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Alfredo de J. Flores, Letícia Pimenta - Uma polêmica em torno da ‘Revista de Antropofagia’ A questão das fases do Modernismo e a produção intelectual em revistas (Anais do X Simpósio Nacional de História Cultural, 2024-06)

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Abstract

Introdução: Ainda que estejam adiantados os estudos sobre a história dos livros e impressos no país quanto ao início do séc. XX, é preciso avaliar o impacto dos periódicos na gestão da cultura neste mesmo período. Um exemplo paradigmático foi a tese doutoral de Silene Claro (2008) na USP ao retratar a Revista do Arquivo Municipal de São Paulo. Deve-se recordar ainda os estudos de Mariana de Moraes Silveira (2014, 2016) sobre revistas do período Vargas. Quando se percebe um crescimento dos estudos sobre o periodismo como fonte primária dentro do cenário nacional, muitas vezes a atenção está voltada às revistas científicas, e não para as artísticas. O fato é que, até então, o tema do vínculo do periodismo com o Modernismo no Brasil encara uma carência de fontes e, sendo assim, consoante Jason Tércio afirmou em relevante artigo na Folha de São Paulo de 26/06/2021, a história do Modernismo necessita uma revisão profunda, até porque afirma ter descoberto por acaso uma terceira fase da Revista de Antropofagia a que intitula de "terceira dentição", fato este que demonstraria o enorme potencial do tema a ser explorado. Por isso, o autor defende que a história do modernismo brasileiro não teria sido narrada de forma mais intensa, com uma discussão complexa, em que pese o legado que deixou enquanto movimento cultural.
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Anais do X Simpósio Nacional de História Cultural
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UMA POLÊMICA EM TORNO DA ‘REVISTA DE ANTROPOFAGIA’: A
QUESTÃO DAS FASES DO MODERNISMO E A PRODUÇÃO
INTELECTUAL EM REVISTAS
Alfredo de J. Flores**
Letícia Pereira Pimenta***
Introdução
Ainda que estejam adiantados os estudos sobre a história dos livros e impressos no país
quanto ao início do séc. XX, é preciso avaliar o impacto dos periódicos na gestão da cultura
neste mesmo período. Um exemplo paradigmático foi a tese doutoral de Silene Claro (2008) na
USP ao retratar a Revista do Arquivo Municipal de São Paulo. Deve-se recordar ainda os
estudos de Mariana de Moraes Silveira (2014, 2016) sobre revistas do período Vargas. Quando
se percebe um crescimento dos estudos sobre o periodismo como fonte primária dentro do
cenário nacional, muitas vezes a atenção está voltada às revistas científicas, e não para as
artísticas.
O fato é que, até então, o tema do vínculo do periodismo com o Modernismo no
Brasil encara uma carência de fontes e, sendo assim, consoante Jason Tércio afirmou em
relevante artigo na Folha de São Paulo de 26/06/2021, a história do Modernismo necessita
uma revisão profunda, até porque afirma ter descoberto por acaso uma terceira fase da Revista
de Antropofagia a que intitula de “terceira dentição”, fato este que demonstraria o enorme
potencial do tema a ser explorado. Por isso, o autor defende que a história do modernismo
brasileiro não teria sido narrada de forma mais intensa, com uma discussão complexa, em que
pese o legado que deixou enquanto movimento cultural. É importante recordar a tentativa de
colmatar esta lacuna da história em 1958 por Mário da Silva Brito, com sua “História do
** Doutor em Direito e Filosofia (Universidade de Valência, Espanha). Professor Permanente do Programa de Pós-
graduação em Direito (UFRGS). Sócio efetivo, Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN). Sócio, Sociedade
Brasileira de Retórica (SBR). Sócio, Organización Iberoamericana de Retórica (OIR). Associado, Asociación
Latinoamericana de Retórica (ALR).
*** Doutora em Comunicação Social (PUCRS). Pós-doutoranda em Direito (UFRGS).
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Modernismo Brasileiro”, que, a despeito de ter corroborado para a mesma, não foi suficiente. O
autor pretendia escrever um segundo volume, fato este que não teria chegado a ocorrer,
segundo atesta Tércio (2021).
