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Prática pedagógica em psicologia: os efeitos do condicionamento operante em um animal virtual

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Abstract and Figures

As inúmeras transformações no campo da história da ciência e do cientificismo da psicologia, contribuem para novas abordagens no que se refere ao uso dos laboratórios como ferramental e para a práxis pedagógica. O Laboratório de Análise do Comportamento então, tornou-se práxis tradicional no âmbito do ensino da Psicologia, ocorrido sobretudo pela influência da padronização do uso do “rato branco albino” nos estudos psicológicos como também do impacto do behaviorismo skinneriano na Psicologia experimental brasileira. O objetivo do trabalho é evidenciar a importância do uso de ferramentas para simulação de situações de análise no contexto experimental, com o uso do animal virtual. O método de pesquisa é de abordagem quantitativa e qualitativa descritiva, com observação de um animal virtual de um software denominado “Sniffy, The Virtual Rat”®. As aplicações e testes em laboratório puderam apresentar e ratificar a eficiência no que se refere ao uso e aplicação da teoria em relação a prática e simulação, bem como, os resultados e os efeitos do condicionamento operante em um animal virtual.
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Contribuciones a Las Ciencias Sociales, São José dos Pinhais, v.18, n.2, p. 01-26, 2025
jan. 2021
Prática pedagógica em psicologia: os efeitos do condicionamento operante
em um animal virtual
Pedagogical practice in psychology: the effects of operant conditioning on a
virtual animal
Práctica pedagógica en psicología: los efectos del condicionamiento operante
sobre un animal virtual
DOI: 10.55905/revconv.18n.2-252
Originals received: 1/17/2025
Acceptance for publication: 2/7/2025
Simon Skarabone Rodrigues Chiacchio
Pós-Doutor em Administração de Empresas
Instituição: Universidade de São Paulo (USP)
Endereço: Ribeirão Preto - São Paulo, Brasil
E-mail: simonchiacchio@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1912-6255
Karen Murakami Yano
Doutoranda em Gestão em Saúde
Instituição: Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP)
Endereço: São Paulo São Paulo, Brasil
E-mail: yano@unifesp.br
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3057-9159
Andrea Renata Chiacchio Skarabone
Pós-Graduada em Comunicação Social
Instituição: Fundação Cásper Líbero
Endereço: São Paulo - São Paulo, Brasil
E-mail: deiachiacchio@hotmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0003-5696-8897
Sandra Helena Loureiro Hoyler
Mestre em Educação
Instituição: Universidade Nove de Julho (UNINOVE)
Endereço: São Paulo - São Paulo, Brasil
E-mail: shoyler@hotmail.com
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-1581-3218
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Sheila Cristina Dinelli Ferreira
Mestre em Gestão de Negócios
Instituição: Universidade Católica de Santos (UNISANTOS)
Endereço: Santos - São Paulo, Brasil
E-mail: sheila.ferreira28@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0001-9531-6264
Andrea Cristina Marin
Mestre em Educação Currículos
Instituição: Universidade Cidade de São Paulo (UNICID)
Endereço: São Paulo - São Paulo, Brasil
E-mail: andrea.marin.dias@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0001-1449-7017
Eduardo Pessetto
Mestre em Gestão de Negócios
Instituição: Universidade Católica de Santos (UNISANTOS)
Endereço: Santos - São Paulo, Brasil
E-mail: epessetto@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0002-1973-3792
Lucas Felipe da Silva Fernandes
Mestre em Psicologia Experimental: Análise do Comportamento
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC - SP)
Endereço: São Paulo - São Paulo, Brasil
E-mail: lucasfernandes.psico@gmail.com
Orcid: https://orcid.org/0009-0009-3792-4884
RESUMO
As inúmeras transformações no campo da história da ciência e do cientificismo da psicologia,
contribuem para novas abordagens no que se refere ao uso dos laboratórios como ferramental e
para a práxis pedagógica. O Laboratório de Análise do Comportamento então, tornou-se práxis
tradicional no âmbito do ensino da Psicologia, ocorrido sobretudo pela influência da
padronização do uso do “rato branco albino” nos estudos psicológicos como também do impacto
do behaviorismo skinneriano na Psicologia experimental brasileira. O objetivo do trabalho é
evidenciar a importância do uso de ferramentas para simulação de situações de análise no
contexto experimental, com o uso do animal virtual. O método de pesquisa é de abordagem
quantitativa e qualitativa descritiva, com observação de um animal virtual de um software
denominado “Sniffy, The Virtual Rat”®. As aplicações e testes em laboratório puderam
apresentar e ratificar a eficiência no que se refere ao uso e aplicação da teoria em relação a prática
e simulação, bem como, os resultados e os efeitos do condicionamento operante em um animal
virtual.
Palavras-chave: prática pedagógica, psicologia, condicionamento operante, animal virtual.
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ABSTRACT
The countless transformations in the field of the history of science and the scientism of
psychology contribute to new approaches regarding the use of laboratories as tools and for
pedagogical praxis. The Behavior Analysis Laboratory then became a traditional praxis within
the scope of Psychology teaching, occurring mainly due to the influence of the standardization
of the use of the “albino white rat” in psychological studies as well as the impact of Skinnerian
behaviorism on Brazilian experimental Psychology. The objective of the work is to highlight the
importance of using tools to simulate analysis situations in the experimental context, using virtual
animals. The research method is a quantitative and qualitative descriptive approach, with
observation of a virtual animal using software called “Sniffy, The Virtual Rat”®. Applications
and tests in the laboratory were able to present and ratify the efficiency in terms of the use and
application of theory in relation to practice and simulation as well as the results and effects of
operant conditioning in a virtual animal.
Keywords: pedagogical practice, psychology, operant conditioning, virtual animal.
RESUMEN
Las innumerables transformaciones en el campo de la historia de la ciencia y el cientificismo de
la psicología contribuyen a nuevos enfoques respecto del uso de los laboratorios como
herramientas y para la praxis pedagógica. El Laboratorio de Análisis de Conducta se convirtió
entonces en una práctica tradicional en el ámbito de la enseñanza de la Psicología, ocurriendo
principalmente por la influencia de la estandarización del uso de la “rata blanca albina” en los
estudios psicológicos, así como por el impacto del conductismo skinneriano en la Psicología
experimental brasileña. . El objetivo del trabajo es resaltar la importancia del uso de herramientas
para simular situaciones de análisis en el contexto experimental, utilizando animales virtuales.
