erro padrão foi a condição submetida a luz natural (Figura 3).
DIAS 1 7 14 21 30
GP1 GP2 GP1 GP2 GP1 GP2 GP1 GP2 GP1 GP2
TA 0,92 1,17 0,79 1,23 0,78 1,23 0,79 1,23 0,67 1,16
TE 1,04 0,91 0,91 0,84 0,90 0,84 0,90 0,84 0,73 0,76
TG 0,93 1,04 0,62 0,91 0,62 0,91 0,62 0,91 0,47 0,88
LN 1,01 1,46 0,91 1,41 0,91 1,41 0,91 1,41 0,76 0,75
E1,11 1,04 0,67 0,98 0,66 0,98 0,67 0,98 0,75 0,99
Figura 3. Análise da densidade (g/mL), média e erro padrão, durante o teste de estabilidade preliminar das
amostras GP1 e GP2 em diferentes condições
Legenda: TA= Temperatura ambiente; TE= temperatura de estufa; TG= temperatura de geladeira; LN= luz
natural; E= escuro
Além disso, da segunda semana (dia 7 ao dia 14) à penúltima semana (dia 14 ao dia 21)
os valores de densidade se mantiveram constantes em todos os tratamentos e na última
semana houve uma queda na densidade em todos os ambientes, com exceção das amos-
tras submetidas ao escuro, cuja densidade variou de 0,66 para 0,75 g/mL.
3.4 Análise estatística
Não foram percebidas variações estatisticamente significativas entre as densidades
dos dois grupos realizados, assim como entre os níveis de pH (Tabela 1).
Capítulo 2
27
Editora Pascal
ANOVA SS DF MS F P-valor
Densidade amostra GP1
Tratamento 0,204 4 0,05110 2,721 0,0587
Residual 0,375 20 0,01878
Total 0,579 24
Densidade amostra GP2
Tratamento 0,713 4 0,1783 8,834 0,0003
Residual 0,403 20 0,02018
Total 1,11 24
pH amostra GP1
Tratamento 0,960 4 0,2400 0,2857 0,8838
Residual 16,80 20 0,8400
Total 17,76 24
pH amostra GP2
Tratamento 0,960 4 0,2400 0,3636 0,8316
Residual 13,20 20 0,6600
Total 14,16 24
Tabela 1. Análises de variância (ANOVA) sobre densidade e pH das amostras GP1 e GP2
4. DISCUSSÃO
As características organolépticas de cor se mostraram normais em todos os ambien-
tes avaliados, indicando que a temperatura e radiação luminosa não interferiram nas ca-
racterísticas das amostras. Essa propriedade possui três características distintas que são o
tom, determinado pelo comprimento de onda da luz refletida; a intensidade, que depende
da concentração de substâncias corantes e o brilho, que é a quantidade de luz refletida em
comparação com a quantidade de luz que incide sobre ela (Teixeira, 2009).
A cor também pode desempenhar um papel na transmissão de informações, crian-
do uma identidade duradoura e sugerindo imagens e valores simbólicos (Cavalcante et
al., 2022). Por isso, esse parâmetro deve ser levado em consideração no desenvolvimento
do produto, não apenas para melhorar suas características estéticas ou sensoriais, mas
porque as cores desencadeiam sinais específicos no sistema nervoso central, por meio da
estimulação das células fotorreceptoras da retina, quando o olho absorve certos compri-
mentos de onda de a luz refletida da superfície de um objeto (Bánkuti; Gomes, 2021).
O odor é outra propriedade sensorial importante, percebida pelo órgão olfativo quan-
do certas substâncias voláteis são inaladas (Ponpeo, 2022).Dependendo da concentração,
essas substâncias estimulam diferentes receptores de acordo com seus valores limiares
específicos (Teixeira, 2009).A presença e o tipo de fragrância afetam a percepção de algu-
mas características, mostrando que a influência desses componentes não deve ser des-
considerada (Farias et al., 2020).
Para as amostras analisadas, é possível perceber alterações nas duas amostras para
cada um dos ambientes de tratamento. De acordo com Prado et al., (2020) as alterações
no odor de um produto cosmético, que muitas vezes o torna desagradável, pode ocorrer
devido a interferência de luz e o oxigênio, isso acontece porque quando a luz interage com
o oxigênio na superfície desses produtos, inicia-se umaformação de radicais livresque
prejudicam a eficiência dos tensoativos presentes neles.
Capítulo 2
28
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Em relação ao aspecto, apenas nas amostras submetidas à temperatura de estufa, foi
possível perceber alterações sobre a característica. De acordo com Santos; Bender (2022),
essas modificações são um dos principais indícios que houve a perda de estabilidade de
uma formulação, e isso pode ser decorrente de reações químicas como a hidrólise, oxida-
ção entre outras, sendo a alta temperatura um dos fatores que contribui para que ocorra
modificações no aspecto de um cosmético.
Segundo Costa et al. (2021) as características organolépticas podem ser alteradas
quando há uma incompatibilidade organoléptica entre o ativo e a base. Fato este, que é
frequente entre ativos apolares em bases hidrofílicas. A polaridade diferente pode ser um
fator limitante para a compatibilidade entre os componentes da formulação.
De acordo com a ANVISA, o pH adequado para cosméticos de permanência na pele,
fica na fixa de 4 a 5,5 (Brasil, 2008). Desse modo, percebe-se que as formulações GP1 e GP2
apresentaram valores adequados em todos os dias de observações realizados a tempera-
tura ambiente e temperatura de geladeira; além disso, a segunda amostra também mos-
trou valores adequados quando submetida à temperatura de estufa.
A constância e valor do pH das amostras avaliadas, indicam que as formulações têm
possibilidade de apresentarem boa qualidade e condições seguras de uso. Knowlton; Pe-
arce, (2013) explicam que o equilíbrio do pH de cosméticos é importante, porque a pele é
uma superfície com pH básico, por volta de 4,7 e 5,75, por isso, é recomendado que os cos-
méticos norteiam esses valores.
Os autores ainda destacam que o pH deve ser avaliado com base nas condições de
temperatura mais prováveis de serem encontradas durante o armazenamento e uso re-
gular, visto que as condições de acidez aumentam com a temperatura, tornando-se uma
variável importante a ser controlada. Em caso de variações consideráveis no pH do cosmé-
tico de acordo com as condições avaliadas, o produto não pode ser considerado adequado
para uso (Knowlton e Pearce, 2013).
Araújo et al. (2022) enfatizam que durante a análise de estabilidade de géis contendo
ativos vegetais, a alteração do pH pode ser um ponto crítico para a instabilidade e para
uma possível incompatibilidade entre os componentes da formulação.
Ao avaliar a densidade do primeiro e último dia em cada uma das condições, pode-se
perceber que tanto a formulação GP1 quanto a GP2, apresentaram uma redução na densi-
dade, em todos os ambientes avaliados, indicando alterações nas características físicas do
gel. De acordo com Yonezawa, (2020) alterações nos valores da densidade de um produto
tópico demonstram a incorporação de agentes externos, mas comumente a incorporação
de ar ao produto.
De acordo com Brasil, (2004) fatores extrínsecos e externos podem influenciar
diretamente a formulação em seus parâmetros organolépticos, de acordo com os graus e
exposição de tempo, temperatura, luz, umidade, oxigênio e vibração.
Segundo Brasil, (2008) a densidade padrão de cremeou loção utilizada na pele fica
entre 0,98 e 1 g/mL, com variação de 0,02 g/mL22. Sendo assim, percebe-se que, ao serem
tratados a temperatura ambiente e luz natural, as amostras GP2 ultrapassaram o valor má-
ximo para densidade de um cosmético.
Araújo et al. (2022) realizaram a análise de estabilidade preliminar com géis fitoterá-
picos contendo óleo de manga, e durante seus achados, verificaram que independente da
concentração de óleo utilizado, a densidade do gel se manteve na faixa de 1,1 a 1,2 g/mL. O
intuito do teste de estabilidade preliminar é avaliar a formulação em análise sob as condi-
ções de estresse térmico e assim determinar a temperatura de armazenamento.
Capítulo 2
29
Editora Pascal
A estabilidade acelerada, tinha por objetivo avaliar a estabilidade do produto, tempo
de vida útil e compatibilidade da formulação com o material de acondicionamento (Brasil,
2004). Portanto, segundo o parâmetro densidade, o acondicionamento em luz natural não
seria adequado para a manutenção dos valores relacionados a densidade.
O armazenamento inadequado de formulações na base gel com ativos oleosos pode
desencadear a redução dos teores dos princípios ativos, uma vez que a degradação dos
mesmos é comum pela reação de oxidação, que se dá por meio da presença de luz e oxi-
gênio (Santos; Bender, 2022).
5. CONCLUSÃO
Segundo o parâmetro de densidade, pode-se observar que o acondicionamento em
luz natural não seria adequado para a manutenção dos valores relacionados à densidade.
Nesse sentido, se recomenda o acondicionamento das formulações propostas em emba-
lagem de plástico opaco. É um desafio farmacêutico manter a estabilidade de um gel com
ativos oleosos, pois um dos principais problemas está na pouca compatibilidade entre o
princípio ativo e a base. Apesar dos resultados adequados de pH e densidade, os géis não
se mostraram estáveis, visto que suas características organolépticas apresentaram varia-
ções em todos os ambientes avaliados. Esta problemática pode se dar devido a caracte-
rística de volatilidade e fácil oxidação dos óleos, indicando a necessidade de meticulosa
avaliação para definir a compatibilidade farmacotécnica e garantir que o paciente utilize
um produto seguro, eficaz e eficiente.
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3
Sarianny Monike Alves Pinheiro1
Leonora Gonçalves Carneiro1
Orismar da Silva Carvalho Neto1
Michelle Caroline Barbosa e Silva1
Valéria Santos da Silva1
Emily Agurto2
Andressa Santa Brígida da Silva3
Taís Vanessa Gabbay Alves3
Maria Karoliny da Silva Torres3
Bruno Gonçalves Pinheiro3
1 Graduação em Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
2 Discente de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
3 Docente do curso de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
ESTUDO DA PREVALÊNCIA DE TRANSTORNOS
MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO
MUNICÍPIO DE BELÉM-PA
STUDY OF THE PREVALENCE OF RELATED MENTAL DISORDERS
TO WORK IN THE MUNICIPALITY OF BELÉM-PA
10.29327/5529040.1-3
Capítulo 3
32
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Resumo
Os Transtornos Mentais (TM) são caracterizados por um conjunto de sinais e sintomas
relacionados às alterações na cognição, regulação emocional e comportamento de
um indivíduo. No contexto laboral, as transformações no ambiente e nas condições
de trabalho têm contribuído para o aumento da frequência dos TM globalmente. Assim,
o presente estudo teve como objetivo analisar a prevalência de Transtornos Mentais Rela-
cionados ao Trabalho (TMRT) em Belém-PA entre 2018 e 2022, além de traçar o perfil socio-
demográfico dos casos notificados. Trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo
e descritivo, com abordagem quantitativa, baseado em dados secundários do Departa-
mento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) e do Sistema de Informa-
ções de Agravos de Notificação (SINAN). Foram analisadas as variáveis gênero, idade, raça/
cor, escolaridade e conduta de afastamento. No período estudado, foram notificados 106
casos de TMRT, sendo predominantes os transtornos neuróticos, relacionados ao estres-
se e somatoformes (n= 84). A maioria dos casos ocorreu em mulheres (n= 72), com idade
de 43 anos (n= 12), autodeclaradas pardas (n= 28) e com ensino médio completo (n= 21).
Além disso, 28 evoluíram para incapacidade temporária. Esses resultados contribuem no
reconhecimento dos fatores de risco associados ao desenvolvimento de TM e enfatizam a
necessidade da ampliação de estudos abordando os TMRT na região, visando estratégias
para minimizar os impactos na saúde mental dos trabalhadores e promover qualidade de
vida no ambiente laboral.
Palavras-chave: Saúde mental, Transtornos mentais, Trabalho, Saúde do trabalhador.
Abstract
Mental Disorders (MD) are characterized by a set of signs and symptoms related to
changes in an individual’s cognition, emotional regulation, and behavior. In the
work context, changes in the environment and working conditions have increased
the frequency of MDs globally. Thus, the present study aimed to analyze the prevalence of
Work-Related Mental Disorders (WRMD) in Belém-PA between 2018 and 2022, in addition
to outlining the sociodemographic profile of the reported cases. This is an epidemiologi-
cal, retrospective, and descriptive study, with a quantitative approach, based on secondary
data from the Information Technology Department of the Unified Health System (DATA-
SUS) and the Notifiable Diseases Information System (SINAN). The variables gender, age,
race/color, education, and conduct of leave were analyzed. During the period studied, 106
cases of WRMD were reported, with neurotic, stress-related, and somatoform disorders
being predominant (n=84). The majority of cases occurred in women (n= 72), aged 43 years
(n=12), self-declared mixed race (n=28), and with completed high school (n= 21). Further-
more, 28 developed temporary disability. These results contribute to the recognition of risk
factors associated with the development of MD and emphasize the need to expand studies
addressing WRMD in the region, aiming at strategies to minimize the impacts on workers’
mental health and promote quality of life in the work environment.
Keywords: Mental health, Mental disorders, Work, Workers’ health.
Capítulo 3
33
Editora Pascal
1. INTRODUÇÃO
Os transtornos mentais (TM) são caracterizados por um conjunto de sinais e sintomas
que estão associados a alterações na cognição, regulação emocional ou comportamento
de um indivíduo. Essa condição resulta da interação de múltiplos fatores que perturbam o
equilíbrio emocional (WHO, 2022). Nos últimos anos, os TM tornaram-se cada vez mais fre-
quentes no mundo, especialmente no contexto laboral. Diversos fatores podem contribuir
para esse aumento, incluindo as transformações ocorridas no ambiente e nas condições
de trabalho ao longo das últimas décadas (Cordeiro et al., 2016; Machado, 2022).
O crescimento da quantidade de pacientes com TM torna-se preocupante, uma vez
que as alterações no funcionamento mental impactam negativamente a vida do indiví-
duo, afetando o âmbito pessoal, familiar, social e profissional (Bárbaro et al., 2009). À medi-
da que o desconforto e o sofrimento no ambiente de trabalho extrapolam suas fronteiras,
surgem os Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho (TMRT), prejudicando profunda-
mente a saúde mental dos trabalhadores.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), os TMRT incluem condições de sofrimento
emocional que se manifestam de diversas formas, como choro frequente, tristeza, medo
excessivo, doenças psicossomáticas, irritabilidade, ansiedade, agitação, taquicardia, sudo-
rese, insegurança, entre outros. Esses sintomas, quando associados às condições estres-
santes do trabalho, podem indicar o desenvolvimento ou agravamento de TM, os quais são
identificados por meio da Classificação Internacional de Doenças (CID-10).
Desta forma, doenças relacionadas ao estresse, como a síndrome de Burnout, a de-
pressão, a ansiedade e outros TM, tornaram-se cada vez mais presentes na rotina da classe
trabalhadora (Rocha; Bussinguer, 2016). Segundo o Relatório Mundial de Saúde Mental da
Organização Mundial da Saúde (OMS, 2022), cerca de um bilhão de pessoas em 2019 vi-
viam com TM. Além disso, os dados do relatório demonstraram que entre os adultos em
idade laboral, aproximadamente 15% eram afetados com algum TM (OPAS, 2022). Já no
Brasil, dados do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) revelam um cenário
alarmante: entre os anos de 2010 e 2020, 126.001 pessoas no Brasil morreram por causas
diretamente relacionadas a TM e lesões autoprovocadas.
Conforme este contexto, as mortes associadas a esses transtornos evidenciam a im-
portância de estudos da prevalência de TMRT para embasar a formulação de novas políti-
cas públicas direcionadas à saúde mental da classe trabalhadora. Portanto, o objetivo do
presente estudo é analisar a prevalência de TMRT no município de Belém-PA, tendo em
vista o impacto desses transtornos na saúde mental da população local. A implementação
de estratégias preventivas e intervenções eficazes para compreender a prevalência dessas
alterações contribuirá significativamente para a promoção de uma comunidade mental-
mente saudável, impactando positivamente não apenas os indivíduos afetados, mas tam-
bém a saúde coletiva e o desenvolvimento sustentável de Belém.
2. METODOLOGIA
2.1 Tipo de estudo
O presente trabalho trata-se de um estudo epidemiológico, retrospectivo, do tipo
descritivo, de abordagem quantitativa sobre TMRT. A pesquisa foi realizada com base em
dados secundários obtidos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
Capítulo 3
34
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
(DATASUS) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN).
2.2 População e Período de Estudo
A população do estudo corresponde aos registros notificados no DATASUS, no perío-
do de 2018 a 2021. A área de estudo foi o município de Belém-PA, que, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possui uma população estimada de aproxima-
damente 1.303.403 habitantes.
2.3 Coleta de Dados
Os dados foram coletados por meio de consulta ao DATASUS e SINAN, utilizando o
tabulador TABNET, no período de 2018 a 2022.
2.4 Critérios de Inclusão e Exclusão
Foram incluídos no estudo as informações sobre o total de casos de TM no trabalho,
notificados entre 2018 e 2022. Registros fora do período estimado pelo estudo foram exclu-
ídos da pesquisa.
2.5 Variáveis Analisadas
Para análise das informações sociodemográficas, foram verificadas as variáveis: gêne-
ro, idade, raça/cor, escolaridade e conduta de afastamento.
2.6 Organização e Análise dos Dados
Após a coleta dos dados, eles foram organizados por meio do tabulador TABNET, de-
senvolvido pelo MS e disponível no DATASUS. Em seguida, os dados foram transferidos
para planilhas do Programa Microsoft Excel, onde foram submetidos a análises estatísticas
descritivas, visando a modelagem dos dados.
2.7 Aspectos Éticos
Conforme as diretrizes da Resolução n° 510 de 7 de abril de 2016, do Conselho Nacional
de Saúde (CNS), não se faz necessário submeter o presente trabalho a um Comitê de Ética
em Pesquisa, pois os dados utilizados foram obtidos de banco de dados secundários, de
livre acesso ao público, com garantia de total sigilo das informações constantes no banco.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados apresentados refletem as características epidemiológicas dos 106 casos no-
tificados de TMRT em Belém-PA, entre 2018 a 2022, segundo a Categoria CID-10. O quan-
titativo de casos de TMRT foram expressos na Tabela 1, de acordo com o ano de registro.
Capítulo 3
35
Editora Pascal
Variáveis Notificações Total
CASOS NOTIFICADOS 2018 2019 2020 2021 2022 N
Transtorno do Humor 5 2 9 0 6 22
Transtorno neurótico,
trans. relacionado com
o stress e trans. soma-
toforme
23 17 22 11 11 84
Tabela 1.Casos notificados de TMRT em Belém entre 2018 e 2022 por ano de registro
Fonte: DATASUS/SINAN (2025)
Ao analisar as notificações por TMRT em Belém, verificou-se que os transtornos neu-
róticos, transtornos relacionados com o “stress” e transtornos somatoformes, foram os
mais prevalentes, com o total de 84 casos. Por outro lado, foram contabilizados 22 casos de
transtorno do humor, ao longo do período estudado.
Esses resultados foram semelhantes aos encontrados na literatura, evidenciando o
impacto da dinâmica atual de trabalho na saúde mental dos trabalhadores. No ambien-
te laboral, a exposição constante a situações de conflito e alta exigência podem causar o
estresse, favorecendo o desenvolvimento de TM a longo prazo (Casagrande et al., 2024;
Frazão et al., 2024; Reis et al., 2023).
Em relação ao gênero, o sexo feminino foi o mais afetado, com 72 casos notificados.
Entre o sexo masculino, foram contabilizados 50 casos no período de 2018 a 2022, confor-
me demonstrado na Tabela 2.
Variáveis Notificações Total
GÊNERO 2018 2019 2020 2021 2022 N
Feminino 20 10 25 8 9 72
Masculino 8 9 22 3 8 50
Tabela 2.Casos notificados de acordo com o gênero e ano de registro
Fonte: DATASUS/SINAN (2025)
Diante disso, a análise do número de casos associados ao gênero permitiu observar
a preponderância de notificações dos TMRT nas mulheres. Conforme exposto por Silvé-
rio et al. (2024), esse fato pode estar relacionado pelo perfil multitarefa frequentemente
associado à população feminina. A dificuldade em conciliar a rotina doméstica, familiar e
laboral, podem torná-las mais propensas ao estresse e à exaustão, aumentando o risco de
adoecimento mental.
Quanto à faixa etária, observou-se maior prevalência entre pacientes com a idade de
43 anos, com o total de 12 casos (Tabela 3).
Capítulo 3
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Variáveis Notificações Total
IDADE 2018 2019 2020 2021 2022 N
27 Anos - - 2 - 1 3
31 Anos - - 1 - - 1
32 Anos - - 3 - 1 4
34 Anos - - 4 - - 4
43 Anos - - - - 12 12
44 Anos - 7 - - - 7
52 Anos - - - - 7 7
53 Anos - - 5 - - 5
Tabela 3.Casos registrados de TMRT de acordo com a idade e ano de notificação
Fonte: DATASUS/SINAN (2025)
Para Teófilo Filho et al. (2023) a fase entre 30 e 50 anos é um momento crucial da vida
profissional, caracterizado por circunstâncias adversas no trabalho que podem influenciar
negativamente a saúde mental dos trabalhadores.
Além disso, dados oriundos do sistema de informação de óbitos, demonstram uma
prevalência significativa nos casos de suicídio; em 2019, foram notificados 12 mil óbitos por
suicídio entre a população de 14 a 65 anos, sendo que 10 mil ocorreram em pessoas em
atividade de trabalho. Assim, a relação entre os impactos na saúde mental e as condições
exaustivas no ambiente de trabalho é notória (BRASIL, 2023). Diante desse cenário, esses
resultados evidenciam a necessidade de políticas eficazes voltadas à prevenção e ao trata-
mento dos TMRT, especialmente entre trabalhadores nessa faixa etária.
Na tabela 4, é possível avaliar a distribuição quanto à raça/cor. Observa-se que a maio-
ria dos casos ocorreram entre pessoas autodeclaradas pardas, totalizando 28 registros.
Variáveis Notificações Total
RAÇA/COR 2018 2019 2020 2021 2022 N
Ignorado/Branco - - 5 - 7 12
Branca - - - - 1 1
Preta - - 1 - - 1
Parda - 7 8 - 13 28
Indígena - - 1 - - 1
Tabela 4.Distribuição por raça/cor
Fonte: DATASUS/SINAN (2025)
Este resultado diverge de estudos realizados em outras regiões no Brasil, onde a maior
parte das notificações de TMRT foi observada em indivíduos da raça/cor branca (Oliveira et
al., 2024; Queiroz et al., 2023; Silvério et al., 2024).
Ao interpretar este achado, é essencial considerar os aspectos da composição demo-
gráfica da região Norte. Segundo o Censo Demográfico de 2022, 67% dos habitantes dessa
região se declararam pardos, representando o maior percentual entre os grupos étnicos.
Diante disso, a prevalência dos TMRT entre os indivíduos pardos pode estar associada à
maior representatividade desse grupo na população local.
Adicionalmente, na Tabela 5 observa-se que indivíduos com o ensino médio completo
Capítulo 3
37
Editora Pascal
representaram o grupo mais notificado em termos de escolaridade, totalizando 21 casos.
Variáveis Notificações Total
ESCOLARIDADE 2018 2019 2020 2021 2022 N
Ensino médio completo - 7 - - 14 21
Educação superior in-
completa - - 4 - 7 11
Educação superior com-
pleta - - 11 - - 11
Tabela 5. Nível de escolaridade da população trabalhadora com TMRT
Fonte: DATASUS/SINAN (2025)
A literatura frequentemente associa a maior propensão à TM entre a população com
níveis mais baixos de escolaridade, visto que esses indivíduos podem enfrentar maiores
dificuldades de inserção no processo produtivo e condições socioeconômicas mais precá-
rias, conforme demonstrado em um estudo realizado no Estado de Pernambuco (Luder-
mir; Filho, 2002).
Entretanto, no presente estudo, a maior prevalência foi observada entre pessoas com
nível médio completo, o que pode estar relacionado ao perfil ocupacional desse grupo.
Trabalhadores com essa escolaridade frequentemente ocupam cargos de trabalho que
exigem alta produtividade, oferecem baixa estabilidade e diariamente expõem os indi-
víduos a situações de estresse (Cordeiro et al., 2016; Jesus, 2019). Dessa forma, é possível
afirmar que a maior frequência de exposição a esses fatores está diretamente associada ao
desenvolvimento de TM entre os trabalhadores (Ribeiro et al., 2019).
No que se refere à conduta de afastamento, verificou-se que 28 casos evoluíram para
incapacidade temporária, enquanto 23 foram registrados como ignorados ou em branco,
conforme analisado na Tabela 6.
Variáveis Notificações Total
CONDUTA DE AFASTA-
MENTO 2018 2019 2020 2021 2022 N
Ignorado/Branco - 7 2 - 14 23
Sim - - 13 - 7 20
Incapacidade Temporária - 7 13 - 8 28
Tabela 6. Evolução dos casos notificados de TMRT.
Fonte: DATASUS/SINAN (2025)
A deterioração da saúde mental pode comprometer significativamente as atividades
laborais dos trabalhadores, resultando em afastamentos, conforme demonstrado neste
estudo, no qual a incapacidade temporária foi a principal evolução entre os casos notifica-
dos.
O afastamento decorrente de TMRT representa um problema de saúde pública, com
impactos que vão além do indivíduo, afetando também as organizações e gerando altos
custos socioeconômicos (Sousa et al., 2020). Diante desse cenário, torna-se essencial o mo-
nitoramento contínuo e a avaliação sistemática desses casos, a fim de promover o apri-
moramento das políticas de recursos humanos e proporcionar melhorias na qualidade de
vida no trabalho (Ribeiro et al., 2019).
Capítulo 3
38
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Ainda em relação à conduta de afastamento, nota-se uma quantidade significativa de
casos registrados como ignorados ou em branco, evidenciando uma das grandes limita-
ções para o estudo da prevalência de TMRT. O preenchimento incompleto compromete a
qualidade das informações, dificultando o estabelecimento de um perfil preciso dos casos.
Essa problemática também é observada em outros estudos na literatura, como o realizado
por Silva et al. (2023), onde lacunas semelhantes foram identificadas em suas análises.
Dessa forma, torna-se perceptível o impacto do ambiente de trabalho na saúde men-
tal da população em idade ativa. Esses achados enfatizam a necessidade da realização de
mais estudos abordando os TMRT, especialmente no município de Belém, onde há escas-
sez de pesquisas sobre essa temática. Portanto, ao apresentar e analisar o perfil dos casos
de TM notificados entre 2018 e 2022, o estudo contribuirá significativamente para a pro-
moção de uma comunidade mentalmente saudável e o desenvolvimento sustentável de
Belém-PA.
4. CONCLUSÃO
Diante do estudo da prevalência de TMRT em Belém-PA entre 2018 a 2022, os resulta-
dos demonstram que entre durante o período, foram notificados 106 casos de TMRT neste
município. Foi observado a predominância de transtorno neurótico, transtorno relaciona-
do com o “stress” e transtorno somatoformes, entre mulheres, com a idade de 43 anos,
de cor parda e que possuíam o ensino médio completo. Destaca-se ainda que a maioria
desses casos evoluíram à incapacidade temporária.
Portanto, através das análises realizadas, o estudo contribui no reconhecimento dos
fatores de risco associados ao desenvolvimento de TM e pode auxiliar nas estratégias de
intervenção a fim de garantir a qualidade de vida e bem estar no ambiente de trabalho.
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4
Amanda Barros Pinheiro1
Brenda Suelen da Silva Reis1
Leticia Milena da Silva Pinheiro1
Suzanne Alves Corrêa1
Jennyfer Elaine Costa Cunha1
Ingrid de Resende Martins2
Izabela Do Socorro Martins de Resende Martins2
Andrea Lima Silva Figueiredo3
Kamila Leal Correa4
José Raul Rocha de Araújo Júnior4
1 Graduação em Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
2 Discente de Medicina, Centro Universitário do Pará, Belém-Pará
3 Mestra em Epidemiologia e Vigilância em Saúde, Instituto Evandro Chagas, Ananindeua-Pará
4 Docente do curso de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
USO DE PLANTAS MEDICINAIS PARA FINS
GINECOLÓGICOS POR MULHERES RIBEIRINHAS
DA ILHA DE COTIJUBA, PARÁ, BRASIL
USE OF MEDICINAL PLANTS FOR GYNECOLOGICAL PURPOSES BY
RIVERSIDE WOMEN COTIJUBA ISLAND, PARÁ, BRAZIL
10.29327/5529040.1-4
Capítulo 4
41
Editora Pascal
Resumo
As plantas medicinais no tratamento da saúde feminina auxiliam no alívio de sinto-
mas ginecológicos como cólicas menstruais, infecções e inflamações que acome-
tem o órgão genital feminino. Esse uso se dá devido ao fácil acesso as plantas do que
aos medicamentos sintéticos. Entretanto, vale ressaltar que o uso de plantas medicinais
requer a orientação de um profissional habilitado para que o risco do uso seja minimizado.
O objetivo desse trabalho é avaliar o grau de conhecimento de mulheres da Ilha de Cotiju-
ba, que frequentam uma associação denominada de Movimento de Mulheres das Ilhas de
Belém, tem referente a essas plantas para uso ginecológico. O estudo se desenvolveu por
meio de uma pesquisa transversal-descritivaanalítica, tendo como grupo amostral mulhe-
res ribeirinhas da Ilha de Cotijuba, Pará, Brasil. Foram aplicados formulários a 41 mulheres.
As participantes tinham entre 20 e 73 anos de idade, maioria eram agricultoras, com ensi-
no fundamental, recebendo entre um e dois salários-mínimos, com média de dois filhos.
Observou-se que ao sentirem problema ginecológicos as principais plantas utilizadas pe-
las mulheres são: Barbatimão, Jucá, Verônica e Unha de Gato. A maioria confia na eficácia
das plantas medicinais, principalmente pela comprovação prática. Conclui-se que o es-
tudo permitiu obter informações importantes quanto a essas plantas medicinais e como
profissionais habilitados, como o farmacêutico, pode auxiliar a população quanto ao uso
dessas plantas de forma correta, além de abrir perspectiva de desenvolvimento para mais
pesquisas sobre o assunto.
Palavras-chave: Plantas Medicinais, Mulheres, Uso ginecológico, Cotijuba.
