ArticlePDF Available

A VULNERABILIDADE NO BEM-ESTAR SOCIAL E NO CONSUMO FAMILIAR, APÓS A TRAGÉDIA DE BRUMADINHO/MG: Consumo e identidade social; Bem-estar social e qualidade de vida.

Authors:

Abstract and Figures

Resumo Este artigo tem como objetivo analisar a vulnerabilidade ao consumo e ao bem-estar social, diante da tragédia ocorrida em decorrência ao rompimento da Barragem B1, na Mina Córrego do Feijão, localizada no município de Brumadinho, Minas Gerais, onde várias vidas se escoaram no vale da lama. Optou-se para o estudo dessa pesquisa, o método qualitativo, tendo como estratégia de verificação da análise dos dados, os relatos de história de vida, pois abrange os interesses envolvidos na fase exploratória, bem como riqueza de informações absorvidas no envolvimento nas entrevistas com nove participantes. Para tanto, as principais dimensões detectadas no percurso deste trabalho foram: (a) o sofrimento e as perdas; (b) os meios de subsistências dos familiares; (c) o bem-estar das famílias e dos sobreviventes; (d) o papel do poder público; (e) ações da Vale do Rio Doce para com as famílias afetadas e para com a comunidade. Palavras-chave: Vulnerabilidade. Bem-estar social. Consumo. Abstract This article aims to analyze the vulnerability to consumption and social well-being, in the face of the tragedy that occurred as a result of the rupture of the B1 Dam, in the Córrego do Feijão Mine, located in the municipality of Brumadinho, Minas Gerais, where several lives were drained in the mud valley. The qualitative method was chosen for the study of this research, having as a strategy to verify the data analysis, the life history reports, as it covers the interests involved in the exploratory phase, as well as a wealth of information absorbed in the involvement in the interviews with nine participants. Therefore, the main dimensions detected in the course of this work were: (a) suffering and losses; (b) family members' means of subsistence; (c) the well-being of families and survivors; (d) the role of public authorities; (e) actions by Vale do Rio Doce with the affected families and with the community. Keywords: Vulnerability. Social welfare. Consumption.
Content may be subject to copyright.
Received: 15/05/2022
Accepted: 01/03/2023
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 1
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo
familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG
tragedy
Elaine Ribeiro de Oliveira1 i , Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3556-4239; Nelsio Rodrigues
Abreu2ii, Orcid:https://orcid.org/0000-0001-7024-5642; Rita de Cássia de Faria Pereira3iii, Orcid:
https://orcid.org/0000-0003-2434-4601
1. Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Paraíba, Brasil. E- mail eribeirooliveira@yahoo.com.br
2. Universidade Federal da Paraíba(UFPB), Paraíba, Brasil E-mail: nelsio@gmail.com
3. Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Paraíba, Brasil. E-mail: rita_faria@yahoo.com
RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a vulnerabilidade ao consumo e ao bem-estar social,
diante da tragédia ocorrida em decorrência ao rompimento da Barragem B1, na Mina Córrego
do Feijão, localizada no município de Brumadinho, Minas Gerais, onde várias vidas se escoaram
no vale da lama. Optou-se para o estudo dessa pesquisa, o método qualitativo, com entrevistas
semiestruturadas dos relatos de história de vida e análise de conteúdo. Para tanto, as principais
dimensões detectadas no percurso deste trabalho foram: (a) o sofrimento e as perdas; (b) os meios
de subsistências dos familiares; (c) o bem-estar das famílias e dos sobreviventes; (d) o papel do
poder público; (e) ações da Vale do Rio Doce para com as famílias afetadas e para com a
comunidade. Assim, os moradores são vulneráveis em razão de políticas públicas em não
acompanhar o contexto regional e os riscos envolvidos para a população no entorno da empresa
causadora do desastre ambiental e financeiros, o que influencia diretamente na vida das pessoas,
bem como no tocante ao consumo de bens e serviços essenciais.
Palavras-chave: vulnerabilidade, bem-estar social, consumo.
ABSTRACT
This article aims to analyze the vulnerability to consumption and social well-being, in the face
of the tragedy that occurred as a result of the rupture of the B1 Dam, in the Córrego do Feijão
Mine, located in the municipality of Brumadinho, Minas Gerais, where several lives were
drained into the mud valley. The qualitative method was chosen for the study of this research,
with semi-structured interviews of life history reports and content analysis. Therefore, the main
dimensions detected in the course of this work were: (a) suffering and losses; (b) family
members' means of subsistence; (c) the well-being of families and survivors; (d) the role of public
authorities; (e) actions by Vale do Rio Doce with the affected families and with the community.
Thus, residents are vulnerable due to public policies that do not follow the regional context and
the risks involved for the population around the company that caused the environmental and
financial disaster, which directly influences people's lives, as well as with regard to consumption.
of essential goods and services.
Keywords: vulnerability, social welfare, consumption.
Citation: Oliveira, E. O., Abreu, N. R., & Pereira, R. C. F. (2024). Vulnerability in social welfare and household
consumption after the Brumadinho/MG tragedy. Gestão & Regionalidade, v. 40, e20248519.
https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 2
1 Introdução
Em meio às diversidades decorrentes e inerentes aos impactos socioeconômicos e
ambientais, como desastre natural (Green et al., 2021), desabamentos, destruições advindas de
terremotos (Bhandari et al., 2021) e inundações e acidentes por falta de segurança, ocasionados
por ingerência administrativa, faz com que pesquisadores questionem e analisem as variáveis e
as possíveis medidas efetivas de segurança e prevenção a desastres principalmente de barragens
de rejeitos de mineração que ocasionam poluição de rios (Gelencsér et al., 2011; Green et al.,
2021; Li et al., 2021), que ocorrem de maneira global e torna-se presente no Brasil,
oportunizando diversas tragédias fatais, como perdas humanas e materiais, que poderiam ser
evitadas.
Tais medidas devem ser privilegiadas em detrimento de qualquer outro interesse, que
não seja o bem comum dos atores envolvidos e do lucro abusivo das corporações, sendo por
deficiência de gestão e ações preventivas de prováveis desastres. ao passo que, requer estudos
inerentes aos desafios multidimensionais imprevistos, inserção de políticas públicas e o papel
do Estado (Arora & Chakraborty, 2021a).
Percebe-se a necessidade de ações que visem amenizar os impactos ambientais e
socioeconômicos, provocados pelos danos à sociedade (Alcadipani & Medeiros, 2020), que
perpasse para além dos danos ambientais, afetando a sociedade (Pereira et al., 2020), a estrutura
econômica e psicológica de várias famílias vulneráveis a estas situações desastrosas. Tais
impactos socioambientais ameaçam a segurança dos meios de subsistência das comunidades e
questionam a sua legitimidade diante das práticas adotadas pela falta de segurança (Venugopal
et al., 2019). Visto que, determinados fatores pertinentes a desastres são detectados como crises
potenciais, que se tornam perigosas e problemáticas, em relação à subsistência da comunidade
afetada (finsterwalder & Kuppelwieser, 2020), ocasionadas por situações de fenômenos
incontroláveis e indesejáveis.
Para tanto, entre diversos incidentes, verifica-se que em novembro de 2015, um dos
acidentes em relação às barragens que provocou danos, destruições e perdas humanas como
material à comunidade local, ocasionada pela mineradora Samarco, ocorrido na barragem do
Fundão, localizada no Distrito de Mariana, estado de Minas Gerais. Os rejeitos da lama com os
vestígios de metais escoaram para bacia do rio Doce até desaguarem no Oceano Atlântico,
ocasionando enormes impactos ambientais e socioeconômicos (Almeida et al., 2018; Do Carmo
et al., 2017; Fernandes et al., 2016; De Oliveira Gomes et al., 2017; Hatje et al., 2017; Queiroz
et al., 2018; Segura et al., 2016; Souza et al., 2021).
Pode-se detectar poluições e contaminações na água com grande concentração do
citogenotóxicos (gomes et al., 2018; Quadra et al., 2019); Segura et al., 2016), além de
consequências graves à saúde da comunidade a longo prazo (Dos Santos et al., 2021). Porém,
após a ocorrência da Barragem em Mariana- MG, pela reponsabilidade da mineradora Samarco,
como citado acima, de acordo com relatos e pesquisas, a comunidade continua sem assistência
e vulneráveis quanto às suas perdas familiares e às suas moradias.
Dessa forma, quatro anos após a tragédia em Mariana, um novo desastre fatal,
relacionado à barragens, ocorreu aproximadamente às 12:00 horas, horário do almoço dos
funcionários da mineradora Vale, onde foram surpreendidos pelo rompimento da barragem B1,
na Mina Córrego do Feijão, de responsabilidade da mineradora Vale, localizada no município
de Brumadinho, estado de Minas Gerais, em 25 de janeiro de 2019, deixando 270 mortes e 5
pessoas desaparecidas, até o presente momento, envolvendo rejeitos de lama da barragem, além
dos impactos socioeconômicos e ambientais.
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 3
Portanto, destaca-se que, não se trata de transferir responsabilidades entre corporação
e poder público. Contudo, não se pode negligenciar que estes órgãos assumem um papel
importante nessa problemática oportunizada à sociedade de forma trágica e inconsequente,
segundo Bankoff et al. (2013) pois sabe-se que, a vulnerabilidade social não pode ser
despercebida frente a interesses corporativos e econômicos. Nesse sentido, é necessário um
olhar por parte dos envolvidos que transcenda o aspecto meramente econômico e que se incida
o impacto da catástrofe sob as famílias afetadas pela tragédia da comunidade de
Brumadinho/MG.
Deste modo, este artigo, procura retratar a vulnerabilidade e o bem-estar social das
famílias vitimadas pela tragédia de Brumadinho, o que possibilitou o seguinte questionamento:
Quais foram os impactos sociais provocados pela tragédia da mineradora Vale em
Brumadinho, às famílias afetadas e à comunidade local?
Para responder a essa questão, esse trabalho buscou compreender a vulnerabilidade
nas formas de consumo e no bem-estar social, diante da tragédia de Brumadinho, por meio das
dimensões detectadas na pesquisa: sofrimento e perdas, subsistência das famílias, expectativa
de vida diante das perdas, e em especial ao bem-estar social das famílias e sobreviventes ao
desastre, bem como das trajetórias e histórias de vida dos participantes da pesquisa.
