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Medicina culinária: relato de experiência de uma disciplina eletiva para alunos de medicina

Authors:

Abstract

Introdução: O aumento global da alimentação não saudável está intimamente ligado a uma tendência de redução na preparação da comida feita em casa. Já existem estudos que mostram uma associação positiva entre o aumento das habilidades culinárias e a redução de risco cardiovascular. O baixo tempo destinado à educação nutricional no currículo das faculdades de Medicina contrasta com as altas taxas de mortalidade atribuíveis à má alimentação. A medicina culinária (MC), que traz uma nova abordagem educacional, baseada em evidências científicas, cujo objetivo é ensinar o poder que a comida tem sobre a saúde e melhorar os comportamentos alimentares dos profissionais de saúde e, consequentemente, de seus pacientes. Metodologia: Trata-se de um relato da experiência em que se desenvolveu uma disciplina eletiva de MC na Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que resultou em um relato de experiência, com abordagem qualitativa, realizado com 18 alunos que participaram de encontros semanais durante cinco semanas de forma 100% online, por meio da plataforma Zoom. Os dados deste estudo foram coletados por meio de portfólios, com relato da experiencia. A avaliação do material foi feita por meio de análise temática. Aplicou-se um questionário que avaliou o Índice de Habilidades Culinárias, tendo como referencial teórico o Guia Alimentar para a População Brasileira. Resultados: Existem inúmeros desafios, como a conscientização dos médicos sobre a importância desse assunto, que muitas vezes parece ser mais prático do que técnico, e a subjetividade do tema sobre mudança de comportamento de médicos e pacientes. Os resultados deste estudo evidenciam que os alunos que realizaram a eletiva acreditam que essa reformulação curricular é extremamente importante e urgente. Conclusão: Observa-se uma tendência mundial de transformação da grade curricular dos profissionais da saúde, e acredita-se que esse processo pode ser iniciado nas faculdades de Medicina por meio de disciplinas eletivas de MC como a que foi implementada na Escola Paulista de Medicina da Unifesp.
AUTORES
MEDICINA CULINÁRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UMA DISCIPLINA ELETIVA
PARA ALUNOS DE MEDICINA
RELATO DE EXPERIÊNCIA
DISCUSSÃO
OBJETIVO
INTRODUÇÃO
Agradecimentos especiais ao Dr. Aécio Flávio Teixeira de Góis, (in
memoriam), grande profissional que sempre apoiou o nosso projeto e nos
possibilitou levar a MC ao mundo acadêmico. E a Dra. Samira Yarak por
nos permitir dar contituidade à disciplina eletiva.
AGRADECIMENTOS
Deve-se estimular, cada vez mais, o ensino teórico e prático de MC nas
grades curriculares dos cursos de graduação na área da saúde e incentivar
pesquisas que visem ao aprimoramento dessa formação. Somente assim é
possível garantir que todos os médicos incluam perguntas efetivas sobre
alimentação saudável na sua anamnese, utilizem a linguagem da comida ao
falarem de nutrição, comuniquem o valor da comida caseira durante as
consultas e prescrevam recursos culinários. E que, antes de tudo, aprendam
a cozinhar e a cuidar da própria saúde para que assim possam cuidar
melhor da saúde de seus pacientes.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 1. Monsivais P, Aggarwal A, Drewnowski A. Time spent on home food preparation and indicators of healthy eating. Am J Prev Med. 2014;47(6):796-802. doi:https://doi.org/10.1016/j.amepre.2014.
07.033. 2. Aspry KE, Van Horn L, Carson JAS, Wylie-Rosett J, Kushner RF, Lichtenstein AH, et al. Medical nutrition education, training, and competencies to advance guideline-based diet counseling by physicians: a science advisory
from the American Heart Association. Circulation. 2018;137(23):e821-41.oi: https://doi.org/10.1161/CIR.0000000000000563. 3. Leggett LK, Ahmed K, Vanier C, Sadik A. A suggested strategy to integrate an elective on clinical
nutrition with culinary medicine. Med Sci Educ.2021;31(5):1591-600. doi: https://doi.org/10.1007/s40670-021-01346-3. 4. Parks K, Polak R. Culinary medicine: paving the way to health through our forks. Am J Lifestyle Med.