El método de investigación es de enfoque descriptivo cuantitativo y cualitativo, con observación
de un animal virtual mediante el software denominado “Sniffy, The Virtual Rat”®. Las
aplicaciones y pruebas en el laboratorio lograron presentar y ratificar la eficiencia en cuanto al
uso y aplicación de la teoría en relación a la práctica y la simulación, así como los resultados y
efectos del condicionamiento operante en un animal virtual.
Palabras clave: práctica pedagógica, psicología, condicionamiento operante, animal virtual.
1 INTRODUÇÃO
Considerando as inúmeras transformações no campo da história da ciência e do
cientificismo da psicologia, um dos pontos principais neste contexto é a expansão e a importância
dos laboratórios como ferramental e para a práxis pedagógica. Estes espaços deixam de ser
concebidos como locais de busca por descobertas por meio de instrumentos e testes empíricos
para compor também como espaços de construção, organização e legitimação de práticas
adotadas pelas comunidades científicas em específico no campo da psicologia.
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Ao aproximar ao contexto do Brasil, o Laboratório de Análise do Comportamento então,
tornou-se práxis tradicional no âmbito do ensino da Psicologia, ocorrido sobretudo pela
influência da padronização do uso do “rato branco albino” nos estudos psicológicos como
também do impacto do behaviorismo skinneriano na Psicologia experimental brasileira.
(Miranda, Cirino; 2010)
Sendo assim, a análise do comportamento, oriunda desta prática laboratorial, refere-se a
uma ciência que apresenta o comportamento como o “objeto de estudo”, na qual opera uma
intervenção, chamada de variável, e assume o estudo da influência desta, bem como as respostas
obtidas, o fenômeno (Andery, 2011).
Partindo desse pressuposto, o analista deveria então formular perguntas experimentais
acerca dos efeitos da manipulação de variáveis ou estímulos sobre mudanças no comportamento
no “sujeito pesquisado”. (Valesco, Garcia-Mijares, Tomanari; 2010)
De acordo com estudos e pesquisas de Skinner, a ciência do comportamento necessita de
formulação conceitual, mas também de prática que faça frente as dificuldades apresentadas, no
sentido de que o comportamento não deve ser paralisado para efeito de mensuração (Carrara,
Zilio; 2020).
Diante do apresentado, a psicologia deveria ter a previsão e controle dos comportamentos
observados, seja animal não humano ou animal humano, por meio da análise experimental do
comportamento, sendo assim, pela descrição detalhada dos comportamentos, dos ambientes em
que eles se verificam e também pelas consequências apresentadas desses comportamentos.
(Goodwin, 2005)
O objetivo do trabalho é evidenciar a importância do uso de ferramentas para simulação
de situações de análise no contexto experimental, com o uso de um animal virtual e para esse
contexto, utilizando a animal virtual de um software denominado “Sniffy, The Virtual Rat”®,
bem como, a sua relevância para o compo da ciência e da prática metodológica de ensino em
psicologia.
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2 MÉTODO
2.1 SUJEITO
Trata-se de uma pesquisa que se distingue em momentos específicos e aplicações
pontuais, sendo de abordagem quantitativa e qualitativa descritiva, com observação de uma
animal virtual de um software denominado “Sniffy, The Virtual Rat”®, Pro Version 2.0, Build
Version: 6.1f1 da Thomson Wadsworth (2005), um software que realiza uma simulação virtual
da “Caixa de Skinner”, com o uso de um animal virtual, que explora o ambiente de forma
“aleatória”, e é didaticamente manipulável para a análise experimental do comportamento, sem
a necessidade de uso do animal para essa finalidade.
A interface do software apresenta uma amostra virtual da Caixa de Skinner, conforme a
figura nº1 abaixo, que remete a uma caixa retangular metálica, com a face frontal que permite a
observação do observador/analisador, e a parte posterior da caixa contendo elementos de
manipulações, como luz, autofalante, barra de pressão de som, saída de água e comedouro. A
base da gaiola é composta por uma grade metálica, que permite a manipulação com pequenos
estímulos elétricos no animal virtual.
Figura nº 1- A Caixa de Skinner
Fonte: Sniffy, The Virtual Rat®, Pro Version 2.0, Thomson Wadsworth, 2005.
Originalmente, a câmara de condicionamento operante, ou também chamada de Caixa de
Skinner, é um modelo físico de câmara experimental, com um ambiente altamente controlado,
que permite o registro contínuo da frequência de uma reação por gravação cumulativa.
Para a versão de simulação virtual é disponibilizada a opção de utilização dos recursos de
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assistente de laboratório, esses permitem manipular os experimentos, tais como velocidade de
reprodução, pausar o procedimento (ctrl+g) como pode ser observado na figura nº1 conforme
observação da mensagem “simulation paused”, salvar o processo de intervenção, entre outros.
Outros recursos gráficos, com dados de ordenadas de “Sound Food”, “Bar Sound” e
“Action Strength” que permitem ter controle objetivo sobre o processo de manipulação do animal
virtual bem como verificar os processos e evolução por meio de resultados cumulativos
apresentados em formato de barras no gráfico.
2.2 PROCEDIMENTOS
Foram realizados cinco processos em três etapas no experimento, sendo independentes
entre si, foram elas: a) Avaliação em Nível Operante Etapa 1; b) Treino ao Comedouro Etapa
2; c) Modelagem Etapa 2; d) Registro de Comportamentos em CRF Etapa 3 e e) Registro de
Comportamentos em Extinção Etapa 3.
O animal virtual seria submetido as diferentes etapas, de forma contínua e ordenada, de
forma a obter valores de respostas condizentes ao início, meio e fim de um único processo
experimental, de forma, as respostas não sofrerem interferências de mais variáveis.
O animal virtual foi avaliado em quatro (04) comportamentos padrões aos experimentos:
pressionar a barra, farejar, levantar-se e limpar-se.
