ArticlePDF Available

Up-Mind: um programa de treino para otimização de competências de grupos de operacionais de polícia

Authors:
  • National portuguese police

Figures

Content may be subject to copyright.
Up-Mind: um programa de treino
para otimização de competências de
grupos de operacionais de polícia
MARIA LUÍS MENDES
Psicóloga da Divisão de Psicologia da Direção Nacional
da Polícia de Segurança Pública
https://orcid.org/0009-0001-4917-2570
ANA PATRÃO
Psicóloga da Divisão de Psicologia da Direção Nacional
da Polícia de Segurança Pública
https://orcid.org/0009-0006-7086-7963
FERNANDO PASSOS
Psicólogo e Chefe da Divisão de Psicologia da Direção Nacional
da Polícia de Segurança Pública
https://orcid.org/0009-0008-1132-9772
JORGE SILVA
Psicólogo da Divisão de Psicologia da Direção Nacional
da Polícia de Segurança Pública
https://orcid.org/0009-0006-2607-9425
PAULO LUCAS
Superintendente‑Chefe da Polícia de Segurança Pública
Unidade Especial de Polícia
https://orcid.org/0009-0007-0521-6053
ANTÓNIO MALHEIRO
Intendente da Polícia de Segurança Pública
Unidade Especial de Polícia
https://orcid.org/0009-0009-5610-5665
Politeia
Ano XX 2023, pp. 129-154
130 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
FRANCISCO FONSECA
Subintendente da Polícia de Segurança Pública
Unidade Especial de Polícia
https://orcid.org/0009-0006-5553-1038
ANABELA PEREIRA
Professora Catedrática, Departamento de Psicologia, Universidade de Évora
https://orcid.org/0000-0002-3897-2732
CRISTINA QUEIRÓS
Professora Associada, Faculdade de Psicologia
e de Ciências da Educação – Universidade do Porto
https://orcid.org/0000-0002-8045-5317
DOI: https://doi.org/10.57776/CMCE-SK98
Resumo: Sendo a atividade policial uma prossão reconhecida como
uma das mais stressantes e com exposição a eventos potencialmente
traumáticos, é fundamental preparar os operacionais de modo a minimi-
zar este impacto emocional que prejudica a saúde física e psicológica.
Baseado nos princípios da gestão do stresse, psicologia do desporto e
neuropsicologia, foi desenvolvido um programa de treino de competên-
cias de auto-regulação com recurso ao biofeedback (BFB), designado
Up-Mind. Sendo inovador no panorama português, foi desenvolvido por
Maria Luís Mendes António Malheiro
PSP mlrmendes@psp.pt PSP admalheiro@psp.pt
Ana Patrão Francisco Fonseca
PSP afpcsousa@psp.pt PSP fjsonseca@psp.pt
Fernando Passos Anabela Pereira
PSP fmpassos@psp.pt Universidade de Évora – anabela.pereira@uevora.pt
Jorge Silva Cristina Queirós
PSP jmlsilva@psp.pt Universidade do Porto – cqueiros@fpce.up.pt
Paulo Lucas
PSP pmlucas@psp.pt
Submetido em: 12/09/2022. Aceite em: 18/09/2022
131
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
uma equipa multidisciplinar que integrou psicólogos, investigadores e
elementos policiais. Pretende-se descrever os pressupostos de construção
do programa, composto por quatro fases: apresentação e formação, ava-
liação inicial, intervenção individual e grupal e, avaliação nal. Destina-
-se aos operacionais da polícia, tendo como objetivo a redução do stresse
psicológico e psicosiológico, bem como a otimização do desempenho
policial. Numa época em que está demonstrado o impacto psicológico
da pandemia COVID-19 nos elementos policiais, o programa Up-Mind
pode ser aplicado a diversas forças policiais para promoção da saúde
física e psicológica, contribuindo para a relação estabelecida entre o
procedimento operacional e a resposta psicosiológica.
Palavras-Chave: Biofeedback, polícia, programa, stresse, treino.
Abstract: Since police activity is a profession recognized as one of the
most stressful ones, with exposure to potentially traumatic events, it is
essential to prepare police ocers in order to minimize this emotional
impact that harms physical and psychological health. Based on the prin-
ciples of stress management, sports psychology and neuropsychology, a
self-regulatory skills training program was developed using biofeedback
(BFB), called Up-Mind. Being innovative in the Portuguese context, it
was developed by a multidisciplinary team that integrated psychologists,
researchers, and police elements. We aim to describe the assumptions
of developing the program, composed of four phases: presentation
and training, initial evaluation, individual and group intervention, and
nal evaluation. The program is for police ocers, aiming at reducing
psychological and psychophysiological stress, as well as optimizing
police performance. At a time when the psychological impact of the
COVID-19 pandemic on police elements is demonstrated, the Up-Mind
program can be applied to various police forces to promote physical and
psychological health, contributing to the relationship established between
the operational procedure and the psychophysiological response.
Keywords: Biofeedback, police, program, stress, training.
Resumen: Dado que la actividad policial es una profesión reconocida
como una de las más estresantes y con exposición a eventos potencial-
mente traumáticos, es esencial preparar a los policías para minimizar
este impacto emocional que perjudica la salud física y psicológica.
Basado en los principios del manejo del estrés, la psicología del de-
porte y la neuropsicología, se desarrolló un programa de entrenamiento
de habilidades autorreguladoras utilizando biofeedback (BFB), llamado
Up-Mind. Siendo innovador en el contexto portugués, fue desarrollado
por un equipo multidisciplinario que integró psicólogos, investigadores y
elementos policiales. Se pretende describir los supuestos de construcción
del programa, compuesto por cuatro fases: presentación y formación,
132 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
evaluación inicial, intervención individual y grupal y evaluación nal.
Está destinado a agentes de policía, con el objetivo de reducir el estrés
psicológico y psicosiológico, así como optimizar el rendimiento poli-
cial. En un momento en que se demuestra el impacto psicológico de la
pandemia de COVID-19 en los elementos policiales, el programa Up-
-Mind se puede aplicar a diversas fuerzas policiales para promover la
salud física y psicológica, contribuyendo a la relación establecida entre
el procedimiento operativo y la respuesta psicosiológica.
Palabras-Clabe: Biofeedback, policía, programa, estrés, entrenamiento.
Introdução
No cumprimento da sua missão, as forças de segurança, enquanto enti-
dade sobre a qual o Estado de Direito deposita a sua conança para defesa
da legalidade democrática e para garantia da segurança pública e dos direitos
dos cidadãos, encontram-se expostas a altos níveis de stresse, sendo muitas
vezes sujeitas a cenários complexos onde o risco, a incerteza e a imprevisibi-
lidade das ameaças se revelam uma constante. Se, tradicionalmente, a polícia
já era considerada uma atividade stressante (Brown & Campbell, 1994),
com a pandemia da COVID-19 os níveis de stresse aumentaram ainda mais,
sendo reconhecido o impacto desta na saúde mental de todos (WHO, 2022),
mas em particular em prossões como a dos elementos policiais (Tehrani,
2022), cujas funções mudaram e aumentaram em sobrecarga de todo o tipo.
Assim, no quadro da exposição ao risco considera-se fundamental
não só minimizar o impacto do stresse e incrementar a saúde, mas também
melhorar as competências dos operacionais no alcance da excelência do
desempenho policial. Neste âmbito, é importante desenvolver programas
de treino de competências psicológicas especícos para a função policial,
compostos por uma combinação de técnicas onde o biofeedback1 (BFB)
constitui um recurso privilegiado promotor de aprendizagem. De facto, o
BFB permite aumentar a ecácia dos programas de treino pois melhora
a capacidade de auto‑regulação, introduzindo melhores resultados do que
apenas o treino de competências (Andersen & Gustafsberg, 2016; Brammer,
et al., 2021; Di Nota & Huhta, 2019).
1 O biofeedback consiste num equipamento eletrónico com elétrodos e sensores
que permitem avaliar, monitorizar e devolver informação psicosiológica em tempo real
(Brammer, et al., 2021).
133
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
Este artigo teórico tem como objetivo apresentar o modelo de treino de
competências de auto‑regulação Up‑Mind, desenvolvido para operacionais
de polícias numa dupla vertente psicológica e psicosiológica, sob a égide
inexorável da relação entre corpo e mente.
Estado da Arte
É consensual na literatura de que as forças de segurança encontram-se
expostas a elevados níveis de stresse, em função do ambiente externo mas
também em função de estados internos psicológicos e psicosiológicos,
que podem colocar em risco a saúde física e mental e, consequentemente, o
desempenho policial (Anderson & Gustafsberg, 2016; Anderson et al., 2002;
Brammer et al., 2021; Carleton et al., 2018, 2019; Di Nota & Huhta, 2019;
McCraty & Atkinson, 2012; Nieuwenhuys & Oudejans, 2010; Planche et
al., 2019; Pereira & Queirós, 2021).
Nas forças de segurança, as interações entre o cérebro-coração e a
dinâmica do sistema nervoso autónomo (SNA) têm sido estudadas através
da variabilidade da frequência cardíaca, constituindo-se um importante indi-
cador de saúde cardíaca e emocional, com impacto no equilíbrio psicosso-
mático, na regulação das respostas siológicas de stresse e nas reservas do
SNA (McCraty & Atkinson, 2012). Uma das consequências deste impacto
é observada na saúde dos elementos das forças de segurança, consistindo no
aumento dos níveis de cortisol, em comparação com a população em geral
(Planche et al., 2019). Este resultado é explicado, numa perspetiva psico-
siológica, pela ativação do sistema nervoso simpático (SNS) que conduz ao
aumento na respiração, frequência cardíaca e pressão arterial. Com efeito,
no processo psicológico de resolução da ameaça percebida, da ansiedade
e do stresse, é iniciada a resposta de ght or ight (luta ou fuga enquanto
resposta de sobrevivência inata), cuja ativação é um processo puramente
siológico e serve para responder de forma adaptada (Lovallo, 2016; Pereira
& Queirós, 2021). Assim, o eixo hipotalâmico-pituitário-adrenal (HPA) é
ativado e produz uma cascata de hormonas responsáveis pela manutenção
da resposta de luta ou fuga, designadamente a libertação da hormona cortisol
para a corrente sanguínea, hormona esta que é neurotóxica, a qual inuencia
o metabolismo e ataca o sistema imunitário (Anderson et al., 2002; Dicker-
son & Kemeny, 2004; Johnson, 2008; LeBlanc et al., 2008).
