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CADEIA PRODUTIVA
SUSTENTÁVEL
Teorias e Abordagens
Ecossocioeconômicas
Reitor
Miguel Sanches Neto
Vice Reitor
Ivo Mottin Demiate
Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Culturais
Beatriz Gomes Nadal
Editora UEPG
Conselho Editorial
Beatriz Gomes Nadal
Adilson Luiz Chinelatto
Antonio Liccardo
Augusta Pelinski Raiher
Dircéia Moreira
Giovani Marino Favero
Ivana de Freitas Bárbola
Névio de Campos
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Luciane Cristina Ribeiro dos Santos
Carlos Alberto Cioce Sampaio
Isabel Jurema Grimm
Josué Alexandre Sander
William de Souza de Barreto
Roberta Giraldi Romano
orgs.
CADEIA PRODUTIVA
SUSTENTÁVEL
Teorias e Abordagens
Ecossocioeconômicas
Equipe editorial
Coordenação editorial
Beatriz Gomes Nadal
Revisão de língua portuguesa
Tikinet/Pedro Barros
Capa, projeto gráco e diagramação
Marco Aurélio Martins Wrobel
Imagem da capa
Freepik
Copyright © by Luciane Cristina Ribeiro dos Santos et al. orgs.
& Editora UEPG
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Site: www.editora.uepg.br
2023
Cadeia produtiva sustentável: teorias e abordagens
ecossocioeconômicas/Luciane Cristina Ribeiro dos Santos, [et al.] (org).
Ponta Grossa: Editora UEPG, 2023.
188 p.
ISBN: 978-65-86234-58-9
1. Desenvolvimento sustentável. 2. Empresas e responsabilidade social.
3. Investimento social. 4. Responsabilidade ambiental. I. Santos, Luciane
Cristina Ribeirio dos (org.). II. Sampaio, Carlos Alberto Cioce (org.). III.
Grimm, Isabel Jurema (org.). IV. Sander, Josué Alexandre (org.). V. Barreto,
William de Souza de (org.). VI. Romano, Roberta Giraldi (org.). VII. T.
CDD:306.3
C122
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CAPÍTULO 1
Cadeia produtiva sustentável à
luz das ecossocioeconomias
Luciane Cristina Ribeiro dos Santos
Carlos Alberto Cioce Sampaio
Osiris Canciglieri Junior
Felix Fuders
INTRODUÇÃO
Os sistemas ou cadeias produtivos apresentam desafios quanto ao
que se refere à sustentabilidade nas organizações, diante das dinâmicas
em torno da mitigação e adaptação às mudanças climáticas, do alcance
dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização
das Nações Unidas (ONU) e, mais recentemente, em função da pande-
mia de covid-19. Isso evidencia que as empresas não são apenas meros
atores econômicos, mas desempenham papéis com interfaces ecosso-
cioeconômicas, o que sugere que as cadeias produtivas sustentáveis
são novos processos de governança.
No intuito de contribuir para enfrentarmos tais desafios, este
capítulo apresenta uma linha de argumentação que parte do conceito
de cadeia produtiva, introduzindo novas abordagens teórico-práticas,
inclusive ferramentas organizacionais que revelam a dinâmica socio-
ambiental, denominada sustentabilidade nas organizações, ou cadeia
produtiva sustentável.
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Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
Parte-se do pressuposto de que uma cadeia produtiva com fins
socioambientais é uma cadeia produtiva sustentável, constituindo-se
como uma interorganização. Vale-se de acordos institucionais
almejando um bem comum (socio)produtivo, que requer governança
ecossocioeconômica. Há que se conciliar um conjunto de estratégias
e ferramentas de gestão alinhadas ao modelo de negócio.
A cadeia produtiva sustentável é um arranjo institucional,
sobretudo socioeconômico, de um determinado setor ou mercado.
A governança dessa cadeia produtiva sustentável, isto é, as decisões
interorganizacionais devem considerar diretrizes de Corporate Social
Responsibility (CSR), que, na literatura, associa-se também ao termo
Environmental, Social and Governance (ESG). Isso significa dizer que
as organizações podem ser compreendidas como ecossocioeconomias
organizacionais, evidentemente ponderando-se suas particularidades
próprias na transição entre economias de crescimento e desenvolvi-
mento sustentável (SAMPAIO; SANTOS, 2021).
Nesse contexto, amparado por uma pesquisa qualitativa, biblio-
gráfica e descritiva, este capítulo apresenta itens temáticos sequen-
ciados de maneira a permitir destacar a denominada cadeia produtiva
sustentável. Trata-se inicialmente da dinâmica em torno da susten-
tabilidade nas organizações, apresentando eventos significativos em
torno da responsabilidade socioambiental empresarial, que, de certa
forma, tem a funcionalidade de justificar este capítulo. A abordagem
teórica se inicia com dois elementos-chave das ecossocioeconomias
das organizações: a dimensão das interorganizações, valendo-se da
construção do conceito da cadeia produtiva sustentável; e a dimensão
extraorganizacional. Trata-se das metodologias organizacionais, que
consideram experiências empresariais de CSR e ESG como portadoras
de características próprias. Apresentam-se, por fim, as ferramentas
de ecoeficiência e suas derivações, a Global Reporting Iniciative (GRI)
e as Empresas B.
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Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
SUSTENTABILIDADE NAS ORGANIZAÇÕES: JUSTIFICANDO
O TEMA
A temática da sustentabilidade nas organizações tem sido des-
taque mundialmente. O tema foi incorporado na agenda política e de
negócios, sobretudo por meio do Relatório Brundtland, a partir do esta-
belecimento da World Commission on Environment and Development
(WCED), em 1987. Nessa ocasião, o conceito de desenvolvimento sus-
tentável foi definido como desenvolvimento que satisfaz as necessi-
dades do presente, sem comprometer as satisfações das necessidades
das próximas gerações (WCED, 1987).
Desde então, a questão da sustentabilidade organizacional vem
sendo discutida em eventos nacionais e internacionais significativos,
a exemplo do acordo internacional assinado por 154 países, em 1992,
atualmente em sua 26ª edição, com sede em Glasgow (Escócia), deno-
minado de Conferência das Partes (COP 26) da Convenção-Quadro da
Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudança do clima.