No nível operante, considerando os objetivos desta experiência, foi iniciado o software,
e deixado desativado a liberação de alimentos caso houvesse pressão da barra de som.
Foi realizada a contagem de frequências de comportamentos como “Pressionar a barra”,
Farejar, Levantar e Limpar-se, bem como seu comportamento de movimentação no recinto, em
um período de 15 minutos, de forma sucessiva e ininterrupta, separando os valores de um (1) em
um (1) minuto, esse procedimento foi executado para todas as etapas do processo.
No experimento de treino ao comedouro, foi inicialmente alterado a configuração do
software, para que houvesse dispensa de alimentos automaticamente a pressão da barra de som.
Mesmo que o animal virtual ainda não estivesse condicionado a tal, caso ocorresse, tal evento já
estaria atribuído.
Assim, foi selecionado na barra de tarefas “Experiment” e selecionado a opção “Design
Operant Conditioning Experiment”. Na caixa de opções de “Reinforcement Action”, foi
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selecionado “Bar press”. A seguir foi dado continuidade ao funcionamento do animal virtual,
acionado o cronômetro, e realizado contabilizações sobre frequência de liberação de
alimento/acionamento da barra de som, bem como avaliação do comportamento geral.
Paralelamente era realizada contabilização das frequências dos comportamentos liberação
de alimentos, bem como observação da progressão da barra “Bar Sound”. Quando atingisse 50%
e 75% seriam anotados os valores temporais e frequências de liberação de alimento e estímulo
sonoro.
Para verificar se o processo de condicionamento de fato ocorreu, foi necessário a
aplicação de um teste para validar a hipótese. Aguardar-se-ia o animal virtual se afastar do
comedouro, e então seria acionado a barra de som com liberação do alimento. Se o animal virtual
respondesse prontamente ao som e se alimentasse, seria uma resposta positiva ao
condicionamento.
O experimento a seguir era o processo de modelagem. Para isto, foi mantido as
configurações da liberação de alimento à pressão da barra. Visando-se uma extinção operante
de alimentar-se somente ao estímulo de som, para um condicionamento de pressionar a barra, o
alimento seria apenas liberado quando o animal virtual apresentasse o comportamento de
“Levantar”. Caso ele pressionasse a barra, automaticamente seria liberado um alimento, sem
necessidade de intervenção do avaliador. A proposta seria de que no início da experiência todas
as ocorrências de levantar culminassem na liberação de alimentos, e depois, seria ofertado apenas
quando o cobai animal virtual se levantasse nas proximidades do comedouro, concentrando e
direcionando a ação para a barra de som. Atingido este objetivo, o programa e o cronometro eram
pausados para registro e análise dos dados obtidos no instrumento específico.
Após o processo de modelagem do animal virtual, frente aos reforçamentos ofertados
(alimento e som) com o pressionar da barra, foi realizado o registro e análise do esquema de
reforçamento contínuo (CRF). Trata-se de uma avaliação similar a realizada no “Nível
Operante”, porém, desta vez o animal virtual foi submetido a variáveis, logo, buscou-se analisar
quantitativamente os comportamentos de pressionar, farejar, levantar e limpar-se, consequente
ao comportamento operante. Após 15 minutos de avaliação, o programa foi novamente pausado,
para realizar o registro dos dados obtidos em um instrumento específico e construção de um
gráfico para sua posterior análise.
Dando seguimento aos experimentos, seguiu-se pela execução e testagem do processo de
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Extinção. Neste experimento, continuou-se a avaliação do animal virtual a partir do cenário
estabelecido em CRF. Para isto, alterou-se a configuração do software, para que não ocorresse
mais a liberação de alimentos automaticamente a pressão da barra de som. Iniciou-se pelo
acionamento cronômetro e continuidade de funcionamento do software. Durante 15 minutos,
contabilizados de um em um minuto consecutivos. O animal virtual foi observado, sem
intervenções do avaliador, e contabilizado a frequência de comportamentos, seguindo-se o
critério previamente estabelecido.
3 RESULTADOS
3.1 NÍVEL OPERANTE
O experimento denominado “Nível Operante”, é uma forma de avaliação do animal
virtual, mas sem submissão a quaisquer variáveis, ou seja, não é programada nenhuma
consequência está relacionada a quaisquer condicionamentos. Trata-se de uma avaliação das
ações ao acaso, e com isto é capaz de fornecer uma medida do valor de “norma”, a ser comparado
a situações quando ele fosse submetido a intervenções. (Rull, Sanches, Tellesz; 2006)
Através dos dados obtidos, foi possível a construção da tabela nº1 abaixo, contendo a
frequência de pressão de barra, farejar, levantar e limpar-se, distribuídos de minuto a minutos,
em um período total de 15 minutos.
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Tabela 1 - Tabela de frequência de movimentos de pressionar, farejar, levantar e limpar, avaliados em um período
de 15 minutos, em nível operante.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024
No total, foram contabilizadas 363 ações. Destes notou-se que o comportamento de
“farejar” foi o mais frequente em relação aos demais, correspondendo a 50,1% das ações totais,
seguido de coçar-se, com 35,2%, levantar com 14,3% e por último o de pressionar a barra, com
apenas 0,2% das ações totais.
Gráfico 1 Nível Operante 15 minutos de observação
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
Sobre os resultados apresentados no gráfico 01, é possível notar que a distribuição das
frequências, apesar das oscilações, manteve-se em valores sem significativos sinais crescentes
ou decrescentes, considerando-se os valores de início e final de experimento.
uma distribuição aproximadamente regular entre os comportamentos, excluso a
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pressão da barra, uma vez que tal comportamento não é caracteristicamente inata do animal
virtual. Porém, é possível observar que, durante o nível operante, o animal virtual apresentou a
ação de “pressionar a barra”. O animal virtual explora mais o recinto, circulando por todos os
espaços, farejando e limpando-se com frequência.
3.2 TREINO AO COMEDOURO
Após avaliação em nível operante, seguiu-se pela avaliação do animal virtual quando
submetida interferência de variáveis, ou seja, a estímulos subsequentes e especificamente sonoro
e alimentar. Neste, cada vez que o animal virtual se alimentava, a barra “Sound Food”,
apresentava elevação de seus índices, indicado um processo positivo de condicionamento.