134 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
Numa perspetiva geral, o desequilíbrio psicosiológico, e respetivo
desequilíbrio simpático-vagal no SNA, assentam na hipótese de base de
que são nocivos para a saúde física e psíquica, motivo pelo qual se torna
relevante e necessário intervir para repor o equilíbrio (Lovallo, 2016; Pereira
& Queirós, 2021). Ora, é sabido que, para aumentar o índice de previsi-
bilidade, de sucesso e de capacidade de resposta ao stresse, determinados
grupos operacionais necessitam de um treino muito rigoroso do ponto de
vista físico, técnico e tático. A avaliação deste procedimento pode ser efe-
tuada de acordo com 2 pressupostos: 1) “correu bem”, numa perspetiva
operacional e; 2) “estão bem”, numa perspetiva psicológica (Mendes et al.,
2021), conforme se apresenta na Figura 1 e é contemplado no programa
Up‑Mind que posteriormente se descreve.
Figura 1. Hipótese de treino para otimização de competências
dos grupos de operacionais de polícia no programa Up‑Mind
Contudo, para o desenvolvimento do programa e com vista à sistema-
tização da intervenção, foi efetuada revisão integrativa de literatura entre
novembro 2020 e dezembro 2021, a qual inclui grandes temas investigados
na Psicologia, nomeadamente Psicologia do Desporto, Neuropsicologia e
Gestão do Stresse, citados a seguir de acordo com o seu contributo para o
programa Up‑Mind.
Pág. 6
Figura 1. Hipótese d e treino para otimização de competências dos grupos de operacionais de pocia no programa Up-Mind
Contudo, para o desenvolvimento do programa e com vista à sistematização da
interveão, foi efetuada revisão integrativa de literatura entre novembro 2020 e
dezembro 2021, a qual inclui grandes temas investigados na Psicologia, nomeadamente
Psicologia do Desporto, Neuropsicologia e Gestão do Stresse, citados a seguir de acordo
com o seu contributo para o programa Up-Mind.
Psicologia do Desporto
Relativamente ao desenvolvimento de um programa específico, no sentido de melhor
conhecer e compreender o comportamento do operacional em contexto de elevada
ativação motora e psicofisiológica, recorreu-se à disciplina da Psicologia do Desporto,
(…) como um campo de estudo no qual os princípios da Psicologia são aplicados para a
compreensão das cognições, emoções e comportamentos dos sujeitos envolvidos nos
contextos da prática desportiva (Gouveia, 2001, p. 5). Note-se que na Psicologia do
Desporto têm sido desenvolvidos e implementados programas de treino de competências
psicológicas (psychological skills training PST),com o objetivo de melhorar o
rendimento desportivo no contexto da alta competição (Cohen et al., 2006; Edmonds, et
al., 2008; Filho et al., 2008). De facto, no alto rendimento, onde os níveis de preparação
técnica, física e tática frequentemente se equiparam, vence o atleta/equipa que possui as
melhores qualidades psicológicas e/ou mentais. Desta forma, considera-se que o correto
planeamento do treino das competências psicológicas, inserido no programa geral de
treino do atleta, elimina a abordagem alearia e sem objetivo, e aumenta o rendimento
desportivo (Bompa, 2002). Como parte integrante do programa do treino de competências
psicológicas, a auto-regulação assume especial importância (Beauchamp et al., 2012;
Crews & Landers, 1993; Crews et al., 2001; Hatfield & Hillman, 2001; Kirchenbaum,
135
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
Psicologia do Desporto
Relativamente ao desenvolvimento de um programa especíco, no
sentido de melhor conhecer e compreender o comportamento do operacio-
nal em contexto de elevada ativação motora e psicosiológica, recorreu-se
à disciplina da Psicologia do Desporto, “(…) como um campo de estudo
no qual os princípios da Psicologia são aplicados para a compreensão das
cognições, emoções e comportamentos dos sujeitos envolvidos nos con-
textos da prática desportiva” (Gouveia, 2001, p. 5). Note-se que na Psico-
logia do Desporto têm sido desenvolvidos e implementados programas de
treino de competências psicológicas (psychological skills training – PST),
com o objetivo de melhorar o rendimento desportivo no contexto da alta
competição (Cohen et al., 2006; Edmonds, et al., 2008; Filho et al., 2008).
De facto, no alto rendimento, onde os níveis de preparação técnica, física
e tática frequentemente se equiparam, vence o atleta/equipa que possui as
melhores qualidades psicológicas e/ou mentais. Desta forma, considera-se
que o correto planeamento do treino das competências psicológicas, inserido
no programa geral de treino do atleta, elimina a abordagem aleatória e sem
objetivo, e aumenta o rendimento desportivo (Bompa, 2002). Como parte
integrante do programa do treino de competências psicológicas, a auto-
-regulação assume especial importância (Beauchamp et al., 2012; Crews
& Landers, 1993; Crews et al., 2001; Hateld & Hillman, 2001; Kirchen-
baum, 1984), pelo que o BFB constitui um recurso valioso de avaliação e
intervenção em contexto de pressão/stresse (Blumenstein & Bar-Eli, 2001).
No contexto das forças de segurança, têm sido desenvolvidos pro-
gramas de treino com recurso ao BFB, cujos resultados têm demonstrado
modulação da resposta individual de stresse e promoção da recuperação
por envolvimento do sistema nervoso periférico (Campbell, 2022; Lehrer
& Gevirtz, 2014; Michela et al., 2022; Thayer & Sternberg, 2006). A prática
repetida de exercícios de respiração (Andersen et al., 2015; Brammer, et
al., 2021; McCraty & Atkinson, 2012) e de exercícios de natureza mental,
promove a redução dos erros no tiro, aumenta a capacidade de análise da
situação e estimula uma melhor recuperação (Andersen & Gustafsberg,
2016; Andersen et al., 2015, 2018; Jensen et al., 2020).
No que respeita a programas especícos para grupos operacionais voca-
cionados para cenário de alto risco, vários estudos foram desenvolvidos.
Por exemplo, Arnetz e colegas (2013; Arnetz et al., 2009) desenharam e
conduziram um programa de intervenção com duração de 10 semanas que
136 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
incluiu: psicoeducação em relação às respostas de stresse face a incidentes
críticos; aplicação de técnicas de relaxamento para gestão das reações de
stresse; uso de imagética de cenários de incidentes críticos, num ambiente
controlado (sala de aula) para exposição à resposta de stresse; treino mental
das melhores práticas policiais durante a exposição imagética de incidentes
críticos ativadores de stresse; e aprendizagem de estratégias de coping para
lidar com os efeitos do stresse. Esta intervenção foi aplicada a polícias
suecos, tendo sido encontradas diferenças signicativas, nomeadamente
melhores estratégias de coping baseadas na resolução de problemas, redução
no sofrimento psicológico e melhorias na saúde física ao nível da redução
do desconforto digestivo, menos problemas de sono e menos exaustão.
Na mesma linha, na Finlândia, foi desenvolvido um programa de treino
de promoção de resiliência, com a duração de 5 dias e uma sessão de treino
de 60 minutos por dia (Andersen et al., 2015). Cada sessão contemplou:
revisão geral dos tópicos relevantes de stresse e sua gestão no policiamento
com uma duração de 10 minutos; espaço para esclarecimento de questões
levantadas pelos participantes relacionadas com os procedimentos das ses-
sões anteriores; prática de técnicas psicosiológicas, nomeadamente, foco na
emoção positiva durante o ciclo respiratório (McCraty & Atkinson, 2012);
e exposição a cenários de simulação de incidentes críticos em dispositivos
iPod e prática, em simultâneo, de exercícios de respiração controlada. Os
cenários foram desenvolvidos a partir de programas pré-existentes (Arnetz
et al., 2009; Arnetz, et al., 2013; Backman et al., 1997) e representavam
incidentes policiais stressantes que os polícias normalmente encontram no
cumprimento do dever. Os polícias foram instruídos para imaginarem estar
envolvidos nesse cenário e dizer como procederiam em cada situação. O
nível de severidade dos cenários aumentava ao longo dos 5 dias para poten-
ciar o aumento das respostas ao stresse e permitir a prática dos exercícios
de respiração controlada. Os resultados mostraram redução signicativa
da média dos batimentos cardíacos e melhoria na capacidade de manter a
respiração controlada durante os momentos de exposição ao stresse.
No seguimento do estudo anterior, Andersen e Gustafsberg (2016)
testaram um método de formação cujo objetivo visava melhorar o uso da
força policial na tomada de decisões durante situações críticas de alto risco.
Tratou-se de um estudo piloto randomizado com polícias nlandeses divi-
didos em 2 grupos: grupo de intervenção (submetido a programa de forma-
ção) e grupo de controlo (que recebeu a formação habitual). O programa
de formação contemplou a aplicação de técnicas de psicoeducação sobre a
137
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
siologia do stresse, técnicas de imagética, exercícios de controlo da res-
piração com recurso ao BFB, e formação através de simulação de cenários
reais nos quais devem ser aplicados os conhecimentos adquiridos nas fases
anteriores. Os resultados revelaram que o grupo de intervenção apresentou
signicativamente melhor controlo siológico, consciência situacional e
desempenho em geral, bem como tomaram um maior número de decisões
corretas de uso da força, comparativamente ao grupo de controlo.