Em resposta às sucessivas crises financeiras pelas quais algu-
mas potências econômicas passavam, em 1999 surge o Grupo dos 20
(G20), do qual participam os países mais ricos, influentes e emergentes
do mundo. Ocorre também a Conferência da Terra, um dos maiores
eventos socioambientais, que reúne pesquisadores e estudantes do
mundo todo.
O evento Value Chain Risk to Resilience é uma colaboração de
empresas que trabalham para aprimorar a resiliência climática para
comunidades, agricultores e trabalhadores de toda a cadeia de valor.Em
2020, a iniciativa desenvolveu uma estrutura para apoiar empresas a
avaliar e integrar os riscos climáticos aos sistemas de gestão de risco
e práticas de governança existentes, dando os primeiros passos na
jornada de uma empresa para compreender e gerenciar melhor seus
riscos climáticos.
No mesmo sentido, o 6th Annual Sustainability Week, pro-
movido pelo jornal The Economist, ocorrido em 2021, trouxe para a
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Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
discussão ideias e soluções para ajudar as empresas a incorporarem a
sustentabilidade.
Outro evento significativo foi a Reuters Events: Transform USA
2021, cuja finalidade era reunir os gestores organizacionais para que
compar tilhassem estratégias de resiliência e de transição da sustenta-
bilidade.A Transform USA sugeriu guiar as organizações a fim de obter
um roteiro robusto e viável para tornar as empresas limpas, resilientes
e justas.
No Brasil, Curitiba sediou a 18ª Conferência Internacional
sobre Gerenciamento do Ciclo de Vida do Produto, que, desde 2003,
reúne pesquisadores, desenvolvedores e usuários de Product Lifecycle
Management (PLM). O desafio do evento foi integrar abordagens de
negócios para a criação colaborativa, o gerenciamento e a disseminação
de dados de produtos e processos em empresas que criam, fabricam e
operam produtos e sistemas de engenharia. A conferência visa envolver
todas as partes interessadas no amplo conceito de PLM, na esperança
de moldar o futuro desse campo e fazer avançar a ciência e a prática
do desenvolvimento empresarial.
Nesse sentido, ressalta-se a criação da norma ISO/WD 59.010,
que trata da economia circular, ou seja, de diretrizes sobre modelos de
negócio e cadeias de valor de padrão internacional, com a adoção de
visão e de práticas de orientação sustentáveis (ISO, 2021).
Mediante os eventos significativos que abordam a questão da sus-
tentabilidade organizacional, não restam dúvidas sobre a importância
do tema, além de se tornar evidente que as organizações vêm incorpo-
rando em seus negócios a sustentabilidade na gestão e no desenvolvi-
mento de produtos e serviços. Kiron et al. (2013), no mesmo sentido,
mencionam que as organizações procuram adaptar seus modelos de
gestão em vista de soluções significativas que proporcionem novas
experiências e impactem positivamente a sociedade. Ou seja, as cadeias
produtivas estão reagindo ao aumento da demanda de mercado por
produtos mais sustentáveis.
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Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
DA CADEIA PRODUTIVA À CADEIA PRODUTIVA
SUSTENTÁVEL: DIMENSÃO INTERORGANIZACIONAL DAS
ECOSSOCIOECONOMIAS
A cadeia produtiva tem se destacado nas ciências sociais aplicadas
a partir da economia, da administração e sobretudo da engenharia de
produção, com base nos estudos de Michael Porter (1993, 1999) sobre
economia corporativa e logística (CASTILHO; FREDERICO, 2010). A
utilização do termo cadeia produtiva tem por “objetivo permitir ou
facilitar a visualização, de forma integral, das diversas etapas e agen-
tes envolvidos na produção, distribuição, comercialização (atacado e
varejo), serviços de apoio (assistência técnica, crédito etc.) e consumo”
da mercadoria (CASTILHO; FREDERICO, 2010, p. 466).
A cadeia produtiva de um produto ou serviço é o conjunto de
agentes econômicos que têm parte relevante de seus negócios na pro-
dução desse determinado produto ou serviço (CASTILHO; FREDERICO,
2010). Outra terminologia encontrada na literatura, relacionada à cadeia
produtiva, é a cadeia de suprimentos, definida como um conjunto de
empresas responsáveis pelos processos necessários para fabricar um
bem ou um serviço acabado (CASTILHO; FREDERICO, 2010; DAVIS;
AQUILANO; CHASE, 2001; SANTOS, 2020; SANTOS; CANCIGLIERI
JUNIOR; SAMPAIO, 2020; SLACK et al., 1997).
A cadeia produtiva e a cadeia de suprimentos são distintas e cada
qual encontra na literatura uma definição e um conceito. A cadeia
produtiva é uma cadeia de suprimentos completa, sendo parte impor-
tante no processo de produção de um bem ou serviço (SAMPAIO, 2020;
SANTOS, 2020; SANTOS; CANCIGLIERI JUNIOR). Neste capítulo será
adotado o termo “cadeia produtiva sustentável”, por ter fins socioam-
bientais, ou seja, atende aos princípios das ecossocioeconomias das
organizações, conforme indicam Sampaio e Alves (2019, p. 25):
Uma experiência denominada de Ecossocioeconomias deve
apresentar por um lado tanto resultados como impactos que
beneficiam o território como um todo, sem privilegiar apenas
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Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
as pessoas e organizações que compõem o arranjo instituído.
Por outro lado, a dinâmica que desencadeia as ações que
resultam e impactam territórios, isto é, a gênese processual
que compreende as intencionalidades e racionalidades dos
acordos estabelecidos é tão ou mais importante quanto
seus próprios efeitos. Pois, ainda que se possam enumerar
experiências malsucedidas, os aprendizados dessas podem
levar a novas iniciativas, posteriormente mais engenhosas
no plano tanto político como socioprodutivo.
