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Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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INTERVENÇÕES PSICANALÍTICAS COM FAMÍLIAS: METASSÍNTESE
Paula Orchiucci MIURA
1
Ana Letícia Rios Castro ALVES
2
Gisele da Luz Freire SILVA
3
Tainá de Paula GONÇALVES
4
Yasmin Cristini de OLIVEIRA
5
Resumo
Intervenção com famílias no contexto da psicanálise pode promover um ambiente facilitador, que
possibilita um espaço de reflexão e fortalecimento da parentalidade. Objetivou-se identificar,
descrever e analisar as produções acadêmicas acerca da temática de intervenções psicanalíticas com
famílias. Trata-se de uma revisão sistemática do tipo metassíntese. Utilizou-se cinco bases de dados
(BVS, Capes, LILACS, PePSIC e SciELO). A amostra final contou com 18 artigos. Foram identificadas cinco
categorias temáticas: “intervenção psicanalítica com famílias em diferentes contextos”; “intervenções
psicanalíticas com famílias: crianças com TEA ou tendência antissocial”; “intervenções psicanalíticas
em contexto de violência ou vulnerabilidade”; “intervenção psicanalítica no vínculo mãe-bebê”;
“dispositivos psicanalíticos: pesquisa e intervenção”. Constatou-se a importância da escuta
psicanalítica; do holding e suporte oferecido aos pais; do espaço de supervisão para os profissionais e
ao ambiente institucional responsável pelas intervenções; uso de dispositivos psicanalíticos na
pesquisa-intervenção.
Palavras-chave: Intervenções; Família; Psicanálise; Metassíntese.
PSYCHOANALYTIC INTERVENTIONS WITH FAMILIES: METASYNTHESIS
Abstract
Intervention with families in the context of psychoanalysis can promote a facilitating environment,
which provides a space for reflection and strengthening parenting. The objective was to identify,
describe and analyze academic productions on the topic of psychoanalytic interventions with families.
This is a systematic meta-synthesis review. Five databases were used (BVS, Capes, LILACS, PePSIC and
1
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil. E-mail: paula.miura@ip.ufal.br. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-5103-9787
2
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil. E-mail: ana.alves@ip.ufal.br. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-6812-0514
3
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil. E-mail: gisele.silva@ip.ufal.br. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-8228-6588
4
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil. E-mail: taina.silva@ip.ufal.br. ORCID:
https://orcid.org/0009-0005-8893-7248
5
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Maceió, AL, Brasil. E-mail: yasmin.oliveira@ip.ufal.br. ORCID:
https://orcid.org/0009-0006-3437-7465
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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SciELO). The final sample included 18 articles. Five thematic categories were identified: “psychoanalytic
intervention with families in different contexts”; “psychoanalytic interventions with families: children
with ASD or antisocial tendencies”; “psychoanalytic interventions in a context of violence or
vulnerability”; “psychoanalytic intervention in the mother-baby bond”; “psychoanalytic devices:
research and intervention”. The importance of psychoanalytic listening was noted; the holding and
support offered to parents; the supervision space for professionals and the institutional environment
responsible for interventions; use of psychoanalytic devices in intervention research.
Keywords: Interventions; Family; Psychoanalysis; Metasynthesis.
INTERVENCIONES PSICOANALÍTICAS CON FAMILIAS: METASÍNTESIS
Resumen
La intervención con familias en el contexto del psicoanálisis puede promover un ambiente facilitador,
que brinde un espacio para la reflexión y el fortalecimiento de la crianza. El objetivo fue identificar,
describir y analizar producciones académicas sobre el tema de las intervenciones psicoanalíticas con
familias. Esta es una revisión sistemática de metasíntesis. Se utilizaron cinco bases de datos (BVS,
Capes, LILACS, PePSIC y SciELO). La muestra final incluyó 18 artículos. Se identificaron cinco categorías
temáticas: “intervención psicoanalítica con familias en diferentes contextos”; “intervenciones
psicoanalíticas con familias: niños con TEA o tendencias antisociales”; “intervenciones psicoanalíticas
en un contexto de violencia o vulnerabilidad”; “intervención psicoanalítica en el vínculo madre-bebé”;
“Dispositivos psicoanalíticos: investigación e intervención”. Se destacó la importancia de la escucha
psicoanalítica; el abrazo y apoyo ofrecido a los padres; el espacio de supervisión de los profesionales y
del entorno institucional responsable de las intervenciones; Uso de dispositivos psicoanalíticos en la
investigación de intervención.
Palabras-clave: Intervenciones; Familia; Psicoanálisis; Metasíntesis.
INTRODUÇÃO
A parentalidade, sob a ótica da psicanálise, consiste no fruto de operações fundadas a
cada nascimento de um novo filho, numa relação social específica, processo que atravessa a
dicotomia entre as dimensões pública (política) e privada (familiar) (Rosa, 2022).
Na teoria winnicottiana, o núcleo familiar caracteriza-se como elemento fundamental
ao desenvolvimento infantil, sendo por meio daquele que se estabelece o “lar primário”,
trazido por Winnicott e Britton (1947/1984) como um local em que a criança, em tese, deve
ter suas necessidades atendidas, conseguir vivenciar seus próprios impulsos para, a partir
disso, ser capaz de construir sua personalidade (Winnicott, 1986/1999).
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
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Em Freud, a família – no texto “O romance familiar dos neuróticos” (1909/1976) – é
abordada no cenário do drama edipiano, que expressa o dilema humano proveniente da
relação entre lei e desejo. Neste cenário, emergem a mãe e o pai como fundamentais à
constituição subjetiva do indivíduo.
Para Lacan, muito embora a família tenha como função biológica garantir a
sobrevivência dos mais jovens, sua função essencial residiria na transmissão da cultura. Em
“Duas notas sobre a criança”, Lacan (1969/1983, p. 374) destaca a “irredutibilidade de uma
transmissão – que é de uma outra ordem que não a da vida segundo a satisfação das
necessidades, mas é de uma constituição subjetiva, implicando a relação com um desejo que
não seja anônimo”. Essa função tem: a) a condição de se efetivar por um interesse
particularizado voltado à criança; b) um resultado: a transmissão de um nome que representa
o vetor de uma encarnação da Lei no desejo (Rosa & Lacet, 2012).
A intervenção com famílias no contexto da psicanálise pode promover um ambiente
facilitador, que possibilita um espaço de reflexão e fortalecimento da parentalidade, sendo
benéfico tanto para os responsáveis quanto para as crianças e adolescentes, tendo em vista
que somente o fornecimento de alimento, teto e lazer não são suficientes para que uma casa
seja definida como um lar, como apontam Winnicott e Britton (1945/1984, p. 56-57):
Embora essas coisas sejam, sem dúvida, bastante importantes [...] mesmo que sejam
fornecidas em abundância, o essencial estará faltando se os próprios pais, ou os pais
adotivos, ou os guardiões da criança não forem pessoas que assumam a responsabilidade
pelo seu desenvolvimento.
De acordo com a perspectiva winnicottiana (Winnicott, 1952/1958), o indivíduo não
se desenvolve isoladamente. Para que o desenvolvimento ocorra, é necessária a presença de
um outro, de preferência e inicialmente, pertencente ao grupo familiar, de modo que não
existe um bebê que possa apenas nascer e se desenvolver de forma independente sem um
outro que dele cuide, que consiga assumir as funções de nutri-lo, amá-lo e ensiná-lo. Entende-
se, desta forma, que uma intervenção psicanalítica voltada ao núcleo familiar pode
proporcionar uma maior articulação relacional entre os indivíduos, promovendo o
fortalecimento de vínculos e resultando, por conseguinte, no amadurecimento saudável de
seus membros (Olic, 2019; Winnicott, 1986/2021).
Com base na importância do grupo familiar para a constituição do sujeito, a relevância
social e acadêmica da presente pesquisa consistem no aprofundamento da compreensão
científica em torno do tema, de modo que as intervenções com famílias, norteadas pelo
referencial teórico da psicanálise, possam contribuir com os mais diversos cenários de atuação
da psicologia, seja escutando e acolhendo as angústias que emergem no fenômeno parental
em cada sujeito, seja se debruçando sobre os desafios e conflitos presentes nos laços
parentais, que têm se produzido para muito além da díade cuidador-bebê. Pesquisas
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interventivas de cunho psicanalítico com famílias propiciam a oportunidade de compreender
e promover novas formas de pensar sobre o sistema das famílias (sejam elas hetero, homo ou
monoparentais).
