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ABORDAGEM TERAPÊUTICA DA MEDICINA INTEGRATIVA NA PRÁTICA CLÍNICA: REVISÃO INTEGRATIVA

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Abstract

A medicina integrativa representa uma visão holística acerca da saúde dos indivíduos, de maneira a integrar aspectos físicos, mentais, sociais, culturais e espirituais particulares a cada paciente. Neste estudo, objetivou-se analisar como é feita a abordagem terapêutica da medicina integrativa na prática clínica. Para tanto, realizou-se uma revisão integrativa da literatura, com enfoque qualitativo, de caráter exploratório e descritivo, tendo como base para análise dos dados aproximações com a Análise de Conteúdo de Bardin (2016). Os bancos de dados foram PubMed e Medline, relacionados aos descritores, em português, [medicina corpo-mente], [medicina integrativa], [medicina comportamental] e [prática clínica] e, em inglês, [mind-body medicine], [integrative medicine], [behavioral medicine] e [clinical practice], correlacionados com o Operador Booleano “AND”. Foram incluídos trabalhos com disponibilização eletrônica completa e gratuita, em inglês ou português, publicados entre os anos de 2018 e 2023. Foram excluídos monografias e dissertações, artigos educacionais, debates, protocolos de estudo, editoriais, manuscritos do autor, diretrizes clínicas, trabalhos publicados em eventos, duplicados e com acesso restrito. Ao final, foram analisados 25 artigos, os quais evidenciaram que a medicina integrativa aplicada à prática clínica está, geralmente, associada à medicina convencional, a fim de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, embora sejam necessários estudos com maior rigor metodológico e alto nível de evidência para comprovar sua eficácia. Logo, conclui-se que a medicina integrativa se associa à medicina convencional, por meio de diferentes intervenções e implicações nos processos de saúde.
Destaques Acadêmicos, Lajeado, v. 16, n. 3, p. 409-429, 2024. ISSN 2176-3070 409
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
E DA SAÚDE
Revista Destaques Acadêmicos, Lajeado, v. 16, n. 3, 2024. ISSN 2176-3070
DOI: http://dx.doi.org/10.22410/issn.2176-3070.v16i3a2024.3896
http://www.univates.br/revistas
ABORDAGEM TERAPÊUTICA DA MEDICINA
INTEGRATIVA NA PRÁTICA CLÍNICA: REVISÃO
INTEGRATIVA
Nathália Raquel Adiers1, Milena da Silva Brandão2,
Andreia Aparecida Guimarães Strohschoen3
Resumo: A medicina integrativa representa uma visão holística acerca da saúde
dos indivíduos, de maneira a integrar aspectos físicos, mentais, sociais, culturais e
espirituais particulares a cada paciente. Neste estudo, objetivou-se analisar como é
feita a abordagem terapêutica da medicina integrativa na prática clínica. Para tanto,
realizou-se uma revisão integrativa da literatura, com enfoque qualitativo, de caráter
exploratório e descritivo, tendo como base para análise dos dados aproximações com a
Análise de Conteúdo de Bardin (2016). Os bancos de dados foram PubMed e Medline,
relacionados aos descritores, em português, [medicina corpo-mente], [medicina
integrativa], [medicina comportamental] e [prática clínica] e, em inglês, [mind-body
medicine], [integrative medicine], [behavioral medicine] e [clinical practice], correlacionados
com o Operador Booleano “AND”. Foram incluídos trabalhos com disponibilização
eletrônica completa e gratuita, em inglês ou português, publicados entre os anos de
2018 e 2023. Foram excluídos monografias e dissertações, artigos educacionais, debates,
protocolos de estudo, editoriais, manuscritos do autor, diretrizes clínicas, trabalhos
publicados em eventos, duplicados e com acesso restrito. Ao final, foram analisados
25 artigos, os quais evidenciaram que a medicina integrativa aplicada à prática clínica
está, geralmente, associada à medicina convencional, a fim de melhorar a qualidade de
vida dos indivíduos, embora sejam necessários estudos com maior rigor metodológico
e alto nível de evidência para comprovar sua eficácia. Logo, conclui-se que a medicina
integrativa se associa à medicina convencional, por meio de diferentes intervenções e
implicações nos processos de saúde.
Palavras-chave: cuidado integral; terapia holística; prática médica.
1 Acadêmica do Curso de Medicina da Universidade do Vale do Taquari - Univates.
2 Médica pela Universidade Luterana do Brasil – Ulbra. Pós-Graduação em Dermatologia e
Pós-Graduação em Medicina Integrativa pelo Hospital Albert Einstein.
3 Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências Exatas - PPGECE.
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1 INTRODUÇÃO
Atualmente, a medicina convencional é a principal forma de aplicação
das técnicas médicas, a qual se baseia no modelo biomédico de saúde, vinculado
ao surgimento do contexto do Renascimento (Barros, 2002). Entretanto, discute-
se a implementação de tal modelo como base para os serviços de saúde, posto
que a subjetividade dos pacientes com relação ao processo de adoecimento
não é levada em consideração, de modo a excluir a complexidade e a
individualidade advindas do sofrimento humano, assim como sua dimensão
fenomenológica (Guedes; Nogueira; Camargo, 2006). Isso, por sua vez, fez com
que as demandas dos atendimentos em saúde não fossem atendidas de maneira
completa, o que resultou na expansão da busca por outros modelos de saúde,
sendo o cuidado e a cura os principais alicerces para as abordagens terapêuticas
(Luz; Rosenbaum; Barros, 2006). Com base nisso, em 1962, foi definido pela
“World Health Organization (WHO)”4 o conceito de medicina complementar, ou
alternativa, a qual está vinculada às amplas práticas em saúde não relacionadas
à tradição ou à medicina convencional de determinado local e não totalmente
integradas ao sistema de saúde desse espaço (Europa, 1962).
Dito isso, justifica-se seu estudo como uma maneira de implementar
um olhar holístico para a saúde, em que vários princípios de autocuidado,
autocura e autoconhecimento dos indivíduos são levados em consideração,
a fim de haver melhora na qualidade de vida (Esch; Stefano, 2022). Além
disso, ressalta-se sua prática como uma opção para abordar pacientes com a
intenção de efetivar terapias não farmacológicas, sendo uma das características
mais importantes para prever comportamentos e compreender as ideias dos
pacientes ao discutir a ausência de uma prescrição medicamentosa como forma
terapêutica (Shamblen et al., 2018).
Neste contexto, a presente pesquisa apresenta a seguinte questão
norteadora: “Como é feita a abordagem terapêutica da medicina integrativa
na prática clínica?”. Dessa forma, a partir da definição de tal problema,
objetivou-se analisar como é feita a abordagem terapêutica da medicina
integrativa na prática clínica, por meio de uma revisão integrativa da literatura,
a fim de diferenciá-la da medicina convencional e de identificar quais são suas
intervenções e implicações na prática clínica.