As ecossocioeconomias se valem de três modos de agir no con-
texto organizacional: (i) viabilidade interorganizacional, que releva
atores sociais com diversos graus de articulação na gestão organiza-
cional; (ii) ação extraorganizacional, isto é, o agente organizacional
mitigando os impactos de sua ação sobre o entorno territorial; e (iii)
extrarracionalidade, nos processos de tomada de decisão, conside-
rando a dimensão implícita no conhecimento dos grupos organiza-
dos ou quase organizados em redes. (ALCÂNTARA; GRIMM, 2017;
SAMPAIO, 2020; SAMPAIO; SANTOS, 2021; SANTOS, 2020; SANTOS;
CANCIGLIERI JUNIOR).
Com a combinação desses três modos de agir ecossocioeconômi-
cos organizacionais, torna-se possível revigorar a lógica de “valor de
uso” dos serviços ambientais prestados pela natureza, resultante dos
processos socioeconômicos, a partir de um ambiente de integração no
qual é possível fortalecer as instituições reguladoras ou de Estado que
privilegiam o bem comum, distanciadas da patologia de privatizar o
que é público ou o que deveria ser propriedade pública (FUDERS, 2021;
FUDERS; PASTÉN, 2020).
Santos (2020) sustenta o mesmo pensamento quando destaca a
presença de agentes do Estado ou de governo fomentando parcerias e
estratégias de governança da cadeia na condução da transformação de
produtos (bens) e/ou serviços orientados à sustentabilidade. Nesse caso,
o esforço da gestão precisa ser realizado em conjunto, envolvendo os
diversos stakeholders da organização (Estado, governo, sociedade civil
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Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
e setor privado), ou seja, todos os elos da cadeia produtiva sustentável:
produtor, fornecedor de matéria-prima, transportador, distribuidor,
fábrica de pré-beneficiamento, beneficiamento, transformação de pro-
dutos e consumidor, inclusive para repensar outros elementos inerentes
à própria cadeia, à gestão dos resíduos e à logística reversa, quando se
pretende tratar de cadeias produtivas sustentáveis.
Converter uma cadeia produtiva em sustentável é um processo
gradativo e de longo prazo, iniciando-se com pequenas mudanças de
pensamento, atitude e visão de negócio orientadas para a sustenta-
bilidade. A empresa pode ser um agente de mudança, e é possível que
ela sugira ações positivas para elos da cadeia, com adoção de práticas
responsáveis e sustentáveis na abordagem do negócio. Assim, a cadeia
produtiva sustentável, além de alcançar um desempenho ambiental
satisfatório, contempla impactos sociais positivos e, consequente-
mente, aspectos econômicos se fortalecem diante das evidências do
consumo responsável, das mudanças climáticas, do alcance dos ODS
e do que se espera de uma nova normalidade imposta pelo que se pode
chamar de pós-pandemia (SAMPAIO; SANTOS, 2021; SANTOS, 2020).
ABORDAGENS ORGANIZACIONAIS: DIMENSÃO
EXTRAORGANIZACIONAL DAS ECOSSOCIOECONOMIAS
Para tornar a definição de cadeia produtiva compatível com o
paradigma da sustentabilidade nas organizações, sob as denominações
Corporate Social Responsibility (CSR) e environmental, social, and
governance, faz-se necessário incorporar elementos oriundos de
abordagens de processos de tomadas de decisão, como a teoria
dos stakeholders, ou mesmo as ferramentas de ecoeficiência e suas
derivações, a Global Report Initiative e as Empresas B, o que permite
atender os dois primeiros modos de agir das ecossocioeconomias das
organizações: interorganizacional e extraorganizacional (SANTOS,
2020).
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Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
STAKEHOLDERS
Baseado na teoria dos stakeholders, Freeman (1984) afirma que,
além dos proprietários das empresas limitadas e dos shareholders das
sociedades anônimas, outras partes interessadas, como os stakeholders,
são igualmente essenciais para o sucesso de uma empresa, proporcio-
nando estabilidade no desempenho que se espera de uma instituição.
De acordo com Fatemi e Fooladi (2013), a abordagem de maxi-
mização da riqueza do shareholder não é mais um guia válido para a
criação de riqueza sustentável, pois a ênfase nos resultados de curto
prazo teve consequência indesejada, com a externalidade dos cus-
tos sociais e ambientais. Os autores mencionam a necessidade de se
pensar uma estrutura de criação de valor sustentável, na qual todos
os custos e benefícios sociais e ambientais devem ser explicitamente
contabilizados.
A teoria dos stakeholders concilia a governança da cadeia produ-
tiva pensada de modo sustentável. Os stakeholders são indivíduos, gru-
pos e outras organizações que têm interesse nas ações de uma empresa
e que têm habilidade para influenciá-la, podendo ser qualquer grupo ou
indivíduo que possa afetar ou ser afetado pela realização dos objetivos
dessa empresa (FREEMAN, 1984; SAVAGE et al., 1991).
A teoria dos stakeholders tem por objetivo mostrar como as
empresas devem procurar manter a interação saudável com atores
organizacionais (CASTRO; OLIVEIRA, 2019). Essa ideia se aproxima
da abordagem sistêmica da administração, cuja interação e o relacio-
namento com o ambiente externo e o ambiente interno tem o mesmo
valor (CASTRO; OLIVEIRA, 2019). Williams (2017, p. 83) menciona
que o modelo de stakeholders se refere à “teoria de responsabilidade
corporativa que sustenta que a responsabilidade mais importante da
direção, a sobrevivência de longo prazo, é alcançada pela satisfação das
partes interessadas na corporação, denominadas stakeholders”. Oautor
complementa que os “stakeholders são pessoas ou grupos com um inte-
resse legítimo em uma empresa. Como são afetados pelas operações
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Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
da organização, os stakeholders têm interesses nelas” (WILLIAMS,
2017, p. 83).
O conceito de stakeholder mudou a forma de se pensar as estra-
tégias das organizações, pois o conceito tradicional de gestão pri-
vilegia os retornos econômicos, independentemente dos impactos
socioambientais de suas ações. Com seu fortalecimento, o conceito
passou a ser adotado pelas organizações como uma ferramenta no
planejamento estratégico, sugerindo a necessidade de os gestores
formularem, planejarem e implementarem processos de tomada de
decisão, considerando os benefícios para todos os envolvidos direta
(primários) e indiretamente (secundários) com as ações da organização
(SOUTO-MAIOR, 2012).