2 Referencial Teórico
2.1 Consumo e identidade social
Na complexidade do estudo do comportamento do consumidor, percebe-se que o
consumidor ou o indivíduo busca respostas em suas identidades comportamentais, identificadas
em determinadas fases de sua vida fragmentada, devido a algumas dimensões sociais, culturais
e econômicas. Assim, os significados e símbolos de identidade social indicam aos outros como
uma pessoa se vê em relação a culturas, comunidades e grupos (Goenka & ThomaS, 2020). É
sabido que a teoria da identidade social discute a eficácia entre líderes e seguidores, se vendo
como parte de um grupo comum, (ou seja, compartilhando uma identidade social, um senso de
“nós” e “nós”) (Steffens et al., 2021), visto que, a teoria da identidade social tem sua origem na
psicologia social e busca compreender quais aspectos psicológicos unem um grupo e o que faz
com que ele seja reconhecido como tal nos outros. Deste modo, a identidade social influencia
de forma direta de consumo entre os membros do grupo de forma hedônica, tentando evitar o
stress (Fennis et al., 2022; Liu et al., 2022).
Portanto, a percepção da importância do “eu”, diante de alguns fatores salutares frente
aos propósitos subjetivos, faz com que o indivíduo resgate suas perdas ou posses relativas ao
ter e ao ser (belk, 1988), os quais o consumidor constrói de forma criativa seu senso de “eu” e
sua reconexão da sensibilidade com seu corpo (Firat & Venkatesh, 1995; Jain et al., 2021; Scott
et al., 2017).
O desejo de obter bens e consumir o que não representa a necessidade satisfatória, mas
sim o prazer em obter os objetos, pode-se chegar ao hedonismo radical constante ao longo do
tempo (Fennis et al., 2022). Neste contexto, pressupõe-se que a via do capitalismo possibilita o
senso de identidade, pois as possibilidades imagináveis expandem-se em relação ao ter e ao
fazer. Dessa forma, o poder financeiro e o lucro, possibilitam o poder de, seletivamente, adquirir
ou rejeitar objetos compráveis, moldando, de maneira mais seletiva, nosso eu extenso, segundo
Belk (1988) e Jain et al. (2021), bem como observa-se a importância das emoções que os
consumidores sentem e vivenciam durante a experiência de consumo de bens e serviços em
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 4
condições para sua satisfação pessoal, social e fortalecimento da identidade social (Brough et
al., 2016; Calvo-Porral & Otero-Prada, 2021; Randers et al., 2021; Yan et al., 2021).
Nesse sentido, percebe-se que o consumo e o desejo estão atrelados ao lado
interpessoal, sendo que o estado interpessoal é análogo entre homens e mulheres, mas para
ambos os sexos, percebe-se que o desejo de consumir é intrínseco à experiência positiva
emocional mergulhada em fantasias e sonhos, em vez de uma experiência envolvendo
julgamentos fundamentados (Belk et al., 2003; Rokka, 2021). Assim, o corpo demonstra sua
identidade, seu “eu”, dimensionando a importância do Self em um espaço subjetivo ao consumo
e ao materialismo (Borgerson & Schroeder, 2018), possibilitando as reconstruções e
transformações de seus corpos, por meio de trocas psíquicas entre o “eu” e o mundo exterior
(Bradshaw & Chatzidakis, 2016). Enriquecendo com abordagens existenciais e
fenomenológicas, Roux e Belk (2019) consideram o corpo como um lugar à autotransformação
no consumo contemporâneo. Dessa forma, construção da identidade social pode ser evidenciada
via consumo, desde que, de forma consciente intergrupo e em sociedade no geral (Eastman &
Iyer, 2021; Gil-Giménez et al., 2021; Schmitt et al., 2021).
2.2 Bem-estar social e qualidade de vida
O bem-estar é considerado, a partir de uma perspectiva de qualidade de vida (QV) e
segundo Gil-Giménez et al. (2021); Ianole-Calin et al., (2021); Lane (2000); Lee e Sirgy
(2005); Nussbaum e Sen (1993); Sirgy (2001); Sirgy e Lee (2006), o princípio central da teoria
da (QV ) é o aprimoramento do desenvolvimento humano. A qualidade de vida é um objetivo
social que os governos procuram atingir nos níveis nacional, comunitário e individual, de
acordo os pilares centrais da (TCR), pesquisa transformativa do consumidor (Mick et al., 2012;
Mulcahy et al., 2021), que tem como objetivo central buscar o bem-estar em relação à saúde, a
felicidade, a prosperidade, a justiça social e outras dimensões em relação a vulnerabilidade do
ser humano e seus impactos enquanto consumidor, no sentido micro e macro.
Pesquisadores de qualidade de vida tradicionalmente capturam o conceito por meio de
indicadores subjetivos e objetivos (Lee et al., 2002; Meadow et al., 1992; Sirgy et al., 1995b,
1995a; Sirgy & Lee, 2006; Vanden Abeele, 2021). Os indicadores subjetivos de Qualidade de
Vida são tipicamente na forma de medir a felicidade geral, percebida QV, satisfação com a vida
ou bem-estar subjetivo (Meadow et al., 1992; Sirgy, 2001, 2021; Sirgy et al., 1995b, 1995a;
Sirgy & Lee, 2006). Os indicadores objetivos, em contraste, tipicamente com o bem-estar
econômico, social e ambiental com base na avaliação de especialistas (Hagerty et al., 2001;
Sirgy & Lee, 2006).
A premissa básica é que uma faceta do mercado contribui positivamente e
negativamente à sensação geral de bem-estar do consumidor, ou seja, satisfação com a vida,
percepção da qualidade de vida, bem-estar subjetivo e o bem-estar real dos consumidores, isto
é, indicadores objetivos de bem-estar econômico (Ianole-Calin et al., 2021), social e ambiental.
Exemplo de pesquisa de consumo guiado pelo conceito de qualidade de vida, inclui pesquisas
sobre materialismo, consumo compulsivo, equidade de consumo, populações específicas de
consumidores, ciclo de vida de consumo, satisfação com a vida do consumidor, impacto da
qualidade de vida relacionado a um produto, um sonho, satisfação e metas relacionadas ao bem-
estar subjetivo (Grosz et al., 2021; Sirgy et al., 2007; Voukelatou et al., 2021).
Nessa perspectiva, é imperioso garantir as metas mínimas necessárias ao bem-estar, as
quais implicam no acesso adequado e sustentável à renda e recursos para atender às
necessidades sicas (Baro & Deubel, 2006; Godinho et al., 2017). Percebe-se assim que, a
relevância mínima ao bem-estar se materializa na certeza de que os indivíduos possam ter
acesso ao consumo das necessidades materiais básicas, como comida, abrigo e vestimenta
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 5
(Voola et al., 2018). Assim, é consenso entre os autores que o bem-estar dos consumidores está
primeiramente relacionado ao cumprimento das necessidades básicas de subsistência, uma vez
cumprida essa etapa, pode-se pensar no bem-estar enquanto consequência do materialismo do
consumo.
Todavia, a necessidade de manter a segurança dos meios de subsistência, é
fundamental para o senso de bem-estar subjetivo (Coulthard et al., 2011; Martin; Hill, 2012).
Uma grande quantidade de pesquisas, portanto, examina a segurança dos meios de subsistência
no nível doméstico ou comunitário para melhor entender seu impacto no bem-estar individual,
familiar e comunitário (Lindenberg, 2002).
Diante do estudo proposto, configura-se a fragilidade humana frente a vulnerabilidade
de uma comunidade diante das perdas de familiares e amigos, da vivência do luto e do
sofrimento. Todo o desconforto proporcionado por impactos ocorridos em várias dimensões
direcionadas às ideologias do sistema econômico (Alcadipani & Medeiros, 2020), infligindo
danos em diferentes níveis de intensidade, de forma injusta, como pode-se perceber o caso da
Vale, em Brumadinho. Ressalta-se em fatores, como falta de estruturas sociais, desigualdade e
exclusão, podem resultar em vulnerabilidade do indivíduo enquanto consumidor (Johns &
Davey, 2019).
O estado de vulnerabilidade dos consumidores pode contribuir para o valor de
destruição em suas experiências de consumo e rupturas (Chang et al. (2021), interligadas ao
bem-estar dos consumidores vulneráveis (Zainuddin et al., 2021) e declives no bem-estar,
permitindo bloqueios sociais, sentimentos relacionados a impotência da capacidade em
controlar recursos e resultados (tanner & Su, 2019), crises financeiras, fatores econômicos,
culturais, (Cheung & Mccoll-Kennedy, 2019; Shultz & Holbrook, 2009), escassez de alimentos
e qualidade de vida, falta de água potável, desequilíbrio com a gestão inerente à saúde (Davey
et al., 2020), desemprego, os quais são apenas alguns dos motivos para se preocupar com o
bem-estar dos indivíduos (Rosenbaum et al., 2017), resultando em tensões continuas (Baker &
Mason, 2012).
Ações relevantes permeiam as avaliações em níveis de capacidade social (VCA) pré e
pós-desastre, e caracterizam-se principalmente com a relevância das autoridades em explorar
os vínculos entre a vulnerabilidade social e a capacidade de avaliação de dados, montados antes
de um desastre, com necessidades sociais e de avaliação de dados coletados após um desastre.
Esses dados precisam ser incorporados em um sistema integrado de informação de gestão de
desastres (DMIS), que viabilize segurança (Arora & Chakraborty, 2021a; Bankoff et al., 2013;
Mulcahy et al., 2021).
3 Procedimentos Metodológicos
Esta pesquisa foi realizada, na cidade de Brumadinho, no interior do Estado de Minas
Gerais. A escolha do local foi motivada pelo desastre ocorrido no dia 25 de janeiro de 2019,
nesta cidade. Brumadinho é conhecida pela beleza sociocultural do Instituto Inhotim e pelas
mineradoras que exploram as riquezas minerais do local, como por exemplo, o ferro e os outros
minérios valiosos. O desastre foi consequência das atividades da mineradora Vale, pois houve
o rompimento de umas de suas barragens, denominada como barragem B1, localizada na Mina
Córrego do Feijão, distrito localizado no município de Brumadinho. Foi uma das maiores
tragédias socioambiental ocorrida no Brasil, registrada como um massacre de vidas humanas,
por negligência corporativa da mineradora Vale.