Neuropsicologia
Tendo por base a área de estudo da Neuropsicologia2, dá-se especial
enfoque à construção de protocolos que estimulem determinadas áreas
cerebrais, nomeadamente: a ínsula, integrada no sistema límbico que é
responsável pelo alerta e atenção aos “sinais de alarme” internos; a área
somatosensorial, integrada no sistema nervoso central; o córtex pré-fron-
tal; e o córtex cingulado, ambos com responsabilidade na capacidade de
dirigir a atenção e controlo dos impulsos, capacidade de antecipação de
consequências e com especial contributo na tomada de decisão (Goleman
& Davidson, 2018).
Gestão do Stresse
No que se refere à gestão do stresse, é reconhecido que a atividade
policial é uma das prossões mais stressantes, sendo inúmeros os estudos
que o conrmam (e.g. Brown & Campbell, 1994; Galanis et al., 2021;
Queirós et al., 2020; Rabbing et al., 2022), existindo há décadas uma grande
preocupação com os programas de intervenção devido à especicidade das
funções policiais (Amaranto et al., 2003; Anders et al., 2022; Blumberg
et al., 2022; Brouzos et al., 2021; Nygren & Karp, 2010; Papazoglou &
Blumberg, 2020; Patterson et al., 2012), sugerindo-se o desenvolvimento
de programas próprios que contemplem esta especicidade.
2 Note-se que o BFB pode também ser cruzado com a neuropsicologia, através
do neurofeedback, usado para várias situações clínicas como controle da atenção e da
impulsividade, ou stresse pós-traumático (Marques-Teixeira, 2022).
138 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
Assim, com base nos programas concebidos para a otimização, quer
do rendimento desportivo em contexto de alta competição, quer do desem-
penho operacional em contexto das forças de segurança, desenvolveu-se
o programa especíco intitulado “Programa de treino para otimização de
competências dos grupos de operacionais da Polícia Portuguesa Up‑Mind”,
que a seguir se descreve.
Programa Up-Mind
O programa tem como objetivo identicar os fatores stressores rela-
tivos às funções operacionais no quadro da exposição ao risco e perigo,
bem como fornecer estratégias para ultrapassar as barreiras psicológicas e
psicosiológicas. Recorre ao BFB para melhor enquadrar as necessidades
especícas do elemento operacional, bem como inclui detalhes do perl
de competências previamente elaborado pela equipa de psicólogos da PSP.
No quadro da gestão de recursos humanos, o perl de competências
constitui um documento de referência para os diferentes momentos da ges-
tão, entre os quais para o processo de seleção, de formação para melhoria das
competências e para a avaliação de desempenho (Neves et al., 2008). Assim,
o perl de competências permite identicar os comportamentos chave do
desempenho de excelência relativos a determinada função, permitindo à
organização/unidade/subunidade selecionar os elementos que melhor servem
a sua missão. A partir de técnicas especícas, designadamente, técnica da
matriz de construtos e dos incidentes críticos, foi denido o perl de com-
petências do operacional, o qual é constituído por competências de auto-
-controlo, de operacionalidade e de “espírito de corpo”, sendo este entendido
como conança recíproca, camaradagem, disponibilidade e assertividade
(Patrão et al., 2020).
O programa Up‑Mind estrutura-se ao longo de 4 fases (ver Figura 2).
Para a operacionalização do programa foi nomeado um grupo de trabalho
(GT), constituído por uma equipa multidisciplinar das seguintes áreas: psi-
cologia, gestão de stresse, neuropsicologia, psicosiologia, intervenção em
crise e ciências policiais.
139
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
Figura 2. Fases do programa Up‑Mind
Fase 1 – Apresentação e formação
Descrevendo com detalhe, a Fase 1 tem dois objetivos principais: apre-
sentação geral do programa e formação especíca.
A apresentação geral do programa destina-se a todos os elementos de
cada grupo/equipa operacional. Constitui o início do programa de avaliação
e intervenção, sendo concretizada sob a forma de ação de esclarecimento,
nas quais é explicado o caráter voluntário da participação e dada a garantia
da condencialidade dos dados pessoais e individuais. Esta apresentação
realiza-se em contexto de sala de aula e tem a duração aproximada de 1hora.
É iniciada pelo superior hierárquico máximo daquele grupo/equipa opera-
cional, que faz o enquadramento institucional do programa. Este primeiro
momento é muito importante porque constitui-se facilitador institucional e,
consequentemente, catalisador de motivação para a participação. De seguida,
a equipa de psicólogos descreve com mais pormenor os objetivos gerais,
vantagens do programa, bem como introduz explicação acerca do equipa-
mento BFB, modo de funcionamento, e necessidade de preenchimento de
ta do tempo, uma vez que os dados psicosiológicos são recolhidos em
modo de gravação num intervalo temporal alargado. Procura-se estabelecer
um espaço de esclarecimento de dúvidas, obtenção de sugestões e criação
de compromisso entre os elementos e a equipa de psicólogos da PSP, sendo
no nal recolhidos os consentimentos informados.
Paralelamente, junto de um grupo restrito de elementos policiais pre-
viamente designados, é facultada formação pela equipa de psicólogos para
esses elementos assumirem a tarefa de colocação e vericação do equipa-
mento do BFB, de forma a garantir uma leitura mais dedigna dos dados
psicosiológicos em modo de gravação. Note-se que a PSP dispõe de equi-
pamentos de BFB (Biofeedback Xpert, Shuhfried), nomeadamente 2 Points
(MULTI-Point®) de leitura da condutância da pele (EDA), pulsação (PULS),
temperatura (TEMP), variabilidade da frequência cardíaca (HRV) e moti-
Pág. 10
uma equipa multidisciplinar das seguintes áreas: psicologia, gestão de stresse,
neuropsicologia, psicofisiologia, intervenção em crise e ciências policiais.
FASE 1 FASE 2 FASE 3 FASE 4
Apresentação e
formação
Avaliação
inicial
Intervenção
individual e grupal
Avaliação
final
Figura 2. Fases do programa Up-Mind
Fase 1 Apresentação e formão
Descrevendo com detalhe, a Fase 1 tem dois objetivos principais: apresentação geral
do programa e formação específica.
Aapresentação geral do programa destina-se a todos os elementos de cada
grupo/equipa operacional. Constitui o início do programa de avaliação e interveão,
sendo concretizada sob a forma de ão de esclarecimento, nas quais é explicado o caráter
voluntário da participação e dada a garantia da confidencialidade dos dados pessoais e
individuais. Esta apresentação realiza-se em contexto de sala de aula etem a duração
aproximada de 1hora.É iniciada pelo superior hierárquico máximo daquele grupo/equipa
operacional, que faz o enquadramento institucional do programa. Este primeiro momento
é muito importante porque constitui-se facilitador institucional e, consequentemente,
catalisador de motivação para a participação. De seguida, a equipa de psicólogos descreve
com mais pormenor os objetivos gerais,vantagens do programa, bem como introduz
explicação acerca do equipamento BFB, modo de funcionamento, e necessidade de
preenchimento de fita do tempo, uma vez que os dados psicofisiológicos são recolhidos
em modo de gravação num intervalotemporal alargado. Procura-se estabelecer um espaço
de esclarecimento de dúvidas, obtenção de sugestões e criação de compromisso entre os
elementos e a equipa de psicólogos da PSP, sendo no final recolhidos os consentimentos
informados.
Paralelamente, junto de um grupo restrito de elementos policiais previamente
designados, é facultada formação pela equipa de psicólogos para esses elementos
assumirem a tarefa de colocação e verificação do equipamento do BFB, de forma a
garantir uma leitura mais fidedigna dos dados psicofisiológicos em modo de gravação.
Note-se que a PSP dispõe de equipamentos de BFB (BiofeedbackXpert, Shuhfried),
140 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
lidade (MOT), 2 cabos de elétrodos HRV (HRV-S®), 1 carregador múltiplo
(LADEG2®) e vários elétrodos descartáveis 3M Red Dot 2670-5®, para HRV.
Fase 2 – Avaliação inicial
A Fase 2 pretende conhecer o perl de resposta psicosiológica habitual
dos grupos de operacionais da PSP no exercício de funções na atualidade,
através do recurso ao BFB, e em contexto de laboratório da Divisão de
Psicologia da PSP, recorrendo a provas cognitivas.
As provas cognitivas devem ser selecionadas de acordo com o perl
de competências da função dos operacionais participantes no programa. A
Divisão de Psicologia da PSP dispõe de diversas provas informatizadas,
sendo que para as competências de concentração, memorização, capacidade
de análise e decisão e exibilidade, aplicam-se as seguintes: teste cognitivo,
versão 42.00 – COG (Schuhfried, 2011); teste de deteção de sinais, versão
26.00 – SIGNAL (Schuhfried, 2006a); teste de vigilância, versão 25.00
VIGIL (Schuhfried, 2006b); bateria estrutural da inteligência, versão 27
– INSBAT (Schuhfried, 2012) e teste de raciocínio lógico, versão 24.00 –
FOLO (Schuhfried, 2006c).
O teste cognitivo, versão 42.00 – COG (Schuhfried, 2011), que mede
a atenção e a concentração, tem subjacente o modelo teórico de Reulecke
(1991, cit in Schuhfried, 2011), o qual considera a concentração como um
estado para o qual é necessário regular a energia (o estado de concentração
é cansativo e consome energia). Com efeito, o estado de concentração con-
some recursos energéticos, pelo que não pode ser mantido corretamente de
forma permanente, sendo necessário encontrar um equilíbrio entre a rapidez
e a exatidão das suas respostas, para assim se alcançar um desempenho
ótimo (Schuhfried, 2011). Para além disso, o modelo teórico de Reulecke
(1991, cit in Schuhfried, 2011) considera ainda a função e a qualidade da
concentração na realização da tarefa.