2020;14(1):51-3. doi: https://doi.org/10.1177/1559827619871922. 5. La Puma J. What is culinary medicine and what does it do? Popul Health Manag. 2016;19(1):1-3. doi: https://doi.org/10.1089/pop.2015.0003. 6. Martins CA, Baraldi
LG, Scagliusi FB, Villar BS, Monteiro CA. Índice de Habilidades culinárias: desenvolvimento e avaliação de confiabilidade. Rev Nutr. 2019;32:e180124. doi: https://doi.org/10.1590/1678-9865201932e180124. 7. Brasil. Guia alimentar para
a população brasileira. 2a ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2014. 156 p.
MEDICINA CULINÁRIA
O aumento global da alimentação não saudável está intimamente ligado a uma tendência de redução na preparação da comida feita em casa.
existem estudos que mostram uma associação positiva entre o aumento das habilidades culinárias e a redução de risco cardiovascular. Somado a isso, o
baixo tempo destinado à educação nutricional no currículo das faculdades de Medicina contrasta com as altas taxas de mortalidade atribuíveis à
alimentação. A medicina culinária (MC) é um campo emergente da medicina, que traz uma nova abordagem educacional, baseada em evidências científicas,
cujo objetivo é ensinar o poder que a comida tem sobre a saúde e melhorar os comportamentos alimentares dos profissionais de saúde e, consequentemente,
de seus pacientes.
Capacitar estudantes de medicina a expandirem seus conhecimentos nutricionais,
culinários e de estilo de vida, para uma visão ampla de saúde.
Trata-se de um relato de experiência, da disciplina eletiva - Medicina Culinária,
durante a pandemia, aprovado pelo CEP da Unifesp, com abordagem qualitativa,
realizado com 18 alunos que participaram de encontros semanais durante cinco
semanas de forma 100% online, por meio da plataforma Zoom, sendo 12 horas de
aula teórica e 6 horas de aula prática. Na prática hands on, foram executadas
algumas receitas, cada aluno na sua cozinha. Os dados deste estudo foram coletados
por meio de portfólios, em que cada estudante descreveu sua experiência com o
curso. A avaliação do material foi feita por meio de análise temática. Aplicou-se um
questionário que avaliou o Índice de Habilidades Culinárias, desenvolvido e validado
segundo a autoeficácia no desempenho das habilidades culinárias e tendo como
referencial teórico o Guia alimentar para a população brasileira.
O cronograma da optativa se baseou nos seguintes temas e aulas:
Existem inúmeros desafios, como a conscientização dos médicos sobre a importância desse assunto, que muitas vezes parece ser mais prático do que técnico,
e a subjetividade do tema sobre mudança de comportamento de médicos e pacientes. No entanto, os resultados deste estudo evidenciam que os alunos que
realizaram a eletiva acreditam que essa reformulação curricular é extremamente importante e urgente.
Marina (Tutu) de Andrade Maia Galvão Bueno; Juliana Aiko Watanabe; Adriana Katekawa; Marcela Rassi da Cruz; Tassiane Alvarenga; Ghina Katharine Eugênia Dourado
Meira Machado; Daniel Martinez; Paula Pires Nascimento; Nicole Tenenbaum Szajubok; Caroline Ahrens; Samira Yarak
“O que é a MC e
qual a sua
importância para o
médico e seu
paciente?”
“Entrevista
motivacional” e
“Como abordar sobre
alimentação saudável
com o paciente”
“O básico que todo
médico deveria saber
sobre alimentação
saudável” e “Guia
Alimentar para a
População Brasileira”
“Técnicas culinárias
que todo mundo
deveria saber”
AULA 1
“Cozinhando com
os médicos na
cozinha”
AULA 2 AULA 3 AULA 4 AULA 5
Fonte: Arquivo pessoal da última aula na plataforma Zoom.