1.1 A medicina convencional e o modelo biomédico
Atualmente, a medicina convencional - ou ocidental - baseia-se no
modelo de saúde denominado biomédico, o qual foi vinculado ao contexto
do Renascimento caracterizado pela revolução artístico-cultural da época
(Barros, 2002). Nesse sentido, pode-se instaurar a problematização da
4 Organização Mundial da Saúde (OMS).
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abordagem terapêutica assegurada essencialmente pela racionalidade científica
moderna, haja vista que questões subjetivas relacionadas ao adoecimento dos
pacientes não são levadas em consideração, de maneira a tornar excludente
a complexidade e a singularidade do sofrimento humano, bem como sua
dimensão fenomenológica (Guedes; Nogueira; Camargo, 2006).
Assim, com base no supracitado, o fato de o modelo biomédico da
medicina convencional não atender às demandas dos atendimentos em saúde
de forma completa fez com que houvesse a expansão da busca por outros
modelos de saúde voltados ao cuidado e à cura. Dessarte, instaurou-se a
medicina integrativa como forma de integrar e implementar à saúde um modelo
baseado na união das práticas médicas denominadas como complementares ou
alternativas (Luz; Rosenbaum; Barros, 2006).
1.2 Contexto histórico
Em 1962, foi definida pela WHO a compreensão acerca do conceito de
medicina complementar, ou alternativa, sendo essa constituinte de amplas
práticas de saúde não relacionadas à tradição ou à medicina convencional
de determinado espaço territorial, as quais não são totalmente integradas
ao sistema de saúde de tal local (Europa, 1962). Da mesma forma, a WHO
criou, ao final da década de 1970, o Programa de Medicina Tradicional, a fim
de estabelecer políticas facilitadoras à implementação de tal medicina, de
maneira a possibilitar a integração entre a medicina convencional e a medicina
integrativa nos sistemas de saúde espalhados pelo mundo todo (Brasil, 2006).
No que se refere ao Brasil, especificamente, o início da abordagem
integrativa na medicina legitimou-se e se institucionalizou na década de 1980,
especialmente com o surgimento do Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2005).
Sendo assim, tem-se como marco para a instituição das Práticas Integrativas e
Complementares (PICS)5, no território brasileiro, a 8° Conferência Nacional de
Saúde, ocorrida em 1986, posto que essa, orientada pelo contexto da Reforma
Sanitária da época, determinou a “introdução de práticas alternativas de
assistência à saúde no âmbito dos serviços de saúde, possibilitando ao usuário
o acesso democrático de escolher a terapêutica preferida” (Brasil, 2009).
Isso posto, hodiernamente, a medicina integrativa respalda-se a partir
do documento “WHO Traditional Medicine Strategy: 2014-2023”, elaborado pela
WHO, o qual disponibiliza condutas estratégicas para o período compreendido
entre 2014-2023, no que se refere ao auxílio e à instigação dos estados-membros
a integrarem a medicina supracitada nos sistemas de saúde. Sendo assim, tal
plano possibilita mapear a situação atual mundial da aplicabilidade da medicina
5 Neste parágrafo, preferiu-se permanecer com a utilização do termo “Práticas Integrativas
e Complementares (PICs)”, entretanto, sabe-se que essas práticas estão inseridas dentro da
abordagem da medicina integrativa (Rees, 2001).
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integrativa, visto que sua utilização é conhecida em diversos países, além de
que, atualmente, há uma tendência maior à aceitação de sua abordagem com
uma finalidade prática e profissional (Europa, 2013).
1.3 Definição e abordagem clínica da medicina integrativa
Em princípio, é fundamental distinguir a medicina integrativa da
medicina alternativa ou complementar, bem como da medicina tradicional,
visto que a medicina integrativa não pode ser aplicada como um sinônimo
aos outros termos. Com base nisso, enquanto a medicina alternativa ou
complementar e a medicina tradicional vinculam-se a práticas terapêuticas
que podem ser utilizadas como complementares à medicina convencional, a
medicina integrativa amplia a visão de saúde, tendo como alicerce princípios
que direcionam o foco dos atendimentos clínicos à saúde e à cura dos indivíduos
(Rees, 2001).
No que se refere aos espaços de abordagem da medicina integrativa,
esta pode estar presente em uma consulta, em um espaço clínico particular ou
em um serviço de atendimento primário. Com isso, torna-se possível integrar
à medicina convencional uma variedade de terapias voltadas para os pacientes
com dificuldades em lidar com suas doenças (Gannotta et al., 2018), além de
sua implementação nos serviços de saúde permitir a valorização dos encontros
entre profissionais e usuários com a presença de uma escuta para além do
objetivo de atenuar determinada sintomatologia (Saraiva; Ferreira Filha; Dias,
2011).
Ademais, sob a ótica da medicina integrativa, é significativo
compreender o estilo de vida dos indivíduos, posto que, a partir dessa premissa,
torna-se possível solidificar a construção da medicina preventiva, levando-se
em consideração fatores como dieta, atividade física, qualidade de descanso
e sono, bem como o âmbito dos relacionamentos (Rees, 2001). Nesse sentido,
diz-se que a instauração da medicina integrativa se identifica, fortemente, com
discussões relativas à integralidade do cuidado, humanização das relações
interpessoais, consolidação de evidências científicas e, por fim, com mudanças
na educação em saúde (Otani; Barros, 2011).
1.4 Benefícios da medicina integrativa
Na contemporaneidade, constata-se o aumento do interesse e
da aplicabilidade da medicina integrativa pelos indivíduos, dado que a
fragmentação do cuidado e o desejo por tratamentos menos invasivos à saúde
são motivações frequentes para essa apuração. Dessarte, com a definição da
medicina referida, torna-se possível integrar à medicina convencional suas
formas alternativas e complementares terapêuticas, bem como os artifícios da
medicina tradicional, a partir de evidências científicas seguras e consolidadas
(Otani; Barros, 2011).
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Ainda, explicita-se o potencial de autoconhecimento que a medicina
integrativa viabiliza aos pacientes, visto que seu enfoque, diferentemente
do modelo biomédico, permite aprofundar ressignificações e aprendizados
construídos a partir do adoecimento e do sofrimento como parte de tal
processo, assim como colabora para repensar determinados valores pessoais.
Com isso, disponibiliza-se aos pacientes ferramentas de autoconhecimento e de
crescimento pessoal relevantes (Tesser, 2009).
Da mesma forma, a abordagem terapêutica da medicina integrativa na
prática clínica proporciona uma maior conexão na relação médico-paciente, no
sentido da garantia do acolhimento e de cuidados amplos à saúde frente às
múltiplas queixas clínicas (Luz; Rosenbaum; Barros, 2006), de modo a superar
a dificuldade em levar em consideração a subjetividade dos pacientes, o que
pode fazer com que fatos importantes da história clínica sejam passados
despercebidos. Relacionado a isso, tal conexão apresenta um impacto positivo
no atendimento médico, posto que problemas como nervosismo, preocupação,
tristeza, cansaço, medo, ansiedade, dores generalizadas e desânimo, por
exemplo, perpassam aspectos sociais, culturais e espirituais dos pacientes
(Saraiva; Ferreira Filha; Dias, 2011).