A barragem B1 da mina Córrego do Feijão pertence ao Complexo Mineiro de
Paraopeba, localizado no município de Brumadinho, estado de Minas Gerais, Brasil. A
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 6
barragem foi construída em 1976, com aproveitamento próprio de rejeitos. A liquefação do
rejeitos e falhas de engenharia estão na origem da tragédia, semelhante ao que aconteceu com
a barragem do Fundão, em 2015 (Robertson et al., 2019).
De acordo com os relatos e fontes de pesquisas, até o momento da realização deste
trabalho, o desastre da barragem B1, ocasionou 270 mortes e 4 desaparecidos, que originou-se
em um impacto socioambiental, o qual chocou e comoveu a população brasileira e do exterior,
devido à ação desumana, criminosa e cruel, provocada pela empresa Vale. Pois, de acordo com
os relatos a tragédia poderia ter sido evitada.
Esta pesquisa se fundamenta em uma abordagem metodológica, de um estudo
qualitativo tendo como estratégia de verificação da análise dos dados, os relatos de história de
vida, pois abrange os interesses envolvidos na fase exploratória, bem como riqueza de
informações absorvidas no envolvimento nas entrevistas com os participantes.
De acordo com Creswell e Creswell (2021), o pesquisador age como um investigador,
para que identifique de forma ética, explicita e reflexivamente seus viesses, os valores, as
origens pessoais, tais como gênero, história, cultura e status socioeconômicos, que envolvem
todo o contexto da pesquisa. O sujeito reflete sua história no momento de suas reflexões
passadas, nessa perspectiva ele expressa o silêncio vulnerável devido os fatos ocorridos, pela
dor e o sofrimento. No entanto, os relatos de vida ajudam a compreender e entender como se
articulam as histórias individuais e coletivas das pessoas pesquisadas (Barros & Lopes, 2014).
Cada história de vida reflete o seu significado e o simbolismo diante da representatividade
coletiva da sociedade a qual pertence e estão inseridas (Gouvêa et al., 2018).
A coleta de dados transcorreu-se da seguinte forma:
Figura 1: Fases da coleta de dados.
Fonte: Autores (2022).
Com a utilização de mais técnicas para a realização da pesquisa de dados qualitativos,
foi possível enriquecer os detalhes contextuais das falas e o do próprio cenário (Cayla &
Arnould, 2013).
Entrevistas com
9 pessoas.
Gravações com
autorização.
Anotações em diários de
entrevistas não
autorizadas a gravar.
Visita ao local do
acidente/tragédia,
Córrego do
Feijão.
Fotografias da
comunidade e da
Minas Corré go do
Feijão
Informações com a
população/observação
Transcrições das
falas.
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 7
No total realizaram-se nove entrevistas com participantes da cidade de Brumadinho e
apenas um de Betim, conforme Tabela 1.
Tabela 1 Dados dos participantes.
Participantes
Idade
Formação
Profissão
Cidade/Estado
A1 74 anos Ensino
Fundamental
Assistente de Pessoal
Aposentado da /Vale (34
anos de atividade)
Casado Brumadinho/MG
A2 20 anos Ensino Médio
Secretária do Bispo Dom
Vicente
Solteira Brumadinho/MG
A3 44 anos
Ensino
Fundamental
Funcionária da Pousada Casada Brumadinho/MG
A4 34 anos
Tecnólogo em
Design Gráfico
Administrador da Pousada Divorciado Brumadinho/MG
A5 25 anos
Ensino
Fundamental
Atendente Caixa na
Padaria
Solteira Brumadinho/MG
A6 65 anos
Superior-
Engenheiro
Gerente na Mineradora
Ferros
Casado Brumadinho/MG
A7 30 anos Ensino Médio Taxista Casado
Brumadinho/MG
A8 45 anos
Ensino
Fundamental
Taxista Casado Brumadinho/MG
A9 50 anos Ensino Médio Aplicativo Uber Casado
Betim/MG
Fonte: Dados da pesquisa (2022).
Foram realizadas cinco entrevistas gravadas utilizando o aparelho celular, das quais
quatro participantes não autorizaram as gravações. As entrevistas gravadas tiveram a duração
de quatro horas cada uma delas, com horário agendado e foram realizadas na cidade de
Brumadinho. E as outras quatro entrevistas tiveram o procedimento de anotações dos relatos de
vida, pois ficaram inseguros e temerosos com a gravação. Portanto, cada encontro em média
transcorreu com tempo de duração de 6 horas e 20 minutos. E todos os participantes receberam
e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Por questões éticas, os
pesquisadores substituíram os nomes dos participantes por códigos, que estão relacionados de
A1 a A9 na tabela e no decorrer do texto.
Para que ocorresse a coleta de dados, houve alguns desafios, por vários motivos
apresentados pelas pessoas da comunidade, os quais os pesquisadores tentaram comunicação.
Tornou-se necessário e pertinente um contato prévio com os possíveis participantes por
telefone. Assim, algumas pessoas se prontificaram a colaborar, outras já não concordavam, por
estarem em profundo luto e preferiam manter-se em silêncio devido o momento de dor e
sofrimento. E conforme o tempo foi passando, as dificuldades para realizar a pesquisa foi
aumentando. Os motivos sempre estavam interligados ao luto, aos problemas mentais e à
depressão. Os moradores e parentes das vítimas da tragédia, estavam se sentindo esgotados,
com medo e ameaçados pela Vale, devido as várias procuras para entrevistas pela impressa
nacional e internacional, referente ao massacre de seus parentes e familiares.
Mas, quando foi possível, no momento oportuno os pesquisadores, viajaram para
Brumadinho/MG, onde ficaram uma semana para realizar o trabalho de campo. Quando
chegaram na cidade, as dificuldades ainda persistiram. Várias pessoas que já haviam
concordado em participar da pesquisa desistiram por medo, pois, entretanto, estavam se
sentindo ameaçadas por funcionários da Vale. Porém, com toda dificuldade, ainda foi possível
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 8
ouvir vários relatos de vida. Algumas foram gravadas e outras não, pois era nítido o receio que
assombrava alguns participantes.
Após algumas renuncias à participação da pesquisa, já in loco, ocorreram as indicações
de contato com outras pessoas, por intermédio do dono da pousada, que concordaram em
participar. Dessa forma houve uma programação e agendamento de horários, disponibilidade
de tempo, local e o melhor dia para cada participante.
Portanto, a definição pelos sujeitos que colaboraram com a pesquisa ocorreu por meio
de questões de acessibilidade, conveniência e técnicas de “bola de neve”, na qual, segundo
Sampieri et al. (2013) identificam-se os participantes-chave para a pesquisa, pergunta-se se
conhecem outras pessoas que possam proporcionar dados mais amplos e os contatam para
incluí-los no estudo.
Além dos agendamentos com os participantes, os pesquisadores sempre saíam pelas
ruas da cidade, a procura de evidências. Assim, por duas vezes, em uma padaria, sempre havia
algumas pessoas comentando a respeito da tragédia. Mas, não autorizavam que gravássemos
suas falas, foram conversas informais. Porém, após ouvi-los, sempre havia a transcrição no
diário de anotações dos principais pontos das abordagens e análises das falas.
No segundo dia, ocorreu a visita ao local da tragédia, que teve início logo pela manhã
e se encerrou à tardinha. Foi um dia todo para conhecer a “Mina Córrego do Feijão”. O percurso
foi longo e com algumas interrupções para as fotos, pois o local da tragédia estava sendo
reconstruído pela Vale. As entradas foram refeitas, pois o caminho anterior que existia antes da
tragédia, foi completamente destruído pela lama. Os pesquisadores foram conduzidos no
veículo do dono da pousada, os quais estavam hospedados, que se disponibilizou em conduzi-
los até o local. Durante o caminho ele foi detalhando como foi o período o qual, residiu na Mina
Córrego do Feijão, pois foi ex-funcionário da Vale. Dessa forma, foi possível realizar várias
fotos do vilarejo, uma comunidade com poucos habitantes, visto que, muitos moradores
abandonaram suas residências e chácaras, devido a tragédia. Era um cenário de guerra, com
cenas muito tristes e chocantes.
Vários caminhões transitavam entre as ruas, pois a Vale, havia contratado algumas
empresas para reconstruírem o vilarejo, pertencente à Mina Córrego do Feijão. Eram caminhões
pipa jogando água nas ruas, pois a poeira estava provocando sérios problemas asmáticos e de
saúde aos moradores, outros caminhões eram com funcionários pintando os muros e casas,
outros transportando funcionários para limpeza das ruas. Pode-se perceber que a Vale estava
querendo amenizar a situação de alguma forma.
A igreja onde foi o centro de concentração das chegadas dos corpos e restos mortais,
transportados por meio dos helicópteros do corpo de bombeiros, estava sendo reformada e
recebendo uma nova pintura. Alguns moradores da comunidade local aceitaram em falar um
pouco sobre à tragédia, mas preferiam o silêncio e o sentimento de tristeza era constante.
Além da poeira do local, existia ainda um mal cheiro horrível, à medida que os
pesquisadores se aproximavam do local que foi invadido pela lama. E com toda razão, todo
aquele cenário desconfigurado, explicava o porquê os moradores abandonaram suas moradas e
o espaço que lhes pertenciam, pois não teria como permanecerem no local devido aos traumas
e a própria situação de devastação do ambiente, além das casas que foram destruídas com as
correntezas da lama. Ressalta-se que todos estes espaços físicos relatados foram fotografados.
Dessa forma, em todas as entrevistas e nos relatos de vida, pode-se detectar, que a
emoção estava presente a todo momento, muita tristeza, choros, lembranças e lamentos. Os
participantes choravam ao se lembrarem de cada parente ou amigo que perderam suas vidas, de
forma tão devassadora e desumana nesta tragédia. Tanto os participantes da pesquisa, quanto a
população da cidade estavam traumatizados com a situação lastimável das perdas.
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 9
Os encontros com os participantes das entrevistas, foram pré-agendado com pessoas
que aceitaram contribuir com o trabalho. Houve todo um preparo e de ética na conduta nas
entrevistas e nas conversas. O cuidado com o tempo de cada um, o nome que foi resguardado,
o respeito com a própria situação individualizada e de vulnerabilidade percebida em cada
participante, para que não ficassem se sentindo expostos e inseguros.
A análise dos dados foi realizada após a transcrição dos relatos de vida, dos
participantes da pesquisa. E ponderou-se as dimensões com maior impacto nas falas dos relatos.