Diante do exposto, reitera-se o valor social que pode ser alcançado com as
intervenções psicanalíticas junto às famílias, uma vez que estas trabalham de forma a
contribuir com o desenvolvimento e fortalecimento dos vínculos parentais. Assim, este artigo
teve como objetivo identificar, descrever e analisar as produções acadêmicas acerca da
temática de intervenções psicanalíticas com famílias.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão sistemática da literatura do tipo metassíntese, estratégia
metodológica de caráter bibliográfico bastante utilizada em pesquisas qualitativas. Oliveira et
al. (2015) recomendam cinco etapas para a realização da metassíntese: 1) Exploração:
definição dos descritores e das bases de dados a serem consultadas. 2) Refinamento: leitura
aprofundada dos documentos selecionados, visando identificar os que dizem respeito ao
objeto de pesquisa. 3) Cruzamento: verificação da duplicidade de materiais coletados. 4)
Descrição: apresentação dos dados presentes nos documentos selecionados, tais como tipo
(artigo, dissertação, tese), área do conhecimento, período de publicação, vinculação
institucional, gênero de autoria e/ou características metodológicas das pesquisas. 5) Análise:
exame aprofundado do conteúdo presente no material que compõe a amostra final.
As buscas por produções acadêmicas relacionadas ao tema da intervenção
psicanalítica com famílias foram empreendidas em cinco bases de dados (Biblioteca Virtual de
Saúde – BVS, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde – LILACS,
Periódicos Eletrônicos em Psicologia – PePSIC, Periódicos CAPES, The Scientific Electronic
Library Online - SciELO), por meio da junção de três descritores: “intervenção AND psicanálise
AND famílias”. Não se aplicou filtro referente ao ano de publicação, a fim de tentar abarcar a
maior quantidade possível de produções.
A partir dos dados obtidos e com a amostra selecionada, realizou-se a última etapa da
metassíntese: a leitura aprofundada de cada artigo selecionado. Para a descrição desses
estudos, as pesquisadoras utilizaram um instrumento desenvolvido pelo grupo de pesquisa do
qual fazem parte, que abrange os seguintes campos a serem respondidos: informações sobre
o artigo (ano, idioma e periódico da publicação); informações sobre autoria do artigo (gênero,
área de atuação profissional, vinculação institucional do/a primeiro/a autor/a, procedência da
instituição, tipo de parcerias estabelecidas) e características metodológicas do artigo
(abordagem, tipo de pesquisa, local de realização da pesquisa, coleta de dados, análise de
dados, participantes, financiamento, referencial teórico).
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Os artigos da amostra final foram organizados, tabulados, armazenados no Google
Drive do grupo de pesquisa e explorados na íntegra, visando a identificar as convergências,
divergências e possíveis lacunas existentes entre eles. Em seguida, as publicações foram
agrupadas em tópicos e analisadas em categorias temáticas de acordo com as diretrizes
apresentadas por Minayo (2002) para a orientação da Análise de Conteúdo Temática.
Exploração
Foram selecionadas, inicialmente, as bases de dados on-line a serem consultadas na
revisão de literatura acerca da temática intervenções psicanalíticas com famílias, tendo sido
elas: BVS, Capes, LILACS, PePSIC e SciELO. Em seguida, realizou-se a coleta de dados, utilizando
o recurso de “busca avançada”, que ocorreu no mês de janeiro de 2024, por meio da junção
de três descritores: intervenção AND psicanálise AND famílias.
Os critérios de inclusão foram: artigos como tipo de literatura, publicados em
português, inglês e/ou espanhol, sem período de tempo estipulado (para abranger a maior
quantidade possível de dados) e que abordassem a temática pesquisada. Foram excluídas
dissertações e teses, o que gerou o quantitativo disposto na Tabela 1:
Tabela 1
Resultados das buscas empreendidas nas plataformas BVS, Capes, LILACS, PePSIC e SciELO
Base de
Dados
Descritores:
“intervenção
AND psicanálise
AND famílias”
Repetição
Intradescritores
Repetição
Interdescritores
Artigos
encontrados
Artigos
selecionados
(amostra final
de análise)
BVS
19
3
13
3
0
Capes
46
10
5
31
10
LILACS
17
0
5
12
3
PePSIC
8
0
0
8
4
SciELO
1
0
0
1
1
TOTAL
91
13
23
55
18
Refinamento e Cruzamento
Ao utilizar o conjunto dos três descritores em cada plataforma, conforme disposto na
Tabela 1, foram encontrados 91 artigos: 19 na BVS, 46 na Capes, 17 na LILACS, 8 no PePSIC e
1 no SciELO. Na etapa do cruzamento, com vistas à eliminação de material duplicado,
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constatou-se a presença de 13 repetições intradescritores e 23 repetições interdescritores. Ao
excluir as 36 repetições, foram encontrados, ao todo, 55 estudos. Na fase do refinamento,
foram lidos os títulos, resumos e palavras-chave de todos os estudos para selecionar aqueles
que dissessem respeito à temática pesquisada. Desse modo, compuseram a amostra final de
análise um total de 18 produções acadêmicas sobre intervenções psicanalíticas com famílias.
Vale ressaltar que não se tem a pretensão de abarcar toda a literatura pertinente ao tema,
tratando-se, portanto, de um recorte diante da vasta documentação existente.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Descrição
Características gerais dos artigos
Observados os critérios de seleção, a busca nestas bases de dados resultou em uma
amostra total de dezoito artigos para análise, conforme exposto na Tabela 1, sendo dez
provenientes do Periódicos CAPES, quatro do PePSIC, três do LILACS e um do SciELO.
Os materiais selecionados foram publicados entre os anos de 2007 a 2023; o ano de
2020, dentro deste recorte temporal, apresentou o maior número de publicações, com um
total de quatro artigos, seguido dos anos de 2018, 2021 e 2023, cada qual com dois artigos
publicados. Nos anos de 2007, 2008, 2011, 2013, 2014, 2017, 2019 e 2022, publicou-se um
artigo em cada ano. Além disso, todos estavam disponíveis no idioma português.
A publicação desses 18 artigos ocorreu nos seguintes periódicos, distribuindo-se da
seguinte forma: Estilos da Clínica (dois artigos); Interacções (um artigo); Estudos e Pesquisas
em Psicologia (um artigo); Subjetividades (um artigo); Estudos Interdisciplinares em Psicologia
(um artigo); Desidades (um artigo); Educação Temática Digital (um artigo); Estudos de
Psicologia (um artigo); Tempo Psicanalítico (um artigo); Ciência e Saúde Coletiva (um artigo);
Psicologia, Saúde e Doenças (um artigo); Psicologia: Teoria e Pesquisa (um artigo); Fractal:
Revista de Psicologia (um artigo); Semina: Ciências Sociais e Humanas (um artigo); Revista da
SBPH (um artigo); Jornal de Psicanálise (um artigo); Psicologia: Ciência e Profissão (um artigo).
Constatou-se que catorze artigos concentraram a sua produção em revistas com Qualis
A
6
, cuja distribuição ocorre do seguinte modo: quatro A1; três A2; seis A3; um A4. Os demais
(quatro) constam em revistas com Qualis B1, o que aponta para a qualidades dos artigos.
6
Considerou-se a classificação Qualis dos periódicos avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
de Nível Superior - CAPES, no quadriênio 2017-2020."
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Características da autoria dos artigos
Em relação ao gênero da autoria dos artigos, houve uma predominância de mulheres,
totalizando 13 autoras, ao passo que a autoria do gênero masculino constituiu uma minoria,
contabilizando cinco autores. Quanto às áreas de atuação profissional dos(as) autores(as),
verificou-se que todos(as) são da área da Psicologia.
