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Abstract

Residentes de destinos turísticos se conectam afetivamente com o espaço em que vivem. Esse fenômeno é conhecido como apego ao lugar, que pode ter diversas repercussões positivas para destinos turísticos. O objetivo deste artigo é investigar o papel do apego ao lugar no desenvolvimento de experiências turísticas no espaço rural. Realizamos entrevistas semiestruturadas com foto-elicitação com 10 agricultores familiares e empreendedores em 4 roteiros de turismo rural brasileiros. A análise temática reflexiva resultou em três temas: 1) O lugar como inspiração para experiências turísticas; 2) A influência do apego ao lugar na busca por oferecer experiências autênticas; e 3) A interação entre expectativa de lugar e transformações espaciais e pessoais. Os resultados sugerem que o apego ao lugar dos moradores contribui de forma significativa para o planejamento de experiências turísticas. Esses resultados possuem implicações teóricas para o conhecimento sobre o apego ao lugar e design de experiências turísticas. Do ponto de vista prático, argumentamos que o apego dos moradores ao lugar pode ser um substrato inicial para planejamento de experiências memoráveis. Além disso, o desenvolvimento do turismo responsável pode reforçar as conexões afetivas dos moradores com seu espaço, história e cultura.
RBTUR, São Paulo, 18, e-2953, 2024. 1
Artigos Turismo e Sociedade
O papel do apego de residentes ao lugar no design de
experiências turísticas no espaço rural
The role of residents' place attachment in designing touristic experiences in
rural areas
El papel del apego al lugar de los residentes en el diseño de experiencias
turísticas en áreas rurales
Eduardo Silva Sant'Anna1, Aguinaldo Cesar Fratucci2,
1Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil.
2Universidade Federal Fluminense (UFF), Niterói, RJ, Brasil.
Keywords:
Psicologia ambiental;
Lugar turístico;
Turismo rural;
Design.
Abstract
Residentes de destinos turísticos se conectam afetivamente com o espaço em que vivem. Esse fe-
nômeno é conhecido como apego ao lugar, que pode ter diversas repercussões positivas para desti-
nos turísticos. O objetivo deste artigo é investigar o papel do apego ao lugar no desenvolvimento de
experiências turísticas no espaço rural. Realizamos entrevistas semiestruturadas com foto-elicitação
com 10 agricultores familiares e empreendedores em 4 roteiros de turismo rural brasileiros. A análise
temática reflexiva resultou em três temas: 1) O lugar como inspiração para experiências turísticas;
2) A influência do apego ao lugar na busca por oferecer experiências autênticas; e 3) A interação
entre expectativa de lugar e transformações espaciais e pessoais. Os resultados sugerem que o
apego ao lugar dos moradores contribui de forma significativa para o planejamento de experiências
turísticas. Esses resultados possuem implicações teóricas para o conhecimento sobre o apego ao
lugar e design de experiências turísticas. Do ponto de vista prático, argumentamos que o apego dos
moradores ao lugar pode ser um substrato inicial para planejamento de experiências memoráveis.
Além disso, o desenvolvimento do turismo responsável pode reforçar as conexões afetivas dos mo-
radores com seu espaço, história e cultura.
Resumo
Residents of tourist destinations develop emotional bonds with the spaces where they live. These
connections are known as place attachment, and they can have various positive consequences for
both residents and destinations. This article aims to investigate the influence of place attachment on
tourism experiences design in rural environments, an understudied research area. Employing an ex-
ploratory qualitative methodology, we conducted semi-structured interviews with photo elicitation
with 10 family farmers and entrepreneurs across 4 rural tourism routes. Reflexive thematic analysis
revealed three themes: 1) The place as an inspiration for tourism experiences; 2) The influence of
place attachment in the pursuit of offering authentic experiences; and 3) The interaction between
place expectations and spatial and personal transformations. The findings suggest that residents'
place attachment significantly contributes to the planning of tourism experiences. These results have
theoretical implications for understanding place attachment and the design of tourism experiences.
From a practical viewpoint, we argue that residents' place attachment can be an initial substrate for
planning memorable experiences. Moreover, developing tourism responsibly can strengthen resi-
dents' affective connections with their space, history, and culture.
Resumen
Los residentes de destinos turísticos desarrollan vínculos emocionales con los espacios donde viven.
Estas conexiones se conocen como apego al lugar y pueden tener diversas consecuencias positivas
tanto para los residentes como para los destinos. Este artículo tiene como objetivo investigar la in-
fluencia del apego al lugar en el diseño de experiencias turísticas en espacios rurales, un área de
Palavras-chave:
Environmental psychology;
Tourist spot;
Rural tourism;
Design.
.
Palabras clave:
Psicología ambiental;
Lugar turístico;
Turismo rural;
Diseño.
O papel do apego de residentes ao lugar no design de experiências turísticas no espaço rural
RBTUR, São Paulo, 18, e-2953, 2024. 2
1 INTRODUÇÃO
Pessoas desenvolvem conexões com os espaços que habitam, trabalham e visitam. Essas conexões são
conhecidas na psicologia ambiental como apego ao lugar, e representam os vínculos emocionais e sociais das
pessoas com seus ambientes (Gifford, 2014). O interesse no apego ao lugar no turismo tem crescido
significativamente nos últimos anos a partir da perspectiva de diferentes agentes sociais. Predominantemente, a
literatura enquadra o apego de turistas ao lugar, associando-o a diferentes consequências, como imagem e
lealdade a destinos turísticos (Chen et al., 2021), comportamento pró-ambiental (Dwyer et al., 2019), solidariedade
emocional de turistas com residentes (Woosnam et al., 2018) e intenção de retornar ao destino (Peng et al., 2023).
Outra perspectiva importante e crescente é a do apego dos residentes de destinos turísticos ao lugar e suas
consequências para o planejamento da atividade turística. Estudos revelam variadas repercussões do apego de
residentes ao lugar, como o apoio ao turismo sustentável (Cao et al., 2021; Stylidis, 2018) e percepções sobre
impactos percebidos do turismo (Yuan et al., 2019). Aspectos como empoderamento comunitário (Strzelecka et al.,
2017), senso de comunidade (Tsai & Shiue, 2010) e participação no planejamento turístico (Su & Wall, 2010)
também são examinados em relação ao apego dos residentes ao lugar. Essa diversidade temática revela como o
apego de residentes ao lugar desempenha um papel importante no planejamento do turismo e, potencialmente,
da experiência turística.
Dentro do escopo do planejamento da atividade turística, destaca-se a importância do design de experiências
turísticas, uma prática que envolve o planejamento das experiências com o objetivo de favorecer atributos como
memorabilidade, percepção de transformação e autenticidade, entre outros (Câmara et al., 2023). Esta abordagem
considera o design não somente como processo ou projeto, mas igualmente como um produto, destinado a evocar
sensações, emoções, atitudes e comportamentos positivos nos turistas (Tussyadiah, 2014). Assim, a experiência é
vista como um conjunto integrado de produtos e serviços projetados para engajar aspectos sensoriais e cognitivos
de turistas, promovendo uma interação significativa com o ambiente rural.
Neste artigo, exploramos qualitativamente a influência do apego dos residentes ao lugar no planejamento de
experiências turísticas rurais, um tema pouco abordado na literatura existente. O objetivo da pesquisa foi investigar
como esse apego ao lugar pode moldar o desenvolvimento e a concepção de ofertas turísticas em ambientes rurais.
Dada a demanda crescente por turismo que seja genuíno e profundamente conectado às comunidades locais
(Câmara et al., 2023; Andrade-Matos et al., 2022), este estudo enfoca o potencial dos residentes de influenciar a
geração de experiências.
A abordagem metodológica é qualitativa, incluindo entrevistas semiestruturadas, foto-elicitação e pesquisa
documental. Essas ferramentas foram empregadas com dez residentes empreendedores de quatro roteiros de
turismo rural em três regiões brasileiras. Esses empreendedores participaram de um projeto nacional que envolveu
desenho de experiências turísticas rurais e foram convidados nesse contexto. A análise dos dados pautou-se na
análise temática reflexiva (Braun & Clarke, 2019, 2021a, 2021b, 2021c), apoiada por teorias da geografia,
psicologia ambiental e estudos de turismo (Fratucci, 2000, 2008, 2014; Lewicka, 2011; Relph, 1976; Scannell &
Gifford, 2010; Tuan, 1975).
Após esta introdução, apresenta-se uma revisão de literatura sobre apego ao lugar e design de experiências
turísticas. Fundamenta-se e caracteriza-se, em sequência, o caminho metodológico da pesquisa para, então,
Revisado em pares.
Recebido em: 12/04/2024.
