ArticlePDF Available

UMA REVISÃO SISTEMÁTICA INTERNACIONAL SOBRE MULHERES NA POLÍTICA IN THE MIDDLE OF MALE DOMAIN: A SYSTEMATIC INTERNATIONAL REVIEW OF WOMEN IN POLITICS

Authors:

Abstract

Resumo: Este artigo tem como objetivo a realização de uma revisão sistemática da produção científica internacional sobre mulheres na política, para entender como é estudada essa temática e fomentar futuras pesquisas para a área de administra-ção. As bases de dados consultadas foram Scopus e Web of Sciences, utilizando os descritores "mulher na política" e "mulheres na política". Foram encontrados 76 artigos nas bases, dos quais 42 foram selecionados de acordo com os critérios de ele-gibilidade. Como resultado, ficou evidenciado que as pesquisas sobre as mulheres na política estão aumentando internacionalmente e que são múltiplas as abordagens, os contextos e categorias temáticas que podem ser estudadas nesse ambiente ainda dominado pelos homens. Palavras-chave: mulheres na política; sub-representação; revisão sistemática; li-teratura internacional. Abstract: This article aims to conduct a systematic review of international scientific production on women in politics, to understand how this topic is studied and to encourage future research for the administration area. The databases consulted were Scopus and Web of Sciences, using the descriptors "women in politics" and "women in politics". 76 articles were found in the databases, of which 42 were selected, according to the eligibility criteria. As a result, it became clear that research on women in politics is increasing internationally and that there are multiple approaches, contexts and thematic categories that can be studied in this space still dominated by men.
|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |181
8
EM MEIO AO DOMÍNIO MASCULINO
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA INTERNACIONAL
SOBRE MULHERES NA POLÍTICA
Marcella Barbosa Miranda Teixeira
Carolina Maria Mota-Santos
Resumo: Este artigo tem como objetivo a realização de uma revisão sistemática
da produção cientíca internacional sobre mulheres na política, para entender como
é estudada essa temática e fomentar futuras pesquisas para a área de administra-
ção. As bases de dados consultadas foram Scopus eWeb of Sciences, utilizando os
descritores “mulher na política” e “mulheres na política”. Foram encontrados 76
artigos nas bases, dos quais 42 foram selecionados de acordo com os critérios de ele-
gibilidade. Como resultado, cou evidenciado que as pesquisas sobre as mulheres na
política estão aumentando internacionalmente e que são múltiplas as abordagens,
os contextos e categorias temáticas que podem ser estudadas nesse ambiente ainda
dominado pelos homens.
Palavras-chave: mulheres na política; sub-representação; revisão sistemática; li-
teratura internacional.
IN THE MIDDLE OF MALE DOMAIN: A SYSTEMATIC
INTERNATIONAL REVIEW OF WOMEN IN POLITICS
Abstract: This article aims to conduct a systematic review of international sci-
entic production on women in politics, to understand how this topic is studied
and to encourage future research for the administration area. The databases con-
sulted were Scopus and Web of Sciences, using the descriptors “women in politics”
and “women in politics”. 76 articles were found in the databases, of which 42 were
selected, according to the eligibility criteria. As a result, it became clear that re-
search on women in politics is increasing internationally and that there are multiple
approaches, contexts and thematic categories that can be studied in this space still
dominated by men.
Keywords: women in politics; underrepresentation; systematic review; interna-
tional literature.
Doutora em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da PUC
Minas (2022). Mestra em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração
do CEFET/MG (2018). Atualmente é Secretária Executiva do Programa de Pós-Graduação
em Saúde e Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Integrante do Núcleo
de Estudos em Recursos Humanos e Relações de Trabalho (NERHURT) do PPGA da PUC
Minas.
Doutora em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais / Fundação
Dom Cabral (2012). Mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais / Fundação Dom Cabral (2007). Atualmente é professora do PPGA Programa
de Pós-Graduação em Administração da PUC Minas e professora Adjunto IV da Faculdade
de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de MG. Líder do NERHURT Núcleo de
Estudos em Recursos Humanos e Relações de Trabalho do Programa de Pós-graduação em
Administração.
