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Configuração do espaço e acessibilidade(s) para Pessoas com Deficiência em um campus universitário: Estudo exploratório no contexto da UERN em Mossoró, RN

Authors:

Abstract and Figures

This article, an exploratory morphological study, aims to discuss the relationship between movement and co-presence of People with Disabilities (PwD) and the spatial configuration on a university campus, understood as a System of Free Spaces, taking as a case study the central campus of Uniiversidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), in Mossoró/RN. The study discusses the relationship between two types of accessibility: one related to the concept of mobility/use of space for PwDs and the other related to the topological properties of the spatial fabric, from the potential use of space. To understand how these two accessibilities are related, linear representations were used to analyze the campus' spatial network, considering two scenarios: 1) all walkable spaces and 2) only paths accessible to PwDs. The spatial structure was analyzed considering measures of Space syntax, such as integration and choice, revealing different logics of movement/centrality. These two spatial systems were worked on in order to identify how these two types of accessibility (to the movement of PwDs/topological) are in dissonance. The results showed the existence of two separate spatial networks, with different properties, and point to the importance of considering topological accessibility when planning routes for PwDs, in the sense that topologically shorter and more connected paths enable savings of movement, time and effort, promoting encounter and interaction between different groups of users.
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Configuração do espaço e
acessibilidade(s) para Pessoas com
Deficiência em um campus
universitário:
Estudo exploratório no contexto da
UERN em Mossoró, RN
Bruna Larine Dantas de Medeiros
brunalarine@uern.br; Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Ítalo Dantas Araújo Maia
italo.maia.014@ufrn.edu.br; Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Resumo. Este artigo, um estudo morfológico exploratório, tem como objetivo
discutir a relação entre movimento e copresença de Pessoas com Deficiência
(PcD) e a configuração espacial num campus universitário, compreendido como
um Sistema de Espaços Livres, tomando como estudo de caso o campus central da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), em Mossoró/RN. O
estudo discute a relação entre dois tipos de acessibilidade: uma relacionada ao
conceito de mobilidade/uso do espaço para PcDs e outra relacionada às
propriedades topológicas da malha espacial, do uso potencial do espaço. Para
compreender como essas duas acessibilidades estão relacionadas, foram
empregados representações lineares para analisar a rede espacial do campus,
considerando dois cenários: 1) todos os espaços caminháveis e 2) apenas
caminhos acessíveis a PcDs. A estrutura espacial foi analisada considerando
medidas da Sintaxe do Espaço, como integração e de choice, revelando diferentes
lógicas de movimento/centralidade. Esses dois sistemas espaciais foram
trabalhados de modo a identificar como esses dois tipos de acessibilidade (ao
movimento de PcDs/topológica) estão em dissonância. Os resultados
evidenciaram a existência de duas redes espaciais distintas, de propriedades
distintas, e apontam para a importância de considerar a acessibilidade topológica
no planejamento para rotas de PcDs, no sentido em que os caminhos
topologicamente mais curtos e mais conectados possibilitam economia de
movimento, de tempo e de esforço, fomentando o encontro e interação entre
diferentes grupos de usuários.
Palavras-chave: Pessoas com Deficiência, Acessibilidade, Campus universitário,
Movimento, Configuração espacial.
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Morfologias (re)existentes:
Identidades, vivências e processos
Introdução
Este artigo, um estudo morfológico de natureza exploratória, tem como objetivo discutir a relação
entre movimento/copresença de Pessoas com Deficiência (PcD) e a configuração do espaço, tomando como
estudo de caso o campus central da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), localizado em
Mossoró, uma cidade de médio porte que ocupa um lugar de centralidade no interior do RN
1
. Analisamos aqui
as dimensões sociais e espaciais desse fenômeno a inclusão e segregação de PcDs num ambiente de ensino,
aprendizagem e socialização e os arranjos espaciais que facilitam ou dificultam a inclusão dessas pessoas.
Diante do processo de transformação espacial que a UERN vivencia, especialmente desde a aprovação
da Lei estadual nº 11.045, de 29 de dezembro de 2021 (Rio Grande do Norte, 2021), que concedeu autonomia
de gestão financeira e patrimonial à instituição financeira permitindo que maiores intervenções possam ser
planejadas para melhoria do conjunto edificado da instituição, de modo que a acessibilidade possa ser
contemplada de maneira mais efetiva , e da necessidade de adequação do conjunto edificado aos critérios de
acessibilidade arquitetônica, o artigo se justifica pela sua contribuição ao planejamento técnico e institucional,
considerando as diretrizes projetuais que podem ser interpretadas a partir dos resultados deste estudo.
A estrutura de campus universitário é aqui compreendida como sistema de espaços livres (SEL):
“Arborizados, vegetados, com ou sem mobiliários e equipamentos urbanos, são áreas de uso comum, coletivo
e cumprem uma função social que vai muito além da funcionalidade” (Degreas, Ramos, 2015, p. 3), podendo
ser de natureza pública ou privada ou ainda público, mas de acesso controlado. Sobre os SEL, observa ainda
Queiroga (2011, p. 27): “(..) o estudo dos sistemas de espaços livres vai muito além das áreas verdes, dos
espaços vegetados, dos espaços públicos, ao envolver todos os espaços livres”.
A universidade, além da função da formação profissional, é também o lócus para a experiência com o
diferente e para a construção da cidadania, reunindo pessoas de origens distintas, de situações econômicas e
histórias de vida diversas. Dentro do campus, as atividades de aprendizado podem ser tanto formais (salas de
aula, laboratórios, auditórios) quanto informais (espaços de socialização, comunais, refeitórios), observam
Emo el al. (2022). Desse modo, todo o ambiente do campus pode ser um espaço de aprendizagem. Além disso,
o ambiente universitário, especialmente no caso de uma instituição pública e gratuita, tem também a função
de amenizar e mitigar clivagens sociais e permitir o convívio entre esses indivíduos e grupos entre eles, as
PcD.
A questão da acessibilidade é aqui considerada em duas dimensões: 1) a que diz respeito à facilidade
de acesso ao espaço urbano e às edificações, permitindo o uso com autonomia, segurança, e independência às
PcD (ABNT, 2020); e 2) uma acessibilidade relacionada às hierarquias na rede de acesso de uma dada porção
de espaço, delineando rotas de maior ou menor probabilidade de uso nos deslocamentos cotidianos, de menor
distâncias topológicas, investigada pela Sintaxe do Espaço (Hillier e Hanson, 1984; Hillier, 2007 [1996]).
Essas duas acessibilidades aqui investigadas, acreditamos, são, em sua confluência, importantes para fomentar
a fruição desses SEL por PcD.