Abstract
Medicinal plants in the treatment of female health help to alleviate gynecological
symptoms such as menstrual cramps, infections and inflammations that affect the
female genital organ. This use is due to the easier access to plants than to synthetic
medicines. However, it is worth highlighting that the use of medicinal plants requires the
guidance of a qualified professional so that the risk of use is minimized. The objective of this
work is to evaluate the level of knowledge of women on the Island of Cotijuba, who attend
an association called Women’s Movement of the Islands of Belém, regarding these plants
for gynecological use. The study was developed through a cross-sectional-descriptive-an-
alytical research, with riverside women on the Island of Cotijuba, Pará, Brazil as a sample
group. Forms were applied to 41 women. The participants were between 20 and 73 years
old, the majority were farmers, with primary education, receiving between one and two
minimum wages, with an average of two children. It was observed that when experiencing
gynecological problems, the main plants used by women are: Barbatimão, Jucá, Verônica
and Unha de Gato. Most trust the effectiveness of medicinal plants, mainly due to practical
evidence. It is concluded that the study allowed us to obtain important information regard-
ing these medicinal plants and how qualified professionals, such as pharmacists, can assist
the population in using these plants correctly, in addition to opening up the development
perspective for further research on the subject.
Keywords: Medicinal Plants, Women, Gynecological use, Cotijuba.
Capítulo 4
42
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
1. INTRODUÇÃO
Em maio de 2004, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Atenção Integral
à Saúde da Mulher, com o intuito de abordar a saúde do público feminino, objetivando a
melhoria das condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, buscando garantir direi-
tos legalmente constituídos, ampliando os meios e serviços de prevenção, promoção, as-
sistência e recuperação da saúde, atendendo a contribuição para a redução da mortalida-
de feminina no Brasil, por causas evitáveis, incluindo os problemas ginecológicos (COSTA
et al., 2014).
Entre estes problemas, destacam aqueles relacionados a menstruação enquadrando-
-se os sangramentos uterino elevado, anovulatório (sangramento irregular), atrasos mens-
truais e amenorreias, além de candidíase, síndrome do ovário policístico (SOP), mioma ute-
rino e endometriose (BRASIL, 2016).
Dentre as terapias, destacam-se os fármacos como antimicrobianos, antifúngicos
e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) usados para problemas como dismenorreia.
Além dos tratamentos alopáticos utilizados pela medicina, no Brasil e no mundo, há outras
formas de se tratar doenças, como o uso de plantas medicinais (COOPER et al., 2016; MO-
REIRA, 2012; NUNES et al., 2014).
As plantas medicinais atingiram destaques pelo Ministério da Saúde por meio da Polí-
tica Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, sendo inclusive, utilizadas para a
saúde do público feminino. É nítido que o uso deste recurso em nosso país não se justifica
apenas porque o Brasil apresenta uma rica diversidade de plantas e sim, principalmente,
por muitas vezes serem o único recurso que moradores de muitas comunidades possuem,
além do custo elevado de medicamentos sintéticos (SOUSA et al., 2017; BOLZANI, 2016; DE
AZEVEDO, 2013; BARRETO, 2016).
Plantas medicinais são espécies de plantas que possuem propriedades terapêuticas,
é considerada assim a partir da presença de substâncias que ao serem administradas ao
ser humano, tem potencial de curar ou tratar doenças. Segundo a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA), o uso de plantas medicinais para o tratamento de doenças já
é exercido pela humanidade desde a antiguidade, porém o uso das mesmas deve ser feito
de forma racional, evitando efeitos indesejáveis (BRASIL, 2012; BRASIL, 2022).
No entanto, apesar de ser natural, o uso irracional de algumas plantas medicinais por
mulheres no tratamento de doenças ginecológicas pode trazer efeitos adversos quando
administrada de forma incorreta, provocados principalmente pela falta de informações ou
mesmo a carência de orientação de profissionais da saúde com conhecimento sobre o uso
dessas plantas medicinais. É de extrema importância enfatizar sobre correta administra-
ção, dose, dosagem e forma de preparo no uso de plantas medicinais, caso contrário sua
eficiência pode ser comprometida (CARVALHO et al., 2013; OLIVEIRA, 2014; LUCENA, 2015).
Diante do uso constante das plantas medicinais como alternativa de tratamento de
determinadas doenças, o presente estudo buscou avaliar o grau de conhecimento sobre
plantas medicinais para uso ginecológico por mulheres da Ilha de Cotijuba sobre as plan-
tas medicinais e uso destas plantas no tratamento de afecções ginecológicas.
Capítulo 4
43
Editora Pascal
2. MÉTODO
Durante o mês de novembro de 2023, 41 mulheres associadas ao Movimento de Mu-
lheres das Ilhas de Belém - MMIB da Ilha de Cotijuba, Belém - PA, foram convidadas de for-
ma presencial por líderes comunitários a participarem de uma reunião realizada na sede
do MMIB, onde houve uma explanação sobre objetivos e metodologia da pesquisa. Aque-
las que concordaram em participar do estudo, assinaram o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE).
Foram incluídos nesta pesquisa todas as mulheres associadas ao MMIB, residentes
da Ilha de Cotijuba e que apresentam alguma condição ginecológica. Entre os excluídos
da pesquisa estão as mulheres menores de 18 anos e que não compreenderam o teor do
questionário. Foi aplicado um formulário, no qual as perguntas abordaram sobre dados
sociodemográficos, conhecimento sobre as plantas medicinais, período em que são utili-
zadas e o tempo de uso.
O estudo se desenvolveu através de uma pesquisa transversal-descritiva-analítica,
tendo como grupo amostral mulheres ribeirinhas da Ilha de Cotijuba, Pará, Brasil. Inicial-
mente, foi realizada uma revisão bibliográfica abrangente para compreender a utilização
de plantas medicinais em questões ginecológicas em contextos semelhantes e identificar
as principais espécies de plantas relatadas. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas
estruturadas com as participantes, utilizando um formulário que aborde temas como o
conhecimento sobre plantas medicinais.
Por se tratar de uma pesquisa com população específica envolvendo humanos, foi
necessário a apreciação por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), via Plataforma Brasil res-
peitando as diretrizes estabelecidas pela Resolução n° 506/16 e n° 466, de 12 de dezembro
de 2012 e alcançou a aprovação sob o número 6.553.356.
Foi estabelecido contato prévio com líderes comunitários locais para obter permissão
e apoio para a pesquisa. Somente as líderes entraram em contato com as mulheres parti-
cipantes da associação e as convidaram para uma reunião comunitária onde foi possível
explicar os objetivos da pesquisa e obter a colaboração das mulheres. Durante a reunião,
foram fornecidas informações sobre os riscos e benefícios da pesquisa para as participan-
tes e a garantia de confidencialidade.
Os pesquisadores deste estudo, em nenhum momento, tiveram acesso aos conta-
tos, prontuários, imagens ou quaisquer documentos pessoais das participantes. Antes da
participação, todas as mulheres foram convidadas a assinar um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE), no qual foram informadas sobre os objetivos, procedimentos,
benefícios e riscos da pesquisa. As voluntárias foram orientadas sobre o direito de recusar
ou retirar seu consentimento a qualquer momento.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Dentre as 41 mulheres participantes do estudo, verificou-se que a faixa etária entre
elas varia de 20 a 73 anos, as mulheres que têm filhos estão em maior quantidade repre-
sentando 29/41 (70,7%) mulheres, elas usaram como justificativa o fato de casar-se muito
jovem, não utilizarem métodos contraceptivos, além de estar relacionado com religião,
pois a crença e a cultura, lhes ensinam que devem casar e ter filhos. Pode-se levar em
consideração o estudo de (SOUZA et al.2017,) o qual diz que algumas comunidades tradi-
cionais da Amazônia, possuem características passadas e estas características refletem no
comportamento sexual e reprodutivo, ainda atualmente.
Capítulo 4
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Quanto à escolaridade percebeu-se que 1/41 (2,4%) não são alfabetizadas, 16/41 (39%)
possuem somente ensino fundamental, 13/41 (31,8%) possuem ensino médio, 1/41 (2,4%)
possuem curso técnico e 10/41 (24,4%) delas concluíram o ensino superior. O nível de esco-
laridade está relacionado com a idade e a época em que viveram, como algumas destas
mulheres são idosas, relataram que no tempo delas não havia muita oportunidade de es-
tudo e que a ocupação delas era cuidar da casa, dos filhos ou até mesmo dos irmãos mais
novos, enquanto os pais trabalhavam fora, geralmente na agricultura (Tabela 1).
Variável n%
Faixa etária
20 - 29 6 14,6
30 – 40 8 19,5
41 – 50 9 22
51 – 60 6 14,6
61 – 73 12 29,3
Possui filhos Sim 29 70,7
Não 12 29,3
Escolaridade
Não alfabetizada 1 2,4
Ens. fundamental 16 39
Ens. médio 13 31,8
Técnico 1 2,4
Graduação 10 24,4
Salários
<1 Salário 12 29,3
1 – 2 Salários 17 41,5
2 Ou mais salários 12 29,3
Tabela 1. Dados sociodemográficos das mulheres participantes da pesquisa, do movimento de Mulheres
das Ilhas de Belém, Cotijuba – PA
Fonte: Acervo do autor.
Em relação à renda familiar das entrevistadas, 12/41 (29,3%) ganham menos de um sa-
lário-mínimo, porque trabalham de forma autônoma, principalmente no período de férias
em que a ilha recebe muitos turistas, grande parte delas são agricultoras, outras artesãs.
17/41 (41,5%) ganham de um a dois salários-mínimos, a maioria das mulheres pertencentes
a esse grupo com renda de um a dois salários-mínimos relataram que, na verdade esse
salário é a aposentadoria, pois estas mulheres já são idosas e 12/41 (29,3%) recebem dois ou
mais salários.
Ao sentirem ou terem esses problemas ginecológicos, foi demonstrado que plantas
medicinais como Jucá (23,6%), possui propriedades anti-inflamatórias, porém de acordo
com os estudos de (MATOS, 2021) é muito utilizado como xarope caseiro para tosse seca,
em aversão a este estudo, as mulheres entrevistadas relataram que fazem o uso destas
plantas para asseio, principalmente no pós-parto e como auxiliar na cicatrização de feridas.
Barbatimão (Stryphnodendron adstringens Mart) (15,7%), tem seu significado na lín-
gua indígena como árvore que aperta e na linguagem popular conhecida como casca da
virgindade, acredita-se que esta denominação pode estar associada a adstringência da
espécie. Na medicina popular a casca é a principal parte utilizada no preparo de chás ou
banhos (SOARES et al., 2020). Segundo os estudos de (LORENZZI, 2002), é uma planta fre-
quentemente empregada na medicina caseira e popular em muitas partes da região do
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45
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país. Possui atividade antioxidante atribuída a flavonoides e taninos presentes em sua cas-
ca (CASTEJON, 2011) assim sendo muito usado pelas entrevistadas do MIIB, como banho de
assento, principalmente no puerpério.
Verônica (Veronica Officinales L.) (14,9%), esta é uma planta que possui atividades
anti-inflamatórias, usada popularmente no tratamento de hemorragias e como antioxi-
dante, esta espécie possui propriedades terapêuticas como antifúngica, antibacteriana,
anti-inflamatória e anti-helmíntica (SAHA et al., 2013), por meio da aplicação do formulário
foi possível receber relato das mulheres entrevistadas, que elas utilizam esta planta para
infecções manifestadas no período menstrual.
Uxi amarelo (Endopleura uchi) (9,6%) sendo esta uma planta de origem amazônica, é
usada tradicionalmente no tratamento inflamações e doenças femininas, isto indica que
o conhecimento das mulheres ribeirinhas do MMIB está de acordo com o estudo dos au-
tores (NUNOMORA et al., 2009). Unha de gato (13,1%), esta planta tem suas origens nas flo-
restas da região amazônica, utilizada em algumas patologias, dentre elas estão o processo
inflamatório em infecções geniturinária e irregularidades menstruais, como cita (POLLITO
et al, 2006). Aroeira (Schinus terebinthifolia) (6,1%), pertencente à Classe Magnoliopsida, de
acordo com (FALCÃO et al., 2015) é amplamente utilizada na medicina popular e conhe-
cida por sua ação antimicrobiana, anti-inflamatória e cicatrizante, pelas participantes da
pesquisa é utilizada principalmente como anti-inflamatório.
Pata de vaca (Bauhinia forficata) (4,3%), pertencente a classe Magnoliopsida, ordem
fabales e família Fabaceae, de acordo com (SILVA – LÓPEZ, 2015) é utilizada para tratar
doenças como diabetes, inflamações, infecções e dores, dentre as mulheres que respon-
deram o formulário é amplamente utilizada para tratar dores, inflamações e infecções,
apesar de 12,2% dessas mulheres responderam o formulário que utilizam outras plantas,
não identificaram que outras plantas são essas (Gráfico 1).
Gráfico 1. Plantas utilizadas quando há queixas ginecológicas em mulheres participantes da pesquisa, do
movimento de mulheres das Ilhas de Belém, Cotijuba – PA
Fonte: Elaborado pelo autor, 2023.
No período menstrual a entrevista demonstrou que a maior porcentagem (56,2%) das
mulheres não faz o uso de plantas medicinais, segundo elas não há necessidade e outras
tem até medo de utilizar neste período, pois relatam que pode interferir no ciclo, apenas
uma pequena parte faz uso de plantas no período menstrual, sendo a canela (Cinnamo-
mun verum) (14,5%) a planta mais utilizada, é uma espécie rica em flavonoides como lina-
lool, eugenol e hesperidinae possui ação anti-inflamatória, antimicrobiana e glicêmica, é o
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que comprova os estudos realizado pelos autores (PATHAK; SHARMA, 2021).
Arruda (Ruta graveolens) (4,1%), esta possui diversas propriedades farmacológicas,
dentre elas destacam-se a ação contra cólicas, amenorreia, menorragia (perdas sanguíne-
as superiores às normais), é uma espécie rica em compostos como: cumarinas, terpenoi-
des, flavoinoides, alcaloides, cetonas e ácido alifático de acordo com os estudos de (IVA-
NONA et al, 2005). E, manjerona (Origanum manjorana, Lamiaceae) (4,1%), sendo usada
pelas mulheres para aliviar as tensões e o estresse do período menstrual, além de ser usa-
da como analgésico, podendo assim ser justificado pelo estudo dos autores (PAGANINI;
FLORES; SILVA, 2014) onde vão dizer que dentre as propriedades terapêuticas incluem
relaxamento, sedação, expectorante, estomáquico, analgésico e bactericida, usada para
tensão nervosa, enxaquecas, depressão, angústia e insônia. Grande parte destas mulheres
responderam a opção outras (20%), mas não identificaram quais espécies de plantas são
essas (Gráfico 2).
Gráfico 2. Plantas medicinais utilizadas no período menstrual e sua frequência de uso
Elaborado pelo autor, 2023.
Já no pós-parto, o uso desses remédios naturais torna-se frequente, sendo novamente
jucá (Libidibia ferrea var. Leiostachya) com 41,3% o mais utilizado neste período, (MATOS,
2021) fala sobre suas propriedades anti-inflamatórias, além disso as mulheres participan-
tes da pesquisa relatam que o jucá é muito utilizado por elas como cicatrizante, por isso
é muito comum o uso no puerpério. Barbatimão (Stryphnodendron adstringes) (24,3%) e
Babosa (Aloe Vera) (3,4%), sendo estas duas espécies conhecida como anti-inflamatórios
e cicatrizantes, por isso é comum utilizar no pós-parto, principalmente na região genital,
segundo relato das mulheres participantes da pesquisa, no caso do barbatimão sua casca
é utilizada para banho de asseio e a babosa é utilizado o seu gel mucilaginoso (CUNHA,
2005) (Gráfico 3).
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Editora Pascal
Gráfico 3. Plantas medicinais utilizadas no pós-parto e sua frequência de uso
Elaborado pelo autor, 2023.
As queixas ginecológicas mais frequentes descritas pelas mulheres do MMIB foram
Infecção do Trato Urinário (ITU) (43,8%) (Gráfico 4), estando em maior prevalência, justifi-
cando se pelos estudos de (HEILBERG; SCHOR, 2003; JACOCIUNAS; PICOLI, 2007; NISHIU-
RA; HEILBERG, 2009) onde diz que a maior susceptibilidade do sexo feminino se dá pelas
características anatômicas, pois as mulheres apresentam um curto comprimento da ure-
tra e por apresentar maior proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e uretra.
Gráfico 4. Frequência de queixas ginecológicas em mulheres participantes da pesquisa do movimento de
mulheres das Ilhas de Belém, Cotijuba – PA
Elaborado pelo autor, 2023.
Cistos (19,3%), desenvolvendo a Síndrome dos Policísticos – SOP, sendo um distúrbio
comum em mulheres na idade, muitas vezes até a menopausa, segundo (YARAK et al.,
2005). O ovário além de fazer parte do sistema reprodutor feminino é também pertencen-
te ao sistema endócrino, em decorrência disso ele recebe influência de hormônios, como o
hormônio luteinizante, hormônio folículo estimulante e insulina, mas também é produtor
de estrógenos e progestagênios (KOEPPEN; STANTON, 2009).
Candidíase (14%) é um dos diagnósticos mais frequentes em ginecologia, sendo o tipo
mais comum de vaginite aguda nos países tropicais (HOLANDA et al., 2006) e entre as mu-
lheres participantes da entrevista ela também é uma patologia frequente, ainda que baixa
em escala, pelo menos a minoria já apresentou alguma vez na vida esta afecção ginecoló-
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Acervo Cientíco da Amazônia
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gica. Como relatam os autores (SOARES; LIMA, 2023) Candida é a segunda infecção genital
que mais atinge mulheres em idade reprodutiva, é certo que mulheres irão ter manifesta-
do essa vulvovaginite em alguma fase da vida, cerca de 70% delas, e cerca de 5% podem
evoluir para candidíase recorrente, geralmente a candidíase recorrente é contraída por
relação sexual ou maus hábitos de higiene.
O uso de plantas medicinais é de grande importância em nossa região, devido ao fato
de vivermos em um grande centro de biodiversidade como a Amazônia e por adquirirmos
conhecimentos sobre elas de várias maneiras, como exemplo, pelos saberes tradicional e
científico. Para (ROCHA et al., 2022), o conhecimento empírico sobre as práticas voltadas
para cura de doenças faz parte da cultura regional dos ribeirinhos, sendo importante o
aprofundamento de pesquisas relacionadas a terapia popular com utilização da flora local,
buscando comprovar a eficácia ou ineficiência dos fitoterápicos.
Sendo assim, é importante mais estudos sobre os fins medicinais das plantas de nos-
sa região, a fim de promover educação em saúde, o fato delas adquirirem o conhecimento
popular de seus antepassados 40/41 (97,5%) adquiriram esta prática na família e apenas
1/41 (2,4%) aprendeu com vizinhas, faz com que a maioria acredite que por ser natural ja-
mais vai lhe causar efeitos adversos 28/41 (68,2%) e apenas 13/41 (31,7%) dizem que se con-
sumir em excesso pode lhe fazer mal.
É necessário levar em consideração que dentro MMIB estas mulheres recebem
incentivo de cultivar suas próprias plantas medicinais, aderindo um estilo de vida mais
saudável, em virtude disso, entre elas 35/41 (85,3%) cultivam suas plantas e 6/41 (14,6%) não
cultivam nenhuma espécie de plantas medicinais (Tabela 2).
Variável n%
Onde adquiriu conhecimento so-
bre plantas medicinais
Família 40 97,6
Vizinhas 1 2,4
Amigos - -
Cultiva suas próprias plantas me-
dicinais?
Sim 35 85,4
Não 6 14,6
Acredita que pode causar danos? Sim 13 31,7
Não 28 68,3
Tabela 2. Ocorrência de possíveis efeitos adversos das plantas medicinais utilizadas pelas mulheres partici-
pantes da pesquisa do movimento das mulheres das ilhas de Belém, Cotijuba - PA
Elaborado pelo autor, 2023.
Quanto ao conhecimento de plantas medicinais pelas participantes da pesquisa, ao
se sentirem doentes foi demonstrado que a maior parte das mulheres preferem remédios
caseiros 24/41 (58,1%), seguido das que preferem consultar um médico 14/41 (34,1%), e a
menor parte vai direto a uma farmácia 3/41 (7,3%). Em relação à preferência do uso de plan-
tas medicinais, a maior parte das mulheres 22/41 (53,6%) as preferem por serem naturais,
seguido de 14/41 mulheres (34,1%) que utilizam porque lhes foi ensinado assim, enquanto
2/41 (4,8%) não confiam em medicamentos, 2/41 (4,8%) consideram de fácil acesso e a me-
nor parte 1/41 (2,4%) acham os medicamentos convencionais é caro (Tabela 2).
Referente ao tempo de uso das plantas medicinais, a maioria das mulheres 16/41 (39%)
usam desde a infância, devido a tradição familiar e 36/41 (87,8%) utilizam desde a adolescên-
cia, 9/41 (21,9%) iniciou o uso na fase adulta, em contrapartida a menor parte 4/41 (9,7%) usam
desde a menarca e 5/41 (12,2%) sentiram efeitos adversos ao utilizarem as plantas (Tabela 3
).
Capítulo 4
49
Editora Pascal
Variável n %
Ao sentir-se doente ou com mal-es-
tar o que prefere
Consulta médica 14 34,1
Remédios caseiros 24 58,6
Farmácia/Drogaria 3 7,3
Por que prefere as plantas?
Por ser natural 22 53,7
Acha medicamento caro 1 2,4
Fácil acesso 2 4,9
Foi ensinada assim 14 34,1
Não confia em medicamen-
tos 2 4,9
Há quanto faz uso?
Desde a infância 16 39
Desde a adolescente 12 29,3
Desde a menarca 4 9,7
Iniciou-se na fase adulta 9 22
Tabela 3. Conhecimento das plantas medicinais pelas mulheres participantes da pesquisa, do movimento
de mulheres das ilhas de Belém, Cotijuba - PA
Fonte: Elaborado pelo autor, 2023.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Dessa forma, conclui-se que o uso de plantas medicinais é algo antigo e ainda muito
comum em nossa sociedade, não sendo diferente nas comunidades mais afastadas dos
centros urbanos, pois ainda é frequente seu uso pelas mulheres ribeirinhas na Ilha de Co-
tijuba – PA, por conta do saber tradicional de suas propriedades fitoterápicas e pela trans-
missão de saberes adquiridos de seus antepassados.
Ademais, estas mulheres utilizam uma ampla variedade de plantas, preferindo-os até
mais que os medicamentos sintetizados, tornando importante o conhecimento por profis-
sionais da área da saúde sobre esses usos e propriedades de plantas medicinais, para que
assim haja uma boa orientação por parte desses para essa comunidade, prestando uma
boa assistência farmacêutica, pois é extremamente necessário, uma vez que a maioria de-
las não acredita que pode haver efeitos adversos decorrentes das plantas e assim evitar
possíveis riscos à saúde.
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5
Bruna Ferreira de Paula1
Adriano Cardoso Moreira1
Luziane da Silva Silva1
Jennyfer Elaine Costa Cunha1
Ingrid de Resende Martins2
Izabela Do Socorro Martins de Resende Martins2
Andrea Lima Silva Figueiredo3
Alessandra Pereira da Silva4
Adreanne Oliveira da Silva5
José Raul Rocha de Araújo Júnior5
1 Graduação em Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
2 Discente de Medicina, Centro Universitário do Pará, Belém-Pará
3 Mestra em Epidemiologia e Vigilância em Saúde, Instituto Evandro Chagas, Ananindeua-Pará
4 Doutora em Virologia, Instituto Evandro Chagas, Ananindeua-Pará
5 Docente do curso de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
PERCEPÇÃO DOS RESIDENTES DE BELÉM-PA
SOBRE O USO DE MEDICAMENTOS À BASE DE
CANABINÓIDES
PERCEPTION OF BELÉM-PA RESIDENTS ON THE USE OF
CANNABINOID-BASED MEDICATIONS
10.29327/5529040.1-5
Capítulo 5
52
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Resumo
O
canabidiol (CBD) é um dos mais de 100 compostos químicos conhecidos como ca-
nabinoides encontrados na planta Cannabis sativa. Confundido com a droga ilícita
proveniente da mesma planta, o CBD tem sido, nos últimos anos, objeto de inten-
sos debates e discussões, devido aos estigmas sociais e dúvidas sobre seu uso terapêutico.
Sua descoberta remonta à década de 1940 e, desde então, estudos têm aprofundado seu
uso terapêutico em áreas como o tratamento de epilepsia refratária, ansiedade, depressão,
entre outros. No entanto, no Brasil, ainda se observa uma resistência à sua aceitação, ape-
sar dos benefícios comprovados. O presente trabalho teve como objetivo compreender a
percepção pública dos moradores de Belém-PA, sua confiança nos profissionais da saúde
e seu conhecimento sobre o uso terapêutico do CBD. O estudo utilizou uma pesquisa de
campo com uma amostragem de 125 voluntários, que responderam a um questionário
objetivo de forma anônima, compartilhando suas percepções sobre o composto canabi-
diol. Os resultados foram organizados em planilhas e distribuídos por meio de gráficos,
apresentando uma visão objetiva sobre cada resposta, com o objetivo principal de avaliar
o perfil de conhecimento dos moradores de Belém sobre o uso do canabidiol. A conclusão
dessa pesquisa demonstrou que, apesar de uma parcela da amostra ter alguma familiari-
dade com os medicamentos à base de canabinoides e seus benefícios, ainda existe uma
parcela considerável que carece de informações adequadas. Esse dado destaca a necessi-
dade de políticas públicas que promovam a conscientização e o esclarecimento sobre os
benefícios e a segurança desses tratamentos.
Palavras-chave: Canabidiol (CBD), Canabinoides, Uso terapêutico, Percepção pública,
Conscientização.
Abstract
Cannabidiol (CBD) is one of over 100 chemical compounds known as cannabinoids
found in the Cannabis sativa plant. Often confused with the illicit drug from the
same plant, CBD has been the subject of intense debates and discussions in recent
years due to social stigmas and doubts about its therapeutic use. Its discovery dates back
to the 1940s and, since then, studies have deepened its therapeutic use in areas such as
the treatment of refractory epilepsy, anxiety, depression, among others. However, in Brazil,
there is still resistance to its acceptance despite its proven benefits. This study aimed to un-
derstand the public perception of residents of Belém-PA, their trust in health professionals,
and their knowledge about the therapeutic use of CBD. The study utilized field research
with a sample of 125 volunteers who answered an objective questionnaire anonymously,
sharing their perceptions about the compound cannabidiol. The results were organized
into spreadsheets and distributed through graphs, presenting an objective view of each
response, with the main objective of evaluating the knowledge profile of the residents of
Belém about the use of cannabidiol. The conclusion of this research demonstrated that, al-
though a portion of the sample has some familiarity with cannabinoid-based medications
and their benefits, there is still a considerable portion that lacks adequate information.
This data highlights the need for public policies that promote awareness and clarification
about the benefits and safety of these treatments.
Keywords: Cannabidiol (CBD), Cannabinoids, Therapeutic Use, Public Perception,
Awareness.
Capítulo 5
53
Editora Pascal
1. INTRODUÇÃO
A descoberta do canabidiol (CBD) remonta à década de 1940, quando o composto foi
isolado pela primeira vez por dois químicos brasileiros, com destaque para o Dr. Raphael
Mechoulam, que em 1963 identificou o CBD. Desde então, as pesquisas sobre o canabidiol
avançaram significativamente, revelando suas propriedades terapêuticas e aprofundando
o entendimento sobre seus mecanismos de ação no organismo humano (SILVA, 2023).
Os canabinoides constituem uma classe de compostos químicos que ativam recepto-
res específicos no corpo humano, permitindo a interação dessas substâncias com o meta-
bolismo celular. O termo “canabinoides” inclui tanto os fitocanabinoides, compostos natu-
rais presentes nas plantas do gênero Cannabis, quanto os endocanabinoides, produzidos
pelo próprio organismo para regular funções fisiológicas essenciais (ARAÚJO et al., 2023).
Os endocanabinoides atuam como neurotransmissores, sendo sintetizados sob de-
manda em resposta a estímulos específicos. Esses compostos são produzidos em diversas
regiões do corpo, como o cérebro, sistema imunológico, sistema nervoso periférico e trato
gastrointestinal, desempenhando um papel relevante na regulação de processos fisiológi-
cos (TEGRA PHARMA, 2021).
As flores e a resina do caule da Cannabis contêm compostos como canabinoides, fla-
vonoides e terpenos, que apresentam propriedades terapêuticas e psicoativas (MORAIS et
al., 2020). Esses compostos são utilizados no alívio de dores crônicas, controle de convul-
sões em pacientes com epilepsia refratária, redução da ansiedade e depressão, além de
apresentarem potencial anti-inflamatório e neuroprotetor (SILVA et al., 2022).
No Brasil, o uso terapêutico dos canabinoides enfrenta desafios históricos, éticos e so-
ciais. De acordo com Silva (2023), apenas um medicamento contendo uma proporção ba-
lanceada de Tetrahidrocanabidiol (THC) e CBD está disponível no país: o Mevatyl, aprovado
pela Anvisa em 2017 para o tratamento de espasmos causados pela esclerose múltipla.
Haddad (2022) aponta que a percepção pública sobre o uso de medicamentos à base
de canabinoides no Brasil é diversificada. Alguns indivíduos reconhecem seus benefícios
terapêuticos e impacto positivo na qualidade de vida, enquanto outros manifestam preo-
cupações em relação aos efeitos colaterais, riscos de dependência e eficácia terapêutica.
Além disso, o estigma social associado ao uso da Cannabis pode influenciar negativamen-
te a aceitação desses medicamentos.
Fatores culturais, educacionais e experiências pessoais afetam a percepção dos in-
divíduos em relação ao uso de canabinoides (SILVA, 2023). Diante disso, este projeto tem
como objetivo investigar a percepção dos residentes de Belém-PA sobre medicamentos à
base de canabinoides, contribuindo para a compreensão de como esses fatores moldam a
opinião pública sobre o tema.
2. MÉTODO
2.1 Tipo de pesquisa
A pesquisa foi de natureza quantitativa descritiva, utilizando a coleta de dados para
investigar a percepção pública sobre medicamentos à base de canabinoides. Esse tipo de
pesquisa buscou descrever as características de uma população específica, neste caso, os
residentes de Belém-PA, coletando dados objetivos que foram analisados quantitativa-
Capítulo 5
54
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
mente. A abordagem descritiva foi adequada para entender a distribuição de opiniões e
comportamentos de um grupo específico sobre o tema.
2.2 Participantes
Os participantes da pesquisa foram abordados de forma aleatória em um local de fácil
acesso e grande circulação de pessoas. A população foi composta por indivíduos com mais
de 18 anos, que voluntariamente e anonimamente decidiram responder ao formulário. O
tamanho da amostra foi de 125 pessoas.
2.3 Local de pesquisa
A pesquisa foi realizada no dia 22 de setembro de 2024 na Praça da República, loca-
lizada na Avenida Presidente Vargas, Bairro da Campina, Belém-PA. O local foi escolhido
devido ao fácil acesso e à grande circulação de pessoas, permitindo abordar e abranger
uma amostra diversificada cultural, econômica e socialmente.