Caso o animal virtual não se alimentasse após a liberação, observou-se que os índices da
barra reduziam, indicando perda de condicionamento.
Na figura 2 é possível visualizar a barra em seu efeito total do condicionamento ao
comedouro, bem como a relação do “Action Strength” também aparece no gráfico.
Figura n.º 2 - Resposta ao condicionamento de som e alimento, em treinamento ao comedouro.
Fonte: “Sniffy, The Virtual Rat”®, Pro Version 2.0, Thomson Wadsworth, 2005.
Ao se realizar um teste para validar a hipótese de que o animal virtual estaria
condicionado ao som, ela respondeu prontamente ao som, dirigindo-se diretamente e rapidamente
ao comedouro para alimentar-se.
Quanto ao comportamento geral do animal virtual, no início ela demorava para
aproximar-se do comedouro, pois explorava toda a área da gaiola. Com o passar do tempo, da
oferta de alimentos/estímulo sonoro, notou-se que o animal virtual se concentrava mais próximo
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ao comedouro, o que aumentou a frequência de oferta de estímulos, uma vez que estava a maior
parte do tempo nas proximidades.
À medida que os índices “Bar-Sound”, elevam-se, mais rapidamente e instantaneamente
o animal virtual responde aos estímulos sonoros, independentemente de onde se encontre dentro
da caixa. Durante a evolução de 50 a 75% notou-se que o animal virtual respondia mais
rapidamente que nas circunstâncias anteriores, ou seja, quanto mais o animal virtual responde ao
alimento, maior é a sua relação de força entre o som e a comida
Neste momento, um comportamento começou a ser observado: a tentativa de pressionar
a barra de som intensificou-se em relação ao nível operante (5 ocorrências espaçadas). Fato que
não ocorria antes de atingir a margem dos 50% de relação.
3.3 MODELAGEM
A modelagem é o processo de ensinar um comportamento complexo, no qual
recompensação, cada vez maiores, ao comportamento desejado.
Cada passo usado na modelagem avança ligeiramente além do comportamento aprendido
anteriormente, permitindo que se relacione o novo passo ao comportamento aprendido
anteriormente (Feldman, 2015).
De acordo com Feldman (2015, p. 178), descreve este processo prático da seguinte forma:
A princípio, o rato perambula pela caixa, explorando o ambiente de uma forma
relativamente aleatória. Em algum momento, contudo ele provavelmente pressionará a
alavanca por acaso, quando isto acontecer, receberá uma bolinha de comida. Na
primeira vez em que isto acontece, o rato não aprende a ligação entre pressionar a
alavanca e receber a comida, continuando a explorar a caixa. Mais cedo ou mais tarde,
o rato pressionará a alavanca e receberá a comida novamente, e com o tempo a
frequência da resposta de pressionar aumentará. Por fim, o rato pressionará a alavanca
constantemente até satisfazer sua fome, demonstrando que ele aprendeu que o
recebimento de comida depende da ação de pressionar a alavanca.
Neste o estímulo ocorria apenas quando o animal virtual se levantasse, com extinção
operante de estímulo ao som. Após alguns estímulos de alimentos/som recebidos, notou-se a
presença do primeiro coeficiente na barra Action Strength(figura 3), e após estímulos de
alimento/som recebidos para surgir os primeiros coeficientes na barra “Bar Sound”.
Uma vez que o animal virtual apresenta comportamento, cada vez mais frequente para
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obtenção do alimento, estipulou-se um critério de 5 pressões de barras consecutivas, para encerrar
a oferta de alimento quando se levantasse e encerrasse esta avaliação.
Figura nº3 - Resposta ao condicionamento em CRF
Fonte: “Sniffy, The Virtual Rat”®, Pro Version 2.0, Thomson Wadsworth, 2005.
No que tange o comportamento geral do animal virtual, notou-se que com o passar do
tempo e do recebimento do alimento, permaneceu mais tempo concentrada ao redor do
comedouro. Os movimentos de levantar-se eram de uma forma geral realizada no entorno do
comedouro, ou na frente, sem apoio (o que não ocorria em momentos anteriores). Quanto mais
próximo do comedouro isto ocorria, mais próximas as ocorrências de pressão se tornavam, e
gradativamente isto passou a ocorrer com mais frequência, até que o comportamento foi
aprendido, e o animal virtual passou a de fator pressionar a barra para obter alimento.
3.4 REGISTRO DE COMPORTAMENTOS EM CRF
Após o processo de modelagem do animal virtual, frente aos reforçamentos ofertados
(alimento e som) com o pressionar da barra, foi realizado o registro e análise do esquema de
reforçamento contínuo (CRF). Abaixo temos uma tabela (tabela 02) contendo os valores de
frequência de pressão à barra, farejar, levantar-se e limpar-se, distribuídos de minuto a minutos,
em um total de 15 minutos de avaliação.
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Tabela 2 - Tabela de frequência de movimentos de pressionar, farejar, levantar e limpar, avaliados em um período
de 15 minutos, em esquema de reforçamento contínuo.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
No total foram contabilizados 324 movimentos. Destes, com 46,6% prevaleceu-se o
movimento de pressionar, seguidos de 42,5% de levantar-se, 5,8% de limpar-se e 4,9% de farejar.
No gráfico nº2 abaixo, é apresentada a distribuição da quantidade de cada um dos
comportamentos, ao longo dos 15 minutos avaliados.
O comportamento de pressionar a barra, inicia-se com valores altos e com tendência
crescente, apesar das oscilações. É importante notar que a frequência de pressionar a barra e
levantar, permanecem em competição, ou seja, quando o índice de se levantar aumenta, o de
pressionar a barra diminui, e vice e versa.
Gráfico 2 - Índice de comportamentos x tempo em CRF
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
Os comportamentos de Limpar e Farejar permanecem com baixas frequências, iniciando
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com baixos valores e encerrando com os baixos valores, com oscilações de mínimas amplitudes.