Considerando a rede espacial que interliga o exterior do campus aos seus espaços internos, os
caminhos e passagens que levam às edificações, salas de aula, edifícios administrativos e comunais, bem como
rotas que cortam áreas descampadas, livres e vegetadas, às vezes mais centrais ou mais periféricas, observa-se
que, para as PcD, quando comparadas às possibilidades das pessoas sem deficiência, muitas vezes essa rede
espacial é vivenciada de modo diverso, pois barreiras e obstáculos arquitetônicos (às vezes pouco perceptíveis
para a maioria dos usuários) impedem o uso pleno do espaço e limitam a fruição dessas instalações.
Propomos aqui a hipótese que existe dentro do campus redes espaciais distintas que, embora
sobrepostas e (aparentemente) semelhantes em seus alguns aspectos métricos/geométricos, apresentam
condições distintas ao movimento, à copresença e à interação entre pessoas e grupos de pessoas (com
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deficiências, sem deficiências), considerando as capacidades de cada indivíduo, configurando experiências
socioespaciais diferentes.
Acreditamos que a discrepância ou dessincronia entre essas duas redes espaciais é um importante fator
para explicar a complexidade inerente ao processo de garantia de inclusão de PcD na UERN, juntamente a
outros fatores como barreiras atitudinais, sociais, de comunicação, também relevantes no tema que não
são objeto de investigação deste artigo.
O contexto de acessibilidade à PcD no campus central da UERN
Ao refletirmos sobre o contexto de acessibilidade na história da UERN, é possível reconhecer que o
seu processo de amadurecimento institucional, desde a sua criação, é marcado por limitações, transformações
e mudanças de contextos políticos e administrativos. A universidade (FIGURA 1) foi criada em 1968, tendo
por base a existência de outras instituições, que já representavam um movimento de interiorização da educação
do estado do Rio Grande do Norte (UERN, 2023a). Além dos marcos de instituição jurídica da universidade,
também é possível identificar um período de expansão territorial, com ampliação da área construída, que
ocorreu de forma mais intensa entre 1974 e 2005 (Torres, 2023). Nesse percurso, fica evidente a existência de
avanços e recuos, com desafios e limitações que evidenciam o impacto do planejamento institucional, cuja
prioridade, ao longo do período de maior expansão da universidade, não aparenta ter sido as questões de
acessibilidade.
Figura 1. [a] RN no Brasil; [b] Mossoró (em vermelho) no RN; [c] implantação do campus central da UERN
(em vermelho) na área urbana de Mossoró (fonte: [a] e [b] Base IBGE, editado pelos autores; [c] Google
Earth, editado pelos autores).
Esse contexto de transformação tem se mostrado complexo, diante da demanda histórica que se
acumula desde o início do processo de expansão não planejado, com necessidade de melhorias gerais nos
espaços da universidade. Atualmente a UERN possui 12.611 alunos matriculados em cursos de graduação e
495 discentes de pós-graduação (UERN, 2024a). Dentre esse universo, 240 são PcD (UERN, 2024b),
matriculados em cursos de graduação e pós-graduação, o que representa um crescimento de mais de 300% nos
últimos 10 anos.
Em estudo recente realizado na UERN (Silva, 2023), considerando uma amostra de vinte e dois
estudantes com deficiência, ao serem questionados se a estrutura ofertada era adequada para PcDs, 81,8% dos
participantes do questionário responderam que não, citando problemas como rampas inadequadas, dimensões
estreitas em alguns corredores, banheiros inacessíveis, pavimentos trepidantes, ausência de pisos tátil e
direcional. Contudo, 59,1% dos participantes acreditam que a instituição trata de modo satisfatório a questão
da inclusão de PcD.
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Morfologias (re)existentes:
Identidades, vivências e processos
A forma arquitetônica do campus central da UERN
O terreno onde se encontra o campus, com formato retangular, tem cerca de 340.000m² de área (34ha),
com 31.449m² de área construída, distribuída em conjuntos edificados que se concentram na parcela central
do lote, restando algumas porções ainda não construídas, especialmente nos seus extremos noroeste e sudeste.
Quanto à sua topografia (FIGURA 2), sobretudo em sua área central, onde estão localizadas essas edificações,
tem apresenta pouca variação altimétrica, estando situado a cerca de 25m do nível do mar, sendo considerado
como plano. A parte a oeste, coberta de vegetação e sem rotas de passagem, está a cerca de 20m de elevação
(Topographic Map, 2024).
Figura 2. mapa topográfico em cores falsas abrangendo o campus central da UERN
(fonte: Topographic Map, 2024)
O acesso ao campus central da UERN é realizado atualmente por uma única entrada, partilhada por
pedestres e veículos, com calçadas acessíveis. As salas de aula da instituição estão agrupadas em pavilhões
conectados por eixos principais de movimento, em linhas longitudinais paralelas, no sentido norte-sul; entre
esses pavilhões, estão situadas baterias de banheiro e alguns equipamentos de ensino, como laboratórios, salas
de professores, diretorias e coordenações de curso, além de espaços vazios ocupados por jardins. Eixos
transversais, mais curtos, conectam os pavilhões, atravessando áreas descampadas, de terra batida ou às vezes
com passagens protegidas por coberturas (FIGURA 3).
O centro de pró-reitorias, a biblioteca e o centro de convivência, que inclui a área de refeitório do
restaurante popular instalado no campus, estão implantados na margem sudoeste do terreno. Equipamentos
esportivos estão na porção central/norte. Atualmente, encontram-se em tramitação processos para ampliação
da área construída do campus, prevendo a construção de um novo centro de convivência, uma nova biblioteca,
um auditório com anfiteatro, novos blocos de banheiros e trechos de pavimentação, que contemplariam uma
parte da área central mais ocupada e uma parte da área livre de expansão localizada na parte noroeste do
terreno. Atualmente, todas as edificações em funcionamento no campus são térreas. Existem duas obras em
andamento, referentes a laboratórios da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais (FANAT), que foram
projetadas em dois pavimentos, e incluem a instalação de plataformas elevatórias como recurso para circulação
vertical.
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Figura 3. implantação dos pavilhões de salas de aula e demais edificações no campus central
da UERN (fonte: Elaborado pelos autores a partir de plantas baixas fornecidas pela instituição, 2024)
Ainda não existem rotas acessíveis instaladas e sinalizadas de forma integrada, o que pode ser
interpretado como consequência de um processo de transformação executado de forma parcial ou em etapas,
de acordo com a disponibilidade orçamentária da instituição. Atualmente, está em desenvolvimento na
Superintendência de Obras e Engenharia (SOBE/UERN) o projeto arquitetônico que contempla essa demanda,
o que reforça a pertinência deste estudo como potencial contribuição para o processo de planejar e executar
rotas acessíveis coerentes com a morfologia e a dinâmica do campus.