Infere-se, portanto, que os recursos terapêuticos disponibilizados pela
medicina integrativa favorecem o vínculo e a solidariedade, além de integrarem
à saúde questões envolvidas com a espiritualidade dos pacientes. No entanto,
é válido ressaltar que tais aspectos benéficos dessa atuação na medicina não
excluem o mérito e a importância do progresso dos métodos terapêuticos
relacionados à medicina convencional, especialmente no que se refere às
doenças que anteriormente não apresentavam cura nem profilaxia, sendo a
medicina integrativa uma forma complementar, e não alternativa, à medicina
convencional (Saraiva; Ferreira Filha; Dias, 2011).
1.5 Dificuldades na implementação da medicina integrativa na prática
clínica
Em princípio, é válido pontuar que faculdades de medicina de todo o
mundo estão aderindo à implementação da medicina integrativa no currículo
acadêmico, a fim de promover maior conscientização sobre o uso das práticas
incluídas nessa área, bem como identificar segurança e eficácia quando essas
passam a ser aplicadas no âmbito da medicina convencional. Entretanto, há
pouco material científico publicado com o objetivo de avaliar o impacto dos
programas com base no ensino de medicina integrativa na graduação do curso
de medicina (Samuels et al., 2022), de maneira a refletir a necessidade de maior
envolvimento científico no que se refere à mobilização para a elucidação de
pesquisas relacionadas às práticas integrativas, tendo como objetivo ampliar
sua disseminação, bem como elaborar um sistema de saúde envolvido com a
promoção, prevenção e recuperação da saúde dos indivíduos (Saraiva; Ferreira
Filha; Dias, 2011).
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Ademais, a educação em saúde referente às abordagens integrativas é
insuficiente, de maneira a instaurar lacunas nesse campo do conhecimento, o
que faz com que os profissionais apresentem incertezas e resistência à aplicação
dos métodos integrativos, o que se relaciona à ausência de um embasamento
científico adequado, bem como à falta de clareza nas políticas públicas e na
divulgação das informações. Dessa forma, no que diz respeito à implementação
das práticas integrativas no Brasil, dentro do SUS, comenta-se que o acesso
dos profissionais a essas práticas deveria ser assegurado por uma política
nacional, com o acréscimo da possibilidade da informação para toda a equipe
multidisciplinar (Cruz; Sampaio, 2016); nesse sentido, cita-se a educação em
PICS disponibilizada pelo Ministério da Saúde para profissionais de saúde
do SUS como uma forma de fortalecer a implementação de tais práticas, além
de permitir valorizar o potencial dos trabalhadores competentes na área e
possibilitar um espaço em que há o compartilhamento de saberes (Brasil, 2024).
2 MÉTODO
Utilizou-se como desenho metodológico para este estudo uma
abordagem qualitativa, tendo caráter exploratório e descritivo (Gil, 2002),
respaldada por uma revisão integrativa da literatura como procedimento
técnico, com as respectivas etapas compiladas no fluxograma 1 abaixo. Sendo
assim, considera-se a revisão integrativa como um método de pesquisa no
qual se objetiva sintetizar resultados obtidos em estudos sobre determinado
tema ou questão, de forma sistemática, ordenada e abrangente, de maneira a
constituir um corpo de conhecimento por fornecer informações globais sobre
dado assunto ou problema (Ercole; Melo; Alcoforado, 2014).
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Fluxograma 1 – Descrição dos respectivos tópicos referentes a cada etapa desta
revisão integrativa
Fonte: Autores (2023).
Inicialmente, definiu-se o tema, o problema, o objetivo geral, os
objetivos específicos e a justificativa. Após, foram selecionados os descritores,
em português, denominados [medicina corpo-mente], [medicina integrativa],
[medicina comportamental] e [prática clínica], e, em inglês, descritos como
[mind-body medicine], [integrative medicine], [behavioral medicine] e [clinical practice],
os quais foram indexados por meio dos DeCS/MeSH - Descritores em Ciências
da Saúde/Medical Subject Headings6 - e correlacionados, posteriormente, por
meio do Operador Booleano “AND7, conforme demonstram as Figuras 1 e 2.
6 Os DeCS/MeSH foram criados pela “The Latin American and Caribbean Center on Health
Sciences Information (BIREME)”, a fim de serem utilizados como uma linguagem única na
indexação de artigos científicos publicados em revistas científicas, livros, anais de congressos,
relatórios técnicos, bem como para serem usados na pesquisa e na recuperação de abordagens
científicas nas fontes de informações disponíveis na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) (BVS, 2023).
7 Os Operadores Booleanos são palavras que informam à plataforma de busca de artigos
científicos como os descritores da pesquisa deverão ser combinados (CAPCS, 2020).
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Figura 1 – Descritores em português indexados pelo Operador Booleano
“AND”
Fonte: Autores (2023).
Figura 2 – Descritores em inglês indexados pelo Operador Booleano “AND”
Fonte: Autores (2023).
Após, foram estabelecidos os bancos de dados PubMed e Medline,
tendo como recorte temporal o período compreendido entre os anos de 2018
e 2023. Isso porque tais plataformas científicas demonstraram maior número
de estudos acerca da temática, além de terem alta credibilidade perante a
comunidade científica e serem utilizadas a partir de buscas guiadas pelos
termos DECS/MeSH.
Como seguimento metodológico, foram definidos os critérios de inclusão
dos trabalhos mapeados, a fim de, inicialmente, identificar um número amplo de
trabalhos para, após, a partir dos critérios de exclusão subsequentes, delimitar a
referência para as pesquisas; dessa forma, a inclusão das publicações baseou-se
a partir do início da busca pelos trabalhos nos bancos de dados determinados
por meio dos descritores indexados pelos termos DECS/MeSH, considerando
tais trabalhos, inclusive, para a elaboração do desenvolvimento da pesquisa,
determinando-se, então, aquelas publicações com disponibilização eletrônica
completa e gratuita, apresentadas tanto na língua portuguesa quanto na língua
inglesa, publicadas entre os anos de 2018 e 2023. No que se refere aos critérios
de exclusão, esses foram caracterizados como aqueles estudos que estavam no
formato de monografia, dissertação, duplicados, com acesso restrito liberados
somente mediante pagamento, artigos educacionais, debates, protocolos de
estudo, editoriais, manuscrito do autor, diretrizes clínicas e aqueles trabalhos
publicados em eventos.