O teste de deteção de sinais, versão 26.00 SIGNAL (Schuhfried,
2006a) mede a capacidade de discriminação visual e capacidade de decisão,
assente na teoria da deteção de sinais num fundo em constante mudança.
A diculdade da tarefa consiste em diferenciar os estímulos corretos num
fundo preenchido por estímulos distratores ou outros sinais que podem
ser confundidos com o estímulo relevante, face a pequenas diferenças de
intensidade, sob pressão de tempo e durante um longo período. A relação
141
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
entre a qualidade do desempenho e a rapidez de realização permite ainda
a observação do estilo de trabalho adotado, na sua vertente controlada e
reexiva, caracterizada por desempenhos lentos, mas exatos, e na sua ver-
tente mais impulsiva, caracterizada por desempenhos rápidos, mas inexatos
(Schuhfried, 2006a).
O teste de vigilância, versão 25.00 VIGIL (Schuhfried, 2006b),
avalia a capacidade de atenção contínua no tempo num cenário onde os
estímulos são irregulares e imprevisíveis, o que provoca uma diminuição
do nível de ativação e um aumento do tempo de latência de reação. Esta
prova foi construída a partir da teoria de ativação neurosiológica, a qual
defende a necessidade de ativação regular do córtex para estimulação das
funções de atenção, porque, caso contrário, quando a estimulação é irregular
e imprevisível, ocorre fadiga psíquica e consequente quebra de desempenho
(Schuhfried, 2006b).
O subteste da memória visual de curto prazo da bateria estrutural da
inteligência, versão 27 – INSBAT (Schuhfried, 2012), que faz apelo à memó-
ria imediata e à sua reprodução correta.
O teste de raciocínio lógico, versão 24.00 – FOLO (Schuhfried, 2006c),
mede o raciocínio lógico indutivo, ou seja, avalia a capacidade para estabe-
lecer uma regra geral a partir de estímulos abstratos especícos, o que pode
ser entendido em referência ao fator g. Nessa medida, o teste dá a conhecer
a capacidade de resolução de problemas do operacional (Schuhfried, 2006c).
Os dados obtidos a partir da aplicação das provas acima referidas per-
mitem conhecer qual o resultado do elemento face ao grupo de amostra de
referência, ou seja, permitem a comparação inter-individual.
Em relação à identidade psicosiológica do operacional, considerou-se
que esta deveria espelhar os diferentes momentos da atividade de treino/
operacional, nomeadamente: linha basal (baseline) estática, treino e inci-
dentes críticos no teatro de operações.
A linha basal (baseline) estática contempla um conjunto de informação
psicosiológica recolhida no início do horário de trabalho, em que se solicita
ao elemento para estar em silêncio, e sem interferência de qualquer estímulo,
durante 5 minutos. Os marcadores psicosiológicos recolhidos servem de
referência para posterior comparação com outras atividades realizadas no
mesmo dia.
O quotidiano de determinados grupos de operacionais é passado a
treinar nas várias vertentes, de forma a manter e elevar os níveis de desem-
penho físico, técnico e tático, a manter e aumentar os índices de conança
142 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
nas suas capacidades individuais e coletivas, e a consolidar novos procedi-
mentos que visam fazer face às novas realidades de intervenção. No âmbito
do treino contínuo, considera-se selecionar exercícios especícos para cada
grupo operacional.
De forma imprevista podem acontecer incidentes críticos, os quais
podem ser avaliados no âmbito psicosiológico.
No âmbito do processo de conceção desta fase, é fundamental a arti-
culação entre a equipa de psicologia e a cadeia de Comando dos grupos
operacionais para a seleção dos exercícios de treino e para autorização da
realização de recolha de dados durante incidentes reais.
Nesta Fase 2, de cada vez que um operacional se liga ao equipamento
BFB, a equipa da psicologia faz o download dos registos psicosiológicos
gravados, através de computador com software compatível e dongle de
licença do BFB (BFB-D®). No sentido de suportar a leitura dos resultados
psicosiológicos são recolhidas as tas do tempo, bem como as chas de
avaliação.
A ta do tempo consiste num documento (impresso fornecido pela
Divisão de Psicologia da PSP) onde é solicitado a cada operacional a dis-
criminação das atividades realizadas no dia, por ordem cronológica, bem
como a avaliação subjetiva da satisfação e energia sentidas na realização
de cada uma das atividades descritas, numa escala de Likert cujos pontos
variam entre 1 (nenhuma satisfação) e 6 (muita satisfação).
A cha de avaliação visa recolher o desempenho observado em cada
uma das atividades realizadas no âmbito do treino tipo, bem como o registo
de condições adversas que poderão inuenciar o referido desempenho (por
exemplo, condições atmosféricas, alterações do sono, toma de bebidas esti-
mulantes). O preenchimento desta cha é da responsabilidade de cada ope-
racional, permitindo os dados recolhidos o estudo de variáveis de natureza
comportamental.
Depois de efetuado o download dos registos psicosiológicos, são
registadas na ta do tempo os indicadores psicosiológicos previamente
selecionados pela equipa de psicólogos, para cada uma das atividades escri-
tas na ta do tempo, nomeadamente: batimentos cardíacos consecutivos
(intervalos RR), frequência cardíaca (HR); desvio padrão dos intervalos
entre batimentos sinusais normais (SDNN); índice de stresse medido pelo
equipamento Biofeedback Xpert, Shuhfried (SI); percentagem de intervalos
NN adjacentes que diferem por mais de 50 ms (pNN50); frequência cardíaca
que varia entre um batimento cardíaco e o seguinte (RMSSD); frequência
143
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
alta (HF); frequência baixa (LF); frequência muito baixa (VLF); proporção
entre frequência baixa e frequência alta (LF/HF). Resumidamente, todos
estes indicadores expressam níveis de stresse siológico e/ou a adequada
adaptação à tarefa e reposição do equilíbrio psicosiológico.
Após a recolha de todos estes dados, os resultados do desempenho
psicosiológico são devolvidos a cada um dos participantes em setting indi-
vidual, com garantia de absoluta condencialidade. Para melhor compre-
ensão dos resultados, a equipa de psicólogos desenvolveu um método de
devolução através ilustração gráca da curva de resposta entre 3 momentos
por atividade: i) instrução; ii) execução e iii) recuperação. O operacional
identica, então, os pontos fortes e os pontos a melhorar, e mostra interesse
em avançar para a fase seguinte.
Fase 3 – Intervenção individual e grupal
A Fase 3 integra o eixo corpo-cérebro-mente e contempla intervenção
individual e em grupo, com recurso ao BFB, baseada nos pressupostos
teóricos descritos anteriormente.
Esta fase inicia-se com uma apresentação especíca do programa junto
de um grupo restrito de operacionais, onde se descrevem, em maior detalhe,
as técnicas de treino individual e de grupo, e onde se dene a periodicidade
e o procedimento logístico dos treinos. Nesta apresentação reforça-se a
importância da devolução de resultados individuais, no âmbito da aprendi-
zagem, e o estabelecimento de metas progressivas para o alcance do melhor
desempenho. No que respeita às sessões de grupo, os elementos inscrevem-se
numa cha, onde estão agendadas as sessões que, posteriormente, é xada
no local onde se realiza a intervenção.
Na vertente de intervenção individual são acordadas metas especícas
a alcançar, de acordo com a avaliação realizada na fase anterior, enqua-
dradas num plano de treino onde se pretende otimizar as competências de
auto-regulação, através do BFB, com sensor Multi-S2 e possibilidade de
ligação ao Point RESP e EMG, para além do EDA. Visa-se, assim, submeter
o elemento operacional a estímulos positivos e negativos que, por sua vez,
vão gerar reações no corpo e na mente, e dessa forma tornar consciente as
mudanças nos índices psicosiológicos. Assim, tendo maior consciência
das mudanças psicosiológicas, é possível treinar, à luz da aprendizagem
através do condicionamento operante, no sentido de voluntariamente criar
144 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
as reações psicosiológicas desejadas, com o objetivo último de alcançar
ou se manter no nível ótimo de desempenho individual (Figura 3).
Figura 3. Treino de Competências de Auto-Regulação através do BFB
Fonte: Adaptado de Blumenstein & Bar-Eli (2001)
A fase 3 intervenção individual foi desenvolvida com base em
diferentes estudos (Beauchamp et al., 2012; Blumenstein & Weinstein,
2011; Dupee & Werthner, 2011) e integra 3 etapas:1) laboratório; 2) tran-
sição e 3) setting de treino.
A primeira etapa visa identicar o controlo respiratório adequado a
cada operacional, tendo como objetivo atingir a coerência cardíaca através
de exercícios de respiração, em contexto de treino em laboratório. É um
treino de variabilidade da frequência cardíaca, numa frequência entre 0.1 e
0.15Hz, para otimizar o grau de ordem, harmonia e estabilidade entre diversas
atividades rítmicas do organismo.
A segunda etapa visa fazer a transição entre o treino em laboratório e
o treino em setting. Pretende-se adquirir maior controlo do SNA e atingir
nível ótimo de operacionalidade, através da técnica de inoculação de stresse e
distratores, com grau de complexidade e diculdade crescentes, e com provas
neuropsicológicas adaptadas ao contexto operacional. Trata-se de um treino
acoplado por vídeo, através da inserção de imagens do próprio elemento em
Pág. 15
o objetivo último de alcaar ou se manter no nível ótimo de desempenho individual
(Figura 3).