Aprovado em: 10/06/2024.
Editor: Leandro B. Brusadin.
investigación poco estudiada. Empleando una metodología cualitativa exploratoria, realizamos en-
trevistas semiestructuradas con elicitación fotográfica a 10 agricultores familiares y emprendedores
en 4 rutas turísticas rurales. El análisis temático reflexivo reveló tres temas: 1) El lugar como inspira-
ción para experiencias turísticas; 2) La influencia del apego al lugar en la búsqueda de ofrecer expe-
riencias auténticas; y 3) La interacción entre las expectativas del lugar y las transformaciones espa-
ciales y personales. Los hallazgos sugieren que el apego al lugar de los residentes contribuye signifi-
cativamente a la planificación de experiencias turísticas. Estos resultados tienen implicaciones teó-
ricas para la comprensión del apego al lugar y el diseño de experiencias turísticas. Desde un punto
de vista práctico, argumentamos que el apego al lugar de los residentes puede ser un sustrato inicial
para la planificación de experiencias memorables. Además, el desarrollo responsable del turismo
puede fortalecer las conexiones afectivas de los residentes con su espacio, historia y cultura.
Como Citar: Sant'Anna, E. S., & Fratucci, A. C. (2024). O papel do apego de residentes ao lugar no
design de experiências turísticas no espaço rural. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, São
Paulo, 18, e-2953, 2024. https://doi.org/10.7784/rbtur.v18.2953
Sant'Anna, E. S. & Fratucci, A.C.
RBTUR, São Paulo, 18, e-2925, 2024. 3
apresentar e discutir os resultados deste estudo por meio de três categorias principais construídas à luz da análise
temática. Conclui-se o artigo com algumas considerações finais.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Apego ao lugar no turismo
Os processos de conexão emocional entre pessoas e espaços são conhecidos na literatura da psicologia ambiental
como apego ao lugar (Low & Altman, 1992; Scannell & Gifford, 2010). Essa definição ressalta a interação emocional
e cultural dos indivíduos com seus ambientes, uma perspectiva que ecoa os trabalhos de geógrafos humanistas,
como Relph (1976) e Tuan (1975), para quem o conceito de lugar incorpora não apenas a dimensão física, mas
também a afetiva. Lugares variam de escala, podendo estar circunscritos a um âmbito mais restrito, como a casa
em que habitamos, podendo ampliar-se à escala do Estado-nação ou até do planeta (Low & Altman, 1992).
Independentemente do ponto de referência, a experiência de intimidade com o espaço e a produção de sentidos
em torno dele é o que constitui o lugar (Tuan, 1975).Nos últimos anos, diversas definições de apego ao lugar
proliferaram na literatura, demonstrando a fecundidade do conceito em diferentes disciplinas (Lewicka, 2011). Por
outro lado, a variedade de definições tornou-se obscurecedora, especialmente para pesquisadores iniciantes que
se aproximam desse referencial teórico. Em virtude dessa profusão teórico-conceitual, Scannell e Gifford (2010)
sistematizam a literatura e oferecem uma síntese integrativa das principais pesquisas, noções e conceitos que
integram o apego ao lugar, produzindo um modelo teórico constituído de três unidades interdependentes: pessoas,
processos e lugares. Segundo eles:
“[...] o apego ao lugar é um laço entre indivíduos ou grupos e um lugar, que varia em termos de
nível espacial, grau de especificidade, e as características físicas e sociais do lugar, e se manifesta
por meio de processos psicológicos afetivos, cognitivos e comportamentais” (Scannell & Gifford,
2010, p. 5).
Nesse sentido, o apego ao lugar abrange um conjunto de termos que designam os processos de vinculação
emocional entre pessoas e ambientes: pertencimento ao lugar, apego ao ambiente, sentido de lugar, topofilia,
investimento, dependência, entre outros (Felippe & Kuhnen, 2012; Low & Altman, 1992). Para alguns autores,
especialmente no turismo (Lalicic & Garaus, 2022), apego ao lugar é um constructo multidimensional a que se
subordinam os conceitos de dependência de lugar e identidade de lugar. Outros autores seccionam o apego ao
lugar em mais dimensões, incluindo os laços emocionais familiares, entre amigos e com a natureza, entre os fatores
que determinam o apego ao lugar (Hidalgo & Hernández, 2001).
Entre as abordagens mais influentes nos estudos de turismo e lazer destaca-se o modelo bidimensional que articula
a identidade de lugar e a dependência de lugar (Boley et al., 2021). Esta perspectiva tem suas raízes nos trabalhos
pioneiros de Williams et al. (1992) e Moore e Graefe (1994), que foram os primeiros a testar empiricamente os
conceitos de identidade de lugar, introduzidos por Proshansky et al. (1983), e de dependência de lugar, propostos
por Stokols e Shumaker (1981). Historicamente, o termo identidade de lugar tem sido usado para descrever uma
subcategoria dentro da identidade de uma pessoa que é específica ao lugar. Em termos gerais, a identidade do
lugar inclui um conjunto de cognições, como memórias, atitudes, crenças e sentimentos em relação a um lugar
(Proshansky et al., 1983), correspondendo ao aspecto cognitivo do apego ao lugar. A dependência do lugar, por
outro lado, responde à faceta funcional e utilitária do apego ao lugar. Segundo Stokols e Shumaker (1981), a
dependência de lugar resulta de uma avaliação subjetiva da qualidade do espaço sobre como ele ajuda um grupo
social a atender suas necessidades e desejos.
Além da identidade do lugar e da dependência do lugar, alguns autores incluem dois outros fatores baseados em
atitude para avaliação do apego ao local: vínculo social e apego afetivo (Chen et al., 2018; Chen & Dwyer, 2018).
Há um conjunto significativo de evidências mostrando a importância de como as relações sociais impactam o apego
ao lugar (Hidalgo & Hernández, 2001). Low e Altman (1992, p. 7) chegam a sugerir que “as relações sociais que
ocorrem em lugar podem ser tão ou mais importantes para o processo de apego do que o lugar enquanto lugar”.
Por outro lado, o apego afetivo refere-se à faceta emocional do apego ao lugar, que vai além da cognição ou
julgamento e se expressa pelo significado e pertencimento ao lugar (Chen et al., 2014). Além disso, (Strzelecka et
al., 2017) adicionaram a ligação com a natureza à sua estrutura de avaliação de apego ao local para apreender
relações de apego específicas ao ambiente natural em áreas rurais.
Todos os elementos mencionados acima se qualificam como apego ao lugar baseado em avaliação (Chen et al.,
2014). No entanto, os referidos autores avançam a multidimensionalidade do apego ao lugar um passo adiante,
incluindo dois atributos interativos: a memória do lugar e a expectativa do lugar. Eles basearam esses fatores na
O papel do apego de residentes ao lugar no design de experiências turísticas no espaço rural
RBTUR, São Paulo, 18, e-2953, 2024. 4
estrutura de passado interacional e potencial interacional de (Milligan, 1998). A memória do lugar é o resultado de
experiências únicas e significativas que alguém tem em um lugar, enquanto a expectativa de lugar deriva das
características físicas de um espaço que moldam as experiências futuras esperadas (Chen et al., 2014). Essa
adição às medidas de apego ao local melhorou a literatura ao incorporar a possibilidade de examinar as interações
de curto e longo prazo com um local (Dwyer et al., 2019).
É importante reconhecer que os processos de apego ao lugar ocorrem dentro de um contexto mais amplo de
construção do lugar turístico (Fratucci, 2000). Lew (2017) distingue conceitualmente as formas de formação dos
lugares turísticos, diferenciando place-making e placemaking. Place-making está relacionado à construção
orgânica dos lugares, aos quais grupos sociais atribuem valores, significados e representações de forma
espontânea em seu cotidiano (Lew, 2017). Esse processo é intrínseco à experiência humana e ocorre naturalmente
com as interações sociais (Tuan, 1975), moldando memórias, tradições e afetos, elementos fundamentais do
apego ao lugar. No contexto do turismo, place-making é associado a formas menos massivas e mais localmente
planejadas e geridas de atividade turística, como o turismo de base comunitária ou certos tipos de turismo rural,
em que a afetividade imbuída no espaço produz o lugar turístico (Lew, 2017, 2020).
Convém destacar que a construção do lugar costuma ser, em primeiro lugar, um processo ligado aos residentes.