As acessibilidades e a PcD: revisão de literatura
Iniciamos nossa revisão de literatura abordando os aspectos legais e políticas públicas em prol da
acessibilidade para PcD, m foco no ambiente universitário; em seguida discutimos a Sintaxe do Espaço (SE)
em seus aspectos teóricos no tocante à configuração espacial, movimento e à copresença. Ao fim, apresentamos
e discutimos estudos que empregaram , ao estudar a situação das PcD, as teorias e técnicas da SE, sobrepondo
as duas “acessibilidades”.
Acessibilidade arquitetônica e espacial
Os principais marcos legais acerca de acessibilidade e inclusão no Brasil remontam à década de 1970,
a partir da Emenda Constitucional nº 12, de 17 de outubro de 1978 (Brasil, 1978), que versa sobre a melhoria
da condição social e econômica das PcD. A aprovação dessa emenda ocorre aproximadamente dez anos após
a criação da UERN, o que revela uma característica marcante nesse apanhado histórico que aqui traçamos: a
fase mais relevante de expansão da universidade (de 1974 a 2005), ocorre previamente, ou em paralelo, ao
processo de consolidação de uma parte considerável dos aparatos políticos e legais que orientam e promovem
melhores condições de acessibilidade e inclusão. Dentre eles, destacamos a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN) nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Brasil, 1996), e a Lei nº 10.098, de 19 de
dezembro de 2000 (Brasil, 2000), que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da
acessibilidade das PcD ou com mobilidade reduzida, e determina, em seus capítulos II e IV, a necessidade de
atendimento aos parâmetros estabelecidos pelas normas técnicas de acessibilidade da Associação Brasileira de
Normas Técnicas ABNT.
O contexto da primeira década dos anos 2000 reúne outros marcos políticos e legais que foram
impulsionados pelo contexto pós Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006),
como ocorre com a criação, em 2008, da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva (PNEEPEI), e do Programa de Acessibilidade na Educação Superior (Programa Incluir), em 2005.
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Morfologias (re)existentes:
Identidades, vivências e processos
Na UERN, essa pauta foi articulada pela aprovação da Lei nº 9.696, de 25 de fevereiro de 2013 (Rio Grande
do Norte, 2013), que aprimorou as disposições da até então Lei de Cotas, a Lei nº 8.258, de 27 de dezembro
de 2002 (Rio Grande do Norte, 2002), e passou a determinar a reserva de 5% das vagas de ingresso para
pessoas com deficiência. Nesse período, a questão da inclusão na educação também foi contemplada na Lei nº
13.146, de 6 de julho de 2015 (Brasil, 2015), que institui a Lei Brasileira de Inclusão da PcD (LBI), também
conhecida como Estatuto da PcD, e reúne em seu escopo um conjunto de dispositivos destinados a assegurar
e a promover, em igualdade de condições com as demais pessoas, o exercício dos direitos e liberdades
fundamentais por pessoas com deficiência, visando a sua inclusão social e cidadania.
Sintaxe do Espaço, configuração espacial e acessibilidade topológica
A Sintaxe do Espaço (SE) é um conjunto de técnicas descritivas não-discursivas aplicadas ao estudo
das relações espaço-sociedade, na qual o espaço é entendido como intrínseco a tudo que os humanos fazem,
substrato para a vida social, e não apenas como um pano de fundo inerte para as atividades sociais (Hillier;
Vaughan, 2007).
Na SE o espaço é analisado a partir de geometrias espaciais vinculadas a modos de interação entre
pessoas e entre pessoas-espaço (Hillier; Hanson, 1984, Hillier; Vaughan, 2007). Movimentar-se ao longo dos
eixos do espaço, interagir com outras pessoas e apreender visualmente o ambiente são atividades que se
relacionam a propriedades morfológicas/geométricas do espaço.
O espaço é compreendido na SE como um sistema de barreiras e permeabilidades ao movimento, ao
encontro e à interação entre pessoas. O prisma utilizado pela Teoria da Lógica Social do Espaço (Hillier;
Hanson, 1984) na leitura dessas relações espaço-sociedade é o conceito de configuração espacial: relações
simultâneas entre partes que fazem um todo e como estas se articulam entre si, seja esse todo um edifício ou
uma cidade (Hillier; Vaughan, 2007), buscando identificar o conteúdo social nos padrões espaciais e do
conteúdo espacial dos padrões sociais. O conceito de configuração espacial é chave dentro dessa teoria.
A configuração espacial se dá pela relação entre no mínimo três porções de espaço, afirmam Hillier e
Hanson (1984). Considerando um sistema espacial, as conexões relações de permeabilidade entre as células
“a” e “b”, sem considerar um terceiro espaço, não se traduzem em configuração espacial, pois “a” está para
“b” como “b” está para “a”. A partir do momento em que adicionamos uma célula “c”, que pode estar conectada
apenas a uma das duas outras células, ou conectada a “a” e “b” ao mesmo tempo, é possível identificar arranjos
espaciais que trazem, cada um, diferentes modos de permeabilidade e/ou controle entre esses espaços.
Cada deslocamento na malha espacial envolve 1) a partir de uma origem, a escolha de um destino a
ser atingido e 2) a escolha de um conjunto de espaços a serem atravessados para alcançar esse destino. Esses
são os principais componentes do movimento de pessoas, afirmam Hillier e Vaughan (2007), e são
moldados/intermediados pela configuração espacial/acessibilidade topológica (Hillier et al., 1993).
Hillier et al. (1993), ao cotejarem padrões de movimento agregado de pessoas e configuração espacial,
identificaram a capacidade da malha urbana de modelar, a partir das hierarquias de acessibilidade, os fluxos
na circulação de pessoas. Hillier et al. (1993) denominaram esse fenômeno como “movimento natural”, como
sendo a proporção do movimento de pessoas em uma porção do espaço em relativo à sua posição na
“hierarquia” de acessibilidade topológica no sistema.
Esse padrão de movimento privilegia percursos com menos trocas de direções, menos complexos
topologicamente, de mais fácil navegabilidade, mesmo que não corresponda sempre à menor distância métrica,
podendo, em termos topológicos, apresentar percursos mais “longos”, com mais trocas de direção e maiores
quebras de linhas de visão. (Hillier; Iida, 2005). Essa inter-relação entre movimento e configuração espacial
não tem um caráter determinístico, mas sim potencial/probabilístico, demonstrando dentro de um dado layout
a escolha pelos percursos “mais cômodos e claros” (Holanda, 2010).