Após o 9º minuto de experiência, o animal virtual passou a pressionar mais vezes a barra
de som, explorar menos o ambiente e reduzir as tentativas de levantar-se. Mas quando havia as
tentativas de levantar-se, concentravam-se mais próximas ao comedouro e a barra de som. Ao
fim da experiência, a barra Sound Food encontrava-se a 100%, a de Bar Sound a
aproximadamente 50% e a de “Action Strength” a aproximadamente 65%.
3.5 REGISTRO DE COMPORTAMENTOS EM EXTINÇÃO
A extinção do condicionamento, segundo GOODWIN (2005) e KLEIMAN (2015),
refere-se a um evento que ocorre quando um comportamento não recebe reforço com frequência,
ou deixa de acontecer, observando-se o declínio e até o desaparecimento do comportamento por
completo.
Na tabela abaixo nº3, temos os valores coletados nos comportamentos, conforme critério
estabelecido, cuja frequências encontram-se segregadas de um em um minuto, consecutivamente,
durante um período de 15 minutos, em condição de extinção de comportamento de pressionar a
barra.
Tabela 03 - Tabela de frequência de movimentos de pressionar, farejar, levantar e limpar, avaliados em um
período de 15 minutos, em processo de extinção.
Fonte: Elaborada pelos autores, 2024
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Foram contabilizados 263 comportamentos totais. Dentre eles, destacou-se o limpar-se,
com aproximadamente 31% das ações totais, seguidas de farejar, com 23,5%, pressionar a barra
com 22,1% e por último, levantar-se, com 12,9% das ações totais.
Gráfico nº 3 - Índice de comportamentos x tempo em processo de extinção
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
Como é possível observar no gráfico 03, associado a tabela 03, apesar do índice de limpar-
se ter sido mais prevalente, devemos atentar a distribuição dos comportamentos, bem como a
evolução da ocorrência deles ao longo dos 15 minutos.
O pressionar a barra, que é o terceiro, mais prevalente, inicia-se, destacadamente, com
maior frequência em relação aos demais, mas ao longo do período decai de forma acelerada,
sobretudo após o terceiro minuto, chegando se extinguir aos 12 minutos. Em contrapartida, o
comportamento de limpar, inicia-se com a menor frequência dentre os comportamentos, e evolui
para se tornar o de maior frequência. O comportamento de levantar e farejar também se elevaram
em relação ao início do experimento, equiparando-se aos valores de limpar-se, numa distribuição
aproximadamente homogênea entre eles. Além disto, com a extinção do comportamento de
pressionar a barra, o animal virtual encontrava-se mais disposta a voltar a explorar o seu
ambiente, não mais permanecendo fixada a área ao redor do comedouro.
Para compreender o comportamento, considerando a frequência de cada um dos
comportamentos, podemos analisar o gráfico nº 4, que elenca todos os comportamentos, disposto
segundo as condições analisadas, comparando-se aos gráficos 05 ao 08 (O gráfico 05 está
relacionado ao comportamento de pressionar a barra, gráfico 06 ao comportamento de farejar,
gráfico 07 ao de Levantar-se e o gráfico 08 ao comportamento de limpar-se), que demonstram o
índice de ocorrência de cada comportamento, a cada minuto, em um período de 15 minutos de
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Pressionar barra Farejar Levantar Limpar
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avaliação.
Gráfico 4 - Total de respostas obtidas nos comportamentos em regime de nível operante, CRF e processo de
extinção.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
Os valores de nível operante, apresentados pela cor azul, representa um valor de
referência. As diferencias, de índices, sejam superiores ou inferiores, indicam se os
comportamentos aumentaram ou reduziram a sua frequente frente aos estímulos dados. O
comportamento de pressionar a barra, é um comportamento que reagiu positivamente,
aumentando em quase 97% sua frequência em CRF, e decresceu no processo de extinção.
Gráfico 5 - Gráfico de frequência do comportamento de pressionar a barra.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
O comportamento de pressionar a barra, possui apenas pequenas variações ao longo do
período avaliado e considerando-se o nível operante como uma medida de referência, em CRF a
frequência aumenta, mesmo que de forma oscilada, e reduz-se no processo de extinção, até
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Nível Operante CRF Extinção
Pressionar a barra Levantar-se Farejar Limpar-se
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Nivel Operante CFR Extinção
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equipar-se aos valores próximos ao de nível operante.
O movimento da frequência dos comportamentos de farejar e limpar, possuem dados
relativamente similares, nas condições de nível operante, CRF e Extinção. Eles reduziram
significativamente as suas frequências quando o animal virtual estava sendo submetidas ao
processo de modelagem do alimento à pressão da barra, e voltaram a elevar-se no processo de
extinção. Equiparando-se ao Nível operante, conforme o Gráfico 6 e 7 a seguir.
Gráfico 6 - Gráfico de frequência do comportamento de farejar.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
Gráfico 7 - Gráfico de frequência do comportamento de limpar-se.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
Neste, sobressaem-se os valores elevados dos comportamentos de pressionar a barra e
levantar, uma vez que foram os comportamentos que foram submetidos a estímulo, sobretudo o
de pressionar a barra (que somente se manifesta após estímulo).
O comportamento de levantar, que era existente antes do processo de modelagem,
elevou-se significativamente (aproximadamente 60%) no início do processo de CRF, mas decai
com o tempo, equiparando-se aos valores de Nível Operante. No processo de extinção, eleva-se
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Nivel Operante CFR Extinção
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inicialmente, mas após equipara-se aos valores do nível operante. Dentre os comportamentos, o
“levantar-se” é o que mais apresenta comportamento heterogêneo ao longo da avaliação
temporal.
Gráfico 8 - Gráfico de frequência do comportamento de levantar-se.
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
Para a compreensão do panorama geral, é necessário avaliar representações de respostas
acumulada de cada comportamento.
Neste gráfico, os comportamentos que tendem a repetir-se acumulam seus resultados
consecutivamente, construindo uma curva crescente, indicando aceleração positiva, ou seja,
tendência a repetição os comportamentos.
Quanto mais ascendente a curva, mais acelerada é a resposta. Em respostas que tendem a
deixar de ocorrer, os resultados tendem manter os mesmos valores acumulados, numa constante,
ou com mínimas variações, o que representa que sua aceleração é negativa, uma vez que
representam comportamentos que tenderão de deixar de existir.