Yázigi (2001) sugere que, antes de se tornar um atrativo turístico, um espaço já pode ser um lugar significativo para
os residentes. Portanto, não se pode ignorar os habitantes em favor de quem se apropria de forma efêmera do
espaço (Fratucci, 2000). Em uma análise de práticas de placemaking no espaço rural, Yu e Spencer (2022)
demonstram como um mix de elementos físicos, sociais e culturais consubstanciam o lugar turístico. Além dos
atributos físicos do ambiente rural e suas dinâmicas sociais internas e relações com turistas, o comprometimento
de agricultores em disseminar conhecimento sobre práticas agrícolas e conservar suas tradições, constituem
fatores importantes na construção do lugar turístico (Yu & Spencer, 2022).
Por outro lado, placemaking refere-se à produção do espaço de forma planejada (Lew, 2017). Essa abordagem
envolve planejamento e intencionalidade nas intervenções espaciais para moldar atitudes, comportamentos e
outras cognições dos agentes sociais envolvidos com o território. Lew (2017, 2020) explica que, na prática, place-
making e placemaking frequentemente operam em um continuum, com lugares nascendo tanto organicamente
quanto com intervenção governamental ou empresarial. A compreensão dessas formas de constituição dos lugares
é fundamental para os agentes sociais do turismo, pois a atratividade de um destino turístico reside nas
características socioculturais, econômicas e simbólicas do espaço. A afetividade dos residentes pelo lugar, um
componente essencial do apego ao lugar, pode tanto contribuir para o desenvolvimento quanto limitá-lo,
influenciando a resistência a mudanças e moldando a experiência turística (Lalic & Garaus, 2022). Essa dinâmica
entre apego ao lugar e a constituição dos lugares turísticos estabelece um cenário propício para explorar o design
de experiências turísticas, que será discutido na próxima seção.
2.2 Design de experiências turísticas
Experiência é um termo chave para a pesquisa social, especialmente de cunho qualitativo. A compreensão mais
ampla do termo remonta a aquilo “que o ser humano apreende no lugar que ocupa no mundo e nas ações que
realiza” (Minayo, 2012, p. 622). Seres humanos podem compartilhar experiências comuns, de uma nacionalidade,
de uma cor de pele, classe social, e de habitar, frequentar e usufruir de determinadas condições físicas e sociais.
Essas dimensões caracterizam a experiência do cotidiano, permeada por encontros e ações do dia a dia.
Quando deixamos a concepção de experiência ampla, humana, e enfocamos as qualidades da experiência turística,
mudanças qualitativas substanciais ocorrem. Em primeiro lugar, a experiência turística distingue-se da experiência
ordinária por ocorrer em um momento e espaço diferentes do habitual; é marcada pela interrupção das atividades
cotidianas proporcionada pela viagem (Pezzi & Vianna, 2015). A experiência turística é alvo de estudo de diferentes
disciplinas, com olhares que variam de fenomenológicos e geográficos até da administração, marketing e psicologia
(Scott & Le, 2017).
Vergopoulos (2016) identifica três concepções da experiência turística: uma contínua durante a viagem, uma ligada
à aprendizagem e conhecimento, e uma como um produto mercadológico. De forma similar, Coelho e Gosling
(2019) classificam a experiência turística em a) fenômeno da ordem do vivido durante a viagem, b) um processo
de transformação individual e c) um ato de consumo. Nesse contexto, desempenham papéis importantes o espaço
em que a experiência ocorre, as características dos turistas e os resultados esperados da experiência, como
satisfação e emoções positivas (Volo, 2021).
Sant'Anna, E. S. & Fratucci, A.C.
RBTUR, São Paulo, 18, e-2925, 2024. 5
Muitos autores reconhecem que a experiência turística pode envolver tudo aquilo que ocorre durante a viagem, na
cena turística, de forma orgânica, não previamente estruturada e espontânea (Vergopoulos, 2016; Coelho &
Gosling, 2019). No entanto, com o aumento da competitividade e o avanço dos estudos sobre planejamento, gestão
e consumo, vêm se tornando cada vez mais possível planejar experiências turísticas que almejam a
memorabilidade, a geração de emoções e outras consequências psicológicas e sociais positivas (Ma et al., 2017).
Nessa perspectiva, surgem diversos estudos que orientam a compreensão da experiência turística memorável e
subsidiam o planejamento ou design de experiências memoráveis.
A literatura sobre experiências turísticas memoráveis ressalta a importância dos fatores ambientais, cognitivos e
afetivos na criação de experiências turísticas memoráveis (Hosany et al., 2022). Os elementos influenciam
diretamente a percepção e a conexão emocional com o destino através da interação com o espaço físico e seus
atributos (Kastenholz et al., 2020). Do ponto de vista cognitivo, a compreensão e a interpretação dessas
experiências são fundamentais para a formação de memórias duradouras. Kim e Ritchie (2014) enfatizam, por
exemplo, como a novidade e o conhecimento adquirido durante a viagem podem enriquecer significativamente a
experiência turística. Paralelamente, os aspectos afetivos, incluindo emoções e sentimentos provocados pela
experiência, são elementos essenciais que contribuem para a satisfação e a memorabilidade do turismo (Coelho
et al., 2018).
Nos últimos anos, os estudos em psicologia cognitiva têm enriquecido a pesquisa sobre a experiência turística e a
experiência memorável, incorporando temas como emoções, memórias e significados em seus repertórios (Nawijn
& Strijbosch, 2021). Sob esse prisma, a experiência turística resulta do contato do turista com o espaço, seus
objetos e ações, em um processo que aciona seus sentidos, estes que se traduzem em significados por meio da
percepção, da emoção e da cognição (Kim & Fesenmaier, 2017; Stienmetz et al., 2021). Após uma viagem, a
experiência vivida pode ser recordada, transformando-se em memórias, atitudes e comportamentos, favoráveis ou
desfavoráveis ao destino turístico (Hosany et al., 2022).
A variedade de estudos sobre experiências turísticas memoráveis fornece os componentes que podem ser
analisados, planejados, desenvolvidos e integrados em experiências turísticas. Esses processos de planejamento
são abordados pelos estudos de design de experiência, nos quais o termo "design" engloba os conceitos de
processo, projeto e produto (Tussyadiah, 2014). No contexto de processo, o design refere-se a um conjunto de
ações intencionais visando provocar sensações, emoções, atitudes e comportamentos positivos nos turistas (Ma
et al., 2017). Como projeto, diz respeito ao planejamento de ações e etapas para atingir um resultado desejado. E
como produto, o design é o resultado de uma experiência cuidadosamente concebida, planejada e implementada.
Do ponto de vista do planejamento da experiência, Pine e Gilmore (1999) propõem cinco princípios para criação de
experiências memoráveis: tematização, sinais positivos, eliminação de distrações, materialização da experiência e
estímulo dos sentidos. Esses princípios foram validados por estudos empíricos abrangendo diferentes segmentos
do turismo (Pezzi & Vianna, 2015; Kastenholz et al., 2018, 2020; Hosany et al., 2022), reforçando a aplicabilidade
de tais conceitos no design de experiências. Eles se encaixam em um "sistema de criação de experiências", que
inclui desde o modelo de negócios até a gestão de recursos humanos e inovação (Sundbo & Hagedorn-Rasmussen,
2008, p. 85), abrangendo também a tematização, storytelling, ambiência, affordance, co-criação e tecnologia (Kim
& Fesenmaier, 2017). Esses elementos, filtrados pelas percepções individuais e coletivas dos turistas, podem
evocar um espectro de emoções, resultando em atitudes, memórias e comportamentos positivos (Stienmetz et al.,
2021).
A literatura sobre design de experiências turísticas mostra que um planejamento intencional pode gerar benefícios
para turistas e residentes. O apego ao lugar é frequentemente citado como um resultado positivo em estudos
focados nas experiências memoráveis dos turistas (Hosany et al., 2022; Kastenholz et al., 2020; Silva et al., 2021).
Contudo, permanece uma lacuna referente a como o apego dos residentes ao lugar afeta a concepção dessas
experiências. Descrevemos em sequência a metodologia e os resultados do estudo empreendido para preencher
essa lacuna.
3 METODOLOGIA
Em resposta às solicitações por uma ampliação na dimensão qualitativa do apego ao lugar (Kim, 2021; Scannell &
Gifford, 2010), este estudo adota uma abordagem qualitativa. A escolha dessa metodologia é fundamentada na
capacidade das técnicas qualitativas de permitir que os participantes se expressem de maneira livre e reflexiva
(Minayo, 2014). Esta abordagem nos possibilita explorar categorias além das tradicionalmente empregadas, como
O papel do apego de residentes ao lugar no design de experiências turísticas no espaço rural
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dependência de lugar e identidade de lugar. As subseções a seguir detalham o contexto do estudo, as técnicas
utilizadas para seleção dos participação e coleta de dados e os métodos empregados na análise desses dados.