A vinculação institucional do(a) primeiro(a) autor(a) de cada estudo distribui-se da
seguinte forma: Universidade de São Paulo (USP, quatro artigos); Universidade de Brasília
(UnB, dois artigos); Universidade Federal de Uberlândia (UFU, um artigo); Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ, um artigo); Universidade Federal de São Carlos (UFSCar, um
artigo); Faculdade Ari de Sá (um artigo); Universidade Estadual de Campinas (Unicamp, um
artigo); Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM, um artigo); Universidade Estadual
de Maringá (UEM, um artigo); Universidade do Oeste Paulista (Unoeste, um artigo);
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp, um artigo); Universidade de Fortaleza (Unifor,
um artigo); Universidade Luterana do Brasil (Ulbra, um artigo); e Universidade de Évora (um
artigo).
Em relação a essas 14 instituições, notou-se que 13 são brasileiras e uma, estrangeira.
Das instituições brasileiras, oito são do Sudeste, duas do Nordeste, duas do Sul e uma do
Centro-Oeste. Já a instituição estrangeira localiza-se em Portugal.
A especificação das instituições indicou que a maioria (9) delas é pública – sendo cinco
federais e quatro estaduais – e as demais (5) são particulares. Com relação às parcerias entre
os(as) autores(as), grande parte estabeleceu parceria intrainstitucional (12), seguido de
parceria interinstitucional (5) e um trabalho sem parceria, isto é, individual.
Características metodológicas dos artigos
Dentre os 18 artigos que compuseram a amostra desta pesquisa, 11 apresentaram
abordagem qualitativa e sete não especificaram o tipo de abordagem utilizada. Em relação ao
tipo de dados presente nos artigos, constatou-se que 12 artigos utilizaram dados primários
em sua pesquisa e, em contrapartida, seis utilizaram dados secundários. Os dados primários
são aqueles que ainda não receberam nenhum tratamento analítico, sendo coletados
diretamente pelo(a) pesquisador(a) e estando presentes em pesquisas de natureza
interventiva, por exemplo. Os dados secundários, por sua vez, são caracterizados pela sua
pronta e prévia disponibilidade, dizendo respeito àqueles já coletados e levantados em
pesquisas anteriores, sendo o caso das revisões de literatura, ensaios e/ou estudos teóricos,
que se utilizam de fontes já existentes.
No tocante ao tipo de pesquisa, verificou-se que três artigos não especificaram e 15
estudos delimitaram qual o tipo de estudo realizado, sendo eles: pesquisa-intervenção (10),
estudo teórico (3), ensaio teórico (1) e revisão de literatura (1).
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
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Quanto ao local das pesquisas que utilizaram dados primários (12), verificou-se que
elas foram realizadas nos seguintes espaços: Instituto da Primeira Infância (IPREDE) de
Fortaleza (2), Fundação para Infância e Adolescência (FIA) do Rio de Janeiro (1), escola
municipal e casa do participante (1), instituição de acolhimento e casa dos participantes (1),
Clínica-Escola de Psicologia (1), escola particular (1), maternidade (1), periferia (1), Serviço de
Psicologia (1), Departamento de Pediatria (1) e Universidade Luterana do Brasil (1).
No que se refere à análise dos dados, 15 artigos não especificaram a estratégia de
análise utilizada. Dois utilizaram o método da livre inspeção do material, a partir de Trinca, e
um fez uso de análise descritiva. Dos 18 estudos, seis não possuem participantes. As demais
pesquisas – que utilizaram dados primários – foram realizadas com crianças e suas famílias
(4); mães e bebês (2); pais e bebês (1); famílias usuárias da maternidade da UnB (1); famílias
albergadas (1); pais (1); adolescente e o pai (1); e criança (1).
No tocante ao aspecto de financiamento dos projetos, a maioria (16) das pesquisas
não foi financiada, enquanto duas pesquisas receberam auxílio: uma pelo Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e a outra pela CAPES.
Análise
A partir da leitura em profundidade dos 18 artigos que compuseram a amostra final de
análise, foi possível identificar cinco categorias temáticas:
Intervenção psicanalítica com famílias em diferentes contextos
Esta categoria é composta por quatro artigos que versam sobre intervenções
psicanalíticas com familiares em diversos contextos - na Rede de Atenção Psicossocial (RAPS),
no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), clínica-escola e hospital (Fávero-Nunes, 2019;
Risk & Santos, 2023; Santos & Álvares, 2021; Vieira & Castanho, 2022).
No estudo teórico-reflexivo de Risk e Santos (2023), foram discutidos os pressupostos
conceituais e clínicos da utilização da teoria winnicottiana no cuidar de pais e crianças, no
contexto de serviços de atenção básica em saúde e atenção psicossocial especializada,
integrantes da RAPS. Na clínica ampliada winnicottiana, o brincar é potencializado como
instrumento e estratégia de cuidado, na medida em que propicia condições para que a criança
e seus pais explorem suas áreas de transicionalidade e criatividade. A utilização de
brinquedos, dramatização, dança, escuta clínica e o próprio cuidado profissional pode facilitar
o estabelecimento de vínculo e a promoção de um ambiente de confiança, segurança e
constância, requisito indispensável na constituição do self infantil (Risk & Santos, 2023).
Além disso, outro dispositivo clínico voltado à investigação psicanalítica dirigida a
adultos e crianças é o da Narrativa Interativa (NI), no qual o analista cria alguns quadrinhos
em sequência – como se fossem uma pequena história em gibi – em que o clímax ou desfecho
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fica a cargo da associação livre do analisando. No caso da criança, o recurso da NI é utilizado
para que ela possa entrar em contato com o conflito, por meio do lúdico. O cuidado provido
pelo analista, nos diferentes eixos da atenção básica em saúde, evidencia, portanto, que a
clínica psicanalítica, em suas diversas configurações, pode ser praticada no âmbito do SUS,
rompendo com a lógica e o imaginário de que a psicanálise é um método elitista e ainda
restrito aos domínios do consultório particular (Risk & Santos, 2023).
Winnicott (1984/1995) traz importantes contribuições sobre a clínica ampliada, na
medida em que – a partir de atuação em instituição de assistência social – praticou a
psicanálise para além das paredes do setting tradicional e percebeu que o processo analítico
não é feito somente da verbalização de material inconsciente. No contexto da assistência
social, constatou-se que o primordial era o fornecimento de condições ambientais
suficientemente boas e o desenvolvimento de confiança – dois requisitos prévios e
imprescindíveis para que se possa realizar, posteriormente, um trabalho interpretativo. Na
teoria winnicottiana, a ênfase recai sobre o suprimento ambiental, que envolve
confiabilidade, previsibilidade, segurança e sobrevivência por parte do analista.
Nessa direção de suporte aos profissionais e ao ambiente institucional, o estudo de
Vieira e Castanho (2022) consiste em uma pesquisa teórica que versa sobre o apoio matricial,
dizendo respeito à superação da fragmentação do cuidado e do procedimento de
encaminhamento realizado aos usuários dos serviços públicos de saúde, uma vez que o
matriciador pode atuar em conjunto com diferentes equipes, dentre elas a equipe generalista,
que realiza o acompanhamento longitudinal dos usuários do serviço. Assim, os autores se
propõem a revisitar as Consultas Terapêuticas realizadas por Winnicott, na tentativa de buscar
estratégias clínicas que forneçam subsídios para sustentar técnica e eticamente o apoio
matricial e as consultas conjuntas no serviço público de saúde.
Por meio da análise dos casos clínicos de Winnicott (psicanalista inglês), Vieira e
Castanho (2022) apontam que os relatos do autor podem contribuir para a superação de
obstáculos epistemológicos entre os profissionais do apoio matricial. Além disso, expõem
outros quatro pontos mencionados na teoria winnicottiana que dialogam e contribuem com
a perspectiva do apoio matricial, sendo eles: 1) a priorização da escuta do paciente; 2) a
relevância da sustentação do espaço e tempo, de modo que o paciente possa ter uma
experiência significativa; 3) a utilização de instrumentos de entrevista à luz do brincar; e 4) a
importância da rede e da equipe como ambiente de suporte. Observa-se que o suporte e
acolhimento à equipe profissional é fundamental. Na medida em que o ambiente institucional
é amparado – ética, teórica e emocionalmente – o cuidado e manejo frente aos casos podem
ser melhor ofertados, contribuindo, assim, para o fortalecimento das instituições e para a
potencialização dos usuários (Winnicott & Briton, (1947/1984).