Posteriormente, realizou-se a leitura criteriosa dos trabalhos pré-
selecionados nos bancos de dados por meio dos critérios de inclusão e exclusão
determinados, tendo tido como premissa para compor essa etapa a presença
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dos descritores que foram definidos no título, corpo ou nas palavras-chave
do resumo. Aqueles que apresentaram algum dos descritores nas partes
supracitadas foram lidos na íntegra para análise da inclusão ou não, a fim
de solidificar um volume de pesquisas fidedignas à temática desta revisão
integrativa. Ao final dessa etapa, elaborou-se uma tabela com os estudos pré-
selecionados, com o intuito de possibilitar uma maior organização para o
passo seguinte, o qual foi a identificação e a análise dos trabalhos selecionados
(Botelho; Cunha; Macedo, 2011).
A partir da conclusão das etapas supracitadas, realizou-se a categorização
dos estudos selecionados, por meio da construção de uma matriz de síntese
utilizada para a extração e para a organização de dados referentes à revisão da
literatura pela sua capacidade de sintetizar informações complexas envolvidas
no processo de conhecimento de determinado assunto (Klopper; Lubbe;
Rugbeer, 2007). Com isso, a utilização da matriz de síntese tornou possível
seguir uma metodologia para esta pesquisa relacionada à área da saúde, visto
que ela apresentou uma maneira de identificar a literatura e organizá-la, avaliá-
la, sintetizá-la e incorporar a ela novas descobertas relevantes ao estudo, a fim
de auxiliar a classe médica a tomar melhores decisões clínicas relacionadas ao
cuidado com o paciente (Garrard, 2004).
Por fim, após realizar a categorização prévia dos estudos encontrados,
estes foram analisados e interpretados por meio de aproximações da Análise
de Conteúdo de Bardin (2016). Tal análise apresenta a síntese de suas etapas
conforme o fluxograma 2, as quais são: pré-análise, exploração do material
e tratamento dos resultados obtidos e interpretação, tendo como objetivo
formular e compor a discussão dos resultados desta revisão integrativa de uma
maneira objetiva, clara e coerente.
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Fluxograma 2 – Fases e descrição da Análise dos Dados segundo Bardin (2016)
Fonte: Autores (2023).
Como último passo, elaborou-se a apresentação e a síntese do
conhecimento desta revisão integrativa, por meio da construção de um
fluxograma elucidativo – fluxograma 3, disposto logo abaixo - que descreveu,
sequencialmente, as etapas realizadas na elaboração dessa pesquisa no que
se refere ao mapeamento dos trabalhos selecionados para a análise. Com
isso, identificou-se, visualmente, a forma com que esta revisão integrativa foi
conduzida, com o panorama geral inicial dos artigos encontrados e, ao final,
com o número restrito de estudos incluídos conforme os critérios de inclusão e
de exclusão.
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Fluxograma 3 - Mapeamento dos trabalhos incluídos nesta revisão integrativa
Fonte: Autores (2023).
À vista disso, ao final das atividades metodológicas supracitadas,
obteve-se inferências sobre como é feita a abordagem terapêutica da medicina
integrativa na prática clínica, considerando uma revisão integrativa sobre a
temática.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma vez realizadas as etapas metodológicas previamente especificadas
e estabelecidas, foram selecionados 25 artigos para discussão. Sendo assim,
quanto às características dos trabalhos incluídos, o banco de dados PubMed
teve 100% de predominância, em comparação com a base de dados Medline,
levando-se em consideração também o idioma dos artigos, os quais estavam
todos publicados em inglês.
Além disso, tratando-se do tipo de estudo realizado dentre os artigos
selecionados, houve predomínio de revisão narrativa (4), seguido de revisão de
literatura não especificada (3), pesquisa descritiva, sob a forma de questionário
(3), revisão sistemática e metanálise (2) e somente revisão sistemática (2). Logo,
percebe-se a prevalência de estudos com um rigor metodológico baixo, o que,
cientificamente, comprova a dificuldade em se obter estudos de qualidade,
quanto ao nível de evidência, referentes à medicina integrativa.
Isso posto, inferências gerais sobre os estudos incluídos nesta revisão
integrativa podem ser realizadas, sobretudo, no que se refere às mudanças
comportamentais e de estilo de vida, associadas à integração da medicina
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convencional e da medicina integrativa na prática clínica. Assim, pode-se
afirmar que a maioria dos trabalhos demonstrou tais pilares como as principais
formas de abordagem aos pacientes, de acordo com as diferentes manifestações
clínicas e doenças de base.
Ademais, o uso de métodos terapêuticos integrativos em pacientes
oncológicos é bastante frequente, tanto no pré quanto no pós-operatório, visto
que esses atuam como uma forma de suporte físico e mental a esses indivíduos.
Para tanto, as contribuições da medicina integrativa quanto a esse grupo
tornam-se mais eficazes quando realizadas a partir de trabalho multidisciplinar,
de forma a levar em consideração fatores como a dieta e o uso de suplementos
nutricionais, além da prática de atividade física.
Ainda, pode-se dizer que a aplicabilidade da medicina integrativa nos
artigos selecionados teve seu predomínio em doenças crônicas, na tentativa de
amenizar os sintomas físicos e mentais e de fornecer um suporte holístico aos
pacientes, de forma a entendê-los como um todo, sem dissociar corpo, mente e
espírito. Assim, no geral, as formas terapêuticas integrativas apresentaram um
resultado satisfatório, principalmente no que se refere ao desenvolvimento de
resiliência para o enfrentamento dos problemas de saúde dos pacientes.
Da mesma forma, a nutrição apresentou importância significativa
dentre os processos integrativos aplicados, tendo como base a suplementação e
dietas específicas para o manejo de determinadas doenças. Com isso, enfatiza-
se, sobretudo, o uso de vitaminas, minerais e outros suplementos, bem como a
recomendação de alimentos específicos ricos em antioxidantes, com o intuito
de fortalecer, nutricionalmente, os pacientes.
Entretanto, embora os apontamentos supracitados relacionem-se a
resultados satisfatórios referentes à medicina integrativa na prática clínica, essa
forma de exercer a medicina ainda é bastante pautada por formas de estudo
inconsistentes sob o ponto de vista científico. À vista disso, a maioria dos
trabalhos incluídos apresentou limitações de estudo referentes à real eficácia à
longo prazo de tais métodos terapêuticos, bem como à dificuldade de discernir
seus resultados entre um efeito placebo e entre um efeito, de fato, com potencial
de desfecho clínico significativo e favorável.
Inicialmente, os resultados podem ser discutidos de uma maneira
ampla, considerando que os trabalhos incluídos demonstraram que a medicina
integrativa pode ser utilizada em diversos contextos relacionados à prática
clínica, de acordo com as diferentes manifestações clínicas e patologias
associadas. Sendo assim, por meio de um panorama geral, pode-se dizer que
suas formas de abordagem estão em ascensão nos últimos anos, entretanto,
ainda carecem de metodologias com um nível de evidência alto para que, de
fato, tornem-se terapias recomendadas em conjunto com àquelas referentes à
medicina convencional.