3.1 Contexto
O contexto deste estudo foi fornecido pelo projeto Experiências do Brasil Rural (EBR), uma iniciativa conjunta do
Ministério do Turismo e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil. O projeto foi
desdobramento de duas iniciativas anteriores: o projeto "Economia da Experiência", executado entre 2006 e 2010
e o projeto "Talentos do Brasil Rural” de 2010. O EBR foi realizado em parceria com a Faculdade de Turismo e
Hotelaria da Universidade Federal Fluminense entre 2021 e 2022, e teve como objetivo principal fomentar o
turismo rural, com ênfase na integração de produtos agroalimentares em roteiros turísticos. O projeto adotou uma
abordagem de pesquisa-ação, empregando métodos participativos para integrar a agricultura familiar na cadeia
produtiva do turismo e para desenvolver ou aperfeiçoar experiências turísticas no espaço rural. Esta abordagem
tinha como foco a transformação prática da realidade dos envolvidos, alinhada aos princípios da pesquisa-ação
(Tripp, 2005).
3.2 Participantes e procedimentos de coleta
Nesta pesquisa, utilizamos a entrevista semiestruturada como principal técnica de coleta de dados, dada sua
flexibilidade e capacidade de proporcionar narrativas densas sobre a realidade social (Minayo, 2012). Os
entrevistados foram selecionados entre os participantes do projeto Experiências do Brasil Rural (EBR), que incluiu
agricultores familiares e pequenos empreendedores de diversas áreas do turismo, como hospedagem, alimentação
e agenciamento. A seleção seguiu critérios geográficos e de engajamento no projeto, escolhendo participantes de
quatro roteiros em quatro regiões do Brasil (Norte, Nordeste, Sudeste e Sul), visando capturar a diversidade de
experiências relacionadas ao espaço, resultando em 10 entrevistados.
A coleta de dados iniciou-se com o contato via WhatsApp com convite para participação na pesquisa, seguido pelo
envio de um questionário abrangendo aspectos sociodemográficos e questões ligadas às experiências
desenvolvidas no âmbito do EBR. Todos os entrevistados participaram ativamente do projeto EBR e, ao final,
tiveram suas experiências turísticas validadas pela equipe da universidade, MTur e MAPA. O questionário incluiu
também o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
As entrevistas foram realizadas via Zoom, escolhida pela familiaridade dos participantes com a plataforma, e
ocorreram entre 27 de julho e 15 de outubro de 2022. O roteiro de entrevista abordou as trajetórias pessoais e
profissionais dos entrevistados, as ações do cotidiano ligadas ao estilo de vida, a história de seus empreendimentos
e as características das experiências turísticas desenvolvidas no âmbito do projeto EBR. Adotamos também a
técnica de foto-elicitação, que envolveu o uso de fotografias da propriedade dos entrevistados do projeto EBR para
gerar descrições ricas e narrativas pessoais, ajudando-os a reconstruir memórias e emoções associadas a essas
imagens (Collier & Collier, 1986; Harper, 2002).
Tabela 1 Caracterização dos participantes da pesquisa
Roteiro
Participante
Sexo
Idade
Município (UF)
Terra Mãe do Brasil
R.C.
M
55
Porto Seguro (BA)
Terra Mãe do Brasil
A.S.
F
54
Porto Seguro (BA)
Farroupilha Colonial
S.M.
F
52
Farroupilha (RS)
Farroupilha Colonial
A.C.
M
NI*
Farroupilha (RS)
Farroupilha Colonial
V.B.
F
71
Farroupilha (RS)
Farroupilha Colonial
V.T.
F
40
Farroupilha (RS)
Rota Amazônia Atlântica
H.O.
F
55
Augusto Corrêa (PA)
Rota Amazônia Atlântica
S.B.
F
32
Augusto Corrêa (PA)
Rota Amazônia Atlântica
J.R.
F
53
Bragança (PA)
Rota do Queijo Terroir Vertentes
J.T.
F
44
São João Del-Rei (MG)
Fonte: Elaboração própria (2023). *NI = Não informada.
A Figura 1 apresenta informações básicas sobre os participantes, como roteiro turístico de que participa,
identificação, sexo, idade, município, UF e tipo de empreendimento rural. Optamos por usar as iniciais dos
participantes para manter o sigilo, apesar de explicarmos durante as entrevistas que a identificação poderia ser
Sant'Anna, E. S. & Fratucci, A.C.
RBTUR, São Paulo, 18, e-2925, 2024. 7
possível pela caracterização detalhada ou por fotografias utilizadas na pesquisa. A ordem na Figura 1 reflete a
sequência em que as entrevistas foram realizadas. Finalizamos a coleta de dados quando se obteve saturação nas
respostas.
3.3 Procedimentos de análise
Entre as diversas técnicas de análise qualitativa disponíveis, optamos pela análise temática reflexiva,
fundamentada em Braun e Clarke (2006, 2019, 2021a, 2021b, 2021c). Trata-se de um método para identificar,
analisar e reportar padrões qualitativos em conjuntos de dados. A abordagem, diferenciada da análise de conteúdo
pela menor ênfase na quantificação (Vaismoradi et al., 2013), permite uma interpretação qualitativa mais
aprofundada das regularidades sociais e psicológicas presentes nos dados (Braun & Clarke, 2021c).
Adotamos especificamente a análise temática reflexiva, baseada nos pressupostos da pesquisa qualitativa
compreensiva-interpretativa (Braun & Clarke, 2019, 2021b; Minayo, 2012). A abordagem enfatiza a importância
da subjetividade do pesquisador, buscando análises ricas, densas e criativas (Minayo, 2012). A codificação é
tratada como um processo flexível, não restrito a um guia de codificação pré-definido, reforçando a importância da
reflexividade do pesquisador na garantia da qualidade da análise (Braun & Clarke, 2019, 2021a, 2021b).
A análise seguiu seis fases, conforme Braun e Clarke (Braun & Clarke, 2021c, 2021b). A primeira fase envolveu
uma familiarização aprofundada com os dados, revisando cuidadosamente as transcrições durante a escuta das
gravações. Isso permitiu identificar trechos iniciais relevantes relacionados ao apego ao lugar. A segunda fase, de
codificação sistemática, foi realizada com o apoio do software Atlas T.I., identificando códigos que refletiam tanto
conceitos centrais da pesquisa quanto aspectos subjetivos, seguindo as orientações de codificação de Saldaña
(2013).
Na terceira fase, focamos na geração de temas iniciais, um processo hermenêutico intensivo que agrupou códigos
similares, conforme Braun e Clarke (2019, 2021a, 2021b). A quarta fase consistiu no desenvolvimento desses
temas, utilizando um mapa temático para refinar as narrativas e garantir sua coerência interna. As fases finais, de
revisão e nomeação dos temas, foram conduzidas em paralelo com a redação do texto final. Este processo
assegurou a qualidade e relevância dos temas construídos.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para compreender como o apego ao lugar se manifesta no desenho de experiências turísticas no espaço rural, dez
agricultores e empreendedores de quatro roteiros de turismo rural brasileiros compartilharam suas experiências
em entrevistas semiestruturadas com foto-elicitação. Adotamos a análise temática reflexiva como estratégia (Braun
& Clarke, 2021a, 2021b), que possibilitou a elaboração de três temas principais para a interpretação dos
depoimentos.
Nas próximas três subseções, descrevemos e discutimos cada tema: 1) O lugar como inspiração para a experiência
turística; 2) A influência do apego ao lugar na busca por oferecer experiências turísticas autênticas e; 3) A interação
entre expectativa de lugar e transformações espaciais e pessoais.
4.1 O lugar como inspiração para experiências turísticas
Examinamos neste tema como a identidade e a dependência de lugar se refletem nas narrativas sobre a
experiência turística desenvolvida no âmbito do projeto EBR, inspirando os residentes e proprietários de
empreendimentos turísticos rurais na elaboração de experiências. Esses dois conceitos centrais na literatura do
apego ao lugar aparecem como elementos que inspiram o desenho da experiência turística.
As identidades de lugar se referem aos significados atribuídos ao lugar onde vivem os entrevistados, revelando
conexões ligadas ao modo de vida rural, à serenidade do cotidiano, ao contato íntimo com a natureza e às memórias
familiares. A literatura da psicologia ambiental estabelece que a identidade de lugar é formada por experiências e
interações ao longo da vida, resultando em um apego ao lugar plural e fluido (Kim, 2021; Scannell & Gifford, 2010).
A maioria dos entrevistados demonstrou um forte vínculo com seus locais de residência, enfatizando a
tranquilidade, o contato com a natureza e a beleza das paisagens rurais. Essas preferências individuais contribuem
para o sentimento de pertencimento e são importantes substratos para a concepção de experiências turísticas que
representam e valorizam o local.