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 182
1INTRODUÇÃO
As mulheres iniciaram a vida na política, principalmente pela luta dos mo-
vimentos feministas, em princípio graças à luta e à pressão das feministas
sufragistas. Esse movimento abriu espaço para as mulheres na vida pública
(Vaz, 2008; Pinto, 2010).
Porém, Mota e Biroli (2014) armam que esse cenário de necessidade de
luta das mulheres para atuação na vida pública trouxe como consequência a
sub-representação de mulheres na política, pela herança histórica da divisão
sexual do trabalho e dos papéis desempenhados por mulheres e homens na
sociedade.
Atualmente, as mulheres são minoria nos parlamentos do mundo (Vaz,
2008; Oliveira, 2014; Reyes; Álvarez, 2016; Folke; Rickne, 2016; Rodal; Fuer-
tes, 2018; Ibge, 2021) e continuam a enfrentar vários obstáculos em sua luta
por maior igualdade política (Barrow-Giles, 2015). Elas constituem mais da
metade da população do mundo, mas sua representação na arena política tem
sido consistentemente e signicativamente menor em comparação aos homens
(Opoku; Anyango; Alupo, 2018).
Ou seja, apesar do notável progresso nas últimas décadas, alcançado pe-
la luta dos movimentos feministas, as mulheres continuam sub-representadas
na política, além de enfrentar discriminação nessa arena (Baskaran; Hessami,
2018). De acordo com IPU (2019) e UN Women (2019), ainda são poucos os
países do mundo que possuem uma representação maior ou mais equitativa de
mulheres.
De acordo com Almeida (2018), era de se esperar que o processo de demo-
cratização trouxesse a igualdade de direitos e a representação para homens e
mulheres, fato que ainda não aconteceu. Com isso, as mulheres têm seu papel
ainda invisível nesse ambiente, pois a política tem sido historicamente conside-
rada uma atividade masculina e dos homens (Susilo; Sugihartati, 2019; Biroli;
Quintela, 2021).
Diante da importância da atuação das mulheres na política e da sua sub-re-
presentação nesse ambiente, este artigo teve como objetivo realizar uma revisão
sistemática da produção cientíca internacional sobre mulheres na política, pa-
ra entender como é estudada essa temática e fomentar futuras pesquisas para
a área de administração.
Em meio ao domínio masculino
|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |183
2MÉTODO
A revisão sistemática foi realizada por meio da busca nos bancos de dados
eletrônicos de artigos cientícos Scopus eWeb of Science sobre as mulheres na
política no período de 2015 a 2020. A estratégia de busca pelos artigos utilizou
os descritores na língua inglesa: women in politics (mulheres na política) ou
woman in politics (mulher na política).
A escolha pelos bancos se deu pela abrangência de indexação das bases,
e a delimitação temporal se justica pela necessidade de identicar como a
temática é tratada atualmente. Os critérios de elegibilidade foram: temática
artigos internacionais que tratam sobre mulheres na política; produção do tipo
artigo ou revisão; período da publicação 2015 a 2020; idioma dos artigos
inglês ou espanhol.
Cada plataforma possui uma diferente forma de busca. No Scopus, selecio-
nou-se a busca para documentos, nos descritores utilizou-se women in politics
ou woman in politics”, no título do artigo, resumo e palavras-chaves. Na aba
limites, selecionou o período de publicação do artigo: 2015 a 2020. No ltro
tipo de documento: artigo ou revisão, e no tipo de acesso: acesso aberto. Na
busca foram encontrados 33 artigos.
Na base Web of Science, foi realizada a busca no item pesquisa básica.
Utilizaram-se os descritores no tópico item: women in politics ou woman
in politics”, pesquisando no título, resumo, nas palavras-chave do autor e no
keywords Plus. Selecionou-se o período de 2015 a 2020 no tópico tempo estipu-
lado. Após realização da pesquisa, foram selecionados os ltros: artigos como
tipo de documentos e acesso aberto. Foram encontrados 43 artigos nessa base.