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À vista disso, uma vez que a análise dos resultados se organizou por
meio da divisão de três categorias selecionadas previamente, essas estão
expostas nos subtítulos a seguir, com suas respectivas análises explanadas.
3.1 Estudos que abordam a terapêutica da medicina integrativa e da
medicina convencional na prática clínica
A abordagem terapêutica da medicina integrativa baseia-se em um
cuidado holístico relacionado à saúde dos indivíduos, de forma a integrar corpo,
mente e espírito para conferir diagnósticos e tratamentos, não sendo a doença
seu principal enfoque, mas, sim, o próprio paciente. De maneira distinta, a
medicina convencional constitui o principal método para abordar os pacientes
nas consultas, atualmente, no que se refere aos países ocidentais, a qual tem
como característica entender os sinais e sintomas dos pacientes de maneira
independente, a fim de instituir um tratamento, em geral, farmacológico para
atenuar ou cessar as manifestações clínicas.
Dessa maneira, diferentemente da medicina convencional, a promoção e
a prevenção à saúde são dois princípios fundamentais que envolvem a medicina
integrativa, posto que esses dois fatores colaboram para a construção de um
estilo de vida saudável, sem que haja a necessidade de haver determinada
doença para instituir hábitos de vida vigorosos na vida dos pacientes. Com
isso, os resultados dos trabalhos selecionados demonstram que, a partir
dessa perspectiva, os indivíduos desenvolvem maior autonomia quanto aos
seus estados de saúde, o que os coloca como peças centrais no atendimento
integrativo, além de permitir, inclusive, um melhor gerenciamento das emoções.
Dessarte, com a implementação da medicina integrativa na prática
clínica, os trabalhos categorizados apontam para a utilização de ambas as
formas de medicina supracitadas - convencional e integrativa -, a fim de permitir
aos pacientes diferentes esquemas terapêuticos, com base em seus históricos de
saúde, em suas necessidades e em suas preferências. Assim, torna-se possível
associar tratamentos farmacológicos referentes à doença de base com práticas
integrativas, como acupuntura, yoga e meditação, além de mudanças no estilo
de vida, como a prática de atividade física e dietoterapia.
Ademais, tem-se ainda como constatação dos estudos que o uso
conjunto de terapias farmacológicas e não-farmacológicas viabiliza o controle
dos possíveis efeitos adversos do uso de diferentes fármacos, além de diminuir
a chance de possíveis interações medicamentosas. Isso, por sua vez, propicia
melhor qualidade de vida aos pacientes, bem como os protege da possibilidade
de agravos.
3.2 Intervenções da medicina integrativa na prática clínica
As intervenções da medicina integrativa na prática clínica estão
relacionadas a mudanças no estilo de vida, assim como comportamentais,
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voltadas para técnicas que possibilitem aos indivíduos a sensação de bem-
estar e, principalmente, a oferta de qualidade de vida. Dessa forma, de acordo
com a doença de base, ou com a sintomatologia, ou ainda como prevenção e
promoção à saúde, são utilizados diferentes métodos terapêuticos, levando-se
em consideração o desejo do paciente, a viabilidade de realizar a terapia e sua
segurança na recomendação e implementação.
Sendo assim, pode-se citar como um dos componentes da medicina
integrativa a medicina corpo-mente, a qual tem como princípio a promoção
de saúde, por meio de técnicas de mudança comportamental e de um
trabalho cognitivo com foco na regulação do estresse, na prática de exercício
físico, relaxamento, meditação e nutrição. Assim, sua aplicabilidade pode
ser implementada de diferentes formas e em diferentes condições, com o
objetivo de melhor atender às demandas dos pacientes, de forma a avaliar suas
necessidades físicas e mentais conjuntamente.
Outra terapia é a prática de mindfulness, a qual tem como característica
desenvolver nos indivíduos a capacidade de consciência, com foco no momento
presente e atenção às experiências sensoriais, cognitivas e emocionais. Somado
a ela, acupuntura, fitoterapia, yoga e aromaterapia também podem ser formas
integrativas de abordar o paciente para atingir resultados terapêuticos
satisfatórios e construir uma relação médico-paciente consistente.
Manipulação osteopática/quiroprática, massagem, biofeedback, chuna
manual therapy, tai chi, farmacopuntura, farmacopuntura com veneno de abelha,
ventosaterapia, doin conduction exercise, moxabustão, hipnose, musicoterapia,
terapia térmica e Qigong também são descritas como práticas integrativas.
Essas são citadas com menor frequência nos estudos, entretanto, assim como
as outras formas de abordagem, podem fazer parte das indicações terapêuticas
para diferentes exigências clínicas.
Quanto a doenças específicas, os estudos analisados elencaram a
existência da prática integrativa em quadros de doenças crônicas, enxaqueca,
síndrome metabólica, Acidente Vascular Cerebral (AVC), infertilidade
feminina, câncer de pulmão, câncer gástrico, câncer esofágico, hérnia de
disco cervical, paralisia facial, cirrose hepática, Transtorno Depressivo Maior
(TDM), síndrome do intestino irritável, constipação funcional, intolerâncias
alimentares pediátricas, osteoporose, osteoartrite de joelho, asma, Síndrome dos
Ovários Policísticos (SOP) e doenças crônicas degenerativas. Dessa forma, nos
diferentes quadros clínicos supracitados, os métodos terapêuticos integrativos
foram recomendados em associação à medicina convencional, em geral, como
uma maneira de auxiliar o controle da dor, o autogerenciamento das emoções
relacionadas às doenças e com o objetivo de aumentar a qualidade de vida.
Outros mecanismos distintos, como efeito analgésico e anti-inflamatório,
também foram observados.
No que se refere a práticas e modificações nutricionais, estão
presentes em alguns dos artigos selecionados recomendações voltadas para
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suplementação vitamínica - cálcio e vitamina D, no caso de osteoporose - e
mineral, fitomedicina, jejum intermitente - na síndrome metabólica -, dietas
especiais - dieta DASH, dieta do Mediterrâneo e dieta vegetariana para
pacientes com síndrome metabólica -, uso de probióticos, de ervas específicas
e de outros suplementos, como ácidos graxos, ômega-3, N-acetilcisteína
(NAC), CoQ10, quercetina, resveratrol e melatonina, no manejo da SOP. Com
base nisso, diferentes mecanismos podem ser modulados a partir da dieta e
da suplementação de nutrientes e de compostos específicos, de acordo com os
resultados esperados.
Por fim, é válido ressaltar que as práticas integrativas supracitadas
devem ser utilizadas e recomendadas na prática clínica com especial atenção.
Isso porque, embora já haja alguns estudos com um nível de evidência
considerável, há poucas evidências científicas concretas, conduzidas por um
método de estudo adequado e qualificado, o que ainda coloca tais abordagens
terapêuticas em segundo plano nos atendimentos médicos.