O papel do apego de residentes ao lugar no design de experiências turísticas no espaço rural
RBTUR, São Paulo, 18, e-2953, 2024. 8
R.C. de Porto Seguro (BA) destaca a presença constante da natureza em seu entorno: "Qualquer s que você
chegar do ano, você vai encontrar grama verde, sabe? O verde transmite muita paz, muita fé, energias boas. Tem
inúmeras árvores frutíferas aqui”. Essa apreciação do ambiente natural reflete a percepção de bem-estar e
tranquilidade de R.C. como morador e que se integra à criação de experiências turísticas que valorizam e destacam
esses elementos naturais. A experiência desenvolvida pelo agricultor no âmbito do projeto EBR chama-se “Entre
queijos e búfalos”. Nesta experiência, os visitantes têm a oportunidade de explorar sua fazenda e interagir com os
animais. Faz parte dela uma degustação dos queijos artesanais produzidos no local. O entrevistado usa o ambiente
natural e as práticas agrícolas para criar uma experiência que conecta os visitantes à realidade rural de Porto
Seguro.
Outra dimensão latente da identidade de lugar dos participantes reside na valorização dos conhecimentos locais.
Todos os entrevistados orgulham-se de suas histórias e relatam profunda satisfação em compartilhar
conhecimentos construídos em suas trajetórias pessoais, familiares e profissionais com visitantes tendo elas sido
vividas por eles mesmos ou transmitidas por familiares. Após explicar o que estava sendo retratado nas fotografias
presentes no catálogo de experiências, V.T. explica o que é mais significativo para ela no conjunto de imagens
utilizadas na foto-elicitação: Eu acho que é a história da família, o resgate cultural. É uma história que a gente
passou. As pessoas se encantam por esse detalhe. [...] Minha mãe sempre quis transmitir essa sabedoria, esse
ensinamento que ela teve, de ligar as pessoas, trazer recordações”.
Essas narrativas pessoais e familiares se tornam parte integrante das experiências turísticas desenhadas no
projeto, enriquecendo-as com significados pela contação de histórias, uma ferramenta útil na percepção de
autenticidade de experiências turísticas (Andrade-Matos et al., 2022). Observamos que quando os entrevistados
enfatizam a importância de contar suas histórias, eles buscam manter viva a memória e a cultura local e, em certa
medida, reforçam o sentimento de pertencimento ao lugar, tanto para si mesmos quanto para os visitantes. Dessa
forma, as histórias contadas e compartilhadas pelos residentes se tornam um substrato para a construção de
experiências turísticas, refletindo a identidade de lugar de cada anfitrião e podendo promover uma conexão mais
significativa entre os visitantes e o espaço rural.
Além dos aspectos cognitivos e afetivos, o apego ao lugar também abarca aspectos funcionais essenciais para a
vida dos moradores. Segundo Scannell e Gifford (2010), a análise do apego ao lugar inclui uma dimensão físico-
funcional, a dependência de lugar, ligada intimamente aos recursos disponíveis e ao papel do espaço na
subsistência, autonomia e liberdade dos produtores e empreendedores rurais. Este conceito de dependência de
lugar, conforme discutido por Stokols e Shumaker (1981), interliga elementos como recursos ambientais, economia
e sustentabilidade econômica do contexto geográfico.
As entrevistas realizadas revelam como a dependência de lugar se manifesta em diferentes formas. Por exemplo,
J.T., de São João Del Rei (MG), destacou a autossuficiência de sua propriedade rural, em que a produção de
alimentos, como hortaliças e produtos lácteos, proporciona independência e resiliência mesmo em tempos de
crises, como greves ou enchentes. Ela descreve: "Nós plantamos hortaliças, então a gente brinca que a gente não
precisa da cidade, porque nós produzimos leite, queijo. [...] Só que nós somos autossustentáveis e tá tudo certo".
Isso incide sobre a experiência na medida em que os produtos da propriedade são utilizados no jantar que realizam
ao pôr-do-sol.
Além dos aspectos físicos, a dependência de lugar também se relaciona com a história e cultura familiar, que
funcionam como uma fonte de inspiração para produtos e serviços turísticos. Essa dimensão é exemplificada por
V.B., de Farroupilha (RS), que integra a tradição e cultura sueca em sua oferta turística. Ela menciona: "A comida
fala bastante porque cada prato tem a sua história. [...] Eles sabem que comendo aqui não é só uma comida, eles
levam toda a história de cada prato, a história do país". Essa dependência de lugar se reflete no desenho da
experiência turística porque cada elemento tangível e intangível se torna parte integrante de uma narrativa que
visa ao enriquecimento da experiência do visitante.
Interessantemente, a dependência de lugar não se restringe somente aos aspectos físicos e culturais imediatos,
mas também se estende à história mais ampla da cidade, estado ou país. Isso é visível nas narrativas de J.R., de
Bragança (PA), e A.S., de Porto Seguro (BA), que desmistificam as narrativas colonizadoras tradicionais e
incorporam uma compreensão mais crítica da história brasileira em suas experiências turísticas. A.S. oferece uma
visita à sua propriedade e aborda na visitação aspectos críticos sobre sustentabilidade, vida saudável e até história
do Brasil: "Se ensina na escola errado, que o Brasil foi descoberto, que os indígenas e os portugueses se
abraçaram, não é nada disso. A verdadeira história foi luta, foi briga, foi morte. Foi uma desigualdade, desigualdade
que continua até hoje. E eles querem mudar pra [...] não mais ser a Costa do Descobrimento, mas a Costa do
Sant'Anna, E. S. & Fratucci, A.C.
RBTUR, São Paulo, 18, e-2925, 2024. 9
Nascimento". Isso é revelador de uma consciência crítica sobre a história do país que é traduzido no desenho da
experiência turística como contação de histórias.
Essa perspectiva multidimensional do apego ao lugar ajuda a compreender a interação dos residentes do espaço
rural com seu ambiente, a valorização de sua herança e a forma como enfrentam desafios contemporâneos,
influenciando suas trajetórias de desenvolvimento. Observamos como tanto aspectos cognitivos do apego, como a
identidade de lugar, quanto aspectos físicos e sociais, como a dependência de lugar, podem ser funcionalizados
para o desenho de experiências turísticas e gerar benefícios sociais e econômicos, sem perder seu valor educativo
e social.
4.2 A influência do apego ao lugar na busca por oferecer experiências autênticas
Um padrão de resposta recorrente foi o interesse dos entrevistados na autenticidade da experiência turística.
Observamos que o desejo de proporcionar experiências turísticas autênticas é uma expressão do apego ao lugar e
do pertencimento à comunidade. Essa expectativa se manifesta de duas formas nos relatos. A primeira é a
valorização da autenticidade no turismo rural por parte dos próprios empreendedores. Os entrevistados expressam
claramente sua aversão a um modelo de turismo que privilegia a quantidade em detrimento da qualidade,
ameaçando a cultura e o ambiente locais. A segunda dimensão está relacionada à proteção e valorização do
patrimônio cultural.
A autenticidade da experiência turística é uma categoria nativa dos entrevistados, compreendida como algo que
transcende a mera encenação turística, privilegiando uma experiência que reflete a realidade e o ritmo de vida
rural. Eles priorizam uma experiência que reflete a realidade e o ritmo de vida do campo. A preocupação com o
crescimento descontrolado do turismo, potencialmente prejudicial à integridade cultural e ambiental da região, é
uma constante. V.T. de Farroupilha ressalta a importância de um atendimento personalizado: "A gente gosta de
atender as pessoas bem. Um por dia, dois por dia, um de manhã e outro à tarde. Mas o mais importante é manter
esse atendimento humanizado, sentar e conversar, porque as pessoas que nos procuram querem saber sobre
Farroupilha e ter um contato genuíno". De acordo com Yázigi (2009) a autenticidade é um conceito variável,
dependendo do tipo de turismo e dos visitantes. Para os entrevistados, a autenticidade se alinha com a honestidade
em relação ao seu estilo de vida e à capacidade de promover interações sociais significativas com um número
limitado de visitantes.
O turismo de massa é frequentemente mencionado nas entrevistas como um modelo a ser evitado. Os
entrevistados expressam uma visão clara do tipo de turismo que desejam promover em seus territórios, uma visão
embasada em valores como cidadania, ética, respeito pela natureza, diálogo com a comunidade e hospitalidade.