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Um sistema espacial é simétrico (FIGURA 4), por exemplo, quando uma célula “a” se relaciona com
“b” do mesmo modo que “b” com “a” em relação ao exterior “c”. Caso o acesso a “b” pelo exterior “c” só seja
possível atravessando “a”, o sistema é dito assimétrico, já que uma porção de espaço exerce maior controle no
acesso à outra e ao sistema como um todo (Hillier; Hanson, 1984). Em relação ao exterior “c”, “b”, acessado
apenas por “a”, torna-se mais profundo em termos topológicos, mais assimétrico.
Um sistema espacial pode ser analisado ainda pelo viés da distributividade (FIGURA 4) pela
existência ou não de “aneis” de percurso, três ou mais espaços interconectados, que criam rotas alternativas no
layout e adicionam permeabilidade entre as partes, aumentando a interacessibilidade e as possibilidades de
contato/interação entre diferentes categorias de usuários no interior de uma edificação; neste sentido,
considerando a escala da edificação, a “distributividade maior implica frágeis barreiras entre pessoas/práticas
no edifício” (Holanda, 2011, p. 177).
Figura 4. simetria, assimetria, distributividade e não-distributividade. (fonte: redesenhado pelos autores a
partir do exemplo de Hillier e Hanson, 1984, p. 94.)
“a” e “b” tem a mesma
relação com a raiz “c”;
o sistema é simétrico.
“a” e “b” se conectam
diretamente, criando
um anel de percurso.
“b” só é acessado a
partir de “a”, sem
conexão direta com a
raiz “c”; o sistema é
assimétrico.
“a”, “b” e “d” são
simétricos em relação
à raiz “c”; o sistema é
não-distributivo, pois
não oferece rotas
alternativas.
“d” é acessado por “a” e “b”,
mas não tem ligação direta com
a raiz “c” o sistema é
distributivo, com anel de
percurso, mas assimétrico.
A copresença, outro importante atributo do espaço e da vida social, existe à medida que somos capazes
de perceber a presença do outro e é o que possibilita, num momento posterior, se efetivada, a interação e a
formação de comunidades “reais”. É, sobretudo, um recurso psicológico, um incentivo ao movimento, à
permanência e à interação entre pessoas, que permite encontros randômicos e a convivência com o estranho e
diverso. A coexistência entre os ocupantes de uma mesma porção de espaço, mesmo que estes não se conheçam
ou não interajam entre si, é entendida por diversos autores (Collins, 2004; Goffman, 1963; Hillier; Hanson,
1984) como a matéria-prima para uma série de processos sociais.
Na SE a copresença é entendida como um produto da configuração espacial, de como os cheios
(edificações, massas impermeáveis ao movimento e ao olhar) e vazios (ruas, avenidas, praças e campos de
visão) e as diferentes porções que compõe o espaço se articulam.
Hillier (2007 [1996]) denomina esse produto da configuração espacial de “comunidade virtual” – que
é “não mais que a distribuição física das pessoas no espaço” (Hillier, 2007 [1996], p. 141) e ao mesmo tempo
uma comunidade não realizada, pois trata de um campo probabilístico de encontros e interações a partir das
propriedades desse espaço, anterior à sociabilidade efetiva.
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Morfologias (re)existentes:
Identidades, vivências e processos
Configuração espacial e Pessoas com Deficiência
Considerando o contexto da acessibilidade para PcD versus a configuração espacial de uma área
central/histórica de uma cidade na Argélia, Hacini e Yassini (2022) investigaram o potencial da malha urbana
em moldar o movimento desses usuários; os autores observaram que modelos de representação tradicionais da
SE, mais focados nos aspectos macro do ambiente, eram pouco eficazes para descrever o movimento real de
PcDs; Os autores recomendam que esses modelos espaciais sejam refinados a partir do mapeamento das
barreiras e obstáculos que se aplicam a esse público, acrescentando uma dimensão micro ao todo e tornando o
modelo espacial mais ajustado à PcDs.
Heitor et al (2013), utilizando métodos mistos, uniu a leitura configuracional da SE com entrevistas,
passeios guiados (walkthroughs) e uma escala de avaliação de esforço nos percursos, respondida pelos usuários
PcD. Além disso, a representação linear considerou dois cenários, um de acessibilidade maximizada (escadas
e rampas fazem parte de um eixo de movimento só, sem fragmentação, por exemplo) e outro cenário com
barreiras e obstáculos ao movimento, correspondendo ao deslocamento de pessoas em cadeiras de roda ou
outros problemas motores, identificando duas redes espaciais de propriedades configuracionais distintas.
Trabalhou-se também os campos de visibilidade em mapas VGA.
Koch e Legeby (2022), ao analisarem alterações no design do espaço público de uma cidade na Suécia
e os efeitos disso na acessibilidade à PcD, observaram que essas mudanças na escala local/nível micro, criando
barreiras e obstáculos ao movimento, somadas umas às outras, podem produzir efeitos relevantes na
configuração espacial do sistema em seus aspectos globais, dificultando o uso do espaço público por PcDs. Os
autores observaram também que sistemas de maior distributividade, com maior quantidade de aneis de
percurso, são mais resilientes a essas alterações na escala micro.
Métodos e técnicas
Mapeamento de barreiras e obstáculos às PcD
O mapeamento das barreiras e obstáculos aos deslocamentos de PcD considerou parâmetros da norma
NBR 9050 (ABNT, 2020); esse levantamento foi realizado com vistorias in loco, conduzidas pela autora
principal deste estudo, que atua como arquiteta e urbanista dentro da instituição (servidora técnica
especializada), mas também por meio de documentos técnicos, além das queixas e reivindicações de alunos
PcD.
Em seguida, estes pontos de inacessibilidade à PcD foram inseridos no mapa base da UERN como
manchas e comparados com os eixos de movimento identificados nos mapas de representação linear; as
manchas foram categorizadas de acordo com o tipo de barreiras e obstáculos detectados.
As ocorrências de inacessibilidade foram classificadas nos seguintes tipos: a) escadas sem rampas
acessíveis conjugadas; b) desníveis sem rampas acessíveis conjugadas; c) rampa fora dos parâmetros técnicos;
d) piso desnivelado, impedindo a continuidade de percurso; e) banheiros parcialmente acessíveis.
Posteriormente, cada um desses tipos de ocorrência foi registrado no mapa com uma cor específica.
A acessibilidade de mobiliários e banheiros (barras de apoio, altura de bacia sanitária etc) não foi
avaliada, assim como sinalizações, placas, elementos de comunicação visual etc, por serem aspectos de maior
refinamento da descrição do espaço ou menos compatíveis com a análise aqui empregada, mais relacionada
aos aspectos da malha espacial.
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Representação linear do espaço: mapas de segmento
As representações lineares na SE, como mapas axiais e de segmentos, em função de sua praticidade e
simplicidade, são frequentemente utilizadas para revelar propriedades de estruturas espaciais, sejam no espaço
urbano ou no interior de glebas e edificações.