Os stakeholders primários são indivíduos ou grupos envolvidos
diretamente na organização, sendo essenciais para a sobrevivência do
negócio. Ou seja, são as partes interessadas, que afetam ou são afetadas
pelas ações da organização e que têm uma relação de interdependên-
cia entre si, como os trabalhadores, os investidores, a comunidade, os
fornecedores e os clientes. Os stakeholders secundários são indivíduos
ou grupos que podem influenciar e afetar ou serem influenciados ou
afetados pelos stakeholders primários. Contudo, não têm contato direto
com as transações e, dessa forma, não são essenciais para a sobrevi-
vência da empresa. São exemplos disso a mídia, o governo, a comuni-
dade local, os concorrentes e os grupos de interesse (CLARKSON, 1995;
SOUTO-MAIOR, 2012; SANTOS, 2020).
A forma de atuação, articulação, diálogo e envolvimento com a
comunidade e os diversos stakeholders da organização fica a critério de
cada empresa. A teoria dos stakeholders é um elemento importante de
conciliação da governança da cadeia produtiva sustentável, sobretudo
por meio das metodologias organizacionais em torno da responsabi-
lidade socioambiental corporativa e das práticas ambientais, sociais e
de governança, e das ferramentas de ecoeficiência e suas derivações,
como a Global Report Initiative e as Empresas B.
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Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
GESTÃO INTERORGANIZACIONAL DA CADEIA PRODUTIVA
SUSTENTÁVEL
A cadeia produtiva sustentável é aquela que tem um bom desem-
penho em todos os elementos do Triple Bottom Line (TBL) (pessoas,
planeta e lucro). A governança dessa cadeia se refere às ações específi-
cas consideradas decisões gerenciais ou comportamentos, observando
que o processo de produção eficiente resulta em benefícios coletivos à
sociedade, associado aos valores de cidadania corporativa (PHILIPPI
JR.; SAMPAIO; FERNANDES, 2017).
Dessa forma, a responsabilidade socioambiental corporativa deve
abranger diferentes espacialidades, sendo elas locais, microrregionais,
estaduais, nacionais ou internacionais, para, então, tornar a cadeia
produtiva mais sustentável, com a incorporação de selos e certificações,
bem como com o alinhamento das estratégias organizacionais aos ODS
(PHILIPPI JR.; SAMPAIO; FERNANDES, 2017).
Na busca por modelos, diretrizes, abordagens e ferramentas para
a tomada de decisão, infere-se que a governança da cadeia produtiva
sustentável, além de estar associada aos princípios da ecossocioecono-
mia das organizações e à teoria dos stakeholders, deve levar em consi-
deração os quatro níveis de CSR, conforme apresenta Carroll (1999): (i)
responsabilidade econômica com foco em soluções e viabilidade eco-
nômica nos negócios; (ii) responsabilidade legal com foco no respeito
às leis e aos princípios sociais; (iii) responsabilidade ética com foco em
realizar aquilo que é certo, justo e equitativo; e (iv) responsabilidade
filantrópica com foco nas contribuições da empresa para fins sociais,
educacionais, recreativos e culturais.
De acordo com Santos (2020), as diretrizes mencionadas por
Carroll se alinham à sustentabilidade corporativa nos cinco níveis de
comprometimento e integ ração da organização com a sociedade: (i) atu-
ação dentro das observâncias legais, como comportamento correto e de
obrigação; (ii) investimento social e ambiental como forma de aumen-
tar os ganhos e melhorar a reputação; (iii) ir além das conformidades
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Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
legais e oportunidades de lucro para agir com responsabilidade social e
ambiental desvinculadas de ganho; (iv) sinergia com o contexto socio-
ambiental, pois o desempenho corporativo está associado ao ganho
de todos os interessados e a sustentabilidade é um valor em si mesmo
que será inevitavelmente reconhecido; e (v) sustentabilidade integrada
e incorporada em todos os aspectos da organização como chave para
o futuro, única alternativa social e econômica. A responsabilidade
presente é a garantia da sobrevivência futura da organização (VAN
MARREWIJK, 2003).
A partir do comprometimento e da interação da sustentabilidade
organizacional com a sociedade e o meio ambiente, constata-se que
alguns modelos de gestão corroboram a linha de pensamento apre-
sentada ao longo deste capítulo, ainda que com foco ampliado, já que
se aborda a temática da cadeia de suprimento sustentável em vez da
“cadeia produtiva sustentável.
A obra de Leal Filho, Brito e Frankenberger (2020) reforça que a
CSR passa a representar uma dimensão importante na estratégia de
negócios orientado para a sustentabilidade no mundo, com um número
crescente de empresas e instituições, tentando determinar, monitorar e
melhorar os impactos sociais e ambientais de suas operações. Os auto-
res reforçam que, mesmo com o aumento da adesão e do interesse das
organizações na incorporação efetiva da sustentabilidade nos negócios,
esses aspectos ainda são desafiadores, o que aumenta a necessidade de
pesquisa na área e apresentação de cases de sucesso, com o intuito de
demonstrar uma variedade de formas de implementar a sustentabili-
dade nas empresas, bem como as melhores práticas de gestão, adoção
de tecnologias mais limpas, cadeia de abastecimento global, redução
das emissões de gases de efeito estufa e transporte.
As obras de Carter e Rogers (2008) e Seuring e Müller (2008)
foram apresentadas com base em uma revisão da literatura sobre
sustentabilidade no âmbito interorganizacional, sendo consideradas
modelos conceituais de gestão da cadeia de suprimento sustentável –
Sustainable Supply Chain Management (SSCM). Nessa ocasião, a SSCM
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Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
foi definida como a “integração e realização estratégica e transparente
de metas sociais, ambientais e econômicas da organização na coor-
denação sistêmica de processos interorganizacionais de negócios”,
cujo objetivo é melhorar o desempenho econômico em longo prazo
das organizações, bem como suas cadeias de suprimento (CARTER;
ROGERS, 2008, p. 368).
O modelo proposto por Carter e Rogers (2008) é adaptado para a
abordagem TBL de Elkington (2012). As práticas somente apresenta-
ram resultados positivos nas três dimensões, mas foram considerados
ótimos sempre que a organização incorporou, “de forma explícita e
abrangente, metas sociais, ambientais e econômicas no desenvolvi-
mento de uma visão estratégica e de objetivos estratégicos de longo
prazo” (ELKINGTON, 2012, p. 371).