Figura 3. Treino de Competências de Auto-Regulação através do BFB
Fonte: Adaptado de Blumenstein & Bar-Eli (2001)
A fase 3 intervenção individual foi desenvolvida com base em diferentes estudos
(Beauchamp et al., 2012; Blumenstein & Weinstein, 2011;Dupee & Werthner, 2011) e
integra 3 etapas:1) laboratório; 2) transição e 3) setting de treino.
Aprimeira etapa visa identificar o controlo respiratório adequado a cada operacional,
tendo como objetivo atingir a coencia cardíaca atras de exercícios de respiração, em
contexto de treino em laboratório. É um treino de variabilidade da frequência cardíaca,
numa frequência entre 0.1 e 0.15Hz, para otimizar o grau de ordem, harmonia e
estabilidade entre diversas atividades rítmicas do organismo.
A segunda etapa visa fazer a transição entre o treino em laboratório e o treino em
setting. Pretende-se adquirir maior controlo do SNA e atingir nível ótimo de
operacionalidade, atras da técnica de inoculação de stresse e distratores, com grau de
complexidade e dificuldade crescentes, e com provas neuropsicológicas adaptadas ao
contexto operacional. Trata-se de um treino acoplado por vídeo, atras da inserção de
imagens do próprio elemento em exercício de treino e operacional, com os principais
objetivos de: a) avaliar indicadores de stresse, em função do procedimento defeedback
145
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
exercício de treino e operacional, com os principais objetivos de: a) avaliar
indicadores de stresse, em função do procedimento de “feedback duplo”;
b) identicar momentos especícos de excitação psicosiológica e simulta-
neamente analisar o seu comportamento nesses momentos. Sinoticamente,
consiste em treino de auto-regulação em laboratório, com análise e devo-
lução de resultados, o que inclui grau de evolução quanto à otimização das
competências, de forma a estabelecer novas metas e objetivos individuais.
Por m, a terceira etapa visa o aumento da performance e da resiliência
mental em ambiente o mais próximo possível do contexto real, no sentido de
desenvolver competências psicológicas para lidar com diferentes realidades
como diferencial em melhores níveis de desempenho biopsicossociais e
prossionais. Consiste em repetir os treinos de diferentes níveis de comple-
xidade (sobretudo emocional) em setting de treino, de forma independente
e recorrendo autonomamente às técnicas trabalhadas em todas as sessões
anteriores.
Atendendo a que a intervenção individual é concebida de acordo com as
necessidades de desenvolvimento individuais, bem como com a motivação
e o grau de investimento colocado por parte do elemento operacional no
plano de treino, não é possível estimar, à partida, qual o número máximo
de sessões. Ainda assim, diversos estudos defendem o mínimo de 4 dias de
treino intensivo (Andersen & Gustafsberg, 2016), 5 sessões ao longo de 2
semanas intensivas (Edmonds et al., 2008) ou sessões semanais durante 10
semanas (Arnetz et al., 2009).
A intervenção em grupo foi desenvolvida com base noutros estudos
(Colzato, Szapora, & Hommel, 2012; Joyce-Moniz, 2010; Khazan, 2013).
Contempla uma vertente de psicoeducação da siologia do stresse para
melhor conhecimento da resposta de stresse e aquisição de maior controlo
no corpo, bem como uma vertente de intervenção com técnicas de atenção
plena e técnicas de relaxamento psicosiológico (técnica do relaxamento
muscular progressivo, protocolos relaxamento, respiração, relaxamento mus-
cular passivo, treino autogénico, exercícios de imaginação guiada). Quando
possível e necessário, podem ainda ser consideradas técnicas de coesão do
grupo. Para aumentar a adesão, a estratégia implementada foi a de organi-
zar as sessões por níveis, assumindo duas funções simultaneamente: a de
estrutura, no sentido em que a sessão anterior constitui pré-requisito para a
frequência da seguinte e, a de hierarquia, aludindo à ideia de quem está no
nível 2 está mais avançado em relação ao nível 1 e assim sucessivamente.
146 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
Fase 4 – Avaliação nal
A Fase 4 corresponde à avaliação nal. A investigação nesta área tem
evoluído no sentido de privilegiar estudos de natureza qualitativa e estudos
de caso, com recurso a técnicas ideográcas e a instrumentos avaliadores do
desempenho em detrimento das medidas de autorrelato, em contexto apli-
cado, preferencialmente de forma longitudinal (Gouveia, 2001; Tenenbaum
& Bar-Eli, 1995; Vealey, 1994). Nesta linha, considera-se que os programas
com maior probabilidade de sucesso são aqueles que cumprem com os
requisitos metodológicos referidos anteriormente (Beauchamp et al., 2012).
Assim, considera-se fundamental medir não só o desempenho nal de
cada elemento policial, utilizando para o efeito os mesmos instrumentos
e medidas da Fase 2, mas também medir a ecácia do próprio programa
recorrendo à observação clínica, à avaliação psicométrica da performance
e das competências psicosiológicas, e a análises estatísticas reveladoras
da ecácia do programa. Deste modo, pretende-se saber se, de facto, o
investimento no treino psicosiológico e os seus ganhos ao nível do eixo
corpo-cérebro-mente se reetem numa capacidade adquirida e internalizada,
pelo que, adicionalmente, é necessário calcular o índice de mudança ável
(reliable change index – RCI3), bem como, a mudança clinicamente signi-
cativa4 (Jensen et al., 2010; Shauenburg & Strack, 1999; Tingey et al., 1996).
Em resumo, o Quadro 1 sintetiza o programa Up‑Mind, com as suas
4 fases e etapas.
3 O RCI consiste na diferença mínima estaticamente signicativa entre o valor
inicial e o valor nal obtido com o programa, que é necessário obter para se considerar
que determinada melhoria é ável (Shauenburg & Strack, 1999; Tingey et al., 1996).
4 O conceito de mudança clinicamente signicativa implica que os valores
observados no elemento policial não são estatisticamente áveis (excedem o erro
estimado da medida do instrumento), como também se situam abaixo do ponto de corte
denido como ponto de referência comparativo entre a população policial e a população
da amostra normalizada (Shauenburg & Strack, 1999; Tingey et al., 1996).
147
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
Pág. 18
Quadro 1. Síntese do programa UP-Mind
FASE OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS OPERACIONALIZAÇÃO REDE DE COMANDO EQUIPA DE PSICÓLOGOS
1APRESENTAÇÃO E
FORMAÇÃO
-Apresentação do programa
aum grupo de operacionais
-Formação junto de um
grupo reduzido
-Divulgação junto do efetivo
operacional
-Apoio e incentivo à participação do
efetivo no programa (dimensão
motivacional)
- Apresentação das técnicas e das fases do programa, incluindo
devolução de resultados e metas
-Recolha do consentimento informado
-Necessidade de preenchimento da fita de tempo e da ficha d e
avaliação
-Formação aos elementos designados, para manuseamento do BFB;
- Disponibilização dos equipamentos BFB
2AVALIAÇÃO
INICIAL
Linha basal -Ligação ao BFB, com cabo HRV-S
no peito
-Preenchimento adequado da fita de
tempo -Leitura, análise e devolução individ ual dos resultados.
Treino
-Plano de treino previamente
definido
-Ligação (+ 3H) ao biofeedback,
com cabo HRV-S no peito
-Definição de metas e objetivos
claros e generalizáveis a todo o
efetivo, para eliminar variáveis
parasitas no procedimento
-Preenchimento adequado da fita de
tempo e da ficha de avaliação
-Leitura, análise e devolução individual dos resultados;
- Identificação dos pontos fortes e das necessidades de
desenvolvimento
Incidentes críticos no teatro
de operações
-Ligação ao BFB, com cabo HRV-S
no peito
-Preenchimento adequado da fita de
tempo
-Leitura, análise e devolução individual dos resultados
- Identificação dos pontos fortes e das necessidades de
desenvolvimento
Provas Cognitivas
-Provas VTS em laboratório -Realização das provas -Leitura, análise e devolução individual dos resultados
- Identificação dos pontos fortes e das necessidades de
desenvolvimento
3
APRESENTAÇÃO
ESPECÍFICA
Apresentação da Fase 3 aos
operacionais que cumpriram
a fase anterior
-Ligação ao BFB, com sensor Multi-
S2 e possibilidade de ligação ao Point
RESP e EMG, para além do EDA
- Inscrição voluntária nas sessões de
grupo e ter disponibilidade na
calendarização das sessões
individuais
- Apresentação das técnicas de treino individual e de grupo, e
definição da periodicidade e do procedimento logístico, incluindo
devolução de resultados e metas
TREINO EM GRUPO Intervenção através de
psicoeducação
-Sessão de psicoeducação e treino de
práticas em grupo, de atenção plena,
de relaxamento psicofisiológico e de
coesão do grupo
- Disponibilizar sala para aplicação
da sessão de psicoeducação e técnicas
em grupo
-Baseline estática individual com duração de 5 minutos antes e
após a intervenção
- Análise dos resultados psicofisiológicos das práticas, em cada
sessão
TREINO
INDIVIDUAL
Intervenção enquadrada num
plano de treino
-Treino com recurso ao BFB com
técnica de inoculação de stresse e
distratores
- Disponibilizar setting de treino
-Conceção do plano de treino, de acordo com os resultados
individuais da Fase 2
-Leitura, análise e devolução individual dos resultados
- Identificação dos pontos fortes e das necessidades de
desenvolvimento
4 AVALIAÇÃO FINAL Repetição do protocolo da Fase 2
Avaliação da eficácia do programa
Quadro 1. Síntese do programa UP‑Mind
148 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
Conclusão e implicações teóricas e práticas
O programa Up‑Mind baseou-se no pressuposto de que, paralelamente
ao treino físico, técnico e tático-policial, é necessário o treino das compe-
tências psicosiológicas, com vista à promoção da saúde e otimização da
performance, através de um treino especíco para os grupos operacionais
da Polícia portuguesa. Assim, após a identicação das necessidades espe-
cícas de cada elemento operacional (tendo como referência o perl de
competências do seu grupo prossional), decorrente da avaliação realizada
tanto em cenário simulado como em contexto real, pretende-se submeter os
operacionais ao treino das competências de auto-regulação, com recurso ao
equipamento BFB, no sentido da excelência do desempenho policial. Para
além disso, avalia-se também a ecácia do próprio programa, o que permite
ajustamentos e melhorias sucessivas.