A análise axial busca decompor o espaço no menor número possível dos mais longos eixos retilíneos
de movimento que expressam linhas de visão sem interrupções, desenhando-se em seguida os eixos de menor
comprimento e mais fragmentados, percorrendo ao fim toda a estrutura espacial (Hillier; Hanson, 1984). Uma
mesma representação linear pode originar um mapa axial ou de segmentos, demonstrando aspectos de
acessibilidade com diferentes graus de refinamento. Os mapas de segmento correspondem a representações
lineares mais “fragmentadas”, resultantes da partição das linhas axiais a partir de suas interseções/cruzamentos
com outras linhas (Al Sayed et al., 2014). A representação linear do espaço revela a profundidade do sistema
o quão uma dada parte é mais fácil ou mais difícil de alcançar perante o todo.
Nos mapa de segmento (Turner, 2001), ângulos mais abertos entre as linhas, mais obtusos, formam
percursos com menor desvio angular e, portanto, com maior continuidade espacial, cognitivamente
apreendidos como um caminho só, aproximando-se assim ao modo como as pessoas percebem vias mais ou
menos sinuosas quando se deslocam no espaço; ângulos mais fechados são matematicamente ponderados como
de maior desvio angular, de menor continuidade espacial com as linhas anteriores e maior profundidade
topológica e geométrica.
Na representação linear do espaço, a SE utiliza medidas sintáticas (Al Sayed et al., 2014) como
conectividade, integração, choice, entre outras. Essas medidas, valores numéricos oriundos de lculos,
indicam relações topológicas/de acessibilidade e descrevem aspectos da centralidade do espaço e do potencial
de movimento de pessoas e podem ser relacionadas com aspectos diversos do uso do espaço. Linhas em tons
quentes representam linhas mais acessíveis; em tons frios, menos acessíveis.
A medida de integração (closeness/centralidade na teoria dos grafos) descreve a assimetria relativa no
grafo, isto é, quão mais acessível (raso) ou inacessível (profundo) uma porção de espaço está em relação às
demais (Al Sayed et al., 2014); é uma medida de profundidade média normalizada, que indica a distância
topológica de uma parte do espaço em relação às demais (Hillier; Hanson, 1984).
A integração (FIGURA 5) revela destinações em potencial no sistema, porções do espaço mais fáceis
de serem alcançadas. As linhas de maior valor numérico quanto à acessibilidade são as de menor profundidade
(em termos topológicos, angulares ou métricos), ou seja, mais rasos e mais acessíveis ao movimento; linhas
de menor valor são mais segregadas, mais profundas perante o todo, de menor probabilidade de uso nos
deslocamentos cotidianos (Al Sayed et al., 2014). Dentro da lógica de segmentos, utilizamos a integração sob
a medida NAIN (Normalized Angular Integration) considerando aspectos globais do sistema (raio “n”).
A medida de choice (FIGURA 5) betweenness ou intermediação na teoria dos grafos (Al Sayed et
al., 2014) representa as rotas de passagem mais curtas, “atalhos” no sentido topológico, que atravessam o
sistema espacial a partir de todas as origens para todas os destinos. Essa medida revela os principais percursos
de atravessamento, que oferecem maiores vantagens topológicas/geométricas no deslocamento e que melhor
conectam as partes do sistema. Empregamos neste estudo a medida NACH, também em seus aspectos globais
(Normalized Angular Choice, raio “n”).
10
Morfologias (re)existentes:
Identidades, vivências e processos
Figura 5. exemplos de mapas de eixos viários, de integração/NAIN e de choice/NACH
(fonte: Yamu, van Nes e Garau, 2021).
Eixos viários desenhados a partir de
mapa.
Integração angular normalizada
(NAIN) em raio local
Choice angular normalizado
(NACH) em raio global
Tomando como referência Heitor et al. (2013), foram elaborados duas representações lineares; o
cenário 1 descreve possibilidades de movimento de pessoas sem deficiência; nesse mapa a continuidade
espacial foi maximizada: escadas e rampas não foram consideradas como obstáculos ou linhas a mais na matriz,
prevalecendo a continuidade do movimento. No cenário 2, foram incluídos todas as barreiras e obstáculos
mapeados no ambiente construído, removendo da matriz as linhas de movimento em áreas inacessíveis,
representando a rede espacial disponível para PcDs os que utilizam cadeiras de rodas, tem problemas de
mobilidade, baixa visão ou cegueira, sobretudo.
O campus teve seus eixos de movimento mapeados através de plantas baixas fornecidas pela
Superintendência de Obras e Engenharia da instituição e por imagens aéreas (Google Maps), incorporadas no
software QGIS, desenhando-se as linhas de movimento oficializadas, mas também as “linhas de desejo”
(atalhos e passagens não-planejadas pela instituição, mas legitimadas pelo uso cotidiano).
Na análise configuracional foi utilizado o plugin Space Syntax Toolkit (Gil, Varoudis, Karimi, Penn,
2015), que permite o cálculo das medidas sintáticas dentro do software de Sistema de Informação Geográfica
QGIS, junto do software DepthMapX. Trabalhamos neste estudo, por meio de mapas de segmentos, as medidas
sintáticas de integração/NAIN e choice/NACH, considerando os aspectos globais do sistema espacial.
Como proxy para a distributividade
2
, registramos ainda, a partir da representação linear de cada cenário
a quantidade de “ilhas” formadas entre de aneis de percurso (distributividade) em cada cenário: percursos
fechados formados por no mínimo três linha (entre segmentos A, B e C, em formato triangular, por exemplo)
ou em quadriláteros ou polígonos de formatos diversos (segmentos D, E, F, G, por exemplo). Essa estratégia
não contabiliza os aneis mais intrincados, formados pela interação de dois ou mais aneis (segmentos A-B-C-
D-E-F-G ou H-I-J-K-L-M-N-O-P-Q por exemplo), que foram desconsiderados na contagem pela
complexidade de seus arranjos, mas que são possíveis de compreender na representação gráfica simplificada
na continuidade entre as “manchas” das ilhas que representam os aneis. Aneis triviais não foram
contabilizados
3
.
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Diagnóstico
Barreiras e obstáculos arquitetônicos
O campus central da UERN (FIGURA 6) tem sua entrada principal voltada para a Av. Prof. Antônio
Campos, no bairro Costa e Silva, na zona urbana de Mossoró, na face sudoeste do terreno. O acesso principal,
partilhado por pedestres e veículos, é por uma via pavimentada com asfalto, sendo necessárias outras
adaptações, como a construção e adequação de passeio no logradouro público, para a observância de todos os
requisitos de acessibilidade arquitetônica preconizados nas normas vigentes.