No estudo teórico-clínico de Fávero-Nunes (2019), a autora traz uma reflexão, a partir
do lugar de supervisora de estágio para graduandos em Psicologia, sobre as primeiras
experiências com o fazer clínico na modalidade de avaliação/intervenção orientada pela
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
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psicanálise em uma clínica-escola. A escolha desse formato é feita em consonância com o
referencial teórico de Winnicott, a partir de consultas terapêuticas com famílias. Essas eram
flexíveis, na medida em que se adequavam, inicialmente, à realidade e às necessidades dos
pacientes, realizando comunicações e devolutivas diante do que era escutado.
A referida clínica-escola atendeu gratuitamente a livre demanda de pais, famílias,
crianças e adolescentes, inserindo-os no serviço por meio do Psicodiagnóstico Interventivo,
que ocorre em grupos, e só a partir de uma posterior necessidade é que eram encaminhados
para atendimentos psicoterapêuticos e ludoterapêuticos individuais ou grupais. No estudo, os
estagiários da clínica-escola de Psicologia acompanharam seis casos de crianças e seus
pais/responsáveis através de intervenções feitas por meio de encontros terapêuticos grupais
semanais. Numa semana, havia o grupo das crianças – com atividades lúdicas, brincadeiras e
jogos grupais; na outra semana, um grupo com os pais, para entrevistas devolutivas, a fim de
discutir as hipóteses levantadas, a partir do compartilhamento de angústias e experiências no
processo grupal (Fávero-Nunes, 2019).
Para Fávero-Nunes (2019), esse modelo de intervenção se diferencia dos tradicionais,
pois retira os pais ou responsáveis de uma função passiva – de apenas receber informações
relativas às crianças – e torna-os ativos no processo. Nesse sentido, os cuidadores relatam os
motivos de terem buscado o atendimento, além da possibilidade de dialogarem as hipóteses
diagnósticas inicialmente trazidas como queixa juntamente aos profissionais. Por outro lado,
é igualmente benéfico para as crianças, na medida em que elas têm o acompanhamento dos
profissionais e conseguem se desenvolver, a partir da imersão nas brincadeiras e
interpretação dos papeis desempenhados nos jogos, por exemplo.
O artigo de Santos e Álvares (2021) tece considerações, a partir de Freud e Lacan, sobre
o local da escuta psicanalítica como instrumento para o manejo e acolhimento de familiares
enlutados, que possuem algum ente querido em contexto de morte iminente na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI). Compreende-se o papel da psicanálise como subversivo ao discurso
médico comumente observado no ambiente hospitalar, pois em vez de buscar uma explicação
biológica capaz de justificar algum desvio da normalidade e do considerado saudável, o
caminho é o de permitir a expressão da singularidade do sofrimento psíquico dos familiares e
oferecer-lhes suporte.
Empregam-se os conceitos dos registros lacanianos de Real, Simbólico e Imaginário
para pensar o local da escuta psicanalítica frente aos casos de indivíduos na UTI, em relação à
perda e ao luto, já que um falecimento pode vir a impactar o desejo, as expectativas e a forma
como o indivíduo compreende a si próprio, diante da incerteza e da própria finitude. Os
autores apresentam a situação emergencial das demandas no contexto da UTI e suas
implicações para a transferência com relação à família e à equipe médica (Santos & Álvares,
2021).
Compreende-se a relação complexa e opositora existente entre a medicina – que
tende a atenuar as subjetividades, a partir de uma explicação médica e biológica – e a escuta
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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psicanalítica – que objetiva possibilitar uma articulação simbólica e uma significação em torno
da própria angústia e sofrimento. Para que seja possível realizar essa intervenção de forma
bem-sucedida, é indispensável que o(a) psicanalista ou psicólogo(a) orientado(a) pela
psicanálise recuse o local de poder e de detentor do saber, visando privilegiar o discurso do
paciente, com vistas à produção de efeitos analíticos (Santos & Álvares, 2021).
Os artigos dessa categoria evidenciam o exercício da psicanálise para além do espaço
privado do setting tradicional, tendo sido praticada em diferentes locais e instituições
públicas, redefinindo e adequando as estratégias e intervenções para uma clínica ampliada. A
este respeito, Freud (1918-1919/1976) advertiu que chegaria um tempo em que a psicanálise
seria aplicada a grandes parcelas da população, ampliando sua prática para outros campos do
saber. Para tanto, sinalizou a necessidade de adaptar a técnica às novas configurações e
modalidades de trabalho, sem, contudo, modificar seus pressupostos.
Outro elemento que pôde ser observado é o trabalho de supervisão, configurando-se
como um dos pontos imprescindíveis na formação do psicanalista, pois visa ao aprimoramento
da escuta, manejo dos casos e de elementos da relação transferencial e contratransferencial.
Além disso, no processo de supervisão, o analista pode tornar-se consciente de suas
limitações, ao explorar suas dificuldades e ir construindo, gradativamente, uma identidade
própria como terapeuta (Aquino et al., 2023).
O acolhimento de demandas espontâneas também foi outro aspecto percebido. Além
de incentivar a autonomia dos usuários, é uma ação que contribui para o reconhecimento do
que se enquadra como necessidade de saúde para eles, integração da rede psicossocial e
expansão dos serviços prestados pelas instituições de atendimento (Mouammar, 2023).
Um aspecto não contemplado nas pesquisas revisadas, mas que deve ser considerado,
refere-se ao impacto das redes sociais e o uso desmedido de eletrônicos no desenvolvimento
infantil. Desde a pandemia da Covid-19, o uso de tecnologias digitais aumentou, assumindo
uma posição central no cotidiano das famílias, viabilizando atividades como o home office,
prestação de serviços públicos e práticas educacionais, na modalidade remota. Contudo,
assim como os adultos, as crianças estão expostas a esse meio, tratando-se de um movimento
que só tende a crescer. Deste modo, o uso de smartphones, tablets e computadores pelas
crianças deve ser devidamente monitorado, pois a exposição excessiva e prolongada às telas
eletrônicas pode causar atrasos no desenvolvimento da linguagem, dificuldades de atenção e
concentração, alterações de sono, enxaqueca, hiperatividade, entre outros problemas
(Gruppo et al., 2024)
A escuta psicanalítica no contexto da clínica ampliada foi a prática citada por todas as
pesquisas e merece destaque. Entrar em contato com as questões do sujeito, escutá-lo em
sua singularidade e subjetividade, é o que permitirá ao analista articular-se com o social. Não
se trata somente de uma escuta individual dos sujeitos, realizando apenas uma transposição
ou adaptação do setting tradicional, mas sobretudo de uma práxis pautada no acolhimento
do sofrimento e circulação livre das palavras, que deverá se atentar ao desejo inconsciente,
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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repetições temáticas – algumas vezes, traumáticas –, às defesas, atos falhos e aos significantes
utilizados pelos pacientes (Mouammar, 2023).
Intervenções psicanalíticas com famílias: crianças com TEA ou tendência antissocial
Esta categoria reúne quatro artigos que versam sobre intervenção psicanalítica e
acompanhamento terapêutico de famílias cujas crianças receberam diagnósticos de
Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou de tendência antissocial (Almeida & Neves, 2020;
Barbieri et al., 2013; Engel et al., 2014; Franco, 2021).
Almeida e Neves (2020) realizaram uma revisão de literatura acerca de intervenções
psicanalíticas com famílias de crianças diagnosticadas com TEA e trazem concepções de
autores clássicos da psicanálise em torno do núcleo familiar. Para Freud, a família possui um
papel central na construção do psiquismo e na formação dos sintomas de um indivíduo. Para
a vertente lacaniana, a criança nasce em mundo simbólico, cujos cuidadores serão
responsáveis por atribuir sentido e palavras às vivências do recém-nascido, inserindo-o no
campo da linguagem. Diante desta perspectiva, o papel da família torna-se indispensável no
tratamento analítico de crianças, uma vez que essas ocupam uma posição privilegiada na
demanda que cada um dos pais endereça ao analista.
Almeida e Neves (2020) puderam constatar que os trabalhos revisados apontam o
tratamento analítico com pais de crianças e adolescentes autistas como ferramenta que pode
auxiliar e amparar emocionalmente essas famílias, abordar as dificuldades em torno da
constituição dos papeis parentais, bem como propiciar um espaço de holding e suporte aos
pais e responsáveis – conforme propõe Winnicott – capaz de acolher esse “estranho”
constante na fala de mães de crianças diagnosticadas com autismo – por meio de reflexões
sobre os sentimentos oriundos após a nomeação diagnóstica da criança.
