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A força do conhecimento
& outros ensaios:
Um convite à ciência
FELIPE A P L COSTA
Autor de O que é darwinismo (2019).
EDIÇÃO DO AUTOR
Viçosa | Minas Gerais
2024
C837q Costa, Felipe A. P. L., 1959-
A força do conhecimento, e outros ensaios: um convite
à ciência. / Felipe A. P. L. Costa. -- Viçosa : Ed. do autor.
2024.
159 p. : il. ; 21 cm.
Inclui bibliografia e índice
ISBN 978-65-00-18718-2.
1. Ciência 2. Ciência -- Aspectos sociais 3. Ciência --
História 4. Ciência -- Filosofia I. Título.
CDD-509
-501
Aos ex-alunos de Resende (1985-1988)
e aos ex-professores de Unicamp
– em especial FRM & WHS (1980) e
WWB (1980-1991).
Copyright © 2024 Felipe A P L Costa
Caixa Postal 201, Viçosa MG 36570-970
felipeaplcosta@gmail.com
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
(1990), que entrou em vigor no Brasil em 2009.
Projeto gráfico e concepção editorial
Felipe A. P. L. Costa
A força do conhecimento.
7.1. Fluxo de ideias, palpites, lorotas . . . . 101
7.2. Ciência, tecnologia, negócios . . . . . 102
7.3. Ciência básica . . . . . . . 107
7.4. Primazia e reconhecimento . . . . . 110
7.5. Ficção ou ciência? . . . . . . 112
7.6. O mito da torre de marfim . . . . . 114
a opinião de filósofos e historiadores da ciência, todo e qual-
quer tipo de conhecimento que reivindique para si o rótulo de
ciência deve ser capaz de gerar proposições consistentes e prediti-
vas a respeito das coisas. Tais proposições devem estar sujeitas à
avaliação, se possível, por meio de testes empíricos – digo: testes
para avaliar e medir a distância que separa o mundo ideal que te-
mos na cabeça do mundo real que há lá fora.
7.1. FL U X O D E ID E I A S , P A L PIT E S , L O R O T AS .
Conjecturar (digo: formular palpites sobre as coisas do mundo) é
uma das funções do cérebro. Conjecturamos o tempo todo, o que
nos deixa com a impressão de que a nossa vida mental é uma ses-
são de cinema permanente. Ideias vêm e vão. Em meio a esse tur-
bilhão incessante, formado principalmente de ideiais fantasiosas
ou falaciosas, deixamos escoar muitas ideias boas [
156
].
Para os propósitos deste livro, o rótulo científico deve ser aplica-
do àquelas ideias cujos termos e desdobramentos podem ser verifi-
cados por meio de algum tipo de teste. Ocorre que apenas algumas
das ideias que temos são testáveis – vamos nos referir a elas como
conjecturas. E mais: de todos os palpites que nós formulamos, há os
7
N
Ideias
Verdades
Ideias verdadeiras
Ideias verdadeiras e testáveis
FIG. 5. – Em meio ao turbilhão
de ideias que cada um de nós
tem ao longo do dia, as ideias
verdadeiras e testáveis consti-
tuem tão somente um pequeno
subconjunto. Lembre que (i)
ideias verdadeiras podem não
ser testáveis; e (ii) ideias testá-
veis podem ser falsas.
que podem ser testados teórica e empiricamente e há os que só po-
dem ser testados teoricamente [
157
].
A verificação empírica de um palpite pode ocorrer por via dire-
ta ou indireta. Descobrir a distância que separa as margens laterais
de um livro, por exemplo, é algo que pode ser calculado por via
direta – podemos usar uma régua comum para isso. Já a distância
entre duas cidades é algo que só podemos descobrir por via indire-
ta (e.g., recorrendo a um mapa), embora alguém deva ter feito me-
dições diretas no passado. Em certas disciplinas científicas (e.g.,
astronomia e geofísica), o valor das variáveis de interesse é quase
sempre o resultado de cálculos indiretos.
Podemos concluir dizendo que, em nosso turbilhão mental diá-
rio, a maioria das ideias que emergem é falsa ou é dogmática (i.e.,
não testável) (Fig. 5). Motivo mais do que suficiente para frearmos
o sectarismo e valorizarmos a autocrítica: “posso estar errado, pos-
so estar falando uma tremenda besteira”. Meu palpite final é: em
uma roda de conversa, mesmo entre amigos, a empolgação em tor-
no de lorotas costuma ser a regra. Daí os bate-bocas infindáveis.
REFERÊ N C I A C ITA D A .
Bunge, M. 1987 [1980]. Epistemologia, 2ª ed. SP, TA Queiroz.
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