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Revista LaborHistórico
ISSN 2359-6910
v.10, n.2, e63491, 2024
DOI: 10.24206/lh.v10i2.63491
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM LETRAS VERNACULAS
This content is licensed under a Creative
Commons Attribution 4.0 International License.
Dossiê
Editores-chefes
Marcus Dores
Célia Lopes
Editor convidado
Víctor Lara Bermejo
Recebido: 01/04/2024
Aceito: 30/06/2024
Como citar:
BAZENGA, A. M. Formas
de Tratamento Nominais
na intimidade (amigos
íntimos, pais, casal).
Revista LaborHistórico, v.10,
n.2, e63491, 2024. doi:
https://doi.org/10.24206/
lh.v10i2.63491
Formas de Tratamento Nominais
na intimidade (amigos íntimos,
pais, casal): preferências e
atitudes de falantes madeirenses
do Português Europeu
Nominal Forms of Address in Intimacy
(close friends, parents, couple): Preferences
and Attitudes of European Portuguese
Speakers from Madeira Island (Portugal)
Aline Maria Bazenga1,2
1Universidade da Madeira. Ilha da Madeira, Funchal, Portugal
2Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. Lisboa, Portugal
E-mai: aline.bazenga@sta.uma.pt
Resumo
As Formas de Tratamento (FT) em Português Europeu (PE) formam um
sistema complexo. Algumas especicidades regionais e sociais nos padrões
de usos de FT em variedades do PE acentuam o grau de complexidade
de todo o sistema. Neste âmbito, os vários inquéritos e trabalhos de
campo realizados na ilha da Madeira (Portugal) na última década põem
em evidência um conjunto de traços originais nos usos de FT e um
sistema de crenças singular, sobretudo no domínio da Família. Dando
continuidade à investigação iniciada em 2019 neste espaço insular, o
principal objetivo deste artigo consiste em analisar as escolhas de FT
Nominais, consideradas por falantes madeirenses do PE como as mais
adequadas para uso em contextos de interação social de proximidade e
de intimidade – entre amigos, por um lado, entre marido e mulher, por
outro, assim como entre lhos e pais. O inquérito, realizado durante os
meses de outubro e novembro de 2022, através da plataforma Qualtrics®,
contou com 243 participantes madeirenses. A análise quantitativa e
qualitativa dos dados produzidos por estes participantes não só fornece
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evidências para a relevância da abordagem Sociolinguística e Variacionista da variação
linguística, como também contribui para um melhor entendimento das normas de
uso das FT Nominais no PE. Observa-se uma tendência para uma maior criativi-
dade e produtividade em contextos sociais que se situam na esfera da intimidade do
casal; já entre amigos e entre lhos e pais, este estudo mostra uma preferência por
FT Nominais mais socialmente padronizadas.
Palavras-chave:
Formas de Tratamento Nominais do PE. Intimidade (Casal, Pais e Amigos Íntimos).
Sociolinguística Variacionista. Perceções e atitudes. Ilha da Madeira (Portugal).
Abstract
Nominal Forms of Address (FA) in European Portuguese (EP) form a complex
system. Some regional and social specicities in the patterns of FA use in PE varie-
ties accentuate the degree of complexity of the whole system. In this context, the
various surveys and eldwork carried out on the island of Madeira (Portugal) in the
last decade highlight a set of original features in the uses of FA and a unique belief
system, especially in the eld of the Family. Continuing the research started in 2019
in this insular Portuguese region, the main objective of this article is to analyze the
choices made by Madeiran speakers of the EP, about nominal FA, as the most appro-
priate for use in contexts of social interaction of proximity and intimacy – between
friends, between husband and wife, as well as between children and parents. e
survey, carried out during the months of October and November 2022, through the
Qualtrics platform, had 243 Madeiran participants. e quantitative and qualitative
analysis of the data produced by these participants not only provides evidence for the
relevance of the Sociolinguistic and Variationist approach to linguistic variation, but
also contributes to a better understanding of the norms of nominal FA use in NP.
ere is a trend towards greater creativity and productivity in social contexts that are
in the sphere of the couple’s intimacy; among close friends and among children and
parents, this study shows a preference for more socially standardized nominal FA.
Keyords:
Nominal Forms of Address in EP. Interactions in Intimacy (Couple, Parents, and
Close Friends). Variationist Sociolinguistics. Attitudes and Perceptions. Madeira
Island (Portugal).
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Introdução
As FT no PE constituem um sistema complexo, conforme salientado pela lite-
ratura (Manole, 2021). O falante é confrontado com a necessidade de fazer uma
escolha (dentro de um leque alargado de possibilidades) consoante o modo como
avalia o tipo de relação social entre ele e o outro e em função das normas em vigor
na sua comunidade de fala. A característica mais saliente do sistema de FT no PE
é a sua complexidade, estando esta relacionada não só com o inventário de formas
disponíveis nesta língua, mas também com uma densa lista de regras de uso social.
Do ponto de vista da sua função gramatical, as FT incluem formas de uso vocativo
(Onde é que estás, pai?), de uso referencial (Onde está o pai?) e de uso predicativo
(Este é o meu pai). Este trabalho tem por objeto formas do primeiro tipo, ilustradas
por exemplos dados em (1), retirados de Pratas (2017, p. 16). Estes exemplos dão
conta da extensa lista de possibilidades de que um falante do PE dispõe para se dirigir
a alguém do sexo feminino cujo primeiro nome é Adelaide.
1. (a) (Ó) Adelaide, estás doente?
(b) Tu estás doente?
(c) Você está doente?
(d) (Ó) Adelaide, está doente?
(e) A Adelaide está doente?
(f) Dona Adelaide, está doente?
(g) A Dona Adelaide está doente?
(h) Senhora Adelaide, está doente?
(i) A Senhora Adelaide está doente?
(j) A Senhora Dona Adelaide está doente?
(k) A Doutora Adelaide está doente?
(l) Ø Está doente?