As pesquisas mais densas sobre o Modernismo surgiram tão somente a partir da
década de 1960 com obras como a de Wilson Martins, “O modernismo”, de 1961. Desde então
dezenas de obras foram publicadas sobre o assunto, corroborando para uma melhor acepção do
Modernismo. A despeito do lapso curto, as revistas restaram essenciais na propagação do
ideário modernista. Após a epopeia de Klaxon, a Revista de Antropofagia teria sido “responsável
em grande parte pela centralidade que essa vertente assumiu no movimento” modernista.
Instituída em maio de 1928 e circulando até agosto de 1929 em São Paulo, a Revista de
Antropofagia possuía por fito difundir as ideias dos modernistas que haviam sido forjadas na
Semana de Arte Moderna de 1922. Dizia-se que a inspiração da revista seria oriunda do quadro
de Tarsila do Amaral intitulado “Abaporu” que, em tupi-guarani, significa antropófago. De fato,
Abaporu personificava um homem de pés grandes cercado por um cacto verde, quadro esse
dado a Oswald de Andrade por sua esposa Tarsila em virtude do seu aniversário em 11 de
janeiro de 1928. Ao vislumbrar a obra, Raul Bopp sugere a Oswald criar um movimento. Nesse
contexto, fundaram o Clube da Antropofagia e, por derradeiro, a Revista de Antropofagia. Sobre
essa revista, compunha-se de oito páginas, consistente em dez meros entre maio de 1928 e
fevereiro de 1929 em sua primeira edição. No mês seguinte surge a segunda edição (ou
“dentição”), consistindo em uma página semanal do Diário de São Paulo intitulada Antropofagia,
tendo 15 números ao total, de 17 de março a de agosto de 1929. Contudo, em razão do
impacto deste periódico, pode-se perceber que repercussões imediatas e um sentido de
continuidade de trabalhos em vários âmbitos, inclusive na continuação em outras publicações.
Deste modo, partindo da metodologia da história dos impressos e tendo em conta as
redes modernistas de então, buscaremos retratar uma proposta de uma terceira fase dos escritos
vinculados à Revista de Antropofagia, ainda que isso viesse a ocorrer dentro de outros espaços, em
consonância com novos estudos sobre o Modernismo no Brasil. Da mesma forma, esta
investigação fará alusões ainda preliminares à categoria da “polêmica” como um elemento
relevante no debate acadêmico nacional, ao comentar da proposta de Tércio e sua ainda
incipiente repercussão nos grandes debates sobre o Modernismo dentro do país.
As fases da “Revista de Antropofagia”
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Na primeira edição da Revista, publica-se o Manifesto Antropofágico, escrito por
Oswald de Andrade, onde aparecia a ideia-chave de absorver (deglutir) criticamente a
vanguarda europeia ou, como dizia nosso autor no Manifesto: “Só a antropofagia nos une.
Socialmente. Economicamente. Philosophicamente”. Com efeito, o objetivo se volta para a
capacidade de adaptação desta vanguarda da Europa dentro da cultura brasileira, em que se
desenvolvesse uma espécie de redescoberta do Brasil. A ideia dos intelectuais filiados ao
Movimento Antropofágico era instituir arte e literatura com caráter nacional, como
demonstraram representantes como Mario de Andrade, Pagu, Carlos Drummond de Andrade e
Manuel Bandeira.
A respeito da “Revista” é sabido que se subdividia, na visão defendida pela bibliografia
predominante, em duas fases ou “dentições” – como ficaram conhecidas. A respeito da primeira
fase (de maio de 1928 a março de 1929), pode-se dizer que foi editada por Antônio Alcântara
Machado e Raul Bopp; o formato é de 33x24 cm, sendo que, conforme se comentou,
enquadrava-se inicialmente em modestas 8 páginas, em dez números, editados mensalmente.
a segunda seria de março a agosto de 1929, sendo publicada no jornal Diário de São Paulo, de
Chateaubriand, tendo Raul Bopp e Jaime Adour como diretores e Geraldo Ferraz como
secretário. Nessa nova fase, compõe-se de 16 páginas publicadas quase sempre semanalmente.