3.3 Implicações da medicina integrativa na prática clínica
Os efeitos do uso da medicina integrativa na prática clínica relacionam-
se ao fortalecimento tanto da saúde física quanto mental, posto que sua
abordagem tem como foco o entendimento holístico acerca dos indivíduos.
Assim, observa-se o desenvolvimento de resiliência, o que contribui, por sua
vez, na redução do estresse e na carga de doenças, de maneira a ser possível
uma melhor qualidade de vida.
Quanto às implicações integrativas específicas de determinadas
condições, pode-se citar os benefícios envolvidos na prática de mindfulness, os
quais estão associados à sensação de bem-estar, à melhora do sono, da depressão
e da ansiedade, principalmente no que se refere ao manejo de manifestações
crônicas. Como exemplificação para tal, tem-se o quadro clínico da enxaqueca,
sendo a técnica de mindfulness benéfica na duração da cefaleia, na incapacidade,
na atenção plena e na autogestão do paciente com relação à patologia.
De modo semelhante ao supracitado, no estudo em que se teve como
foco a síndrome metabólica, esse apresentou resultados clínicos satisfatórios
quanto às técnicas integrativas, de forma a permitir a melhora no humor, no
autocuidado, na atenção plena e na autocompaixão. Além disso, a prática do
jejum intermitente por determinado período viabilizou a redução dos escores
de fadiga e de depressão, embora ainda haja contradições envolvidas nesse
método.
No que se refere à infertilidade feminina, a medicina integrativa
demonstrou efeitos clínicos a partir da regulação hormonal, melhorando os
resultados da fertilização in vivo, da reserva ovariana e dos efeitos fisiológicos
relacionados no geral. No entanto, tal estudo apresentou limitações significativas
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quanto ao tamanho da amostra das participantes, sendo necessário conduzir
outros estudos com rigor metodológico adequado.
Ademais, destaca-se a implementação de terapias integrativas em
pacientes oncológicos, sobretudo naqueles em tratamento quimioterápico, a fim
de melhorar a qualidade de vida e de reduzir os efeitos adversos associados,
segundo um estudo realizado para avaliar a eficácia da eletro-acupuntura em
pacientes com câncer e sobreviventes. Além desse, outro trabalho realizado com
pacientes com câncer de pulmão evidenciou que práticas referentes à medicina
corpo-mente, como yoga e meditação, são capazes de reduzir os efeitos adversos
do tratamento quimioterápico, como náuseas. Além disso, ainda nesse segundo
estudo, a acupuntura associou-se a uma melhora dos sintomas de câncer, como
náusea, fadiga e dor; já a terapia fitoterápica apresentou um potencial anticâncer
por inibir a proliferação das células por meio do mecanismo de apoptose.
Referente à SOP, as implicações da medicina integrativa apresentaram
efeitos, principalmente, quanto às intervenções nutricionais. Dessa maneira,
as vitaminas do grupo B, D, E e K e ácido fólico receberam destaque no
papel biológico envolvido nas características metabólicas e reprodutivas da
SOP. O uso de suplementos semelhantes às vitaminas, como bioflavonóides,
carnitina e ácido alfa-lipóico apresentou propriedade antioxidante atuante
no metabolismo de ácidos graxos e glicose, enquanto minerais, como cálcio,
zinco, selênio, magnésio e picolinato de cromo relacionam-se à sensibilização
de insulina e a propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, considerando
que a suplementação de cálcio e vitamina D melhorou os perfis lipídicos e
androgênicos.
Além das patologias destacadas, outras abordagens terapêuticas
integrativas foram analisadas no tratamento para osteoartrite de joelho,
osteoporose, síndrome do intestino irritável e constipação funcional, transtornos
depressivos e hérnia de disco cervical, sem implicações clínicas claras
destacadas. Logo, percebe-se que as intervenções integrativas e seus resultados
efetivos no âmbito da prática clínica são considerados e apresentados aos
pacientes, embora ainda seja necessário implementar estudos que comprovem
sua eficácia de maneira segura metodologicamente.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo-se em vista que o objetivo desta revisão integrativa foi analisar
como é feita a abordagem terapêutica da medicina integrativa na prática
clínica, infere-se que essa prática apresenta como principal método terapêutico
a interpretação holística dos pacientes, de maneira a considerar outros fatores
para além do aspecto físico, tendo como premissa a conexão entre os pilares
físico, mental, espiritual e social dos indivíduos. Dessa forma, sua aplicabilidade
clínica deve ser realizada em conjunto com a medicina convencional, a fim de
transcender o diagnóstico baseado somente nas doenças e na sintomatologia
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dos pacientes, com o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de
vida, por meio dos princípios de prevenção e promoção à saúde, além de
proporcionar um atendimento em saúde em que o paciente ocupa o espaço
central, com sua individualidade preservada a partir de uma relação médico-
paciente bem estruturada.
Assim, diversas são as intervenções dessa prática médica, sendo
as principais relacionadas a mudanças comportamentais e nutricionais,
mindfulness, meditação, yoga e acupuntura. Outras, como fitoterapia,
aromaterapia, manipulação osteopática/quiroprática, massagem, biofeedback,
chuna manual therapy, tai chi, farmacopuntura, farmacopuntura com veneno
de abelha, ventosaterapia, doin conduction exercise, moxabustão, hipnose,
musicoterapia, terapia térmica e Qigong são menos frequentes, mas também
podem ser recomendadas para diferentes fins terapêuticos.
Dito isso, quanto aos resultados de sua utilização, esses relacionam-se, de
maneira geral, ao incremento da saúde física e mental, bem como à possibilidade
de proporcionar aos pacientes mecanismos relacionados ao desenvolvimento
de maior autonomia frente à sua saúde. Ainda, são observados efeitos genéricos
relacionados ao controle da dor e ao manejo do estresse, e efeitos mais específicos
em doenças crônicas, enxaqueca, síndrome metabólica, AVC, infertilidade
feminina, câncer de pulmão, câncer gástrico, câncer esofágico, hérnia de disco
cervical, paralisia facial, cirrose hepática, TDM, síndrome do intestino irritável
e constipação funcional, intolerâncias alimentares pediátricas, osteoporose,
osteoartrite de joelho, asma, SOP e doenças crônicas degenerativas, de acordo
com a fisiopatologia e as manifestações clínicas de cada uma dessas condições.
Infere-se, portanto, que a abordagem da medicina integrativa na prática
clínica é realizada a partir da compreensão holística dos pacientes, sendo suas
intervenções relacionadas a diferentes tipos de métodos terapêuticos, os quais
são implementados em conjunto da medicina convencional, a fim de garantir
benefícios aos pacientes, no que se refere à saúde física, mental, espiritual e
social. No entanto, ressalta-se a imprescindibilidade de serem conduzidos
estudos com maior rigor metodológico e alto nível de evidência para que,
de fato, possa ser seguro recomendar e utilizar tal abordagem integrativa na
prática clínica.