Nessa direção, Franco (2021) discute sobre a Intervenção Precoce na Infância (IPI)
centrada na família cujas crianças possuem algum risco no desenvolvimento emocional -
sendo a IPI uma espécie de intervenção integrada, que comporta as dimensões da educação,
saúde e proteção social. O autor aponta que a psicanálise pode contribuir significativamente
para uma construção transdisciplinar do desenvolvimento, uma vez que se propõe a conhecer,
desde os primórdios, a forma como a vida psíquica e a subjetividade se constituem e o papel
que estas desempenham. Bowlby é citado como um autor que evidenciou a importância da
vinculação e mostrou como a construção de modelos internos estarão presentes na vida
emocional do indivíduo em suas futuras relações.
Winnicott é trazido como um autor que realça a função da mãe suficientemente boa e
do ambiente facilitador – devendo este proporcionar, nos primórdios, segurança,
previsibilidade e confiança. Para Winnicott (1986/2021), a mãe suficientemente boa é aquela
que reconhece a dependência do bebê, identifica-se com ele e, por isso, responde às suas
necessidades, sendo sensível para perceber e possibilitar-lhe uma provisão ambiental
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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adequada, de modo a permitir que a personalidade da criança se desenvolva sem maiores
interferências. Na presença de um ambiente facilitador com ajustes progressivos e adaptáveis
à criança, tem-se como resultado a continuidade do ser, que se transforma num senso de
existir, num senso de self e, por conseguinte, em autonomia. Além disso, a função dos
fenômenos transicionais, do brincar e o modo como a criança vai se relacionando com o
mundo são alguns dos seus contributos.
A Intervenção Centrada na Família (ICF) é elencada como um dos princípios basilares
da intervenção precoce na infância, pois é no contexto familiar que a criança passa a maior
parte do tempo, tendo os familiares como principais agentes promotores do seu
desenvolvimento, pelo modo como cuida, interage, protege e responde às necessidades da
criança. Deste modo, uma intervenção centrada na família justifica-se em função do bem
direto ou do bom funcionamento desse núcleo familiar, isto é, a ICF configura-se como um
modelo de prestação de serviço em que a criança é entendida no seu contexto e os formatos
de intervenção levam em conta essa unidade criança-família-contexto (Franco, 2021).
Na mesma linha de famílias com crianças em risco de desenvolvimento, o estudo de
Engel et al. (2014) discute a utilização do método de Acompanhamento Terapêutico (AT) como
instrumento de intervenção para com famílias, baseando sua prática na perspectiva
psicanalítica e na psicogenética de Piaget. Foram realizadas observações, a partir de
atendimentos com famílias e seus bebês de zero a três anos, em um projeto que busca
identificar precocemente transtornos do desenvolvimento. O AT colocou-se como uma
alternativa para casos de famílias cujo atendimento nas instituições de saúde não eram
suficientes, necessitando de intervenção que apresentasse um atendimento mais próximo. As
autoras apontam que o instrumento é recente e se desconhece a extensão de seus benefícios,
especialmente quando relacionado a crianças. Contudo, trata-se de intervenção que pode ser
fundamentada sob diferentes perspectivas teóricas, enfatizando sua propriedade
interdisciplinar, caracterizada pela importância da relação transferencial com o paciente e
como uma extensão do trabalho psicológico clínico também realizado no projeto.
Um dos objetivos do Acompanhamento Terapêutico é oferecer suporte na vida diária
das famílias. Através da clínica extensa, compreende-se como os pais impactam a vida da
criança acompanhada e como o laço familiar ocorre dentro daquele contexto. Com base na
apresentação de um caso atendido, percebe-se ainda o caráter social do AT, na medida em
que é possível observar a relação mãe-bebê em seu próprio contexto social, indo além das
paredes do consultório. Para realizar o acompanhamento e desenvolvimento do caso, foram
utilizados os Indicadores de Risco de Desenvolvimento Infantil (IRDI) e fichas de avaliação
infantil do Ministério da Saúde (Engel et al., 2014).
Para finalizar, Engel et al. (2014) discutem o Acompanhamento Terapêutico como
possibilidade de oferecer sustentação às mães e assistência na prevenção de outras
dificuldades de desenvolvimento, assim como auxiliar no estabelecimento dos laços parentais,
gerando, assim, um impacto positivo no desenvolvimento da criança. Observa-se a
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
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importância da psicanálise nessa intervenção no que tange à sustentação, ao estabelecimento
de relações transferenciais e à possibilidade do acompanhante terapêutico viabilizar a
singularização da criança quando a mãe apresenta dificuldades.
A reflexão de intervenções de famílias cujas crianças possuem tendência antissocial é
feita na pesquisa de Barbieri et al. (2013). Realizou-se um estudo de caso coletivo que visou
identificar aspectos de personalidade de pais (masculinos) de crianças com tendência
antissocial passíveis de interferir no desempenho de sua função. Para isso, utilizou-se o
questionário SDQ com pais e professores, que objetiva rastrear problemas de saúde mental
infantil, sendo dividido em cinco subescalas: problemas emocionais, hiperatividade,
problemas de relacionamento, conduta e comportamento pró-social.
Além desse questionário, foi aplicada uma entrevista semiestruturada com os pais,
tratando de temas como a percepção de si próprio enquanto pai, a percepção da genitora
enquanto mãe, a imagem do filho, as preocupações da família em relação à educação da
criança, dentre outros. A intenção em colher essas informações era a de facilitar o
reconhecimento de aspectos da personalidade dos pais que poderiam interferir no
desempenho de sua função junto aos filhos com tendência antissocial. Já com as crianças,
aplicou-se o procedimento de Desenho de Família com Estórias (DF-E) (Trinca, 1997).
Os resultados da pesquisa de Barbieri et al. (2013) apontam que a tendência antissocial
do filho tem relação com a dinâmica afetiva do pai – em especial às suas dificuldades de
controle pulsional –, ambivalência na aceitação de normas e limites, ambiguidade diante do
papel de pai, restrição da capacidade criativa, redução da área das experiências transicionais
e insegurança no processo de integração do amor e ódio na relação com o filho. Além disso,
os autores finalizam expondo a necessidade de realizar intervenções incluindo o genitor no
atendimento da criança antissocial.
Pôde-se observar, de forma geral, a realização de intervenções psicanalíticas com
vistas à prevenção de possíveis riscos ao desenvolvimento infantil e de cuidado aos familiares,
uma vez que amparar e oferecer suporte aos pais pode auxiliar no fortalecimento dos laços
parentais e no acolhimento das dificuldades e sentimentos conflitantes com os quais passam
a lidar após a nomeação diagnóstica da criança. Propiciar um espaço de escuta às famílias –
no formato individual ou grupal – configura-se como ferramenta importante, na medida em
que pode facilitar o enfrentamento do diagnóstico. Torna-se fundamental, por parte do
psicólogo e/ou psicanalista, conhecer as especificidades em torno do TEA e as origens da
tendência antissocial para melhor fornecer subsídios aos pais e responsáveis por crianças e
adolescentes nessas condições, seja no ambiente escolar, nas instituições de saúde,
assistência social, dentre outros espaços.
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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Intervenções psicanalíticas em contexto de violência ou vulnerabilidade
Cinco pesquisas fazem parte desta categoria. Três delas realizaram intervenção
psicanalítica com famílias socialmente vulneráveis (Azeredo & Canavêz, 2007; Neves et al.,
2018; Neves et al., 2023), uma realizou intervenção com famílias albergadas (Caniato et al.,
2008) e a outra com criança em sala de aula (Archangelo & Luz, 2011).
A intervenção psicanalítica no intuito de oferecer suporte aos profissionais e à família
em uma instituição é discutida por Azeredo e Canavêz (2007). Estes refletem sobre a relação
de trabalho estabelecida entre uma família assistida pelo Projeto de Reinserção Familiar (PRF),
junto à Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) e à equipe técnica de um dispositivo de
atenção diária para pessoas com deficiência. Neste artigo, os autores trazem a intervenção
psicanalítica (realizada por eles) sobre a intervenção da referida equipe junto a uma família.