É fato que a primeira fase da revista, ainda que incipiente, corroborou para a evolução
do nosso modernismo. Quanto à segunda fase, seria o instante em que a antropofagia recebe
seus contornos definitivos. O objetivo de então era fortalecer a linha revolucionária do
Modernismo que, naquele então, havia esmaecido. A intenção era a de lançar as bases de uma
nova ideologia, a “marcha das utopias”. Deve-se ressaltar ainda que a bibliografia secundária
não havia aprofundado quanto aos detalhes sobre as fases de fato, nenhum estudo sobre o
Modernismo, nem escritos de Oswald de Andrade ou Raul Bopp mencionavam uma terceira
fase da revista, ou terceira dentição, de modo taxativo. Mas o cenário alenta tal posição, uma vez
que Oswald estava em transição, tanto política quanto sentimentalmente no final desse
período. Com efeito, o autor começava a inclinar-se para a esquerda, em que pese ainda
estivesse atrelado ao Partido Republicano Paulista, que era o partido representante das
oligarquias mais conservadoras, e ainda estivesse apoiando seu candidato à presidência, Júlio
Prestes, como recorda Tércio (2021).
A proposta de uma terceira “dentição”
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Uma terceira “dentição” cogitada viria a trazer uma acepção bem diversa de
antropofagia, tendo em comum com as outras fases, no dizer do jornalista Jason Tércio, a
irreverência e o ecumenismo intelectual. Assim, Tércio (2021) aponta que, ao envidar esforços
para escrever sua biografia sobre Mário de Andrade, de título “Em busca da alma brasileira”,
acabou por descobrir ao acaso uma terceira fase da Antropofagia, a que designou “terceira
dentição”. Trata-se de uma publicação intitulada “Antropofagia órgão dos antropófagos de
São Paulo”, que se espraiou por mais de uma gina de uma revista semanal carioca, que
perdurou entre 29 de agosto e 05 de dezembro de 1929, fato também recordado por Nodari.
Esta revista era um periódico de variedades, composta de 64 páginas, designada OQA(leia-se
“O que há”), gerida e editada pelo jornalista Victorino de Oliveira.
Partindo da ideia de que “só a antropofagia nos une”, a terceira dentição poderia ser
identificada como publicada na revista “OQA”, em cujo cenário se incluiria todo tipo de
colaborador: do parnasiano Alberto de Oliveira, o ultraconservador Gustavo Barroso, até os
modernistas independentes, como Manuel Bandeira. Tendo funcionamento na segunda metade
do ano de 1929, os dez números desta última revista constituem um veículo da imprensa
modernista que não apenas difunde os respectivos grupos como também difunde as suas ideias.
Por sua vez, autores como Alexandre Nodari viriam a concordar com Tércio sobre o
fato apontado por este autor de que muito material, especialmente em periódicos, a ser
redescoberto. Recordemos, Tércio defendia que nenhum estudo sobre o Modernismo
mencionava essa terceira dentição, o que explica que fosse muito corrente nos estudos
acadêmicos a afirmação de que a Antropofagia teria acabado na segunda dentição. Numa breve
pesquisa sobre o tema ainda é possível encontrar textos apontando para tal critério de definição
dos periódicos do movimento antropofágico.
Todavia, Oswald de Andrade, no seu “Informe sobre o modernismo”, conferência esta
realizada em outubro de 1945, preleciona ter havido uma terceira fase da revista com a
participação de Flávio de Carvalho
175
na década de 1930. Raul Bopp
176
se refere a uma terceira
fase do movimento:
O primeiro, com a Revista de Antropofagia, teve apreciáveis proveitos para tomadas de
contato. Penetrou em alguns núcleos jovens que agitavam as letras nos estados, com
anseios de renovação; o segundo assinalou-se pela sua agressividade. Demoliu alguns
elementos que, sem serem vanguardistas, figuravam na cena dos acontecimentos, numa
ruidosa confusão de valores; na fase final (terceiro tempo), sem comichões de
175
ANDRADE apud NODARI, 2021, p. 192.
176
BOPP apud NODARI, 2021, p. 192.
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publicidade, começou-se a pensar, com mais serenidade, numa reestruturação de idéias,
de modo a salvar resultados possíveis.