hands on
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4,5
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Article
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Time allocated to nutrition education in the medical school curriculum stands in contrast to high mortality rates attributable to poor diet in patients. Counseling patients on nutrition-related diseases is a critical skill for physicians, particularly those entering primary care. The crowded medical school curriculum has made adding hours of nutrition instruction difficult. This study evaluates the attitudes of undergraduate medical students at a single institution regarding the need for and relevance of nutrition education and reports on organization of and students' responses to a short experimental elective. Student attitudes regarding nutrition in medicine and a proposed nutrition elective were surveyed. Results helped formulate a short experimental elective. A two-session experimental course was completed, after which the participants were surveyed. Students agreed or strongly agreed with statements regarding the importance of nutrition in clinical practice. Greater than 60% of students surveyed in each class were interested in the proposed elective. All participants found the elective with culinary medicine sessions at least moderately useful to their needs as future healthcare providers. The majority of participants (more than 93%) reported being likely to both take and recommend the elective should it be offered in the future. Medical students consider nutrition an essential aspect of a patient encounter, but do not feel prepared to counsel future patients on dietary changes for management and/or prevention of nutrition linked diseases. There is strong student support for creating an elective in clinical nutrition with culinary medicine sessions to address the gap in their education and improve their confidence. Supplementary information: The online version contains supplementary material available at 10.1007/s40670-021-01346-3.
Article
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Over the past 35 years, a new enthusiasm has emerged about the relationship of food, eating, and cooking to personal health and wellness.1 Though there are few peer-reviewed publications, grant monies, books, or biomedical journals entitled “culinary medicine,” there are thousands of peer-reviewed publications, found mainly in mainstream medical journals that form its published research base. How can the emerging field of culinary medicine be helpfully described?
Article
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Background The amount of time spent on food preparation and cooking may have implications for diet quality and health. However, little is known about how food-related time use relates to food consumption and spending, either at restaurants or for food consumed at home. Purpose To quantitatively assess the associations among the amount of time habitually spent on food preparation and patterns of self-reported food consumption, food spending, and frequency of restaurant use. Methods This was a cross-sectional study of 1,319 adults in a population-based survey conducted in 2008–2009. The sample was stratified into those who spent <1 hour/day, 1–2 hours/day, and >2 hours/day on food preparation and cleanup. Descriptive statistics and multivariable regression models examined differences between time-use groups. Analyses were conducted in 2011–2013. Results Individuals who spent the least amount of time on food preparation tended to be working adults who placed a high priority on convenience. Greater amount of time spent on home food preparation was associated with indicators of higher diet quality, including significantly more frequent intake of vegetables, salads, fruits, and fruit juices. Spending <1 hour/day on food preparation was associated with significantly more money spent on food away from home and more frequent use of fast food restaurants compared to those who spent more time on food preparation. Conclusions The findings indicate that time might be an essential ingredient in the production of healthier eating habits among adults. Further research should investigate the determinants of spending time on food preparation.
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Recent findings reveal that suboptimal diet is responsible for more deaths than any other risk factor nationally and globally. It is estimated that with improving eating behaviors, 1 in 5 deaths can be prevented, underscoring the urgent need for effective dietary interventions.
Article
Growing scientific evidence of the benefits of heart-healthy dietary patterns and of the massive public health and economic burdens attributed to obesity and poor diet quality have triggered national calls to increase diet counseling in outpatients with atherosclerotic cardiovascular disease or risk factors. However, despite evidence that physicians are willing to undertake this task and are viewed as credible sources of diet information, they engage patients in diet counseling at less than desirable rates and cite insufficient knowledge and training as barriers. These data align with evidence of large and persistent gaps in medical nutrition education and training in the United States. Now, major reforms in undergraduate and graduate medical education designed to incorporate advances in the science of learning and to better prepare physicians for 21st century healthcare delivery are providing a new impetus and novel ways to expand medical nutrition education and training. This science advisory reviews gaps in undergraduate and graduate medical education in nutrition in the United States, summarizes reforms that support and facilitate more robust nutrition education and training, and outlines new opportunities for accomplishing this goal via multidimensional curricula, pedagogies, technologies, and competency-based assessments. Real-world examples of efforts to improve undergraduate and graduate medical education in nutrition by integrating formal learning with practical, experiential, inquiry-driven, interprofessional, and population health management activities are provided. The authors conclude that enhancing physician education and training in nutrition, as well as increasing collaborative nutrition care delivery by 21st century health systems, will reduce the health and economic burdens from atherosclerotic cardiovascular disease to a degree not previously realized.
Guia alimentar para a população brasileira
  • Brasil
Índice de Habilidades culinárias: desenvolvimento e avaliação de confiabilidade
  • C A Martins
  • L G Baraldi
  • F B Scagliusi
  • B S Villar
  • C A Monteiro