2.4 Critérios de inclusão
Os critérios de inclusão adotados foram indivíduos com 18 anos ou mais, moradores
da cidade de Belém do Pará, indivíduos de todos os gêneros, participantes que concordem
voluntariamente em responder ao formulário de forma anônima.
2.5 Coleta de dados
Os dados foram coletados por meio de um formulário estruturado com perguntas
fechadas, aplicadas pelos três primeiros autores da pesquisa. O questionário abordou os
seguintes temas:
• Nível de conhecimento sobre medicamento a base de canabinoides
• Comparação com drogas ilícitas
• Confiança e disposição para uso
• Confiança nos profissionais de saúde
2.6. Análise de dados
Os dados foram armazenados em planilhas do software Microsoft Excel e, posterior-
mente, analisados por meio de estatística descritiva, incluindo frequências, porcentagens
e médias.
2.7 Cuidados éticos
A pesquisa não foi submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa, pois se enqua-
dra como pesquisa de opinião pública com participantes não identificados, conforme
Capítulo 5
55
Editora Pascal
a Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 510/16. Contudo, os participantes foram
orientados sobre os objetivos e métodos da pesquisa, assegurando a confidencialidade
dos dados e garantindo a proteção dos indivíduos envolvidos, em respeito à sua condição
de participantes e voluntários.
2.8 Riscos e benefícios
Os riscos da pesquisa são mínimos e incluem desconforto, exposição da identidade
e possíveis desafios no registro de dados. Para mitigar esses riscos, os pesquisadores se
comprometeram a manter o sigilo das respostas, proteger a identidade dos participantes
em todas as fases e garantir a precisão no registro de dados. A informação sobre a prote-
ção de identidade dos participantes e a confidencialidade dos dados coletados na pesqui-
sa está relacionada a Lei nº 13.709/2018. Em relação aos benefícios, esta pesquisa tem como
objetivo ganhar relevância profissional e acadêmica, contribuindo para a compreensão do
nível de conhecimento da população em relação aos medicamentos genéricos. Além dis-
so, esse trabalho pode servir como base para futuras pesquisas que implementem novos
conhecimentos tanto na academia quanto na vida profissional.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A pesquisa de campo realizada teve como objetivo avaliar o conhecimento, as percep-
ções e a aceitação da população em relação aos medicamentos à base de canabinoides.
As perguntas focaram em aspectos como a familiaridade dos entrevistados com o tema, a
compreensão dos usos terapêuticos dos canabinoides e suas percepções sobre a seguran-
ça, eficácia e regulamentação desses medicamentos. Os resultados obtidos foram varia-
dos, indicando tanto a aceitação quanto a persistência de preconceitos e desinformação.
Na primeira pergunta, “Qual seu gênero?”, 70,4% dos entrevistados afirmaram ser
mulheres, enquanto 29,6% relataram ser homens. Essa alta diferença deve-se ao fato de
um maior número de mulheres terem se pronunciado para responder ao formulário apre-
sentado.
Na segunda pergunta, “Qual sua faixa etária?”, 44,8% dos entrevistados responderam
estar na faixa de 18 a 32 anos, 29,6% na faixa de 33 a 47 anos, 17,2% na faixa de 48 a 62 anos,
6,9% na faixa de 63 a 77 anos e apenas 1,7% informaram ter acima de 77 anos, conforme
demonstra o Figura 1. Esses dados indicam que, em relação à faixa etária, quanto mais
jovem o entrevistado, mais suscetível ele era a responder. Com o aumento da faixa etária,
provavelmente devido aos paradigmas da sociedade, houve maior dificuldade em obter
respostas.
Capítulo 5
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Figura 1. Segunda pergunta do formulário, qual sua faixa etária?
Na terceira pergunta, “Você já ouviu falar sobre medicamentos à base de canabinoi-
des?”, 66,4% dos entrevistados afirmaram já ter conhecimento sobre o assunto, enquanto
33,6% relataram não ter ouvido falar, conforme demonstra o Figura 2. Esse dado indica
que, embora a maioria da população tenha algum grau de familiaridade com os medica-
mentos derivados da planta Cannabis, uma parcela significativa ainda não foi exposta a
informações adequadas ou suficientes sobre o tema.
Esse resultado pode ser interpretado à luz da crescente regulamentação de medi-
camentos à base de canabinoides em várias partes do mundo, assim como da ampliação
da cobertura midiática sobre seus potenciais benefícios para a saúde. No entanto, o per-
centual daqueles que não possuem qualquer conhecimento sobre o assunto evidencia a
necessidade de políticas públicas mais abrangentes que promovam o esclarecimento da
população em geral, facilitando o acesso à informação precisa e desmistificada sobre o uso
medicinal da planta (SCHLAG et al., 2021).
Figura 2. Terceira pergunta do formulário, você já ouviu falar sobre medicamentos à base de canabinoides
Na quarta pergunta, “Você sabe para que são usados os medicamentos à base de
canabinoides?”, 81,6% dos entrevistados responderam afirmativamente, enquanto 18,4%
declararam desconhecimento, como mostra o Gráfico 3. Este dado sugere que, mesmo
que a maioria das pessoas esteja ciente da existência desses medicamentos, há uma par-
cela significativa que não compreende suas indicações terapêuticas. Entre as condições
que podem ser tratadas com canabinoides estão epilepsia, dor crônica, esclerose múltipla,
náuseas e vômitos decorrentes de quimioterapia, além de distúrbios de ansiedade e de-
pressão, conforme apontado em diversos estudos científicos (LEINEN et al., 2023).
O alto nível de conhecimento sobre as aplicações dos canabinoides pode ser atribu-
ído a campanhas educativas mais direcionadas ou à experiência direta ou indireta com o
tratamento. Contudo, a porcentagem de 18,4% que desconhece essas indicações reforça a
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necessidade de mais esforços educacionais, especialmente no que diz respeito a destacar
os contextos nos quais esses medicamentos podem ser benéficos e diferenciá-los do uso
recreativo da planta.
Figura 3. Quarta pergunta do formulário, você sabe para que são usados os medicamentos à base de cana-
binoides?
Na quinta pergunta, “Você acredita que medicamentos à base de canabinoides são
parecidos com drogas ilícitas?” revelou que 64,8% dos entrevistados associam os medica-
mentos a drogas ilícitas, enquanto 35,2% não veem semelhança, conforme demonstrado
no Gráfico 4. Essa alta porcentagem de pessoas que ainda faz tal associação reflete o im-
pacto do estigma histórico em torno da Cannabis, muitas vezes associada exclusivamente
ao seu uso recreativo e à criminalidade. Essa percepção equivocada pode estar direta-
mente ligada ao longo período de proibição e marginalização da planta, o que dificulta a
aceitação dos canabinoides como alternativas terapêuticas seguras e eficazes (HEIDT J;
WHEELDON J, 2024).
A crença de que os medicamentos são semelhantes às drogas ilícitas pode afetar ne-
gativamente sua adoção no tratamento de doenças, mesmo que haja evidências substan-
ciais sobre sua segurança e eficácia. É necessário destacar que os medicamentos à base
de canabinoides são desenvolvidos sob rigorosos controles de qualidade e segurança, com
concentrações específicas de compostos como o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol
(THC), que têm funções terapêuticas diferentes (MONTERO-OLEAS et al., 2020).
Figura 4. Quinta pergunta do formulário, você acredita que medicamentos à base de canabinoides são
parecidos com drogas ilícitas?
Quando questionados sobre “Você acredita que medicamentos à base de canabinoi-
des deveriam ser proibidos?”, a grande maioria dos entrevistados, 92,4%, afirmou que não,
enquanto 7,6% respondeu que sim, conforme demonstra o Figura 5. Esse resultado aponta
para uma clara posição da sociedade, que, mesmo com uma parcela ainda tendo receio
da utilização, reconhece que tais medicamentos podem ser de grande ajuda no campo
medicinal.
Capítulo 5
58
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Essa visão evidencia a importância de continuar promovendo debates públicos e for-
necendo informações claras e objetivas que ajudem a desmistificar os medicamentos à
base de canabinoides, abordando sua regulamentação e mostrando os benefícios clínicos
para diversas patologias (GOZZO, 2024).
Figura 5. Você acredita que medicamentos à base de canabinoides deveriam ser proibidos?
A percepção sobre os benefícios dos medicamentos à base de canabinoides é clara-
mente positiva, uma vez que 88,5% dos entrevistados acreditam que esses medicamentos
podem ser benéficos para tratar doenças, enquanto apenas 11,5% discordam, conforme
demonstra Figura 6. Esse resultado demonstra um alto nível de reconhecimento do valor
terapêutico dos canabinoides, o que pode ser fruto da crescente disseminação de estudos
científicos e casos clínicos que mostram sua eficácia em condições difíceis de tratar com
medicamentos convencionais (RUIZ, 2022).
Apesar da resistência detectada em outras perguntas, os dados sugerem que, à me-
dida que mais informações sobre os benefícios desses medicamentos se tornam disponí-
veis, a aceitação deve continuar a crescer, especialmente entre aqueles que anteriormente
tinham uma visão negativa ou limitada sobre o uso medicinal da planta (RYCHERT, 2020).
Figura 6. Você acha que esses medicamentos podem ser benéficos para tratar doenças?
Ao serem questionados “Se um médico recomendasse, você usaria medicamentos à
base de canabinoides?”, 91,8% dos entrevistados disseram que sim, enquanto 8,2% respon-
deram negativamente, conforme mostra Figura 7. A alta taxa de aceitação mostra que,
apesar de qualquer estigma ou preconceito, a maioria dos indivíduos confiaria na reco-
mendação de um médico para utilizar esses medicamentos, demonstrando uma confian-
ça significativa na orientação dos profissionais de saúde.
Esse dado também destaca a importância de garantir que os médicos estejam bem
informados e capacitados para discutir e prescrever medicamentos à base de canabinoi-
des de maneira segura e eficaz, atendendo às necessidades dos pacientes com base em
Capítulo 5
59
Editora Pascal
evidências científicas (FERRARI, 2021).
Figura 7. Se um médico recomenda, você usaria medicamentos à base de canabinoides?
Na pergunta “Você acredita que qualquer médico está apto a prescrever medicamen-
tos à base de canabinoides?”, 80,3% dos entrevistados acreditam que não, enquanto 19,7%
responderam afirmativamente, conforme mostra Figura 8. Esse resultado sugere uma
percepção generalizada de que prescrever medicamentos à base de canabinoides requer
conhecimento especializado e que nem todos os médicos estão suficientemente prepa-
rados para isso.
A desconfiança sobre a aptidão dos médicos para prescrever esses medicamentos
pode ser resultado da recente introdução de canabinoides na prática clínica, o que de-
manda uma atualização constante por parte dos profissionais de saúde. Essa lacuna evi-
dencia a necessidade de mais treinamento e capacitação específica para os médicos que
desejam prescrever canabinoides, garantindo que estejam aptos a orientar seus pacientes
adequadamente (FERRARI, 2021).
Figura 8. Você acredita que qualquer médico está apto a prescrever medicamentos à base de canabinoi-
des?
Por fim, a questão apresentada na Figura 9 “Você confia nos farmacêuticos para
orientar corretamente sobre o uso desses medicamentos?” revelou que 75,4% dos entre-
vistados confiam nos farmacêuticos, enquanto 24,6% não confiam. Esse dado é positivo
e demonstra que a maioria da população vê nos farmacêuticos uma fonte confiável de
orientação sobre medicamentos à base de canabinoides. Contudo, a desconfiança de uma
parcela dos entrevistados também sugere a necessidade de melhorar a comunicação e
a educação sobre o papel desses profissionais na orientação correta sobre esses medica-
mentos (LOPES, 2019).
Capítulo 5
60
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Figura 9. Você confia nos farmacêuticos para orientar corretamente sobre o uso desses medicamentos?
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada sobre o conhecimento, percepções e aceitação da população
em relação aos medicamentos à base de canabinoides oferece insights valiosos sobre a
atual compreensão e aceitação desse tema na sociedade. Os resultados mostram que,
apesar de uma maioria expressiva (66,4%) ter alguma familiaridade com os medicamentos
canabinoides, uma parcela considerável (33,6%) ainda carece de informações adequadas,
revelando uma lacuna significativa no acesso à educação sobre o uso medicinal da Can-
nabis. Esse dado destaca a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a
conscientização e o esclarecimento sobre os benefícios e a segurança desses tratamentos.
Além disso, 81,6% dos entrevistados demonstraram conhecimento sobre as indicações
terapêuticas dos canabinoides, indicando um reconhecimento crescente de suas aplica-
ções em condições como epilepsia, dor crônica e distúrbios de ansiedade. Entretanto, a
associação feita por 64,8% dos participantes entre medicamentos canabinoides e drogas
ilícitas reflete a persistência de estigmas históricos que ainda permeiam a sociedade. Essa
percepção equivale a uma barreira significativa que pode dificultar a aceitação e a adoção
desses medicamentos, mesmo diante de evidências científicas robustas que comprovam
sua eficácia e segurança.
Os resultados mostram que uma parcela majoritária da amostra tem conhecimento
sobre medicamentos à base de canabinoides. No entanto, uma pequena parcela ainda
tem uma opinião discordante quanto ao uso desses medicamentos, sendo observado a
comparação com drogas ilícitas. Isso sublinha a necessidade de diálogos abertos e infor-
mativos sobre a distinção entre o uso medicinal e recreativo da Cannabis.
A disposição expressa por 91,8% dos entrevistados em usar esses medicamentos sob
recomendação médica demonstra confiança na orientação profissional, embora a crença
de que apenas médicos especializados estão capacitados para prescrevê-los (80,3%) sugira
a necessidade de maior formação e atualização dos profissionais de saúde.
Por fim, a confiança expressa por 75,4% da população nos farmacêuticos como fontes
de orientação sobre o uso de canabinoides destaca o papel essencial desses profissionais
na educação dos pacientes e na desmistificação do uso terapêutico da planta. Em suma, a
pesquisa evidencia um potencial promissor para a aceitação dos medicamentos à base de
canabinoides, mas também aponta para a necessidade de ações contínuas e colaborativas
que integrem educação, regulamentação e prática médica. Isso visa não apenas informar
a população, mas também garantir que aqueles que podem se beneficiar dos canabinoi-
des tenham acesso seguro e eficaz a essas terapias. A construção de uma sociedade mais
informada e aberta ao diálogo será fundamental para avançar no uso responsável e ético
Capítulo 5
61
Editora Pascal
dos medicamentos canabinoides, promovendo a saúde e o bem-estar da população.
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6
Ângela Tenório Batista1
Divani Santos Paes1
Joselene dos Santos Progênio de Lima1
Joselina dos Santos Progênio de Sousa2
Kamila Leal Correa3
Ana Carolina da Silva Costa3
1 Graduação em Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
2 Discente de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
3 Docente do curso de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-PA
OS RISCOS DO USO DE ANTI-INFLAMATÓRIOS
NÃO ESTEROIDAIS: UMA PESQUISA DE OPINIÃO
THE RISKS OF USING NON-STEROIDAL ANTI- INFLAMMATORY
DRUGS: AN OPINION SURVEY
10.29327/5529040.1-6
Capítulo 6
63
Editora Pascal
Resumo
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) possuem propriedades analgésicas,
anti- inflamatórias e antipiréticas, atuando pela inibição das enzimas ciclo-oxige-
nases, que participam da síntese de prostaglandinas, mediadores da inflamação.
O uso irracional desses medicamentos pode causar reações gastrointestinais, como ero-
são da mucosa e sangramento, além de aumentar riscos cardiovasculares e renais. Como
muitos AINEs são de venda livre, o consumo descontrolado pode gerar consequências a
longo prazo, impactando negativamente a saúde da população. Este estudo teve como
objetivo avaliar a percepção da população sobre o uso e os riscos dos AINEs no município
de Ananindeua-PA. A pesquisa, de caráter descritivo e abordagem quantitativa e qualita-
tiva, utilizou amostragem por conveniência. A coleta de dados foi realizada em uma praça
pública, onde foram aplicados formulários impressos de forma aleatória. Foram analisados
101 formulários válidos. Os resultados mostraram que 67 (67%) dos entrevistados desconhe-
cem o termo AINEs, mas 65 (65%) já utilizaram esses medicamentos. Além disso, 68 (68%)
relataram uso raro, 12 (12%) utilizam 1 a 2 vezes por mês, 11 (11%) 1 a 2 vezes por semana, 5
(5%) diariamente e 5 (5%) nunca usaram. Entre os participantes, 67 (67%) desconhecem os
riscos do consumo inadequado e 52 (51%) não associaram dor estomacal ao uso dos AINEs.
No entanto, 96 (95%) consideram a orientação farmacêutica essencial para evitar o uso
irracional. Conclui-se que, apesar do uso esporádico, há desconhecimento sobre os riscos
dos AINEs. No entanto, muitos reconhecem sintomas gastrointestinais associados ao uso.
Esses dados reforçam a importância do farmacêutico na orientação e promoção do uso
racional desses medicamentos.
Palavras-chave: Automedicação, Efeitos Adversos, Uso Irracional.
Abstract
Non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs) have analgesic, anti-inflammatory
and antipyretic properties, acting by inhibiting cyclooxygenase enzymes, which par-
ticipate in the synthesis of prostaglandins, mediators of inflammation. Irrational use
of these medications can cause gastrointestinal reactions, such as mucosal erosion and
bleeding, in addition to increasing cardiovascular and renal risks. Since many NSAIDs are
over-the-counter, uncontrolled consumption can have long-term consequences, negati-
vely impacting the health of the population. This study aimed to evaluate the population’s
perception of the use and risks of NSAIDs in the city of Ananindeua-PA. The research, of a
descriptive nature and quantitative and qualitative approach, used convenience sampling.
Data collection was carried out in a public square, where printed forms were randomly
applied. A total of 101 valid forms were analyzed. The results showed that 67 (67%) of the in-
terviewees were unaware of the term NSAIDs, but 65 (65%) had already used these medica-
tions. In addition, 68 (68%) reported rare use, 12 (12%) used them 1 to 2 times a month, 11 (11%)
used them 1 to 2 times a week, 5 (5%) used them daily, and 5 (5%) never used them. Among
the participants, 67 (67%) were unaware of the risks of inappropriate consumption and 52
(51%) did not associate stomach pain with the use of NSAIDs. However, 96 (95%) considered
pharmaceutical guidance essential to avoid irrational use. It was concluded that, despite
sporadic use, there is a lack of knowledge about the risks of NSAIDs. However, many recog-
nize gastrointestinal symptoms associated with their use. These data reinforce the impor-
tance of the pharmacist in guiding and promoting the rational use of these medications.
Keywords: Self-medication, Adverse Effects, Irrational Use.
Capítulo 6
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Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
1. INTRODUÇÃO
Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) são amplamente reconhecidos como
uma classe de medicamentos terapêuticos de grande interesse devido às suas proprie-
dades analgésicas, anti-inflamatórias e antipiréticas, os quais atuam por meio da inibição
das enzimas ciclo- oxigenases, que desempenham um papel crucial nas sínteses de pros-
taglandinas, mediadores responsáveis por processos inflamatórios no organismo (Santos;
Escobar; Rodrigues, 2021; Lima et al., 2020).
Segundo Romaine, Loureiro e Silva (2021), os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)
são amplamente utilizados no tratamento de dores, inflamações, edemas, osteoartrite, ar-
trite reumatoide e outros distúrbios musculoesqueléticos, além de condições associadas
a processos inflamatórios. Entre os medicamentos mais comuns dessa classe, destacam-
-se o ibuprofeno, o naproxeno e o ácido acetilsalicílico. De acordo com Oliveira e Campos
(2014), Oliveira e Silva (2019) e Sandoval et al. (2017), os AINEs estão entre os medicamentos
mais consumidos mundialmente, principalmente por serem frequentemente a primeira
escolha para o tratamento de dores leves, como cólicas e doenças autolimitadas. Além
disso, muitos desses medicamentos são comercializados como medicamentos isentos de
prescrição (MIPs), o que facilita o acesso, mas também pode contribuir para seu uso irra-
cional.
Embora sejam eficazes no alívio dos sintomas, o uso indiscriminado de AINEs pode
acarretar diversos riscos à saúde, incluindo úlceras gástricas, sangramento gastrointes-
tinal, insuficiência renal e efeitos cardiovasculares (Ferreira et al., 2020). Esses riscos são
ainda mais elevados em determinados grupos de pacientes, como idosos, indivíduos com
histórico de problemas cardiovasculares e aqueles que consomem álcool com frequência,
devido ao maior risco de perfurações e sangramentos, que podem resultar em complica-
ções graves, incluindo óbito. Além disso, efeitos adversos como náuseas e dor abdominal
também são frequentemente relatados (Lima et al., 2020).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (2012), o uso irracional de medica-
mentos pode ser causado por diversos fatores, como a utilização inadequada, a polifarmá-
cia, a prescrição excessiva ou desnecessária e a falta de adesão às orientações da posolo-
gia. Além disso, a automedicação é um dos principais fatores que contribuem para esse
problema, tornando-se uma grave questão de saúde pública. No Brasil, estima-se que cer-
ca de um terço das hospitalizações esteja relacionada ao fácil acesso e ao uso inadequado
de medicamentos, o que resulta em um aumento significativo dos gastos públicos. Esses
custos decorrem da compra excessiva de medicamentos, do aumento das despesas com
internações e tratamentos para corrigir complicações advindas do uso irracional, além do
impacto em programas de saúde que não atingem seus objetivos devido à baixa adesão
da população (Batista et al., 2021).
A automedicação é uma prática comum no Brasil. Dados do Conselho Federal de
Farmácia (2019) revelam que aproximadamente 77% dos brasileiros utilizaram medica-
mentos sem orientação profissional. Essa prática está associada a sérias consequências,
contribuindo para cerca de 18% das fatalidades por envenenamento no país. Estima-se
que, anualmente, cerca de 20 mil pessoas morrem devido a complicações relacionadas
à automedicação (ANVISA, 2022). Um exemplo preocupante é o uso da nimesulida, um
anti-inflamatório não esteroidal que foi o quarto medicamento genérico mais vendido no
Brasil em 2023, segundo o Conselho Federal de Farmácia (2024). Esses dados evidenciam
a necessidade de orientação sobre o uso seguro de medicamentos e reforçam a importân-
Capítulo 6
65
Editora Pascal
cia da atenção farmacêutica para a promoção do uso racional de medicamentos
Dentro do contexto regional, dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Far-
macológicas (2024) registraram 765 casos de intoxicação por medicamentos em Belém
entre 2017 A cidade de Ananindeua, localizada na região metropolitana de Belém, desta-
ca-se como uma área de interesse para pesquisa devido ao seu Índice de Desenvolvimen-
to Humano (IDH) de 0,718, que indica um nível intermediário de desenvolvimento social
e econômico. Esse índice evidencia que, embora haja avanços em áreas como saúde e
educação, ainda persistem desafios significativos no acesso a serviços básicos de saúde.
Problemas como a falta de orientação sobre o uso racional de medicamentos, a demora no
atendimento nos postos de saúde e a baixa qualidade dos serviços prestados contribuem
para a prática da automedicação pela população (IBGE, 2022; Silva et al., 2022). Diante des-
se cenário, o presente estudo tem como objetivo analisar a percepção da população sobre
os riscos do uso de anti-inflamatórios não esteroidais no município de Ananindeua/PA.
2. METODOLOGIA
2.1 Tipo de estudo
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa de opinião, de caráter descritivo, quali-
tativo e quantitativo realizada no município de Ananindeua/ PA.
2.2 População e Período de Estudo
A população do estudo compreendeu residentes do bairro Cidade Nova I, no municí-
pio de Ananindeua/PA. A pesquisa foi conduzida no mês de setembro de 2024, com a apli-
cação dos formulários em uma praça pública local. Não houve distinção de gênero, sendo
considerados apenas indivíduos maiores de 18 anos.
2.3 Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de um formulário impresso,
constituído por 11 perguntas objetivas. As perguntas abordaram as seguintes variáveis: ida-
de, gênero, conhecimento sobre o uso de medicamentos AINEs, frequência de uso, per-
cepção dos efeitos adversos, associação de sintomas aos AINEs e a importância da orienta-
ção farmacêutica no uso racional desses medicamentos.
2.4 Critérios de Inclusão e Exclusão
Foram incluídos na pesquisa residentes locais, maiores de 18 anos, sem distinção de
gênero. Formulários preenchidos de forma incompleta foram excluídos da análise
2.5 Organização e Análise dos Dados
Após a coleta, os dados foram tabulados em planilhas utilizando o programa Microsoft
Excel (versão Office 365) e analisados por meio de estatística amostral por conveniência.
A amostragem por conveniência é uma técnica de amostragem não probabilística, usada
Capítulo 6
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Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
para criar amostras de acordo com a facilidade de acesso, sendo expostos os resultados
através de gráficos.
2.6 Aspectos Éticos
De acordo com as diretrizes estabelecidas pela Resolução nº 510 de 7 de abril de 2016,
do Conselho Nacional de Saúde (CNS), não foi necessário submeter este estudo a um Co-
mitê de Ética em Pesquisa, uma vez que se trata de um estudo de opinião pública, no
qual não foram utilizados dados pessoais identificáveis dos participantes. Dessa forma, o
estudo se enquadra nas exceções previstas pela resolução, garantindo o anonimato e a
confidencialidade das informações coletadas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao todo, 116 pessoas participaram voluntariamente da pesquisa. No entanto, após a
aplicação dos critérios de exclusão, 15 formulários preenchidos de forma incompleta foram
desconsiderados, totalizando 101 formulários válidos para análise.
3.1 Perfil da população entrevistada
Dos 101 participantes da pesquisa, 55 (54%) eram do sexo feminino e 46 (46%) do sexo
masculino. Embora a diferença entre os gêneros não seja significativa, a maior participa-
ção feminina pode ser explicada por fatores socioculturais. Homens, em geral, tendem a
resistir mais a participar de pesquisas de saúde, possivelmente devido ao estereótipo de
que a manifestação de problemas de saúde está associada à fraqueza. Por outro lado, as
mulheres costumam se envolver mais com questões relacionadas ao cuidado da saúde, o
que justifica sua maior adesão à pesquisa. Esse comportamento é corroborado por Silva et
al. (2019), que indicam que as mulheres têm mais preocupação com sua saúde e buscam
serviços médicos com mais frequência que os homens. Dados do IBGE (2019) também
confirmam essa tendência, apontando que, em 2019, 82,3% das mulheres consultaram um
médico, em comparação com 69,4% dos homens. Em relação à faixa etária dos participan-
tes, 48 (48%) tinham entre 18 e 30 anos; 24 (24%) estavam na faixa de 31 a 40 anos; 20 (20%)
tinham entre 41 e 59 anos; e apenas 9 (9%) pertenciam à faixa etária de 60 anos ou mais.
A predominância de participantes na faixa etária de 18 a 30 anos pode ser atribuída ao
fato de que essa faixa etária é a que mais frequenta o ambiente da praça, além de ser um
grupo mais propenso a participar de pesquisas por curiosidade e por estarem mais fami-
liarizados com o meio acadêmico, o que facilita sua participação.
3.2 Conhecimento e uso de AINEs
Os dados desta pesquisa revelaram que a maioria dos entrevistados, 62 (67%), não
conheciam o termo “anti-inflamatórios não esteroidais” (AINEs), enquanto apenas 33 (33%)
afirmaram conhecer a classe farmacológica. No entanto, 65 (65%) dos participantes re-
conheceram já ter feito uso de pelo menos três ou mais substâncias da classe dos AINEs,
como: ácido acetilsalicílico (AAS), ibuprofeno, nimesulida, naproxeno, cetoprofeno, meloxi-
cam. Desses, 30 (30%) afirmaram já ter utilizado todas as substâncias listadas, e apenas 6
Capítulo 6
67
Editora Pascal
(6%) disseram não ter feito uso de nenhum dos medicamentos mencionados.
Esse resultado aponta uma contradição entre o conhecimento dos entrevistados so-
bre a classe dos AINEs e o uso prático desses medicamentos. Embora a maioria dos en-
trevistados reconheça o uso de substâncias como ibuprofeno e nimesulida, muitos não
entendem que esses medicamentos pertencem à mesma classe farmacológica, o que exi-
ge atenção devido aos riscos potenciais. Esse desconhecimento pode ser atribuído à falta
de orientação adequada no momento da dispensação, onde a explicação muitas vezes se
limita ao produto específico, sem informar sobre a classe e os efeitos adversos associados
ao uso inadequado. Além disso, o fácil acesso a esses medicamentos e a prática de auto-
medicação impulsionam o uso irracional dos AINEs (Rankel; Sato; Santiago, 2016; Rang;
Dale; Ritter, 2016).
O uso irracional de AINEs, muitas vezes sem a orientação adequada, tem sido ampla-
mente documentado em diversos estudos. A análise de Silva, Silva e Teixeira (2021) reforça
essa tendência ao constatar que os AINEs ocupavam o terceiro lugar em vendas sem pres-
crição em uma drogaria de Poções, na Bahia. Esse dado elevado pode estar relacionado à
fragilidade na orientação racional e segura sobre o uso desses medicamentos. De forma
semelhante, o estudo de Silva et al. (2022) revelaram que 82% das dispensações de AINEs
em uma farmácia de Outeiro, em Belém, foram feitas sem prescrição, evidenciando a prá-
tica comum da automedicação. Esse comportamento pode ser explicado pela demora no
atendimento nos postos de saúde e pela baixa qualidade dos serviços de saúde, fatores
que levam a população a buscar soluções rápidas nas farmácias, associadas à venda de
medicamentos sem prescrição.
Os jovens tendem a praticar automedicação com maior frequência, influenciados
pela facilidade de acesso à internet e às redes sociais. Essa tendência é corroborada pelo
estudo de Araújo Junior et al. (2023), que apontam que o uso de AINEs é predominante na
faixa etária de 18 a 29 anos. Por outro lado, os idosos, que geralmente consomem AINEs em
maiores quantidades, são especialmente vulneráveis aos efeitos adversos desses medica-
mentos, conforme evidenciado nos estudos de Trindade, Deuner e Pereira (2024). Como
resultado, o uso indiscriminado de AINEs aumenta, com muitos usuários desconhecendo
os riscos associados, como complicações gastrointestinais e renais.
3.3 Frequência de uso de AINEs entre os entrevistados
Quanto à análise da frequência de uso de AINEs, observou-se que 68 (67%) utilizam
esses medicamentos raramente; 12 (12%) consomem uma ou duas vezes por mês; 11 (11%)
fazem uso uma ou duas vezes por semana; 5 (5%) os utilizam diariamente; e 5 (5%) não re-
lataram ter feito uso.