O instrumento da pesquisa, foi testado e validado primeiramente, para que pudesse
posteriormente ser aplicado.
4. Análise e Discussões dos Resultados
Para contribuir com o estudo das histórias de vida, apoiou-se nas transcrições das
entrevistas e categorizando os dados coletados, priorizando as falas dos entrevistados. As
dimensões identificadas foram: o sofrimento e as perdas, os meios de subsistências, o bem-
estar; o papel do poder público, e as ações da Vale às famílias afetadas.
4.1 O sofrimento e as perdas
A vulnerabilidade do sofrimento causado pela tragédia foi relatada pelos entrevistados,
de forma configurada nas expressões faciais das pessoas, diante das perdas, vidas ceifadas de
familiares, parentes e amigos. Esta perda foi frequentemente, revelada como algo que
prejudicou o sentido do “eu” derivado dos apegos (Belk, 1988; Jain et al., 2021) com cada ente
querido, devido ao trágico acidente, onde muitas vidas foram interrompidas de forma brutal e
inesperada.
Está sendo um desafio acordar todos os dias e relembrar toda a situação vivenciada
do acidente, “Não foi um acidente qualquer, foi uma tragédia!” (A1)
Bom, a princípio são, esses trinta e cinco anos lá na empresa [...] uma funcionária, ela
entrou muito jovem, hoje ela estaria com 50 anos. O corpo dela não foi
encontrado até hoje. (A2)
[...]. Nós fomos padrinhos de casamento dela, há quase três anos. E o marido dela
também estava na lá na Vale também, então morreram os dois.... Morreram os
dois... E. Esse casamento eles tiveram dois filhos, logo que eles casaram, ela
engravidou de dois meninos. [ ]. Que a gente sentiu demais, a gente já visitou a mãe
da Juliana, o pai né. E a gente viu as crianças lá, sem pai e sem mãe! Muito triste...
[choro] (A1).
E o corpo do rapaz, que era o marido dela foi achado e enterrado né, logo no
início e o corpo dela até hoje não foi encontrado e nem o da “Alessídia”, que
trabalharam diretamente comigo (A1).
“Nilson” trabalhou comigo dez anos. [...] E o corpo dele foi achado... Partes do
corpo né... Nem todo mundo foi achado o corpo inteiro, dificilmente encontram o
corpo inteiro. (A1).
Mesmo não sendo meus familiares, o sofrimento não deixou de existir, tinham um
valor, mesmo não sendo de minha afinidade, mais Brumadinho é uma cidade muito
pequena [...]. E depois vai descobrindo que fulano de tal morreu, mas quem era?
E a gente vai pesquisar era ele! Entendeu... e a gente não sabia (A1).
De acordo com as falas dos entrevistados o sentimento de perda dos entes queridos
contrapõe a um roubo, algo que não irá se recuperar mais, são marcar eternas, pois as
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 10
lembranças inerentes a tragédia, serão revividas diariamente pelos familiares e amigos A
vivência do luto e da tristeza despertou a sensibilidade de todos da comunidade. A perda, não
voluntária de posses pode trazer um senso de identidade inferiorizado quando as posses são
perdidas por roubo ou acidente e há relatos de sentimentos de perda de uma parte do euentre
vítimas de desastres naturais (Belk, 1988; Steffens et al., 2021). Vale destacar que, é importante
distinguir entre a percepção do sofrimento atual de outra pessoa e a percepção de características
de estímulo que estão relacionadas às propriedades de uma pessoa saudável e não sofredora, e
portanto, entender as demandas sociais envolvidas de perdas e sofrimentos para o
desenvolvimento de ações e de políticas públicas diferenciadas (Dijker, 2001).
Olha as perdas estão assim, doendo. Mas agora está de forma diferente, porque
agora que as pessoas estão vivenciando o luto. Cada um tem uma forma de viver o
luto. Sempre no dia 25 tem o “Ato do dia 25”, vem àquela memória, lembrança de
todos e está bem difícil! Eu vivencio um pouco né? Nossa, está bem difícil, tudo bem
que tem essas indenizações, mas não vai trazer a vida de volta, nada repõe a
perda, né dos familiares (A2).
Olha a gente se sente assim, inútil né, porque não temos como fazer nada [...] Não
tem muito que ser feito (A3).
Diante dos relatos das histórias de vida, deixa transparecer a dor, o sofrimento pela
perda e forma como ocorreu a tragédia. O luto e os problemas psicológicos que todos estão
enfrentando diante do massacre de várias vidas humanas torna-se perturbador para todos. Deste
modo, a tristeza é uma emoção considerada intimamente relacionada ao luto, que tem como o
resultado final da perda irrecuperável de algo ou alguém que uma pessoa valoriza muito. O luto,
assim como a preocupação, não é apenas uma emoção, mas também faz parte de um processo
de enfrentamento durante o qual uma pessoa tenta lidar com a perda de um relacionamento
importante (Ojala et al., 2021). E são muitas feridas abertas e tristezas nos olhares das famílias,
amigos e conhecidos.
Era muito triste, porque as pessoas chegavam arrasadas pelo fato da situação do que
estavam vendo e de não ter encontrado naquele dia nada, ou ás vezes encontravam
apenas pedaços... então assim, e as mães pediam, por favor, encontrem nem
que seja um dedo do meu filho! Então assim, era tudo muito triste! (A3)
No início foi muito comovente e até hoje, muito triste, no início a cidade estava muito
abalada e ainda a gente encontra muitas pessoas muito abaladas! [...] Após o
acontecido a cidade ficou muito triste, andava pelas ruas aí, e até hoje, todo lugar
que você vai comentam a situação. E o que a Vale está fazendo, é isso (A4).
Diante de todo sofrimento e luto pelas perdas dos familiares e amigos de Brumadinho,
o corpo de bombeiros, seguiu desempenhando seus trabalhos pelas buscas dos restos mortais
das vítimas do desastre socioambiental, da mineradora Vale, até o presente momento. A Figura
2, demonstra o cenário de guerra e devastação que ocasionou 270 mortes e 4 desaparecidos.
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 11
Figura 2: Mina Córrego do Feijão.
Fonte: Dos autores (2022).
Ente muitas fotos realizadas na comunidade Córrego do Feijão e no local da Mina
Córrego do Feijão, local da tragédia, uma delas é essa foto, sendo apresentada acima, onde
pode-se constatar um cenário de guerra e devastação total. Vários helicópteros sobrevoando o
local, cães farejadores, caminhões, equipamentos pesados trabalhando em buscas dos demais
corpos das vítimas da tragédia, que até o momento não haviam sido encontrados. E ao mesmo
tempo, realização de limpeza e aproveitamento da lama, com seus resíduos de minérios, que
estavam sendo comercializados com a China.
Próximo a este local, a Mina Córrego do Feijão, como demonstrado, várias residências
e chácaras, estavam abandonadas, pois, o odor estava forte demais, devido os dejetos humanos
deteriorados junto à lama e os resíduos da própria lama de minérios!! Além do alto volume de
poeiras, que estavam ocasionando vários problemas de saúde às pessoas desta comunidade e
principalmente às crianças, possibilitando complicações pulmonares, conjuntivite, bronquites,
alergias e outras doenças.
4.2 O meio de subsistência dos familiares
De acordo com os relatos de vidas de alguns entrevistados, a questão do meio de
subsistência das famílias afetadas e inclusive da comunidade em geral está relacionada com as
práticas sociais da legitimidade para sobrevivência (Godinho et al., 2017).
A legitimidade à sobrevivência está atrelada a vulnerabilidade social e econômica
destas famílias que sobreviviam do cultivo de hortas de hortaliças, verduras e legumes, criações
de galinhas, de porcos, colheita de ovos, frutas, e alguns animais, como as vacas, as quais
produziam o leite. Com a fabricação artesanal de queijos, manteigas, iogurtes, requeijão, doces
de leite e outros produtos derivados do leite, a produção visava o próprio consumo das famílias
e bem como, o excedente comercializava-os nas feiras da comunidade e da cidade, e ainda no
comércio alimentício em geral de Brumadinho. Ocorre que, com a tragédia da Vale, estas
famílias perderam suas produções, seus animais, suas moradias e suas formas de trabalho, o
que ocasionou sérios problemas financeiros, afetando e comprometendo seus meios de
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 12
subsistências humana e necessária à vida. Visto como um ato de agressão e crise humanitária à
dignidade existencial do Ser Humano.
A questão financeira, de saúde e alimentação, existe um acompanhamento, mas não
por todas assistidas. Tem as indenizações, mas a questão de saúde, não por todos
não, creio eu que não (A2).
Em relação a dinheiro, financeiramente acho que esse não é o problema, mais é a
perda mesmo, o sentimento. A forma como foi, porque a Vale sempre “Preservou a
Vida”, sempre foi o lema da empresa: “A vida acima de qualquer coisa”, né? E
não foi isso justamente que aconteceu né? Então financeiramente falando, todo mundo
está tranquilo. Mas o slogan da Vale foi ao contrário, e sim, o dinheiro acima de
qualquer coisa! (A3.)
O acesso à alimentação, saúde, educação e moradia, pelo que foi relatado por todos os
entrevistados está sendo garantido por audiências públicas e por meio do Ministério Público. A
Vale está sendo obrigada a indenizar as famílias e manter um auxílio a toda a população, para
que todos tenham o acesso adequado e sustentável à renda e recursos para atender às
necessidades sicas (Baro & Deubel, 2006; Godinho et al., 2017). Essa garantia mínima ao
bem-estar se materializa na certeza de que os indivíduos possam ter acesso ao consumo das
necessidades materiais básicas, como comida, abrigo e vestimenta (Voola et al., 2018).
A participante (A3), ressalta a desvalorização e o desrespeito à vida pela Vale, pois os
ativos financeiros e o lucro gerado por ingerências administrativas (Alcadipani & Medeiros,
2020), estratégias organizacionais e estruturas dominantes como o discurso “conto de lama”
(Pereira et al., 2020) tornaram-se mais relevantes que a própria vida e a segurança dos
funcionários, bem como da comunidade de Brumadinho.
4.3 O bem-estar das famílias e dos sobreviventes
Diante do impacto nacional e internacional do desastre da Vale, percebeu-se a
preocupação e a mobilização de vários setores sociais e ONG’S em defesa das famílias que
ficaram sem seus lares e que perderam seus entes queridos. Neste contexto, Venugopal et al.