Isso justifica que realmente não foi pacífico na doutrina que a antropofagia tenha
acabado na segunda dentição. Na visão de Nodari, a página gerida por Clóvis de Gusmão na
“OQA” não se trataria da terceira dentição, em que pese seja uma parte menor de um projeto
maior. Recordemos que Tércio, ao analisar a página de “OQA”, toma por base a noção de
ecumenismo intelectual presente na primeira e segunda dentição e que estaria presente também
na pretensa terceira dentição.
Observa-se, da primeira para a segunda dentição, um estreitamento e consistência cada
vez maior dos colaboradores regulares e daqueles que falam em nome do movimento, bem
como do foco e ideário político dos textos, a ponto de se poder afirmar que é na segunda
dentição que a antropofagia vai adquirir seus definitivos contornos como movimento (Campos,
2015). Conforme recorda Nodari (2019), é nesse contexto que Tércio faz a descrição de Clóvis
de Gusmão como um jovem jornalista paraense que se radicou no Rio de Janeiro, sendo um
autor de poemas de qualidade duvidosa, modernista entusiasmado e que seria colaborador
a partir da segunda dentição. A verdade, contudo, é que pouco se conhece da sua obra, e muito
menos para realizar um juízo de valor taxativo como esse acima. Essa lacuna, especialmente no
que respeita à sua produção na Antropofagia espalhada entre a Revista, o Diário da Manhã,
O Estado do Pará e cartas e entrevistas, em especial de Oswald de Andrade a Joaquín Inojosa,
tem sido preenchida pelo trabalho de Aldrin Moura de Figueiredo e Heraldo Márcio Galvão Jr.
(2019).
Acompanhando ainda Galvão Jr., agora no texto “Falha dos dentes” (2022), percebe-se
a intenção seria de evitar o reconhecimento como uma “escola literária”, ou seja, “de devorar e
deglutir todos os grupos, tendências, manifestos e críticas”; além disso, havia na primeira
dentição diversas correntes do modernismo brasileiro. Entretanto, a partir da segunda dentição,
seus redatores, como Oswald de Andrade, Clóvis de Gusmão, Oswaldo Costa, Geraldo Ferraz e
Raul Bopp, passaram a selecionar os autores que publicavam na revista, deixando aqueles que
estivessem em pleno acordo com as diretrizes do movimento, de onde resultou que foram sendo
retirados de seu corpo alguns grupos, como o verde-amarelo, Mário de Andrade e o grupo da
revista Verde.
Por sua vez, Geraldo Ferraz, em entrevista feita a Maria Eugênia Boaventura em 1979
(publicada em Sibila, 2009), retoma a importância de Clóvis de Gusmão para a revista, dizendo
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que o autor deu a sua colaboração de forma relevante, sendo por sua causa de alguma maneira a
manutenção da segunda dentição da Revista. Por sua vez, Nodari (2021) aduz que foram
publicados trechos de possível obra do autor no Diário da Manhã, do Espírito Santo.
O grupo do Pará e o contexto nacional do Modernismo
O grupo paraense do qual Gusmão deriva tinha a proposta de uma nova identidade
nacional pela perspectiva do Norte, o que incluía um manifesto de Abguar Bastos, também
colaborador da Antropofagia, em que se conclamava aos intelectuais do Norte e do Nordeste
para se unirem contra o proposital esquecimento da região feito pelos do Sul [...], ou seja, a
união dos Estados das regiões Norte e Nordeste e a independência intelectual e artística perante
os Estados do Sul e Sudeste do país:
O que diferenciava, porém, as colaborações de Gusmão das dos seus outros
companheiros paraenses, era que nelas se reconhecia, por um viés próximo à
antropofagia, a necessidade de reconstrução brasileira pela perspectiva da cultura
nacional primitiva, o que passa. necessariamente pela [...] cosmologia ameríndia [...].
Lendas e mitos foram reconstruídos literária e historicamente para a compreensão da
verdadeira brasilidade e tidos como base para reedificar as concepções de sociedade, de
cultura e de política, o que inclui mudanças em sua legislação, pois ela havia sido
copiada de países europeus.