A predominância do uso esporádico pode ser explicada pelas características dos AI-
NEs, que são amplamente utilizados para o alívio de sintomas agudos, como dor e febre,
condições que, na maior parte dos casos, não requerem tratamento contínuo. Esse padrão
de uso é corroborado por estudos anteriores, como o de Silva et al. (2019), em que os auto-
res reportaram que 97% dos participantes usavam algum tipo de AINE de forma ocasional,
apenas em casos de dor. De forma semelhante, o estudo de Rankel, Sato e Santiago (2016),
realizado no município de Tijucas do Sul, Paraná, revelou que 75% dos entrevistados con-
cordaram com o uso raro desses medicamentos. Já Silva e Loureiro (2014) identificaram
que cerca de 40% dos participantes usavam AINEs de maneira aleatória. Embora o uso
esporádico, muitas vezes associado à automedicação, possa não representar riscos ime-
diatos, ele reforça a necessidade de orientação adequada sobre os efeitos adversos do uso
Capítulo 6
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Vol. 01 (2025)
prolongado ou em doses inadequadas.
3.4 Avaliação das reações adversas e riscos associados ao uso de AINEs
Embora a maioria dos entrevistados afirme fazer uso raro de AINEs, 68 (67%) dos par-
ticipantes desta pesquisa relataram não conhecer os principais riscos associados ao uso
irracional desses medicamentos, enquanto apenas 33 (33%) afirmaram conhecer os efeitos
adversos dessa classe. Esses resultados corroboram os estudos de Noronha et al. (2020),
que realizaram um levantamento com clientes de uma drogaria no município de Espírito
Santo do Pinhal – SP, e encontraram que 69,15% dos entrevistados não tinham conheci-
mento dos riscos causados pelo uso irracional de AINEs, desconhecendo as reações adver-
sas típicas, como dor de estômago, náuseas, vômito, dispepsia e diarreia.
A percepção dos participantes em relação à associação de sintomas ao uso de AINEs
foi avaliada, quanto à diarreia, 69 (68%) não associaram esse sintoma ao uso de AINEs, en-
quanto apenas 32 (32%) dos entrevistados estabeleceram essa conexão, possivelmente por
se tratar de um efeito adverso menos comum da classe, mas que ainda assim demonstra
algum nível de conhecimento sobre os possíveis efeitos adversos. Em relação à cefaleia, a
maioria dos entrevistados 59 (58%) não associou esse sintoma ao uso de AINEs, provavel-
mente porque muitos desses medicamentos têm propriedades analgésicas que aliviam
a dor de cabeça. No entanto, 42 (42%) dos entrevistados associaram a cefaleia. Os AINEs
seletivos para a COX-2, como os coxibes, podem causar cefaleia devido ao seu impacto no
sistema cardiovascular. Esses medicamentos bloqueiam a produção de prostaglandinas,
que desempenham um papel fundamental na dilatação dos vasos sanguíneos. A inibição
da COX-2 pode resultar em um desequilíbrio no controle vascular, levando à hipertensão,
o que pode desencadear cefaleias em alguns pacientes (Whalen; Finkel; Panavelil, 2016;
Rang; Dale; Ritter, 2016).
Ao avaliar o conhecimento dos participantes sobre os efeitos gastrointestinais mais
comuns dos AINEs, derivados da inibição da COX-1, uma enzima responsável por sintetizar
prostaglandinas (PGs), que ajudam a reduzir a secreção de ácido gástrico e a proteger a
mucosa estomacal, observou-se que 62 (61%) dos entrevistados não associaram a azia ao
uso desses medicamentos, enquanto 39 (39%) fizeram essa associação (Whalen; Finkel;
Panavelil, 2016). Esse dado é relevante, considerando que problemas gastrointestinais são
comuns no estado do Pará e tem origem multifatorial, sendo frequentemente agravados
por fatores como estresse excessivo, ansiedade, consumo frequente de álcool, tabagismo
e má alimentação. Além disso, o uso prolongado de AINEs pode intensificar esses quadros,
aumentando o risco de gastrite, úlceras gástricas e, em casos mais graves, câncer de estô-
mago (AGÊNCIA PARÁ, 2024).
Em relação à dor no estômago, 52 (51%) não relacionaram o sintoma ao uso de AINEs,
enquanto 49 (49%).Embora a maioria não reconheça essa reação adversa comum, a pro-
ximidade dos valores percentuais sugere que uma parte significativa da população está
ciente desses sintomas relacionados ao uso de AINEs, indicando um possível problema
de saúde pública devido ao uso crônico e inadequado desses medicamentos. A pesqui-
sa de Araújo Júnior et al. (2023), realizada com estudantes universitários de Ananindeua,
reforça esses dados, revelando que o desconforto gastrointestinal foi o sintoma mais fre-
quentemente relatado devido ao consumo de AINEs, com o ibuprofeno sendo o principal
responsável. Além disso, o estudo de Rankel, Sato e Santiago (2016) indicou que 59% dos
entrevistados relataram dor no estômago durante o uso de AINEs, corroborando a relevân-
cia desse efeito adverso.
Capítulo 6
69
Editora Pascal
Os resultados mostram uma diferença clara entre o uso de AINEs pela população e o
conhecimento sobre seus riscos. Essa discrepância pode ser explicada pela ampla acessi-
bilidade desses medicamentos, que são facilmente encontrados em farmácias e, em mui-
tos casos, vendidos sem a exigência de prescrição, devido à classificação da maioria como
medicamentos isentos de prescrição (MIPs). A facilidade de compra, aliada ao uso comum
desses medicamentos como analgésicos para tratar dores e inflamações cotidianas, pode
gerar uma falsa sensação de segurança, fazendo com que muitos usuários minimizem ou
desconheçam os potenciais riscos associados ao uso prolongado ou inadequado dos AI-
NEs (Rankel; Sato; Santiago, 2016; Rang; Dale; Ritter, 2016).
3.5 Percepção dos entrevistados sobre a importância do Profissional Far-
macêutico
Do total de pessoas entrevistadas, 96 (95%) consideram a orientação farmacêutica
fundamental para evitar o uso irracional de medicamentos, enquanto apenas 5 (5%) não
atribuem importância a essa medida. No entanto, o estudo de Silva e Lourenço (2014) evi-
denciou que os farmacêuticos eram pouco procurados na escolha de fármacos, atribuin-
do pouca importância ao profissional para evitar o uso irracional de AINEs, o que diverge
dos dados desta pesquisa, que reflete uma percepção amplamente positiva da população
sobre o papel do farmacêutico na prevenção dos riscos associados ao uso desses medica-
mentos.
A alta taxa de reconhecimento demonstra que, embora muitos entrevistados pos-
sam não conhecer todos os efeitos adversos dos AINEs, há uma consciência geral sobre
a necessidade de orientação profissional para evitar complicações como problemas gas-
trointestinais, renais e cardiovasculares, comuns em quem utiliza esses medicamentos
de forma indiscriminada (Oliveira; Carvalho; Andrade, 2023). Em concordância com Lima
(2018), é inegável a importância do farmacêutico na prestação de atenção farmacêutica e
na promoção da saúde, conforme definido pela Lei n. 13.021 (2014). A Resolução CFF n. 585
(2013), por sua vez, regula as atribuições clínicas do farmacêutico, conferindo-lhe um papel
fundamental no cuidado direto ao paciente e na promoção do uso adequado de medica-
mentos.
4. CONCLUSÃO
No presente estudo, conclui-se que a maioria dos entrevistados não conhece os riscos
associados ao uso irracional dos AINEs. Quando questionados sobre a associação de sinto-
mas como diarreia, cefaleia, azia e dor no estômago ao uso dessa classe de medicamentos,
a maior parte dos participantes não fez essa associação. Contudo, um número significativo
de entrevistados associou os sintomas, principalmente dor no estômago, ao consumo de
AINEs, o que pode indicar um uso irracional ou inadequado, gerando um potencial proble-
ma de saúde pública. A percepção dos entrevistados sobre a importância do profissional
de saúde também foi notável.
A maioria expressou a necessidade de orientação e acompanhamento ao utilizar AI-
NEs, reforçando a confiança depositada nesses profissionais para prevenir complicações
e garantir um uso responsável. Essa confiança na orientação farmacêutica sugere uma
oportunidade poderosa para fortalecer ainda mais o papel dos farmacêuticos como agen-
tes educacionais e preventivos na saúde pública. No entanto, para transformar essa per-
Capítulo 6
70
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
cepção em prática, é fundamental que haja campanhas de orientação que incentivem a
população a buscar conhecimento antes de utilizar AINEs, além de promover um acesso
mais fácil a serviços farmacêuticos de qualidade. O dado também indica que há uma com-
preensão por parte da população sobre a importância de informações mais acessíveis e
claras sobre o uso seguro de medicamentos, o que pode reduzir significativamente os ris-
cos do uso inadequado e promover a melhoria da qualidade de vida.
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7
Danieli Gomes da Silva1
Ivanilda dos Santos Pereira1
Mayara Danúbia Brito Barroso 1
José Raul Rocha de Araújo Júnior2
Kamila Leal Correa2
Bruno José Martins da Silva2
Adreanne Oliveira da Silva2
1 Acadêmica de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-Pará
2 Docente do curso de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-Pará
PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA NO MUNICÍPIO
DE ANANINDEUA SOBRE A ATUAÇÃO DO
FARMACÊUTICO NA SAÚDE ESTÉTICA
PUBLIC OPINION SURVEY IN THE MUNICIPALITY OF ANANINDEUA
ON THE ROLE OF PHARMACISTS IN AESTHETIC HEALTH
10.29327/5529040.1-7
Capítulo 7
73
Editora Pascal
Resumo
O
farmacêutico esteta está ganhando destaque no mercado, sendo capacitado para
realizar procedimentos faciais e corporais não invasivos, que não requerem inter-
venção cirúrgica. Este estudo teve como objetivo avaliar a opinião pública sobre a
capacitação do profissional farmacêutico para a realização de procedimentos estéticos.
Foi conduzida uma pesquisa descritiva, de caráter qualitativo e quantitativo, utilizando for-
mulários estruturados aplicados presencialmente a 254 participantes residentes no muni-
cípio de Ananindeua, Pará. A coleta de dados ocorreu entre setembro e outubro de 2024,
em locais públicos de grande circulação, como a Praça da Bíblia. Os formulários incluíram
questões sociodemográficas e itens sobre conhecimento, confiança, qualificação percebi-
da e regulamentação da atuação dos farmacêuticos na área de estética, avaliados em uma
escala Likert de 5 pontos. A maioria dos participantes era do sexo feminino (86), com idade
predominante entre 36 e 45 anos, e renda familiar de até três salários-mínimos. Entre os
entrevistados, 77 já conheciam os serviços oferecidos por clínicas de estética, mas 86 des-
conheciam regulamentações específicas que autorizam a atuação de farmacêuticos nesse
setor. Ademais, foi identificado que a maioria dos entrevistados desconhecia os limites e
as competências regulamentadas para os farmacêuticos, evidenciando uma lacuna signi-
ficativa de informação. Conclui-se que, apesar da confiança de parte dos entrevistados na
atuação de farmacêuticos na área estética, a falta de conhecimento sobre a regulamenta-
ção e a formação específica limita a aceitação desse profissional no mercado.
Palavras-chave: Farmacêutico esteta, Saúde estética, Procedimentos estéticos, Per-
cepção pública, Ananindeua
Abstract
The aesthetic pharmacist is gaining prominence in the market, being trained to per-
form non-invasive facial and body procedures that do not require surgical interven-
tion. This study aimed to assess public opinion on the training of pharmacists to
perform aesthetic procedures. A descriptive, qualitative and quantitative study was con-
ducted using structured forms applied in person to 254 participants residing in the city of
Ananindeua, Pará. Data collection took place between September and October 2024, in
public places with high circulation, such as Praça da Bíblia. The forms included sociode-
mographic questions and items on knowledge, confidence, perceived qualification, and
regulation of the performance of pharmacists in the aesthetics area, assessed on a 5-point
Likert scale. Most participants were female (86%), predominantly between 36 and 45 years
old, and with a family income of up to three minimum wages. Among the interviewees, 77
were already aware of the services offered by aesthetic clinics, but 86 were unaware of spe-
cific regulations that authorize the work of pharmacists in this sector. Furthermore, it was
identified that the majority of the interviewees were unaware of the limits and regulated
competencies for pharmacists, evidencing a significant information gap. It is concluded
that, despite the confidence of some of the interviewees in the work of pharmacists in the
aesthetic area, the lack of knowledge about the regulations and specific training limits the
acceptance of this professional in the market.
Keywords: Aesthetic pharmacist, Aesthetic health, Aesthetic procedures, Public per-
ception, Ananindeua
Capítulo 7
74
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
1. INTRODUÇÃO
A sociedade contemporânea passa por um período de rápidas transformações, im-
pulsionadas pela revolução tecnológica e a globalização, fenômenos que têm promovido
mudanças profundas nos aspectos econômico, social e cultural. No campo da saúde, espe-
cialmente ao longo do século XX, essas mudanças impactaram significativamente os pa-
drões de vida, como higiene, alimentação e educação, resultando em um aumento expres-
sivo da expectativa de vida. Esses avanços foram possíveis graças ao desenvolvimento de
métodos diagnósticos e terapêuticos mais eficientes (Miranda, Ortiz, 2021; Cunha Pereira,
2021; Schreider, 2022). Nesse contexto, o setor de estética também foi diretamente influen-
ciado pelas mudanças culturais que enfatizam a valorização dos padrões de beleza e reju-
venescimento, agora intrinsecamente relacionados à autoestima e ao bem-estar pessoal
(Pavani, Fernandes, 2017).
Atualmente, observa-se um crescimento significativo na demanda por procedimen-
tos estéticos, que se tornaram centrais na busca por satisfação pessoal e melhoria da au-
toimagem (Moraes Barcelos; Colli, 2023). Essa demanda crescente transformou a área da
estética em um campo atrativo para diversos profissionais de saúde, entre eles, o farma-
cêutico. A Resolução 573/2013 do Conselho Federal de Farmácia (CFF) regulamenta a atu-
ação do farmacêutico esteta, permitindo que esses profissionais realizem procedimentos
faciais e corporais não invasivos, como laserterapia, peelings químicos e radiofrequência,
sem a necessidade de intervenção cirúrgica (CFF, 2013). O farmacêutico esteta possui uma
formação robusta em áreas como ciências biológicas, dermatologia, cosmetologia e estéti-
ca clínica, o que o torna um profissional capacitado para atuar tanto na orientação quanto
na realização de procedimentos estéticos, sempre prezando pela segurança do paciente
(Brandão, 2014).
A importância da atuação do farmacêutico esteta no mercado de saúde estética se
destaca não só pela sua capacitação técnica, mas também pela sua habilidade em integrar
o conhecimento de farmacologia com tratamentos estéticos, o que permite uma aborda-
gem diferenciada no cuidado ao paciente, especialmente no que diz respeito à identifica-
ção de interações medicamentosas e à promoção do uso racional de dermocosméticos
(Ferreira, 2016). Esse profissional tem se consolidado como um agente crucial na preven-
ção de complicações, no tratamento de doenças crônicas e na promoção da qualidade de
vida por meio de intervenções estéticas.
Apesar do crescimento e regulamentação da profissão, ainda há uma lacuna de co-
nhecimento significativa quanto à percepção da população sobre a habilitação e compe-
tência do farmacêutico esteta para realizar procedimentos estéticos. A literatura aponta
que, embora o farmacêutico esteta esteja apto a atuar em clínicas multiprofissionais e a
ser responsável técnico em estabelecimentos que realizam procedimentos invasivos não
cirúrgicos (CFF, 2013), a aceitação e compreensão dessa atuação pela sociedade ainda são
áreas pouco exploradas (Santos Costa, 2022).
Além disso, o mercado de saúde estética está em franca expansão, com o setor de
cosméticos desempenhando um papel fundamental no fortalecimento da economia. Esti-
ma-se que este setor empodere diretamente milhões de pessoas, impulsionando o desen-
volvimento de novos produtos e procedimentos que atendam à crescente demanda por
melhorias na aparência pessoal (Sousa et al., 2022). No entanto, a formação necessária para
realizar tais procedimentos e garantir a segurança dos pacientes continua sendo uma pre-
ocupação central, exigindo maior debate e conscientização por parte da população e dos
Capítulo 7
75
Editora Pascal
próprios profissionais (Gross et al., 2023).
Diante dessas considerações, o presente estudo busca preencher essa lacuna ao in-
vestigar a percepção dos cidadãos de Ananindeua sobre a formação e habilitação dos far-
macêuticos para atuar na saúde estética. A pesquisa tem como objetivo avaliar a opinião
pública sobre a capacitação desses profissionais para a realização de procedimentos esté-
ticos, analisando, inclusive, a percepção de segurança e eficácia associada à sua atuação.
Assim, a questão central que orienta este estudo é: “Qual é a opinião da população de
Ananindeua sobre a formação e atuação do farmacêutico esteta em clínicas de estética?”.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo realizado foi uma pesquisa de opinião pública, classificada como qualitativa
e quantitativa, descritiva e exploratória A população-alvo foi composta por residentes do
município de Ananindeua. A coleta de dados foi realizada com uma amostra de 254 in-
divíduos, selecionados por amostragem aleatória simples, conforme descrito por Martins
(2018). A amostra foi composta por indivíduos de ambos os sexos que consentiram em
participar da pesquisa. As variáveis analisadas incluíram dados demográficos como idade,
sexo, e escolaridade, assim como a percepção sobre a atuação do farmacêutico em proce-
dimentos estéticos.
A coleta de dados foi realizada entre os meses de setembro e outubro de 2024, na Pra-
ça da Bíblia, em Ananindeua, utilizando um formulário organizado na plataforma Google
Forms (anexo). Durante a coleta, as pesquisadoras abordaram os participantes de forma
presencial, explicaram o objetivo da pesquisa, e, com o consentimento dos entrevistados,
procederam à leitura e preenchimento do formulário. O formulário abordou questões rela-
cionadas à percepção sobre a formação e habilitação do farmacêutico esteta.
A pesquisa foi realizada com a participação de indivíduos que aceitaram responder
o formulário, que abordou a percepção sobre a formação e habilitação do farmacêutico
esteta. A coleta de dados foi feita de forma online, com aplicação do questionário por meio
de interceptação aleatória.
Sendo assim, os critérios de inclusão adotados neste estudo foram: Sexo, Idade, Nível
de escolaridade, renda familiar mensal (em salários-mínimos), se o participante já utili-
zou serviços estéticos, se o participante possui conhecimento sobre os tipos de serviços
oferecidos em clínicas de estética, se o participante já ouviu falar que farmacêuticos po-
dem realizar procedimentos estéticos, opinião sobre a qualificação do farmacêutico para
realizar procedimentos estéticos, opinião sobre a necessidade de formação específica e
habilitação acadêmica adicional para atuação em estética, avaliação sobre a aptidão do
farmacêutico para atuar em clínicas de estética, se o participante teria confiança em rea-
lizar um procedimento estético com um farmacêutico, com justificativa, se o participante
acredita que a formação do farmacêutico abrange conhecimentos suficientes para atuar
em estética, experiência com procedimentos estéticos, conhecimento sobre regulamen-
tação, segurança e regulamentação do mercado estético no Brasil, oportunidades para
farmacêuticos no mercado de saúde estética
E foram excluídos da pesquisa os seguintes indivíduos: participantes que não aten-
diam aos critérios de idade, residência ou consentimento informado, indivíduos que não
completaram o questionário ou forneceram respostas inconsistentes, como perguntas em
branco ou respostas claramente equivocadas e participantes que desistiram de fornecer
consentimento para continuar com a coleta de dados
Capítulo 7
76
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Como instrumento para coleta dos dados, foi utilizado um questionário estruturado
com perguntas fechadas de múltipla escolha, utilizando uma escala tipo Likert de cinco
pontos, com respostas variando de 1 a 5, que foram transformadas em uma escala linear
de 0 a 100. O questionário abordou diversas variáveis relacionadas à percepção dos cida-
dãos de Ananindeua sobre a atuação do farmacêutico em clínicas de estética, incluindo
questões sobre conhecimentos, experiência e confiança nos serviços prestados, conforme
consta no anexo.
Os dados foram organizados em planilhas e as perguntas fechadas foram submetidas
a tratamento estatístico simples, com análise de frequência e média. A análise dos dados
foi descritiva, calculando-se frequências absolutas e relativas das categorias das variáveis
analisadas.
Em conformidade com a Resolução CNS n.º 510/2016, este projeto de pesquisa res-
peitou todos os preceitos éticos, garantindo que a valoração atribuída pelos participantes
ao objeto de estudo seja mantida de forma confidencial. Não havendo possibilidade de
identificação dos participantes pelo pesquisador, desde o início da coleta de dados (Brasil,
2016).
A pesquisa foi realizada em conformidade com as normas éticas, respeitando os direi-
tos dos participantes em todas as suas fases. Ressalta-se que, ao utilizar o link do questio-
nário eletrônico (Google Forms), todas as informações dos participantes foram automati-
camente ocultadas, garantindo o anonimato completo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa realizada com 254 participantes revela dados demográficos e opiniões so-
bre o mercado de saúde estética e a atuação de farmacêuticos nessa área. No que se refere
ao sexo, a maioria dos respondentes é do sexo feminino (218), enquanto apenas 36 são do
sexo masculino. A faixa etária predominante é de 36 a 45 anos, representando 99 pessoas,
seguida por 79 participantes entre 26 e 35 anos, e apenas 3 pessoas com idade acima de
60 anos. Em relação à escolaridade, a maioria dos entrevistados completou o ensino médio
(81), enquanto 57 possuem ensino superior completo, 78 têm ensino superior incompleto,
14 finalizaram o ensino fundamental, e 24 possuem pós-graduação. No aspecto financeiro,
notou-se que 183 pessoas possuem renda de até três salários-mínimos, enquanto 50 têm
rendimentos entre três e seis salários-mínimos, e apenas 15 pessoas possuem renda entre
seis e dez salários-mínimos, conforme exposto na tabela 1.
Sexo Total
Feminino 218
Masculino 36
Total Geral 254
Idade Total
18 a 25 71
26 a 35 79
36 a 45 99
46 a 60 2
Acima de 60 3
Total Geral 254
Capítulo 7
77
Editora Pascal
Escolaridade Total
Ensino fundamental completo 14
Ensino médio completo 81
Ensino superior completo 57
Ensino superior incompleto 78
Pós-graduação (especialização/
mestrado/doutorado) 24
Total Geral 254
Renda Total
Até 3 salários-mínimos 183
Entre 3 e 6 salários-mínimos 50
Entre 6 e 10 salários-mínimos 15
Acima de 10 salários 6
Total Geral 254
Tabela 1. Dados sociodemográficos dos pacientes entrevistados no município de Ananindeua, em outubro,
2024.
Fonte: Autor, 2024
A predominância de respondentes do sexo feminino está em consonância com os
achados de Campos et al. (2022), que identificaram uma prevalência significativa de mu-
lheres tanto como clientes quanto como profissionais da área estética. Essa predominân-
cia pode ser atribuída a fatores como maior interesse e valorização dos cuidados estéticos
por parte do público feminino, bem como maior percepção de confiança e conforto du-
rante os procedimentos, conforme apontado pelo Conselho Federal de Farmácia (Brasil,
2015).
A distribuição etária revelou uma maior representatividade de participantes entre 36
e 45 anos (n= 99). Esse perfil etário difere de outros estudos, como o de Brugiolo et al.
(2021), que identificaram maior adesão aos serviços estéticos entre jovens de 18 a 23 anos.
Esse contraste pode sugerir uma ampliação do público-alvo do mercado estético, com
uma crescente demanda por parte de pessoas mais maduras, possivelmente motivada
pela busca de cuidados que atendam a necessidades estéticas relacionadas ao envelheci-
mento.
No que diz respeito à escolaridade, os dados destacam uma diversidade de formações
acadêmicas entre os participantes. Embora a maioria tenha apenas o ensino médio com-
pleto, um número significativo possui ensino superior completo ou incompleto, eviden-
ciando que o interesse por procedimentos estéticos transcende barreiras educacionais.
Essa observação é relevante para compreender a abrangência do mercado estético, que
se apresenta como acessível a diferentes perfis educacionais, apesar das limitações socio-
econômicas que influenciam o acesso à educação superior em regiões como Ananindeua.
Quanto à renda, estudos como o de Garcia e Sousa (2023) corroboram que a capaci-
dade financeira dos indivíduos desempenha um papel determinante na decisão de consu-
mir serviços estéticos. Assim, a concentração de participantes com rendas de até três sa-
lários-mínimos reflete um padrão de consumo condicionado por limitações econômicas,
ainda que o apelo do mercado estético transcenda essas barreiras em alguns casos.
Quando perguntados sobre o uso de serviços estéticos, 156 entrevistados afirmaram
que já utilizaram serviços como limpeza de pele ou tratamentos corporais, enquanto 98
Capítulo 7
78
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
nunca utilizaram esses serviços. Além disso, 176 pessoas afirmaram ter conhecimento so-
bre os tipos de serviços oferecidos em clínicas de estética, e 78 disseram não conhecer
esses serviços.
Sobre a possibilidade de farmacêuticos realizarem procedimentos estéticos, 198 pes-
soas afirmaram já ter ouvido falar dessa prática, enquanto 56 nunca ouviram falar sobre
isso. Quanto à opinião sobre a qualificação do farmacêutico para realizar procedimentos
estéticos, como preenchimento e aplicação de toxina botulínica, 106 entrevistados concor-
dam, 45 concordam totalmente, 20 discordam, 5 discordam totalmente e 80 se mantive-
ram neutros (figura 1)
Figura 1. Gráficos sobre o questionamento da atuação do farmacêutico na estética
Fonte: Autor, 2024
Capítulo 7
79
Editora Pascal
Nota-se que a maioria dos entrevistados já utilizou, o que pode se dar pela influência
da cultura do consumo, da mídia e das redes sociais na procura por modificações corporais.
Segundo o estudo de Santos (2024), que teve dados concomitantes, o poder de persuasão
midiática, além da insatisfação estética, é o que impulsiona a necessidade de mudanças e
a procura de clínicas de estética nas pessoas.
Sobre a possibilidade de farmacêuticos realizarem procedimentos estéticos, 198 pes-
soas afirmaram já ter ouvido falar dessa prática, enquanto 56 nunca ouviram falar sobre
isso. Quanto à opinião sobre a qualificação do farmacêutico para realizar procedimentos
estéticos, como preenchimento e aplicação de toxina botulínica, 106 entrevistados concor-
dam, 45 concordam totalmente, 20 discordam, 5 discordam totalmente e 80 se mantive-
ram neutros.
Sobre isso, Guadalupe e Paes (2024) destacaram que há uma necessidade de maior
divulgação sobre a formação e capacitação desses profissionais, visto que muitas pessoas
desconhecem a regulamentação e a habilitação necessária para atuar nessa área.
No que diz respeito a habilitação do farmacêutico, 126 pessoas concordam que os
farmacêuticos precisam de formação específica e habilitação adicional para atuar em es-
tética, com 84 concordando totalmente, enquanto apenas 11 discordam, 4 discordam to-
talmente enquanto 30 se mantiveram neutros (figura 2)
Figura 2. Gráfico sobre a percepção relacionada a habilitação acadêmica do farmacêutico
Fonte: Autor, 2024
Outrossim, na figura 3, sobre à aptidão dos farmacêuticos para atuar em clínicas de
estética, 130 concordam, 49 concordam totalmente, 16 discordam e 5 discordam totalmen-
te, enquanto 30 se mantiveram neutros.
Capítulo 7
80
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Figura 3. Gráfico sobre a percepção relacionada a aptidão do farmacêutico na estética
Fonte: Autor, 2024
Enquanto isso, na figura 4, quando perguntados se teriam confiança em realizar um
procedimento estético com um farmacêutico, 77 pessoas afirmaram que sim, enquanto
34 disseram que não.
Figura 4. Gráfico sobre a percepção relacionada a confiabilidade no farmacêutico
Fonte: Autor, 2024
Em relação a percepção da população sobre os conhecimentos em estética dentro
da formação farmacêutica, nota-se que a maioria dos participantes (n= 66), demonstraram
acreditar que a formação do farmacêutico abrange conhecimentos suficientes em estéti-
ca (figura 5).
Capítulo 7
81
Editora Pascal
Figura 5. Gráfico sobre a percepção relacionada a formação acadêmica do farmacêutico para estético
Fonte: Autor, 2024
Esses resultados estão de acordo com a regulamentação do Conselho Federal de Far-
mácia, que estabelece a obrigatoriedade de formação e habilitação específicas para a prá-
tica de procedimentos estéticos (Brasil, 2015). Entretanto, a falta de conhecimento da po-
pulação sobre essas regulamentações pode dificultar a consolidação da confiança nesse
profissional, conforme também apontado por Falcão et al. (2019).
Conforme relatado por Falcão et al (2019), a falta de informações claras pode levar à
confusão entre as atribuições de farmacêuticos e outros profissionais da saúde, como mé-
dicos e biomédicos, por isso, embora uma parcela significativa demonstre confiança, os
dados revelam que a percepção de segurança e preparo técnico dos farmacêuticos ainda
não é plenamente consolidada, reforçando a importância de campanhas de esclarecimen-
to e sensibilização para reverter esse quadro.
Em relação à experiência com procedimentos estéticos, 169 pessoas nunca realiza-
ram nenhum, mas entre os que já realizaram, 31 foram atendidos por biomédicos, 16 por
médicos, 13 por enfermeiros, e 19 por farmacêuticos. Assim como, a maioria dos entrevista-
dos (183) desconhece qualquer regulamentação que permita a atuação de farmacêuticos
na área de saúde estética, enquanto 71 afirmaram conhecer alguma regulamentação. Ao
classificar o mercado de procedimentos estéticos no Brasil em termos de segurança e re-
gulamentação, 87 consideram a situação preocupante, 62 avaliaram como “ok”, 51 como
“muito bom” e 8 como “perfeito”. Por fim, 169 entrevistados acreditam que o mercado bra-
sileiro de saúde estética oferece oportunidades para a atuação de farmacêuticos, enquan-
to 85 não compartilham dessa opinião, conforme a tabela 2.
Capítulo 7
82
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Já realizou algum procedimento estético? Se sim, com qual
profissional? Total
Biomédico 31
Dentista 6
Enfermeiro 13
Farmacêutico 19
Médico 16
Nunca fiz procedimento estético 169
Total Geral 254
Você conhece a lei que regulamenta a atuação de farmacêuti-
cos na área de saúde estética? Total
Não 183
Sim 71
Total Geral 254
Como você classificaria o mercado de procedimentos estéti-
cos no Brasil, em termos de segurança e regulamentação? Total
Bom 21
Muito bom 51
Excelente 62
Perfeito 8
Preocupante 87
Regular 25
Total Geral 254
Você acredita que o mercado brasileiro de saúde estética ofe-
rece oportunidades para a atuação de farmacêuticos? Total
Não 85
Sim 169
Total Geral 254
Tabela 2. Avaliação de profissionais e regulamentação
Fonte: Autor, 2024
Esses resultados destacam uma preferência por profissionais tradicionalmente reco-
nhecidos no mercado estético, como biomédicos e médicos. A busca por farmacêuticos
para realização de procedimentos ainda é limitada, refletindo uma necessidade de maior
divulgação da atuação desses profissionais e do escopo permitido pela regulamentação.