(2019) expõem que a legitimidade moral /normativa, das práticas tradicionais de subsistência
oportunizam o bem-estar social.
Entretanto a importância das relações sociais que permeiam a vida cotidiana e de suas
atividades inseridas ao bem-estar, mesmo sendo por meio de escambo (Godinho et al., 2017) e
suas comercializações frente ao consumo, representava o contexto da legitimidade de suas
identidades. Porém o “eu” ferido e perdido, desvincula suas legitimidades provindas de rupturas
das fragmentações do sistema pertubardor. Destaca-se também que, as crenças e as práticas
religiosas, por exemplo, estão fortemente relacionadas à cultura e podem ser responsáveis por
algumas das variações nos processos de luto (Stelzer, 2020), como enfatizado em falas dos
entrevistados.
Para os entrevistados A2, A3 e A4, por determinação judicial, a Vale está assistindo
as famílias por meio indenizações e auxílios para toda a comunidade de Brumadinho.
No início a Vale estava pagando psicólogos para os sobreviventes, e funcionários
carentes, mas depois parece que não existe mais este atendimento. Olha a Vale
pagava os psicólogos, mas nós representantes da igreja, tínhamos medo, dos
psicólogos induzirem algo a favor da Vale (A2).
[...] mas apenas a Paola, por milagre sobreviveu. [...] Por ser a única sobrevivente de
sua casa. Perdeu toda sua identidade! Ela estava em casa com a família, mas todos
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 13
morreram. Morava no córrego do feijão e perdeu tudo. A mãe estava fazendo
tratamento, pois perdeu parte da família e a casa também. Ficou sem nada (A2).
[...] eu faço parte de um grupo do terço, que se chama terço da Terníssima Imaculada,
a gente leva a oração do terço às famílias, a gente conta, reza, a gente faz a pessoa
se sentir acolhia e amada e que não está sozinha, e que ela tem um grupo onde ela
pode contar né com a mãe, uma Nossa Senhora, Virgem Maria, onde ela pode se
acolher né, permanecer firme, como Nossa Senhora permaneceu, então assim, o
que a gente pode fazer é isso aí! (A3).
Olha como as pessoas de Brumadinho elas são pessoas assim que conhecem uma as
outras, então praticamente são bem unidas, e nesse sentido todos se dando apoio. O
Brasil inteiro enviou apoio solidário de alguma forma e comoveu não só o Brasil
como o Mundo inteiro. Então tudo foi bem aceito sim (A4).
O fator relevante detectado entre às ações comunitárias e solidárias com as famílias
vulneráveis, foi o papel da igreja com atendimentos, ajuda solidária e voluntária, orações,
celebrações, a oração do terço com os grupos de orações, nas casas das famílias. Estas ações
religiosas diante da Fé das pessoas, foi de incomensurável apoio, para acalmar a dor, a solidão,
a tristeza, e o luto pelas perdas dos familiares, possibilitando dessa forma o bem-estar frente as
recordações (Mick et al., 2012; Sirgy et al., 2007; Zainuddin et al., 2021).
A relação do bem-estar, Mick et al. (2012), a estas famílias, contrapõe frente às
incertezas do futuro para suas vidas obscuras, visto que, as possibilidades de consumo em suas
diversas esferas e dimensões, transpõe novas fronteiras, sendo que, no momento, suas
identidades, Steffens et al. (2021), que deveriam ser conceptualizadas, foram dispersadas e
fragmentadas do mundo social e cultural! Percebe-se, que as perspectivas de mundo do sujeito,
tornam-se contraditórias, desconcertantes diante das concepções temporárias e simbólicas
inseridas às mudanças profundas não idealizadas e complexas, sendo impostas à
vulnerabilidade gerando as rupturas psicológicas e marcantes aos níveis do ecossistema
emergente aos familiares (Zainuddin et al., 2021).
4.4 O papel do poder público
É sabido que cabe ao poder público a prestação de serviços, visando garantir e proteger
o interesse público e a cidadania. Portanto, a vulnerabilidade está profundamente enraizada em
quaisquer soluções fundamentais que envolvem mudanças políticas, reforma no sistema
econômico e no desenvolvimento de políticas públicas para proteger, em vez de, explorar as
pessoas e a meio ambiente (Bankoff et al., 2013). Portanto, a implementação proativamente
políticas para proteger o bem-estar desse grupo que enfrenta dificuldade e situações traumáticas
é fundamental, visto que, os formuladores de políticas podem mapear protocolos para incentivar
os profissionais a serem mais conscientes dos seus deveres direitos e as formas legítimas de
cobranças e no processo de comunicação entre os atores envolvidos (Stewart & Yap, 2020).
Assim, verificou-se a atuação do setor público no caso em pauta, nas seguintes falas:
Está fazendo um papel de interventor, mais ainda muito lento. Ainda não foi criado
nada para a cidade [...]. Está lento demais! (A4).
O poder está batalhando e brigando a favor da gente né? Então assim eles
prenderam, soltaram e tornaram a prender, está investigando né, muita coisa sendo
feita. Então até tenho muito pouco estudo, não sei falar muito bem as coisas, mas em
minha opinião achava que ao invés de dar o dinheiro, ela colocar tipo assim, uma
cooperativa, para as pessoas trabalharem, para ganharem o seu dinheiro, entendeu?
Porque a hora que acabar esse dinheiro, vai fazer o quê? As indenizações das
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 14
famílias são das famílias... agora a população né... Mas com certeza o Ministério
Público está todo envolvido e existe todo um trabalho (A3).
Pode-se verificar que as ações inerentes ao poder público, após várias audiências
públicas, estavam tentando negociar as indenizações referente aos funcionários que não
sobreviveram ao massacre e juntamente com os danos e prejuízos causados ao município de
Brumadinho, de maneira geral. Sobretudo muitas famílias não estavam sendo consultadas
referente às indenizações por se encontrarem em situações vulneráveis e precárias. Existe, neste
sentido, a necessidade de ações do poder público, municipal e governamental de se pensar na
relevância do bem-estar financeiro neste momento tão delicado e calamitoso (Bankoff et al.,
2013; Ianole-Calin et al., 2021).
A contribuição e a participação dos mercados e de rios atores representantes da
sociedade, como o governo e suas instituições, empresas com fins lucrativos, serviço social,
grupos sociais, sindicatos, e indivíduos, desempenham um papel relevante e múltiplo neste
momento, como representantes de toda comunidade afetada pelo desastre (Arora &
Chakraborty, 2021). Sendo pertinente a mobilização destes atoes sociais, para que possam
fortalecer e a apoiar em diversas dimensões, como a oferta de empregos, incentivo à educação
em seus vários níveis, investimento na saúde, melhoria na infraestrutura no município,
higienização em todos os imóveis, ruas e parques, resgate aos valores culturais e sociais da
população.
4.5 Ações da Vale para com as famílias afetadas e para com a comunidade
Os desastres, como o caso de Brumadinho, são eventos trágicos que frequentemente
causam danos físicos catastróficos em casas, prédios, veículos, árvores, linhas de energia e
outras estruturas físicas. Ressalta-se que, a tragédia acarreta rupturas físicas e psicológicas nos
indivíduos, nas famílias e nas comunidades que são afetadas pelos danos físicos e as
consequências psicológicas causadas pela destruição da infraestrutura comunitária, recursos e
outros tipos de apoio e assim, necessita de ações dos entes governamentais e das empresas
causadoras dos eventos danosos aos cidadãos (Bhandari et al., 2021; Osofsky & Osofsky,
2018).
A Vale, não é a única empresa da cidade. Mas era a maior, a mãe, porque era uma
maravilha quem conseguia ser selecionado para trabalhar lá. [...] da forma que a Vale
acha melhor, e por meio da cobrança do Poder Público, com muitas cobranças. Mas
assistência social não está acontecendo nem para a comunidade e nem para as famílias
das vítimas. Ela acha que o dinheiro faz tudo né! (A2).
As famílias foram indenizadas financeiramente, planos de saúde vitalícios, e as
crianças também estão recebendo as melhores escolas da região e creio também que
estão sendo atendidas por psicólogos por perdas dos pais... (A4).
Quanto a indenização, a princípio foi feito uma indenização para as famílias, me
parece de R$100.000,00, para as primeiras despesas, de sepultamento, para a pessoa
ser realmente atendida. Isso houve a todo o momento. E as indenizações que a gente
fala que indenizar vidas não existe, “vida não tem preço” (A1).
As indenizações da Vale para as famílias das vítimas, ademais para toda a população
como forma de auxílio, por determinação judicial, pauta-se em uma das principais
consequências para as sobrevivências das pessoas, como por exemplo, a falta do item
primordial que é a água, identificado como um fator crítico, ponto de vista até mesmo sanitário.
Pode-se analisar a Figura 3, o rio Paraopeba, todo contaminado pela lama, com metais pesados
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 15
e resíduos ocasionados pelo epicentro de impacto causado pelo rejeito que escoou da Barragem
I, do Córrego do Feijão.
Figura 3: Rio Paraopeba-Brumadinho/MG.
Fonte: Autores (2022).
De acordo com os relatos de vários entrevistados, às margens do rio Paraopeba, existia
a aldeia indígena em São Joaquim de Bicas, e foram obrigados a abandonarem o local devido
o rompimento da barragem. Estas famílias sobreviviam praticamente da pesca do rio e de suas
plantações e após tragédia não conseguiram retornar às suas atividades de origem, devido a
contaminação o rio.
Todo morador das margens direita e esquerda estão recebendo um valor, pelo o
que a barragem afetou o rio. Falta água. Falta água para muitas cidades aí para baixo
né. Usam da água do Paraopeba. Pescadores que existem nas margens do rio né (A1).
Entretanto, as ações necessárias para avaliação de vulnerabilidade e capacidade social
(VCA) pré e pós-desastre, bem como, a implementação de políticas públicas e sociais,
integrando as contingências da comunidade local estabelecidas (Arora & Chakraborty, 2021b;
Bankoff et al., 2013; Belk, 1988) e que apresentam sua relevância diante do episódio trágico
em Brumadinho (Gelencsér et al., 2011; Li et al., 2021).
Percebe-se a negligência da empresa Vale, diante da falta da implementação da
segurança estrutural e estratégia de mitigação de risco em ações (Biscarini et al., 2021)
responsáveis pela avaliação do grau de vulnerabilidade, como ocorreu no caso da Barragem B1,
no Córrego do Feijão, e de precaver a possibilidade do desastre, o qual ocorreu, e planos de
contingenciamentos de acidentes ocasionando impactos ambientais, socioeconômicos à
comunidade local de Brumadinho.