Foi na chamada “primeira dentição” da Revista de Antropofagia, sua primeira fase, que,
em geral, fazia-se algo mais experimental nesse momento, publicando, por exemplo “No meio
do caminho”, de Drummond (n. 3), e um trecho ainda inédito de Macunaíma (n. 2), de Mário
de Andrade. Além disso, a página inicial de cada número tem um enquadramento provocativo,
trazendo a citação de algum autor consagrado que ganhava novo sentido no contexto
antropofágico, como esta de Prudhon: “De ideia superior em ideia superior, nós acabaremos
por não ter mais ideias” (n. 6, p. 1). As contribuições demonstravam o estágio objetivamente
nacional que o modernismo havia alcançado. Havia textos de autores do Rio Grande do Sul, do
Pará, do Rio Grande do Norte, de Minas Gerais (Belo Horizonte e Cataguases), Ceará,
Pernambuco, Alagoas e até, esporadicamente, um autor do Paraná ou da Paraíba. O que
caracterizou a revista como um todo, contudo, foi menos esse momento de intensa articulação
nacional do que uma radicalização do sentido de choque, provocação e experimentação do
modernismo.
Por outro lado, Augusto de Campos afirma que é na “segunda dentição” (que vai de
17/03/1929 a 01/08/1929) que “a Antropofagia vai adquirir os seus definitivos contornos
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como Movimento” (1975, s/n). As rupturas com autores presentes na primeira dentição se
acumulam e os textos ficam mais curtos, incisivos, pautando-se em geral pelo ataque frontal,
pela ridicularização e pela criação literária mais afim com esses valores. A tendência a
equacionar antropofagia com uma postura agressiva e inventiva tem como base essa “dentição”,
o que não deixa de ser matizado pela presença de textos menos alinhados esteticamente com
esse ideal, como lamenta Augusto de Campos: “É certo que vários dos poemas publicados ficam
numa zona confinante com a do verdeamarelismo”.
A formação de espaços de sociabilidade intelectual é inerente aos séculos passados em
circuitos literários e artísticos em particular a partir do início do século XX. Uma prática
roubada dos franceses, alastrou-se pelo mundo em especial no Brasil. Os cafés eram a ambiência
intelectual favorita.
Neste ínterim, eis que surge a “Academia do Peixe Frito”. A assim chamada Academia
do Peixe Frito ou geração do peixe frito trata-se de um grupamento de intelectuais e boêmios
que se reuniam em espaços de sociabilidade típicos da época para versar sobre a realidade,
publicizar suas ideias e forjar literatura entre os anos 1920 e 1950.
Estes jovens intelectuais se denominavam “Vândalos do apocalipse”, e faziam parte do
modernismo brasileiro; eram um grupo revolucionário que buscava romper com o estado de
coisas de então, inovando na maneira de fazer arte e literatura. então se tornaram
conhecidos como a Academia do Peixe Frito.
O grupo, liderado pelo poeta e jornalista Bruno de Menezes, era composto por nomes
como Abguar Bastos, Dalcídio Jurandir, Muniz Barreto, Raul Bopp e Clóvis de Gusmão. Sua
maioria era autodidata, negros e periféricos. A ideia era romper com a estética típica da Belle
Époque:
O movimento desses ‘moços’ objetivava inicialmente romper com a política, com a
estética canônica e, portanto, com o ilusório glamour parisiense da capital paraense,
resquício da Belle Époque na Amazônia (1890-1912), exacerbada pela profícua (mas
meteórica) economia da borracha no Norte do Brasil. Esses jovens peixefritanos lutavam
por mudanças na seara das artes, desejavam mais engajamento da literatura nas lutas
sociais e menos erudição, e não o faziam por pura rebeldia: o mundo estava em
transição e o país passava por transformações desde o final do século XIX (PEREIRA,
2019, p. 1028).
Dentre os espaços de sociabilidade mais frequentados por esses jovens estão o Mercado
do Ver-o-Peso, o bar Águia de Ouro, localizado no Mercado de Ferro próximo às fritadeiras de
peixe na esquina. Ainda se reuniam em um bar no fundo da garagem do Clube do Remo.
