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Museu colonial x Antimuseu: uma abordagem sobre relações étnico-raciais a partir do Museu de Ciências do Observatório Astronômico da Universidade Federal do Rio Grande do SulColonial museum x Anti-museum: an approach on ethnic-racial relations from the Science Museum of the UFRGS Astronomical Observatory

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As relações entre museu, universidade e escola, como parte da cultura, são ainda pouco estudadas, sobretudo no contexto das Ciências Físicas. Analisamos, em abordagem qualitativa, elementos museológicos (arquitetura; material documental, bibliográfico e instrumental; objetos científicos; mediação pedagógica) do Museu de Ciências do Observatório Astronômico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (MOA-UFRGS). Amparados nas discussões sobre as relações étnico-raciais, em referenciais teóricos da museologia e de outras ciências sociais e humanas, classificamos o MOA-UFRGS como um exemplo típico de museu colonial de ciências. Com base em questões históricas, de memória e de educação patrimonial, refletimos a partir da definição mais atual de museu, o papel dos museus de ciências na desarticulação do racismo epistêmico e do compromisso ético com epistemologias outras que são historicamente negligenciadas nas ciências. Respaldados na ideia de antimuseu, articulada pelo pensador africano Achille Mbembe, apresentamos uma proposta alternativa de narrativa museológica para o MOA-UFRGS que leva em conta perspectivas inclusivas e descolonizadoras da ciência.

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Esta pesquisa se insere no contexto da formação inicial de professores de física, particularmente nas aproximações entre Arte, Ciência e Cultura como meios de refletir sobre possibilidades de um ensino mais humano, contextualizado e integrado ao cotidiano. A partir da disciplina “Arte-Ciência-Cultura e o Ensino de Física” de um curso de licenciatura em Física de uma universidade pública brasileira, buscamos discutir em que medida a aproximação entre estas vertentes pode contribuir para o Ensino de Física (EF), a partir das vozes, relatos e ponderações construídas junto à licenciandos, em uma abordagem de pesquisa teórico-experimental. A metodologia é de natureza qualitativa, com o uso de questionário inicial, acompanhamento de aulas e thinks aloud, com registro em questionário final, contando com 23 participantes. Os dados foram organizados a partir da Análise Textual Discursiva, com a construção de categorias de análise e um metatexto no fim. Dentre os resultados, destacamos a percepção dos licenciandos em entender o aspecto de inovação metodológica como potencial aproximador da física ao cotidiano, capaz de tornar as aulas mais interessantes e interativas. A pesquisa evidenciou que a aproximação entre Arte, Ciência e Cultura é um terreno frutífero para pensar novas possibilidades para o EF, além de ser um importante caminho para (re)pensar a formação inicial de professores.
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Argumentamos neste ensaio que, a despeito do racismo acadêmico-epistêmico, as contra-histórias são metodologias de resistência necessárias em projetos de educação em ciências emancipadores e comprometidos com a democracia. As escritas e as oralidades, forjadas e articuladas nas lutas e nas vivências de povos originários e de comunidades negras e quilombolas na América Latina, propõem outros futuros em que a superação do racismo institucional e epistêmico ancora-se na reescrita do passado das ciências. A história da ciência e a educação científica só serão capazes de construir outros futuros se estiverem preparadas para reconhecer as epistemes e as cosmologias ameríndias e amefricanas.
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RESUMO: Um dos grandes desafios da educação antirracista no Brasil é ser pensada e executada em áreas que se colocam à margem da discussão étnico-racial. O presente ensaio traz reflexões sobre como a educação para as relações étnico-raciais pode ajudar a problematizar as noções de desenvolvimento e progresso (muito íntimas da episteme científica moderna), em aulas de ciências, a partir da análise de casos de conflitos político-territoriais que envolvem comunidades tradicionais e empreendimentos de Estado. Discutimos casos marcantes de conflitos étnico-raciais no Brasil e nos Estados Unidos no que tange à instalação de observatórios, de uma usina hidrelétrica e uma base de lançamento de foguetes, interpretados como elementos de desenvolvimento no contexto do Projeto Moderno e Contemporâneo de Ciência, mas que, alternativamente, resgatam as tensões entre a Tradição e a Razão Científica. Argumentamos do ponto de vista histórico, filosófico e epistemológico, buscando justificar e fomentar a discussão e a execução das Leis 10.639, 11.645 e das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola na educação em ciências, nos ensinos básico e superior.