De acordo com Falcão ND et al. (2019), a falta de informação entre os pacientes sobre a ha-
bilitação dos farmacêuticos contribui para a escolha de outros profissionais. Além disso, o
desconhecimento de grande parte dos entrevistados sobre regulamentações específicas
demonstra a necessidade de esforços para aumentar a visibilidade e compreensão das
normas que regem a atuação farmacêutica na estética.
Quando questionados sobre a classificação do mercado de procedimentos estéticos
no Brasil em termos de segurança e regulamentação, 87 participantes consideraram a
situação preocupante, enquanto 62 avaliaram como “ok”, 51 como “muito bom” e apenas
8 como “perfeito”. Por fim, 169 participantes acreditam que o mercado brasileiro de saúde
Capítulo 7
83
Editora Pascal
estética oferece oportunidades para a atuação de farmacêuticos, enquanto 85 não com-
partilham dessa opinião.
Esses dados apontam que, embora o mercado estético no Brasil seja visto como pro-
missor, ainda existem preocupações relacionadas à segurança e regulamentação. Segun-
do Luiz C e Colli L (2021), a falta de transparência e a percepção de insegurança no merca-
do podem ser um entrave para o crescimento sustentável da atuação de farmacêuticos.
Assim, esforços direcionados à qualificação, divulgação de normas e esclarecimento das
responsabilidades profissionais são cruciais para ampliar a confiança do público nesse
segmento.
4. CONCLUSÃO
Este estudo alcançou seus objetivos ao investigar as percepções da população sobre o
mercado de saúde estética e a atuação dos farmacêuticos nesse segmento. Os resultados
revelaram uma predominância de mulheres como público-alvo, com maior concentração
na faixa etária de 36 a 45 anos e renda de até três salários-mínimos. Foi constatado que,
embora a maioria dos participantes reconheça as oportunidades para os farmacêuticos
nesse mercado, ainda há falta de informação sobre sua qualificação e regulamentação.
Os achados reforçam a importância de ampliar a divulgação sobre a formação e as
competências dos farmacêuticos, de modo a consolidar a confiança pública e fortalecer a
atuação desse profissional na área de saúde estética. Este estudo contribui significativa-
mente para o debate sobre a ampliação do papel do farmacêutico, promovendo avanços
no reconhecimento da sua atuação no setor.
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Capítulo 7
85
Editora Pascal
ANEXO
QUESTIONÁRIO SOBRE A PESQUISA DE OPINIÃO
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
UNAMA ANANINDEUA
CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA
Danieli Gomes - Discente
Ivanilda Dos Santos Pereira - Discente
Mayara Danúbia Brito Barroso - Discente
Adreanne Oliveira da Silva - Orientadora
PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA NO MUNICIPIO DE ANANIDEUA SOBRE A ATUA-
ÇÃO DO FARMACÊUTICO NA SAÚDE ESTÉTICA
Prezado(a) participante,
Solicitamos sua participação nesta pesquisa que visa compreender a opinião dos mo-
radores de Ananindeua sobre a formação e capacitação do farmacêutico para atuar em
clínicas de estética. Somos alunas do curso de Bacharelado em Farmácia da Universidade
da Amazônia e estamos conduzindo este estudo como parte de nossa graduação. As res-
postas são anônimas e servirão para fins acadêmicos.
Agradecemos sua colaboração!
PARTE I – PERFIL DOS PARTICIPANTES
1. Sexo:
• ( ) Masculino
• ( ) Feminino
• ( ) Prefiro não informar
2. Idade:
• ( ) 18 a 25 anos
• ( ) 26 a 35 anos
• ( ) 36 a 45 anos
• ( ) 46 a 60 ou mais
• ( ) Acima de 60 anos
3. Nível de Escolaridade:
• ( ) Ensino Fundamental Completo
Capítulo 7
86
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
• ( ) Ensino Médio Completo
• ( ) Ensino Superior Incompleto
• ( ) Ensino Superior Completo
• ( ) Pós-graduação (Especialização/Mestrado/Doutorado)
4. Renda Familiar Mensal (em salários mínimos):
• ( ) Até 3 salários mínimos
• ( ) Entre 3 e 6 salários mínimos
• ( ) Entre 6 e 10 salários mínimos
• ( ) Acima de 10 salários mínimos
PARTE II – OPINIÃO SOBRE A ATUAÇÃO DO FARMACÊUTICO NO SETOR ESTÉTICO
5. Você utiliza ou já utilizou serviços estéticos (como limpeza de pele, tratamentos
corporais, etc.)?
• ( ) Sim
• ( ) Não
6. Você tem conhecimento sobre os tipos de serviços oferecidos em clínicas de
estética?
• ( ) Sim
• ( ) Não
7. Você já ouviu falar que farmacêuticos podem realizar procedimentos estéticos?
• ( ) Sim
• ( ) Não
8. Na sua opinião, o farmacêutico está qualificado para realizar procedimentos
estéticos, como preenchimentos e aplicação de toxina botulínica?
• ( ) Discordo Totalmente
• ( ) Discordo
• ( ) Nem concordo, nem discordo
• ( ) Concordo
• ( ) Concordo Totalmente
9. Você acredita que os farmacêuticos precisam de formação específica e habilita-
ção acadêmica adicional para atuar em estética?
• ( ) Discordo Totalmente
• ( ) Discordo
• ( ) Nem concordo, nem discordo
• ( ) Concordo
• ( ) Concordo Totalmente
Capítulo 7
87
Editora Pascal
10. Na sua visão, o farmacêutico é um profissional apto a atuar em clínicas de es-
tética?
• ( ) Discordo Totalmente
• ( ) Discordo
• ( ) Nem concordo, nem discordo
• ( ) Concordo
• ( ) Concordo Totalmente
11. Você teria confiança em realizar um procedimento estético com um farmacêu-
tico? Por quê?
• ( ) Sim
• ( ) Não
12. Você acredita que a formação do farmacêutico abrange conhecimentos sufi-
cientes em estética?
• ( ) Sim
• ( ) Não
13. Já realizou algum procedimento estético? Se sim, foi com qual profissional?
• ( ) Biomédico
• ( ) Dentista
• ( ) Médico
• ( ) Enfermeiro
• ( ) nunca fiz procedimentos estéticos
14. Você conhece a lei que regulamentação os farmacêuticos atuarem saúde es-
tética?
• ( ) Sim
• ( ) Não
15. Como você classificaria o mercado de procedimentos estéticos no Brasil, em
termos de segurança e regulamentação?
• ( ) Preocupante
• ( ) Regular
• ( ) Muito bom
• () Excelente
16. Você acredita que o mercado brasileiro de saúde estética oferece oportunida-
des para a atuação de farmacêuticos?
• ( ) Sim
• ( ) Não
8
Thamire Sueli Moraes de Andrade1
Brenda Kalinhe Ribeiro do Amaral1
Jeila de Souza Trindade2
Daniella Ramos Nunes3
Adreanne Oliveira da Silva4
Ana Carolina da Silva Costa4
José Raul Rocha de Araújo Júnior4
Kamila Leal Correa4
1 Graduação em Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-Pará
2 Acadêmica de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-Pará
3 Especialista em Atenção à Saúde Cardiovascular, Universidade do Estado do Pará, Belém-Pará
4 Docente do curso de Farmácia, Universidade da Amazônia, Ananindeua-Pará
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS
DE SIFILIS CONGÊNITA NA REGIÃO
METROPOLITANA DE BELÉM DO PARÁ ENTRE
OS ANOS DE 2018 E 2023
EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF CONGENITAL SYPHILIS CASES IN
THE METROPOLITAN REGION OF BELÉM DO PARÁ BETWEEN 2018
AND 2023
10.29327/5529040.1-8
Capítulo 8
89
Editora Pascal
Resumo
A
Sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida por
via sexual, e em alguns casos, de forma congênita, a qual pode ocasionar aborto,
má formação e consequências neurológicas graves para o feto. Com isso, o presente
estudo teve como objetivo descrever o perfil epidemiológico dos casos de sífilis congênita
(SC) na região metropolitana de Belém, entre os anos de 2018 e 2023, identificando a distri-
buição dos casos por município, faixa etária, sexo e raça, além de analisar a evolução clínica
dos neonatos com a doença. Tratou-se de uma pesquisa descritiva, quantitativa e retros-
pectiva, com dados obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. Os resul-
tados indicaram um aumento expressivo no número de casos de SC ao longo do período,
com pico em 2022, destacando a concentração de casos em Belém e Ananindeua, segui-
dos por Marituba. A maioria dos neonatos diagnosticados tinha até seis dias de vida, sendo
declarada parda e do sexo masculino. Observou-se também uma elevada proporção de re-
gistros ignorados para raça e sexo, evidenciando deficiências nos sistemas de notificação.
Quanto à evolução clínica, 95,8% dos neonatos sobreviveram, embora 17 óbitos tenham
sido diretamente atribuídos à SC. Conclui-se que, apesar da capacidade de notificação
dos grandes centros, há barreiras significativas no diagnóstico e tratamento adequados
durante o pré-natal, especialmente nas áreas periféricas. Recomenda-se o fortalecimento
das políticas públicas de saúde voltadas para a triagem precoce da sífilis em gestantes e a
melhoria nos sistemas de notificação para reduzir a incidência de SC e suas complicações.
Palavras-chave: Treponema Pallidum, Transmissão congênita, Epidemiologia, Saúde
pública, Pará.
Abstract
Syphilis is an infection caused by the bacterium Treponema pallidum, transmitted se-
xually and, in some cases, congenitally. Congenital transmission can lead to miscar-
riage, malformations, and severe neurological consequences for the fetus. In this con-
text, the present study aimed to describe the epidemiological profile of congenital syphilis
(CS) cases in the metropolitan region of Belém between 2018 and 2023, identifying the
distribution of cases by municipality, age group, sex, and race, as well as analyzing the
clinical progression of neonates with the disease. This was a descriptive, quantitative, and
retrospective study, with data obtained from the Notifiable Diseases Information System.
The results indicated a significant increase in CS cases over the period, peaking in 2022,
with the highest concentration of cases in Belém and Ananindeua, followed by Marituba.
Most diagnosed neonates were up to six days old, declared to be of mixed-race ethnicity
(pardo), and male. A high proportion of missing records for race and sex was also observed,
highlighting deficiencies in notification systems. Regarding clinical outcomes, 95.8% of
the neonates survived, although 17 deaths were directly attributed to CS. The study con-
cluded that, despite the reporting capacity of major urban centers, significant barriers re-
main in the proper diagnosis and treatment of syphilis during prenatal care, especially in
peripheral areas. Strengthening public health policies focused on early syphilis screening
in pregnant women and improving notification systems is recommended to reduce the
incidence of CS and its complications.
Keywords: Treponema pallidum, Congenital transmission, Epidemiology, Public he-
alth, Pará.
Capítulo 8
90
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
1. INTRODUÇÃO
A sífilis congênita (SC) é uma doença infecciosa grave, transmitida verticalmente da
mãe para o feto durante a gestação ou no momento do parto, caso a mãe esteja infectada
pela bactéria Treponema pallidum, agente causador da sífilis (Rocha et al., 2021). Esse orga-
nismo possui uma forma espiralada alongada e é bastante fina, sendo altamente sensível
às condições ambientais. Sua parede celular é composta por peptidoglicano, porém, em
uma quantidade menor em comparação com outras bactérias, o que pode contribuir para
sua capacidade de evadir a resposta imunológica do hospedeiro (Soares; Aquino, 2021).
Nesse contexto, a sífilis congênita representa um grave problema de saúde pública devido
ao seu potencial para causar complicações sérias, tais como aborto, morte e sequelas a
longo prazo para as crianças afetadas que sobrevivem (Sankaran; Partridge; Lakshminru-
simha, 2023).
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) em 2019, existe uma
estimativa que a cada ano quase um milhão de grávidas são infectadas com sífilis, o que
indica que mais de dois terços poderão sofrer com sérios resultados adversos na gravidez,
além disso, a incidência global de SC permanece elevada, com cerca de 661 mil casos es-
timados anualmente, ressaltando a necessidade de esforços contínuos de prevenção e
tratamento.
Brandenburger e Ambrosino (2021), afirmam que essa doença é uma das principais
causas de mortalidade infantil em países em desenvolvimento e os problemas relaciona-
dos a ela incluem uma série de complicações para o feto e o recém-nascido, como malfor-
mações ósseas, hepatoesplenomegalia, icterícia e lesões cutâneas e mucosas, bem como,
de acordo com Lawrence (2025) a SC pode ocasionar atraso no desenvolvimento neurop-
sicomotor. Ademais, segundo Schlueter et al. (2021) essa infecção pode resultar em morte
intrauterina, prematuridade, baixo peso ao nascer e outras complicações graves.
Em relação a sintomatologia para o diagnóstico, sabe-se que as manifestações clínicas
incluem cancro primário no ponto em que houve a inoculação e após algumas semanas, o
aparecimento de erupções cutâneas da sífilis secundária, podendo apresentar período de
latência, com posterior comprometimento nos sistemas nervoso e cardiovascular, sendo
o diagnóstico realizado por meio da pesquisa pelo Treponema pallidum, conhecido como
padrão-ouro e pelos testes sorológicos associados as características clínicas, onde desta-
cam-se os testes não treponêmicos como o Venereal Disease Research Laboratory (VDRL)
e o teste treponêmico conhecido como teste de absorção de fluorescência treponêmica
(FTA-ABS) (Mabey; Marks, 2025; Nascimento et al., 2021). A transmissão dessa doença está
diretamente relacionada à falta de diagnóstico e tratamento da sífilis em gestantes, por
isso, a ausência de acompanhamento pré-natal adequado e a falta de acesso a serviços de
saúde de qualidade são fatores críticos nesse contexto (Pascoal et al., 2023).
O tratamento indicado para SC é a administração de penicilina Benzatina G de 2,4 mi-
lhões de unidades intramuscular, um antibiótico de uso seguro durante a gravidez e com
eficácia comprovada para prevenir a transmissão vertical da doença (Pinto et al., 2022).
Nesse sentido, a orientação adequada dos profissionais de saúde é essencial para garantir
a eficácia do tratamento e prevenir complicações no recém-nascido, pois a ausência ou
pausa no tratamento pode gerar riscos de eventos adversos (Rac; Stafford; Eppes, 2020;
Nascimento et al., 2021).
De acordo com Rafael et al. (2020), conhecer a epidemiologia de uma doença é de
suma importância para a formulação de políticas públicas eficazes, para o direcionamento
Capítulo 8
91
Editora Pascal
de recursos e o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle, pois o estudo da
distribuição e determinantes de uma infecção permite identificar populações em risco e
implementar medidas de saúde pública baseadas em evidências.
Nesse cenário a importância do profissional farmacêutico é inegável, uma vez que
este especialista atua tanto na dispensação consciente de medicamentos quanto na
orientação sobre seu uso correto e aplicação adequada, podendo participar de ações de
educação em saúde e campanhas de orientação sobre a importância do pré-natal e do
diagnóstico precoce da sífilis (Porto et al., 2020). Com isso, este estudo teve como objetivo
descrever o perfil epidemiológico dos casos de sífilis congênita na Região Metropolitana
de Belém, bem como identificar a frequência de casos de acordo com o município e o ano
de ocorrência e descrever o perfil sociodemográfico, a classificação final e a evolução dos
casos de SC.
2. METODOLOGIA
2.1 Tipo de estudo
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa epidemiológica, retrospectiva, descri-
tiva e de abordagem quantitativa. A investigação foi realizada com base em informações
secundárias disponíveis no portal eletrônico do Departamento de Informática do Sistema
Único de Saúde (DATASUS). Nesse contexto, a pesquisa epidemiológica é uma ferramenta
fundamental para compreender a distribuição e determinantes de doenças em uma po-
pulação, auxiliando na formulação de políticas de saúde e intervenções preventivas (Lamy,
2020). No caso de um estudo descritivo é importante destacar a sua natureza observacio-
nal, a qual é mais simples em comparação ao estudo analítico, o qual é importante para
gerar hipóteses e ser base para pesquisas futuras (Fernandes et al., 2024).
A metodologia quantitativa, por sua vez, foi essencial para analisar os dados de forma
objetiva e numérica, permitindo a mensuração de indicadores epidemiológicos e a reali-
zação de análises estatísticas robustas (Mattar; Ramos, 2021). Ao se utilizar informações se-
cundárias disponíveis no portal eletrônico do DATASUS, a pesquisa teve como base dados
coletados rotineiramente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), permitindo uma
abordagem abrangente e representativa da realidade da saúde no país, onde vale frisar
que o Brasil possui diferentes bancos de dados secundários, disponíveis para consulta da
população interessada nesse tipo de pesquisa, a citar o TABNET, com dados de diferentes
doenças (Fernandes et al., 2024).
2.2 Local e tecnica de coleta de dados
A coleta dos dados foi realizada por meio do acesso ao banco de dados do Departa-
mento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS- https://datasus.saude.gov.
br/informacoes-de-saude-tabnet/). Após acessar o site, foi selecionada a seção que trata de
dados epidemiológicos e de morbidade, a qual documenta a incidência de condições de
saúde na população brasileira.
Dentro do escopo do monitoramento de doenças e agravos notificáveis a partir de
2007, disponibilizados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), a
pesquisa focou na obtenção de dados para a vigilância epidemiológica. A seleção incidiu
sobre a categoria de “sífilis congênita”, para a extração de informações epidemiológicas
pertinentes aos casos registrados.
Capítulo 8
92
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Foram então coletadas variáveis específicas, as quais são essenciais para a caracteri-
zação do perfil socioepidemiológico da sífilis congênita na região em estudo. Esses dados
são fundamentais para compreender a dimensão e as características da doença na popu-
lação e para fundamentar a formulação de estratégias de saúde pública efetivas.
2.3 Amostra e variáveis do estudo
O estudo abrangeu casos notificados de sífilis congênita na região metropolitana de
Belém – PA, utilizando dados do DATASUS (TABNET). A amostra compreendeu todos os
casos de sífilis congênita registrados no DATASUS, limitando-se aos ocorridos na Região
Metropolitana de Belém, composta pelos seguintes municípios: Ananindeua; Barcarena;
Belém; Castanhal; Marituba; Santa Barbara do Para; Santa Izabel do Para, no período de
2018 a 2023. As variáveis examinadas incluíram: ano de notificação, município de notifica-
ção, faixa etária, sexo, cor/raça do bebê, classificação final e evolução dos casos (Quadro 1).
Variáveis Grupos
Ano de notificação 2018; 2019; 2020; 2021; 2022; 2023.
Município de notificação Ananindeua; Barcarena; Belém; Castanhal; Marituba;
Santa Barbara do Para; Santa Izabel do Para
Faixa etária até 6 dias; 7-27 dias; 28 dias a <1 ano; 1 ano a 23 meses);
2 a 4 anos
Sexo Masculino, feminino
Cor/raça Branca, Parda, Preta, amarela, indígena
Classificação final Sífilis Congênita Recente; Sífilis Congênita Tardia; Nati-
morto/Aborto por Sífilis
Evolução dos casos Vivo; Óbito por SC; Óbito por outra causa
Quadro 1. Apresentação das variáveis e seus respectivos grupos
Fonte: Adaptado do DATASUS, 2024
2.4 Critérios de inclusão e exclusão
Foram incluídos no estudo apenas os casos de sífilis congênita notificados de 2018 a
2023 na Região Metropolitana de Belém, excluindo-se registros em branco e casos regis-
trados fora do período estimado de estudo.
2.5 Organização e análise dos dados
Os dados coletados foram organizados, com a padronização das variáveis e foram in-
seridos em planilhas do programa Excel do Microsoft Office 365. Posteriormente, os dados
tratados foram submetidos a uma análise descritiva detalhada, envolvendo a tabulação de
frequências e a construção de gráficos para representar as principais características dos
casos de sífilis congênita.
Capítulo 8
93
Editora Pascal
3. RESULTADOS
A coleta dos dados sobre sífilis congênita (SC) na região metropolitana de Belém, de-
monstram um total de 1.784 casos de SC entre os anos de 2018 e 2023 na referida região
(Figura 1).
Figura 1. Casos confirmados de sífilis congênita por município de notificação na região metropolitana de
Belém, Pará, no período de 2018 a 2023
Fonte: Adaptado do DATASUS, 2024
Ao observar os dados apresentados na Figura 1, é possível identificar uma variação
acentuada na frequência de casos de sífilis congênita entre os municípios ao longo do
período analisado. Belém destaca-se com o maior número absoluto de casos, totalizando
1.031 casos confirmados no período. O pico ocorreu em 2022, com 456 casos notificados,
demonstrando uma expressiva elevação em comparação com os anos anteriores.
Ananindeua apresenta o segundo maior total de casos confirmados, com 368 noti-
ficações. O número de casos neste município também variou consideravelmente, com o
maior registro em 2021, quando 186 casos foram notificados. Observa-se uma redução em
2022 e 2023, com 52 e 33 casos, respectivamente.
Marituba ocupa a terceira posição, com um total de 175 casos notificados no período.
Os números mais elevados ocorreram em 2019, com 43 casos, e em 2023, com um aumen-
to para 37 casos após um declínio em 2021.
Barcarena notificou 93 casos no período de seis anos, apresentando um crescimento
gradual, com o maior número registrado em 2023 (27 casos). Castanhal também apresen-
tou uma variação notável, totalizando 112 casos, com um aumento significativo em 2022,
quando 65 casos foram notificados.
Santa Bárbara do Pará e Santa Izabel do Pará registraram os menores totais de casos
confirmados, com 2 e 3 casos, respectivamente, ao longo de todo o período analisado.
Em relação ao perfil sociodemográfico dos casos de SC, percebe-se uma predomi-
nância de diagnósticos em neonatos de até 6 dias de vida (n=1754; 98,3%) , do sexo mascu-
lino (n= 842; 51%) e declaradas parda (n= 1275; 89,9%), como mostra a Tabela 1.
Capítulo 8
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Variável n %
Faixa etária
até 6 dias 1754 98.3%
7-27 dias 19 1.1%
28 dias a <1 ano 7 0.4%
1 ano a 23 meses 2 0.1%
2 a 4 anos 2 0.1%
Sexo
Masculino 842 47.2%
Feminino 810 45.4%
Ignorados 132 7.4%
Raça
Branca 105 5.9%
Preta 34 1.9%
Amarela 3 0.2%
Parda 1275 71.5%
Indígena 1 0.1%
Ignorados 366 20.5%
Tabela 1. Perfil sociodemográfico dos casos de sífilis congênita, ocorridos na região metropolitana de Be-
lém, no período de 2019 a 2023
Fonte: Adaptado do DATASUS, 2024
Pode-se notar também, que os casos diagnosticados na faixa etária de 7 a 27 dias cor-
respondem a 19, ou 1,1% do total, enquanto aqueles identificados entre 28 dias a menos de
1 ano de idade somam 7 casos, representando 0,4%.
Na faixa etária de 1 ano a 23 meses, foram registrados 2 casos, representando 0,1% do
total, o mesmo percentual observado na faixa de 2 a 4 anos, também com 2 casos, indican-
do que a detecção geralmente ocorre nos primeiros dias de vida.
Em relação ao sexo dos neonatos diagnosticados, observa-se uma leve predominân-
cia do sexo masculino (47,2%), apesar disso, essa frequência é pequena em relação ao sexo
feminino, que representa 45,4% dos casos (n=810), sugerindo que a incidência da doença
afeta os dois sexos de maneira relativamente equilibrada.
No entanto, chama a atenção o fato de que 7,4% (n=132) dos registros não especificam
o sexo do recém-nascido, classificados como “ignorados”, o que pode sugerir limitações no
preenchimento adequado dos dados.
Quanto à raça, a maioria dos neonatos diagnosticados com sífilis congênita foi decla-
rada parda, representando 71,5% (n=1275) dos casos. Além disso, 5,9% dos casos foram clas-
sificados como brancos (n=105), 1,9% como pretos (n=34), e menos de 1% como amarelos
(n=3) e indígenas (n=1) e um número expressivo de casos (20,5%; n=366) teve a raça ignora-
da, o que aponta para a necessidade de melhorias nos sistemas de registro para assegurar
informações mais completas e precisas sobre a população afetada.
No que diz respeito à classificação final e a evolução dos casos de sífilis congênita
(Tabela 2), observou-se que a maioria dos casos foi classificada como sífilis congênita re-
cente, totalizando 1579 casos, o que representa 88,5% do total de registros. Em contraste, a
Capítulo 8
95
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sífilis congênita tardia foi rara no período analisado, com apenas 2 casos (0,1%). Além disso,
houve 85 casos de natimorto ou aborto atribuídos à infecção por sífilis, correspondendo a
4,8% dos registros. Por fim, 118 casos foram descartados, o que representa 6,6% do total de
notificações.
Variável N %
Classificação final
Sífilis Congênita Recente 1709 95.8%
Sífilis Congênita Tardia 17 1.0%
Natimorto/Aborto por Sífilis 6 0.3%
Evolução dos casos
Vivo 1709 95.8%
Óbito por SC 17 1.0%
Óbito por outra causa 6 0.3%
Tabela 2. Classificação final e evolução dos casos de SC ocorridos na região metropolitana de Belém, nos
anos de 2018 a 2023
Fonte: Adaptado do DATASUS, 2024
Em relação à evolução dos casos, nota-se que 1709 crianças nasceram vivas, repre-
sentando 95,8% dos casos notificados. No entanto, foram registrados 17 óbitos diretamen-
te atribuídos à sífilis congênita, equivalendo a 1,0% do total. Também houve 6 óbitos por
outras causas, correspondendo a 0,3% dos casos. Adicionalmente, 52 casos (2,9%) foram
classificados como ignorados ou em branco, o que sugere possível subnotificação ou difi-
culdades na coleta de dados precisos.
4. DISCUSSÃO
A análise dos casos de sífilis congênita (SC) na região metropolitana de Belém entre
2018 e 2023 revela importantes disparidades na incidência da doença entre os municípios,
sendo Belém o mais afetado, seguido por Ananindeua. De acordo com Pereira et al. (2024),
a alta densidade populacional de uma cidade pode influenciar na quantidade de registros
epidemiológicos e essa concentração de casos em Belém pode ser explicada não apenas
pela maior densidade populacional, mas também pela concentração de serviços de saúde,
o que facilita a notificação de casos, embora não signifique necessariamente uma melhor
qualidade no atendimento.
Isso reflete uma tendência que os municípios maiores possuem por apresentarem
números mais elevados de notificações devido à sobrecarga dos sistemas de saúde, que
podem falhar em garantir um acompanhamento pré-natal contínuo e de qualidade (Wu-
landari; Laksono; Rohmah, 2021).
Os municípios com menores registros (Barcarena, Santa Izabel do Pará e Santa Bárba-
ra do Pará), demonstram uma ocorrência moderada da doença. Sobre isso, Anza-Ramirez
et al. (2024), afirmam quem em áreas com menor densidade populacional, as notificações
podem ser subestimadas, pois a baixa cobertura de serviços de saúde faz com que mui-
tas gestantes não tenham acesso ao diagnóstico e tratamento adequados, o que agrava
a subnotificação e a transmissão vertical da sífilis. Além disso, as barreiras geográficas e a
falta de infraestrutura são fatores que contribuem para a baixa cobertura de exames de
triagem, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS) (Boing et al., 2022).
Capítulo 8
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Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Em relação ao perfil sociodemográfico dos neonatos diagnosticados com SC, perce-
be-se uma predominância de neonatos pardos, que correspondem a 71,5% dos casos, refle-
tindo a composição racial da população da região metropolitana de Belém, onde há uma
maior concentração de pessoas autodeclaradas pardas em áreas de maior vulnerabilidade
social (IBGE, 2020).
No entanto, Pinto et al. (2023) apontam que a alta prevalência de registros ignorados
para raça e sexo, como observado em 20,5% dos casos para raça e 7.4% para sexo, compro-
mete a precisão dos dados e dificulta a formulação de políticas públicas eficazes.
Esses dados incompletos indicam uma lacuna no preenchimento dos formulários de
notificação, o que é consistente com o que Rafael et al. discutem sobre a necessidade de
melhorias nos sistemas de informação e treinamento contínuo dos profissionais de saúde
para assegurar registros precisos e completos (Floss et al., 2023).
Além disso, ao analisar a evolução dos casos, observa-se que 95,8% dos neonatos diag-
nosticados com SC nasceram vivos, o que é um reflexo positivo das intervenções pós-nas-
cimento. Contudo, a taxa de 17 óbitos diretamente atribuídos à SC, conforme registrado
neste estudo, reflete falhas no diagnóstico e tratamento precoce das gestantes durante
o pré-natal. Sobre isto, Nass et al. (2021) destacam que a detecção tardia da sífilis em ges-
tantes está diretamente associada a complicações graves, incluindo natimortos e abortos,
uma vez que a falta de tratamento oportuno permite a progressão da infecção. Mersha et
al. (2021) acrescentam que a mortalidade neonatal por SC poderia ser drasticamente redu-
zida com a implementação de políticas públicas que garantissem o diagnóstico precoce e
o tratamento eficaz durante o pré-natal, o que reforça a importância de fortalecer as ações
de saúde voltadas para a triagem de sífilis nas gestantes.
Diante disso, os dados mostram que, apesar das intervenções pós-nascimento, os ne-
onatos diagnosticados com SC enfrentam um risco significativo de complicações graves
quando a infecção não é tratada durante a gestação. Nesse contexto, Amorin et al. (2021)
destacam que o tratamento durante a gravidez é fundamental para prevenir a transmis-
são vertical da sífilis congênita e consiste no uso de penicilina benzatina, que é o único
antibiótico eficaz e seguro tanto para a gestante quanto para o feto. Contudo, a sua admi-
nistração tardia reduz a eficácia do tratamento e aumenta o risco de complicações, como
natimortos e abortos, além disso, a capacitação dos profissionais de saúde e a melhoria
nos sistemas de notificação são medidas essenciais para reduzir a incidência de SC e pre-
venir complicações fatais ou de longo prazo.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo revelou um preocupante aumento nos casos de sífilis congênita (SC) na
região metropolitana de Belém entre 2018 e 2023, com destaque para a persistente dispa-
ridade na distribuição dos casos entre os municípios.
A maior concentração de casos em Belém e Ananindeua evidencia a sobrecarga dos
sistemas de saúde nas áreas urbanas, que, embora possuam maior capacidade de notifi-
cação, ainda falham em garantir um acompanhamento pré-natal eficaz para todas as ges-
tantes. Além disso, municípios menores e áreas periféricas continuam a enfrentar desafios
significativos no acesso ao diagnóstico precoce e ao tratamento da sífilis gestacional, o
que contribui para a subnotificação e o agravamento da transmissão vertical.