Outro local bastante utilizado para seus encontros era em dois bares da praça das Mercês, bem
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como a casa de Bruno de Menezes no Bairro do Jurunas. Ainda podemos citar o Café Chic e o
Café da Paz.
O grupo ficou marcado pelo seu nome em virtude do local por excelência de reunião
dos jovens: o mencionado Mercado do Ver-o-Peso, o mercado mais antigo do país, a maior
feira ao ar livre da América Latina, localizada em Belém às margens da Baia do Guajará.
As reuniões eram regadas a cachaça e peixe frito. Isso fez com que o grupo ficasse
marcado por suas peculiaridades, dentre elas pela ruptura com a relação direta à época existente
entre a cultura literária e os espaços elitizados da cidade. Estes intelectuais fizeram uma arte
independente em relação ao centro-sul do país, que arrogava para si a parturição das ideias
modernistas, buscando assim “o seu lugar ao sol”:
Nessa experiência de construção do que poderíamos chamar de “brasilidade”, um tópico
ganhou a cena: a imagem e o sentimento de que o Brasil é um país dual. Formulada
inicialmente como uma oposição entre civilização e barbárie, essa dualidade tem sido
constantemente desdobrada em outros binarismos. O homem civilizado versus o
selvagem primitivo. O litoral em confronto com o sertão. O país legal diverso do país
real. O progresso contrapondo o atraso. O individualismo paralelo ao personalismo
político. A cópia no lugar do autêntico. O moderno em vez do tradicional. A cidade
contra a floresta (FIGUEIREDO, 2021, p. 57).
O movimento modernista em certa medida contemplou, assim, a articulação de
diversos grupos locais e a descentralização da literatura produzida nas periferias:
[...] literatura marginal é aquela que se coloca, propositalmente, fora do cânone ou que é
colocada fora dele e que vai contra ele. Isso não envolve necessariamente nem a
periferia, nem o marginalizado social. Mas literatura marginal pode referir-se também à
literatura daquele que foi excluído socialmente e que ganha voz (HOSSNE, apud
NASCIMENTO, 2006, p. 56).
Deste modo, João Alphonsus, ao versar sobre os poetas de Cataguases, ensina que “o
impulso não partia do centro-Rio para a periferia, mas ia de pontos periféricos para o centro!”
(ALPHONSUS, apud PASINI, 2022, p. 14). Trata-se de uma verdadeira revanche intelectual,
em que se opõe o regionalismo às primevas estéticas modernistas, o chamado “modernismo de
província”.
Foi o que ocorreu, por exemplo, com a chamada Escola do Recife. O grupo da
“Revista Brazileira” e da Academia Brasileira de Letras constituía uma geração de intelectuais
que se expressava e demarcava posições, e em razão disso a chamada Escola do Recife, à qual
pertencia Silvio Romero, foi de encontro a esse grupo. Os galo-fluminenses, por estarem no
centro das atividades intelectuais do país, centro convergente da intelectualidade brasileira,
tinham precedência sobre as outras escolas teóricas do período, sendo objeto da antipatia
daqueles que não faziam parte da panelinha (BRITO BROCA, 1900, p. 58).
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De acordo com Figueiredo, dois franceses a saber, Jacques Lambert e Roger Bastide,
são os responsáveis por esse dualismo entre o novo, que vem do sul, e o norte, que representa o
arcaico (FIGUEIREDO, 2021, p. 58). José Eustachio de Azevedo comentava em 1904: “Nós, os
do norte, conhecemos um por um todos os litteratos do sul; citamol-os, fazemos-lhes a merecida
justiça; elles, os do sul, fazem que não nos conhecem: somos os espúrios das lettras, uns nullos!”
(AZEVEDO, 1904). E completa dizendo: “A litteratura brasileira está no Rio de Janeiro, eis
tudo” (AZEVEDO, 1904).
Em 1921, porém, chega a Belém Raul Bopp. Bopp se mistura à intelectualidade local,
acabou por participar do círculo letrado da região, ajudando a forjar o modernismo no Pará.
Foi junto a eles que arrumou o emprego como professor interino de Geografia no Ginásio Paes
de Carvalho. De acordo com o autor, sua “fase de formação modernista vinha com raízes
amazônicas” (AVERBUCK, 1985, p. 88).
