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AVALIAÇÃO BROMATOLÓGICA E TEOR DE GOSSIPOL LIVRE EM TORTAS DE CAROÇO DE ALGODÃO COM LÍNTER

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Abstract

O algodão é um arbusto que se desenvolve em climas quentes, cresce naturalmente como uma planta perene, e para fins comerciais é cultivada anualmente. Pertence à família Malvaceae, gênero Gossypium, e tem como principais espécies domesticadas de importância comercial a hirsutum, barbadense, arboreum, e herbaceum (GRIMALD, 2017). Segundo Borém e Freire (2014), por toda a planta do algodoeiro se apresentam distribuídas glândulas denominadas gossipol, e por serem tóxicas protegem a planta de herbivoria. A cultura do algodoeiro é orientada para produção de fibra têxtil, e do beneficiamento se obtém o caroço como principal subproduto, que, por ser rico em óleo, serve de matéria-prima à produção de óleo para fins alimentícios (GONDIM-TOMAZ, 2016; GRIMALD, 2017). Segundo Gondim-Tomaz e colaboradores (2016), a torta e o farelo obtidos do processamento do caroço são utilizados como complementação de rações balanceadas. Alguns trabalhos também avaliam os constituintes químicos e atividades farmacológicas de algumas variedades de algodão, pois apresentam diferentes componentes, além das limitações relacionadas à toxicidade do gossipol (AL-SNAF, 2018). Diante da variedade de componentes presentes nesta semente, e poucos trabalhos sobre a qualidade bromatológica de tortas obtidas na extração de seu óleo, tornou-se necessária a investigação do processamento sobre suas características físico-químicas.
AVALIAÇÃO BROMATOLÓGICA E TEOR DE GOSSIPOL LIVRE
EM TORTAS DE CAROÇO DE ALGODÃO COM LÍNTER
1Maria Gabriela Tiritan, 2ALESSANDRA MACHADO-LUNKES, 3FRANCIÉLLY STADLER
1Discente Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos da UTFPR
2Docente Universidade Tecnológica Federal do Para UTFPR
3Discente Mestrado Profissional em Tecnologia de Alimentos da UTFPR
Introdução: O algodão é um arbusto que se desenvolve em climas quentes, cresce
naturalmente como uma planta perene, e para fins comerciais é cultivada anualmente.
Pertence à família Malvaceae, gênero Gossypium, e tem como principais espécies
domesticadas de importância comercial a hirsutum, barbadense, arboreum,
e herbaceum (GRIMALD, 2017). Segundo Borém e Freire (2014), por toda a planta do
algodoeiro se apresentam distribuídas glândulas denominadas gossipol, e por serem
tóxicas protegem a planta de herbivoria. A cultura do algodoeiro é orientada para
produção de fibra têxtil, e do beneficiamento se obtém o caroço como principal
subproduto, que, por ser rico em óleo, serve de matéria-prima à produção de óleo para
fins alimentícios (GONDIM-TOMAZ, 2016; GRIMALD, 2017). Segundo Gondim-Tomaz e
colaboradores (2016), a torta e o farelo obtidos do processamento do caroço são
utilizados como complementação de rações balanceadas. Alguns trabalhos também
avaliam os constituintes químicos e atividades farmacológicas de algumas variedades de
algodão, pois apresentam diferentes componentes, além das limitações relacionadas à
toxicidade do gossipol (AL-SNAF, 2018). Diante da variedade de componentes presentes
nesta semente, e poucos trabalhos sobre a qualidade bromatológica de tortas obtidas na
extração de seu óleo, tornou-se necessária a investigação do processamento sobre suas
características físico-químicas.
Objetivo: Avaliar as características bromatológicas e os teores de gossipol livre em torta
de caroço de algodão com nter obtida por extrusão e prensagem mecânica.
Metodologia: O estudo foi realizado em três fábricas no estado do Mato Grosso, com
coleta de amostras do caroço de algodão e da torta. Em todas as fábricas são utilizados
equipamentos do fabricante Silofértil® para extração de óleos vegetais, que compõem um
conjunto de equipamentos para condicionamento preliminar dos grãos oleaginosos,
chamado desintegradora (DS), e posterior extração de óleo em prensas do tipo expeller
(PS). As temperaturas de trabalho foram 95°C DS / 110°C PS, 103°C DS / 107°C PS,
110°C DS / 107°C PS nas fábricas 1, 2 e 3, respectivamente. Análises bromatológicas
foram realizadas para avaliar a composição química e presença de gossipol livre.
Resultados: A avaliação bromatológica incluiu umidade (UM), extrato etéreo (EE),
proteína bruta (PB), proteína solúvel em KOH (PSol), fibra bruta (FB) , matéria mineral
(MM), gossipol livre (GL), fósforo total, cálcio e nutrientes digestíveis totais (NDT). Os
teores de EE foram 75,5 g/kg, 66,4 g/kg e 58,8 g/kg para fábricas 1, 2 e 3,
respectivamente. Na mesma sequência de fábricas, para PB os resultados foram 293,5
g/kg, 281,3 g/kg, 250,2 g/kg, e PSol 77,61%, 75,14% e 65,91%. Outros índices
apresentaram valores médios para FB 232,0±0,51 g/kg e MM 47,0±0,32 g/kg, Fósforo
total 6.885,7±85,0 mg/kg e Cálcio 2.233,0±28,0 mg/kg. Para Gossipol Livre, os resultados
no caroço de algodão com línter foram 5,53 g/kg, 6,17 g/kg, 3,66 g/kg para as fábricas 1,
2 e 3, respectivamente, e suas tortas ficaram com 371 mg/kg, 181 mg/kg, 35 mg/kg. O
valor estimado de NDT apresentou valor médio de 66,5±0,41%.