Este leque de escolhas possíveis inclui formas nominais simples, correspondentes
ao nome próprio do interlocutor, e formas complexas onde o nome próprio combina
com a interjeição O´, como é o caso em 1(a) e 1(d) ou com outros nomes como
dona, em 1 (f, g), senhora, em 1 (h, i, j) doutora, em 1(k). O falante tem ainda a
possibilidade de escolher a estratégia pronominal como em 1 (b, c) ou a estratégia
verbal, recorrendo apenas à forma verbal não precedida de uma forma nominal ou
pronominal como ilustrado em 1(l). Esta lista não é exaustiva, sendo admissíveis FT
complexas como a de uma combinatória de adjetivo e o nome senhora, como em Ó
minha senhora, está doente? (Cunha; Cintra 2015, p. 160-161); ou a de dois nomes
a coocorrerem com o nome próprio, como no exemplo A senhora dona Adelaide está
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doente? A seleção da FT pelo falante faz-se em função do modo como ele avalia o
tipo de relação social entre ele e o outro e como esta avaliação se enquadra nas normas
socioculturais em vigor na sua comunidade. Kretzenbacher, Clyne, Hajek, Norrby e
Warren (2014, p. 79-80) sugerem que estas avaliações seguem alguns princípios, tais
como, entre outros, os que se encontram sumariamente indicados em (2), a seguir:
2. P1– Familiaridade, ou Conheço esta pessoa?
P2 – Idade relativa, ou Percebo esta pessoa como sendo mais velha / mais jovem
do que eu?
P3 – Associação a um grupo, ou Esta pessoa é aceite dentro de um determinado
grupo ao qual pertenço?
P4 – Identicação social, ou Percebo esta pessoa como diferente de mim /
semelhante a mim?
P5 – Acomodação, ou Se essa pessoa utilizar uma FT tipo T ou V, vou fazer
o mesmo?
A diversidade de normas de uso pode estar condicionada por outros fatores,
como os que estão relacionados com comunidades de fala connadas a parcelas de
um território nacional, como é o caso no arquipélago da Madeira (Bazenga, 2022 e
Lara Bermejo, 2022). Esta variação regional aumenta consideravelmente a complexi-
dade de todo o sistema, como veremos posteriormente. Na sua dimensão diatópica,
o sistema de FT do PE contempla uma grande variedade de subsistemas regionais,
que Hammermüller (2020) designa – no seu estudo empírico publicado em 2022
sobre o item você no PE a partir dos dados obtidos através do Inquérito Linguístico
Boléo (ILB) – como address islands ou ilhas de tratamento. Este autor propõe ainda
que estes subsistemas possam ser delimitados por socioglossas:
I would like to assert for 20th century Portugal (and probably
not only as a phenomenon limited to Portugal) the existence of
numerous many-layered islands of address-norm systems. ese
could be understood as being delimited by socioglosses dening
address domains that overlap and exchange with others, as indi-
vidual speakers may, at least partly, participate in dierent address
systems. (…) ese conventional address islands– delimited and
perhaps connected by the respective socioglosses – are subject to
continuous conicts with each other and educational address stan-
dards suggested by teachers or other authorities. Hammermüller
(2020, p. 288)1
1 Tradução nossa: Gostaria de armar que para Portugal do século XX (e provavelmente não ape-
nas como um fenómeno limitado a Portugal) a existência de inúmeras ilhas de muitas camadas
de sistemas de normas de tratamento. Estes podem ser entendidos como sendo delimitados por
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O português falado no arquipélago da Madeira integra, no domínio das FT,
algumas especicidades, postas em evidência por Bazenga (2022) e Lara Bermejo
(2022), que conguram este subsistema do PE como uma ilha de tratamento, ou seja,
um conjunto de normas de uso de FT, geográca e socialmente localizado.
Este artigo tem por foco este subsistema, centrando-se no estudo de crenças pro-
duzidas por falantes madeirenses residentes na ilha da Madeira relativamente às FT de
tipo nominal consideradas mais adequadas em três tipos de situação de interação de
proximidade, na esfera da intimidade, em maior ou menor grau, como as que ocorrem
entre amigos íntimos, entre lhos e pais e nos casais. Os dados analisados resultam
de um inquérito conduzido entre novembro e dezembro de 2022 neste território
insular de Portugal. O artigo está estruturado em duas secções, que antecedem as
conclusões e a bibliograa: a secção 1 está dedicada ao estado da arte relativamente
ao subsistema de FT no PE falado na Madeira; a secção 2, dedicada ao Inquérito
sobre FT Nominais, inclui, para além de considerações prévias e orientadoras (2.1),
a descrição da metodologia (2.2) e a análise dos resultados (2.3).
FT no PE falado na Madeira
Nesta primeira parte, abordaremos aquela que é, em meu entender, a característica
mais saliente do sistema de FT em PE: a sua complexidade. Nesta síntese, será também
dado um lugar de relevo a dois trabalhos sobre as FT na Madeira (Bazenga, 2022
e Lara Bermejo, 2022), que sustentam o conceito de ilha de tratamento (ou address
Island) proposto, como já mencionado, por Hammermuller (2020). Apresentam-se
a seguir os principais contributos destes dois trabalhos realizados a partir de dados
produzidos por falantes madeirenses do PE.
O estudo de Bazenga (2022)
Neste estudo, Bazenga dá conta de dois inquéritos: o primeiro realizado em
2019, de forma presencial e com recurso a um questionário impresso, que contou
com 345 participantes e um segundo, com foco nas interações no âmbito da Família,
realizado em 2021, via online, com recurso a uma ferramenta disponibilizada pelo
Google Forms, e no qual participaram 93 madeirenses.
No primeiro inquérito de 2019, de caráter mais geral, os participantes tinham
de selecionar a FT mais adequada de entre seis previamente indicadas para cada um
dos domínios de interação social (Família – lho / pai (mãe); pai / lho, Comércio,
socioglossas que denem domínios de tratamento que se sobrepõem e estabelecem troca de formas
com outros, uma vez que os falantes individuais podem, pelo menos parcialmente, participar em
diferentes sistemas de tratamento. (…) Estas ilhas de tratamento convencionais – delimitadas
e talvez conectadas pelas respetivas sociologias – estão sujeitas a conitos contínuos entre si e
padrões educacionais sugeridos por professores ou outras autoridades.
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Serviços – médico / doente, Escola – aluno / professor, Trabalho – empregado /
patrão, etc., Vizinho, Amizade, num total de 14 cenários sociolinguísticos. É no
seio da Família, em relações de tipo ascendente – de lhos para pais e de netos para
avós – onde se observa uma maior singularidade nos resultados, quando comparados
com os estudos publicados tendo por foco o PE continental. Com efeito, os dados
permitem delinear três padrões preferenciais de FT no seio da Família: (a) estratégia
conservadora e dominante, com nome de parentesco, seguido do verbo na 3ª pessoa
do singular – (o) pai, com 56,5%, (o) avô , com 64, 6%; seguida de duas estratégias
não dominantes, a de deferência, como em (b) com recurso ao item o senhor seguido
do verbo na 3ª pessoa do singular, para avô, com 35,4% e para pai, com 16,3% e
a estratégia igualitária, com o tratamento por tu (c) unicamente para se dirigir ao
pai (mas não ao avô), com recurso ao verbo na 2ª pessoa do singular, com 18,3%.