A análise sociodemográfica também demonstrou que a SC afeta predominantemen-
te neonatos autodeclarados pardos, refletindo a composição populacional da região. No
Capítulo 8
97
Editora Pascal
entanto, a incompletude dos dados de notificação, com altos índices de registros ignora-
dos para raça e sexo, sugere uma lacuna importante na precisão dos registros, comprome-
tendo a formulação de políticas públicas adequadas.
Além disso, a evolução dos casos indica que as intervenções pós-natal têm sido efeti-
vas, embora a mortalidade neonatal associada à SC ainda seja um problema crítico, parti-
cularmente em contextos de diagnóstico tardio.
Diante disso, conclui-se que, para reduzir a incidência de SC na região, é fundamental
investir em políticas públicas voltadas para o fortalecimento do pré-natal, garantindo a
triagem precoce e o tratamento oportuno da sífilis em gestantes. A capacitação contínua
dos profissionais de saúde, especialmente nas áreas de maior vulnerabilidade social, e a
melhoria nos sistemas de notificação são estratégias essenciais para assegurar a preven-
ção eficaz da SC.
Ademais, é necessário que os esforços de saúde pública se concentrem em ampliar o
acesso ao pré-natal nas áreas periurbanas e rurais, onde as gestantes enfrentam as maio-
res barreiras de acesso, garantindo que todas as gestantes tenham a oportunidade de
serem diagnosticadas e tratadas precocemente, prevenindo assim a transmissão vertical
e suas graves consequências.
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9
Tamires Serra de Souza1
Naila Ferreira da Cruz2
Kyouk Isabel Portilhos dos Santos3
Tais Vanessa Gabbay Alves4
Sônia das Graças Santa Rosa Pamplona3
Wandson Braamcamp de Souza Pinheiro3
1 Graduanda em Farmácia, Universidade da Amazônia, Belém-Pará
2 Doutoranda em Neurociência e Biologia Celular, Universidade Federal do Pará, Belém-Pará
3 Doutor(a) em Química, Universidade Federal do Pará, Belém-Pará
4 Doutora em Inovação Farmacêutica, Universidade Federal do Pará, Belém-Pará
ANÁLISE FITOQUÍMICA E ATIVIDADE
ANTIMICROBIANA DO EXTRATO
HIDROALCOÓLICO DA CASCA DE MURURÉ
(Brosimum acutifolium subsp. acutifolium)
ANALYSIS AND ANTIMICROBIAL ACTIVITY OF HYDROALCOHOLIC
EXTRACT FROM MURURÉ BARK (Brosimum acutifolium subsp.
acutifolium)
10.29327/5529040.1-9
Capítulo 9
100
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Resumo
O
Brasil possui uma rica biodiversidade, especialmente na Região Amazônica, onde
espécies como Brosimum acutifolium se destacam pelo potencial terapêutico devi-
do à presença de compostos bioativos. Este trabalho teve como objetivo analisar a
composição fitoquímica e avaliar a atividade antimicrobiana do extrato hidroalcoólico da
casca de Brosimum acutifolium subsp. acutifolium. A casca foi coletada, seca e submeti-
da à proteção com solução hidroalcoólica a 70% em banho ultrassônico. Foram realizadas
análises cromatográficas por CLAE-DAD e CLUE-MS para identificar compostos bioativos,
e ensaios antimicrobianos contra Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa, Es-
cherichia coli, Candida albicans e Candida tropicalis para determinar a Concentração Inibi-
tória Mínima (CIM) e a Concentração Bactericida Mínima (CBM) e Concentração Fungicida
Mínima (CFM). Os resultados identificaram flavonoides como Brosimina B, Isobavachalco-
na e Isobavaquina. O extrato apresentou atividade bactericida contra Staphylococcus au-
reus em concentrações iguais ou superiores a 25 mg/mL. Para Pseudomonas aeruginosa,
apenas a concentração mais alta foi eficaz, e Escherichia coli não apresentou proteção. Nos
testes antifúngicos, o extrato declarou apenas efeito fungistático contra Candida albicans
e Candida tropicalis. A presença de flavonoides pode explicar a eficácia contra bactérias
Gram-positivas, enquanto a resistência a Gram-negativas e fungos pode estar relacionada
às suas barreiras estruturais. Conclui-se que o extrato de Brosimum acutifolium apresenta
potencial terapêutico contra Staphylococcus aureus, mas estudos adicionais são necessá-
rios para ampliar o espectro de atividade e avaliar a segurança de seu uso medicinal.
Palavras-chave: Flavonoides, Região Amazônica, Extratos Vegetais.
Abstract
Brazil has a rich biodiversity, especially in the Amazon region, where species such as
Brosimum acutifolium stand out for their therapeutic potential due to the presence
of bioactive compounds. This study aimed to analyze the phytochemical composi-
tion and evaluate the antimicrobial activity of the hydroalcoholic extract from the bark of
Brosimum acutifolium subsp. acutifolium. The bark was collected, dried, and subjected
to extraction with a 70% hydroalcoholic solution in an ultrasonic bath. Chromatographic
analyses were performed using HPLC-DAD and UPLC-MS to identify bioactive compou-
nds, and antimicrobial assays were conducted against Staphylococcus aureus, Pseudomo-
nas aeruginosa, Escherichia coli, Candida albicans, and Candida tropicalis to determine
the Minimum Inhibitory Concentration (MIC), Minimum Bactericidal Concentration (MBC),
and Minimum Fungicidal Concentration (MFC). The results identified flavonoids such as
Brosimine B, Isobavachalcone, and Isobavaquin. The extract exhibited bactericidal activity
against Staphylococcus aureus at concentrations equal to or greater than 25 mg/mL. For
Pseudomonas aeruginosa, only the highest concentration was effective, and Escherichia
coli showed no susceptibility. In antifungal tests, the extract demonstrated only a fungis-
tatic effect against Candida albicans and Candida tropicalis. The presence of flavonoids
may explain the efficacy against Gram-positive bacteria, while resistance in Gram-negative
bacteria and fungi may be related to their structural barriers. It is concluded that the ex-
tract of Brosimum acutifolium has therapeutic potential against Staphylococcus aureus,
but additional studies are necessary to expand the activity spectrum and assess the safety
of its medicinal use.
Keywords: Flavonoids, Amazon Region, Plant Extracts.
Capítulo 9
101
Editora Pascal
1. INTRODUÇÃO
O Brasil com sua grande diversidade biológica e variabilidade de clima e meio am-
biente, é detentora de cerca de 20% de todas as plantas do planeta, principalmente no
que diz respeito às angiospermas. Somente na Amazônia há estimativas de que haja cer-
ca de 30.000 plantas superiores, porém, devido à magnitude da biodiversidade regional
não existem levantamentos detalhados para apresentar este bioma em números concre-
tos. Os povos detentores de conhecimentos da Amazônia trazem no seu histórico de vida
grande diversidade cultural, o que representa um etnoconhecimento sobre o manejo das
espécies nativas e suas funções medicinais, alimentícias, tintoriais, madeireiras, têxteis, or-
namentais, dentre outras tantas (Da Mata, 2009).
Na Região Amazônica, destaca-se o gênero Brosimum, pertencente à família Morace-
ae, sendo representado no Brasil por cerca de 15 espécies, principalmente nos estados do
Pará e Amazonas. Segundo Souza (2000), o gênero Brosimum possui compostos químicos
tais como: esteróides, terpenóides, benzofenonas, xantonas, taninos, saponinas, alcalóides
e polifenóis derivados de hidrocianamato. Dentre os esteróides, destacam-se o β-sitoste-
rol que possui propriedades: anti-cancerígena, anti-inflamatória e antipirética, hipotensiva,
antibacteriana, anti-hemolítica e antidiabética (Saeidnia et al., 2014).
Dessa forma, foi selecionada a espécie Brosimum acutifolium subsp. acutifolium, que
na literatura, foram relatados estudos e isolamento de compostos pertencentes a várias
classes, como terpenos e flavonóides. Este último, que por sua vez, tem destaque na lite-
ratura por suas importantes aplicações na terapêutica, em função do seu caráter antioxi-
dante, que lhe proporciona diversas propriedades de interesse biológico, como atividades
antimicrobiana, anticancerígena, anti-inflamatória e entre outras (Lafluente et al., 2009), as
quais podem vir a justificar o uso e comercialização.
Segundo Takashima e colaboradores (2002), a Brosimum acutifolium subsp. acuti-
folium, possui em sua casca, flavonoides e lignoides com ação antibacteriana, e lignoides
com atividade inibidora da proteína quinase - alterando o controle da regulação de glico-
gênio, açúcar, metabolismo de lipídio e outras cascatas de transdução de sinal. O que pode
ser um indicativo como um hipoglicemiante natural.
As plantas medicinais, em sua grande maioria, possuem propriedades anti hiperglicê-
micas e antimicrobianas ou apresentam constituintes que podem ser utilizados no desen-
volvimento de novos agentes com efeito de reduzir a glicemia. Dentre estes compostos,
os flavonoides, alcaloides, indóis, compostos fenólicos e terpênicos são alguns dos fito-
constituintes com ação antioxidante que melhoram o metabolismo, com potencial para
tratamento de diversas doenças. Os mecanismos descritos incluem a menor absorção de
glicose pelo intestino, estimulação das células β pancreáticas, resistência a hormônios que
aumentam a taxa de glicose, eliminação de radicais livres, diminuição da perda de glico-
gênio, aumento do consumo de glicose pelos tecidos; inibição de enzimas que degradam
glicogênio e potencialização de insulina exógena (Vieira, 2017).
Dessa forma, a espécie B. acutifolium, que na literatura, foram relatados estudos e
isolamento de compostos pertencentes a várias classes, como terpenos e flavonóides, que
podem vir a justificar o uso e comercialização da casca da espécie, no âmbito da medici-
na tradicional. Considerando a importância dos cuidados ao utilizar as plantas para trata-
mento e/ou prevenção de doenças, e o escasso número de pesquisas relacionadas para a
avaliação do seu uso seguro, bem como todos os benefícios encontrados, é de suma im-
portância uma vez que seu uso é tão disseminado entre a população em feiras ao ar livre
Capítulo 9
102
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
ou lojas de produtos naturais.
Por fim, analisando as informações científicas e empíricas sobre a espécie B. acuti-
folium, busca-se realizar um estudo da composição fitoquímica sobre o extrato hidroal-
coólico 70% das cascas de B. acutifolium, bem como investigar a ação antimicrobiana do
extrato, frente a bactérias e fungos.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Coleta e processamento
Foram coletados 2,0 Kg das cascas do caule de B. acutifolium. A amostra foi arma-
zenada em embalagens estéreis no momento do corte e transportada para o laboratório.
Para o processamento do material in natura, inicialmente foi desidratado em estufa com
temperatura e umidade controladas (T = 45 °C; U = 20%) até atingir peso constante. Pos-
teriormente, o material seco foi cominuído e peneirado em moinho de martelo e facas
utilizando peneira de 14 Mesh. Do espécime coletado, foi obtido ramos férteis para o pre-
paro da exsicata que será identificada e depositada no herbário da EMBRAPA Amazônia
Oriental. A amostra adquirida foi cadastrada no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio
Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen).
2.2 Extração por ultrassom
O extrato de B. acutifolium foi obtido em banho ultrassônico com contato indireto
(BRANSON 2510 – Danbury, CT, EUA), ajustado para operar na frequência de 42 KHz, potên-
cia de 100 W e temperatura de 27 ºC. Utilizou-se como solvente extrator o hidroetanólico
70% (TEDIA® COMPANY – Fairfield, EUA) com tempo de extração de 20 minutos. As solu-
ções obtidas foram filtradas e os solventes renovados até a sua exaustão, sendo utilizado a
coloração como parâmetro para avaliação. Na extração foi adotada uma relação massa de
amostra por volume de solvente de 1:10 (1 g de amostra para 10 mL de solvente).
Para a otimização do método extrativo, realizou-se microextrações assistidas por ul-
trassom, adotando nove sistemas de etanol/água (96%, 70%, 60%, 50%, 40%, 30%, 20%, 10% e
0% de etanol) em triplicata, onde foram avaliados os rendimentos mássicos globais, tendo
o extrato 70% etanol/água, apresentado a melhor relação de rendimento e perfil croma-
tográfico, onde observou-se um rendimento médio de 4,53% ±0,65. Após esta conclusão,
foi realizada uma extração com o sistema de etanol/água 70% adotando a relação massa/
solvente de 10g para 100 mL, obtendo um rendimento de 5,6%. Posteriormente, foi reali-
zado o tratamento da amostra por Extração por Fase Sólida (EFS), realizando 3 injeções do
sistema 80%Acetonitrila/20%água para retirar o açúcar.
2.3 Perfil químico e cromatogŕafico
O perfil químico foi obtido a partir da adaptação do método21 e utilizará diferentes
técnicas analíticas modernas, para a identificação dos metabólitos secundários dos extra-
tos obtidos por Extração por Fase Sólida - EFS, os perfis serão obtidos por Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência com Detector de Arranjo de Diodo (CLAE-DAD), e Cromatografia
Líquida de Ultra Eficiência acoplada à Espectrometria de Massa (CLUE-MS.)
Para a aquisição dos cromatogramas do extrato hidroalcoólico 70% de B. acutifolium,
Capítulo 9
103
Editora Pascal
uma alíquota foi preparada com a amostra solubilizada em 1 mg/1mL, suspensa em meta-
nol, e analisada em método gradiente. Para a otimização das interpretações dos cromato-
gramas, foi injetada a substância Brosimina B, como padrão. O padrão foi preparado em
solução 1mg/1ml suspenso em metanol. Os cromatogramas foram obtidos em modo gra-
diente amplo de ACN/H2O, com modificador orgânico variando linearmente de 5 a 100%,
em 60 minutos e fluxo de 1,0 mL/min. Tanto o padrão quanto a amostra, foram injetados
40 µL., para uma melhor avaliação, ambos o mesmo comprimento de onda UV 200 nm, na
qual foi levado em consideração o tempo de retenção, comprimento de onda e os espec-
tros.
2.4 Ensaio antimicrobiano
2.4.1 Testes antibacterianos
Os ensaios foram realizados através da metodologia da Concentração Inibitória Mí-
nima (CIM), na qual se determina a menor concentração da substância capaz de inibir o
crescimento do microrganismo e Concentração Bactericida Mínima (CBM), que se refere
à concentração mínima do composto natural capaz de eliminar completamente as bac-
térias alvo do estudo (EMBRAPA, 2019). Os microorganismos utilizados foram cepas de
bactérias de referência ATCC (American Type Culture Collection): Staphylococcus aureus
ATCC 25923, Escherichia coli ATCC 25922 e Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853. As cepas
ATCC foram gentilmente fornecidas pelo Laboratório de Dermato-Imunologia (LDI/UFPA).
Onde eram mantidas em tubo inclinado com ágar nutriente a temperatura ambiente até
o momento dos experimentos.
2.4.1.1 Ativação das bactérias e padronização das culturas
As bactérias foram previamente semeadas em placas de Petri contendo o meio ágar
Mueller-Hinton. Em seguida, foram incubadas a 37ºC em estufa por 24 horas para o cres-
cimento e posterior preparação do inóculo. A obtenção do inóculo seguiu a norma M7-A9
vol. 32 nº 2 da “Metodologia dos testes de Sensibilidade a Agentes Antimicrobianos por
Diluição para Bactéria de crescimento Aeróbico”, Clinical and Laboratory Standards Insti-
tute (CLSI, 2012). O inóculo foi preparado a partir da retirada de três a quatro colônias da
bactéria, as quais foram transferidas para um tubo contendo 5 mL de solução fisiológica,
realizando-se ajustes para o alcance da concentração desejada de 1x108 UFC.mL-1, em lei-
tor de microplaca compatível com a escala 0,5 de Mcfarland apresentando densidade óp-
tica entre 0,08 a 0,13 com o comprimento de onda de 625 nm. Em seguida, foi realizada a
diluição 1:20 para obter a concentração final do inóculo, 1x106 UFC.mL-1 em caldo Mueller
hinton (MH).
2.4.1.2 Preparo das amostras e dos controles
O extrato foi diluído em água ultrapura nas concentrações 200 mg/mL, 100 mg/mL,
50 mg/mL, 25 mg/mL, 12,5 mg/mL, 6,25 mg/mL e 3,125 mg/mL. O fármaco antibacteria-
no padrão utilizado foi estreptomicina (10000 unit/10 mg) diluído em série para obter as
concentrações de 5 µg/mL, 2,5 µg/mL, 1,25 µg/mL, 0,625 µg/mL, 0,312 µg/mL, 0,156 µg/mL
e 0,078 µg/mL. O controle de crescimento foi composto pelo caldo Mueller-Hinton + as
cepas bacterianas e o controle de esterilidade apenas o Mueller-Hinton.
Capítulo 9
104
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
2.4.1.3 Determinação da Concetração Minima (CIM)
Para a determinação da CIM, que é a menor concentração capaz de inibir o cresci-
mento bacteriológico, na placa de microdiluição de 96 poços, adicionou-se 100μl do inócu-
lo + 100μl de cada concentração do extrato. O controle de crescimento recebeu 100μl do
inóculo + 100 μl do caldo Mueller Hinton, o controle de esterilidade recebeu 200μl do caldo
Mueller Hinton, obtendo-se um volume final de 200μl em todos os poços. A incubação da
placa ocorreu à temperatura de 37ºC por 24 horas, o experimento foi realizado em triplica-
ta.
Na avaliação do CIM foi utilizado o revelador cloreto de 2,3,5 – trifeniltetrazólio (TTC),
um indicador de oxirredução utilizado para diferenciar tecidos metabolicamente ativos
daqueles não ativos, principalmente viabilidade celular. O mecanismo baseia-se na redu-
ção enzimática do 2,3,5 – trifeniltetrazólio (incolor) em 1,3,5 – trifenilformazan (cor averme-
lhada), em tecidos vivos devido à atividade de várias desidrogenases, enzimas importantes
na oxidação de compostos orgânicos e, portanto, no metabolismo celular (Gabrielson et
al., 2002).
Posteriormente, prosseguiu-se para o teste de CBM, e nesse caso, foi retirado 20 µl de
cada poço de interação do extrato mais as bactérias, e adicionadas em placas de Petri com
meio de cultura ágar Mueller Hinton e foram expostas a condições ambientais favoráveis
ao crescimento bacteriano, sendo incubada por 18-24 horas a 35 ± 2 °C.
2.4.2 Atividade antigúngica in vitro
A atividade antifúngica foi realizada em cepas de Candida albicans (ATCC 90028) e
Candida tropicalis (ATCC 750) obtidas no Laboratório de Dermato-imunologia (LDI/UFPA)
e mantidas em meio Sabouraud Dextrose Agar (SDA) à temperatura ambiente. Para o tes-
te as cepas foram repicadas em ágar Batata e incubadas por 24h a 35ºC até o momento do
teste de acordo com o documento M27-A2 do CLSI. Foi realizada a concentração inibitória
mínima (CIM), que é definida como a menor concentração que causa a inibição do cresci-
mento fúngico visível em placa de microdiluição.
2.4.2.1 Ativação dos gungos e padrinização das culturas
As cepas de Candidas foram cultivadas em placas de petri contendo Ágar Batata Dex-
trose por 24 horas a 35ºC em estufa microbiológica. Preparou-se uma suspensão dos inó-
culos em solução salina a 0,85% esterilizada e a densidade óptica (D.O) foi lida em leitor de
microplaca a comprimento de onda de 530 nm (0.8 a 1.0). Para a preparação do inóculo foi
utilizada a diluição 1:50 em meio de cultivo sintético RPMI-1640 (Sigma-Aldrich, MO, USA),
tamponado com MOPS (Sigma-Aldrich, MO, USA). Foram avaliadas a determinação da
concentração inibitória mínima (CIM) na qual consiste a mínima concentração do antifún-
gico ou do extrato capaz de inibir o crescimento fúngico visível em placa de microdiluição,
quando comparado com o controle de crescimento.
O extrato foi preparado em diluições seriadas a partir da concentração inicial. O ex-
trato foi diluído em água ultrapura nas concentrações de 200 mg/mL a 3,123 mg/mL. O
fármaco antifúngico padrão utilizado foi fluconazol diluído a partir das concentrações de
128 µg/mL a 0,25 µg/mL. O controle esterilidade (CE) foi apenas o RPMI e como controle de
crescimento (CC) foi utilizado o RPMI + inóculo. Após a determinação da CIM, foi realizada
a concentração fungicida mínima (CFM), que é a menor concentração capaz de matar o
Capítulo 9
105
Editora Pascal
fungo. É realizada a retirada de 20 µL de cada poço e inoculada em placas de Petri conten-
do ágar sabouraud dextrose.
A metodologia deve ser descrita com as informações necessárias para permitir a re-
petição do estudo por outro pesquisador. Trabalhos que utilizaram seres humanos como
objeto de estudo ou realizaram experimentação animal devem indicar no texto o número
da aprovação do projeto pelos respectivos Comitês de Ética. Estudos que envolvem a apli-
cação de questionários devem informar a utilização do “Termo de consentimento livre e
esclarecido”. Estudos com captura e/ou coleta de grupos biológicos devem indicar o nú-
mero da licença de autorização para atividades com finalidade científica (IBAMA, SISBIO
ou órgão estadual/municipal).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Perfil cromatográfico e químico
3.1.1 Perfil cromatógráfico por Cromatografia Liquida de Alta Eficiência
Acoplado ao Detector de Arranjos de Diodo (CLAE-DAD)
Na figura 1A pode-se observar o pico sugestivo para Brosimina B, denominado como
pico A, onde se tem o tempo de retenção de 40,92, e na figura 1B, o padrão tem o tempo
de retenção de 41,15. Além disso, os mesmos picos em cromatogramas diferentes, apre-
sentam espectros de 253 e 251 nm, respectivamente. Apesar de apresentarem resultados
diferentes, ainda sim, são próximos, e afirmam ser a mesma substância. Na imagem 2A e
2B, pode-se observar de forma mais clara, o tempo de retenção, e as mínimas diferenças
supracitadas.
O cromatograma da amostra (B. acutifolium), por CLAE-DAD, permitiu identificar não
só a presença do padrão (Brosimina B), como também outras substâncias fenólicas. Para
chegar a esta conclusão foi levado em consideração o tempo de retenção, comprimento
de onda e os espectros. O cromatograma da amostra, apresenta os mesmos picos, com
tempo de retenção próximos, ao cromatograma do padrão. Ambos cromatogramas estão
apresentados no mesmo comprimento de onda UV 200 nm, que pode ser considerado
sugestivo para flavonoides que é classe metabólica da Brosimina B.
Capítulo 9
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Figura 1. Cromatogramas obtidos das amostras
Figura 2. Espectros dos picos das amostras
Além disso, na análise dos cromatogramas observou-se uma diversidade de picos
maior, assim como, o espectro de ultravioleta individual de cada pico é sugestivo de meta-
Capítulo 9
107
Editora Pascal
bólitos pertencentes a diferentes classes de compostos fenólicos.
As análises do CLAE-DAD realizadas do extrato hidroalcoólico de B. acutifolium iden-
tificaram flavonoides como Brosimina B, e confirmando a presença de outros compostos
fenólicos característicos da família Moraceae. Estudos com outras espécies dessa famí-
lia reforçam a consistência desses resultados. Por exemplo, em Morus nigra, o CLAE-DAD
acordos de flavonoides como rutina e isoquercetina, compostos com bandas de absorção
UV semelhantes aos dos flavonoides encontrados em B. acutifolium, com picos em torno
de 250 nm e 350 nm, como mostra Melo (2016).
Além disso, análises cromatográficas de Brosimum alicastrum, mostraram a presen-
ça de ácidos fenólicos e flavonoides, obtendo resultados indicando eluição dos compos-
tos em tempos de retenção próximos, assim como, o comprimento de onda (Gonzales
et al, 2019). A consistência desses perfis cromatográficos reforça o potencial dessas espé-
cies como fontes de compostos bioativos com aplicações farmacológicas e terapêuticas
(Hawari, 2021).
3.1.2 Perfil por Cromatografia Líquida em Ultra Eficiência Acoplado ao
Espectrômetro de Massas (UPLC-MS)
O perfil composto do extrato de B. acutifolium em termos de fitoquímicos foi avaliado
com as descobertas obtidas a partir de dados de LC-MS/MS. O extrato foi considerado rico
em derivados de flavonóides e ácidos fenólicos. Na qual, foi possível encontrar 21 substân-
cias, sendo 2 delas já relatadas na literatura anteriormente (Figura 1). A fragmentação pa-
drão sugerida pelo software Global Natural Product Social Molecular Networking (GNPS)
transparece ser consistente com os resultados experimentais mostrados.
Figura 3. Estruturas química da Isobavaquina e Isobavachalcona
Os flavonóides exibem estruturas muito semelhantes, substituídas com grupos hidro-
xila em locais variados, algumas dessas substâncias têm pesos moleculares idênticos ou
próximos. Para distinguir entre flavonóides com pesos moleculares idênticos, eles podem
ser diferenciados de acordo com seus tempos de retenção de LC, bem como com seus MS/
Espectros MS, como é o caso da Isobavochalcona e Isobavaquina. Cada um desses analitos
produziu resultados diferentes, gerando informações suficientes para a diferenciação de
flavonóides individuais, sob condições instrumentais otimizadas.
Neste trabalho, os compostos fenólicos identificados foram categorizados em duas
subclasses: chalcona e flavonona. O composto Isobavochalcona, teve uma razão m/z de
323.129, foi identificado da subclasse de flavonoides, como chalcona. O composto Isoba-
vaquina, com um íon de molécula em m/z 323.129 e íon fragmentado em m/z 119 e em
m/z 203, (Tabela 1) foi confirmado como da subclasse de flavonoides como flavona. Destes
compostos, as propriedades mais estudadas estão atividades farmacológicas, incluindo
Capítulo 9
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Acervo Cientíco da Amazônia
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anticâncer, antimicrobiana, anti-inflamatória, antioxidante, neuroprotetora, entre outras
(Wang, 2021).
Composto Pico íon molecular
(m/z)
Fragmentos (m/z)
Isobavochalcona 323.129 -
Isobavaquina 323.129 323.129
119
Tabela 1. Dados de Pico e Fragmentos dos compostos por LC-MS
Esses compostos apresentam perfis típicos de fragmentação semelhantes aos en-
contrados em outras espécies da família Moraceae, como Ficus e Artocarpus . Em estudos
com Ficus spp., análises por LC-MS/MS revelaram uma diversidade de flavonóides, incluin-
do flavonóis e flavanonas, com fragmentos em m/z correspondentes à perda de açúca-
res glicosídicos, padrão também observados em Brosimum acutifolium (Lei, 2018; Wojta-
nowski, 2020).
Esses resultados indicam que a família Moraceae compartilha perfis fitoquímicos
semelhantes, com flavonoides e xantonas predominantemente. Compostos prenilados
identificados em Artocarpus lakoocha e Ficus carica também exibiram fragmentação ca-
racterísticas e atividades biológicas importantes, indicando um potencial terapêutico se-
melhante (Pascal, 2024).
3.2 Atividade antimicrobiana
A atividade antibacteriana do extrato de B. acutifolium foi avaliada em diferentes con-
centrações contra cepas de Staphylococcus aureus (S. aureus), Pseudomonas aerugino-
sa (P. aeruginosa) e Escherichia coli (E. coli). Após 24 h de tratamento, observou-se que
algumas das concentrações do extrato foram capazes de inibir o crescimento bacteriano
(Figura 4). O extrato, por possuir uma coloração mais forte que o TTC, visivelmente ficou
difícil identificar onde houve a CIM, foi necessário verificar a CBM de todos os poços testa-
dos (Figura 5).
Figura 4. Avaliação da inibição da atividade anti-
bacteriana contra cepas de Staphylococcus aureus,
Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli após
24 h de tratamento.
Figura 5. Avaliação da inibição da atividade anti-
bacteriana contra cepas de Staphylococcus aureus,
Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli após
24 h de tratamento com o TTC
Na análise de CBM, observou-se que S. aureus (Figura 6) foi a cepa mais suscetível ao
Capítulo 9
109
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extrato de B. acutifolium. Concentrações de 200, 100, 50 e 25 mg/mL foram eficazes para
inibir o crescimento desta bactéria, indicando um perfil bactericida significativo do extra-
to nestas diluições. Isso sugere que os compostos presentes no extrato de B. acutifolium
podem ter uma camada ou mecanismo de ação eficaz contra S. aureus, este resultado é
consistente com estudos anteriores, como os Saednia (2024), que afirma a eficácia antimi-
crobiana de extratos de Brosimum contra essa bactéria.
Por outro lado, P. aeruginosa (Figura 7) demonstrou menor suscetibilidade, com ape-
nas a concentração mais alta de 200 mg/mL sendo capaz de inibir seu crescimento. Já para
E. coli (Figura 8), o extrato não demonstrou atividade inibitória, mesmo nas concentrações
mais elevadas. Essa menor eficácia contra bactérias Gram-negativas como Pseudomonas
aeruginosa e Escherichia coli pode ser atribuída à presença da membrana externa nessas
bactérias, que atua como uma barreira seletiva, dificultando a penetração de composições
bioativas, como afirma o estudo de Santos (2006). Estudos com outras espécies da família
Moraceae, como Ficus carica e Artocarpus heterophyllus, também relatam essa diferença
na eficácia antimicrobiana, destacando a necessidade de concentrações mais elevadas ou
de modificações químicas para aumentar a atividade contra Gram-negativas, como o de
Chaudhary (2023).
Figura 6. Avaliação bactericida do extrato de B. acutifolium contra S. aureus.
Figura 7. Avaliação bactericida do extrato de B. acutifolium contra P. aeruginosa.
Figura 8. Avaliação bactericida do extrato de B. acutifolium contra E. coli.
Capítulo 9
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A presença de flavonoides, como os identificados no extrato de Brosimum acutifo-
lium, pode explicar sua atividade antimicrobiana contra Staphylococcus aureus, observa-
da neste estudo. Os flavonóides são conhecidos por sua capacidade de alterar a permea-
bilidade da membrana celular e inibir a síntese de ácidos nucléicos, processos essenciais
para a sobrevivência bacteriana. Sua lipofilicidade facilita a interação com as membranas,
especialmente em condições de pH ácido, onde os grupos hidroxila dos flavonoides pe-
netram mais profundamente nas camadas lipídicas. Isso diminui a fluidez da membrana,
comprometendo o transporte de nutrientes e resultando em disfunções metabólicas.