No gráfico a seguir, é possível compreender e visualizar esses dados de maneira
cumulativa dos comportamentos, identificar em que momento a curva teve uma aceleração
constante independente do momento do experimento e também em que momento que o
comportamento diminuiu ou mesmo deixou de existir.
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Nivel Operante CRF Extinção
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Gráfico 9 - Gráfico de respostas acumulada dos comportamentos
Fonte: Elaborado pelos autores, 2024.
No minuto “31” já em CRF, nota-se uma resposta positivamente acelerada (ficar de pé),
apresentando uma curva crescente. No período de extinção, a curva apresenta-se em um processo
que tende a estabilizar-se, formando uma linha horizontal (minuto 45’) constante, indicando uma
aceleração negativa.
Para o comportamento de farejar, conforme o gráfico 9, nota-se que em nível operante é
crescente o comportamento acumulativo dos comportamentos de maneira crescente, no entanto
a partir do minuto “30” essa curva fica basicamente na horizontal, considerando que o rato já está
treinado, alguns comportamentos deixam de existir em relação a frequência deles em nível
operante (considerando o comportamento em relação ao objetivo do estudo).
Em período de extinção, a curva de respostas acumuladas é discretamente ascendente e
homogênea, demostrando regularidade nos valores de frequências. São curvas com aceleração
positiva. Já em CRF (do minuto “31” ao “45”), o comportamento de farejar indica um processo
de estabilização da curva.
Para o comportamento de levantar-se, podemos analisar o gráfico da seguinte maneira, a
resposta de levantar-se apresenta-se inicialmente positivamente acelerado com curva mais
acentuada até o 29º minuto, após sua aceleração diminui, mas não deixa de existir, e continua
numa aceleração positiva de menor intensidade, com tendência a estabilização posterior.
Já o comportamento de levantar-se em nível operante e em processo de extinção, possuem
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Frequência de respostas
Tempo por minuto
Limpar-se Farejar a caixa Ficar em pé Pressionar a barra
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uma curva pouco acentuada, homogênea, mas em aceleração positiva.
Para o comportamento de limpar-se, É possível notar que em nível operante, o
comportamento é constante, curva de respostas acumuladas, indicando uma aceleração positiva
com baixa frequência de ocorrência, de forma homogênea ao longo do período de observação.
O mesmo não ocorre no período e extinção, com discreta aceleração positiva maior que em
comparação ao nível operante.
Em CRF, nota-se que tal comportamento apresenta uma curva discretamente elevada,
com tendência a formação de um platô, em uma linha reta constante, indicando uma aceleração
negativa ou de um comportamento que está sendo extinguido.
O comportamento que é importante destacar é o de pressionar a barra, pois esse
comportamento, objeto do estudo é o que mais fica evidenciado após o treinamento ao
comedouro, após o minuto “18” até o “45” é possível aferir a curva acumulada em um aumento
considerável, isso só é diminuído no momento da extinção, onde não mais é reforçado o alimento
ao comportamento de pressionar a barra.
As análises através dos gráficos de respostas acumuladas nos permitem melhor
compreensão da frequência dos comportamentos, bem como conferir maior grau de confiança
nas percepções sobre a frequência das respostas obtidas, transpondo dados flutuantes em
objetivos, e visualização da mudança de comportamento ao longo do processo.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
O animal virtual foi avaliado em 04 comportamentos: limpar-se, farejar, levantar e
pressionar a barra. Dentre estes, apenas o pressionar a barra não pode ser considerado um
comportamento inato, ou seja, ele deve ser condicionado para ser apresentado determinado
comportamento.
Os três comportamentos inatos apresentam distribuição de frequência consideravelmente
próximas, com comportamento de exploração contínua do recinto. Podemos tomar os valores
obtidos em Nível Operante como uma base de valores de normalidade.
No início do processo de condicionamento, o som é considerado um estímulo neutro, uma
vez que não está “associado” a nenhum comportamento condicionado.
o alimento ofertado, pode ser considerado um estímulo incondicionado, visto que
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representa um reflexo inato. Para transformar o som em estímulo condicionado, é necessário
elaborar-se um processo de emparelhamento, ou seja, apresentação conjunta e sucessivamente,
de um estímulo incondicionado ou já condicionado a um estímulo neutro até que a mesma faça
correção e entenda o som como um estímulo condicionado.
O processo de emparelhamento dependerá da frequência dos emparelhamentos, bem
como seu tipo, a intensidade do estímulo incondicionado e o grau de predição do estímulo
condicionado. (Moreira & Medeiros, 2006)
estudos que indicam que as bases biológicas dos reforçadores podem estar associadas
ao neurotransmissor “dopamina”, uma vez que quando somos expostos a certos tipos de estímulo,
ocorre uma inundação de dopamina em partes do cérebro, levando a sentimentos de prazer que
são reforçadores. (Feldman, 2015)
Se o estímulo, que outrora foi neutro, for capaz de eliciar a resposta, podemos afirmar
que houve um condicionamento reflexo e quanto maior a compreensão sobre esta condição, mais
o animal virtual tenderá a repetir a ação condicionada de forma imediata, indicando a presença
de contiguidade (proximidade temporal imediata entre resposta e consequência) do
comportamento operante, ou seja, quanto maior a força deste reflexo (gerada por sucessivos
reforços positivos), maior será a chance de repetição do evento condicionado.
As consequências determinam a frequência do comportamento. Quando as alterações no
ambiente aumentam a probabilidade de o comportamento que as produziu voltar a ocorrer,
chamamos de contingência de reforço. (Moreira &, Medeiros; 2006)
No software, é possível observar visualmente a progressão do condicionamento através
de elementos gráficos. A evolução dos valores da Barra Sound Food”, indica a ocorrência do
fortalecimento de reforço de associação o som ao alimento.
Quanto maior a ordem das ordenadas alcançadas por esta barra, maior será o
condicionamento do alimento e ao som e mais frequentemente e imediatamente o animal virtual
tenderá a responder ao estímulo sonoro. Tal comportamento é descrito por Moreira & Medeiros
(2006), como imediaticidade do reforço, na qual quanto mais próximo temporalmente da resposta
o reforço estiver, mais eficaz ele será.