V.B. exemplifica essa perspectiva, enfatizando a importância de oferecer experiências simples, acolhedoras e
familiares: "A gente procura uma coisa simples assim, simplicidade que o pessoal gosta, que seja assim, acolhedor
e familiar. [...] Você ganha menos dinheiro, mas pelo menos eu faço por prazer. A gente se sente bem, né?". Essa
preferência por experiências autênticas e de pequena escala reflete apego ao lugar e a crença de que a verdadeira
riqueza do turismo rural reside na conexão genuína entre pessoas, cultura e natureza.
Neste mesmo sentido, H.O., da Rota Amazônia Atlântica, destaca a importância do turismo de conhecimento, que
respeita e valoriza a natureza, promovendo uma experiência turística mais harmônica e responsável com o lugar:
"Eu não queria aquele turismo de massa. Eu queria um turismo de conhecimento. Eu queria um turismo onde as
pessoas que viessem entendessem que aqui precisava também ser respeitado, que aqui tinha conhecimento, que
aqui eu não estava de favor. Que eles não estariam me fazendo favor". Essa postura baseada no conhecimento
ilustra como o turismo pode ser um veículo para a educação ambiental e a conservação, ao mesmo tempo em que
pode proporcionar uma experiência rica e autêntica aos visitantes, como é a proposta da experiência desenhada
por H.O.
A segunda dimensão deste tema diz respeito à valorização e proteção do patrimônio cultural, aspectos vitais do
apego ao lugar e fundamentais para o desenho de experiências turísticas. A proteção e valorização do patrimônio
cultural figuraram como dimensões importantes do apego ao lugar que têm um papel significativo no design de
experiências turísticas. Esta pesquisa identifica duas principais vertentes de proteção cultural: a preservação da
história e tradição e a salvaguarda do patrimônio material, ambas intimamente ligadas ao turismo e fundamentais
na caracterização das manifestações de apego ao lugar. Convém recordar que os lugares, conforme Chen et al.
(2021) e Tuan (1975), são construídos social e historicamente, tornando a história e a cultura componentes
essenciais na formação de destinos turísticos.
O papel do apego de residentes ao lugar no design de experiências turísticas no espaço rural
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Um exemplo marcante é fornecido por J.R. de Bragança (PA), que integra a história local em suas experiências
turísticas. Ela narra: "A gente conta toda essa história dentro da Ipê Porã, desses artesanatos, [...] quando surgiu
Retumbão, eu conto a história de Bragança com um Benedito na mão". Este caso ilustra como a história de
Bragança é apresentada tanto material quanto simbolicamente, com as bonecas criadas pela irmã da entrevistada
representando figuras históricas da cidade. J.T. de São João Del Rei (MG) oferece outro exemplo de como o
patrimônio cultural é incorporado na experiência turística “Entardecer gastronômico dos Tarôcos”, combinando a
tradição do queijo minas artesanal com a herança italiana da família: Nós vamos fazer o risoto e eu acho
interessante que o visitante participe e veja todas as etapas. [...] Arrumei tudo, falei que tem que ter uma
sonorização. [...] Essas músicas italianas, enfim, alegres, vamos dizer assim”.
Esses exemplos concretos de como a história e a cultura locais são tecidas nas experiências turísticas ecoam na
literatura acadêmica, que ressalta a importância de tais elementos no desenvolvimento do turismo. Estudos
anteriores, como os de Su e Wall (2010) e Eusébio et al. (2018), demonstraram que o desenvolvimento do turismo
pode tanto reforçar o apego ao lugar e promover a proteção do patrimônio quanto gerar resistência e atitudes
ambivalentes. Além disso, pesquisas de Hosany et al. (2022) e Kim (2014) destacam a relevância da história e
cultura locais na criação de experiências turísticas significativas. Portanto, os resultados discutidos neste tema
ampliam a compreensão acadêmica, mostrando que a valorização da história local, como uma expressão de apego
ao lugar, impacta o design da experiência turística.
4.3 A interação entre expectativa de lugar e transformações espaciais e pessoais
Os primeiros dois temas deste estudo se concentraram principalmente em aspectos históricos que enriquecem o
design de experiências turísticas. Neste tema, o foco recai sobre a dimensão da expectativa de lugar como um fator
interacional significativo do apego ao lugar que se reflete no planejamento das experiências turísticas rurais. O
conceito de expectativa de lugar, introduzido por Chen et al. (2014), e o potencial interacional, discutido por Milligan
(1998), refletem uma perspectiva futura, em que as aspirações e desejos dos residentes em relação aos seus
espaços de vida se conectam diretamente com o potencial para interações futuras. Essa visão sugere uma evolução
no entendimento de como o apego ao lugar pode influenciar e ser influenciado pelo turismo, destacando a
importância de considerar as expectativas dos residentes sobre o desenvolvimento de seus lugares como destinos
turísticos.
Nesse contexto, dividimos a análise deste tema em duas vertentes principais: o papel do turismo na criação e
transformação de lugares e destinos turísticos, e como essas transformações afetam as interações humanas
dentro desses espaços.
Na primeira faceta, observamos que todos os participantes experienciaram de alguma forma o turismo contribuindo
para uma refuncionalização ou reorganização de seus espaços de vida. Essas transformações são analisadas sob
a ótica do place-making, uma abordagem originária dos estudos urbanos que orienta a aparência, organização e
função dos espaços (Lew, 2017). Apesar de seu uso tradicional em ambientes urbanos, o conceito de place-making
tem sido cada vez mais aplicado para aprimorar locais em que as pessoas vivem e visitam, destacando uma
abordagem bottom-up e orgânica da construção do lugar. Place-making envolve tanto ações comunitárias em
pequena escala quanto práticas de intervenção espacial em níveis mais amplos, que podem trazer benefícios como
acessibilidade, sociabilidade e lazer, mas também riscos como gentrificação e exclusão social (Hes & Hernandez-
Santin, 2020).
A refuncionalização e reorganização dos espaços rurais em resposta ao turismo são exemplos de place-making.
Ilustram esse processo os exemplos de A.C. em Farroupilha (RS), que adaptou casas centenárias para hospedagem,
e de S.M., que transformou um porão de pedra em um local de acolhimento para turistas. “Então, desde junho de
2019 a gente faz essa hospedagem utilizando as casas que eram aqui dos meus avós. [...] nós hospedamos
1700 peregrinos que fazem essa caminhada, que é Caravaggio de Canela com Caravaggio de Farroupilha”, relata
A.C.
Além da transformação física, a reorganização dos processos internos é um componente vital no place-making
turístico. Como evidenciado pelas experiências de A.S., de Porto Seguro (BA), e de V.T., de Farroupilha (RS), essas
mudanças são influenciadas pelas expectativas dos visitantes, afetando significativamente o potencial interacional
dos residentes com o ambiente. “Então, a gente planta já pensando no turista. Hoje o plantio é para entrega das
cestas, mas ele já é pensando assim: esse espaço aqui a gente vai deixar, porque as pessoas querem vir puxar um
nabo, puxar uma cenoura”, explica A.S. Esta crescente atenção à apresentação e organização dos espaços reflete
Sant'Anna, E. S. & Fratucci, A.C.
RBTUR, São Paulo, 18, e-2925, 2024. 11
a importância dos aspectos estéticos e ambientais na experiência turística, um ponto corroborado por estudos
sobre o design da experiência turística (Scott & Le, 2017; Tussyadiah, 2014). As modificações ambientais são
reconhecidas por sua capacidade de criar experiências memoráveis e estimulantes.
Por fim, as visões de futuro dos empreendedores rurais, expressas por V.T. e R.C., demonstram uma busca por
inovação e diferenciação no mercado do turismo rural. Esta aspiração por dinamismo e criatividade no place-
making turístico ressalta a relação entre a preservação da identidade de lugar e a adaptação às novas demandas
do mercado, como discutido por Yu e Spencer (2022) e outros autores. Consequentemente, essas práticas de
place-making no turismo rural contribuem para a transformação do espaço físico e a remodelar as expectativas de
interação e a identidade dos residentes com seus locais de vida e trabalho.
Além das transformações espaciais, observamos que o turismo também proporciona transformações pessoais.
Detectamos aqui as interações e relações entre visitantes e residentes no contexto do turismo rural, onde a
efemeridade dos encontros turísticos contrasta com as interações mais frequentes e profundas possibilitadas pelo
ambiente rural (Barretto, 2004; Fratucci, 2000, 2008). Observamos que essas interações, além de induzirem
transformações espaciais, também promovem mudanças interpessoais significativas entre turistas e moradores,
um fenômeno que Fratucci (2000) descreve como expressão de alteridade, enriquecendo socioculturalmente
ambos os grupos e substanciando a construção de lugares turísticos.