Além disso, esses compostos inibem enzimas essenciais como a topoisomerase e a
DNA girase, interrompendo a replicação do DNA e do RNA bacterianos. Estudos ressaltam
que flavonoides, particularmente chalconas, apresentam eficácia contra cepas resistentes,
ao interferirem com enzimas relacionadas à resistência bacteriana, como a fosfoetano-
lamina transferase (Moretti, 2006). Esses mecanismos podem estar por trás da atividade
observada no extrato de B. acutifolium contra cepas Gram-positivas e reforçam o potencial
terapêutico da planta.
3.3 Testes antifúngicos
A atividade antifúngica do extrato de B. acutifolium foi avaliada em diferentes concen-
trações contra cepas de Candida albicans e Candida tropicalis. Após 48h de tratamento, o
crescimento fúngico foi observado no CIM, a CIM foi de 100 mg/mL, das concentrações tes-
tadas do extrato. Em relação a CFM, foi possível observar que não houve atividade fungi-
cida, isso porque teve crescimento fúngico de todas as concentrações testadas (Figura 9).
Figura 9. Avaliação microscópica antifúngica do extrato de B. acutifolium contra C. albicans
No ensaio de CIM, o extrato de B. acutifolium demonstrou uma capacidade de inibi-
ção parcial do crescimento de C. albicans e C. tropicalis na concentração de 100 mg/mL.
Uma observação de formação de pseudohifas, como visto em C. albicans na concentração
de 50 mg/mL, sugere que, embora o extrato interfira em alguns aspectos do desenvolvi-
mento fúngico, ele não impede a morfogênese, um processo importante na patogenicida-
de das espécies de Candida .
Quanto ao ensaio de CFM, a ausência de atividade fungicida, mesmo nas concentra-
ções mais altas testadas, mostra que o extrato não é letal para C. albicans ou C. tropica-
lis nas condições e concentrações testadas. Nos ensaios antifúngicos, o extrato declarado
apenas efeito fungistático contra Candida albicans e Candida tropicalis, sem efeito fun-
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Editora Pascal
gicida significativo. Esse resultado está alinhado com os achados na literatura, como o
de Moretti et al. (2006), que identificaram compostos psicoativos no látex de Brosimum
acutifolium e observaram uma eficácia limitada contra fungos. A presença de flavonoides,
apesar de conferir atividade antimicrobiana, pode não ser suficiente para causar a morte
dos fungos, apenas inibindo seu crescimento (Thebiti, 2023).
Esse resultado é semelhante a estudos encontrados na literatura, com outras espé-
cies da família Moraceae, nos quais flavonoides protegem contra inibição parcial do cres-
cimento de fungos, mas não foram suficientes para eliminá-los completamente. Como
Takashima (2002), que os flavonoides isolados de Brosimum demonstraram atividade cito-
tóxica em células tumorais, mas tiveram eficácia limitada contra algumas cepas fúngicas,
indicando que a estrutura dos flavonoides pode ser mais eficaz contra células bacterianas
do que contra fungos.
4. CONCLUSÃO
O estudo revelou a presença de compostos fenólicos, especialmente flavonoides, da
subclasse, chalcona e flavonona no extrato de B. acutifolium, destacando-se a Brosimi-
na B. Os ensaios antimicrobianos demonstraram que o extrato possui atividade inibitó-
ria contra a bactéria Staphylococcus aureus, estabelecendo uma ação bactericida contra
essa cepa Gram-positiva. No entanto, o extrato teve uma eficácia reduzida contra bactérias
Gram-negativas como Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli, com apenas a con-
centração mais alta sendo parcialmente eficaz contra P. aeruginosa e nenhuma inibição
observada para E. coli. Nos testes antifúngicos, o extrato mostrou-se incapaz de eliminar
completamente Candida albicans e Candida tropicalis, mostrando uma ação fungistática
limitada.
Este estudo contribui para o conhecimento fitoquímico e biológico de B. acutifolium,
a presença de flavonoides no extrato sugere que B. acutifolium pode ser um recurso para o
desenvolvimento de alternativas terapêuticas. Esses resultados reforçam a importância de
explorar a biodiversidade amazônica para soluções medicinais e destacam a necessidade
de estudos adicionais para entender os mecanismos e ampliar o uso seguro desses com-
postos. A pesquisa também ressalta a importância de estudos adicionais para entender
melhor o mecanismo de ação dos compostos bioativos presentes e explorar códigos ou
modificações para ampliar o espectro de atividade antimicrobiana e avaliar a segurança
para uso medicinal.
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10
Bruna Vitória do Nascimento Muniz1
João Francisco de Lima Alvarenga1
Marcelino da Silva Gama1
Roberta Chermont Lopes1
Isabella Klautau de Amorim Ferreira1
Wênia Gilmara da Silva2
Bruno Gonçalves Pinheiro3
Bruno José Martins da Silva3
Maria Karoliny da Silva Torres3
1 Graduando(a) em Psicologia pela Universidade da Amazônia, Ananindeua, Pará, Brasil
2 Graduanda em Enfermagem pela Universidade da Amazônia, Ananindeua, Pará, Brasil
3 Docente em Biomedicina pela Universidade da Amazônia, Ananindeua, Pará, Brasil
A MÚSICA NO ENSINO DE HABILIDADES
SOCIAIS NO TEA
MUSIC IN THE TEACHING OF SOCIAL SKILLS IN ASD
10.29327/5529040.1-10
Capítulo 10
115
Editora Pascal
Resumo
O
Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crianças está constantemente crescendo
e é caracterizado pelo prejuízo nos domínios de interação e comunicação, apresen-
tando habilidades sociais deficitárias. Desse modo, sabendo que a música está in-
clusa ao tratamento do TEA, é importante rever as suas implicações no auxílio à aprendiza-
gem de habilidades sociais deste público. O objetivo desse artigo é escrever a utilização da
música como um recurso de aprendizagem de habilidades sociais para crianças com TEA
baseado em análises bibliográficas. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa que visa
discutir subsídios teóricos encontrados nas fontes eletrônicas Google Acadêmico, Scielo e
PePsic, possibilitando esclarecer o que vem sendo trabalhado sobre o assunto nos últimos
anos. No total foram encontrados 15 estudos, os quais revelaram que a música estimula o
desenvolvimento cognitivo, emocional e social de crianças com TEA, promovendo e orien-
tando novos repertórios de aprendizagem. A revisão de literatura possibilitou verificar que
a música promove impactos benéficos na vida da criança com TEA a longo prazo, contri-
buindo para seu desenvolvimento neurológico, diminuição da impulsividade, estereotipias
e rigidez advindas do diagnóstico, bem como para a construção de repertório de habilida-
des sociais.
Palavras-chave: Autismo; Habilidades Sociais; Música e Musicoterapia.
Abstract
The prevalence of Autism Spectrum Disorder (ASD) in children is steadily increasing,
marked by impairments in the domains of interaction and communication, resulting
in deficient social skills. Recognizing the inclusion of music in the treatment of ASD,
this article aims to explore its implications in supporting the learning of social skills in this
population. The objective is to analyze the use of music as a learning resource for social skills
in children with ASD based on literature reviews. The research is qualitative, discussing the-
oretical foundations gathered from electronic sources such as Google Scholar, Scielo, and
PePsic, shedding light on recent developments in the field. A total of 15 studies were iden-
tified, revealing that music stimulates cognitive, emotional, and social development in chil-
dren with ASD, fostering new learning repertoires. The literature review demonstrates that
music has long-term beneficial impacts on the lives of children with ASD, contributing to
neurological development, reducing impulsivity, stereotypies, and rigidity associated with
the diagnosis, and aiding in the construction of a repertoire of social skills.
Keywords: Autism; Social Skills; Music and Music Therapy.
Capítulo 10
116
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
1. INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) relacionado ao público infantil vem ganhan-
do notoriedade e está crescendo rapidamente em um curto período de tempo, isso se
deve a uma maior oportunidade de diagnóstico e maior acesso à informação por parte da
população (Rios et al., 2015 apud Almeida; Neves, 2020). Segundo o DSM–5 (APA, 2014) os
sintomas do TEA se caracterizam em dois polos: o primeiro voltado aos déficits persisten-
tes na comunicação social e na interação social, e o segundo voltado aos comportamentos
restritos (Silva; Moura, 2021).
Segundo Delfrate, Santana e Massi (2009) as habilidades de comunicação no TEA
podem ser estimuladas por meio de terapias especializadas, como fonoaudiologia, psico-
motricidade, terapia ocupacional, entre outras. Dentre essas terapias voltadas para o TEA
mencionadas pelo Ministério da Saúde está a musicoterapia (Silva; Moura, 2021), que con-
siste na intervenção musical por profissionais da área da saúde como recurso terapêutico
(Franzoi et al., 2016).
A música exerce uma sensibilidade nos seres humanos pois não só se depara com
estímulos diversos, como também trata de uma linguagem universal, capaz de transpor
barreiras culturais e linguísticas. Por isso é uma das formas adotadas pelo ser humano para
se comunicar e se expressar. À vista disso, estabelece uma contingência que implica uma
atenção para o ensino-aprendizagem e a eficácia da intervenção musical na estimulação
da linguagem em crianças com o Transtorno do Espectro Autista(Baltazar, 2020).
No último registro divulgado em 2023 pelo Centro Diagnóstico de Doenças (CDC) há
ocorrência de 1 caso de autismo para cada 36 crianças nascidas nos Estados Unidos. Esse
número é maior em relação aos anos anteriores, sendo estimado que dos 70 milhões de
diagnósticos de TEA no mundo, 2 milhões estão no Brasil. Esse dado fez com que surgisse
o interesse nessa revisão de dados. Diante deste crescente índice e sabendo que a música
está inclusa ao tratamento do TEA, quais as implicações da música no auxílio à aprendiza-
gem de habilidades sociais deste público?
Considerando a temática escolhida e sua a relevância no atual cenário mundial, elen-
cou-se como objetivo identificar a utilização da música como recurso de aprendizagem de
habilidades sociais para crianças com TEA. Dessa maneira, esta pesquisa busca oferecer
uma melhor compreensão a respeito da música enquanto recurso de aprendizagem de
habilidades sociais para crianças com Transtorno do Espectro Autista.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A Classificação de Níveis do Transtorno no Espectro Autista
O Transtorno do Espectro Autista é denominado pelo DSM-5 (APA, 2014) como um
transtorno do neurodesenvolvimento que se manifesta (nem sempre de forma evidente)
ainda na primeira infância e durante todo o desenvolvimento, sendo quatro vezes mais
frequente no sexo masculino do que no feminino. Ademais, por se tratar de um espectro,
os sintomas serão diferentes a cada criança, pois cada uma apresenta características e
comportamentos subjetivos mesmo estando dentro do mesmo nível de suporte, sendo
assim, o tratamento deve ser individualizado e especializado para cada criança (Klin, 2006).
O DSM-5 (APA, 2014) utiliza o nível de suporte provocado pelo autismo no indivíduo
Capítulo 10
117
Editora Pascal
em três níveis. No nível 1, a pessoa com TEA necessita de pouco suporte em suas tarefas.
Estão classificados neste nível aquelas pessoas em que os déficits na comunicação e inte-
ração social não provocam tanto impacto, mas que ainda assim sentem certas dificulda-
des para iniciar ou mesmo para manter interações (Liberalesso; Lacerda, 2020).
No nível 2, os indivíduos no TEA necessitam de mais suporte se comparado ao nível
1 e menos suporte se comparado ao nível 3. Fazem parte deste nível aquelas pessoas que
possuem déficits graves nas habilidades de comunicação, sendo eles significativos e mui-
to evidentes, chegando a afetar as relações interpessoais mesmo com o devido suporte,
pois a comunicação, seja ela verbal ou não, é considerada insuficiente para que haja a
manutenção de tais habilidades. A fala aqui é geralmente encurtada e o entendimento da
fala de terceiros é comprometido. Além disso, falar sobre assuntos restritos – os chamados
hiperfocos - é frequente nesse nível, bem como assuntos de pouco interesse social (Libe-
ralesso; Lacerda, 2020).
Em última instância, o nível 3 no TEA é marcado pela necessidade de muito suporte,
pois o nível de comprometimento é severo não só na comunicação social verbal, mas tam-
bém na comunicação não verbal. Nesse nível, as ecolalias, estereotipias, os comportamen-
tos restritos e repetitivos diminuem consideravelmente as possibilidades de interação ou
mesmo aprendizagem de tais indivíduos. Além disso, é rara a procura ou iniciação de inte-
ração social dessas crianças, podendo chegar a ser inexistente (Liberalesso; Lacerda, 2020).
2.2 A Música como Recurso de Aprendizagem no TEA
Conforme propõe Gfeller (2008), a música é um fenômeno que tem sido utilizada para
além do entretenimento, pois ela visa também evocar emoções, consciência social e den-
tre outras funções favoráveis a crianças. Desde as primeiras semanas de vida, os bebês
apresentam várias percepções auditivas dentre as quais incluem perceber ritmos, alturas
e localização da fonte sonora. Entretanto, para além do biológico inato, vale lembrar que
em alguns processamentos de informações musicais, a música pode chegar a modificar,
em termos fisiológicos e anatômicos, o cérebro de uma pessoa (Ilari, 2006).
De acordo com Bruscia (2000) a música ao decorrer do tempo, vem sendo utilizada
como um recurso terapêutico que abrange muitas dimensões na vida do indivíduo. Den-
tro da área de aprendizagem, a musicoterapia tem como objetivo a reabilitação, utilizan-
do-se de elementos musicais para obtenção de uma melhor qualidade de vida (Bertoluchi,
2011). Assim, entende-se que a música tem fundamental importância em termos de esta-
belecimento de interação funcional das pessoas que possuem déficits nos domínios da
comunicação (Fernandes, 2016), como é possível observar no TEA.
Desse modo, a música enquanto objeto de trabalho abrange duas modalidades, a
musicoterapia e intervenção musical. A musicoterapia necessita obrigatoriamente de
profissionais formados nesta área, enquanto a intervenção musical pode ser utilizada por
qualquer profissional que vise a aprendizagem por meio de conteúdos musicais (Gomes,
2010).
Menezes (2019) observa que o contato com a música pode servir para ajudar em diver-
sos sintomas do TEA, podendo ela contribuir significativamente para o desenvolvimento
dessas crianças, que além de ajudar na prevenção contra a exclusão social, pode ser referi-
da como um meio para aprendizagens no âmbito intra e interpessoal.
Capítulo 10
118
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
2.3 O Ensino de Habilidades Sociais para Crianças Com TEA
Conforme Del Prette e Del Prette (2017), o conceito de Habilidades sociais faz menção
a uma combinação de comportamentos sociais com características específicas que são
necessárias para a sobrevivência de uma espécie. Levando essa ideia em consideração, os
autores fizeram um agrupamento das dez principais habilidades sociais no chamado “Por-
tifólio das Habilidades Sociais”, conforme o quadro abaixo:
HABILIDADE DESCRIÇÃO DE COMPORTAMENTOS
Habilidade de Comuni-
cação
- Iniciar e manter conversação;
- Fazer e responder perguntas;
- Pedir e dar feedback;
- Elogiar e agradecer elogio;
Habilidade de Civilidade - Cumprimentar e/ou responder a cumprimentos;
- Pedir “por favor”;
- Dizer “obrigado”;
- Pedir desculpas;
Habilidade de Fazer e
manter amizades
- Fazer e responder perguntas;
- Demonstrar gentileza;
- Expressar sentimentos, elogiar;
- Manifestar solidariedade aos amigos diante de problemas;
Empatia - Escutar e esperar sua vez (evitando interromper o outro);
- Tomar perspectiva (colocar-se no lugar do outro);
- Expressar compreensão;
- Demonstrar disposição para ajudar;
Habilidade de Assertivas -Fazer e recusar pedidos de forma amigável;
-Expressar raiva, desagrado e pedir para mudar algo;
- Aceitar, fazer e rejeitar críticas;
-Desculpar-se e admitir falha quando necessário;
Habilidade de Expressar
solidariedade
- Identificar necessidades do outro;
- Oferecer ajuda, expressar apoio;
- Compartilhar alimentos ou objetos com os que precisam;
- Motivar os colegas;
Habilidade de Manejar
conflitos e resolver pro-
blemas interpessoais
- Acalmar-se exercitando autocontrole;
- Elaborar alternativas de comportamentos diante de situações
adversas;
- Propor alternativas de solução à problemas;
Capítulo 10
119
Editora Pascal
Habilidade de Expressar
afeto e intimidade
- Aproximar-se e demonstrar afetividade;
- Sorriso, toque, fazer e responder perguntas pessoais;
- Dar informações livres, compartilhar acontecimentos;
- Demonstrar interesse pelo bem-estar do outro;
- Estabelecer limites quando necessário;
Habilidade de Coordenar
grupos
- Organizar a atividade e delegar tarefas;
- Controlar o tempo e o foco na tarefa;
- Fazer perguntas e mediar interações;
- Explicar e pedir explicações;
Habilidade de Falar em
público
- Usar tom de voz adequado;
- Fazer/responder perguntas;
- Relatar experiências e acontecimentos pessoais;
Quadro 1. Classificação das Habilidades Sociais e descrição de comportamentos.
Fonte: Adaptado de Del Prette e Del Prette (2017).
Como visto acima, as habilidades sociais possuem um repertório bem amplo e com-
plexo. Segundo Freitas e Del Prette (2014) apud Lana et al. (2022) é possível prever os efeitos
maléficos nas habilidades sociais através do repertório de comportamentos indesejáveis
que a criança apresenta, estes são considerados por eles como incompatíveis com o bom
desempenho das habilidades listadas. Assim, eles concluem que “o prejuízo acentuado na
interação social, como uma das principais características do TEA, torna as habilidades so-
ciais das crianças com o transtorno ainda mais deficitárias” (Lana et al., 2022, p. 5). Ou seja,
os autores enfatizam a impor tância do ensino destas habilidades para a promoção de um
repertório socialmente funcional.
3. MATERIAL E MÉTODO
A presente pesquisa trata-se de uma revisão sistemática da literatura, onde os estu-
dos relevantes foram identificados por meio de busca eletrônica nos bancos de dados do
Google Acadêmico, Scielo e Pepsic, sendo os descritores da pesquisa cruzados da seguin-
te forma: “Habilidades sociais x Autismo, Música x Autismo e Musicoterapia x habilidades
sociais. Foram incluídas na pesquisa literaturas com textos completos, de livre acesso e
que compreendam a questão norteadora, sendo obrigatoriamente redigidas na língua
portuguesa e publicadas entre 2021 e set/2023.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram inicialmente identificados 470 estudos que passaram pela seleção dos filtros
de busca, conforme os critérios pré estabelecidos de inclusão. Destes, 408 foram descar-
tados após a leitura do título (sendo 18 por se enquadrarem como duplicados) e 36 após
a leitura exploratória pelo resumo, sendo retirados da análise 444 estudos no total. As-
sim, restaram 26 artigos elegíveis para a leitura dentre as quais 11 foram excluídas por não
atenderem a questão norteadora de pesquisa, restando, por fim, 15 artigos para análise e
inclusão neste estudo.
Capítulo 10
120
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
REFERÊNCIA TÍTULO DO ESTUDO RESULTADOS
Shiguemoto et al.
(2022)
A influência da musicoterapia
nas habilidades sociais de crian-
ças com transtorno do espectro
autista.
Esta revisão foi composta por cinco ensaios
clínicos que compararam dois grupos, um
com e outro sem musicoterapia em crian-
ças com TEA. Destes, três encontraram re-
sultados a favor do uso da prática, enquanto
dois não obtiveram essa diferença entre os
grupos.
Santos et al. (2022)
A musicoterapia aplicada para
o desenvolvimento das habili-
dades sociais de pessoas com
transtorno do espectro do autis-
mo: relato de experiência.
A musicoterapia pode ser uma especialida-
de importante para a promoção da saúde
e qualidade de vida para os indivíduos com
TEA, sobretudo para a aquisição de habi-
lidades que vão auxiliá-los na convivência
cotidiana e em coletividade.
Lima (2022)
A musicoterapia como ferra-
menta no tratamento e desen-
volvimento de crianças com o
transtorno do espectro autista
(TEA)
A música possibilita ao paciente melhores
condições para que este possa viver uma
vida melhor, fazendo com que a musicote-
rapia seja uma excelente via alternativa para
os tratamentos convencionais do TEA.
Nogueira et al.
(2021)
A musicoterapia como trata-
mento não-farmacológico para
o Transtorno do Espectro Autis-
ta (TEA) infantil: uma revisão da
literatura.
Literaturas ressaltam a importância da mu-
sicoterapia no processo de socialização das
crianças com TEA, evidenciando melhorias
significativas no desenvolvimento de suas
atividades diárias, percepções, controle, au-
dição e ritualismos, o que possibilita a inte-
ração e comunicação compartilhada.
Dias (2022)
A musicoterapia e o desenvol-
vimento da comunicação de
crianças com transtornos do
espectro autista
A intervenção com musicoterapia favorece
e orienta novas experiências cognitivas, de
linguagem e de interação, abarcando a tría-
de de alterações características do transtor-
no, ela auxilia no desenvolvimento da auto-
nomia e na qualidade de vida do sujeito.
Neta et al. (2021)
Além da música: habilidades
desenvolvidas em crianças no
transtorno do espectro autista
Apesar de a musicoterapia não ser ainda
regulamentada como profissão no brasil,
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para o desenvolvimento de pessoas com
TEA, validando seu valor terapêutico como
modalidade auxiliar no tratamento.
Capítulo 10
121
Editora Pascal
Silva et al. (2022)
Comparações do desempenho
social de crianças submetidas à
intervenção musicoterapêutica:
estudo piloto
Não apontaram diferenças estatisticamente
significativas entre as medidas avaliadas.
Na reavaliação houve aumento nos escores
pela IMTAP, já pelo SSRS houve diminuição
nas habilidades sociais nas duas versões,
além de aumento nos escores dos compor-
tamentos problemáticos. O relato dos pais
indicou melhorias na emissão de comporta-
mentos sociais adequados
Oliveira et al. (2021)
Contribuição da musicotera-
pia no transtorno do espectro
autista: revisão integrativa da
literatura.
Foram encontrados doze artigos os quais
evidenciaram o valor da música e o seu pa-
pel como recurso terapêutico em crianças
Santiago e Louro
(2021)
Música, neurociências e autis-
mo: revisão integrativa em 4
bancos de dados.
Os resultados apontam para a necessidade
de fomento à pesquisa envolvendo conhe-
cimentos neurocientíficos principalmente
nas áreas das artes e ciências humanas.
Silva e Moura (2021)
Musicoterapia e autismo em
uma perspectiva comporta-
mental
A musicoterapia apresenta resultados rele-
vantes para a redução de comportamentos
estereotipados e aumento de habilidades
sociais e comunicação em pessoas com
autismo, tendo como principal abordagem
utilizada a musicoterapia criativa e com-
portamental, buscando alcançar resultados
não-musicais apoiados em evidências neu-
rocientíficas.
Sousa et al. (2023)
Musicoterapia, enfermagem e
saúde mental no transtorno do
espectro autista: uma revisão
integrativa
Dentre os instrumentos disponíveis para a
terapia, como o ruído branco e objetos de
percussão, a música se sobressai como es-
colha preferencial de intervenção com re-
sultados satisfatórios, melhorando a expres-
são, o comportamento, a interação social e,
consequentemente, a qualidade de vida.
Neves et al. (2023)
O ensino do piano e o trans-
torno do espectro do autismo:
uma revisão sistemática
As estratégias e metodologias utilizadas
para o ensino de piano permitiram a explo-
ração de outras texturas e possibilidades
sonoras, sempre considerando as singulari-
dades e interesses dos alunos.
Neves e Lira (2021)
Os benefícios da musicotera-
pia para o desenvolvimento da
criança com transtorno espec-
tro autista
Embora ainda seja pouca a atuação desses
profissionais no atendimento de crianças
com TEA, foi evidenciado que a musicotera-
pia tem contribuído para o desenvolvimen-
to não apenas da comunicação como nos
demais aspectos de acordo com a necessi-
dade de cada um.
Capítulo 10
122
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
Rodrigues (2022)
Uso da música para alunos com
transtorno do espectro do au-
tismo na sala de recursos multi-
funcionais: revisão narrativa
Os achados mostram os mais diversos gan-
hos no desenvolvimento e comportamento
de indivíduos com Transtorno do Espectro
do Autismo quando são implementadas
metodologias que usam a música como
forma de promoção de repertório.
Quadro 2. Pesquisas selecionados para compor o campo de análise do estudo.
Fonte: Elaborado pelos autores (2023).
A música sempre desempenhou um papel crucial no mundo, estando presente des-
de os primórdios da vida do ser humano e em diversas situações (Silva; Wronski, 2021). Seu
surgimento enquanto caráter terapêutico iniciou-se a partir da segunda guerra mundial
em 1939, quando enfermeiros passaram a utilizá-la em seus tratamentos na recuperação
de soldados (Santos et al., 2022). De acordo com Lima (2022), ela teve seu fomento cientí-
fico-tecnológico em terras norte-americanas, com a ascensão desse método terapêutico
para um patamar cientificamente reconhecido em meados do século XX.
Neves e Lira (2021) afirmam que a musicoterapia tem como finalidade desenvolver a
comunicação social e discorrem sobre a sua importância para a independência de pessoas
com TEA. De acordo com Santos et al. (2022), a musicoterapia abrange abordagens e mé-
todos variados, sendo o profissional o responsável por escolher qual técnica usar com cada
paciente, não existindo uma “receita pronta” (Neves et al., 2023).
Também em relação às contribuições no que diz respeito às habilidades sociais, Del
Prette e Del Prette (2005) citado por Silva, Cavalcante e Carvalho (2022) e Santos, Souza e
Silva (2022) descreveram dez classes de habilidades sociais que devem estar presentes no
repertório de um indivíduo para que ele lide de forma adequada com as situações sociais
que lhe ocorrem, são elas relacionadas às habilidades de: comunicação, civilidade, fazer e
manter amizades, empatia, assertividade, expressar solidariedade, manejar conflitos e pro-
blemas interpessoais, expressar afeto e intimidade, coordenar grupos e falar em público.
Sobre as habilidades de comunicação, as pesquisas apontaram que por meio do es-
tímulo musical a criança vai construindo frases simples, impulsionando sua comunicação
(Silva, 2020 apud Dias, 2022 e Sousa et al., 2023), além de desenvolver habilidades verbais
e gestuais como forma de se comunicar (Carvalho, 2012 apud Santiago e Louro, 2021). Já
em relação às habilidades de civilidade, os estudos sinalizaram melhoras em relação à sau-
dação e despedida adequadas ao final das sessões de musicoterapia com treinos prévios,
além da generalização deste comportamento para além do ambiente clínico (Santos et al.,
2022) e (Silva et al., 2021).
Na habilidade de fazer e manter amizades, as pesquisas de Oliveira (2015) citadas por
Rodrigues (2022) indicam que a musicoterapia teve como um de seus resultados auxiliar
o paciente a tomar a iniciativa de uma conversa e cumprimentar pessoas, além de com-
partilhamento e reconhecimento de emoções de terceiros (Shiguemoto et al., 2022). Já
na habilidade de empatia, foram classificadas novas habilidades, como resposta ao ouvir
o próprio nome e a outros comandos (Santos et al., 2022), manter contato visual (Oliveira
2015 apud Rodrigues, 2022) e ampliação da atenção compartilhada (Oliveira et al., 2021).
Em relação à habilidade de assertividade, em momentos de raiva a música ajudou
em problemas de comportamento e impulsividade (Silva et al., 2021), além da melhoria
na inflexibilidade mental (Silva e Moura, 2021) e na diminuição da agressividade (Neta et
al., 2021). Já nas habilidades de expressar solidariedade, as crianças passaram a apresentar
reciprocidade social e emocional, além de iniciações de comportamentos sociais (Neta et
Capítulo 10
123
Editora Pascal
al., 2021).
Sobre a habilidade de manejar conflitos e resolver problemas, Santos et al. (2022) di-
zem que a música ajuda a criança a desenvolver autocontrole emocional, habilidade essa
que segundo Dias (2022) envolve acalmar-se e regular o próprio humor, solucionando os
problemas de forma criativa e promovendo a autorresponsabilidade.
Nas habilidades de expressar afeto e intimidade, Santos et al. (2022) afirmam que a
música auxilia no desenvolvimento da afetividade, bem como na expressão dos sentimen-
tos (Nogueira et al., 2021). Além disso, ela auxilia também no desenvolvimento das habili-
dades de coordenar grupos indicando a melhora nas realizações de trabalhos em equipe.
E por último, melhora significativamente a habilidade de falar em público, como rela-
tado nas pesquisas de Santos et al. (2022) na qual a paciente que inicialmente era tímida,
passou a cantar e interagir em todas as sessões de musicoterapia, ganhando confiança em
si mesma e apresentando-se posteriormente em uma competição de talentos musicais
para pessoas com TEA no estado do Pará.
Por fim, também é importante dizer que os estudos atuais já propõem o uso de tec-
nologia associada à musicoterapia, pois segundo Shiguemoto et al. (2022) eles vêm de-
monstrando que o uso de aparelhos eletrônicos explora estímulos visuais, sonoros e tá-
teis da criança de forma simultânea, podendo, portanto, trazer benefícios adicionais como
controle e melhor coordenação dos movimentos se comparados à utilização tradicional de
instrumentos musicais.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste estudo foi possível identificar o notório e significativo impacto da música para
o desenvolvimento de habilidades sociais de crianças com Transtorno do Espectro Autista.
Nos artigos analisados, a música destacou-se como uma ferramenta eficaz para o apri-
moramento de habilidades sociais, reciprocidade social, interação e emoções. Além disso,
sua influência abrangeu ainda a melhoria da percepção corporal, coordenação motora e
linguagem, entretanto, também foram identificadas lacunas na descrição detalhada de
como ocorreria o processo de aquisição de habilidades sociais por meio da música, assim
como na explicação sobre quais são as habilidades sociais adquiridas.
Essa observação é válida para grande parte dos trabalhos examinados, com exceção
dos artigos que trabalharam utilizando o método de pesquisa de campo, evidenciando a
necessidade de maior clareza e profundidade de pesquisas exploratórias e de observação
sobre este tema. Contudo, espera-se que o presente trabalho possa contribuir com a li-
teratura científica no Brasil, sendo um material que fomente outras novas pesquisas que
envolvam a música e as habilidades sociais no Transtorno do Espectro Autista.
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Acesso em: 30 set 2023.