Teoricamente o programa é inovador pelas seguintes razões:
Não se conhecem outros programas nas forças de segurança por-
tuguesas;
Por avaliar o desempenho psicosiológico, mais especicamente,
em exercícios do quotidiano em contexto de treino, como também
em incidentes críticos no teatro de operações;
Integra a fase de avaliação e a fase de treino de otimização de per-
formance num único programa;
Avalia a ecácia do programa no âmbito do ciclo da melhoria contínua;
Porque todas as fases são suportadas por dados recolhidos que pro-
piciam uma base empírica de validação à luz do método cientíco;
E, nalmente, por integrar uma equipa multidisciplinar que combina
sinergias entre a psicologia e as ciências policiais, complementando
a interpretação dos dados recolhidos, com base na experiência em
áreas como a psicosiologia, neuropsicologia, gestão do stresse,
intervenção em crise, ciências policiais e métodos de investigação
cientíca.
No que se refere às implicações práticas, os resultados obtidos na fase
de avaliação, por reetirem a identidade psicosiológica dos operacionais,
podem constituir valores de referência para futuros processos de seleção,
bem como servir de condição pré-mórbida em diferentes contextos, desig-
nadamente regressos de missões internacionais, acidentes de trabalho e
reingressos para o exercício de funções operacionais (e.g.: licenças sem ven-
149
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
cimento; incapacidade temporária para o exercício de funções operacionais).
É relevante sublinhar que o programa pode ser aplicado a diversas forças
policiais para promoção da saúde física e psicológica, contribuindo para a
relação estabelecida entre o procedimento operacional e a resposta de quali-
dade interna (conforme apresentado anteriormente). Além disso, numa fase
em que as forças policiais desempenharam um papel relevante no combate à
pandemia da COVID-19, com funções modicadas e de elevada sobrecarga
física e emocional, o impacto psicológico desta situação pode estar agora
a revelar-se em termos de aumento de níveis de stresse e de problemas de
saúde mental (Borovec et al., 2021; Brown, & Fleming, 2021; Craddock
& Telesco, 2022; Frenkel et al., 2021; Tehrani, 2022), sendo fundamental
prevenir impactos futuros e estimular uma adequada gestão do stresse.
Assim, em conjunto com os movimentos de interesse dos próprios
operacionais, a equipa de psicólogos da PSP identicou a necessidade de
mudança de paradigma centrado no corpo para dar permissão ao trabalho na
mente. Neste sentido, o programa Up‑Mind desaa as leis da psicologia na
abordagem à mente pelo corpo, como a relação da psicologia e dos psicólo-
gos com os operacionais da polícia, descartando mitos e crenças negativas
e estimulando a parceria concretizada neste novo (re)encontro.
Referências
Amaranto, E., Steinberg, J., Castellano, C., & Mitchell, R. (2003). Police stress
interventions. Brief Treatment and Crisis Intervention, 3(1), 47–54. https://doi.
org/ 10.1093/brief-treatment/mhg001
Anders, R., Petignat, L., Salathé, C., Samson, A.C., & Putois, B. (2022). Proling
police forces against stress: Risk and protective factors for post-traumatic stress
disorder and burnout in police ocers. International Journal of Environmental
Research and Public Health, 19, 9218. https://doi.org/10.3390/ijerph19159218
Anderson, G. S., Litzenberger, R., & Plecas, D. (2002). Physical evidence of police
ocer stress. Policing: An International Journal, 25(2), 399-420. https://doi.
org/10.1108/13639510210429437
Andersen, J. P., Papazoglou, K., Koskelainen, M., Nyman, M., Gustafsberg, H., &
Arnetz, B. B. (2015). Applying resilience promotion training among special forces
police ocers. SAGE Open, 1-8. https://doi.org/10.1177/2158244015590446
Andersen, J. P., & Gustafsberg, H. (2016). A training method to improve police use
of force decision making: A randomized controlled trial. SAGE Open, 6, 1-13.
https://doi.org/10.1177/2158244016638708
150 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
Andersen, J. P., Di Nota, P. M., Beston, B., Boychuck, E. C., Gustafsberg, H.,
Poplawski, S., et al. (2018). Reducing lethal force errors by modulating police
physiology. Journal Occupational Environment Medicine, 60, 867-874. https://
doi.org/10.1097/JOM.00000000001401
Arnetz, B. B., Arble, E., Backman, L., Lynch, A., & Lublin, A. (2013). Assessment
of a prevention program for work-related stress among urban police ocers.
International Archives of Occupational and Environmental Health, 86, 79-88.
https://doi.org/10.1108/13639510210429437
Arnetz, B. B., Nevedal, D. C., Lumley, M. A., Backman, L., & Lublin, A. (2009).
Trauma resilience training for police: Psychophysiological and performance
effects. Journal of Police and Criminal Psychology, 24, 1-9. https://doi.
org/10.1007/s11896-008-9030-y
Beauchamp, M.K., Harvey, R.H., & Beauchamp, P.H. (2012). An integrated biofeed-
back and psychological skills training program for Canada’s Olympic short-track
speedskating team. Journal of Clinical Sport Psychology, 6(1), 67-84. https://
journals.humankinetics.com/view/journals/jcsp/6/1/article-p67.xml
Blumberg, D.M., Papazoglou, K., & Schlosser, M.D. (2022). The POWER manual:
A step-by-step guide to improving police ocer wellness, ethics, and resil
ience. Washington, DC: American Psychological Association. https://doi.
org/10.1037/0000272-000
Blumenstein, B., & Bar-Eli, M. (2001). A ve-step approach for biofeedback train-
ing in sport. Sport Wissenschaft, 31, 343-354.
Blumenstein, B., & Weinstein, Y. (2011). Biofeedback training: Enhancing athletic
performance. Biofeedback, 39(3), 101–104. https://doi.org/10.5298/1081-5937-
39.3.07
Bompa, T. O. (2002). Treinamento total para jovens campeões. São Paulo: Manole.
Borovec, K., Fabris, S.D., & Jakupovic, A. (2021). Impact of stress caused by
the covid-19 pandemic on the work and conduct of police ocers in stressful
emergency situations. European Law Enforcement Research Bulletin (CEPOL),
5, 2-12.
Brammer, J.C., Peer, J.M., Michela, A., Rooij, M., Oostenveld, R., Klumpers, F., et
al. (2021). Breathing biofeedback for police ocers in stressful virtual environ-
ment: Challenges and opportunities. Frontiers Psychology, 12, 1-9. https://doi.
org/10.3389/fpsyg.2021.586553
Brouzos, A., Vassilopoulos, S., Romosiou, V., Stavrou, V., Tassi, C., Baourda, V.,
& Brouzou, K. (2021). ‘Stay Safe-Feel Positive’ on the frontline: An online
positive psychology intervention for police ocers during the COVID-19 pan-
demic. Journal of Positive Psychology, 1-11. https://doi.org/10.1080/1743976
0.2021.1975161
Brown, J. M., & Campbell, E. A. (1994). Stress and policing: Sources and strate‑
gies. Chichester: John Wiley & Sons.
151
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
Brown, J., & Fleming, J. (2021). Exploration of individual and work- related impacts
on police ocers and police sta, working in oce-based or front-line roles,
during the UK’s rst COVID lockdown. The Police Journal: Theory, Practice
and Principles, 1–23. https://doi.org/10.1177/0032258X21105289
Campbell, H.L. (2022). Biofeedback and Neurofeedback Applications for Military
and Law Enforcement (31 august 2022). Disponível em https://biofeedback-
international.com/biofeedback-and-neurofeedback-applications-for-military-
and-law-enforcement/
Carleton, N., Afifi, T., Turner, S., Taillieu, T., Duranceau, S., LeBouthillier,
D., et al. (2018). Mental disorder symptoms among public safety person-
nel in Canada. Canadian Journal of Psychiatry, 28, 54-64. https://doi.
org/10.1177/0706743717723825
Carleton, R.N., A, T.O., Taillieu, T., Turner, S., Krakauer, R., Anderson, G., et al.
(2019). Exposures to potentially traumatic events among public safety personnel
in Canada. Canadian Journal of Behavioural Science / Revue canadienne des
sciences du comportement, 51(1), 37-52. https://doi.org/10.1037/cbs0000115
Cohen, A., Tenenbaum, G., English, R. W. (2006). Emotions and golf performance :
An IZOF-based applied sport psychologuy case study. Behavior Modication,
30(3), 259-280. https://doi.org/10.1177/0145445503261174
Colzato, L. S., Szapora, A., & Hommel, B. (2012). Meditate to create: The
impact of focused-attention and open-monitoring training on convergent and
divergent thinking. Frontiers in Psychology, 3, 116. https://doi.org/10.3389/
fpsyg.2012.00116
Craddock, T., & Telesco, G. (2022). Police stress and deleterious outcomes: Eorts
towards improving police mental health. Journal of Police and Criminal Psy‑
chology, 37, 173–182. https://doi.org/10.1007/s11896-021-09488-1
Crews, D. J., & Landers, D. M. (1993). Electroencephalographic measures of atten-
tional patterns prior to the golf putt. Medicine & Science in Sports & Exercise,
25(1), 116–126. https://doi.org/10.1249/00005768-199301000-00016
Crews, D. J., Lochbaum, M. R., & Karoly, P. (2001). Self-regulation: Concepts, meth-
ods, and strategies in sport and exercise. In R. Singer, H. Hausenblas, & C. Janelle
(Eds.), Handbook of Sport Psychology (pp. 566-58). New York: John Wiley.