Este estudo permitiu esclarecer que estas escolhas estão claramente indexadas às
características sociais dos participantes. Quando se contrastam as estratégias não
dominantes (b) e (c) nas interações de lho(a) para pai, os jovens preferem (c) com
12,4% em detrimento de (b), com 7,5%; o inverso ocorre com informantes mais
velhos, que preferem a deferência (12,7%) ao tratamento por tu (0,8%).
O segundo inquérito, implementado dois anos depois, em 2021, incidiu apenas
sobre o domínio da Família, e teve por objetivo obter mais informações sobre os
motivos que levariam os madeirenses a escolherem as opções (a), (b) ou (c) como
FT preferenciais em relações de tipo ascendente de Filho(a) para Pais (pai ou mãe).
Este inquérito contou com 93 participantes, dos quais 43% residiam no Funchal,
sendo na sua maioria jovens, da faixa etária 18-35 anos (76,3%), do sexo masculino
(61,3%) e com formação do ensino superior (76, 3%). O questionário inclui formas
de recolha de dados com recurso à escala de Likert, de cinco valores (de 1 – nada
adequado a 5- totalmente adequado). De entre várias questões sujeitas à avaliação, a
armação Eu nunca trataria a minha mãe e o meu pai por tu foi considerada adequada
por 45,72% dos participantes, um valor signicativo embora inferior aos 62,70% que
consideram adequada, numa interação de lho para pai /mãe, uma formulação do
tipo O senhor A senhora já sabe o que aconteceu?. Por m, quando confrontados com
a avaliação de armações tais como Eu trato o meu pai e a minha mãe por ‘senhor’ e
‘senhora’ por uma questão de respeito e Eu trato o meu pai e a minha mãe por ‘senhor’ e
‘senhora’ por uma questão de tradição, a maioria dos participantes preferiu a primeira
opção, que obteve 58,64% de pareceres favoráveis contra a segunda, com 40,66%.
Este segundo inquérito, com participantes maioritariamente jovens e com nível de
instrução do ensino superior, vem conrmar a tendência observada no primeiro
estudo de 2019, sobretudo no que se refere à estratégia (b), de deferência, veiculada
pelo tratamento por (o)senhor / (a)senhora dirigido ao pai / mãe, respetivamente,
como uma das três estratégias do subsistema de tratamento parental madeirense que
se congura como sendo de variação estável. Especica ainda o valor social que lhe
está associado, o do veicular respeito pelo interlocutor-progenitor.
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O trabalho de campo de Lara Bermejo (2022)
A amostra de Lara Bermejo (2022) é constituída por 83 informantes, residentes
em vários pontos de inquérito situados nas ilhas da Madeira e do Porto Santo. O
autor diferencia falantes com e sem estudos universitários, que representam 30% e
70% da amostra, respetivamente. Divide os informantes em três faixas etárias: menos
de 30 anos (44,5%), 30-60 anos (31,3%) e mais de 60 anos (24,2%). Em termos
de variável sexo, 43% da amostra é constituída por participantes do sexo masculino
e 57% do sexo feminino. Por m, 29% dos participantes são urbanos e 71% são
residentes num espaço rural. Graças a um método que permite obter dados de pro-
dução, e em que os participantes respondem a estímulos visuais correspondentes a
uma diversidade de cenários interativos, foi possível obter dados que conrmam, na
sua generalidade, os resultados dos estudos percetivos de Bazenga (2022).
O trabalho de campo realizado pelo autor na Madeira, em 2021, mostra que esta
região insular exibe atualmente um paradigma de cortesia que se assemelha ao de
Portugal continental, mas com algumas divergências, de entre as quais, a coocorrên-
cia das três estratégias acima mencionadas no âmbito familiar, com os falantes mais
idosos a mostrarem-se mais inclinados a considerarem a família como uma entidade
hierárquica. Há ainda a registar o facto de os falantes madeirenses manifestarem uma
preferência por FT com sujeito explícito, quer este seja realizado por um pronome
quer por um item nominal. Por m, o pronome você no singular surge, contrariamente
aos resultados em Bazenga (2022), com muita frequência e com maior extensão de
usos. No entanto, este uso coexiste com os de sujeito nulo e de FT Nominais em
interações em que a relação entre os participantes é assimétrica, ou seja, para se diri-
gir a alguém numa posição superior ou ainda, e mais frequentemente, para alguém
numa posição inferior. O estudo sociolinguístico de Lara Bermejo revelou também
a relevância da abordagem sociolinguística da variação. Para além do fator idade
que condiciona os usos de FT no quadro das interações de tipo ascendente no seio
da família, o fator sexo dos participantes também mostrou ser pertinente, já que os
homens tendem a empregar mais do que as mulheres o item você.
Inquérito sobre FT Nominais (2022)
Esta seção trata do objeto de estudo deste trabalho: as escolhas de FT Nominais
por falantes madeirenses em interações que se situam na esfera da intimidade. Está
estruturada em três partes: na subsecção 2.1 (Considerações prévias), de carácter
introdutório, procura-se contextualizar as temáticas subjacentes ao trabalho, essen-
cialmente centradas na categoria de FT Nominais (2.1.1), por um lado, e no conceito
de Intimidade e na justicação dos três tipos de comunicação considerados como
dela fazendo parte, designados por relação no Casal, Parental e Amizade (amigo(a)
íntimo(a), por outro; as secções subsequentes, a anteceder as conclusões, tratam dos
aspetos metodológicos do inquérito realizado (2.2 – Objetivos e Metodologia) e da
análise dos seus resultados (2.3 – Resultados).