De acordo com Pagell e Wu (2009), a SSCM refere-se basica-
mente às ações e às práticas de gestão da cadeia de suprimento a fim
de torná-la efetivamente sustentável. No modelo dos autores, foram
identificados dois grupos comportamentais. O primeiro está ligado à
incorporação de membros, como organizações não governamentais
(ONG) e à cadeia de suprimento, além de fornecedores diretos e clientes.
O segundo busca ações e práticas, a exemplo da descomoditização, da
transparência, da rastreabilidade e da certificação.
O modelo de Seuring e Müller (2008) apresenta duas estratégias
de ação para as empresas globais enfrentarem as pressões organizacio-
nais. A primeira ação foi intitulada avaliação de fornecedores para ris-
cos e desempenho – Supplier Management Risk and Performance (SMRP)
e refere-se às ações baseadas nos fornecedores, a fim de impulsionar
e adequar as melhores práticas socioambientais ao longo do arranjo
produtivo. A segunda ação foi intitulada gestão da cadeia de suprimento
para produtos sustentáveis – Supply Chain Management for Sustainable
Products (SCMSP) e diz respeito a preocupações com a sustentabilidade
referente ao produto.
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Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
O trabalho desenvolvido por Seuring (2011) sobre a gestão
da cadeia de suprimento sustentável destaca seis hipóteses para
conectar os diferentes elos da cadeia: i) os critérios baseados no
gerenciamento do ciclo de vida são frequentemente usados no SSCM
para definir benchmarks de produtos e processos relacionados aos
impactos ambientais; ii) as empresas focais que visam produtos
sustentáveis impõem critérios ambientais (avaliação do ciclo de vida)
relacionados aos seus fornecedores; iii) as empresas focais que visam
produtos sustentáveis têm de lidar com mais camadas da cadeia de
suprimentos do que aquelas que visam produtos convencionais, muitas
vezes até o estágio das matérias-primas; iv) intermediários (como
certificadores) aumentam a eficiência e a eficácia da coordenação da
cadeia de suprimentos; v) para produtos sustentáveis, é necessário,
entre todos os parceiros da cadeia de suprimentos, maior comunicação
e cooperação sobre questões ambientais e sociais. Para alcançar
produtos sustentáveis, as empresas focais terão que colaborar com os
fornecedores; e vi) as empresas focais precisam se comprometer com o
desenvolvimento de fornecedores (fornecedores verdes) para o SSCM.
Infere-se que os modelos de gestão apresentados reforçam a
teoria vislumbrada a partir da lente da ecossocioeconomia das orga-
nizações, CSR e teoria dos stakeholders. Uma vez que fica evidenciado
que entre as principais estratégias organizacionais para se obter uma
abordagem de governança da cadeia produtiva sustentável, é necessário
pensar em ações e práticas de gestão integradas e transparentes que
envolvam simultaneamente metas sociais, ambientais e econômicas
abrangentes, com coordenação sistêmica no processo interorgani-
zacional e com objetivos em curto, médio e, sobretudo, longo prazo
(SANTOS, 2020). As ações, abordagens e ferramentas capazes de intro-
duzir a sustentabilidade nas cadeias produtivas são inúmeras e, dentre
as mais recorrentes apresentadas na literatura, estão a ecoeficiência
e suas derivações, o relatório de sustentabilidade da Global Reporting
Initiative (GRI) e as Empresas B.
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Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
ECOEFICIÊNCIA E SUAS DERIVAÇÕES
Atualmente, identifica-se um aumento na quantidade de orga-
nizações que adotam aspectos da sustentabilidade em seus produtos,
cuja denominação é “produto sustentável”, definido como soluções
para atender as necessidades e as demandas sociais, além de contri-
buir para um ambiente mais sustentável ao longo do ciclo de vida do
produto (WCED, 1987).
O produto orientado para a sustentabilidade precisa ultrapassar
a barreira de suas especificações e as necessidades do consumidor, e
deve contribuir para uma sustentabilidade ambiental desde sua con-
cepção até seu descarte, ou seja, considerando todo o Ciclo de Vida do
Produto (CVP) (FERNANDES; CANCIGLIERI JUNIOR; SANT’ANNA,
2014). O exemplo que Porter e Kramer (2011) definem por criação de
valor compartilhado é a ocasião em que empresas adotam o propó-
sito da responsabilidade socioambiental corporativa, sem se restringir
apenas às metas postas pelos acionistas, mas atendendo também às
demandas dos stakeholders, o que D’Souza (2022) denomina “capita-
lismo de stakeholders”. Sob uma perspectiva socialmente ainda mais
substantiva, apresenta-se a experiência do que poderia ser traduzido
por economia de comunhão (economics of neighborly love), quando
os empresários são movidos a promoverem o bem comum (FUDERS;
NOWAK, 2019).
Na busca pela sustentabilidade ambiental nos negócios, as empre-
sas podem trabalhar com o conceito de ecodesign, o que gera um pro-
duto competitivo no mercado, sendo um modelo de projeto que agrega
critérios ecológicos na busca por soluções ambientais (MANZINI;
VEZZOLI, 2008).
Contribui para esse pensamento o estudo de Marchand e Walker
(2008), quando examinam a noção de consumo responsável, sua relação
com as preferências e expectativas dos consumidores e suas implica-
ções para o design e o desenvolvimento de produtos sustentáveis. O
estudo apresentou quatro perfis de consumidores sustentáveis: i) perfil
31
Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
“ecoeficiente”; ii) perfil “mundo melhor”; iii) perfil “qualidade de vida”;
e iv) perfil “involuntários”. A partir do estudo realizado pelos autores,
identificou-se que as pessoas que participaram da pesquisa adotavam
estilos de vida mais sustentáveis não só por causa de uma consciência
ecológica, mas também por fatores diversos, como o fator econômico
ou os benefícios pessoais percebidos.