5 Considerações Finais
A abordagem deste artigo decorreu no sentido de elucidar necessidades primordiais de
pesquisas de marketing, na área do comportamento do consumidor, demonstrando o
consumidor de forma desconfigurada, lesado e torturado por corporações criminosas. Teve a
intenção, contudo de provocar reflexões sobre percepções dentro aspecto central na gestão, ao
que tange acidentes e desastres por falta de eficiência, profissionalismo e seriedade
organizacional, o qual possibilitou que várias vidas fossem sacrificadas em troca do lucro e
ganância humana.
O objetivo foi centrar na questão da vulnerabilidade do consumo e do bem-estar social
frente à tragédia de Brumadinho/MG. Sendo assim, buscou-se analisar os relatos de histórias
de vida dos moradores de Brumadinho, que participaram da pesquisa. Estes relatos abordaram
as falas dos silêncios interrompidos, da dor e do luto referente à memória ao acontecimento
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 16
brutal do acidente trágico ocorrido na mineradora Vale, na Mina Córrego do Feijão. Nesta
tragédia perdeu-se várias vidas, por negligência e ingerência da Vale, descuidos, economia de
custos, falta de profissionalismo, desrespeito ao Ser Humano, pois até com o “Vale de lama”
Pereira et al. (2020), pode-se obter lucros abusivos, frente ao crime ocorrido.
Nesse prisma, percebeu-se que a vulnerabilidade das famílias inseridas na comunidade
de Brumadinho, que perderam seus filhos, esposas, maridos, parentes e amigos, ficaram sem
reação no sentido, até mesmo de não obterem condições de consumo e o bem-estar social e o
financeiro, diante das rupturas impostas a todos eles (Baro & Deubel, 2006; Godinho et al.,
2017; Voola et al., 2018), os quais ainda lutam por suas indenizações e acordos judiciais, porém
ressalva-se que as possibilidades de futuros acordos judiciais, ainda não indenizará pelo valor
das vidas findadas na lama.
No que diz respeito às contribuições voltadas ao gerencial e ao social, cabe as
ponderações de (Bankoff et al., 2013) a falta de uma formação profissional adequada e humana
para desempenhar o papel em uma organização, voltando os olhares a carência da comunidade.
Ações necessárias, para avaliação de vulnerabilidade e capacidade social (VCA) pré e pós-
desastre, que são as seguintes: (1) realizar pesquisas comparativas baseadas internacionalmente
para descobrir o que a VCA, e processos foram concluídos ou estão sendo realizados em relação
a variados perigos; (2) desenvolver uma metodologia acordada com as principais organizações
não-governamentais (ONGs) e governos, reunindo-se para desenvolver modelos para
avaliações baseadas nas melhores práticas; 3) e frente ao social, as autoridades precisam
explorar os vínculos entre vulnerabilidade social e a capacidade de avaliação de dados,
montados antes de um desastre, com necessidades sociais e de avaliação de dados coletados
após um desastre. Esses dados precisam ser incorporados em um Sistema Integrado de
Informação de Gestão de Desastres (DMIS).
Ressalta-se a relevância deste estudo da área do marketing e contribuições no nível
macro, no sentido de despertar maiores pesquisas transformadoras, frente as organizações,
(Alcadipani & Medeiros, 2020) que danificam o ambiente socioeconômico das comunidades
locais e carentes, provocando destruições, desastres fatais incitados pelas mineradoras,
desabamentos e que negligenciam a legitimidade de práticas de segurança (Venugopal et al.,
2019) rupturas, (Chang et al., 2021) ao bem-estar social e subjuntivo do consumidor,
proporcionando o estado de vulnerabilidade social do indivíduo enquanto consumidor.
Portanto esta pesquisa apresentou contribuições significativas quanto à
vulnerabilidade e rupturas no bem-estar social e no bem-estar financeiro, abordando dimensões
reais e fortes pertinente a perda da qualidade de vida e da justiça social, por uma melhor
perspectiva de vida, devido as perdas humanas e materiais que a comunidade de Brumadinho
obteve.
REFERÊNCIAS
Alcadipani, R., & De Oliveira Medeiros, C. R. (2020). When corporations cause harm: A
critical view of corporate social irresponsibility and corporate crimes. Journal of Business
Ethics, 167(2), 285-297.
Almeida, C. A., et al. (2018). Characterization and evaluation of sorption potential of the iron
mine waste after Samarco dam disaster in Doce River basin Brazil. Chemosphere, 209,
411-420.
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 17
Arora, S. D., & Chakraborty, A. (2021). The role of for-profit firms in disaster management: A
typology. Journal of Macromarketing, 41(4), 675-698.
https://doi.org/10.1177/02761467211020109
Baker, S. M., & Mason, M. (2012). Toward a process theory of consumer vulnerability and
resilience: Illuminating its transformative potential. In Transformative consumer research
for personal and collective well-being (pp. 571-592). Routledge.
Bankoff, G., Frerks, J., & Hilhorst, D. (Eds.). (2013). Mapping vulnerability: disasters,
development, and people. Routledge.
Baro, M., & Deubel, T. F. (2006). Persistent hunger: Perspectives on vulnerability, famine, and
food security in sub-Saharan Africa. Annual Review of Anthropology, 35, 521.
Barros, V. A., Lopes, F. T., & Souza, E. M. de. (2014). Metodologias e analíticas qualitativas
em pesquisa organizacional: uma abordagem teórico-conceitual.
Belk, R. W. (1988). Processing and extended self. Journal of Consumer Research, 15, 139-162.
Bhandari, C., Dahal, R. K., & Timilsina, M. (2021). Disaster risk understanding of local people
after the 2015 Gorkha Earthquake in Pokhara City, Nepal. Geoenvironmental Disasters,
8(1), 1-19.
Biscarini, C., et al. (2021). Vulnerability of hydraulic constructions in flood-prone agricultural
areas. Water, 13(11), 1549.
Borgerson, J. L., & Schroeder, J. E. (2018). Making skin visible: How consumer culture
imagery commodifies identity. Body & Society, 24(1-2), 103-136.
Bradshaw, A., & Chatzidakis, A. (2016). The skins we live in. Marketing Theory, 16(3), 347-
360.
Brough, A. R., et al. (2016). Is eco-friendly unmanly? The green-feminine stereotype and its
effect on sustainable consumption. Journal of Consumer Research, 43(4), 567-582.
Calvo-Porral, C., & Otero-Prada, L. M. (2021). The emotional influence on satisfaction and
complaint behavior in hedonic and utilitarian services. International Journal of Quality and
Service Sciences.
Cayla, J., & Arnould, E. (2013). Ethnographic stories for market learning. Journal of
Marketing, 77(4), 1-16.
Chang, D. F., Dunn, J. J., & Omidi, M. (2021). A critical-cultural-relational approach to rupture
resolution: A case illustration with a cross-racial dyad. Journal of Clinical Psychology,
77(2), 369-383.
Cheung, L., & McColl-Kennedy, J. R. (2019). Addressing vulnerability: what role does
marketing play? Journal of Services Marketing.
Coulthard, S., Johnson, D., & McGregor, J. A. (2011). Poverty, sustainability and human
wellbeing: A social wellbeing approach to the global fisheries crisis. Global Environmental
Change, 21(2), 453-463.
Creswell, J. W., & Creswell, J. D. (2021). Projeto de pesquisa: Métodos qualitativo,
quantitativo e misto. Penso Editora.
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 18
Da Silva Souza, T., et al. (2021). Cytogenotoxicity of the water and sediment of the paraopeba
river immediately after the iron ore mining dam disaster (Brumadinho, Minas Gerais,
Brazil). Ciência do Ambiente Total, 775, 145193.
Davey, J., et al. (2020). The role of health locus of control in value co-creation for standardized
screening services. Journal of Service Theory and Practice.
De Oliveira Gomes, L. E., et al. (2017). The impacts of the Samarco mine tailing spill on the
Rio Doce estuary, Eastern Brazil. Marine Pollution Bulletin, 120(1-2), 28-36.
Dijker, A. J. (2001). The influence of perceived suffering and vulnerability on the experience
of pity. European Journal of Social Psychology, 31(6), 659-676.
Do Carmo, F. F., et al. (2017). Fundão tailings dam failures: the environment tragedy of the
largest technological disaster of Brazilian mining in global context. Perspectives in Ecology
and Conservation, 15(3), 145-151.
Dos Santos Vergilio, C., et al. (2021). Immediate and long-term impacts of one of the worst
mining tailing dam failure worldwide (Bento Rodrigues, Minas Gerais, Brazil). Science of
The Total Environment, 756, 143697.
Eastman, J. K., & Iyer, R. (2021). Understanding the ecologically conscious behaviors of status
motivated millennials. Journal of Consumer Marketing.
Fennis, B. M., et al. (2022). Acute stress can boost and buffer hedonic consumption: The role
of individual differences in consumer life history strategies. Personality and Individual
Differences, 185, 111261.
Fernandes, G. W., et al. (2016). Natureza & Conservação.
Finsterwalder, J., & Kuppelwieser, V. G. (2020). Equilibrating resources and challenges during
crises: a framework for service ecosystem well-being. Journal of Service Management.
Firat, A. F., & Venkatesh, A. (1995). Liberatory postmodernism and the reenchantment of
consumption. Journal of Consumer Research, 22(3), 239-267.
Gelencsér, A., et al. (2011). The red mud accident in Ajka (Hungary): characterization and
potential health effects of fugitive dust. Environmental Science & Technology, 45(4), 1608-
1615.
Gil-Giménez, D., et al. (2021). The influence of environmental self-identity on the relationship
between consumer identities and frugal behavior. Sustainability, 13(17), 9664.
Godinho, V., et al. (2017). When exchange logics collide: insights from remote Indigenous
Australia. Journal of Macromarketing, 37(2), 153-166.
Goenka, S., & Thomas, M. (2020). The malleable morality of conspicuous consumption.
Journal of Personality and Social Psychology, 118(3), 562.
Gomes, L. C., et al. (2018). Genotoxicity effects on Geophagus brasiliensis fish exposed to
Doce River water after the environmental disaster in the city of Mariana, MG, Brazil.
Brazilian Journal of Biology, 79, 659-664.