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Considerações prévias
FT Nominais
Existem, como observa Gagne (2023, p. 198), poucos estudos empíricos centra-
dos exclusivamente sobre FT Nominais. Merecem destaque, entre outros, o estudo
de Kretzenbacher, Clyne, Hajek, Norrby e Warren (2014) sobre FT Nominais em
eventos académicos numa perspetiva intercultural e os estudos mais recentes, no
âmbito do inglês, sobre os itens love (Baumgarten, 2022), mate (Rendle-Short, 2010,
no inglês australiano), ou ainda dude (Heyd, 2014, numa perspetiva comparativa
com o alemão alter; Pastorino, 2022); há ainda a assinalar ou os trabalhos de Fleming
e Slotta (2018), sobre a alternância de termos de parentesco e de nomes próprios
nas interações no âmbito familiar e o de Palacio Martinez (2023), sobre vocativos
nominais produzidos por fans de rappers, sendo estes, na sua maioria, de tipo “fami-
liarizadores” (familiarisers), seguidos de termos de afeto, primeiros nomes, alcunhas.
As FT Nominais, para além da sua função deítica têm um valor relacional, inte-
grando sistemas de tratamento de grande diversidade linguística (Braun, 1988, p.23).
De acordo com Hummel (2020, p.30), esta categoria situa-se no eixo da reverência,
sendo usadas, em PE, sempre que o conhecimento sobre uma pessoa o permite.
Os usos de FT Nominais integram-se em duas tradições: a dos usos de nomes de
parentesco no domínio privado e a de honorícos no domínio público (Hummel,
2020, p.44). Apresentam uma grande gama de possibilidades de usos diferenciação
em sexo – o(a) senhor(a), o(a) vizinho(a) – social – o (a) senhor(a) doutor(a) – de
parentesco – o pai, a mãe – individual – (o) António, (a) Ana – constituindo, por
isso, uma categoria mais propensa à expressão de diferentes relações sociais.
Apesar da abordagem de Brown e Gilman (1960) recorrer apenas a formas
pronominais para estabelecer os sistemas de tratamento de tipo T (solidariedade) e
V(hierarquia), governados por dois princípios, o do estatuto social e poder relativo
dos participantes, por um lado, e o da maior / menor distância social, por outro,
é possível correlacionar, como observa Kerbrat-Orecchioni (2010, p. 12), as FT
Nominais com estes dois sistemas. Segundo esta autora, as FT Nominais não só
obedecem a normas de uso, como podem também ser inseridas numa escala de
distância social ou escala de formalidade relativa. Alguns itens marcam uma maior
distância social entre interlocutores do que outros. Nessa escala, recorrendo ao traço
[distância social], como referido Kretzenbacher, Clyne, Hajek, Norrby e Warren
(2014, p.80), o uso do primeiro nome marcaria uma maior proximidade entre os
falantes ou [– distância social]; por contraste, o uso de uma forma constituída pelo
título académico seguido do nome de família, como em o (senhor) doutor Ferreira,
transmite não só [+ distância social], como também veicula valores como respeito e
consideração pelo interlocutor.
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No âmbito do PE, para além da classicação de referência de Cintra (1972),
a classicação proposta por Bacelar, Mendes e Duarte (2018, p. 253-4), adotada
neste trabalho e adaptada na Tabela 1, a seguir, reete estas distintas possibilidades.
Tabela 1. Classicação de FT Nominais, adaptada de Bacelar, Mendes e Duarte
(2018, p. 253-4)
(a) Formas de uso geral, como o(s) senhor(es),
a(s) senhora(s) seguidos ou não de nome
próprio
o Senhor Palma, o senhor António, a senhora
(dona) Joana, a dona Leonor, o (a)menino (a), o
menino João, o(s) meu(s) amigo(s), o(s) colega(s).
(b) Formas de parentesco, como o pai, a mãe,
normalmente não seguidos dos nomes
próprios
a mãe vai buscar-me à escola? o avô, o padrinho,
o tio (Zé) não quer cá vir almoçar amanhã?
(c) O artigo denido seguido de nome
próprio, com forma verbal de 3ª pessoa,
em contextos informais, implicando um
certo grau de conhecimento, mas não de
familiaridade
O Rui pode chegar aqui?
(d) Formas que indicam prossão, cargo,
título, geralmente, formadas por o
senhor, a senhora (formas de tratamento
respeitosas)
o (a) senhor(a) engenheiro(a), o senhor reitor, o
senhor professor, o senhor doutor,
(e) Formas mais formais, em desuso,
particularmente na língua falada,
mantendo-se, em situações de
comunicação solenes, entre membros de
prossões altamente hierarquizadas
Apresento a Vossa Excelência os meus respeitosos
cumprimentos de muita consideração e apreço
(f) Formas de afeto o meu amor, o meu querido, a minha querida, o
papá, a mãezinha.
A classicação de FT Nominais do PE (Tabela 1) apresenta algumas diferenças
quando comparadas com a taxonomia proposta por Leech (1999). Com efeito,
formas como o senhor, a senhora surgem integradas na categoria de formas de uso
geral, quando o seu equivalente em inglês sir /madam pertencem, em Leech, à cate-
goria dos honorícos. Tal permite alertar para o facto, como observado por Gagne
(2023, p. 201), de que para além das semelhanças formais, as FT podem estar
sujeitas a fatores sociais e culturais que variam em função das línguas, não sendo os
seus valores sociolinguisticamente transversais. Por exemplo em francês, de acordo
com Kerbrat-Orecchioni (2010), as FT madame / monsieur, que perderam o seu
valor honoríco no francês contemporâneo, estão inseridas na categoria de formas
passe-partout nesta língua. Por outro, Leech concebe a categoria dos familiarisers ou
“familiarizadores” para vocativos, tais como guys, bud, dude, buddy, mate, folks, que
“marcam a relação entre falante e destinatário como familiar” (1999, p. 112). Esta
categoria nominal não está incluída nas taxonomias propostas para o PE, de que é
exemplo a que consta na Tabela 1. Os familiarizadores situa-se no polo oposto ao dos
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honorícos, no eixo da distância social, uma vez que os primeiros, contrariamente
aos segundos, são utilizados para estabelecer ou manter a solidariedade e proximidade
entre os participantes, encarados mutuamente como quase familiares.
Atendendo a estas observações prévias, procurou-se neste trabalho apelar a aten-
ção e a avaliação dos participantes no inquérito a respeito de interações marcadas
pela proximidade social [- distância social] – romântica, dentro do casal, parental
e de amizade – as três situadas no âmbito da intimidade, cujos contornos iremos
procurar elucidar na próxima subsecção.
Tipos de interação social na esfera da intimidade:
romântica, dentro do casal, parental e de amizade.