A emergência pela conscientização por produtos sustentáveis
é justificável sobretudo a partir da divulgação dos dados do Global
Footprint Network, de 2015, que alerta para o descompasso entre as
tendências de consumo de energia e materiais para atender aos desejos
e necessidades da humanidade e a escassez de recursos naturais e a
incapacidade do planeta de absorção dos resíduos gerados no processo
produtivo. O alerta aponta para a importância de pensar no futuro,
uma vez que as escolhas de hoje comprometem a oferta de escolha das
novas gerações (ZANIRATO; ROTONDARO, 2016). Nesse sentido, a
modificação da visão consumista deve ser profunda e envolver toda a
sociedade, a fim de atribuir novos valores para a existência humana, a
partir de uma racionalidade ambiental consciente quanto à utilização
dos recursos naturais disponíveis (LEFF, 2012).
Subentende-se que os produtos sustentáveis ou verdes orientam
o consumo consciente. O termo “consumo verde”, adotado por Ottman
(2012), pode ser entendido como o poder de decisão de compra de um
indivíduo motivado por proteger a si e ao mundo a seu redor. Por outro
lado, a expressão “consumo consciente” refere-se ao consumo em que
o indivíduo respeita os recursos naturais, ou seja, se preocupa com os
impactos diretos e indiretos ao ambiente natural advindos da produção,
do consumo, do uso e do descarte dos produtos (COSTA; TEODOSIO,
2011; OTTMAN, 2012; ZANIRATO; ROTONDARO, 2016).
Em outras palavras, o consumo consciente se refere à reflexão
dos indivíduos sobre os elos que envolvem o consumo, como processo
de produção, comunicação, estratégias de marketing, qualidade, infor-
mações, risco à saúde e segurança alimentar, dentre outros.
32
Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
Nessa perspectiva, o estudo de Ülkü e Hsuan (2017) propõe que
a modularidade do produto pode ajudar a melhorar as iniciativas de
consumo de produtos sustentáveis. No entanto, o estudo não apontou
estratégias de gestão das organizações relacionadas ao consumo cons-
ciente. O trabalho enfatizou a questão econômica da sustentabilidade,
sendo, portanto, um aspecto a ser melhorado, com a inclusão da ques-
tão socioambiental. Isso foi reforçado no trabalho de Abdul-Rashid et
al. (2017), ao examinarem a relação das práticas de manufatura sus-
tentáveis com o desempenho de sustentabilidade, que considera os
aspectos ambientais, econômicos e sociais. O estudo foi realizado em
443 empresas de fabricação, certificadas com a norma ISO 14.001, na
Malásia. Os resultados do estudo indicam que o processo de fabrica-
ção é o estágio com maior impacto na melhoria do desempenho de
sustentabilidade.
Michelsen e Fet (2010) apresentaram um método de três pas-
sos que propõe a forma como as pequenas e médias empresas podem
melhorar o desempenho ambiental em sua cadeia de suprimentos. O
método baseia-se em: i) uma avaliação de seus produtos; ii) identifica-
ção de processos críticos que devem ser melhorados; e iii) identificação
de atores na cadeia de suprimentos que devem nos quais se deve focar,
não apenas com base no desempenho ambiental, mas também tendo
em vista as habilidades que o produtor final deve influenciar.
Kremer et al. (2016) trataram de trabalhos relevantes que apoia-
vam os aspectos econômicos e ambientais da sustentabilidade para o
desenvolvimento de produtos em estágio inicial, focando as interfaces
entre o design do produto e as operações da cadeia de suprimentos. O
estudo abrange a fabricação e o gerenciamento de produtos e revela
várias necessidades de pesquisa em curto prazo, organizadas em qua-
tro direcionamentos: i) reengenharia de arquitetura de produtos (para
ajustar a opção de fim de vida do produto pretendido); ii) modelagem
de operações de montagem/desmontagem e análise de sustentabili-
dade ambiental; iii) modelagem de processos de fabricação (manu-
fatura); e iv) otimização de ciclo de vida em conjunto (avaliação da
33
Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
sustentabilidade – design de variantes com modelos matemáticos de
processos de ciclo de vida).
Em seu estudo, Shashi, Singh e Shabani (2016) identificaram e
analisaram os principais fatores de sucesso na gestão da cadeia susten-
tável de produtos “frios”, isto é, que correspondiam à necessidade de
água e gelo para manter a temperatura dos produtos, como produtos
agrícolas frescos (vegetais e frutas) e produtos alimentares processados
(derivados do leite e refrigerantes). Independentemente do segmento da
cadeia produtiva sustentável apresentada pelos autores, notam-se ques-
tões semelhantes da gestão da cadeia produtiva de produto orientadas à
sustentabilidade, a saber: critérios de seleção de fornecedores, tomada
de consciência ambiental, práticas de sustentabilidade e medidas de
desempenho da cadeia sustentável, o que pode incluir o gerenciamento
do ciclo de vida do produto.
Gerenciamento do ciclo de vida do produto
Outra solução ambiental para o produto orientado à sustentabili-
dade é a avaliação do ciclo de vida do produto, guiada pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a partir da ISO 14.040, que se
refere a um conjunto avaliativo das entradas, saídas e dos impactos
ambientais de um “sistema produtivo ao longo do seu ciclo de vida”
(ABNT, 2009). Ou seja, verificam-se os efeitos ou o impacto de produtos
no meio ambiente, relacionados a todas as atividades que envolvem a
produção, o uso e o descarte do produto, portanto, todo o ciclo de vida
do produto, bem como seu gerenciamento. Exemplo disso é o estudo
realizado por Camargo et al. (2019), a partir do banco de dados de uma
empresa brasileira do setor de cosméticos, fragrâncias e produtos de
higiene pessoal.
O estudo de Belhi et al. (2020) sobre a avaliação conceitual da
implementação do ciclo de vida do produto apresentou a perspec-
tiva de que os sistemas gerenciamento de ciclo de vida são plata-
formas colaborativas altamente distribuídas, resultando em vários
34
Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
desafios relacionados à integridade e à confiabilidade das informações.
Geralmente, esses problemas são difíceis de resolver com o uso de
soluções de software tradicionais. No entanto, os autores mostram que
tais desafios estão sendo tratados de forma eficaz, com integridade de
dados por design, e mitigam algumas das preocupações de confiança
encontradas em plataformas colaborativas.