Gouvêa, J. B., Cabana, R. del P. L., & Ichikawa, E. Y. (2018). As histórias e o cotidiano das
organizações: uma possibilidade de dar voz àqueles que o discurso hegemônico cala. Farol-
Revista de Estudos Organizacionais e Sociedade, 5(12), 297-347.
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 19
Green, D., et al. (2021). Factors affecting household disaster preparedness among foreign
residents in Japan. Social Science Japan Journal, 24(1), 185-208.
Grosz, M. P., Schwartz, S. H., & Lechner, C. M. (2021). The longitudinal interplay between
personal values and subjective well-being: A registered report. European Journal of
Personality, 35(6), 881-897.
Hagerty, M. R., et al. (2001). Quality of life indexes for national policy: Review and agenda for
research. Bulletin of Sociological Methodology/Bulletin de Méthodologie Sociologique,
71(1), 58-78.
Hatje, V., et al. (2017). The environmental impacts of one of the largest tailing dam failures
worldwide. Scientific Reports, 7(1), 1-13.
Ianole-Calin, R., et al. (2020). Understanding sources of financial well-being in Romania: A
prerequisite for transformative financial services. Journal of Services Marketing.
Jain, V., et al. (2021). Narratives selves in the digital world: An empirical investigation. Journal
of Consumer Behaviour, 20(2), 368-380.
Johns, R., & Davey, J. (2019). Introducing the transformative service mediator: value creation
with vulnerable consumers. Journal of Services Marketing.
Lane, R. (2000). The loss of happiness in market democracies. Yale University Press.
Lee, D., & Sirgy, M. J. (2005). Well-being marketing: Theory, research, and applications.
Pakyoungsa.
Lee, D.-J., et al. (2002). Developing a subjective measure of consumer well-being. Journal of
Macromarketing, 22(2), 158–169.
Li, Y., et al. (2021). Evaluation of natural disaster treatment efficiency in 27 Chinese provinces.
In Natural Resources Forum (pp. 256-288). Blackwell Publishing Ltd.
Lindenberg, M. (2002). Measuring household livelihood security at the family and community
level in the developing world. World Development, 30(2), 301–318.
Liu, X. S., et al. (2022). The impact of time pressure on impulsive buying: The moderating role
of consumption type. Tourism Management, 91, 104505.
Martin, K. D., & Hill, R. P. (2012). Life satisfaction, self-determination, and consumption
adequacy at the bottom of the pyramid. Journal of Consumer Research, 38(6), 1155–1168.
Mick, D. G., et al. (Eds.). (2012). Transformative consumer research for personal and
collective well-being. Routledge.
Mulcahy, R. F., Zainuddin, N., & Russell-Bennett, R. (2020). Transformative value and the role
of involvement in gamification and serious games for well-being. Journal of Service
Management.
Nussbaum, M., & Sen, A. (Eds.). (1993). The quality of life. Clarendon Press.
Ojala, M., et al. (2021). Anxiety, worry, and grief in a time of environmental and climate crisis:
A narrative review. Annual Review of Environment and Resources, 46(1), 35–58.
Osofsky, J. D., & Osofsky, H. J. (2018). Challenges in building child and family resilience after
disasters. Journal of Family Social Work, 21(2), 115–128.
Elaine Ribeiro de Oliveira, Nelsio Rodrigues Abreu e Rita de Cássia de Faria Pereira
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 20
Pereira, J., Barros, A., & Rezende, A. F. (2020). Rhetorical typology in organizational disasters.
In Academy of Management Proceedings (p. 18039). Academy of Management.
Quadra, G. R., et al. (2019). Far-reaching cytogenotoxic effects of mine waste from the Fundão
dam disaster in Brazil. Chemosphere, 215, 753–757.
Queiroz, H. M., et al. (2018). The Samarco mine tailing disaster: A possible time-bomb for
heavy metals contamination? Science of the Total Environment, 637, 498–506.
Randers, L., Grønhoj, A., & Thøgersen, J. (2021). Coping with multiple identities related to
meat consumption. Psychology & Marketing, 38(1), 159–182.
Robertson, P. K., et al. (2019). Report of the expert panel on the technical causes of the failure
of Feijão Dam I. Commissioned by Vale.
Rokka, J. (2021). O futuro da Consumer Culture Theory em marketing. Journal of Marketing
Theory and Practice, 29(1), 114–124.
Rosenbaum, M. S., Seger-Guttmann, T., & Giraldo, M. (2017). Commentary: Vulnerable
consumers in service settings. Journal of Services Marketing.
Roux, D., & Belk, R. (2019). The body as (another) place: Producing embodied heterotopias
through tattooing. Journal of Consumer Research, 46(3), 483–507.
Sampieri, R. H., Collado, C. F., & Lucio, M. P. B. (2013). Metodologia de la investigación.
McGraw-Hill.
Schmitt, B., Brakus, J. J., & Biraglia, A. (2021). Consumption ideology. Journal of Consumer
Research.
Scott, R., Cayla, J., & Cova, B. (2017). Selling pain to the saturated self. Journal of Consumer
Research, 44(1), 22–43.
Segura, F. R., et al. (2016). Potential risks of the residue from Samarco's mine dam burst (Bento
Rodrigues, Brazil). Environmental Pollution, 218, 813–825.
Siedlewicz, G., et al. (2018). Presence, concentrations and risk assessment of selected antibiotic
residues in sediments and near-bottom waters collected from the Polish coastal zone in the
Southern Baltic Sea—Summary of 3 years of studies. Marine Pollution Bulletin, 129(2),
787–801.
Shultz, C. J., & Holbrook, M. B. (2009). The paradoxical relationships between marketing and
vulnerability. Journal of Public Policy & Marketing, 28(1), 124–127.
Sirgy, M. J. (2001). Handbook of quality-of-life research: An ethical marketing perspective.
Springer Science & Business Media.
Sirgy, M. J. (2021). The psychology of quality of life: Wellbeing and positive mental health.
Springer Nature.
Sirgy, M. J., et al. (1995a). A life satisfaction measure: Additional validational data for the
congruity life satisfaction measure. Social Indicators Research, 34(2), 237–259.
Sirgy, M. L., et al. (1995b). Developing a life satisfaction measure based on need hierarchy
theory. In M. J. Sirgy & A. Samli (Eds.), New dimensions of marketing and quality of life.
Greenwood Press.
Vulnerability in social welfare and household consumption after the Brumadinho/MG tragedy
Vulnerabilidade no bem-estar social e no consumo familiar, após a tragédia de Brumadinho/MG
Gestão & Regionalidade | v. 40 | e20248519| jan.-dez. | 2024. https//doi.org/10.13037/gr.vol40.e20248519
Copyright: © 2024, os autores. Licenciado sob os termos e condições da licença Creative Commons Atribuição-
NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0) (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/). p. 21
Sirgy, M. J., Grzeskowiak, S., & Rahtz, D. (2007). Quality of college life (QCL) of students:
Developing and validating a measure of well-being. Social Indicators Research, 80(2), 343–
360.
Sirgy, M. J., & Lee, D.-J. (2006). Macro measures of consumer well-being (CWB): A critical
analysis and a research agenda. Journal of Macromarketing, 26(1), 27–44.
Steffens, N. K., et al. (2021). Advancing the social identity theory of leadership: A meta-
analytic review of leader group prototypicality. Organizational Psychology Review, 11(1),
35–72.
Stelzer, E.-M., et al. (2020). Prolonged grief disorder and the cultural crisis. Frontiers in
Psychology, 10, 2982.
Stewart, C. R., & Yap, S.-F. (2020). Low literacy, policy, and consumer vulnerability: Are we
really doing enough? International Journal of Consumer Studies, 44(4), 343–352.
Tanner, E. C., & Su, L. (2019). Reducing perceived vulnerability to increase utilization of
nonprofit services. Journal of Services Marketing.
Vanden Abeele, M. M. P. (2021). Digital wellbeing as a dynamic construct. Communication
Theory, 31(4), 932–955.
Venugopal, S., et al. (2019). Adapting traditional livelihood practices in the face of
environmental disruptions in subsistence communities. Journal of Business Research, 100,
400–409.
Voola, A. P., et al. (2018). Families and food: Exploring food well-being in poverty. European
Journal of Marketing.
Voukelatou, V., et al. (2021). Measuring objective and subjective well-being: Dimensions and
data sources. International Journal of Data Science and Analytics, 11(4), 279–309.
Yan, L., Keh, H. T., & Chen, J. (2021). Assimilating and differentiating: The curvilinear effect
of social class on green consumption. Journal of Consumer Research, 47(6), 914–936.
Zainuddin, N., et al. (2021). Defining and explicating value re-creation to solve marketplace
problems for consumers with vulnerabilities. Journal of Services Marketing.
i Pós-Doutorado em Administração na UFPB (2018-2019), Doutora em administração pela PUC/SP (2017) e Mestre em
Administração pela PUC/SP (2011). Mestre em administração - gestão em negócios pela UNIVERSIDADE VALE DO RIO
VERDE (2001). Especialização em Gerência Financeira- UNINCOR (1995), Graduação em ciências Contábeis pela
UNIVERSIDADE VALE DO RIO VERDE (1994), Graduação em administração pela UNIVERSIDADE VALE DO RIO
VERDE (1991) . Atualmente é docente convidada para pós- lato sensu do Centro Universitário de Rio Preto.
ii Doutorado em Administração pela Universidade Federal de Lavras - UFLA, Mestrado em Administração pela Universidade
Federal de Alagoas - UFAL e Graduação em Administração pela Universidade Federal de Viçosa - UFV. Atualmente é
Professor Associado IV da Universidade Federal de Paraíba/UFPB, lecionando no Curso de Administração do Departamento
de Administração/DA e no Programa de Pós-Graduação em Administração - PPGA/UF.
iii Ph.D. degree in Management (Marketing & Strategy) earned from Federal University of Rio Grande do Sul (UFRGS) and
B.Sc. and M.Sc. degrees in Business Administration earned from Federal University of Paraíba (UFPB).
ResearchGate has not been able to resolve any citations for this publication.