A literatura ressalta o papel da experiência turística nas transformações individuais dos turistas (Coelho & Gosling,
2019; Coelho et al., 2018; Kastenholz et al., 2020). Porém, as entrevistas com agentes locais do turismo rural
revelam que os residentes também passam por transformações semelhantes. J.T., de São João del Rei (MG),
exemplifica esta dinâmica ao relatar como precisou aprofundar seus conhecimentos sobre o queijo produzido em
sua propriedade para satisfazer a curiosidade dos visitantes, destacando a diferença entre saber fazer e explicar.
Da mesma forma, A.S., de Porto Seguro (BA), descreve como a necessidade de responder às perguntas dos
visitantes sobre as plantações a motivou a estudar mais profundamente assuntos relacionados a agroecologia.
Essas experiências indicam que o turismo pode estimular os moradores a ampliarem seus saberes sobre seu
próprio ambiente, história e processos, promovendo processos de aprendizado mútuos entre residentes e turistas.
O aumento do fluxo turístico também motivou J.T. a assumir a gerência da queijaria de sua família, enquanto A.S.
experimentou uma mudança paradigmática no potencial interacional em sua propriedade após participar do projeto
EBR. Essas transformações reforçam o apego ao lugar e corroboram pesquisas sobre desenvolvimento do turismo
e apego ao lugar (Gu & Ryan, 2008).
Além do aprendizado, identificamos transformações no repertório comportamental dos moradores, com alguns
relatando melhorias no bem-estar e qualidade de vida. A.C., de Farroupilha (RS), por exemplo, menciona como a
interação com turistas melhorou sua habilidade de comunicação e valorização pessoal. Da mesma forma, V.T.,
também de Farroupilha, relata uma mudança na atitude de seu pai, inicialmente resistente ao turismo, que se
tornou mais receptivo e interativo com os visitantes. Essas experiências ilustram a capacidade transformadora do
turismo nas vidas dos residentes, ressaltando os benefícios psicológicos e culturais associados ao envolvimento
dos residentes no planejamento da atividade turística (Li et al., 2021; Strzelecka et al., 2017) e suscitando no
desenho da experiência turística novos sentidos e expectativas para o lugar.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desenvolvemos neste estudo três temas que revelam como o apego de residentes ao lugar se reflete no desenho
de experiências turísticas em roteiros rurais. No primeiro, aspectos da identidade de lugar e da dependência de
lugar são analisados como fonte de inspiração para o planejamento de experiências turísticas, imprimindo
significados e sensações do cotidiano no produto turístico. No segundo, constatamos o desejo de oferecer
experiências turísticas autênticas nas narrativas sobre a cultura, a história e a proteção do patrimônio. Por último,
o turismo foi observado como um catalisador de diferentes expectativas para o futuro reveladoras de afetividade e
de transformações pessoais e espaciais.
Esses resultados possuem implicações teóricas e práticas. Do ponto de vista teórico, nosso estudo amplia a
literatura tanto do design da experiência turística quanto do apego ao lugar, relacionando os dois constructos na
perspectiva de agentes locais do turismo rural. Enquanto a literatura acadêmica do turismo examinava o apego ao
lugar predominantemente como consequência da experiência para turistas, nós examinamos como o apego dos
moradores se traduz no desenho da experiência turística. Essa análise deve inserir o apego ao lugar no radar das
O papel do apego de residentes ao lugar no design de experiências turísticas no espaço rural
RBTUR, São Paulo, 18, e-2953, 2024. 12
pesquisas sobre design de experiências rurais, recuperando histórias, saberes e práticas como insumos da
experiência turística.
Do ponto de vista prático, existem implicações para agentes da oferta turística e eventuais executores de projetos
de pesquisa-ação, como a do contexto analisado neste artigo. Primeiramente, descrevemos como a conexão dos
participantes de um roteiro com seus lugares desempenha um papel importante para o desenho de experiência.
Por essa razão, planejadores e gestores podem conduzir reflexões sobre a biografia dos empreendedores a fim de
ajudá-los a identificar os elementos que desejam valorizar e as histórias que pretendem contar. Os processos de
construir e contar histórias são fundamentais tanto para a constituição do lugar quanto para a experiência turística.
Esses resultados possuem limitações. Primeiramente, nossa opção por abranger diferentes territórios pode ter nos
impedidos de aprofundar os significados encontrados nas entrevistas, uma vez que os fatores históricos,
demográficos, econômicos, políticos, dentre outros, de cada roteiro não foram abarcados por nossa pesquisa.
Nesse sentido, a realização de estudos aprofundados em um recorte específico pode contribuir para a análise do
apego ao lugar no desenho de experiências turísticas. Além disso, outros contextos que não um de pesquisa-ação
podem ser investigados para verificar se a forma como empreendedores rurais oferecem experiências turísticas se
assemelha àquela apresentada neste estudo.
Futuras pesquisas podem comparar o apego de residentes ao lugar com o apego dos visitantes e turistas a fim de
detectar se moradores com mais apego ao lugar ofertam experiências que geram mais conexões afetivas em
turistas. Além disso, ecoando a literatura da psicologia ambiental, sugerimos que futuros estudos ampliem o escopo
metodológico empregando uma maior diversidade de métodos e técnicas para apreender o apego ao lugar. A foto-
elicitação foi uma técnica acessória neste estudo e as fotos foram previamente selecionadas de um acervo do
projeto EBR. No entanto, utilizar fotos tiradas pelos próprios moradores pode enriquecer qualitativamente as
pesquisas em associação a mapas, documentos e instrumentos psicométricos consolidados e validados na
literatura.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Brasil (CAPES).
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O papel do apego de residentes ao lugar no design de experiências turísticas no espaço rural
RBTUR, São Paulo, 18, e-2953, 2024. 16
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Informação dos Autores
Eduardo Silva Sant’Anna
Doutorando em Turismo pelo Programa de Pós-Graduação em Turismo da Universidade de São Paulo (PPGTUR-USP). Mestre e
Bacharel em Turismo e Tecnólogo em Hotelaria pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Integrante do Grupo de Pesquisa
Turismo, Trabalho e Território (UFF) e do Núcleo de Pesquisa em Economia e Administração do Turismo (NEAT-USP). Principais
interesses de pesquisa: psicologia do turismo; experiência turística e apego ao lugar.
Contribuições: concepção da pesquisa, revisão de literatura, coleta de dados e análise de dados e discussão dos resultados.
E-mail: eduardosilvasantanna@gmail.com
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7782-3166
Aguinaldo Cesar Fratucci
Professor associado do Departamento de Turismo e Hotelaria da Universidade Federal Fluminense. Membro do corpo docente
permanente do PPGTUR-UFF. Doutor em geografia. Áreas de interesse: epistemologia do turismo; políticas públicas de turismo;
gestão de destinos turísticos; turismo e trabalho.
Contribuições: concepção da pesquisa, análise de dados e discussão dos resultados.
E-mail: acfratucci@id.uff.br
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4267-4399
... To remain relevant and attractive, rural tourism businesses need to invest in innovation and quality in the services they offer (Genari;Santos Meira, 2007). This includes creating unique and authentic experiences that cannot be found in urban environments (Sant'anna;Fratucci, 2024), such as ecological tours, agricultural activities, local cuisine and cultural immersion. ...
... To remain relevant and attractive, rural tourism businesses need to invest in innovation and quality in the services they offer (Genari;Santos Meira, 2007). This includes creating unique and authentic experiences that cannot be found in urban environments (Sant'anna;Fratucci, 2024), such as ecological tours, agricultural activities, local cuisine and cultural immersion. ...
... continuously improving the quality of service and facilities (Genari;Santos Meira, 2007;Sant'anna;Fratucci, 2024 Digital accommodation platforms offer opportunities for rural tourism but require ongoing adaptation. Local entrepreneurs must stay updated on trends and offer unique, high-quality experiences. ...
Chapter
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The study explores the intrinsic relationships between the real estate market, foreign investment and rural tourism, emphasizing the critical importance of profitability and sustainability for the development of rural areas. As foreign investors, especially those attracted by gold visa programs, inflate rural property prices, local communities face significant challenges that threaten their economic stability and cultural heritage. The conclusions point to the need for balanced policies that promote economic development while safeguarding local communities and their environments, highlighting the urgent need to rethink existing concepts around rural tourism, particularly in light of the pressures exerted by the real estate market and foreign investment. The author points to the adoption of innovative strategies that promote community involvement, sustainable practices and resilience against external crises, ensuring that rural tourism can thrive without compromising the cultural and natural wealth of these regions.
... To remain relevant and attractive, rural tourism businesses need to invest in innovation and quality in the services they offer (Genari;Santos Meira, 2007). This includes creating unique and authentic experiences that cannot be found in urban environments (Sant'anna;Fratucci, 2024), such as ecological tours, agricultural activities, local cuisine and cultural immersion. ...