O texto de Reche et al. (2020) apresenta um modelo de processo de
desenvolvimento de produto orientado para a gestão da cadeia de abas-
tecimento verde, resultando em um produto que atende aos padrões
ambientalmente sustentáveis. O trabalho de Mattioda et al. (2020)
aborda, por sua vez, a avaliação do ciclo de vida social da produção de
biocombustível. Os autores reforçam que, para avançar na discussão
do biocombustível, é necessário concentrar-se nas questões da sus-
tentabilidade ambiental, econômica e social de forma suficiente, para
contribuir para a demanda global, que exigirá medidas inovadoras e
de cooperação política e institucional a fim de chegar à solução desse
desafio complexo. Os autores reforçam que a responsabilidade social
corporativa ganhou força, sobretudo na última década, com a adesão do
relatório global, a GRI, que fornece uma estrutura ampla para o acom-
panhamento das atividades organizacionais, a partir de um conjunto
de indicadores de sustentabilidade alinhadas aos ODS.
GLOBAL REPORTING INITIATIVE
Outra ferramenta que se soma à abordagem conceitual da cadeia
produtiva sustentável e a sua governança é a divulgação dos resultados
organizacionais por meio do relatório de sustentabilidade, com desta-
que para os critérios da GRI, uma organização internacional indepen-
dente que foi pioneira em relatórios de sustentabilidade (GRI, 2023).
A partir dessa iniciativa, foi lançada, em 2000, a primeira versão das
diretrizes da GRI. Em 2002, ela se tornou uma organização indepen-
dente, cuja missão, a partir de sua criação, foi tornar os relatórios de
35
Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
sustentabilidade um hábito comum entre as organizações, além de ser
a guardiã das diretrizes e de seu processo de produção (GRI, 2023).
Os padrões de relatórios de sustentabilidade da GRI identificam
e gerenciam riscos e permitem que as organizações aproveitem novas
oportunidades. Também apoiam empresas públicas e privadas, grandes
e pequenas, que protejam o meio ambiente e auxiliem a sociedade ao
mesmo tempo que prosperam economicamente, beneficiando as rela-
ções entre governança e as partes interessadas, melhorando a reputa-
ção e fortalecendo a confiança das organizações.
EMPRESAS B
Outras diretrizes importantes que se destacam por evidenciar a
transparência das ações das organizações ao apresentarem os impactos
de suas atividades, e que envolvem a cadeia produtiva sustentável, são
os selos e certificações recebidos pelas organizações, a exemplo da cer-
tificação das Empresas B. Para receber a certificação, uma empresa deve
alinhar a missão da organização à ação de responsabilidade socioam-
biental, com benefícios para todos os stakeholders, ou seja, conciliando
os interesses dos colaboradores, da comunidade e do meio ambiente,
bem como os de seus acionistas, o que a torna uma empresa com pro-
pósito.Para renovar a certificação B, a cada três anos a empresa passa
por um processo de atualização e verificação de suas qualificações.
As empresas que são certificadas como B atendem a padrões de
desempenho socioambientais significativos. Para ser uma empresa
certificada B, a organização tem que, como missão, redefinir o con-
ceito de sucesso nos negócios, pois precisa se distanciar da máxima
“lucro acima de tudo” de seus objetivos para incorporar o “lucro com
benefícios socioambientais” (B CORPORATION, 2016).
Outra certificação significativa é a Leadership in Energy and
Environmental Design (LEED), da U. S. Green Building Council (USGBC),
sendo uma certificação que visa estimular práticas de construções
sustentáveis, implementada no Brasil em 2007 (B CORPORATION,
36
Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
2016). Aavaliação parte de alguns aspectos, por exemplo localização
da empresa e transporte, espaço sustentável, eficiência do uso da água,
energia e atmosfera, materiais e recursos, qualidade ambiental interna,
inovação e processos, e créditos e prioridade regional.
SÍNTESE
Os elementos de gestão interorganizacional apresentados, capa-
zes de imprimir a sustentabilidade no processo fabril das empresas
são ações que, quando praticadas em conjunto, fazem referência ao
conceito de cadeia produtiva sustentável, à luz da ecossocioecono-
mia, da responsabilidade social corporativa e da teoria dos stakeholders
(Figura 1). Deve-se notar que não existe um único modelo de cadeia
produtiva sustentável. Ao contrário, trata-se de um esforço teórico e
prático múltiplo, envolvendo os stakeholders e as ferramentas de gestão
organizacional.
Figura 1 – Abordagem conceitual de cadeia produtiva sustentável à luz da
ecossocioeconomia: uma governança necessária
1 – Philippi et al. (2017); Sampaio (2010; 2019);
Sampaio & Alves (2019);
2 – Carter & Rogers (2008); Pagell & Wu (2009).
1 – Seuring & Müller (2008);
2 – Marchand & Walker (2008); Ülkü & Hsuan (2017);
3 – Abdul-Rashid et al. (2017); Michelsen & Fet (2010);
Kremer et al. (2016); Shashi et al. (2016); Seuring (2011);
4 – Costa & Teodosio (2011); Ottman (2012).
1 – Sampaio (2010; 2019);
2 – Sampaio & Alves (2019).
1 - Carroll (1999);
2 - Empresas B;
3 – Relatórios.
Robert Freeman (1984).
Tem a Definição Autor
Fonte: Santos (2020).
O conceito de cadeia produtiva sustentável, à luz da ecossocio-
economia, requer a adoção das boas práticas de governança e está em
37
Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
concordância com o modelo de SSCM, uma vez que evidencia como
estratégia de negócio a transparência das metas e a integração das
questões sociais, ambientais e econômicas na governança da cadeia
sustentável, a exemplo da divulgação dos resultados organizacionais
utilizando os critérios do relatório da GRI. Ademais, é representado por
ferramentas de ecoeficiência e suas derivações, além da certificação
de Empresa B.