O responsável por congregar intelectuais da Amazônia nos quadros da Revista de
Antropofagia foi Raul Bopp. Estes intelectuais do Norte forjaram o Clube da Antropofagia do
Pará. O ponto de convergência deste clube era o jornal O Estado do Pará.
Com Clóvis de Gusmão participando intensamente na redação, pode-se asseverar que
o Modernismo amazônico participou ativamente na revista. Claro que, devido à hegemonia
paulista, não era interesse comum reconhecer a importância da contribuição do Modernismo
paraense no âmbito da revista OQA, que teria sido a terceira dentição da revista.
Conclusão
De acordo com Fischer, “a crítica e a história da literatura e da cultura privatizaram o
termo modernismo para significar aquilo que nasce com a Semana de Arte Moderna de São
Paulo, ou aquilo que derivou dela”. Consoante o autor, a partir do momento em que se evita
esse caráter “paulistocêntrico” do movimento, pode-se falar de diversos modernismos. O
objetivo, portanto, foi recordar que se pode tomar como objeto uma vertente regional do
Modernismo, no caso aqui para avançar na proposta de Tércio, analisando a importância da
contribuição modernista paraense para o movimento.
A expressão “modernismo de província” significa uma evolução do pensamento
regional aliada ao caráter sócio-econômico e cutural provinciano, que caracteriza a configuração
modernista, do modernismo paraense e brasileiro. A influência do grupo de Clovis de Gusmão
sobre a terceira dentição demonstra a aversão da cosmópolis aos movimentos intelectuais
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regionais. Importa, assim, resgatar essa herança cultural legada pelo movimento paraense,
demonstrando que o esmaecimento da contribuição do grupo é proposital, com o intuito de
diminuir o papel dos modernismos alheios à metrópole. A leitura a ser feita do movimento
deve ser, assim, contra-hegemônica.
Ademais, foram identificadas as intenções teóricas e temáticas que estavam por detrás
das publicações na revista a partir do desejo de se promover um Congresso Antropofágico.
Dentre as principais teses estudadas e trabalhadas pelo movimento antropofágico no final da
década de 1920 e início da década de 1930, Clóvis de Gusmão chama a atenção por defender,
em publicações feitas em periódicos de outros Estados, uma legislação brasileira intitulada por
ele como “legislação vida-e-sexo”, baseada em folclore, lendas e costumes indígenas como
genuinamente nacionais e que deveriam ser levadas em conta na construção legislativa a partir
da moral autóctone. Não coincidentemente, a aproximação dos membros da segunda dentição
com o Partido Comunista, como Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Patrícia Galvão,
Clóvis de Gusmão, Eneida de Moraes e Oswaldo Costa, por exemplo, levou-o a pensar esta
realidade a partir de um comunismo brasileiro que, segundo as análises presentes nesse artigo,
seria um comunismo primitivista baseado no matriarcalismo, que deveria estar presente nas leis.
Essas e outras ideias são relevantes igualmente para efeitos de próximas investigações na área,
sobretudo dando maior atenção aos textos de Clóvis de Gusmão, para expandir as análises a
respeito da proposta aqui apresentada.
Referências
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O ensaio recupera os laços entre arte e contexto econômico e político de São Paulo na Primeira República, mostrando uma sinergia única entre elites sociais e vanguarda artística, em combate ao soft power carioca. Essa sinergia em seguida cresce pelo trabalho crítico consagrador dos valores modernistas pela intelectualidade da USP. Analisa o caráter da vanguarda enquanto tal, sua celebração da ruptura como ideal, e comenta o fato de que a vanguarda modernista paulista alcançou o poder em poucos anos, vindo a impor uma leitura exclusiva das coisas literárias e culturais. Conclui postulando que os muitos modernismos no Brasil só serão visíveis se a lente exclusivista do Modernismo paulista for devidamente posta em questão.