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Heritage education has been the preferred place of authorized heritage discourse, as it normalizes and reproduces the narratives of the State and the memory of power, presenting the choices as if they were representative of a shared past in an attempt to smooth out any differences and inequalities. In Brazil, this viewpoint has been problematized since 2006 by an epistemological approach that criticizes the trajectory of public heritage policy, pointing the need for decolonizing heritage education. At the same time, educational practices shifted away from renowned, listed places and began to emphasize the heritage found in the everyday life of social groups. This paper aims to explore these issues. Keywords Education; Cultural heritage; Participatory inventory; Decolonizing heritage; Everyday life
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A detecção das estrelas de nêutrons consiste em um dos eventos científicos mais singulares para o campo da Astronomia. Esta descoberta, protagonizada pela astrônoma Jocelyn Bell Burnell, possibilitou a identificação dos primeiros sinais que viriam posteriormente a serem reconhecidos como pulsares, o que permitiu uma melhor compreensão sobre o processo de evolução das estrelas. No ensino de Física e de Astronomia, no entanto, existe um desconhecimento das/os docentes e discentes sobre o processo de evolução estelar. Neste artigo, desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica de maneira a investigar como a história da descoberta dos pulsares e a atuação de Jocelyn Bell Burnell neste episódio se manifesta em trabalhos publicados nas últimas décadas no campo do ensino de Física e de Astronomia, bem como em pesquisas acadêmicas destas áreas. Para o estudo, selecionamos 35 trabalhos, dentre artigos publicados em periódicos e eventos, além de dissertações e teses. O desenvolvimento da análise se baseou em fontes primárias e secundárias que versam sobre elementos históricos relativos à descoberta dos pulsares. Concluímos que pontuais trabalhos realizam uma discussão histórica sobre estes objetos celestes, principalmente produções acadêmicas no campo da Física e da Astronomia, enquanto pesquisas no campo do ensino concentram discussões em um âmbito mais conceitual. Indicamos que este episódio apresenta potencialidades para estudos sobre natureza da ciência e sobre a visibilidade das mulheres na ciência.
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RESUMO: Desde meados do século passado, o campo da Educação em Ciências vem discutindo e incorporando novos propósitos à ideia de Alfabetização Científica (AC). No atual momento histórico, tem sido defendida uma perspectiva formativa para a AC comprometida com a transformação social. Considerando essa perspectiva, retomamos as ideias já consolidadas na literatura sobre os Eixos Estruturantes (EE) da AC e propomos sua releitura a partir de considerações sobre o ensino de ciências como prática social e sobre os domínios conceitual, epistêmico, material e social do conhecimento científico, com vistas à proposição de um referencial teórico para a área. Na perspectiva da AC apresentada, detectamos a complexidade do segundo EE, visto que ele congrega os diferentes domínios do conhecimento.
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O presente trabalho apresenta um relato histórico sobre a astrofísica britânico-estadunidense Cecilia Payne (1900–1979), cuja trajetória pessoal esteve envolta em dificuldades enfrentadas enquanto mulher na busca por reconhecimento e ascensão acadêmica. Exibe, também, sua importância fundamental na determinação da abundância relativa dos elementos químicos nas estrelas durante sua pesquisa de doutorado, na década de 1920. Para tal, tomamos por base tanto publicações da época, realizadas pela própria cientista e também por seus pares, quanto fontes posteriores que tratam de sua história de vida e carreira profissional. Entendemos que a tese de doutorado de Payne representa um marco na Astrofísica, por apontar a alta concentração de hidrogênio e hélio na composição das atmosferas estelares em relação aos demais elementos analisados, achado que contrariava a concepção vigente, na qual elementos metálicos, como o ferro, teriam maior preponderância. Mesmo diante de tal feito, atualmente visto como pioneiro, Cecilia Payne permaneceu subvalorizada profissionalmente por ser mulher.