Figura 6. mapeamento de barreiras e obstáculos no campus central da UERN (fonte: os autores,
2024 )
O campus não atende ainda ao quantitativo total de estacionamento acessível com sinalização em
conformidade com o padrão exigido pela NBR 9050 (ABNT, 2020), entretanto, no lote há espaço disponível
onde serão oficializadas vagas acessíveis para PcD e para idosos. Os acessos do exterior aos edifícios são
parcialmente adequados às condições de acessibilidade, necessitando de complementação de sinalização, e
remoção de obstáculos a nível de piso.
Os acessos internos dos edifícios se dão por rampas e corredores. De acordo com a norma NBR 9050
(ABNT, 2020), os corredores de edifícios pré-existentes devem possuir largura 1,20m (admitindo-se 0,90m
em rotas que incluem espaços para manobra da cadeira de rodas), critério que é atendido na maior parte das
circulações do campus. Para acesso entre ambientes, observa-se que ainda é necessário substituição de uma
parcela das portas, para que os vãos de passagem possam atender aos critérios mínimos de utilização, e a
eliminação de desníveis de piso entre ambientes.
Esses acessos internos atendem parcialmente aos requisitos da norma de acessibilidade, necessitando
de mais adequações a serem contempladas pelo planejamento institucional, e incluindo melhorias como o
incremento de sinalização, implantação de corrimãos, ajuste de largura em pontos de manobra, ajuste de
esquadrias (portas e maçanetas) substituição e instalação de guarda-corpos, e ajuste de inclinação de piso em
determinados pontos para atendimento pleno às normativas e para efetivação de uma rota acessível funcional
e compatível com a escala do campus.
12
Morfologias (re)existentes:
Identidades, vivências e processos
Redes de acesso e configuração espacial
Tomando como ponto de partida o mapeamento dos percursos caminháveis dentro do campus da
UERN e o mapeamento das barreiras e obstáculos à PcDs nessas rotas, elaboramos duas representações
lineares (FIGURA 7), posteriormente transformadas em mapas de segmentos.
Figura 7. linhas de movimento para cenários 1 e 2 (fonte: elaborado pelos autores, 2024).
Cenário 1
Cenário 2
Esses conjuntos de linhas de movimento, ainda não processados pelos softwares DepthMapX/Space
Syntax Toolkit, apresentam dados relevantes no tocante à quantidade de linhas que cada um apresenta
(TABELA 1), revelando a considerável redução (63,93 % ou -36,07%) no número de linhas possíveis de serem
utilizadas por PcD (cenário 2). Uma vez processados e calculados, esse padrão se torna ainda mais expressivo,
restando 50,90% dos segmentos do cenário 1 (redução de -49,10%).
Tabela 1. quantidade de linhas de movimento de de segmentos nos cenários 1 e 2 (fonte: elaborado
pelos autores, 2024).
Cenário 1 todas as linhas
de movimento mapeadas
Cenário 2 somente linhas de
movimento acessíveis a PcD
Diferença percentual entre
cenários 1 e 2
Quantidade de
linhas (mapa não
processado)
122
78
63,93 (-36,07%)
Quantidade de
segmentos (mapa
processado)
440
224
50,90% (-49,10%)
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Quanto aos aneis de percurso simples nos mapas de segmentos, no cenário 1 (FIGURA 8), além destes
estarem presentes em maior número (69), também são mais amplos, conectando os aneis mais simples a aneis
mais complexos, de maior abrangência no espaço do campus, do centro às bordas, permitindo navegar
contornando o conjunto edificado.
No cenário 2 (FIGURA 8), os aneis simples (32), são menos extensos, menos conectados uns aos
outros, mais concentrados no centro do conjunto edificado onde estão as faculdades de Direito, Educação,
Ciências Exatas e Naturais. Os blocos menos providos de aneis são os que abrigam as faculdades de Educação
Física, de Letras e Artes, Serviço Social e Ciências Econômicas, nas margens sudeste e noroeste.
Figura 8. aneis de percurso (representação em “ilhas”) simples nos cenários 1 e 2 (fonte: elaborado
pelos autores, 2024)
Cenário 1
Cenário 2
.O mapa de integração para o cenário 1 (FIGURA 9) mostra como espaços de maior movimento
potencial, mais centrais/”rasos”, os segmentos que, conectados ao exterior, conduzem para áreas comunais,
como o centro de convivência e biblioteca, na porção sudoeste; além disso, as linhas no eixo norte-sul, que
conduzem aos setores de aula, também tem acessibilidade elevada. As áreas mais segregadas correspondem a
segmentos à margem do sistema, nas porções oeste e leste.
Para o cenário 2 (FIGURA 9), considerando a mesma medida, o conjunto de linhas de movimento
mais integradas, em vermelho/laranja, se desloca das margens dos edifícios comunais e migra para a linha base
dos blocos de sala de aula. Os prédios da Faculdade de Letras e Artes e da Faculdade de Ciências Econômicas
se tornam segregados, concentrando o maior número de espaços de baixa acessibilidade se transformam num
apêndice, uma área mal conectada ao todo.
14
Morfologias (re)existentes:
Identidades, vivências e processos
Figura 9. integração/medida NAIN Rn para cenários 1 e 2 (fonte: elaborado pelos autores, 2024).
Cenário 1
Cenário 2
Considerando aspectos numéricos desses dois sistemas para a integração (NAIN Rn) em seus aspectos
globais (TABELA 2), observa-se que o cenário 2 apresenta valores de profundidade mínima e média que estão
sempre abaixo do visto para o cenário 1, indicando a considerável diminuição de acessibilidade topológica do
conjunto. O valor máximo entre o cenário 1 e o 2 também diminui, indicando, para o cenário que exclui linhas
de movimento não adaptadas para PcD, o enfraquecimento da “estrutura de frente” – o conjunto dos segmentos
mais integrados em relação às “estruturas de fundo” – o conjunto dos espaços mais segregados.
Interpreta-se que as partes que compõem o sistema no cenário 2 tornam-se, no sentido topológico e na
experiência espacial, menos estruturadas, menos hierarquizadas, menos discerníveis quanto às vantagens que
uma porção do espaço oferece em relação à outra nos deslocamentos cotidianos.
Tabela 2. valores mínimo, médio e máximo para Integração/medida NAIN Raio “n” (fonte:
elaborado pelos autores, 2024).