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Article
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Background Neuropsychiatric symptoms, comprising cognitive impairment, fatigue, insomnia, depression, and anxiety, are prevalent and may co-occur during and after chemotherapy treatment for cancer. Electroacupuncture (EA), which involves mild electrical stimulation with acupuncture, holds great potential in addressing the management of individual symptoms. However, there is a lack of studies evaluating if EA can manage concurrent neuropsychiatric symptoms in cancer (i.e., symptom cluster). Hence, we designed a trial to evaluate the efficacy, safety, and feasibility of administering EA as an intervention to mitigate neuropsychiatric symptom clusters amongst cancer patients and survivors. Methods The EAST study is a randomized, sham-controlled, patient- and assessor-blinded clinical trial. Sixty-four cancer patients and survivors with complaints of one or more neuropsychiatric symptom(s) in the seven days prior to enrollment are recruited from the University of California Irvine (UCI) and Children’s Hospital of Orange County (CHOC). Individuals with needle phobia, metastases, bleeding disorders, electronic implants, epilepsy, exposure to acupuncture in the three months prior to enrollment, and who are breastfeeding, pregnant, or planning to get pregnant during the duration of the study will be excluded. Screening for metal fragments and claustrophobia are performed prior to the optional neuroimaging procedures. Recruited patients will be randomized (1:1) in random blocks of four or six to receive either ten weekly verum EA (treatment arm, vEA) or weekly sham EA (control arm, sEA) treatment visits with a follow-up appointment four to twelve weeks after their last treatment visit. The treatment arm will receive EA at 13 acupuncture points (acupoints) chosen for their therapeutic effects, while the control arm receives minimal EA at 7 non-disease-related acupoints. Questionnaires and cognitive assessments are administered, and blood drawn to assess changes in symptom clusters and biomarkers, respectively. Conclusion The EAST study can provide insight into the efficacy of EA, an integrative medicine modality, in the management of cancer symptom clusters in routine clinical practice. Trial registration This trial is registered with clinicaltrials.gov NCT05283577.
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Child adversity is often associated with poor quality of life in pediatric gastrointestinal disorders, including non-allergic food reactions (food intolerances), which may be improved using mind-body interventions. We conducted an observational study to (1) describe child adversity (stressors) and resilience factors in children with food intolerances, and (2) explore the association between stressors and self-reported use of integrative modalities. A retrospective chart review of children ≥4-years-old presenting to a pediatric food intolerances clinic from 2017 to 2020 was performed (n = 130). Use of integrative medicine at intake, demographic, illness, and social history data were collected. Qualitative analysis identified exposure to stressors and resilience strategies. Correlation was assessed using a chi-square test. Management of the medical condition was the most common stressor, indicating impact on quality of life. Resilience strategies included themes of self-coping and social support. Individuals with one or more stressors were more likely to be using an integrative modality (most commonly, mind-body interventions) prior to their visit (X2 = 8.1, p = 0.004). Our hypothesis-generating study suggests that screening for child adversity and integrative medicine use may be used to better address quality of life and personalized approaches to treat pediatric food intolerances.
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Polycystic ovary syndrome (PCOS) is a common condition affecting reproductive-aged women with reproductive, metabolic and psychological consequences. Weight and lifestyle (diet, physical activity and behavioural) management are first-line therapy in international evidence-based guidelines for PCOS. While these recommend following population-level diet and physical activity guidelines, there is ongoing interest and research in the potential benefit of including psychological and sleep interventions, as well as a range of traditional, complimentary and integrative medicine (TCIM) approaches, for optimal management of PCOS. There is limited evidence to recommend a specific diet composition for PCOS with approaches including modifying protein, carbohydrate or fat quality or quantity generally having similar effects on the presentations of PCOS. With regards to physical activity, promising evidence supports the provision of vigorous aerobic exercise, which has been shown to improve body composition, cardiorespiratory fitness and insulin resistance. Psychological and sleep interventions are also important considerations, with women displaying poor emotional wellbeing and higher rates of clinical and subclinical sleep disturbance, potentially limiting their ability to make positive lifestyle change. While optimising sleep and emotional wellbeing may aid symptom management in PCOS, research exploring the efficacy of clinical interventions is lacking. Uptake of TCIM approaches, in particular supplement and herbal medicine use, by women with PCOS is growing. However, there is currently insufficient evidence to support integration into routine clinical practice. Research investigating inositol supplementation have produced the most promising findings, showing improved metabolic profiles and reduced hyperandrogenism. Findings for other supplements, herbal medicines, acupuncture and yoga is so far inconsistent, and to reduce heterogeneity more research in specific PCOS populations, (e.g. defined age and BMI ranges) and consistent approaches to intervention delivery, duration and comparators are needed. While there are a range of lifestyle components in addition to population-recommendations for diet and physical activity of potential benefit in PCOS, robust clinical trials are warranted to expand the relatively limited evidence-base regarding holistic lifestyle management. With consumer interest in holistic healthcare rising, healthcare providers will be required to broaden their knowledge pertaining to how these therapies can be safely and appropriately utilised as adjuncts to conventional medical management.
Article
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In South Korea, with the highest suicide rate among Organization for Economic Co-operation and Development countries, doctors of both Korean medicine (KM) and Western medicine (WM) are licensed in the national healthcare system. The beneficial effects of complementary and integrative medicine, including KM, for depressive disorders, a major cause of suicide, have been reported in some clinical studies. Longitudinal change (2012–2021) of KM and WM use for depressive disorders and the attempts to scientificize KM in the context of depressive disorders were investigated. Specifically, clinical practice guidelines (CPGs) and national R&D projects of KM in the treatment of depressive disorders were investigated. The use of KM treatment for patients with a depressive disorder appears to be gradually decreasing in South Korea (annual number of patients in 2012 and 2021: 3607 and 2151 (−40.37%)), while the use of WM treatment is increasing (662,947 and 989,909 (+49.32%)). With the support of the government, KM CPG for depressive disorders and some R&D projects on KM for depressive disorders are being implemented. Our findings highlight the gap between the accumulation of clinical evidence, or the government’s efforts to promote the evidence-based use of KM for depressive disorders, and its practical use in South Korea.
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Background Stroke is the second leading cause of death worldwide. In Hong Kong, the proportion of deaths caused by cerebrovascular disease accounted for approximately 6.8% of total deaths. Although integrative medicine approaches are widely adapted by patients, there is a lack of guideline to support the corresponding clinical practice for stroke management and rehabilitation. Therefore, we design this framework for the development of an integrative medicine clinical practice guideline (CPG) for stroke. Methods The framework follows the instructions of World Health Organization (WHO) handbook for guideline development, Guideline International Network (GIN), Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation Instrument (AGREE II), and Reporting Items for Practice Guidelines in Healthcare (RIGHT). Three stages with ten steps are conducted. Conclusion Clinical practice guidelines are essential to provide optimal recommendations for patients’ prognosis. With proper methodology, this framework will facilitate the formation of clinical practice guideline for stroke through synthesizing evidences in the scope of integrative medicine.