A relação romântica ou amorosa (marido e mulher ou namorados), a relação
parental (entre lhos e pais) no âmbito familiar, e a relação entre amigos íntimos na
esfera da amizade, embora se situem no polo de maior proximidade social ou [- dis-
tância], são concebidas como distintas, por envolverem, entre outras propriedades,
graus de intimidade e graus de poder relativos diferenciados.
Numa primeira tentativa de caracterizar genericamente estes três tipos de relação
interpessoais próximas com os atributos igualitária (no eixo do poder), consangui-
nidade e sexualidade (no eixo da intimidade), a caracterização proposta, em termos
escalares, resulta na que consta da Figura 1.
Figura 1. Caracterização das relações Romântica, Parental e de Amizade na esfera
da intimidade.
romântica [+ igualitária, - consanguinidade, +
sexualidade ]
parental [- igualitária, + consanguinidade, -
sexualidade]
amizade [+ igualitária, - consanguinidade, -
sexualidade]
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Embora os três tipos de interação sejam considerados como fazendo parte do
domínio da intimidade por Clancy (2016, p.1), é possível distinguir diferenças entre
elas, baseadas em questões como (a) o toque, ou grau zero de proximidade física, que
integra as interações de teor sexual na relação romântica, ou a (b) consanguinidade
que caracteriza a relação entre lhos e pais, de tipo parental. Clancy observa que as
relações de intimidade se distinguem das que não são íntimas pelo facto de incluírem
frequentes interações ao longo de um período alargado, geralmente fora de ambientes
prossionais (Clancy, 2016, p. 4, p. 6). Estas diferenças manifestam-se também nos
usos de FT, uma vez que, por exemplo, os usos de termos de parentesco (Fleming;
Slotta, 2018, ver também Jones; Hacket, 2011; KEMP; REGIER, 2012) cingem-se
às interações no domínio familiar, quer sejam de tipo ascendente (o pai, a mãe, o avô,
a avó), como descendente (lho, lha; neto, neta) ou igualitário (irmão, mano; irmã,
mana). Aliás, do ponto de vista sociolinguístico, dada a grande diversidade de práticas
discursivas nas famílias, é possível congurar socioletos especícos neste domínio,
designados por familylects (Gordon, 2009, p. 27), ou familialetos, concebidos como
variedades de língua privada, associadas a rituais da vida de cada comunidade familiar,
partilhadas pelos seus membros, com um reportório lexical para seu uso exclusivo
(Gordon, 2009, p.27, p. 29). As formas de afeto de tratamento como my love, dar-
ling, love, dear, sweetie, honey, bunny, utilizadas entre marido e mulher, ou, mommy,
daddy, entre lhos e pais, frequentes nas rotinas diárias de cada família fariam parte
dos familialetos. Benitez-Burraco e Feliu-Arquiola (2023) propõem um conjunto
de traços para descrever os familialetos do espanhol; a nível lexical, por exemplo,
estes socioletos seriam caracterizados pela presença de palavras, de modismos, de
“coloquialismos”, hipocorísticos e alcunhas; transversal a estas diferentes categorias
é a propriedade de o signicado de cada item lexical ser apenas acessível aos mem-
bros daquela família particular. Para além das interações centradas nos membros da
família, é possível conceber a sua perspetiva mais alargada, para além do seu núcleo,
com a inclusão dos amigos íntimos, considerados como sendo “quase da família” e
que também participam com alguma regularidade nas práticas ritualizadas da família,
tais como ir deitar as crianças, ou ajudá-las a comer, por exemplo, tendo por isso
acesso parcialmente ao familialeto daquela comunidade particular.
Em suma, esta muito breve apresentação permite contextualizar algumas carac-
terísticas do espaço social da intimidade. É nele que conguramos as interações
romântica [+ igualitária, – consanguinidade, + sexualidade] e parental (ascendente,
de lhos para pai/mãe) como [– igualitária, + consanguinidade, – sexualidade], que
podem constituir um núcleo familiar; e as de amizade (amigos íntimos), marcadas
por pelos traços [+ igualitária, – consanguinidade, – sexualidade], construídas como
uma “quase família”.
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Objetivos e Metodologia
Este trabalho tem por objetivo compreender as FT de tipo nominal que os
falantes madeirenses do PE julgam ser as mais adequadas para se dirigirem aos pais,
amigos e, no seio da relação romântica/amorosa do casal, ao marido/à mulher ou
namorado(a), em várias situações comunicativas – na ausência e na presença de outros
participantes conhecidos ou desconhecidos no contexto de interação. Também se
procura investigar, de acordo com a tipologia de FT Nominais de Bacelar, Mendes
e Duarte (2018, p. 253-4) apresentada na Tabela 1, a frequência e distribuição dos
tipos elencados: (a) formas de uso geral seguido ou não de nome próprio; (b) for-
mas de parentesco, (c) nomes próprios; (d) nomes de cargos, prossões e títulos,
(e) formas formais em desuso e (f) formas de afeto. Por m, pretende-se analisar a
correlação entre FT Nominais e pers sociolinguísticos dos falantes e participantes
no estudo. Para recolher estes dados foi criado um questionário (2.2.1), tendo a sua
difusão e a solicitação de participação ocorrido online, via redes sociais, emails, etc,
sendo a amostra dos participantes descrita na subsecção 2.2.2.
Questionário
O questionário apresenta uma estrutura em duas partes. A primeira contém
questões que visam recolher dados sobre o perl social do participante (idade, sexo,
formação académica, prossão, entre outros). As questões da segunda parte do
questionário incidem sobre a avaliação dos usos de FT Nominais em três tipos de
interação na intimidade, como já anteriormente referido – Casal, Parental e Amizade.
Por outro lado, também foi considerada, em cada uma destas questões, a variável tipo
de situação, que se traduz por um cenário de tipo espaço público vs espaço privado,
com a exclusão vs presença de outros participantes na interação – ou seja, situações
IN (ou contexto mais restrito) e OFF (fora do contexto restrito), como concebido
por Hammermüller (2020, p. 256), com o objetivo de recolher informações sobre o
modo como os participantes percecionam as diferenças ou não entre as modalidades
privada e pública das interações verbais.
oram propostos quatro cenários distintos de interação: privada, no seio da família,
com amigos e numa instituição pública, partindo da premissa que a seleção de FT
deve adequar-se não só ao interlocutor como também ao contexto, mais ou menos
privado (Figura 2).
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Figura 2. Questionário (pergunta fechada).