O condicionamento operante se quando o comportamento é modelado pelas suas
consequências imediatas (Goodwin, 2005). É importante salientar que a frequência e o momento
em que um comportamento é reforçado (esquemas de reforços) podem afetar muito a resistência
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do comportamento e a taxa de resposta (Kleinman, 2015).
Como o animal virtual tenderá a reproduzir cada vez mais o comportamento
condicionado, isto repercutiu na frequência dos demais comportamentos (pressionar a barra,
levantar, farejar e limpar-se). Ela reduz a execução dos movimentos reforçados na exploração do
recinto para concentrar sua atenção no comportamento condicionado, permanecendo a maior
parte no local onde adquire o alimento.
Para estabelecer um novo condicionamento, desta vez relacionar a pressão da barra ao
alimento, ou seja, modelar o comportamento presente (som- alimento) a um outro
comportamento mais complexo (pressão da barra- alimento), de forma que se apresente como
um reforçamento intrínseco (resposta dependente apenas do próprio animal virtual). Foi
necessário realizar uma dessensibilização sistemática, para levar a um condicionamento de
ordem superior, e progressiva extinção operante do comportamento de associação do som ao
alimento, mas criar um sistema, que seria a pressão da barra e alimento. Cada passo usado na
modelagem avança ligeiramente além do comportamento aprendido anteriormente, permitindo
que se relacione o novo passo ao comportamento aprendido anteriormente. (Feldman, 2015)
Skinner chamou de “reforço” o processo que leva o rato a continuamente pressionar a
alavanca dentro de sua caixa. Trata-se de um processo pelo qual um estímulo aumenta a
probabilidade de que se repita um comportamento anterior. Quando estas são seguidas da
apresentação contingencial do estímulo consequente, e perante o atraso da dispensa pelo
pesquisador, a condição de fortalecimento levaria a próprio animal virtual a acionar a barra.
(Goodwin, 2005; Feldman, 2015; Carrara, Zilio; 2020)
Como o animal virtual tenderá cada vez mais pressionar a barra, sua atenção ficará voltada
a esta ação. Logo, a frequência dos demais comportamentos tenderá a ser menor do que a pressão
da barra, sobretudo o comportamento de farejar e limpar-se.
Quando submetido a um processo de extinção, seus comportamentos irão alterar-se
gradualmente, em uma relação direta ao desaparecimento de estímulo.
Apesar do comportamento prevalente no processo de extinção ter sido o levantar-se,
seguido de farejar, pressionar a barra e por último o levantar-se. É necessário realizar uma análise
reflexiva sobre a evolução da frequência dos comportamentos.
No processo de extinção, deixa-se de produzir os reforços que vinham sendo produzidos
(ofertar alimento à pressão de barra). Assim, tendência deste comportamento diminuir,
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tendendo a retornar ao seu nível operante, o que faz concluir que os efeitos do reforço são
temporários.
Neste, três aspectos devem ser considerados neste processo: a relação entre a resposta e
o reforço que foram estabelecidos, o processo de quebra desta relação e as alterações no
responder que foram produzidas por esta ruptura. (Andery, Serio; 2004; Moreira & Medeiros,
2006)
No início do processo de extinção, sem recompensas, o animal virtual passará repetir
insistentemente o comportamento de pressionar a barra, numa situação de resistência à extinção.
Com o tempo, o comportamento de pressão da barra reduz-se, e passa-se a voltar a
explorar o ambiente, retomando-se os demais comportamentos anteriormente presentes, tais
como levantar-se, farejar e limpar-se. Trata-se da retomada da variabilidade da topografia da
resposta, uma vez que não está mais focado em um único comportamento, eliciação de
respostas emocionais e tendência ao retorno as condições de nível operante (essas poderiam ser
percebidas em ratos verdadeiros, não no caso do modelo utilizado).
Tais respostas corroboram com os descritos de Moreira & Medeiros (2006), que
descrevem que antes do retorno da frequência do comportamento aos níveis prévios (nível
operante), haverá a ocorrência destes três eventos.
A resistência ao processo de extinção dependerá do número de respostas emitidas durante
o processo de extinção ou ao período em que as respostas são emitidas. O comportamento durante
a extinção é resultado do condicionamento que precedido a extinção, ou seja, quanto mais fraco
o condicionamento anterior, mais rapidamente ocorrerá o processo de extinção, e quanto mais
forte for o processo de condicionamento, mais demorado será o processo de extinção. (Andery,
Serio; 2004)
É importante salientar que para ocorrer um processo de extinção operante deve ocorrer
uma relação previamente estabelecida entre a resposta e as suas consequências, bem como
haveria uma quebra de suas relações (eliminação dos estímulos positivos).
Frente a redução do processo de pressionar a barra, outro comportamento despontará, que
é o de levantar-se, uma vez que o condicionamento anterior ao pressionar a barra, o animal virtual
era gratificado pelo levantar-se. Neste momento observa-se a retomada do comportamento de
gradiente de generalização. Gradativamente até mesmo o comportamento de levantar-se irá
reduzir, pois também não está sendo estimulada. No fim, restará apenas os comportamentos
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inatos, com frequências similares aos valores do Nível operante e extinção do comportamento
condicionado (pressão de barras) como no início dos textes.
Em análises experimentais do comportamento, comumente se utilizam os gráficos de
respostas acumuladas, visto que elas possuem uma leitura mais fiéis aos eventos, através de
curvas que apresentam se a respostas apresentarão tendência a ocorrer novamente ou extinguir-
se, foi influências dos estímulos positivos ou negativos
Uma ação que tenderá a sua extinção, apresentará uma linha cada vez mais
horizontalizada, indicando que não mais acréscimo de comportamentos, ou seja, uma
aceleração negativa. Por outro lado, comportamentos que estão sendo estimulados a repetir,
tenderão a elaborar curvas ascendentes, pois há respostas a serem contabilizadas, ou seja, uma
aceleração positiva.