Article
Full-text available
The digital era has led to the extension of self into virtual space, resulting in changes to consumption patterns. The existing academic landscape in this area focuses on Western perspectives, in the context of early-stage digital interventions. However, the dynamic digital world demands a constant exploration to understand the corresponding influences on consumer behavior across varied cultural contexts. This research focuses on unraveling newer dimensions of the digital self from non-Western perspectives. We adopt an interpretive lens to understand the evolving nature of self through a grounded theory approach. The study establishes the presence of multiple independent narrative selves, co-created with people, and technology. Each narrative addresses different segments of personal audiences, enabling new modes of self-expression to overcome the challenges of digital expressions. Additionally, we highlight the exclusion of the digital presence of family in the formation of the narrative self. From a theoretical perspective, we extend and contrast the existing conceptualizations on self, such as dialogical selves, self-extension and expansion, and the unified core self. Further, the practical implications emphasize the need for narrative analytic approaches to understanding consumers and avenues for brands to decode narratives, develop strategies to gain consumer attention, and become part of consumers' narrative selves.
Article
Full-text available
The need to reduce consumption is evident, and a way of achieving this is through austerity and frugal practices. The aim of this research was to advance the understanding of frugal behavior and its relation to consumer identities, and to analyze any possible mediating effects of environmental self-identity. In Study 1 (n = 492), the factor structure of the consumer identities scale was tested and three distinct identities were defined: moral, wasteful, and thrifty consumer identities. In Study 2 (n = 500), the influence of consumer identities on frugal behavior was studied and the possible mediating effect of environmental self-identity was analyzed. Environmental self-identity completely mediated the relationship between moral identity and frugal behavior and partially mediated the relationships of both wasteful and thrifty identities with frugal behavior. The model was able to predict 27.6% of the variance of environmental self-identity and 47.9% of the variance of frugal behavior, with a strong influence by the thrifty consumer identity. This emphasizes the economic dimension of frugal consumption patterns and the importance of considering how people view themselves, both as individuals and as consumers, in order to more effectively engage and maintain long-term sustainable frugal actions.
Article
Full-text available
Greater attention should be paid to the emotional aspects of the service experience. In this context, we propose that emotions will have a different impact on customers’ complaint behavior and satisfaction depending on the hedonic or utilitarian nature of the service and for this purpose a valence-based approach is followed. A sample of 809 service users was analyzed through multi-group Structural Equation Modeling (SEM), including both hedonic (bars and cafeterias, n=210) and utilitarian services (bank and public transportation services, n=599). Research findings show the different influence of emotions on customers’ complaint behavior and satisfaction depending on the service nature. Further, the negative affect does not influence behavioral outcomes in hedonic services; while positive affect exerts a slight lower influence in utilitarian services. Finally, the service nature plays a moderating role in the emotions-satisfaction and emotions-complaint behavior relationship. This research shows the important role of the service nature, reporting different results for hedonic and utilitarian services in the influence of emotions in behavioral outcomes.
Article
Full-text available
Ideology plays a central role in consumer decisions, actions, and practices. While there have been numerous studies of ideological formations in specific consumption contexts, an integrative theoretical framework on consumption ideology has been missing. The theoretical framework presented in this article integrates systemic, social group, and social reality perspectives from social theory with prior consumer research to conceptualize consumption ideology as ideas and ideals that are related to consumerism and manifested in consumer behavior. Consumption ideology originates from conflicts between consumer desires and the system of consumerism. It is reflected in consumers’ lived experiences and expressed in social representations and communicative actions related to status-based consumption, brand affinity and antipathy, performed practices, and political consumption. By adapting to the market, consumers confirm the system, but when they resist, they accelerate conflicts in consumer experiences unless resistance is ideologically co-opted by the market. Three illustrative cases–upcycling, Zoom backgrounds, and the commercialization of TikTok—exemplify how the framework may be used to analyze consumption ideology and generate new research questions. The article concludes with future research programs that move beyond micro-theorizations to illuminate the broader role of ideology in contemporary consumerist society.
Article
The research examines the effect of time pressure on impulsive buying via the moderation of consumption type by identifying positive emotion as the underlying mechanism. Firstly, we verify that time pressure is positively correlated with affective aspects of impulsive buying but negatively associated with cognitive aspects of impulsive buying. Notably, affective (vs. cognitive) impulsive buying is dominated by affective (vs. cognitive) information processing. Research also has shown that hedonic (vs. utilitarian) consumption is dominated by affective (vs. cognitive) information processing. We thus further illustrate that high time pressure increases impulsive buying for hedonic products/services whereas low time pressure enhances impulsive buying for utilitarian products/services. These effects are mediated by positive emotion. This research reconciles the conflicting findings of time pressure effect on impulsive buying, advances the knowledge of how time pressure impacts impulsive buying, and provides practical implications for tourism practitioners and marketers about promoting strategies of impulsive buying.
Article
Mixed findings on the relationship between acute stress and the tendency to engage in hedonic food consumption suggest that stress may both boost and buffer hedonic eating. The present research aims to contribute to reconciling these mixed findings by focusing on the role of individual differences in consumer life history strategies (LHS) –short-term, impulsive, reward-sensitive (fast) vs. long-term, reflective, goal-oriented (slow) self-regulatory strategies– that might drive hedonic eating. We propose and show that stress may boost hedonic consumption among fast LHS consumers, while the relationship is buffered (non-significant) among their slow LHS counterparts. Moreover, we find that this stress-induced eating among fast LHS consumers is also cue-driven such that fast (but not slow) LHS consumers show a higher sensitivity to scarcity cues signaling the desirability of a palatable food under conditions of stress. Finally, we find that a cue indicating a high caloric content of the food may curb the tendency for fast LHS consumers to engage in (over) consumption of hedonic foods under stress.
Article
Purpose This paper aims to test the relationship between millennials’ status motivation and their ecologically conscious consumer behavior (ECCB) and the mediating role of culture influencing this effect. Design/methodology/approach A panel of millennials was surveyed using established scales to measure their status motivation, cultural values and ECCB. Findings The findings demonstrate status motivation has a positive effect on millennials’ ECCB. The findings indicate that the cultural values of collectivism, power distance and masculinity mediate the relationship between status motivation and ECCB. Research limitations/implications This study looked at responses from one generation, millennials, in one country, the USA. Practical implications Status motivation can impact ECCB and cultural values mediate this relationship. Status motivation can directly impact ECCB, as well as work positively through the cultural values of collectivism and power distance and negatively through masculinity. Social implications The results suggest ECCB for status-motivated millennials is driven by both status motivation and their collectivism, power distance and masculinity. To encourage millennials’ ECCB, public policymakers and marketers should emphasize the social influences of sustainable behaviors and how these behaviors make them stand out from others who are not sustainable and target those who view women as equal to men. Originality/value This research examines how millennials’ status motivations impact their ecologically conscious behaviors both directly and through the mediating role of cultural values. This research contributes by answering the call for looking at the influence of cultural values on environmental behaviors. It offers a possible reason for the mixed findings previously in the literature regarding status and sustainability by illustrating status motivations may work both directly and through cultural values in influencing ECCB. Thus, it is one of the first studies to demonstrate culture’s mediating effect in the area of sustainability.
Article
Purpose This paper aims to examine driving retirement and its impact on the well-being of older citizens. The concepts of value creation and destruction are used to understand older consumers’ experiences with the self-service consumption activity of driving. This paper formally introduces the concept of value re-creation, as a means of restoring the overall value lost from the destruction of certain components of previous value structures. In doing so, this paper explores the different ways that resources across the micro, meso and macro levels of the ecosystem can be re-aligned, in order for older citizens to maintain their well-being after driving retirement. Design/methodology/approach A qualitative, individual-depth interview approach was undertaken with 26 participants living in New South Wales, Australia. The participants comprised of both drivers approaching driving retirement age, as well as driving retirees. Thematic analysis was undertaken to analyse the data. Findings The findings identified that emotional value in the forms of freedom, independence/autonomy and enjoyment, functional value in the forms of convenience and mobility and community value are created from driving. Driving retirement destroys certain components of this value (e.g. enjoyment and convenience) irrevocably, however freedom, independence/autonomy, mobility and social connectedness can still be maintained through re-aligning resources across the micro, meso and macro levels of the ecosystem. New components of value are also created from driving retirement. These include peace of mind, which contributes to the re-creation of the emotional value dimension, and cost savings, which creates the new value dimension of economic value. These changes to the value structure effectively re-create the overall value obtained by individuals when they retire from driving. Originality/value The main contribution of this work is the formal introduction of the concept of value re-creation at the overall and value dimension level, and development of a conceptual model that explains how this value re-creation can occur. The model shows the resource contributions required across all levels of the ecosystem, expanding on existing conceptualisations that have predominantly focussed on resource contributions at the individual and service levels.
Article
Contemporary existence presents a duality of sustained development and recurrent disasters. Whereas disaster studies have closely examined public policy and state initiative, the role of for-profits is under-explored. Stakeholder theory and its integration with marketing orientation provide a theoretical underpinning for understanding the behavior of firms across contingencies, including disasters. Accordingly, we traverse the range of actions that these market entities exhibit in aiding disaster management and develop a comprehensive typology. The current COVID-19 pandemic provides a context for illustrating the practical exemplar actions as mapped to the proposed typology. We add to theory by examining the role of marketing philosophy and for-profits in tackling disasters at multiple levels: from micro-aspects of maintaining relations with specific stakeholders to the macro-objective of building community resilience. Further, the proposed typology helps practice and research by highlighting the range of firms' responses contributing to disaster management and building community resilience.
Article
Research on disaster mitigation and prevention has tended to focus on the impact of natural disasters on the economy and strategies for risk reduction and mitigation. There has been significant research on disaster prevention and treatment efficiencies, however, most analyses have employed traditional data envelopment analysis (DEA) radial models that do not consider undesirable output. Differing from previous research, this study employed a non‐radial directional distance function DEA that included an undesirable output analysis to evaluate the natural hazard management efficiency in 27 provinces/municipalities/autonomous regions in China. Results show that: (a) economic losses from natural disasters were lower due to the increase in natural disaster prevention and control program expenditure; (b) the overall natural disaster control efficiencies varied significantly across the provinces; and (c) Tibet and Xinjiang, which have the lowest general disaster prevention efficiencies, could benefit from following the example set by provinces such as Sichuan and Guangdong, which have the highest disaster prevention efficiencies. Disaster prevention efficiencies measure the overall performance of each province in disaster prevention. This efficiency index is measured by input (disaster prevention expenditure) and output (number of natural disasters prevented and natural disaster economic losses), and its calculation method is the ratio of the actual value of each input and output to the target value. This ratio is called the efficiency score, and the efficiency score is between 0 and 1. An efficiency score of 1 represents the most efficient.