Para a emissão de juízos de aceitabilidade relativamente às FT indicadas para cada
um dos contextos previamente descritos, os participantes tinham a possibilidade de
indicar outras FT que julgassem mais apropriadas (Figura 3).
Figura 3. Questionário (pergunta aberta).
O questionário contém, assim, questões fechadas e questões abertas, o que
permite, para além do tratamento quantitativo dos resultados, como preconizado
pela Sociolinguística Laboviana (1972), que neste trabalho se realiza com recurso
ao software Qualtrics, a inclusão de observações de tipo qualitativo.
Participantes
O inquérito, conduzido por uma estudante da Universidade da Madeira, decor-
reu nos meses de outubro e de novembro de 2022, tendo sido possível contar com
participantes originários de várias localidades da ilha da Madeira (Figura 4).
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Figura 4. Localização dos participantes.
Os 234 participantes, que na sua maioria residem no concelho do Funchal e no
concelho limítrofe, de Santa Cruz (Tabela 2), apresentam uma distribuição equi-
librada dos diferentes padrões de pers sociais, organizados a partir das variáveis
extralinguísticas idade, escolaridade e sexo (Tabela 3).
Tabela 2. Caracterização da amostra. Local de residência
Participantes
% Número
Funchal 35.47% 83
Câmara de Lobos 8.12% 19
Ribeira Brava 3.42% 8
Ponta do Sol 4.27% 10
Calheta 4.70% 11
Porto Moniz 2.56% 6
São Vicente 3.85% 9
Santana 2.56% 6
Machico 4.70% 11
Santa Cruz 30.34% 71
Total 100% 234
Tabela 3. Pers sociais dos participantes (idade, escolaridade e sexo)
Idade Escolaridade Sexo
A (18-35) 34,60% 1 – Básica 31,60% Masc. 50%
B (36-55)
C (56-75)
32,40%
32,90%
2- Secundário
3- Superior
33,40%
35,0% Fem. 50%
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Resultados: análise e discussão
Os resultados estão organizados em função das escolhas dos inquiridos rela-
tivamente às FT indicadas para cada um dos três tipos de interação marcada pela
intimidade AMIZADE (2.3.1), PARENTAL (2.3.2) e ROMÂNTICA) (2.3.3) na
modalidade IN, ou seja, sem a presença de outros participantes tanto na esfera pri-
vada como na esfera pública. Por vezes são comparados os resultados com situações
enquadradas na modalidade OFF, de modo a fundamentar empiricamente o modo
como esta distinção é pertinente nas escolhas de FT Nominais dos participantes. Em
cada tipo dos três acima referidos, procura-se dar conta também do modo como os
resultados podem estar condicionados por variáveis sociais, sempre que estes fatores
extralinguísticos se mostrarem quantitativamente signicativos. Por m, serão ana-
lisadas as FT indicadas pelos participantes nas questões abertas (2.3.4) e os motivos
pelos quais as preferem em relação às que lhe foram propostas.
AMIZADE – Amigo(a) íntimo (a)
O Gráco 1 mostra que a maioria dos participantes prefere tratar o (a) melhor
amigo(a) pelo nome próprio (54,7%), seguido de alcunha (20,7%). Um pouco
menos de um quarto dos inquiridos escolhe as formas bro/ sister (4,70%), mano (a)
(3,5%) e outras FT, geralmente formas de afeto, coração, baby, minha querida, fonha,
familiarizadoras, como irmão/irmã, dude, nome próprio com diminutivo ou ainda
alcunhas (bestie, sacaninha, xavelha) (9%).
3,50%
4,70%
7,40%
9%
20,70%
54,70%
Mano, mana
Bro/sister
O meu amigo, a minha amiga
Outro
Alcunha
Nome Próprio
AMIZADE - amigo (a) íntimo (a)
Gráco 1. Resultados globais : AMIZADE (amigo(a) íntimo(a).
As FT bro / sister são maioritariamente selecionadas como as mais apropriadas
para se dirigir a um(a) amigo(a) íntimo(a) por inquiridos jovens, com idades entre
os 18 e os 35 anos, surgindo em segundo lugar nas escolhas, com 37,9%, depois
de mano(a), com 40%. Estes familiarizadores estão também em primeiro lugar nas
preferências dos participantes com formação superior (50%) e residentes no Funchal
(50% (cf. Tabela 4).
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Tabela 4. Resultados atendendo aos critérios presença de participantes conhecidos
/ desconhecidos, num espaço privado / público.
IN
Com amigos [- espaço público]
OFF
Na loja do cidadão [+ espaço público]
Alcunha Bro(ther)/sister Alcunha Bro(ther)/sister
18-35 36% 37,90% 6% 6,90%
56-75 27,80% 0% 0,00% 0%
Básico 30% 20% 0% 20%
Superior 37,90% 50% 3,50% 0%
Os valores apresentados na Tabela 4 evidenciam que os participantes têm cons-
ciência do grau de proximidade / intimidade associado aos familiarizadores bro
(ther) / sister, dado que são preferencialmente escolhidos em situações marcadas pela
privacidade [IN] e com a presença de amigos, e preteridos em situações OFF, num
espaço público, onde podem estar presentes desconhecidos.
Estes resultados mostram também que este tipo de FT pode constituir um bom
candidato a marcador de identidade de pertença a uma comunidade jovem, urbana e
universitária (com estudos superiores). A preferência por bro / sister, mano (a) é justi-
cada pelos inquiridos com estas características sociais pelo facto de considerarem o
amigo / a amiga como alguém “muito próximo” (6%), que “é quase como um irmão”
(70%), “como se fosse da família” (5%), e um modo de expressar “carinho” (5%).
PARENTAL – Fiho(a) e Pai / Mãe
No tratamento de lho(a) para pai / mãe, os participantes deste inquérito optam
claramente pelo nome de parentesco (o) pai ou (a) mãe)como forma de se dirigirem
ao seu progenitor (61,30%), em conformidade com variedades continentais do PE,
seguida de (o) senhor / (a) senhora, FT de deferência (15,50%) e formas nominais de
afeto papá / mamã (11,50%), como se pode observar no Gráco 2, a seguir.
2,40%
4,40%
5,10%
11,50%
15,50%
61,30%
outro
daddy/ mommy
meu velho/ minha velha
papá/mamã
o senhora / a senhora
pai/mãe
pai / mãe
Gráco 2. FT Nominais para pai e mãe.