Integração cenário 1
Integração cenário 2
Profundidade mínima
0,73
0,24
Profundidade média
1,54
0,74
Profundidade máxima
2,07
0,91
Para a medida Choice, cenário 1 (FIGURA 10), o sistema se mostra com um “esqueleto” de segmentos
de maior acessibilidade mais espraiadao, com linhas vermelhas e laranjas (mais acessíveis) costurando a
circulação entre os blocos de aula, nos sentidos norte-sul, mas também leste-oeste. Além disso, um importante
conjunto de segmentos, também de elevada acessibilidade, une caminhos que conduzem ao complexo
esportivo, estacionamento de ônibus, guarita, estacionamento de veículos, centro de convivência e biblioteca.
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Os espaços de menor valor de choice são espaços terminais que se conectam a apenas uma outra linha, e
estão na periferia do sistema espacial.
No cenário 2 (FIGURA 10), o núcleo de choice se mostra reduzido, mais concentrado, coincidindo,
na prática, com as poucas rotas acessíveis delineadas pela instituição para atender ao solicitado pela norma de
acessibilidade (ABNT, 2020). Como várias linhas foram desconectadas umas das outras entre os blocos de
sala de aula, vários desses segmentos tem valor zero de choice, significando que oferecem pouca vantagem no
atravessamento da estrutura se tornam espaços terminais, mesmo estando no “miolo” do conjunto edificado.
Figura 10. choice/medida NACH para cenários 1 e 2 (fonte: elaborado pelos autores, 2024).
Cenário 1
Cenário 2
No comparativo dos dois cenários para a medida choice (TABELA 3), observa-se que o valor médio
de acessibilidade no cenário 2 diminui de 1.18 (cenário 1) para 0.76, demonstrando que o sistema como um
todo perde acessibilidade quanto ao potencial de atravessamento. O sistema espacial torna-se, portanto,
dependente de um pequeno conjunto de segmentos de maior valor de choice para distribuir o movimento na
estrutura dentro da lógica “de todas as origens para todos os destinos”.
Com a menor ocorrência de atalhos e aneis de percurso as passagens inacessíveis a PcD o sistema
reconfigura-se como menos distributivo, diminuindo o potencial de encontro aleatório/randômico: cada pedaço
de rota acessível (no sentido preconizado pela NBR 9050 (ABNT, 2020), torna-se um percurso origem-destino
de poucas possibilidades de variação quanto a quais espaços serão escolhidos no atravessamento entre um dado
ponto “A” e um ponto “B”.
Tabela 3. valores mínimo, médio e máximo para Choice/medida NACH Raio “n” (fonte: elaborado
pelos autores, 2024).
Choice cenário 1
Choice cenário 2
Choice mínimo
0,00
0,00
Choice médio
1,18
0,76
Choice máximo
1,54
1,49
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Morfologias (re)existentes:
Identidades, vivências e processos
Discussão
O campus central da UERN pode ser descrito como um sistema espacial hierarquizado, baseado em
longos eixos de movimento no sentido norte-sul, que conduzem da entrada da instituição a cada um dos
pavilhões de aula/faculdades. Considerando o projeto original do campus (não analisado aqui), supomos que
eram escassos os aneis de percurso presentes, com as unidades acadêmica/edificações pouco articuladas entre
si, sobretudo no caso dos blocos de salas de aula esse pode ter sido um dos elementos do partido arquitetônico
para o campus, a separação e segregação. Esse fato parece ter sido mitigado com a ação dos usuários, que
criaram caminhos informais “linhas de desejo”, atalhos e passagens por descampados de modo a ganhar
tempo nos deslocamentos e facilitar o encontro e a interação entre a comunidade universitária.
Essa rede espacial complementar, criada no uso cotidiano, contudo, conforme verificado no
mapeamento de barreiras e obstáculos, é, frequentemente, inacessível à PcDs, que se veem obrigadas a utilizar
uma rede de caminhos restrita, de um layout mais sequencial (de A para B, de B para C etc), resultando, muitas
vezes, em percursos de maiores distâncias métricas ou de maior quantidade de passos topológicos/trocas de
direção, atuando no sentido de aumentar a segregação socioespacial desse grupo de usuários em relação aos
demais habitantes do campus.
Analisando as medidas sintáticas NAIN (integração) e NACH (choice) para os cenário 1 e 2, foram
observadas mudanças configuracionais que revelam o encolhimento do sistema espacial e a perda de
características tidas como benéficas às possibilidades de movimento, copresença e encontro no espaço. No
mapeamento dos aneis de percurso simples também foi percebido o empobrecimento da feição distributiva do
sistema (do cenário 1 ao 2).
No cotidiano, o usuário PcD vivencia um sistema espacial que restringe suas interações com outras
pessoas e com o próprio conjunto edificado, trazendo uma série de “custos” métricos/físicos, com
deslocamentos mais alongados, com pouca liberdade de escolha das rotas; de tempo, por não poderem utilizar
os “atalhos” disponíveis ao público geral; sociais, por estarem excluídos de uma série de espaços do campus e
com menor oportunidades de interação com outros indivíduos e grupos, e ainda, custos psicológicos, do
enfrentamento dessas barreiras e obstáculos, da percepção da inacessibilidade e das dificuldades de
acolhimento direto dessas pessoas.
Considerações finais
Rotas acessíveis, conforme previstas na NBR 9050, englobam o “trajeto contínuo, desobstruído e
sinalizado, que conecte os ambientes externos ou internos de espaços e edificações, e que possa ser utilizado
de forma autônoma e segura por todas as pessoas (...)” (ABNT, 2020, p. 5), e na prática, constituem um
percurso mínimo de acessibilidade para PcDs e de mobilidade reduzida deixando de fora várias porções de
espaço interpretadas como de pouca importância ou desnecessárias no deslocamento dessas pessoas; não se
exige de um modo claro e explícito que esses fragmentos de rota no contexto de edificações horizontalizadas
e/ou espraiadas, como um campus universitário sejam conectados entre si. São, portanto, baseadas na lógica
de origem-destino, permitindo ir de um ponto A a um ponto B, mas oferecendo poucas opções de percursos,
atalhos e alternativas.
Mesmo que, num contexto de adaptação e reformas para atendimento aos parâmetros da acessibilidade
arquitetônica e espacial, não seja possível abarcar o todo, é importante que esse planejamento considere
interligação dessas rotas acessíveis, de modo a tornar essas estruturas espaciais utilizadas por PcD, no sentido
definido pela SE, mais rasas e mais distributivas, entendendo que essas características promovem o movimento
e o encontro livre e randômico, coerente com o ambiente de ensino e aprendizagem de adultos, contribuindo
no enriquecimento da experiência socioespacial.
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A SE e a análise configuracional trouxeram uma visão sistêmica do sistema espacial, analisado em seu
aspecto global. Ao utilizarmos a perspectiva comparada entre as duas redes espaciais identificamos, conforme
a hipótese do nosso estudo, duas malhas de propriedades sintáticas bastantes distintas, com uma vivência do
espaço empobrecida para as PcD e de mobilidade reduzida.