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Resumo Esta pesquisa integra um projeto que investiga a biografia e a produção literária e jornalística da Academia do Peixe Frito (APF), um grupo de intelectuais que se reuniu em torno de ideais de renovação literária e valorização da periferia, para refletir sobre questões sociais na Amazônia paraense, a partir de 1920. Objetiva-se perscrutar as relações entre a APF e a fisiognomia de Belém, por meio da observação dos espaços onde o grupo costumava se reunir e da análise de textos literários de dois de seus representantes: Bruno de Menezes e Dalcídio Jurandir. A pesquisa bibliográfica é embasada na teoria de Walter Benjamin acerca da cidade, retomada por Bolle (2000) e Gagnebin (2014), e nos estudos sobre a APF realizados por Coelho (2003), Figueiredo (2001), Larêdo (2012), Nunes e Costa (2016), entre outros. Os escritos analisados configuram-se como produções nas quais a cidade é o lugar onde os escritores são observadores que redesenham a fisionomia dela por meio da confluência de imagens do cotidiano e do imaginário social. Assim, a escrita de Dalcídio e de Bruno tem força poética, constituindo-se em imagens em movimento e experiências sensoriais entremeadas, as quais representam fragmentos significativos de Belém e do amazônida.
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This article analyzes the place of jurists in the debates in Brazil during the 1930's and 1940's. Through a study of the magazines Forense and Cultura Política, we sustain that proximities around topics such as the hostility to parliament, the search for an objective knowledge of society, projects of legislative reforms and the so-called "socialization of law" made it possible for the Vargas government to develop close ties with law graduates. In the early 1940's, however, these relations grew strained, and several lawyers adhered to the liberal opposition to the Estado Novo dictatorship.
A Vanguarda antropofágica. São Paulo: Ática
  • Maria Boaventura
  • Eugênia
BOAVENTURA, Maria Eugênia. A Vanguarda antropofágica. São Paulo: Ática, 1985.
Revista do Arquivo Municipal de São Paulo: um espaço científico e cultural esquecido (proposta inicial e as mudanças na trajetória -1934-1950)
  • Silene Claro
  • Ferreira
CLARO, Silene Ferreira. Revista do Arquivo Municipal de São Paulo: um espaço científico e cultural esquecido (proposta inicial e as mudanças na trajetória -1934-1950). 2008. Tese (Doutorado em História Social) -Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
Entrevista de Geraldo Ferraz a Maria Eugenia Boaventura (abril de 1977)
  • Geraldo Ferraz
FERRAZ, Geraldo. Entrevista de Geraldo Ferraz a Maria Eugenia Boaventura (abril de 1977). Sibila: Revista de poesia e crítica literária, 04 abr. 2009. Disponível em: https://sibila.com.br/critica/entrevista-de-geraldo-ferraz-a-maria-eugenia-boaventura/2129. Acesso em 02 jan. 2023.
A falha dos dentes: a Antropofagia e a Revolução de 1930
  • Heraldo Galvão
  • Márcio
GALVÃO Jr., Heraldo Márcio. A falha dos dentes: a Antropofagia e a Revolução de 1930. Revista de História, São Paulo, n. 181, 2022. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2022.196183. Acesso em 02 jan. 2023.
Quem não pode morder não mostra os dentes: modernistas e antropofágicos entre São Paulo e Belém do Pará nos anos 1920. 2020a. Tese (Doutorado em História Social) -Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia
  • Heraldo Galvão
  • Márcio
GALVÃO Jr., Heraldo Márcio. Quem não pode morder não mostra os dentes: modernistas e antropofágicos entre São Paulo e Belém do Pará nos anos 1920. 2020a. Tese (Doutorado em História Social) -Programa de Pós-Graduação em História Social da Amazônia, Universidade Federal do Pará, Belém.
Tenupá-Oikó: a filosofia do -Deixa Está‖ como proposta humorística para a construção da legislação brasileira pela ótica antropofágica de Clóvis de Gusmão. Faces da História
  • Heraldo Galvão
  • Márcio
GALVÃO Jr., Heraldo Márcio. Tenupá-Oikó: a filosofia do -Deixa Está‖ como proposta humorística para a construção da legislação brasileira pela ótica antropofágica de Clóvis de Gusmão. Faces da História, Assis, vol. 7, n. 2, jul.-dez. 2020, p. 25-51.