Di Nota, P., & Huhta, J-M. (2019). Complex motor learning and police training:
Applied, cognitive, and clinical perspectives. Frontiers in Psychology, 10, 1-20.
https://doi.org/10.3389/fpsyg.2019.01797
Dickerson, S.S., & Kemeny, M.E. (2004). Acute stressors and cortisol responses:
A theoretical integration and synthesis of laboratory research. Psychological
Bulletin, 130(3), 355–391. https://doi.org/10.1037/0033-2909.130.3.355
Dupee, M., & Werthner, P. (2011). Managing the stress response: The use of bio-
feedback and neurofeedback with Olympic athletes. Biofeedback, 39(3), 92-94.
https://doi.org/10.5298/1081-5937-39.3.02
152 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
Edmonds, W., Tenenbaum, G., Mann, D., Johnson, M., & Kamata, A. (2008). The
eect of biofeedback training on aective regulation and simulated car-racing
performance: A multiple case study analysis. Journal of Sports Sciences, 26(7),
761-773. https://doi.org/10.1080/02640410701813068
Filho, E., Moraes, L., & Tenenbaum, G. (2008). Aective and physiological states
during archery competitions: Adopting and enhancing the probabilistic method-
ology of individual aect-related performance zones (IAPZs). Journal of Applied
Sport Psychology, 20, 441-456. https://doi.org/10.1080/10413200802245221
Frenkel, M., Giessing, L., Egger-Lampl, S., Hutter, V., Oudejans, R., Kleygrewe,
L., & Plessner, H. (2021). The impact of the COVID-19 pandemic on European
police ocers: Stress, demands, and coping resources. Journal of Criminal
Justice, 72, 101756. https://doi.org/10.1016/j.jcrimjus.2020.101756
Galanis, P., Fragkou, D., & Katsoulas, T. A. (2021). Risk factors for stress among
police ocers: A systematic literature review. Work, 68(4), 1255-1272. https://
doi.org/10.3233/WOR-213455
Goleman, D., & Davidson, R. (2018). Altered traits: Science reveals how meditation
changes your mind, brain, and body. New York: Avery Books.
Gouveia, M. J. (2001). Tendências da investigação na psicologia do desporto,
exercício e actividade física. Análise Psicológica, 1(XIX), 5-14. https://doi.
org/10.14417/ap.339
Hateld, B.D., & Hillman, C.H. (2001). The psychophysiology of sport: A mecha-
nistic understanding of the psychology of superior performance. In R.N. Singer,
H.A. Hausenblas, & C.M. Janelle (Eds.), Handbook of Sport Psychology (pp.
362-388). New York: John Wiley.
Jensen, A.E., Bernards, J.R., Jameson, J.T., Johnson, D.C., & Kelly, K.R. (2020).
The benet of mental skills training on performance and stress response in
military personnel. Frontiers in Psychology, 10, 2964. https://doi.org/10.3389/
fpsyg.2019.02964
Jensen, H.H., Mortensen, E.L., & Lotz, M. (2010). Eectiveness of short-term
psychodynamic group therapy in a public outpatient psychotherapy unit. Nordic
Journal Psychiatry, 64, 106-114. https://doi.org/10.3109/08039480903443874
Johnson, B. R. (2008). Crucial elements of police rearms training. New York:
Looseleaf Law Publications.
Joyce-Moniz, L. (2010). Hipnose, meditação, relaxamento, dramatização. Técnicas
de sugestão e auto‑sugestão. Porto: Porto Editora.
Khazan, I. (2013). The clinical handbook of biofeedback. A step‑by‑step guide for
training and practice with mindfulness. Oxford: Wiley-Blackwell.
Kirschenbaum, D.S. (1984). Self-regulation and sport psychology: Nurturing an
emerging symbiosis. Journal of Sport Psychology, 6(2), 159-183.
LeBlanc, V.R., Regehr, C., Jelley, R.B., & Barath, I. (2008). The relationship between
coping styles, performance, and responses to stressful scenarios in police
153
Up‑Mind: um programa de treino para otimização de competências...
recruits. International Journal of Stress Management, 15(1), 76–93. https://
doi.org/10.1037/1072-5245.15.1.76
Lehrer, P.M., & Gevirtz, R. (2014). Heart rate variability biofeedback: How and
why does it work? Frontiers Psychology, 5, 756. https://doi.org/10.3389/
fpsyg.2014.00756
Lovallo, W.R. (2016). Stress and health: Biological and psychological interactions.
3rd Ed. Thousands Oaks, CA: SAGE.
Marques-Teixeira, J. (2022). Neurofeedback: Aspetos teóricos e práticos. Lisboa: Taiga.
McCraty, R., & Atkinson, M. (2012). Resilience training program reduces physi-
ological and psychological stress in police ocers. Global Advances in Health
and Medicine,1(5), 42-64. https://doi.org/10.7453/gahmj.2012.1.5.013
Mendes, M.L., Patrão, A., Silva, J., Passos, F., & Queirós, C. (2021). Estudo sobre
indicadores de ecácia e aumento de competências no treino do GOE: Relatório
anual de 2021. Belas, Sintra: Divisão de Psicologia da Direção Nacional da
Polícia de Segurança Pública.
Michela, A., Peer, J.M., Brammer, J.C., Nies, A., Rooij, M., Oostenveld, R., Dor-
restijn, W., Smit, A.S., Roelofs, K., Klumpers, F., & Granic, I. (2022). Deep-
Breathing biofeedback trainability in a virtual-reality action game: A single-case
design study with police trainers. Frontiers in Psychology, 13:806163. https://
doi.org/10.3389/fpsyg.2022.806163
Neves, J. G., Garrido, M., & Simões, E. (2008). Manual de competências pessoais,
interpessoais e instrumentais. Lisboa: Edições Sílabo.
Nieuwenhuys, A., & Oudejans, R. (2010). Eects of anxiety on handgun shooting
behaviour of police ocers: A pilot study. Anxiety, Stress and Coping, 23, 225-
233. https://doi.org/10.1080/10615800902977494
Nygren, M., & Karp, S. (2010). Stress and Stress Management in Policing A cross‑
sectional analysis of the literature in the eld. Working Paper 21. Geneva:
International Police Executive Symposium, Geneva Centre for the Democratic
Control of Armed Forces.
Papazoglou, K., & Blumberg, D.M. (2020). Power: Police ocer wellness, ethics,
and resilience. San Diego: Elsevier.
Patrão, A., Mendes, M.L., Silva, J., Passos, F., & Queirós, C. (2020). Manual de
boas práticas na seleção e assessoria do grupo de operações especiais: À
procura da excelência da ultima ratio. [Documento não publicado]. Polícia de
Segurança Pública.
Patterson, G., Chung, I., & Swan, P. (2012). The eects of stress management
interventions among police ocers and recruits. Campbell Systematic Reviews,
2012(7). https://doi.org/10.4073/csr.2012.7
Pereira, A., & Queirós, C. (2021). O Stresse e as suas consequências na saúde e
no bem-estar. In I. Leal & J.L. Pais-Ribeiro (Eds.), Manual de Psicologia da
Saúde (pp.137-145). Lisboa: Pactor.
154 Politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais
Planche, K., Chan, J., Di Nota, P. M., Beston, B., Boychuck, E. C., Collins, P., et al.
(2019). Diurnal cortisol variation according to high-risk occupational special-
ity within police: comparisons between frontline, tactical ocers, and general
population. Journal Occupational Environment Medicine, 61, 260-265. https://
doi.org/10.1097/JOM.0000000000001591
Queirós, C., Passos, F., Bártolo, A., Marques, A.J., Silva, C.F., & Pereira, A. (2020).
Burnout and stress measurement in police ocers: Literature review and a
study with the operational police stress questionnaire. Frontiers in Psychology,
11(587). https://doi.org/10.3389/fpsyg.2020.00587
Rabbing, L., Bjorkelo, B., Fostervold, K. I., Stromme, H., & Lau, B. (2022). A scop-
ing review of stress measurements and psychometry in police research. Journal
of Police and Criminal Psychology, 37(2), 457-482. https://doi.org/10.1007/
s11896-022-09498-7
Schauenburg, H., & Strack, M. (1999). Measuring psychotherapeutic change with the
symptom checklist SCL 90 R. Psychotherapy and Psychosomatics, 68, 199-206.
Schuhfried, G. (2006a). Teste de Deteção de Sinais. Vienna Test System. Lisboa:
Infoteste.
Schuhfried, G. (2006b). Teste de Vigilância. Vienna Test System. Lisboa: Infoteste.
Schuhfried, G. (2006c). Teste de Raciocínio Lógico. Vienna Test System. Lisboa: Infoteste.
Schuhfried, G. (2011). Teste Cognitivo. Vienna Test System. Lisboa: Infoteste.
Schuhfried, G. (2012). Bateria Estrutural da Inteligência. Vienna Test System. Lis-
boa: Infoteste.
Schuhfried, G. (s/d). Biofeedback Xpert. Retirado de https://www.infoteste.pt/cata-
logos/Catalog%20BFB.pdf, em 5 de novembro de 2020.