Trata-se do caso da adolescente Silene (nome fictício), que tem 18 anos, é cadeirante, possui
deficiência intelectual e chegou ao PRF em 2001, permanecendo até 2002, visto que a família
passava por dificuldades financeiras severas. O plano de trabalho assistencial consistiu em
oferecer suporte à família enquanto o genitor Sr. Noronha (nome fictício) passava pelo
período de luto (já que sua esposa faleceu em 2000), para que ele pudesse se reestruturar e
conseguir voltar ao mercado de trabalho. Contudo, chegada a época de suspensão do
subsídio, o pai de Silene tentou articular diversas instâncias da assistência social para reverter
a situação e continuar sendo amparado. Além disso, surgiram vários conflitos entre a equipe
e o genitor, que chegou ao limite de exigir que nenhum homem (profissional ou usuário) se
aproximasse da filha e que a instituição a levasse para escola – serviço que não era prestado
a nenhum usuário.
A intervenção psicanalítica realizada por Azeredo e Canavêz (2007) consistiu, junto à
equipe de trabalho assistencial, em estranhar tantas exigências e em não atender às
demandas do pai sem questioná-las, assim como pensar em estratégias para que o Sr.
Noronha retirasse a equipe do PRF do lugar de responsabilidade irrestrita por Silene. O
trabalho psicanalítico visou deixar explícito aos assistentes sociais o movimento do pai de criar
demandas e destituir a equipe logo em seguida, sempre apontando a ineficácia de seus
serviços e fazendo inúmeras reivindicações, justamente por julgar ter sido lesado e crer ter
direitos que deveriam ser assegurados a qualquer custo. Assim, a escuta analítica caminhou
no sentido de produzir uma retificação subjetiva, que primasse, sobretudo, pela retomada de
responsabilidade do Sr. Noronha por sua própria filha. A retificação é vista pelos autores como
ponto central no trabalho de um analista. “A retificação pode ser considerada, portanto, como
‘subjetiva’, pois conduz o paciente a mudar a sua posição de sujeito frente aos modos
permanentes pelos quais ele constitui os seus objetos” (Couto, 2004, p. 277).
Na direção de refletir sobre o suporte institucional, amparado pela psicanálise,
oferecido às famílias, o artigo de Neves et al. (2018) discorre sobre o trabalho feito pelo
Instituto da Primeira Infância (IPREDE). O IPREDE inicialmente trabalhava no tratamento de
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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questões nutricionais. Contudo, foi observada a existência de outras necessidades que
perpassam as famílias em situação de vulnerabilidade social. Desta maneira, o artigo buscou
compreender as demandas que vão para além de práticas contra o adoecimento físico,
propondo um espaço de escuta tanto para os pais quanto para as crianças. A intervenção
começa com a triagem de crianças de 0 a 18 meses, com a aplicação do instrumento
Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento Infantil (IRDI), instituído a partir de
discussões que observavam fatores psíquicos nos problemas de desnutrição infantil. Além
disso, discute-se um caso clínico realizado pelo IPREDE, evidenciando que o instituto busca
trabalhar a prevenção dos casos, através da escuta da mãe e de como sua situação psíquica
pode impactar o desenvolvimento do bebê. Percebeu-se que a escuta psicanalítica possibilita
a articulação do sofrimento em meio às dificuldades econômicas e sociais.
Neves et al. (2023) também realizaram intervenção psicanalítica junto à mães e seus
bebês de até 18 meses, provenientes de um contexto de vulnerabilidade social, no IPREDE,
por meio do instrumento IRDI, visando detectar precocemente sinais de risco, que podem
estar relacionados à ocorrência de transtornos psiquiátricos infantis. Mães e crianças passam
pela aplicação do IRDI e, quando o risco é detectado, a dupla passa a participar dos
atendimentos clínicos. As pesquisadoras destacam que durante as sessões, as mães não se
restringiam à problemática alimentar do filho, pois traziam diversos assuntos: conflitos com o
companheiro, demais filhos, parentes e vizinhos, abuso e violências sociais, consumo de álcool
e outras drogas, envolvimento em facções criminosas, dentre outras coisas.
No caso de Mateus e sua mãe Sandra (nomes fictícios) – que chegaram ao serviço
quando aquele tinha dois meses de vida, com quadro severo de desnutrição – as
pesquisadoras observaram que a criança era bastante silenciosa e quieta, não havendo troca
de olhares e gestos no vínculo materno-infantil. A mãe, por sua vez, possuía uma dificuldade
em alimentar o bebê, além de não conseguir perceber quando a criança tinha fome. A situação
da família era de vulnerabilidade socioeconômica, o que foi constatado a partir das queixas
da mãe em relação ao marido, relatos de brigas constantes e de situações de violência, tais
como: isolamento da mulher de sua família e proibição de trabalhar ou buscar cuidados
médicos. O exercício da maternidade parecia ser vivenciado de forma difícil, com pouco apoio
familiar e comunitário. Deste modo, buscou-se propiciar um ambiente facilitador e uma
relação de confiança entre a instituição e a família, de modo a fortalecer o vínculo mãe-bebê
e construir uma maternidade possível, por meio da escuta clínica, confiabilidade e
continuidade do cuidado ofertada pelos profissionais (Neves et al., 2023).
A realização de trabalho interventivo, a partir da perspectiva psicanalítica, em uma
instituição escolar com uma criança que apresenta dificuldades de aprendizagem e
agressividade, foi proposta no artigo de Archangelo e Luz (2011). Foram realizadas visitas
domiciliares e escolares, a fim de acompanhar a criança em suas atividades diárias. Os autores
apontam que não somente as condições de precariedade vivenciada pela criança, mas
também a fragilidade do cuidado ofertado pelos entes familiares, foram fatores importantes
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
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para o desenvolvimento da agressividade da criança. A investigação foi realizada por meio de
observação em sala de aula, visita domiciliar, entrevista com familiares e encontros com a
criança. Nesses encontros, a criança podia brincar, ler, desenhar, pintar ou simplesmente falar
e conversar.
A ausência de intervenções psicanalíticas no suporte institucional e familiar pode
culminar em situações que acentuam a dependência e a submissão das famílias à instituição.
Caniato et al. (2008) apresentam em seu artigo uma pesquisa-intervenção que parte de um
projeto de extensão com adolescentes pauperizados da cidade de Maringá, no Paraná. A
pesquisa buscou levantar as histórias de vida de algumas famílias das quais esses adolescentes
fazem parte, que moram em sistema de comodato sob orientação de irmãs de caridade, em
uma instituição de cunho assistencial religioso, responsável por albergar famílias necessitadas
durante quatro anos em casas cedidas, com expectativa e atividades desenvolvidas para que
as mesmas possam adquirir suas casas próprias após esse período.
A pesquisa em questão utiliza o procedimento “História de Vida”, cujo método começa
pelo “período de inserção”, conhecendo as famílias, a partir da convivência nas atividades
dentro da instituição. As entrevistas de “História de Vida” foram realizadas de forma
semiestruturada, buscando compreender a trajetória de vida que conduziu as famílias até a
instituição e quais eram suas perspectivas para o futuro. Esta metodologia possibilita uma
compreensão mais profunda sobre a realidade psíquica dos sujeitos, na medida em que
permite a associação livre: o livre fluxo do pensamento e das ideias (Caniato et al., 2008).
O estudo faz uma análise crítica, social e política das histórias contadas pelas famílias,
relacionando alguns conceitos da teoria freudiana, como o “sentimento de culpabilidade”, à
situação de submissão que as famílias se encontram em relação à instituição de caridade que
os abriga. Esta faz uso de um discurso assistencialista fraternal e religioso, que prende os
indivíduos a um sentimento de dívida e culpabilidade, sem lhes oferecer os mecanismos de
reflexão crítica necessários para a mudança de suas realidades, mantendo essas famílias,
portanto, em um vórtice de “sentimento de incompetência de necessidade de tutela social”
(Caniato et al., 2008, p. 110). As autoras pontuam a importância do suporte institucional
destinado às famílias e o amparo da teoria psicanalítica nas intervenções, tornando-se
imprescindível a compreensão do contexto de vulnerabilidade no qual cada grupo familiar
está inserido.