Discussão: A semente de algodão apresenta em média 12,5% de línter, que é composto
por mais de 90% de celulose, fonte de fibra altamente digestível por ruminantes
(CULTIVAR, 2018). Nos processos convencionais, para extração de óleo de caroço de
algodão retiram-se as cascas da amêndoa, logo, não foram encontrados na literatura
dados de torta de caroço de algodão com línter. Diante disto, para avaliação
bromatológica deste produto foi utilizada a especificação do Compêndio Brasileiro de
Alimentação Animal (CBAA, 2017). Segundo a especificação, para torta de algodão os
parâmetros são UM 120,0 g/kg (máx.); PB 200 g/kg (min.); FB 300,0 g/kg (máx.); EE 50,0
g/kg (min.); MM 80,0 g/kg (máx.); Cálcio 2.500,0 mg/kg (máx.); Fósforo total 9.000,0
mg/kg (min.); Gossipol Livre 1.200,0 mg/kg (máx.); Aflatoxinas 20 ppb (máx.). Os
resultados indicaram que o aumento da temperatura do sistema aumenta o rendimento
da extração de óleo, PB e PSol atenderam a especificação, mas este aumento de
temperatura influenciou negativamente os resultados. O teor de cálcio atendeu a
especificação e fósforo total ficou um pouco abaixo do esperado. O cálculo estimado de
NDT apresentou resultados semelhantes nas amostras processadas em diferentes
temperaturas, indicando que a faixa de calor empregada no processo de extração do óleo
não teve relação direta com este índice para caroço de algodão com línter. Os teores de
gossipol livre atenderam a especificação, com resultados de inativação em 93,3%, 97,1%
e 99,0% respectivamente na torta das fábricas 1, 2 e 3.
Conclusão: A avaliação bromatológica das tortas de caroço de algodão com línter
atenderam aos resultados esperados no Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal
2017. Os índices de proteína solúvel em KOH e nutrientes digestíveis totais não são
contemplados nesta especificação, ficando como sugestão para trabalhos futuros. O teor
de fósforo total também carece de investigação, pois apresentou resultados inferiores ao
esperado, sendo necessário avaliar se tem relação com a origem da matéria prima ou
com o processamento. Os teores de gossipol livre atenderam a especificação, com
resultados significativamente inferiores ao máximo permitido. Os resultados obtidos neste
trabalho foram satisfatórios, e a falta de dados bromatológicos para caroço de algodão
com línter e sua torta sugere que mais trabalhos sejam realizados.
Referências:
AL-SNAFI, A. E. Chemical constituents and pharmacological activities of Gossypium herbaceum
and Gossypium hirsutum - A review. IOSR Journal Of Pharmacy. v. 8, n. 5, p. 64-80, 2018.
BORÉM, A.; FREIRE, E. C. Algodão: do plantio a colheita. Viçosa: Universidade Federal de
Viçosa, 2014.
CBAA. Compêndio Brasileiro de Alimentação Animal. São Paulo: SINDRAÇÕES, 2017.
CULTIVAR. O que fazer com a semente de algodão? Disponível em: <
http://www.grupocultivar.com.br/artigos/o-que-fazer-com-a-semente-de-algodao >. Acesso em: 02
Ago. 2018.
GONDIM-TOMAZ, R. M. A. et al. Teor de óleo e composição de ácidos graxos em sementes de
diferentes genótipos de algodoeiro. Brazilian Journal of Food Technology, v. 19, e2015071,
Campinas, 2016. Disponível em: . Acesso em: 02 Ago. 2018.
GRIMALD, R. Óleo de algodão, composição e refino. Editora Stilo, 2017. Disponível em: <
http://www.editorastilo.com.br/oleo-de-algodao-composicao-e-refino/ >. Acesso em: 10 de
Ago/2018.
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Cottonseed is a by-product of the production of fibre and an important raw material for the edible oil industry and for biodiesel production. The aim of this study was to evaluate the genetic diversity of the cotton cultivars and strains available in Brazil, with respect to the oil characteristics. The oil content and fatty acid composition were determined in the seeds of 18 cotton genotypes, cultivated in three distinct localities in Brazil. The oil was extracted from the seeds using hexane, and the fatty acids analysed by gas chromatography after methylation. The analyses of variance of the results for oil content and fatty acid composition revealed highly significant differences between the genotypes and locations and for the genotypes x locations interactions. The average oil content from the three distinct localities varied from 23 to 27% amongst the genotypes. The fatty acids presented the following ranges: linoleic (55.6-59.0%); palmitic (22.7-24.8%); oleic (13.4-15.8%) and stearic (1.83-2.14%). Although statistically significant, the range of genetic diversity for the fatty acids was not sufficiently wide to carry out genetic improvement programs. The genotypes FMT 523, FIBERMAX 966, IAC 06/205 and LD CV 22 stood out from the others for having higher oleic and palmitic acid contents and lower linoleic acid contents, thus being more suitable for biodiesel production and for use as frying oil, due to the greater oxidative stability provided by this composition.
Chemical constituents and pharmacological activities of Gossypium herbaceum and Gossypium hirsutum -A review
  • A E Al-Snafi
  • A Borém
  • E C Freire
  • Algodão
AL-SNAFI, A. E. Chemical constituents and pharmacological activities of Gossypium herbaceum and Gossypium hirsutum -A review. IOSR Journal Of Pharmacy. v. 8, n. 5, p. 64-80, 2018. BORÉM, A.; FREIRE, E. C. Algodão: do plantio a colheita. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2014.