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Lifestyle interventions can have a positive impact on quality of life and psychological parameters in patients with metabolic syndrome (MetS). In this randomized controlled trial, 145 participants with MetS (62.8% women; 59.7 ± 9.3 years) were randomized to (1) 5-day fasting followed by 10 weeks of lifestyle modification (F + LM; modified DASH diet, exercise, mindfulness; n = 73) or (2) 10 weeks of lifestyle modification only (LM; n = 72). Outcomes were assessed at weeks 0, 1, 12, and 24, and included quality of life (Short-Form 36 Health Survey Questionnaire, SF-36), anxiety/depression (Hospital Anxiety and Depression Scale, HADS), stress (Cohen Perceived Stress Scale, CPSS), mood (Profile of Mood States, POMS), self-efficacy (General Self-Efficacy Scale, GSE), mindfulness (Mindfulness Attention Awareness Scale, MAAS), and self-compassion (Self-Compassion Scale, SCS). At week 1, POMS depression and fatigue scores were significantly lower in F + LM compared to LM. At week 12, most self-report outcomes improved in both groups—only POMS vigor was significantly higher in F + LM than in LM. Most of the beneficial effects within the groups persisted at week 24. Fasting can induce mood-modulating effects in the short term. LM induced several positive effects on quality of life and psychological parameters in patients with MetS.
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Background: Regulatory assessment of anthroposophic medicinal products (AMPs) can be challenging due to their specific features. Objective: The aim of this paper is therefore to provide adequate scientific information on AMPs for regulatory purposes. Methods: A literature review was executed with database searches in PubMed, Cinahl, Merkurstab, Anthromedics, and https://iaap-pharma.org/. Search terms were: anthroposophic medicinal products, anthroposophic medicines, anthroposophic pharmacy. There was no language restriction; searches were executed from onset until June 11, 2020. In addition, experts were invited to suggest relevant literature. Results: Eighty-seven of 660 identified publications were included. The system of anthroposophic medicine (AM) with its conceptual background and various aspects of AMPs was described: definition, pharmaceutical properties, an example of AMP development, use in clinical practice, similarities with and differences to conventional medicinal products, societal aspects, scientific and regulatory assessment. Conclusion: AMPs are part of the integrative whole medical system of AM. AMPs are manufactured according to Good Manufacturing Practice and national drug regulations and have an excellent safety status; the limited available evidence suggests clinical benefits. Current drug regulation of AMPs in the EU and most European countries does not take the special properties of AMPs into account. Future research should focus on appropriate methodologies for the evaluation of effects of AMPs as part of the AM whole medical system, the scientific quality of its non-atomistic holistic ontological position, and the integration of AM and conventional medicine in clinical practice. Future policies should focus on appropriate ways of addressing regulatory challenges to AMPs.
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Introduction: Knee osteoarthritis is a degenerative disease and its prevalence tends to increase. Clinical practice guidelines (CPGs) are evidence-based recommendations for treatment that help policymakers, practitioners, and patients make more appropriate and efficient decisions during the course of management. This study aimed to evaluate the quality of knee osteoarthritis CPGs using the Appraisal of Guidelines for Research and Evaluation (AGREE II) instrument. Method: The retrieval engines and websites were utilized from January 2010 to December 2020. The search words were "Clinical practice guideline" OR "Critical practice guideline" OR "guideline∗" AND "Osteoarthritis." The quality of the CPGs was independently examined by four appraisers using the AGREE II instrument. Consequently, the selected CPGs were graded as Classes A, B, and C according to the level of recommendation. Result: In this study, 13 CPGs for knee osteoarthritis were selected and evaluated qualitatively using the AGREE II instrument. The overall quality percentage score was as follows: clarity of presentation, 72.6%, scope and purpose, 62.6%, rigor of development, 54.2%, stakeholder investment, 50.5%, editorial independence, 46.5%, applicability, 22.5%. Conclusion: Auxiliary materials for the treatment process of knee OA should be supplemented in future revised versions for quality improvement of knee OA CPGs. Also, more evidence should be accumulated to support the recommendation of traditional oriental medical treatments in the clinical field. From the perspective of integrative medicine, along with conventional pharmacological treatment, exercise, weight loss, and acupuncture can be combined together in clinical situations.
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Background : Traditional, complementary and integrative medicine (TCIM) is sought by more than 50% of patients with osteoporosis. Despite this, many healthcare providers lack the knowledge to adequately counsel patients on safe and effective TCIM use. The purpose of this study was to determine the quantity and quality of TCIM recommendations in clinical practice guidelines (CPGs) for the treatment and/or management of osteoporosis. Methods : MEDLINE, EMBASE and CINAHL, the Guidelines International Network, and the National Center for Complementary and Integrative Health website were searched from 2009-2020. CPGs making TCIM recommendations for the treatment/management of osteoporosis were assessed with the AGREE II instrument. Results : Of 536 unique search results, 27 osteoporosis CPGs made mention of TCIM therapies. From highest to lowest, scaled domain percentages of all eligible CPGs averaged to 92.59% for scope and purpose, 88.79% for clarity in presentation, 55.04% for stakeholder involvement, 47.84% for editorial independence, 46.53% for rigour of development, and 36.96% for applicability. Of the 27 CPGs assessed, 4 CPGs were recommended as is by both appraisers, while 23 CPGs were recommended with modifications. Conclusions : Recommendations pertaining to calcium and vitamin D supplementation and exercise were favourably recommended across nearly all CPGs. In the case of other TCIM interventions, recommendations varied greatly, which may present challenges for the CPGs’ target users due to a lack of consistency. Given the varying quality of osteoporosis CPGs found, those requiring improvement may benefit from their guideline development panel utilizing the AGREE II instrument to inform future updates.
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Objective To examine the impact of an integrative medicine (IM) course on self-perceived IM-related communication and research skills. Methods A 3-day mandatory "hybrid" (online and in-person) IM course was held within COVID-19 restrictions for 161 pre-clerkship medical students, with workshops facilitated by mentor healthcare professionals (IM and non-IM) and student-directed tasks. Self-perceived levels of 6 IM-related skills were scored (from 1 to 5) for history-taking; communicating with patients with "alternative" health-beliefs; referral to IM consultations; assessing risks/benefits; and working with non-medical IM practitioners. Results 137 students (85.1%) completed pre-/post-course questionnaires, with overall scores improving from pre-course (1.98 ± 0.92) to post-course (3.31 ± 0.63; p<0.0001), for the entire group and student subgroups (with vs. without prior IM experience). Multivariate analysis found no association between age, gender, primary language or prior experience with IM and improvement in skill scores. Conclusions The IM course increased self-perceived skill levels, reflecting the course curriculum and workshops. Further research needs to explore the application of these skills during clinical training. Practice Implications Teaching medical students about IM in a course comprising communication and research skills was shown to be feasible and effective. The application of IM-related skills needs to be evaluated during the clinical clerkship.