Tehrani, N. (2022). The psychological impact of COVID-19 on police ocers. The
Police Journal, 95(1), 73-87. https://doi.org/10.1177/0032258X211039975
Tenenbaum, G., & Bar-Eli, M. (1995). Contemporary issues in exercise and sport
psychology research. European Perspectives on Exercise and Sport Psychol
ogy, 292-323.
Thayer, J.F., & Sternberg, E. (2006). Beyond heart rate variability: Vagal regula-
tion of allostatic systems. Annals of the New York Academy of Sciences, 1088,
361-372. https://doi.org/10.1196/annals.1366.014
Tingey R.C., Lambert, M.J., Burlingame, G.M., & Hansen, N.B. (1996). Assessing
clinical signicance: Proposed extensions to method. Psychotherapy Research,
6, 109-123.
Vealey, R.S. (1994). Current status and prominent issues in sport psychology inter-
ventions. Medicine & Science in Sports & Exercise, 26(4), 495–502. https://
doi.org/10.1249/00005768-199404000-00015
World Health Organization (2022). Mental Health and COVID‑19: Early evidence
of the pandemic’s impact: Scientic brief (2 March 2022). In https://www.who.
int/publications/i/item/WHO-2019-nCoV-Sci_Brief-Mental_health-2022
ResearchGate has not been able to resolve any citations for this publication.
Article
Full-text available
Police officers are frequently exposed to highly stressful situations at work and have an increased risk to develop symptoms of post-traumatic stress disorder (PTSD) and burnout (BO). It is currently not well understood which officers are most at risk to develop these disorders. The aim of this study was to determine which coping strategies and personality traits could act as protective or risk factors in relation to PTSD and BO. The second aim, in the interest of designating preventive and therapeutical measures, was to determine whether certain profiles of police officers could be identified as high risk for developing mental disorders. Herein, 1073 French-speaking police officers in Switzerland reported in an online survey about their PTSD and BO symptoms, anxiety, depression, suicide ideation, coping strategies, occupational stress, and personality factors. The cluster analysis highlighted three principal profiles of police officers: those who are not at risk of developing pathologies because they are not exposed or insensitive to these stressors, and those who are, among which personality and coping strategies oriented the risk of developing PTSD or BO. These same protective and risk factors were also corroborated in the linear and logistic regression analyses. These results may suggest that a crucial opportunity for mitigating mental health issues in the force could consist of screening recruits for risk-related personality traits and orienting them towards psychological training programs for the development of functional coping strategies.
Article
Full-text available
Despite a growing body of research, there is no systematic body of evidence that establishes the rigour of existing measures of stress among police. The aim of this scoping review was to investigate (1) the diversity of stress measures used in police research and (2) the psychometric properties of such measures and the ways in which they are utilised. The systematic literature search discovered 16,216 records, which were reduced to 442 records of relevance. A total of 20 qualitative and 422 quantitative studies were found to be relevant, including a total of 129 unique measures, of which the majority showed satisfactory reliability (Cronbach’s alpha ≥ 0.80). The identified measures pertain to four main categories: police-specific, perceived stress, psychological and physiological outcomes (including mood and affect changes), and assessment batteries. The measures have a general tendency to emphasise illness, and police-specific stressors pertain mostly to traditional police work. Measures should be chosen based on the aspect of the stress phenomenon that is to be investigated. This study provides detailed recommendations concerning how to use these measures to advance research concerning stress among police.
Article
Full-text available
It is widely recognized that police performance may be hindered by psychophysiological state changes during acute stress. To address the need for awareness and control of these physiological changes, police academies in many countries have implemented Heart-Rate Variability (HRV) biofeedback training. Despite these trainings now being widely delivered in classroom setups, they typically lack the arousing action context needed for successful transfer to the operational field, where officers must apply learned skills, particularly when stress levels rise. The study presented here aimed to address this gap by training physiological control skills in an arousing decision-making context. We developed a Virtual-Reality (VR) breathing-based biofeedback training in which police officers perform deep and slow diaphragmatic breathing in an engaging game-like action context. This VR game consisted of a selective shoot/don’t shoot game designed to assess response inhibition, an impaired capacity in high arousal situations. Biofeedback was provided based on adherence to a slow breathing pace: the slower and deeper the breathing, the less constrained peripheral vision became, facilitating accurate responses to the in-game demands. A total of nine male police trainers completed 10 sessions over a 4-week period as part of a single-case experimental ABAB study-design (i.e., alternating sessions with and without biofeedback). Results showed that eight out of nine participants showed improved breathing control in action, with a positive effect on breathing-induced low frequency HRV, while also improving their in-game behavioral performance. Critically, the breathing-based skill learning transferred to subsequent sessions in which biofeedback was not presented. Importantly, all participants remained highly engaged throughout the training. Altogether, our study showed that our VR environment can be used to train breathing regulation in an arousing and active decision-making context.
Article
Full-text available
As part of the Dutch national science program “Professional Games for Professional Skills” we developed a stress-exposure biofeedback training in virtual reality (VR) for the Dutch police. We aim to reduce the acute negative impact of stress on performance, as well as long-term consequences for mental health by facilitating physiological stress regulation during a demanding decision task. Conventional biofeedback applications mainly train physiological regulation at rest. This might limit the transfer of the regulation skills to stressful situations. In contrast, we provide the user with the opportunity to practice breathing regulation while they carry out a complex task in VR. This setting poses challenges from a technical – (real-time processing of noisy biosignals) as well as from a user-experience perspective (multi-tasking). We illustrate how we approach these challenges in our training and hope to contribute a useful reference for researchers and developers in academia or industry who are interested in using biosignals to control elements in a dynamic virtual environment.
Article
Police officers play an important role in protecting the community. During the COVID-19 pandemic, their role has posed a serious threat to their physical and psychological health and well-being. This study was designed to assess the prevalence of anxiety, depression, PTSD and compassion fatigue in police officers and to identify the factors that predict COVID-19-related physical and mental well-being. As part of a regular health surveillance programme, 3863 police officers recorded their physical exposure to COVID-19 and the extent to which COVID-19 had affected their psychological well-being. The study provides suggestions on developing evidence-based well-being interventions for policing.
Article
Police officers are subjected, daily, to critical incidents and work-related stressors that negatively impact nearly every aspect of their personal and professional lives. They have resisted openly acknowledging this for fear of being labeled. This research examined the deleterious outcomes on the mental health of police officers, specifically on the correlation between years of service and change in worldviews, perception of others, and the correlation between repeated exposure to critical events and experiencing Post-Traumatic Symptoms. The Cumulative Career Traumatic Stress Questionnaire- Revised (Marshall in J Police Crim Psychol 21(1):62−71, 2006) was administered to 408 current and prior law enforcement officers across the United States. Significant correlations were found between years of service and traumatic events; traumatic events and post-traumatic stress symptoms; and traumatic events and worldview/perception of others. The findings from this study support the literature that perpetual long-term exposure to critical incidents and traumatic events, within the scope of the duties of a law enforcement officer, have negative implications that can impact both their physical and mental wellbeing. These symptoms become exacerbated when the officer perceives that receiving any type of service to address these issues would not be supported by law enforcement hierarchy and could, in fact, lead to the officer being declared unfit for duty. Finally, this research discusses early findings associated with the 2017 Law Enforcement Mental Health and Wellness Act and other proactive measures being implemented within law enforcement agencies who are actively working to remove the stigma associated with mental health in law enforcement.
Article
The current study investigated the effectiveness of an online Positive Psychology group intervention for police officers intending to mitigate the psychological impact of the COVID-19 pandemic and to enhance their personal strengths and resilience. Participants were 95 Greek police officers, assigned to the intervention (n = 49) and the control (n = 45) group. All participants completed an online questionnaire at four time-points. The results indicated a significant increase in the intervention group’s empathy, resilience, and positive emotions, as well as a significant decrease in fear of the coronavirus, negative emotions, loneliness, depressive symptoms and anxiety emotions compared to the control group. Changes remained significant in the long-term. The intervention assisted police officers in developing their personal strengths in a difficult period, indicating that personal growth can be triggered even in adverse situations.
Book
"The power of a police officer does not come just from your badge, your gear, or your tactical skills. The power of a police officer comes from your POWER: police officer wellness, ethics, and resilience. The literature is pretty clear. Optimal health involves preserving wellness in many domains of your life: physical, cognitive, emotional, social, and spiritual. The skills described in this book will improve your wellness in these areas, regardless of how healthy you currently are. Beyond these topics, though, optimal health requires you to maintain your personal integrity. Well-being includes taking steps to ensure that your moral compass does not get compromised. There are many moral risks in policing, so this book offers strategies to strengthen your ethical commitments. Finally, no matter how much time and energy you spend staying healthy, sometimes, as the saying goes, shit happens. That is why your POWER requires you to learn and to actively use techniques to boost your resilience. Police work changes those who serve. It’s up to you to make sure that those changes are for the positive; this happens only when you are willing to improve your ability to grow through the adversities."
Article
Background: Stress is common among police personnel leading to several negative consequences. Objective: We performed a systematic literature review to identify risk factors for stress among police officers. Methods: We searched PubMed and Scopus electronic databases through to July 2018 and we conducted this review according to the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) statement. The Newcastle-Ottawa scale was used for studies quality assessment. Results: After selection, 29 cross-sectional studies met the inclusion criteria and included in the review. The average quality of studies was low since no study was rated as having low risk of bias, three studies (10.3%) as moderate risk and 26 studies (89.7%) were rated as having high risk of bias. Stress risk factors were summarized in the following categories: demographic characteristics; job characteristics; lifestyle factors; negative coping strategies and negative personality traits. Conclusions: Identification of stress risk factors is the first step to create and adopt the appropriate interventions to decrease stress among police personnel. The early identification of police officers at higher risk and the appropriate screening for mental health disorders is crucial to prevent disease and promote quality of life.