O stakeholder de uma cadeia produtiva sustentável demanda
a prática da responsabilidade socioambiental corporativa, seja por
intermédio de normas, a exemplo da Organização Internacional de
Normalização (ISO), seja mediante cer tificações, como a de Empresa B,
ou ainda, de certa maneira, por meio da GRI. Quando uma organização
concilia as diretrizes de gestão, ou seja, associa práticas de responsabi-
lidade socioambiental corporativa à produção sustentável e apresenta
estratégias de gestão contemplando benefícios ambientais e sociais,
o que inclui os diversos interesses dos stakeholders, ela se torna uma
candidata a ser denominada como ecossocioeconômica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observando os aportes teóricos descritos, associados ao modelo
de negócios e às diversas diretrizes para imprimir a sustentabilidade
nos processos fabris, é possível notar que as empresas procuram alinhar
as questões ambientais, sociais e econômicas por meio de diversas
ações, com a finalidade de gerar impacto social positivo com o mínimo
de impacto ambiental negativo, o que requer gestão e governança.
Nesse sentido, a análise realizada confirma que os esforços das
organizações na incorporação da sustentabilidade social, ambiental e
economicamente caracterizam-se, sobretudo, pela prática da respon-
sabilidade socioambiental corporativa.
O conceito de cadeia produtiva sustentável faz menção a priori
à escala industrial. No entanto, sob a luz das ecossocioeconomias, ele
requer enfoque inclusivo, de maneira a considerar a produção na escala
38
Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
ar tesanal, o que implica necessariamente pesquisa e desenvolvimento
tecnológico inovador, mas que considere o enfoque territorial, tendo
como ponto de partida a concepção do produto e as estratégias de par-
cerias. Isso envolve toda a cadeia produtiva, ou seja, os stakeholders, a
exemplo de fornecedores de matéria-prima, que podem ser constituídos
por um arranjo socioprodutivo (em escala artesanal) que necessaria-
mente precisa ter em si a prudência ecológica, visando boas práticas
socioambientais.
O fornecedor de matéria-prima, possivelmente uma cooperativa
ou uma associação formada por extrativistas, denominado nesse caso
de arranjo socioprodutivo, pode fornecer insumos para uma organi-
zação de escala industrial, chamada de cadeia produtiva sustentável.
Nessa conjuntura, infere-se que os termos “cadeias produtivas susten-
táveis” e “arranjos socioprodutivos” são conciliáveis, pois eles coexis-
tem e complementam um ao outro, sendo um indicativo para empresas
que adotam a prática da responsabilidade socioambiental corporativa.
Em nível mundial, os governos, em seus papéis de promotores
do desenvolvimento e reguladores da economia, poderiam cooperar
para coibir, por exemplo, o uso do plástico e do alumínio na produção
de bens de consumo, o que provavelmente reduziria 90% de todos
os resíduos que atualmente são gerados anualmente. Materiais alter-
nativos são, por exemplo, madeira, ferro, algodão ou couro, que têm
ciclo de vida mais sustentável e poderiam ser reciclados com relativa
facilidade. Além disso, quando descartados, geram pouco ou nenhum
impacto negativo para o meio ambiente, ou seja, os ser viços ambientais
prestados pela natureza se encarregariam deles, configurando o que
poderia ser denominado de “economia circular perfeita” e tornando
as cadeias produtivas sustentáveis.
Conclui-se que o conceito de cadeia produtiva sustentável con-
sidera o setor/mercado em que se atua (sob a lógica capitalista e a
economia de mercado). No entanto, ele coexiste com arranjos socioe-
conômicos e institucionais (há presença do Estado como fomentador e
regulador) estabelecidos por associações e cooperativas, compreendidos
39
Capítulo 1 - Cadeia produtiva sustentável à luz das eCossoCioeConomias
como arranjos socioprodutivos, que se constituem na sua essência pela
produção artesanal, mas que também carregam modos de vida e de
conhecimento próprios de seus territórios. Portanto, atendem à res-
ponsabilidade socioambiental corporativa.
O desafio é não cooptar o arranjo socioprodutivo composto pelas
associações e cooperativas, no sentido de que há “tentações”, como o
lucro derivado da produção de escala. Para que uma empresa mercantil
não o faça, pois arriscaria perder “os ovos da galinha de ouro”, um fator
é a simpatia dos consumidores responsáveis pela lógica artesanal, que
é o público consumidor. Isto é, normalmente uma cadeia produtiva
meramente mercantilizada considera seu cliente como consumidor,
restringindo-se às relações e interesses de mercado, diferentemente
da cadeia produtiva sustentável, que salienta a preocupação societária
de seu cliente, o que a faz demandante por produtos orientados à sus-
tentabilidade. Em outras palavras, os clientes são sujeitos de direito,
cidadãos.
Finalmente, a insustentabilidade e a superexploração da natureza,
ou seja, sua instrumentalização enquanto mero recurso econômico, sob
o pretexto da financeirização da vida, distancia-se de movimentos mais
progressistas em torno da responsabilidade socioambiental corporativa
ou, então, do que se denomina por ESG.
Ressalta-se que a taxa de juros monetária, que é o custo de opor-
tunidade de todo investimento produtivo, obriga a economia real a
crescer pelo menos no mesmo ritmo. Como resultado, o crescimento
econômico no sistema financeiro atual não é simplesmente um “feti-
che”, mas pode ser visto sob uma lógica racional justificada. Enquanto
não se distanciar desse imperativo do crescimento a qualquer custo,
será muito difícil alcançar o que se chama de sustentabilidade do desen-
volvimento, conforme definido no relatório Brundtland, publicado em
1987, mesmo que se tenha conseguido desenhar cadeias produtivas
sustentáveis.
40
Cadeia Produtiva SuStentável: teoriaS e abordagenS eCoSSoCioeConômiCaS
Ainda que haja a limitação da termodinâmica, ou seja, não se
pode produzir algo do nada, o que implica dizer que é necessário ter
recursos em algum momento, um aumento constante na produção
ocasionará, algum dia, o fim do último recurso disponível, mesmo que
este seja renovável, visto que o crescimento constante significa que,
em algum ponto, se explora tal recurso em um ritmo mais rápido do
que ele pode se regenerar.
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O livro completo pode ser baixado em
https://www.editora.uepg.br/ebooks/livros-de-acesso-aberto/cadeia-produtiva-
sustentavel-teorias-e-abordagens-ecossocioeconomicas