11
Cesar Augusto Nascimento Felicidade1
Jéssica Cristina Tapajos Vasques dos Santos1
Manoel Antônio Ferreira Neto1
Emily Agurto2
Bárbara Brasil Santana3
1 Graduação em Biomedicina, Universidade da Amazônia (UNAMA), Ananindeua-PA
2 Discente do curso de Farmácia, Universidade da Amazônia (UNAMA), Ananindeua-PA
3 Docente do curso de Biomedicina, Universidade da Amazônia (UNAMA), Ananindeua-PA
AVALIAÇÃO DA CARGA VIRAL EM PACIENTES
COM HIV-1 QUE UTILIZAM MARAVIROC COMO
TERAPIA ANTIRRETROVIRAL: UMA REVISÃO
SISTEMÁTICA
EVALUATION OF VIRAL LOAD IN HIV-1 PATIENTS USING
MARAVIROC AS ANTIRETROVIRAL THERAPY: A SYSTEMATIC
REVIEW
10.29327/5529040.1-11
Capítulo 11
127
Editora Pascal
Resumo
O
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) representa um dos principais desafios
para a saúde pública, afetando milhões de pessoas globalmente. Nesse contexto, a
utilização da Terapia Antirretroviral (TARV) tem sido crucial para o controle da infec-
ção. O Maraviroc (MRV), um antagonista do co-receptor CCR5, surgiu como uma alterna-
tiva terapêutica relevante, especialmente em pacientes com tropismo R5. Diante disso, o
presente estudo teve como objetivo avaliar a Carga Viral (CV) em pacientes com HIV-1 que
utilizaram o MRV como TARV. Trata-se de uma revisão sistemática, de caráter exploratório
e descritivo, baseada em informações extraídas de 14 artigos científicos publicados nas
bases de dados Scielo, PubMed e Mendeley. A análise revelou que, embora o MRV seja bem
tolerado e viável, a falha virológica foi observada em alguns pacientes, que retornaram
aos níveis iniciais de CV. Apesar disso, o aumento na contagem de linfócitos T CD4+ após
o uso do MRV evidenciou um impacto positivo na resposta imunológica. Portanto, o MRV
demonstrou ser uma opção terapêutica eficaz, porém, mais estudos são necessários para
esclarecer questões relacionadas ao seu uso, otimizando a abordagem terapêutica para
pacientes infectados pelo HIV-1.
Palavras-chave: HIV, HIV-1, Terapia antirretroviral, TARV, Maraviroc
Abstract
The Human Immunodeficiency Virus (HIV) represents a major public health challenge,
affecting millions of people worldwide. In this context, Antiretroviral Therapy (ART)
has been crucial for controlling the infection. Maraviroc (MRV), a CCR5 co-receptor an-
tagonist, has emerged as a relevant therapeutic alternative, especially in patients with R5
tropism. Therefore, the present study aimed to evaluate the Viral Load (VL) in HIV-1 patients
who used MRV as ART. This is a systematic, exploratory and descriptive review, based on
information extracted from 14 scientific articles published in the Scielo, PubMed and Men-
deley databases. The analysis revealed that, although MRV is well tolerated and viable, viro-
logical failure was observed in some patients, who returned to initial VL levels. Despite this,
the increase in CD4+ T lymphocyte count after the use of MRV demonstrated a positive
impact on the immune response. Therefore, MRV has proven to be an effective therapeutic
option, however, further studies are needed to clarify issues related to its use and optimize
the therapeutic approach for patients infected with HIV-1.
Keywords: HIV, HIV-1, Antiretroviral therapy, ART, Maraviroc
Capítulo 11
128
Acervo Cientíco da Amazônia
Vol. 01 (2025)
1. INTRODUÇÃO
O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) afeta cerca de 37,9 milhões de pessoas
no mundo, representando um dos maiores desafios para a saúde pública global (UNAIDS,
2019). A transmissão deste vírus ocorre principalmente por meio de relações sexuais des-
protegidas, compartilhamento de seringas contaminadas, acidentes com perfurocortan-
tes, transmissão vertical e transfusão sanguínea (BRASIL, 2020). Após a infecção, o vírus
tem como principal alvo os linfócitos TCD4 +, células essenciais para a resposta imunológi-
ca. A replicação viral progressiva leva à destruição dessas células, resultando em imunos-
supressão e o aumento da vulnerabilidade do organismo a diversos patógenos (de Melo et
al., 2018).
A fase aguda da infecção é caracterizada por um quadro clínico que engloba desde
sintomas comuns como febre e dores no corpo, até mesmo o surgimento de adenomega-
lias, após cerca de duas semanas de infecção (Dias et al., 2020). No entanto, uma parcela
significativa dos indivíduos pode não apresentar sintomas clínicos evidentes após a infec-
ção, o que dificulta o diagnóstico precoce e contribui para a disseminação do HIV (Asinelli-
-Luz; Junior, 2008).
Atualmente, o HIV é classificado nos tipos 1 e 2 (HIV-1, HIV-2). Esses tipos possuem
características distintas em relação à transmissibilidade, evolução da doença, susceptibi-
lidade às drogas e potencial patogênico. O HIV-1, responsável pela maioria dos casos no
mundo, apresenta maior transmissibilidade e está associado a um longo período de latên-
cia e diagnóstico tardio da doença. Já o HIV-2, predominante na África Ocidental, é menos
virulento e está associado a uma evolução clínica mais lenta (Carvalho, 2015; Lima, 2019).
A identificação de dois co-receptores essenciais para a entrada do HIV-1 (CCR5 e
CXCR4) nas células, levou a um melhor entendimento da interação do envelope viral com
a célula hospedeira e ao desenvolvimento de novas abordagens terapêuticas que inibem
a entrada viral (Lin; Kuritzkes, 2009). Nesse sentido, a Terapia Antirretroviral (TARV) revo-
lucionou o manejo da infecção ao reduzir a carga viral plasmática, aumentar a contagem
de linfócitos TCD4 + e minimizar o risco de complicações associadas à imunossupressão
(Lima, 2019).
Segundo o Ministério da Saúde, existem 22 medicamentos antirretrovirais (ARV) dis-
tribuídos em 38 formas farmacêuticas. Esses fármacos são agrupados em cinco classes
principais: Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa (ITRN), Inibidores Não Nucle-
osídeos da Transcriptase Reversa (ITRNN), Inibidores de Protease (IP), Inibidores de Fusão
(IF) e Inibidores da Integrase (IT) (Carvalho, 2015; Arruda, 2010).
Dentre os IF, destaca-se o antagonista Maraviroc (MRV), um dos mais estudados atu-
almente. Esse fármaco atua bloqueando o co-receptor CCR5, impedindo a entrada do HIV-
1 nas células e reduzindo a carga viral (CV) plasmática (Bocket et al., 2016). Aprovado em
2007 pela Food and Drug Administration (FDA), o MRV foi o primeiro antagonista de CCR5
a demonstrar eficácia virológica sustentada por até 48 semanas em pacientes com tro-
pismo para esse co-receptor (Hardy et al., 2012). Entretanto, a utilização do MRV exige a
realização de um teste de tropismo para determinar a presença do CCR5 (R5), o que pode
dificultar sua ampla adesão devido ao alto custo e à demora deste processo. Esse fator
pode explicar a menor frequência do uso do MRV em comparação a outros ARV (Dean,
2017; De Luca et al., 2019).
Considerando a importância da TARV na supressão da replicação do HIV-1 e na me-
Capítulo 11
129
Editora Pascal
lhora da resposta imunológica dos pacientes, torna-se essencial avaliar a eficácia de dife-
rentes abordagens terapêuticas. O MRV, tem se mostrado uma alternativa relevante, espe-
cialmente para pacientes com tropismo R5. No entanto, existem poucas pesquisas sobre
a relação entre os subtipos do HIV-1 e a resposta ao MRV. Assim, o presente estudo visa
evidenciar resultados consideráveis em pacientes que apresentaram supressão virológi-
ca na utilização deste medicamento. Portanto, espera-se que os achados desta pesquisa
possam auxiliar na otimização das abordagens terapêuticas, promovendo a melhoria da
qualidade de vida dos pacientes vivendo com HIV.
2. METODOLOGIA
2.1 Tipo de estudo
O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática, de caráter exploratório e des-
critivo. A pesquisa foi realizada a partir da seleção de artigos científicos nas bases de dados
Scielo, PubMed e Mendeley.
2.2 Seleção dos Artigos
A busca pelos artigos foi realizada utilizando os descritores “Maraviroc viral load” e
“Maraviroc antagonista CCR5”, aplicando o filtro “Free full text” para garantir o acesso a
textos completos.
2.3 Critérios de Inclusão e Exclusão
Foram encontrados 96 artigos, dos quais 14 foram selecionados conforme os seguin-
tes critérios de inclusão: Estudos experimentais, pacientes com infecção pelo HIV-1, utiliza-
ção do MRV como parte do tratamento, média da CV do HIV-1 antes e após o tratamento
e identificação do tropismo viral. Foram excluídos os artigos que investigavam pacientes
com infecção pelo HIV-2, não utilizavam o MRV como tratamento, não apresentavam valo-
res completos da média da carga viral ou não continham resultados do teste de tropismo
viral
2.4 Análise dos Dados
Os dados foram coletados a partir da leitura e extração de informações dos artigos
selecionados. Para a organização dos dados, foi realizada a tabulação das variáveis: Autor
principal, ano de publicação, tempo de estudo, quantidade de pacientes, subtipo do HIV-1,
tropismo viral, dosagem diária de MRV, média da CV antes e após o tratamento com MRV,
média da MRV de células LTCD4+ antes e após o tratamento, uso concomitante de outro
ARV, ocorrência de falha virológica ou supressão virológica e pacientes virgens de trata-
mento com MRV.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De um total de 96 artigos encontrados, 14 foram selecionados para compor este es-
tudo, pois atendiam aos critérios de inclusão, apresentando dados completos sobre a CV
e utilizando o MRV como tratamento para o HIV-1. Todos os artigos analisaram pacientes
com infecção pelo HIV-1 e que realizaram o teste de tropismo viral. A Tabela 1 apresenta a
distribuição dos 14 artigos analisados, conforme a quantidade de pacientes, o tipo de infec-
ção, a média de células TCD4 + e de CV antes e após o tratamento com MRV.
Autor
N º de
pacientes
avaliados
Infecção/
subtipo
Média de LTCD4+
(células/mm3)
Média de Carga Viral
(cópias/mL)
Antes do
tratamen-
to
Após o
tratamen-
to
Antes do
tratamen-
to
CV após o
tratamen-
to
(Gulick et al., 2008) 1.049 HIV-1 169 122 72.400 <50
(Saag et al., 2009) 167 HIV-1 <50 >60 >5.000 0,83
(Reuter et al., 2010) 32 HIV-1 -141 0,124 <50
(Furtado et al., 2013) 638 HIV-1 -174 >1000 <400
(Taiwo et al., 2013) 46 HIV-1 100 455 >5.000 >50
(Nozza et al., 2014) 26 HIV-1 654 647 >100 <50
(Rossetti et al., 2014) 191 HIV-1 B >100 200 >1.000 <50
(Potard et al., 2015 ) 356 HIV-1 200 >300 >50 <50
(Nozza et al., 2015) 67 HIV-1 295 537 >1.000 <50
(Soulie et al., 2015) 104 A, B, D, F
e G - - >50 <50
(Pradat et al., 2016) 33 HIV-1 B 453 715 >1.000 <50
(Bocket et al., 2016) 94 HIV-1 B 481 506 <50 <50
(Pujari et al., 2018) 13 HIV-1 C 324 441 0,324 <50
(De Luca et al., 2019) 1.381 HIV-1 A, B
e C - - >100 <50
Tabela 1. Distribuição dos dados dos 14 artigos analisados sobre a avaliação da CV e resposta imunológica
dos pacientes tratados com MRV
Fonte: Dados coletados de 14 artigos extraídos da PubMed, Scielo e Mendeley
Os estudos analisados totalizaram 4.197 pacientes, que pertenciam a mais de 10 paí-
ses, com pesquisas conduzidas entre os anos de 2008 e 2019. O tempo mínimo de pesquisa
foi de 3 meses e o máximo de 30 meses. Quanto ao subtipo viral, o HIV-1 subtipo B foi o
mais prevalente entre os pacientes, enquanto os demais subtipos ocorreram com menor
frequência.
Em alguns estudos, o MRV foi administrado como monoterapia, enquanto em outros
foi utilizado em combinação com outros ARV. Os ARVs mais frequentemente associados
ao MRV foram: Delvardina (ITRNN), Ritonavir (IP), Tipranavir (IP), Raltegravir (IT), Etravirina
(ITRNN), Darunavir (IP), Lopinavir (IP) e Tenofovir (ITRN). A prescrição do MRV variou entre
uma ou duas administrações diárias, com dosagens de 150 mg ou 300 mg, dependendo
diretamente da associação com outros medicamentos.
A Figura 1 resume a distribuição dos pacientes de acordo com o tropismo viral, uma
Capítulo 11
131
Editora Pascal
variável analisada em alguns dos artigos. Um total de 3.140 pacientes apresentaram tropis-
mo R5, enquanto 326 foram classificados como não R5 e 61 apresentaram tropismo misto
(R5X4).
Figura 1. Distribuição de pacientes tratados com MRV segundo o tropismo viral
Fonte: Dados coletados de 14 artigos extraídos da PubMed, Scielo e Mendeley
No que se refere à CV, os estudos analisados demonstraram diferentes níveis de su-
pressão virológica após o tratamento com MRV. Para padronizar essa avaliação, os valores
médios de CV após o tratamento foram classificados conforme a Tabela 2.
Classificação Carga viral (cópias/mL)
CVa (boa) <50
CVb (razoável) >50 e <100
CVc (ruim) >100
Tabela 2. Critério de classificação da CV conforme os estudos analisados (2008-2019)
Fonte: Dados coletados de 14 artigos extraídos da PubMed, Scielo e Mendeley
De acordo com a classificação adotada, apenas 1/14 dos artigos analisados atingiram
a classificação CVa após o tratamento, obtendo supressão virológica. Além disso, 1/14 foi
classificado como CVb, enquanto 1/14 ficou na categoria CVc, apresentando média final
de <400 cópias/mL.
Embora a classificação da CV tenha demonstrado bons resultados, mais de 100 pa-
cientes apresentaram falha virológica, retornando ao valor de CV inicial. Um dos estudos,
composto apenas por pacientes com tropismo R5, também registrou falha virológica.
A análise da Tabela 1 revela que, em 3/14 dos artigos, a média da CV já se encontrava na
classificação CVa antes do tratamento com MRV, mantendo-se assim ao final da pesquisa,
o que indica uma indiferença quanto ao tratamento. Em relação à classificação CVb, 2/14
estudos apresentavam essa condição antes do uso do MRV e, ao término do tratamento,
ambos evoluíram para CVa, demonstrando progressão virológica. No início do tratamen-
to, 9/14 artigos apresentaram pacientes classificados como CVc. Desses, 2/14 progrediram
para CVb e 7/14 evoluíram para categoria CVa, o que demonstra um sucesso virológico.
Os dados coletados e analisados conforme a Tabela 1, também evidenciam um au-
mento significativo na contagem média de LTCD4 + antes e após o tratamento, consta-
tando um impacto imunológico positivo do uso de MRV. A contagem de LTCD4 + foi mo-
nitorada por meio de avaliações periódicas realizadas em intervalos de dois, quatro e seis
meses após o início da TARV.
Dentre as pesquisas analisadas, 10/14 realizaram essa avaliação antes e depois do tra-
tamento, evidenciando um aumento significativo dos níveis de LTCD4 +. Em 2/14 estudos,
Capítulo 11
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a média foi apresentada somente após o tratamento, enquanto os outros 2/14 não apre-
sentaram dados referentes a essa variável, embora tenham registrado uma CV classificada
como boa.
Algumas hipóteses podem explicar a eficácia do MRV. O sequenciamento popula-
cional para determinação do tropismo pode não ter detectado níveis baixos de vírus X4, o
que pode ter influenciado diretamente na resposta ao tratamento com o ARV. Contudo,
é importante ressaltar que os pacientes com falha virológica nos estudos analisados, não
apresentaram troca de tropismo ao decorrer do tratamento.
A respeito da eficácia do MRV, Stellbrink (2014) relata que o Comitê de Monitoramen-
to de Dados (DMC) recomendou a interrupção de um estudo sobre esse fármaco devido à
sua eficácia inferior quando comparado a ARVs como emtricitabina e tenofovir. Pujari et
al. (2018) também destacam que, apesar do sucesso limitado na supressão virológica, hou-
ve um ganho significativo na contagem de CD4. A pesquisa documentou uma resposta
imunológica aumentada, independentemente da supressão virológica, em regimes base-
ados no uso de MRV, inclusive na infecção primária por HIV.
O estudo experimental de Pujari et al. (2018) não apresentou dados que comprovem
a supressão virológica do MRV em pacientes com diferentes subtipos virais, tornando essa
informação insuficiente para conclusões. Por outro lado, Hardy et al. (2010) indicam que
estudos anteriores demonstraram a potente eficácia do MRV quando administrado na
dose de 300 mg uma vez ao dia. De forma semelhante, Taiwo et al. (2013) reforçam a qua-
lificação do MRV como um ARV potente, especialmente para pacientes virgens ao inibidor
de fusão, destacando a importância da presença inicial do gene CCR5 para a eficácia do
tratamento.
A relação entre tropismo viral e progressão da doença também é ressaltada por Con-
nor et al. (1997) e Xiao et al. (1998). Em seus estudos, foi demonstrado que, em pacientes
com progressão acelerada do HIV-1, o surgimento de cepas X4 (que utilizam CXCR4 como
fusor) influencia diretamente a resposta ao ARV e, consequentemente, a evolução da in-
fecção.
Por fim, Pratad et al. (2016) avaliaram a eficácia virológica de uma estratégia simplifi-
cada, iniciando o tratamento com uma terapia quádrupla composta por tenofovir, emtri-
citabina, MRV e raltegravir. Após seis meses, o regime foi reduzido para a combinação de
MRV e raltegravir, mantendo a supressão virológica sem sinais de toxicidade. Embora essa
estratégia não seja recomendada para todos os pacientes, pode representar uma alterna-
tiva viável para indivíduos selecionados com adesão ideal ao tratamento.
4. CONCLUSÃO
A inexistência de uma cura definitiva para o HIV-1 torna a utilização de ARV funda-
mentais para a sobrevivência e qualidade de vida dos pacientes. Contudo, existem medica-
mentos que podem apresentar falha virológica, o que resulta no retorno do paciente à CV
inicial, comprometendo a eficácia do tratamento. Portanto, é essencial que o tratamento
seja adaptado ao tipo de tropismo do HIV-1 no paciente, a fim de garantir a supressão viro-
lógica e o controle da infecção.
No que se refere ao uso do MRV, este ARV tem demonstrado maior eficácia quando
administrado no início do tratamento, onde há predominância do tropismo para CCR5.
Nesse contexto, o MRV contribui para a redução da CV a níveis indetectáveis (abaixo de 50
cópias/mL), promovendo benefícios imunológicos significativos para a qualidade de vida
Capítulo 11
133
Editora Pascal
do paciente. É importante ressaltar que, em todos os estudos analisados, não foi registrado
óbito de pacientes durante a utilização do MRV. Porém, a falha virológica observada em
alguns pacientes sugere uma afinidade maior com tratamentos anteriores do que com o
MRV.
Conclui-se que, os resultados dos estudos sobre o uso de MRV indicam que o medi-
camento é bem tolerado e viável. No entanto, ainda são necessários mais estudos para
esclarecer questões relacionadas ao uso do MRV, garantindo assim, a otimização da abor-
dagem terapêutica em pacientes infectados pelo HIV-1.
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Brazilian Savanna biodiversity is abundant in native fruits with nutritional and sensory properties with potential technological applications. However, the information available regarding the proprieties of Brazilian native fruits is still limited. This study aimed to analyze the metabolic profile of Brosimum gaudichaudii fruits (BGF) using metabolomics approaches, besides its physicochemical and nutritional proprieties. BGF exhibited protein content at least two times higher than other native fruits. Fifty-five metabolites were identified by the metabolomics approaches, mainly fatty acids (n = 22), carbohydrates (n = 13), organic acids (n = 6), and polyphenols (n = 5). The most abundant constituents were D-fructose (42.97%) for sugars, L-asparagine (6.47%) for amino acids, succinic acid (44.11%) for organic acids, and linolenic acid (3.04%) for fatty acids. Highlighted phytochemicals included chlorogenic acid, α-amyrin, and γ-tocopherol. Additionally, this study revealed that BGF is a good source of vitamin C and dietary fiber and an excellent source of vitamin A. Future studies providing nutritional information and suggesting consumption methods and potential industrial applications are essential to familiarize consumers with these foods. Additionally, clarifying the appropriate planting and harvesting seasons can revive traditional practices, especially for native fruits like BGF.
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Background The co-occurrence of chronic diseases and acute infectious events exacerbates disability and diminishes quality of life, yet research in Low- and Middle-Income countries is scarce. We aimed to investigate the relationship between infectious events and multimorbidity in resource-constrained settings. Methods We conducted a sequential mixed-method study in Lima and Tumbes, Peru, with participants having multimorbidity from the CRONICAS Cohort Study. They completed a questionnaire on the occurrence, treatment, and health-seeking behaviour related to acute infectious events. Qualitative interviews explored the perceptions and links between multimorbidity and acute infectious events for a subgroup of participants. Findings Among individuals with multimorbidity, low awareness of chronic conditions and poor medication adherence. The cumulative incidence for respiratory and gastrointestinal infections, the most reported acute conditions, was 2.0 [95%CI: 1.8–2.2] and 1.6 [1.2–1.9] events per person per year, respectively. Individuals with cancer (6.4 [1.6–11.2] events per person per year) or gastrointestinal reflux (7.2 [4.4–10.1] events per person per year) reported higher cumulative incidence of infectious events than others, such as those with cardiovascular and metabolic conditions (5.2 [4.6–5.8] events per person per year). Those with three or more chronic conditions had a slightly higher cumulative incidence compared with individuals with two conditions (5.7 [4.4–7.0] vs 5.0 [4.4–5.6] events per person per year). Around 40% of individuals with multimorbidity sought healthcare assistance, while others chose drugstores or didn't seek help. Our qualitative analysis showed diverse perceptions among participants regarding the connections between chronic and acute conditions. Those who recognized a connection emphasized the challenges in managing these interactions. Interpretation Our study advances understanding of multimorbidity challenges in resource-limited settings, highlighting the impact of acute infections on patients' existing multimorbidity burden.
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A pele é o órgão do corpo humano mais exposto aos desgastes causados pelos fatores externos presentes no dia a dia e pelo desgaste natural do tempo, deixando visíveis os sinais de envelhecimento. Com a maior expectativa de vida e cobranças por padrões estéticos ocorre a busca por prevenir e combater esse envelhecimento, recorrendo a tratamentos em clínicas e produtos que tragam benefícios nesse intuito, além de soluções para outras desordens estéticas. Frente a isso, a indústria farmacêutica surge através da cosmecêutica trazendo soluções com o desenvolvimento de dermocosméticos que, no Brasil, é considerado cosmético grau 2 e requer cumprir alguns requisitos para comercialização. Nesse contexto, é relevante conhecer o uso dos dermocosméticos, bem como o papel do farmacêutico nesse âmbito. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa trazendo formulações dermocosméticas, objetivando conhecer os ativos e aplicações. Os estudos selecionados mostraram a importância dos dermocosméticos, bem como da atuação do farmacêutico desde a manipulação até a identificação do ativo correto para a necessidade do paciente, na orientação de uso e avaliação de efeitos adversos.
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O mercado de beleza e cosméticos está cada vez mais aquecido, evoluindo nos últimos anos de forma crescente, rápida e diferenciada, transformando o setor em uma oportunidade economicamente promissora no mundo. Este fator proporciona também que os profissionais da área farmacêutica se adequem para adentrar na área. A falta de profissionais especializados nesta área da estética, somado às exigências do mercado, permitem e proporcionam o aprimoramento dos farmacêuticos permitindo que os mesmos atuem de forma habilitada e que tenham capacidade técnica e científica para realizar procedimentos estéticos. O objetivo geral deste trabalho foi apresentar o perfil do farmacêutico habilitado para atuar na área da estética que atua na prestação de serviços neste segmento. A metodologia adotada foi a pesquisa exploratória, com abordagem do método qualitativo, relacionando pesquisas bibliográficas e relatos de entrevistas sobre a temática abordada. Neste estudo foram entrevistados três farmacêuticos habilitados para atuar na área de estética conforme RDC N° 573/2013, residentes na cidade de Curitiba/PR que apresentaram suas experiências atuando na área de estética. Os resultados encontrados demonstram que os farmacêuticos que desejam atuar na área de estética, devem se habilitar conforme as determinações legais e procurar constantemente realizar capacitações. Entende-se que o farmacêutico pode realizar diversos procedimentos estéticos, pois é um profissional que compreende o processo de forma ampla. Isto possibilita que estes profissionais passem a atuar em uma nova área que está em crescimento e proporciona ganhos financeiros significativos. Porém, é importante observar que os atuantes desta área devem, por meio de procedimentos aplicados, melhorar a autoestima e a qualidade de vida dos pacientes, colocando-os em primeiro lugar.
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Buscando compreender as relações entre o Piano e Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) de modo a favorecer as ações dos educadores musicais/professores de piano e contribuir com a produção acadêmica da área de pedagogia do piano, esse trabalho tem como objetivo investigar, por meio de uma revisão sistemática, o conhecimento produzido sobre o ensino de piano para pessoas autistas, até o presente momento. A busca dos trabalhos foi realizada nas seguintes bases de dados: Periódicos da CAPES, Banco de Teses Brasileiras (BDTD), Portal Brasileiro de Acesso Aberto à Informação Científica (OasisBr), ResearchGate e Scopus, e nos principais periódicos nacionais da área de música. Foram eleitos 15 trabalhos, e a literatura revisada aponta a importância de que o professor conheça estratégias de ensino diversificadas e saiba adequá-las às limitações e potencialidades do aluno, buscando sempre proporcionar vivências musicais significativas no aprendizado do instrumento.
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RESUMO Este estudo comparou medidas de desempenho social em crianças integrantes de um programa de intervenção musicoterapêutica. Participaram sete crianças de idades entre sete a nove anos, sendo seis meninos e uma menina, e também seus pais. Os instrumentos utilizados foram SSRS para avaliar habilidades sociais e IMTAP, apenas o domínio social. Os resultados não apontaram diferenças estatisticamente significativas entre as medidas avaliadas. Na reavaliação houve aumento nos escores pela IMTAP, já pelo SSRS houve diminuição nas habilidades sociais nas duas versões-crianças e pais, além de aumento nos escores dos comportamentos problemáticos. O relato dos pais indicou melhorias na emissão de comportamentos sociais adequados. Palavras-chave: Musicoterapia; Habilidades sociais; Crianças em idade escolar. ABSTRACT This study compared measures of social performance in children participating in a music therapy intervention program. Seven children aged between seven and nine years participated, six boys and one girl, as well as their parents. The instruments used were SSRS to assess social skills and IMTAP, only the social domain. The results did not show statistically significant differences between the measures evaluated. In the reassessment there was an increase in the scores by the IMTAP, on the other hand by the SSRS, there was a decrease in social skills in both versions-children and parents, in addition to an increase in scores problematic behavior. The parents' report indicated improvements in the emission of appropriate social behaviors.
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Uma das causas que contribui para o uso excessivo de medicamentos é a falta de informações adequadas e explicações claras de sua utilização. Nesse contexto, é essencial fornecer dados precisos sobre os riscos que os medicamentos podem representar à saúde das pessoas quando eles são manipulados de maneira inadequada. Observa-se que a automedicação tem se tornado cada vez mais comum, por isso, os farmacêuticos desempenham um papel fundamental ao orientar e auxiliar os pacientes quanto ao adequado uso medicamentoso. Nesse ínterim, este trabalho debruça-se sobre a atenção farmacêutica relacionada ao uso indiscriminado de anti-inflamatórios não esteroidais, (também representado pela sigla AINES), com o intuito de compreender a classificação dos AINES, sua farmacologia, possíveis reações adversas, além dos problemas associados à utilização sem perícia profissional e das medidas de atenção farmacêutica apropriadas a esse contexto. Para tanto, a presente pesquisa adota como metodologia a revisão de literatura do campo que compreende a Farmacologia em relação dialógica com outras áreas pertinentes, em que se incluem artigos científicos, monografias, dissertações e outros materiais acadêmicos de relevância, de modo a construir um arcabouço teórico para a reflexão. Este trabalho destaca a importância do farmacêutico como educador atuante direta ou indiretamente na saúde coletiva, pois promove o uso responsável e seguro de medicamentos, especificamente dos AINES, pela população.
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Nos dias atuais, o aumento progressivo da expectativa de vida, tem gerado uma grande busca por parte da população, em relação ao seu bem-estar, incluindo-se autoestima e estética corporal e facial. Dessa forma a saúde estética está avançando e experimentando permanentes modificações tecnológicas e científicas. A cada dia que passa a população está mais vaidosa, buscando uma aparência mais jovem e atraente, com isso os procedimentos estéticos vêm ganhando um grande espaço no mundo, hoje em dia não só mulheres, assim como homens e pessoas de todas as idades buscam melhorar e aperfeiçoar sua aparência com estes procedimentos. Desse modo observa-se uma grande demanda pela aplicação da toxina botulínica (TBA), mais conhecida popularmente devido a marca Botox®. Esta toxina é produzida por uma bactéria gram positiva denominada Clostridium botulinum, existem oito sorotipos diferentes de toxinas, porém a mais utilizada no âmbito da estética é o tipo A, por ser a mais potente e menos agressiva para o corpo humano. Como procedimento metodológico, foi realizado um estudo de revisões bibliográficas de artigos científicos, com objetivo de avaliar a adequação do farmacêutico na aplicação de toxina botulínica, afim de concluir que o farmacêutico é um profissional devidamente habilitado a atuar na área da aplicação de TBA, tendo em vista o entendimento mais aprofundado da farmacologia e dos benefícios da substância no organismo, pelo fato de ser um produto desenvolvido e fabricado na indústria farmacêutica. Sendo assim este profissional é qualificado para tal atividade.
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RESUMO Objetivo: Realizar um levantamento bibliográfico dos sintomas e alterações imunológicas decorrentes da infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Métodos: Revisão Integrativa da Literatura, no período de agosto e setembro de 2019. Procurando responder à pergunta norteadora: quais os principais sintomas e alterações imunológicas decorrentes da infecção do vírus da imunodeficiência humana – HIV em seus portadores entre 2010 e 2019? Sendo selecionados dez estudos. Resultados: O portador do vírus HIV, deve apresentar em seu organismo um número maior de células T CD4+, isso se o paciente não fizer uso dos antirretrovirais. Os estudos mostraram que os pacientes com HIV, vivem um tempo sem serem cientes da doença, o portador é conhecedor da infecção após a realização de testes específicos, ou através da infecção de qualquer doença oportuna que irá lhe causar grandes prejuízos. Considerações finais: O levantamento dos estudos evidenciou que o HIV estar presente em todas as populações desde jovens aos idosos, e sua maneira silenciosa de viver no organismo, pode proporcionar um diagnóstico tardio. A infecção pelo HIV não apresenta sintomas evidentes, eles são vistos a partir das co-infecções de doenças oportunas.