O “farejar”, tanto no nível operante, como na extinção, por exemplo, inicia-se com baixos
valores, mas apresenta uma curva crescente, indicando uma aceleração positiva, ou seja, uma
tendência de que continue a ocorrer. em CRF, a curva de respostas acumuladas é
negativamente acelerada, uma vez que está reduzindo sua aceleração, pois está sendo substituído
por outros comportamentos, como o pressionar a barra e levantar-se.
O “limpar-se” e “farejar”, são indiretamente afetados pelo condicionamento de pressão
de barras e treino ao comedouro. Quanto mais há a pressão de barras, levantar e ou alimentar-se,
menos elas tenderão a ocorrer, configurando uma curva com aceleração negativa. Quando
extinção do comportamento de pressionar a barra, estes comportamentos voltam a ocorrer pela
variabilidade de respostas, configurando uma curva com aceleração crescente.
O “levantar-se”, no nível operante, manteve-se em uma curva de crescimento regular e
de aceleração positiva. Em CRF, apesar de inicialmente este comportamento ter apresentado
aumenta em sua frequência (por reforço negativo), reduziu sua frequência (assim como os demais
comportamentos) pois o reforço foi direcionado a pressão de barras, configurando uma curva
com aceleração negativa. O “Pressionar a barra”, apresenta-se com aceleração positiva em CRF
pois é recebe reforço positivo, em extinção, apresenta aceleração negativa, com tendência a
extinção, por deixar de ser estimulada.
Em relação ao experimento realizado em laboratório com o animal virtual, é possível
concluir que essa atividade e prática pedagógica corrobora para o desenvolvimento das diferentes
práticas experimentais, bem como, produz avanços na perspectiva do processo e na relação do
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impacto no que tange ao uso de animais para determinados experimentos. O software cumpre um
papel importante, pois, além de apresentar uma simulação coerente com as práticas em
laboratório com animais e a relação com as teorias, aproxima os estudantes e pesquisadores no
usso de tecnologias e ferramentas cada vez mais sofisticadas e importantes para o
desenvolvimento intelectual.
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REFERÊNCIAS
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Porto Alegre: ArtMed, 2006.
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Article
Full-text available
The goal of this paper is to provide an introduction to the history of Behavior Analysis laboratories in Brazil during the period between 1961 and 1965. Its main focus is the use of Skinner Boxes during that time. The 1961-1965 period was selected so as to examine Keller’s first two visits to Brazil. During this period, the creation of the first two Behavior Analysis laboratories and Brazilians’ initial training in this theoretical framework also occurred. By means of this research, we have observed that the early development of Behavior Analysis in Brazil was strongly connected to the Skinner Box, and to the dual role of the laboratory as a site of research and of teaching.
Article
O presente artigo visa a discutir a perspectiva da análise do comportamento para o estudo da cultura. Apresenta-se, inicialmente, o histórico de estudos que tiveram como objeto de estudo o comportamento humano em contextos sociais. Tais estudos foram fundamentais para a compreensão do comportamento social e verbal, demonstrando o potencial explanatório e tecnológico da análise do comportamento. No entanto, os esforços iniciais de investigação sobre comportamento social e sobre o ambiente social (ou a cultura) tomaram a cultura como o contexto no qual comportamento individual ocorre e como variável independente que participa de maneira um tanto vaga do controle do comportamento operante. Apenas tardiamente, discutiu-se na análise do comportamento a possibilidade de se tomar a cultura como foco central de análise, operando uma inversão em relação ao enfoque que tradicionalmente se assume no estudo do comportamento: a cultura passa a ser assumida como o terceiro nível de determinação do comportamento, passa a ser variável dependente. Quando a cultura, ou o ambiente social, passa a ser tomada como fenômeno que precisa ser compreendido para que se possa, de fato, incluí-lo – posteriormente – como determinante do comportamento, surgem novas possibilidades conceituais e de investigação empírica. O artigo termina apontando possibilidades de pesquisas que consideram a cultura como objeto de estudo legítimo da análise do comportamento.
Book
Reflexos inatos. Comportamento respondente. Condicionamento pavloviano. Reforçamento positivo. Reforçamento negativo. Fuga e esquiva. Extinção. Reforçamento diferencial. Modelagem comportamental. Esquemas de reforçamento. Intervalo Fixo. Intervalo variável. Razão fixa. Razão variável. Controle de estímulos. Discriminação de estímulos. Generalização de estímulos. Análise funcional. Contingências de reforçamento.
Article
Recent studies have shown that the acquisition of free operant responding may occur under conditions of delayed reinforcement and without explicit shaping. The purpose of the present review is to coherently present the studies generated on the subject. The studies conducted so far suggest the phenomenon is general across a number of different animal species and procedures. The studies also suggest the phenomenon is less apparent with delay durations in the vicinity of one minute and with combinations of contingent and non contingent reinforcers. Exteroceptive stimuli presented during the delay interval and non-contingent food delivered before the exposure to the schedule considerably enhance response acquisition. As a future research agenda, this review suggests different operational definitions of response acquisition be empirically tested; additionally procedural differences between the studies conducted so far should be systematically studied.
Primeiros passos em análise do comportamento e cognição
  • M A Andery
  • T M Serio
  • Extinção
  • E E Costa
  • J C Luzia
  • H H Sant'anna
ANDERY, M.A.; SERIO, T.M. Extinção. In.: COSTA, E.E, LUZIA, J.C. SANT'ANNA, H.H.N. Primeiros passos em análise do comportamento e cognição. 2004. Esetec, v.2. 23-30.
Introdução a psicologia. 10 ed. Porto Alegre: ArtMed
  • R S Feldman
FELDMAN, R. S. Introdução a psicologia. 10 ed. Porto Alegre: ArtMed, 2015.
História da psicologia moderna
  • J C Goodwin
GOODWIN, J.C. História da psicologia moderna. São Paulo: Cultrix, 2005.
Tudo o que você precisa saber sobre Psicologia: um livro pratico sobre o estudo da mente humana. 1ed
  • P Kleinman
KLEINMAN, P. Tudo o que você precisa saber sobre Psicologia: um livro pratico sobre o estudo da mente humana. 1ed. São Paulo: Gente, 2015.