Diante destas situações e adversidades, aponta-se a escuta psicanalítica como forma
de contribuir com a mudança do cenário de exclusão social vivenciada pelos indivíduos, como
estes podendo manifestar-se para além das vulnerabilidades e violências sofridas. Além disso,
torna-se importante reiterar o papel político da intervenção psicanalítica, já que esta é
permeada pela compreensão do contexto no qual o indivíduo está inserido, possibilitando,
por conseguinte, a construção de saúde e autonomia do sujeito frente às estruturas sociais
(Azeredo & Canavêz, 2007; Caniato et al., 2008; Neves et al., 2018).
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Intervenção psicanalítica no vínculo mãe-bebê
Esta categoria é composta por três pesquisas que se propuseram a intervir
psicanaliticamente no vínculo materno-infantil (Almeida et al., 2018; Chatelard et al., 2020;
Freitas & Lazzarini, 2020), abordando, respectivamente, intervenções em diferentes setores
de um hospital; o nascimento prematuro e suas decorrências; e os fatores facilitadores e
complicadores em casos de dificuldades alimentares em bebês. Os autores trazem a
psicanálise como um método capaz de possibilitar que as angústias em decorrência desses
diferentes cenários sejam trabalhadas, promovendo o desenvolvimento do ambiente e uma
relação mãe-bebê propícia para o crescimento e amadurecimento da criança.
O ensaio escrito por Chatelard et al. (2020) relaciona as vivências de observação e
intervenção no Ambulatório Pré-Natal e a UTI Neonatal, o Berçário e a Maternidade do
Hospital Universitário de Brasília (HUB), com a concepção de clínica extensa em psicanálise,
norteando-se a partir da Teoria dos Campos, de Fábio Herrmann, por dar suporte ao conceito
de Clínica Extensa, entendendo que o processo de cura analítica é feito pelas rupturas dos
campos psíquicos, não pelo lugar físico onde esse processo está localizado, permitindo
estender o saber da psicanálise mais adiante, de modo a dialogar com diversas áreas
profissionais e campos de atuação, como serviços da rede pública de saúde ou as diversas
especialidades dentro de um hospital.
Chatelard et al. (2020) adotaram como forma de intervenção no Pré-Natal o modelo
de grupo proposto por Bion e Kurt Lewin, em que o terapeuta é o mediador e facilitador da
fala livre, de modo que os indivíduos compartilham suas angústias, esperanças e fantasias com
o grupo, no corredor do hospital, enquanto as gestantes aguardam por suas consultas para
ocupar esse tempo ocioso e, ao mesmo tempo, fazer o processo de análise no ambiente
disponível e com a técnica que é possível no momento. Na UTI Neonatal e no Berçário, a
técnica utilizada foi um conjunto composto por: observação, com a possibilidade de
intervenção com um gesto ou uma palavra, o registro do que foi observado, percebido e
sentido, e o momento de supervisão do grupo de observadores. Os autores acreditam que a
técnica da observação contribui para a prática da escuta flutuante do terapeuta, pois “aquele
que sabe observar, aprende a escutar” (p. 5).
Freitas e Lazzarini (2020) realizaram um estudo teórico acerca do nascimento
prematuro como um evento traumático para o bebê e sua família, especialmente para a mãe.
Os autores questionam como ficam os casos de nascimento prematuro em que a separação
do corpo da mãe e do bebê pode se estender por um tempo muito maior que o previsto,
indeterminado, dependendo de internação na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal
(UTIN). São apontadas como possibilidades de intervenção precoce: o trabalho psicanalítico
individual ou em grupo de escuta, a arte, a literatura e o artesanato como formas de simbolizar
a dor da separação e aproximar mãe e bebê, bem como o Método Canguru – que possibilita
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
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o reencontro do corpo entre a díade mãe-bebê e o cuidado materno, ajudando os pais a
elaborarem o luto do filho idealizado durante a gestação e a se aproximarem do bebê real.
O artigo de Almeida et al. (2018) teve como objetivo explorar as aproximações e
contribuições que surgem de uma parceria multiprofissional entre o médico pediatra e a
psicóloga psicanalista, a partir de um estudo clínico-investigativo, que aponta a relação entre
dificuldades nos processos alimentares e demandas emocionais, em especial no que diz
respeito às adversidades no estabelecimento de um vínculo entre bebê e seu cuidador. Por
meio do registro detalhado de atendimentos clínicos de seis casos de dificuldades
alimentares, feitos de forma multiprofissional entre pediatra e psicanalista, foi possível
apontar o que é elencado pelos autores como fatores facilitadores e complicadores
percebidos ao compreender uma correlação entre problemas de alimentação e dificuldades
relacionais entre cuidadores e seus bebês.
Almeida et al. (2018) consideram a psicanálise como um instrumento de intervenção
que impacta tanto a vida do cuidador quanto a relação deste com seu bebê. A parceria entre
pediatria e psicanálise tem a potencialidade de facilitar a detecção e acompanhamento de
dificuldades que inicialmente podem parecer somente físicas, mas que também podem estar
ligadas ao desenvolvimento emocional e psíquico da criança. Desta forma, evidencia-se a
importância do trabalho multiprofissional no que concerne ao trato com bebês e suas mães.
Pôde-se perceber como a teoria psicanalítica oferece suporte para a atuação com a
díade mãe-bebê, a partir do acolhimento e escuta clínica das mães e de um local possível para
a externalização dos sentimentos de angústia, tristeza e incerteza sentidos nessa fase tão
delicada da dependência da criança em relação a seus cuidadores. É possível notar que a
relação construída e trabalhada no processo psicanalítico não é somente entre a mãe e seu
bebê, uma vez que afetações também podem perpassar o profissional que escuta, sendo de
suma importância o dispositivo de supervisão (Chatelard et al., 2020) e de grupos de
compartilhamento de experiências (Freitas & Lazzarini, 2020). A escuta, como trazem os
autores, pode ser realizada em uma diversidade de espaços e, até mesmo, de forma
multiprofissional, fortalecendo, assim, a ideia de uma clínica ampliada – que expande suas
formas de atuação para além das quatro paredes da clínica tradicional.
Dispositivos psicanalíticos: pesquisa e intervenção
Esta categoria reúne os artigos que realizaram pesquisa-intervenção e se utilizaram de
diferentes dispositivos psicanalíticos. O foco da discussão nesta categoria é sobre o uso dos
instrumentos aplicados nos diferentes estudos, sendo eles: o DE-T, o DF-E, a Narrativa
Interativa e o IRDI (Andrade et al., 2023; Alves & Hueb, 2020; Risk & Santos, 2023; Engel et al.,
2014; Neves et al., 2018; Neves et al., 2023).
O estudo realizado por Andrade et al. (2023) propôs verificar os efeitos da narrativa de
histórias infantis na elaboração das angústias da criança e sua inserção na família adotiva. Para
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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tanto, os autores fizeram uso de entrevistas semiestruturadas com o casal adotante, bem
como o Procedimento Desenho-Estória com Tema (DE-T) e a narração de histórias infantis
com a criança.
O DE-T é uma técnica desenvolvida por Aiello-Vaisberg em 1997, a partir do
Procedimento de Desenho-Estória elaborado por Walter Trinca. Trata-se de um instrumento
psicanalítico que investiga a personalidade, podendo ser utilizado em pesquisas que tratam
do imaginário coletivo e social. De acordo com Vaisberg e Ambrósio (2013), por se tratar de
um uma técnica projetiva, a aplicação do DE-T favorece a percepção de elementos
inconscientes, assim como possibilita uma apreensão de conteúdos latentes acerca do objeto
social representado. A aplicação do DE-T na pesquisa-intervenção de Andrade et al. (2023)
mostrou-se uma ferramenta importante para o entendimento de ambas as partes – da própria
criança e dos pesquisadores – sobre os sentimentos angustiantes vivenciados durante o
período de inserção numa nova família. Por meio da produção do DE-T, foi possível
compreender o histórico de abandono, evidenciando claramente os sentimentos que
tomavam conta da criança: o de angústias impensáveis.
