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CRIAÇÃO DE PROJETOS NO INATURALIST COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO E
CONSERVAÇÃO DE CETÁCEOS E AVES EM ILHABELA, SÃO PAULO
Motta, M.C. 1,2; Marques, M.L. 2; Barreto, H. 2; Ledo, V. 2; Beverari, I. 1,2; Morete, M.E. 2
1Programa de Pós-graduação em Biodiversidade em Ambientes Costeiros - Unesp campus Litoral Paulista
2VIVA Instituto Verde Azul - ea@viva.bio.br
1. INTRODUÇÃO
O Arquipélago de Ilhabela, litoral norte de São Paulo, abriga um dos últimos
remanescentes de floresta insular de Mata Atlântica, com 84% do território com
cobertura vegetal e áreas costeiras e marinhas de extrema relevância biológica
(Fundação Florestal, 2015). Pelo menos 387 espécies de aves (WikiAves
2024) e 12 espécies de cetáceos já foram registradas na região (Marques et
al., 2023). Nos últimos anos tecnologias digitais têm possibilitado uma
ampliação do alcance da Ciência Cidadã em escala global. Plataformas e
aplicativos como eBird, Happy Whale e iNaturalist recebem e armazenam
milhares de informações sobre a biota diariamente (Sullivan et al., 2009; Grace
et al., 2021). O iNaturalist é uma rede social online de compartilhamento de
informações sobre biodiversidade. É também um sistema de identificação de
espécies de crowdsourcing e uma ferramenta de registro de ocorrência de
organismos, sendo usada para registrar observações individuais, obter ajuda
com identificações, colaboração para um propósito comum e para acessar
dados observacionais coletados pelos usuários (iNaturalist, 2024). Essas
informações têm possibilitado aos cientistas analisar e entender a composição
e dinâmica das populações de forma inédita, além de disponibilizar uma rede
de aprendizagem aos usuários. O objetivo do presente estudo foi criar dois
projetos na plataforma iNaturalist para consolidar as informações registradas
sobre aves e cetáceos observados na região sul da Ilha de São Sebastião a
partir do observatório do VIVA Instituto Verde Azul.
2. METODOLOGIA
Os projetos foram criados pelo VIVA Instituto Verde Azul (fig. 1) em maio de
2024 e tem como área de abrangência a região de Ilhabela e entorno (fig.2). A
plataforma iNaturalist foi escolhida pela possibilidade de criar ambos projetos
(cetáceos e aves), estar disponível em Língua Portuguesa e possuir aplicativo
de fácil uso. Um projeto é uma maneira de reunir e agrupar um conjunto de
observações, com sua própria página (iNaturalist, 2024). Os projetos foram
configurados para incluir automaticamente todas as observações que se
encaixam no local, com táxons pré-definidos. O projeto dos cetáceos é aberto,
ou seja, qualquer membro da plataforma que compartilhar observações de
baleias e golfinhos com marcação geográfica da região passa a integrar a base
de dados do projeto. Já o de aves, até o presente momento, tem participação
restrita dos membros da equipe do instituto.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Até o final de junho, o projeto dos cetáceos apresentou 23 observações, 6
espécies, 14 observadores, 27 identificadores e 58 identificações. Já o das
aves possui 184 registros, 65 espécies, , 7 observadores, 60 identificadores e
504 identificações (fig.3). Esses números indicam uma participação ativa por
parte dos usuários da plataforma que realizam observações na região, com
destaque para as contribuições na forma de identificação, o que ajuda elevar
os registros à categoria “Nível de Pesquisa” e assim estes podem ser
considerados em análises científicas posteriores.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Ciência Cidadã tem um papel fundamental na ampliação do conhecimento
científico e na conscientização ambiental. Projetos nesta plataforma são
ferramentas importantes para entender as comunidades de determinado local,
como Ilhabela, e estimular a cultura de observação de vida silvestre na
população, potencializando assim ações de proteção ambiental em todo o
mundo. Essa colaboração entre cientistas e o público em geral permite que
projetos de pesquisa se expandam significativamente, coletando grandes
quantidades de dados em várias regiões e ao longo do tempo.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Di Cecco, G.J.; Barve, V.; Belitz, M.W.; Stucky, B.J.; Guralnick, R.P.; Hurlbert, A.H. 2021. Observing the Observers: How Participants
Contribute Data to iNaturalist and Implications for Biodiversity Science. BioScience, v.71: 11, p.1179–1188,
https://doi.org/10.1093/biosci/biab093
eBird. 2021. eBird: An online database of bird distribution and abundance. eBird, Cornell Lab of Ornithology, Ithaca, New Yo r k .
Disponível em: <http://www.ebird.org>. Acesso em 08/08/2024.
Fundação Florestal. Plano de Manejo: Resumo Executivo. Parque Estadual Ilhabela: Fundação Florestal, 2015. 44 p. Disponível
em: < https://fflorestal.sp.gov.br/wp-content/uploads/2018/07/resumo-executivo-1.pdf>. Acesso em: 10/08/2024].
iNaturalist. Disponível em <https://www.inaturalist.org>. Acesso em 15/08/2024.
Marques, M.; Martins, C. Barreto, H.; Tristão, I.; Valle, S.; Ledo, V.; Souza, R.; Morete, M.E. 2022. Ilhabela, mar de baleias,
golfinhos e cia. 19ª Reunião de Trabalho de Especialistas em Mamíferos Aquáticos da América do Sul (19ª RT) XIII Congresso da
Sociedade Latino Americana de Especialistas em Mamíferos Aquáticos (XIII SOLAMAC)10.13140/RG.2.2.14796.90244.
Sullivan, B.L., C.L. Wood, M.J. Iliff, R.E. Bonney, D. Fink, and S. Kelling. 2009. eBird: a citizen-based bird observation network in the
biological sciences. Biological Conservation 142: 2282-2292.
Wikiaves. 2024. Espécies por localidade: Ilhabela (SP). Disponível em:
<https://www.wikiaves.com.br/especies.php?t=c&c=3520400> Acesso em 10/08/2024.
Figura 1. Sede do VIVA Instituto Verde Azul, Borrifos, sul de Ilhabela. Destaque para a torre de observação, Um dos locais onde
podem ser coletados dados para os projetos.
Figura 2. Mapa de localização de Ilhabela e área de abrangência dos projetos (área amarelada sobreposta.
Figura 3. Resultados dos projetos no iNaturalist entre os meses de maio e junho de 2024. Iliustração baleia- jubarte: Hew Barreto.
Das 12 espécies de cetáceos que ocorrem na região, 50% foram registradas
no projeto, sendo as mais frequentes nas amostragens a partir de Ponto Fixo,
parte da pesquisa científica realizada desde 2019 pelo VIVA Instituto Verde
Azul no sul da ilha (Marques et al., 2022). Com relação às aves, apenas
16,88% do total das espécies registradas para o municipio constaram no
projeto até o momento (Wikiaves, 2024), sendo que este resultado
possivelmente está relacionado ao projeto estar fechado apenas para
contribuição de membros do instituto. Para ambos grupos, os projetos são
recentes e espera-se que esses números aumentem ao longo do tempo e dos
censos realizados pelo VIVA, parte das pesquisas em desenvolvimento.
Colabore com os projetos no iNaturalist:
Aves Cetáceos