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A escolha do nome de parentesco, deve-se, segundo os inquiridos, ao cumprimento
de um costume (32%), à educação (18%), à manifestação de respeito (17%). Apenas
3% referem a manifestação de carinho e de amor (Gráco 3.).
32%
18%
17%
3%
17%
3%
2% 2% 5% 2%
Pai /mãe, porque.....
hábito, fui habituado; costume
sempre foi assim/os chamei
assim/fui educado assim
respeito
dever
Educação
carinho, amor
Gráco 3. Justicação das escolhas de FT Nominais para pai e mãe.
Enquanto manifestação de amor e de carinho, a escolha mais indicada é aquela
que integra a categoria de formas nominais de afeto como papá / mamã (Gráco 4).
31%
25%
13%
6%
19%
6%
papá/mamã
amor, carinho
eles gostam
gosto
relação muito
próxima
Gráco 4. Justicação das formas de afeto de tratamento para pai e mãe.
Por outro lado, ca patente a pertinência da distinção entre vida privada (IN) e
vida pública (OFF) também na esfera das relações familiares (Gráco 5).
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17,30%
37,18%
33,05%
43,50%
20%
15,30% 15,20%
30%
21%
11,50% 13,50%
3,30%
22%
7,60%
12,70%
0%
pai/mãe papá/mamã o senhor/ a senhora meu velho / minha
velha
com os pais com os amigos
com colegas de trabalho com desconhecidos (na loja do cidadão)
Gráco 5. FT Nominais para pai e mãe na ausência vs presença de outros participantes.
As FT (o) pai e (a) mãe constituem formas mais aptas a serem utilizadas em
diversas situações de interação (com os pais apenas; ou na presença de amigos, de
colegas de trabalho, de desconhecidos) no eixo [+espaço público] – [-espaço público],
conforme os valores percentuais apresentados no Gráco 5. Já as outras FT, papá /
mamã, o senhor / a senhora, meu velho / minha velha estão reservadas para a situação
de interação de tipo IN (apenas com presença do pai / da mãe e exclusão da presença
de qualquer outro participante), com 37,18%, 33,05% e 43,50%, respetivamente;
os nomes (o) meu velho e (a) minha velha, apesar de constituírem FT que podem ser
utilizadas em interações com amigos (30%), estão totalmente excluídas do espaço
público e das interações com a presença de desconhecidos.
Por m, apenas 2,4% dos participantes preferiu indicar outras FT e respondeu
à questão aberta (Q1.1 Se escolheu a opção “outro” na primeira linha que forma de
tratamento utiliza com os seus pais?), com outras formas nominais de afeto dad/ mom,
paizinho / mãezinha, papi, mami ou de proximidade e igualitária, como o nome
próprio do pai e da mãe.
ROMÂNTICA / CASAL – Namorado(a) e Marido /Mulher
No que se refere às FT Nominais no quadro da intimidade e das relações no
casal, entre namorados ou entre marido e mulher (cf. Gráco 6), as preferências
dos participantes recaem em formas de afeto amor, amorzinho (43%), seguido do
tratamento pelo nome próprio (30,40%).
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1,90%
2,50%
4,30%
5%
6,20%
9,30%
30,40%
43%
Meu anjo
Np Diminutivo
Baby, honey, queen, Love
Querido(a)
Diminutivo (bichinho, cabritinha, menininha,…
Outro (Flor, Preciosa, Princeso, Paixão, Vida,…
Nome
Amor, amorzinho
Namorado(a); Marido /Mulher
Gráco 6. FT Nominais sugeridas pelos participantes para interações entre marido
e mulher e entre namorados.
Estas escolhas parecem ser condicionadas por fatores sociais, como pode ser
observado pelos valores percentuais apresentados na Tabela 5.
Tabela 5. Fatores sociais correlacionados com as escolhas de FT Nominais (formas
de afeto vs nome próprio)
18-35 56-75 Básico Superior Masculino Feminino
amor, amorzinho 47% 33,30% 46,80% 52,40% 47,10% 46,60%
nome próprio 13,60% 32% 31,30% 15,60% 24,50% 14,70%
Com efeito, as formas de afeto (amor, amorzinho), são maioritariamente escolhidas
por participantes madeirenses jovens (47%), com formação universitária (52,4%),
independentemente do sexo (47, 10% do sexo masculino e 46,6% do sexo feminino);
já os participantes mais velhos (32%), com educação básica (31,30%) e do sexo
masculino (24, 5% contra 14,7% do sexo feminino) são aqueles que se manifestam
claramente favoráveis ao tratamento na intimidade do casal por nome próprio.
Por outro lado, 9,3% dos participantes escolheu outras opções (Q3.1 Se escolheu
a opção “outro” na primeira linha, que forma de tratamento utiliza com o/a seu/sua
namorado(a), marido/mulher?) para o tratamento íntimo no âmbito do casal. Trata-se
de formas de afeto como morango, meu anjo, freira, minha joia, bebé, vida, meu/
minha velho(a), minha vilhoa, paixão, princeso; outras formas resultam de uma grande
diversidade de mecanismos de produção de itens lexicais, tais como hipocorísticos
(nenem), diminutivos (minha cadelinha, coelhinha, cabritinha, bolinho) e termos
familiarizadores importados do inglês, como honey, queen, love, baby, gorgeous, ou
formas mais individualizadas, como alcunhas, relacionadas com alguma característica
física do interlocutor (meu gordo, baixinha).
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Criatividade das FT Nominais
As respostas dadas às três questões opcionais (uma por cada domínio considerado
parental, casal e amizade) representam um total de 22% dos dados, ou seja, 78% dos
participantes encontraram nas FT indicadas aquela que corresponde melhor às suas
perceções de usos. Quando considerados os três domínios de interação, as situações
de maior intimidade, como é a da relação no casal, entre marido / mulher ou entre
namorados, desencadeiam um maior número de FT alternativas (56%), seguidas
das situações que correspondem a relações de amizade (34%).
56%
10%
34%
FT Nominais _OutrasOpções
Marido/Mulher Pai/Mãe Amigo/Amiga
Gráco 7. FT Nominais opcionais por tipo de interação.
Por outro lado, as relações entre lho (a) e pai/ mãe são as mais codicadas social-
mente, aquelas em que as FT surgem como mais padronizadas, não se produzindo
neste domínio famialetal, centrado na parentalidade, uma signicativa criatividade.