A narração de histórias infantis é um dispositivo que possibilita contar e compartilhar
uma experiência, tornando-a presente (Safra, 2011). O narrar de contos infantis facilita a
elaboração de conflitos que a criança ainda não é capaz de verbalizar e, portanto, geram
angústia e medo (Silva & Assis, 2017). Nesse sentido, segundo Rosa (2008), a narração permite
a colocação de angústias e dramas em palavras e auxilia o sujeito na busca por soluções de
seus dilemas. Andrade et al. (2023) apontam em seu trabalho que a narração de histórias
infantis com a temática da adoção possibilitou à criança participante da pesquisa o início de
sua compreensão a respeito do significado da adoção. Além disso, a referida criança pôde ter
contato com suas próprias angústias, trazendo novos significados para sua história de vida e
reelaborando suas vivências acerca da adoção.
No estudo de Alves e Hueb (2020), com base na teoria do processo de
amadurecimento pessoal de Winnicott, buscou-se investigar a representação familiar de
crianças que vivenciaram o processo de adoção, a partir do olhar da própria criança, de modo
a avaliar seu amadurecimento emocional, bem como compreender a visão do casal adotante
acerca da adoção. Utilizou-se a investigação clínica pautada pela utilização de procedimentos
projetivos, com ancoragem na teoria psicanalítica. Para tanto, recorreu-se à entrevista
semiestruturada com os pais e mães, à sessão lúdica e ao Procedimento de Desenhos de
Família com Estórias (DF-E), com as crianças.
Assim como o DE-T, o DF-E derivou-se do Procedimento de Desenhos-Estórias e foi
introduzido por Trinca no ano de 1978. Originado de técnicas gráficas e temáticas, o DF-E
possui ênfase nos conflitos emocionais e afetivos das relações familiares e, portanto, tem
como objetivo detectar processos e conteúdos psíquicos conscientes e inconscientes
relacionados à dinâmica da família. Essa técnica de investigação possibilita compreender, a
partir da visão de um determinado membro familiar, como ocorrem os relacionamentos e
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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vínculos com os demais integrantes, assim como as ansiedades, defesas e conflitos que
transpassam o grupo. Na pesquisa-intervenção de Alves e Hueb (2020), as crianças
participantes trouxeram uma representação familiar ligada à forma como vivenciavam a
família. A aplicação do DF-E e a sessão lúdica possibilitaram aos pesquisadores compreender
como as crianças entendiam as suas representações familiares. Além disso, sua utilização
permitiu um melhor entendimento a respeito do movimento de estarem vivenciando o
processo de adoção e inserção em uma nova família.
A partir desses dois estudos, pôde-se perceber como a aplicação de procedimentos
projetivos – DF-E, DE-T e narração de histórias infantis – tem contribuído para o
desenvolvimento de pesquisas interventivas. Nessa perspectiva, entende-se que o uso desses
dispositivos foram fundamentais para a compreensão mais aprofundada acerca do fenômeno
estudado: adoção de crianças e sua inserção em novas famílias. A utilização desses
procedimentos durante o processo de pesquisa evidencia a possibilidade e potencialidade em
se ofertar um espaço que pode ser terapêutico para os participantes.
O dispositivo da Narrativa Interativa (NI), utilizado no estudo de Risk e Santos (2023),
surge como um recurso psicanalítico em situações na qual a análise-padrão não seria viável.
A NI possibilita que o narrar de dramas vividos por crianças e adultos possam ser explorados
em seus múltiplos sentidos. A partir de uma breve história fictícia com um enredo que possui
uma temática específica a ser investigada, o pesquisador consegue acessar as experiências
emocionais dos participantes, por meio de seus desfechos pessoais, expressos de forma oral
ou escrita (Bonfatti & Granato, 2021). A NI configura-se, portanto, como um instrumento
metodológico capaz de fazer com que o pesquisador se aproprie e “faça uso imaginativo do
campo de sentidos afetivo-emocionais que se apresenta” (Bonfatti & Granato, 2021, p. 161).
Além dos procedimentos citados, o instrumento IRDI foi utilizado em três pesquisas
desta revisão (Engel et al., 2014; Neves et al., 2018; Neves et al., 2023). Trata-se de uma
importante ferramenta para avaliar e compreender a díade mãe-bebê, assim como direcionar
a realização e continuidade das pesquisas interventivas. No entanto, para além de
acompanhar esse vínculo entre cuidador-criança, a este instrumento de base psicanalítica é
atribuída uma função de ampliar o olhar e dar uma atenção particular ao processo de
constituição psíquica do indivíduo, indicando nortes de leitura que ajudam no
acompanhamento do desenvolvimento inicial do sujeito (Kupfer & Bernardino, 2018).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo possibilitou identificar, descrever e analisar as produções acadêmicas
voltadas à temática de intervenções psicanalíticas com famílias. A maioria dos artigos
encontrados foram publicados há quatro anos (2020) em periódicos de alta qualificação
(Qualis A). Em relação a autoria, a maioria é do gênero feminino, cuja formação concentra-se
Miura, P. O., Alves, A. L. C. R., Silva, G. L. F., Gonçalves, T. P., & Oliveira, Y. C. (2024). Intervenções psicanalíticas
com famílias: metassíntese. PLURAL – Revista de Psicologia UNESP Bauru, 4, e024p18.
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na área da Psicologia, o que evidencia um número expressivo (13) de profissionais mulheres
desse campo interessadas em realizar pesquisas com grupos familiares. Além disso, a maior
parte dos(as) autores(as) são provenientes de instituições públicas brasileiras da área Sudeste
do país, um dado que aponta para a baixa produção sobre essa temática nas demais regiões,
com a ausência de produções provindas da região Norte.
Os artigos revisados evidenciam a importância da escuta psicanalítica como recurso a
ser utilizado em intervenções com famílias, uma vez que é a partir da circulação livre das
palavras que os indivíduos podem entrar em contato com as próprias questões e elaborar, na
presença de um outro, a própria angústia e sofrimento. Constatou-se que o trabalho analítico
com mães e pais, no formato individual ou grupal, configura-se como uma ferramenta
importante de amparo e acolhimento às questões relativas ao exercício da parentalidade,
sobretudo às dificuldades decorrentes da nomeação diagnóstica de crianças com autismo ou
diante de algum risco iminente no desenvolvimento infantil.
Propiciar holding e suporte aos pais, bem como supervisão aos profissionais e ao
ambiente institucional responsável pelas intervenções é essencial. Intervir junto às famílias –
sobretudo aquelas inseridas em contextos de vulnerabilidade socioeconômica e/ou violência
– requer, por parte dos profissionais, formação especializada e supervisão de casos para que
possam intervir de modo a potencializar a autonomia da família. Dispositivos psicanalíticos
como a narrativa interativa, desenho-estória com tema, desenho de família com estórias e o
IRDI foram elencados como ferramentas capazes de possibilitar, aos pais e crianças, narrarem
e acessarem suas histórias, de modo a elaborá-las e ressignificá-las.
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Recebido em: 30/06/2024
Reapresentado em: 18/11/2024
Aprovado em: 26/11/2024
SOBRE AS AUTORAS
Paula Orchiucci Miura é Docente da graduação e pós-graduação do Instituto de Psicologia da
Universidade Federal de Alagoas. Membro do grupo de pesquisa do CNPq “Epistemologia e
Ciência Psicológica” (UFAL/CNPq). Membro do grupo de trabalho da ANPEPP “Psicanálise e
Clínica Ampliada”.
Ana Letícia Rios Castro Alves é graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de
Alagoas, colaboradora de pesquisa pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação
Científica (PIBIC). Membro do grupo de pesquisa do CNPq “Epistemologia e Ciência
Psicológica” (UFAL/CNPq).
Gisele da Luz Freire Silva é mestranda em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em
Psicologia da Universidade Federal de Alagoas (PPGP/UFAL). Psicóloga pelo Instituto de
Psicologia da UFAL (IP/UFAL). Membro do grupo de pesquisa do CNPq “Epistemologia e
Ciência Psicológica” (UFAL/CNPq).
Tainá de Paula Gonçalves é graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas,
colaboradora de pesquisa pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).
Membro do grupo de pesquisa do CNPq “Epistemologia e Ciência Psicológica” (UFAL/CNPq).
Yasmin Cristini de Oliveira é graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas.
Membro do grupo de pesquisa do CNPq “Epistemologia e Ciência Psicológica” (UFAL/CNPq).