Numa possível continuação deste estudo, propõe-se a participação direta de PcD em walkthroughs,
entrevistas ou observação direta dos padrões de uso de espaço dessa categoria de usuários. O esforço físico
desses sujeitos pode ainda ser mensurado, como no estudo de Heitor et al. (2013). Dados dos percursos
desenvolvidos por PcD podem ser comparados às medidas sintáticas e a outros aspectos da forma, como
campos visuais (isovistas, grafos de visibilidade etc).
O estudo pode ainda ser útil para embasar novas intervenções espaciais no campus, considerando o
contexto de ampliação da estrutura física, com a possibilidade da construção de novas edificações; os achados
podem tanto contribuir na mitigação de problemas atuais, bem como para evitar a repetição de soluções que
não promovam a facilidade de movimento e de copresença ou que não fomentem a independência, segurança
e autonomia de PcDs, possibilitando, com as intervenções corretas, uma arquitetura inclusiva a todos.
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Morfologias (re)existentes:
Identidades, vivências e processos
Space configuration and accessibility/ies for People With Disabilities in a university campus:
An exploratory study in the context of UERN in Mossoró/Brazil.
Abstract. This article, an exploratory morphological study, aims to discuss the
relationship between movement and co-presence of People with Disabilities (PwD)
and the spatial configuration on a university campus, understood as a System of Free
Spaces, taking as a case study the central campus of Uniiversidade do Estado do Rio
Grande do Norte (UERN), in Mossoró/RN. The study discusses the relationship
between two types of accessibility: one related to the concept of mobility/use of space
for PwDs and the other related to the topological properties of the spatial fabric,
from the potential use of space. To understand how these two accessibilities are
related, linear representations were used to analyze the campus' spatial network,
considering two scenarios: 1) all walkable spaces and 2) only paths accessible to
PwDs. The spatial structure was analyzed considering measures of Space syntax,
such as integration and choice, revealing different logics of movement/centrality.
These two spatial systems were worked on in order to identify how these two types
of accessibility (to the movement of PwDs/topological) are in dissonance. The results
showed the existence of two separate spatial networks, with different properties, and
point to the importance of considering topological accessibility when planning
routes for PwDs, in the sense that topologically shorter and more connected paths
enable savings of movement, time and effort, promoting encounter and interaction
between different groups of users.
keywords: People With Disabilities, Accessibility, University campus, Movement,
Space configuration.
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Este artigo contém excertos de textos das dissertações de mestrado dos autores (Maia, 2023 e Medeiros, 2024).
2
A distributividade, assim como integração e choice, pode ser calculada de modo a gerar um valor
numérico para uma estrutura espacial, permitindo compará-la de um modo mais direto a outros sistemas;
Hillier e Hanson (1984), considerando a representação em grafos justificados, propuseram um modo de
calcular a distributividade. Como utilizamos aqui a representação de mapa de segmentos, que não possui uma
medida própria de distributividade embutida nos softwares utilizados, optamos por uma abordagem indireta, a
partir da quantidade de percursos em aneis simples.
3
Os aneis triviais são entidades geométricas de pequenas dimensões, surgidas do cruzamentos de
linhas no processo de desenho dos mapas axiais (posteriormente convertidos em mapas de segmento) e que
não correspondem efetivamente a porções de espaço reais.
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Conference Paper
Full-text available
Previous studies on urban space have shown that space syntax can be predictive of users’ movement in the urban space. These users are standardized and their mobility is studied according to the configuration and geometry of the urban fabric. But how can other variables related to users’ socio-economic status and body conditions be included in these studies? Space syntax deals with social phenomena through a spatial configuration approach, this study seeks to explore how space syntax can integrate the body conditions’ variable by studying a social phenomenon which is the mobility of people with disabilities. This paper aims at investigating the mobility of people with disabilities through their wayfinding, itinerary choice, and spatial perception, with the purpose of seeing if the spatial configuration through space syntax can predict their movement. Context is important in this research, whether it be the socio-spatial context or users’ body conditions. The Algerian socio-spatial context was chosen. The first case study is Algiers’ Casbah, the old city, a UNESCO World Heritage Site. It is characterized by a very uneven morphology with winding streets. The second case study is a recently built strolling park, which is directly overlooking the sea and was built in a flat area. It is a large area developed in open spaces. The case studies were investigated by comparing the in-situ studies and the space syntax modelling to see if the results match and if space syntax can predict the movement of people with disabilities in various urban configurations. The paper first starts a qualitative analysis with an in-situ survey conducted in both case studies, which investigates disabled spatial use. The second part of the paper focuses on the syntactic description through axiality and isovist's proprieties. This analysis allows to appreciate the elements influencing the movement of people with disabilities. This leads to the conclusion that when studying the mobility of people with disabilities, it is necessary to consider the spatial configuration on a macro scale, but also the urban pattern on a micro-scale. This study will bring new knowledge and useful adjustments by taking into account the body conditions of all users in space syntax studies.
Conference Paper
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Syntactic analysis focuses analyzing space from a general perspective, where connections of ‘visibility and access’ are analyzed through different geometrical abstractions. In universal design research, the point of origin is that what is ‘visible’ or ‘accessible’ is different for different people depending on for example age or disability. This paper addresses challenges in the way models are made, used and theorized in space syntax research as capturing or describing relations between people and environment, specifically from the perspective that if people are different, so are their respective ‘connections of access and visibility’, and potentially their subsequent patterns of centrality and accessibility. Such difference, as recognized in universal design research, may appear on both the local (molecular) and the global (molar) scale; i.e., the effects of accessibility difference can be on a local scale of whether a relative detour is needed or not, but also on global structures of centrality in a city or municipality as a whole. However, there is need for structured understanding of the ‘molar’ level, and the interrelation between scales. Following Gibson’s theory that affordances exist neither in the environment nor in species, but in the specific relation between them, this paper engages with how such differences can be empirically, methodologically and theoretically understood based on empirical research in the city of Uppsala, Sweden. This work utilizes municipal data and input from disability rights organizations to explore the problem, and presents important considerations for both research and practice as comes to inclusiveness in spatial analysis and accessibility.
Article
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Os sistemas de espaços livres constituem um fundamental complexo para os processos de produção do meio urbano e da reprodução da vida nas cidades. Apresentam-se resultados de pesquisa sobre relações entre sistemas de espaços livres e esfera pública em metrópoles brasileiras, onde se afirma a importância de ambos - espaço livre e esfera pública – para a qualidade da vida metropolitana.
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BRASIL. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015. Lei Brasileira de Inclusão da PcD (Estatuto da PcD). Diário Oficial da União -Seção 1 -Eletrônico -7/7/2015, Página 2 (Publicação Original).