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Este ensaio busca trazer reflexões sobre a construção do sistema de verdades no qual se fundamenta a Ciência Moderna e Contemporânea e, mais especificamente, como o ensino de ciências, que sempre foi pautado numa lógica científica branca que nega o conhecimento produzido por corpos negros, posiciona-se nessa discussão negacionista do “outro”. Argumentamos que, no que concerne à própria estruturação da argumentação científica e de seu status quo, a Ciência Hegemônica — eurocêntrica e branca — é, por si só, um estado de pós-verdade para pessoas negras e suas epistemologias. As atuais preocupações da comunidade branca de ensino e divulgação de ciências, em relação ao negacionismo científico e à construção de narrativas que negam as produções da ciência branca, desconsideram que esse sempre foi o comportamento que tiveram com as epistemologias negras e os conhecimentos "estrangeiros". Ao longo do texto, trazemos exemplos de conhecimentos que são tidos como fatos objetivos e, no entanto, são fatos produzidos por uma comunidade racista e segue sendo reproduzida na educação em ciências, contribuindo com a perpetuação do racismo antinegro em nossa sociedade.
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Para além das atividades de atendimento ao público nas exposições, de cursos e workshops, os museus – mais especificamente, os educadores dos museus – produzem materiais educativos. E produzem muito! Ao longo dos anos, a elaboração de materiais pelos setores educativos dos museus se ampliou, fazendo com que estes se estruturassem para realizar seu empréstimo e levando os educadores a se empenhar, cada vez mais, na produção de artefatos pedagógicos com a finalidade de divulgar, ensinar conteúdos, entreter e promover acesso ao conhecimento pelos visitantes. Em nossa experiência, nos deparamos com estes materiais o tempo todo, evidenciando essa produção singular desenvolvida pelos educadores dos museus. Esse livro é mais um passo na direção de dar visibilidade a mais uma faceta da educação em museus: os materiais educativos museais! É uma forma de valorizar o trabalho de educadores e educadoras que atuam no cotidiano das ações educativas, elaborando estratégias, propostas e materiais com a intenção de promover uma experiência prazerosa, mas também de aprendizado, para os variados públicos. Esperamos que este exemplar, que compõe a série de livros do GEENF voltados para educadores de museus, professores e interessados no tema, instigue esses profissionais a analisar suas ações educativas, principalmente aquelas voltadas à produção e ao uso de materiais educativos. Em especial, desejamos que esta publicação estimule os museus a produzirem mais e melhores materiais educativos para qualificar ainda mais sua atuação junto aos seus diferentes públicos.
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Nossa perspectiva investigativa está influenciada pela possibilidade de análises dialéticas no plano da simultaneidade, e este trabalho parte de uma abordagem que reconhece coexistência epistemológica frente ao tema da história social, política e cultural de setores marginalizados como as populações afrodescendentes no Brasil e no Equador. Alinhadas ao pressuposto da decolonialidade do saber e da Educação para as relações étnico-raciais, tratamos das outras práxis educativas em contextos não formais de educação, dessa vez a partir do Museu da Maré e do Fundo Documental Afro-andino. Ganham centralidade processos de reorientação epistemológica, como legados para os currículos praticados em contextos de invisibilização dos conhecimentos subalternizados. Defendemos outros “giros” e outras percepções sobre memória coletiva com base em uma perspectiva comparada, além de reconhecer a produção realizada como um modo outro de fazer da(s) memória(s), uma peça indispensável na luta social e política, assumindo contranarrativas e outras formas de insurgir.