Este padrão, no qual a produtividade de FT Nominais se encontra associada a
um maior grau de intimidade, é também visível quando se consideram as variáveis
sociais, tais como o grau de escolaridade dos participantes.
20,60% 20%
38,80%
38,00%
60%
22,40%
Marido/Outras Pai/Outras Amigo/Outras
Preferências por FT nominais alternativas
Superior Básico
Gráco 8. Correlação entre fator extralinguístico escolaridade do participante e a
escolha de FT Nominais alternativas.
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Quando considerados os dois extremos do grau de escolaridade – formação do
ensino básico vs formação do ensino superior – nota-se um claro contraste entre estes
dois pers sociais de participantes e as suas preferências por FT Nominais alternativas:
os menos escolarizados mostram-se mais criativos na esfera famialetal – tanto em
relação ao/à progenitor(a), com 60%, como no círculo mais íntimo deste domínio,
em relação ao/à marido/mulher, namorado(a), com 38%, valores muito superiores aos
dos participantes com estudos superiores, cujos valores contabilizam 20% e 20,6%,
respetivamente. Estes resultados levam-nos a inferir que os inquiridos com maior grau
de escolarização pautam-se por comportamentos linguísticos mais conservadores, ao
manifestarem a sua preferência por FT Nominais socialmente codicadas, porque
aprenderam que é assim, de uma determinada maneira X ou Y que devem tratar o pai
/ a mãe e o marido / a mulher. Já na esfera da amizade, e quando se trata de amigos
íntimos, estes participantes mostram-se mais abertos a outras FT, com valores de
38,8%, o que não acontece com os participantes menos escolarizados, com 22,4%.
Ambos grupos de participantes aparentam estabelecer uma fronteira entre o domínio
PARENTAL e o da AMIZADE, mas os atributos associados a estes dois domínios
parecem ser distintos. Assim, para os participantes com mais estudos, a FAMÍLIA
é o espaço mais estruturalmente convencional, sendo o da AMIZADE aquele que,
por contraste, constitui o de maior liberdade nas interações verbais; a interpretação
inversa parece ser a dos participantes com formação escolar básica.
Estes resultados estão alinhados com as observações de Dahl e Koptjeevskaja
(2001) que no seu estudo constatam haver uma tendência para pensar os termos de
parentesco, tais como pai, mãe, irmão etc., como fazendo parte dos constituintes
mais estáveis do reportório lexical de uma língua pertencente à herança indo-eu-
ropeia, embora seja possível alguma renovação dos termos como ilustram daddy vs
father. Esta renovação, de acordo com os autores, faz-se a partir de várias fontes,
com recurso a processos diferentes, tais como a reduplicação (papá), característica
do motherese ou maternalês, linguagens das mães nas suas interações com os lhos
bebés, empréstimos a outros línguas (daddy), diminutivos (paizinho), algo também
presente nos dados do inquérito realizado na Madeira. As formas inovadoras papá,
mamã, empréstimos do francês, constituem as mais óbvias (Jakobson, 1972), sendo
raramente utilizadas em funções referenciais ou predicativas.
Considerações Finais
A intimidade corresponde ao espaço social onde “a face” está menos sujeita a
restrições / condicionamentos sociais (Goman, 1967, cf. cortesia linguística de
Brown; Levinson, 1987). Este espaço não é, no entanto, uniforme e as congurações
em torno de três domínios – Romântico / Casal – Familiar (pai/ mãe – lho (a) e
Amizade (amigo(a) íntimo) mostram diferentes padrões de perceção sobre usos de
FT Nominais.
Revista LaborHistórico | v.10, n.2, e63491, 2024 22
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Os resultados deste inquérito apontam para o facto das FT e em particular as de
tipo nominal constituirem o que Kerbrat-Orecchioni (2011, p. 19) designa como
“poderosos relacionemas”, cuja função primordial é a de relacionar as pessoas no
discurso, expressando potencialmente distintos índices de cortesia, representando o
seu caracter ambivalente, tanto positivo, de consideração, respeito e de afeto, como
negativo, de agressão e de hostilidade. Neste trabalho, ca patente que as FT Nominais
veiculam fundamentalmente na esfera da intimidade uma carga emocional positiva,
ora por meio de escolhas feitas por FT disponibilizadas pelo questionário, ora por
meio de outras formas escolhidas pelos participantes, interpretadas como formas de
afeto e da categoria dos familiarizadores.
No campo da opcionalidade, a maior quantidade e diversidade de FT situa-se
na esfera ROMÂNTICA. Este maior grau de criatividade é possível, em meu enten-
der, porque se enquadra na construção e vitalidade de variedades vernáculas de tipo
familialetal. Reduzido a dois participantes, no grau zero de exposição pública, cada
casal possui o seu próprio reportório de FT, cujo sentido lhe é exclusivo. Estas FT
(formas de afeto e inovadoras, como princeso, com ou sem recurso a hipocorísticos,
como nenem, a diminutivos, cadelinha, associados a alcunhas, baixinha) partilham
algumas propriedades estruturais também presentes em comunidades familialetais
alargadas, tanto através da função parental (lho para pai, como papá), como através
da sua extensão a amigos íntimos (Zezé, lolo).
Este trabalho conrma, por isso, a observação de Kerbrat-Orecchioni relativa
ao potencial relacional, social e culturalmente marcado do sistema de FT Nominais,
que orienta o uso das FT ao papel social dos interlocutores envolvidos na cena
comunicativa.
A investigação desenvolvida, apesar de se tratar de um primeiro estudo explora-
tório, aponta para a importância dos familiarizadores, enquanto categoria nominal
adequada para a aproximação do interlocutor ao território do espaço individual do
locutor, relação por este desejada, tratando-se de um recurso não exclusivo das trocas
discursivas na esfera da AMIZADE, como examinado neste trabalho, podendo ser
alargado a outros domínios (ESCOLA, COMÉRCIO, por exemplo). Por m, de
assinalar ainda que os familiarizadores bro / brother; sis, sister, mano(a) recolhem as
preferências de inquiridos jovens, urbanos e com estudos universitários, o que poderá
signicar pertença a uma determinada comunidade de práticas sociais, no sentido
que lhe é atribuído por Eckert (2000), caracterizada genericamente pela partilha de
gostos musicais, estilos de vida, valores culturais, rituais da vida quotidiana e tam-
bém estilos de FT Nominais especícos. Abrem-se, assim, novas investigações em
perspetiva, que poderão conduzir a uma compreensão mais alargada deste fenómeno.
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