... To remain relevant and attractive, rural tourism businesses need to invest in innovation and quality in the services they offer (Genari;Santos Meira, 2007). This includes creating unique and authentic experiences that cannot be found in urban environments (Sant'anna;Fratucci, 2024), such as ecological tours, agricultural activities, local cuisine and cultural immersion. ...
... continuously improving the quality of service and facilities (Genari;Santos Meira, 2007;Sant'anna;Fratucci, 2024 Digital accommodation platforms offer opportunities for rural tourism but require ongoing adaptation. Local entrepreneurs must stay updated on trends and offer unique, high-quality experiences. ...
... To remain relevant and attractive, rural tourism businesses need to invest in innovation and quality in the services they offer (Genari;Santos Meira, 2007). This includes creating unique and authentic experiences that cannot be found in urban environments (Sant'anna;Fratucci, 2024), such as ecological tours, agricultural activities, local cuisine and cultural immersion. ...
... To remain relevant and attractive, rural tourism businesses need to invest in innovation and quality in the services they offer (Genari;Santos Meira, 2007). This includes creating unique and authentic experiences that cannot be found in urban environments (Sant'anna;Fratucci, 2024), such as ecological tours, agricultural activities, local cuisine and cultural immersion. ...
... continuously improving the quality of service and facilities (Genari;Santos Meira, 2007;Sant'anna;Fratucci, 2024 Digital accommodation platforms offer opportunities for rural tourism but require ongoing adaptation. Local entrepreneurs must stay updated on trends and offer unique, high-quality experiences. ...
Article
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This study explored the components of meaningful tourist experiences together with their antecedents and outcomes according to a framework of positive psychology and tourism. The theoretical rationale of this systematic literature review was chosen to clarify the synergies between these constructs, wellbeing and mindfulness to understand how tourists derive meaning from their experiences. The scientific platforms Scopus and Web of Science were selected to conduct the search for journal articles. After applying the inclusion and exclusion criteria, the final sample was comprised of 70 articles. The results evidence the holistic character of meaningful experiences in tourism in terms of personal, emotional, wellbeing, relational and behavioural dimensions that enable a better conceptualisation of the construct. These experiences were significantly assessed on life satisfaction, meaning and purpose, emotions, authenticity and mindfulness. This review highlights the potential of positive psychology to maximise tourists' wellbeing through their experiences. It represents an opportunity for the tourism and hospitality industry as well as other entities to enhance tourists’ experiences, such as researchers, psychologists, resident communities and universities. Therefore, this study contributes to future research to better assess meaningful tourist experiences and to tourism companies so they can manage enhanced experiences considering the multidimensional nature of the construct from a positive psychology perspective.
Article
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A decade of research has produced substantial results but the theorization of memorable tourism experience, often drawing on positive and environmental psychology, remains fuzzy and fragmented. Adopting state‐of‐the art practices, this study systematically reviews, synthesizes, and integrates the extant body of knowledge across multiple literature streams on memorable tourism experience. Our review indicates that research in this field has a geographical bias, largely neglects negative experiences, and mainly employs quantitative methods. We identify several gaps in the literature and propose the following seven recommendations for future research: (1) caution when using the memorable tourism experience scale; (2) the need for cross‐cultural studies; (3) positive and negative dimensions in conceptualizing memorable tourism experience; (4) overcoming the limitations of self‐report measures; (5) engaging in mixed methods research; (6) integrating suppliers' perspectives; and (7) combining theories, concepts, and disciplines. This study serves as a foundation for researchers and provides a holistic understanding of memorable tourism experience.
Article
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This paper proposes an epistemological transition based on Edgar Morin's complexity paradigm to analyse authenticity in a complex tourism environment, avoiding fragmentation, and integrating relevant actors and relationships. The results show that storytelling is an important element of these tourism experiences, legitimising and unifying the authenticity of the experience and relating objects, social environment and individual experiences. The size of the tour groups and the rigidity of the itinerary were important elements for constructing authenticity. Tourists, service providers and government bodies all directly or indirectly participate as co-creators, making the perception of authenticity a constant negotiation between the elements of the experience and the actors involved in it.
Article
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This study examines local residents’ place attachment (PA) to the city or town they live and investigates how this attachment influences their perceptions and support for tourism development (ST), as well as comparing the differences of these relationships among the city and town residents in a linear World Heritage Site (WHS) setting. Structural equation model was used to analyze samples of 226 city residents and 235 town residents along the Grand Canal Yangzhou Section, China. The findings suggested that residents’ PA is positively correlated their ST. Results also suggested that the PA-ST effect is partially mediated by residents’ positive perceptions in the city area while fully mediated by residents’ positive and negative perceptions in the town areas. This study could help local governments make heritage development and management policies accordingly for cities and towns along the Grand Canal area.
Article
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Thematic analysis (TA) is widely used in qualitative psychology. In using TA, researchers must choose between a diverse range of approaches that can differ considerably in their underlying (but often implicit) conceptualizations of qualitative research, meaningful knowledge production, and key constructs such as themes, as well as analytic procedures. This diversity within the method of TA is typically poorly understood and rarely acknowledged, resulting in the frequent publication of research lacking in design coherence. Furthermore, because TA offers researchers something closer to a method (a transtheoretical tool or technique) rather than a methodology (a theoretically informed framework for research), one with considerable theoretical and design flexibility, researchers need to engage in careful conceptual and design thinking to produce TA research with methodological integrity. In this article, we support researchers in their conceptual and design thinking for TA, and particularly for the reflexive approach we have developed, by guiding them through the conceptual underpinnings of different approaches to TA, and key design considerations. We outline our typology of three main “schools” of TA—coding reliability, codebook, and reflexive—and consider how these differ in their conceptual underpinnings, with a particular focus on the distinct characteristics of our reflexive approach. We discuss key areas of design—research questions, data collection, participant/data item selection strategy and criteria, ethics, and quality standards and practices—and end with guidance on reporting standards for reflexive TA.
Article
Based on how tourists interpret the destination experience and on attachment theory, this study investigates the influencing mechanism of tourists' happiness on revisit intention for traditional Chinese medicine (TCM) cultural tourism destinations. Three tourist samples confirm the three dimensions of tourists' happiness: positive emotions, engagement, and meaning. Two surveys were conducted to test the direct and indirect influence of tourists' happiness on revisit intention and the moderating role of tourists' health consciousness. The results show that tourists' happiness promotes memorable tourism experience and place attachment, in turn stimulating revisit intention. The results also support health consciousness as a significant moderator between happiness, place attachment, and revisit intention. The findings enrich theoretical understanding of tourists’ happiness and provide marketing and management advice for TCM cultural tourism destinations.
Article
Little research has been conducted on the place-making agency of farm tourism. Yet farm tourism is an increasingly important tourism activity that yields many economic, sociocultural, and environmental benefits. To shed more light on this subject, participant observation of, and semi-structured interviews with, farmers and visitors at farms on the Hawaiian island of O’ahu were conducted. The results revealed that through farm tourism, the tangible and intangible assets of the farms became recreational and educational resources, infusing the farms with new meanings and values and transforming them from agricultural productionscapes into places that were also consumptionscapes. The physical environment surrounding the farm, farm visitors and their externalities, community involvement with the farm, and the farmers’ entrepreneurialism and desire to educate the public about agriculture and perpetuate their traditions, emerged as place-making influences. These findings corroborated those of other inquiries on place-making in tourism, facilitating the theorization of this process. Conceptual models of the posited antecedents, processes, and outcomes of place-making related to farm tourism, and tourism in general, are presented, and recommendations are advanced for further research that will contribute to theorization in this area.
Chapter
The aim of this book is to examine the best practice in creating and delivering exciting and memorable visitor experiences from a cognitive psychological perspective. It consists of 17 chapters organized into six parts. Part I provides the theories and frameworks of the tourist experience. The next three parts examine the pre-experience stage (Part II), on-site experiences (Part III), and post-experience outcomes (Part IV). Part V provides cases of specific tourism experiences; while the lone chapter in Part VI provides a conclusion and thoughts on future research.
Chapter
The aim of this book is to examine the best practice in creating and delivering exciting and memorable visitor experiences from a cognitive psychological perspective. It consists of 17 chapters organized into six parts. Part I provides the theories and frameworks of the tourist experience. The next three parts examine the pre-experience stage (Part II), on-site experiences (Part III), and post-experience outcomes (Part IV). Part V provides cases of specific tourism experiences; while the lone chapter in Part VI provides a conclusion and thoughts on future research.