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O Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo – MAE-USP – apresenta essa obra como o resultado parcial de um projeto expográfico com os grupos Kaingang, Guarani Nhandewa e Terena , presentes no Centro-Oeste de São Paulo. O projeto se originou da preocupação do MAE-USP em informar esses grupos indígenas sobre os objetos de seus ancestrais coletados entre o fim do século 19 e 1947 naquela região paulista. A publicação prioriza os grupos indígenas, proporcionando espaço para que falem de si mesmos, projetando uma imagem na atualidade. Os conteúdos, as fotos, a capa e a arte desse trabalho foram pesquisados e elaborados pelos grupos envolvidos. A publicação contribui para romper com alguns estereótipos que envolvem as culturas indígenas e indica contatos para que os interessados possam agendar visitas às Terras Indígenas.
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A influência exercida pelo positivismo sobre a sociedade gaúcha entre as décadas finais do século XIX e as iniciais do século XX é um dos traços mais característicos da história e da cultura do Rio Grande do Sul. Desde então, este tema tem motivado uma série de pesquisas e de obras da historiografia regional. Inicialmente as abordagens eram fortemente influenciadas pela conjuntura política e pela adesão ou rejeição ao projeto de poder implementado pelo Partido Republicano Rio-grandense no Rio Grande do Sul da Primeira República. Mais tarde, entre as décadas de 1970 e 1980, com uma maior profissionalização na área, muitos dos historiadores e dos cientistas sociais gaúchos que realizaram suas pesquisas de mestrado e de doutorado em outros estados do Brasil e mesmo no exterior centraram suas análises no período referido e, particularmente, nos reflexos que o pensamento de Auguste Comte deixou na política, na sociedade e na cultura do sul do país. Mais recentemente, a partir da criação e da consolidação no Rio Grande do Sul de programas de pós-graduação em História e em outras áreas das ciências humanas, o positivismo continua motivando novas pesquisas, baseando-se em acervos documentais antes indisponíveis e em novas abordagens teórico-metodológicas.
  • N R Barbosa
  • Museus E Etnicidade
BARBOSA, N. R. Museus e etnicidade. Curitiba: Appris, 2018.
Plano Museológico do Observatório Astronômico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
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BEVILACQUA, C. Plano Museológico do Observatório Astronômico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: OA/UFRGS, Documento privado, 2016.
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BRASIL. Resolução n º 1, de 17 de junho de 2004. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, 2004.
A invenção do Cotidiano. Artes do Fazer. Petrópolis: Vozes
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CERTEAU, M. de. A invenção do Cotidiano. Artes do Fazer. Petrópolis: Vozes, 2007.
Museus, memórias e culturas afro-brasileiras. Revista do Centro de Pesquisa e Formação, n. 5, set
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Arte & Ensaios, v. 32, dez
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NASCIMENTO, J. As duas visões da história da África: Hegel x Diop. In: 11 a Semana da África na UFRGS. Youtube, Canal DEDS UFRGS, 23 maio 2023. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1VudGiqZq2o&t=491s. Acesso em: 17 jun. 2023.
Sobre o ancestral, o legado e o registro: discutindo a experiência do Congresso Artefatos da Cultura Negra pelas lentes da educação patrimonial
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NUNES, C.; LUZ, I. M. da. Sobre o ancestral, o legado e o registro: discutindo a experiência do Congresso Artefatos da Cultura Negra pelas lentes da educação patrimonial. Sillogés, v. 5. n. 1. jan./jul. 2022.
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A Astronomia em currículos da formação inicial de professores de Física: uma análise diagnóstica. Revista Brasileira de Ensino de Física (Online)
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Observatório Astronômico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: 100 anos
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VASCONCELLOS, C. A. Z.; BERNASIUK, C.; BICA, E. L. D. Observatório Astronômico da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: 100 anos. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008.