Na segunda fase, foi realizada a leitura dos títulos e resumos dos artigos
selecionados na primeira fase. Foram excluídos os artigos que não atendiam
aos critérios de elegibilidade no quesito idiomas do artigo, sendo 04 artigos
no Scopus e 09 artigos no Web of Science. Foram realizadas a exclusão dos
artigos em duplicidade, em um total de 14 artigos. Assim foram selecionados
49 artigos.
Na terceira fase, realizou-se a leitura completa dos 49 artigos e foram ex-
cluídos os artigos que não se enquadravam na temática proposta: mulheres
na política, sendo 07 artigos excluídos. Desse modo, foram selecionados para
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 184
a pesquisa 42 artigos nas duas bases de periódicos. A Figura 1 apresenta a
sistematização desse processo:
FIGURA 1 Fases de seleção do corpus da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa.
A Figura 2 apresenta o corpus da pesquisa e mostra que uma concentração
no número de artigos nos anos de 2018 (15 artigos) e 2019 (12 artigos). Os
estudos são variados e mostram a realidade de vários países do mundo. Porém
verica-se que a autora Krook apresenta cinco estudos sobre violência contra
mulheres na política, podendo ser considerada como referência no assunto.
3APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Para a análise dos dados, foi realizada novamente a leitura dos 42 artigos
encontrados. Eles foram divididos em 04 categorias, de acordo com a familia-
ridade das temáticas abordadas nos estudos sobre mulheres na política, am
de melhor organização dos dados da pesquisa.
4PARTICIPAÇÃO DE MULHERES NA POLÍTICA
A primeira categoria traz artigos que abordam acerca da participação das
mulheres na política. É a temática que concentra o maior número de artigos.
As pesquisas encontradas analisaram a representação das mulheres na po-
lítica de vários países, como: Ucrânia (Antoniuk, 2015), Sérvia (Bogdanović,
2016), países do Caribe Anglófono (Barrow-Giles, 2015), países da Ásia (In-
guanzo, 2016), Croácia, Eslovênia e países da União Europeia (Felger; Le-
singer; Tanta, 2017), Portugal (Almeida, 2018), Quênia (Opoku; Anyango;
Alupo, 2018), Alemanha (Baskaran; Hessami, 2018), Japão (Suzuki; Avellane-
da, 2018), Índia (Jensenius, 2016; Kalaramadam, 2018), Senegal (Riley, 2019),
Em meio ao domínio masculino
|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |185
FIGURA 2 Corpus da Pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa.
países mulçumanos da Ásia Central (Moniruzzaman; Farzana, 2019), países
europeus (Goddard, 2019) e Peru (Schmidt, 2020).
A partir dos estudos analisados, vericou-se que, mesmo com a introdução
de políticas institucionais para maior participação das mulheres, como as cotas
eleitorais, não houve resultados visíveis ou mudanças nas estruturas dos sis-
temas políticos dos países. Dessa forma, para Barrow-Giles (2015), apesar da
assinatura de vários tratados internacionais de equidade de gênero, os países
falharam em criar políticas institucionais para o aumento da participação das
mulheres na política.
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 186
As pesquisas mostraram que a política é considerada como um ambiente
dominado pelos homens e caracterizado pela segregação sexual (Barrow-Giles,
2015; Opoku; Anyango; Alupo, 2018). A partir disso, percebeu-se que grande
parte dos países ainda possuem valores patriarcais, limitando os acessos das
mulheres nos espaços políticos (Bogdanović, 2016; Opoku; Anyango; Alupo,
2018).
Nesse sentido, Felger, Lesinger e Tanta (2017) vericaram que a razão para
a baixa participação das mulheres se pelo papel tradicional que as mantém
longe dos espaços de poder político. Mesmo as mulheres que participam da
política são ainda as principais responsáveis pelas atividades do lar e com a
família (Bogdanović, 2016).
Apesar de ser evidente a evolução dos direitos das mulheres, ainda um
longo caminho a ser conquistado para a equidade de gênero na política, que
a representação das mulheres ainda é muito baixa (Almeida, 2018).
Dentre as diculdades enfrentadas pelas mulheres, as pesquisas pontuam:
estruturas partidárias (Almeida, 2018), falta de compromisso de seguir as leis
de gênero na política (Antoniuk, 2015; Opoku; Anyango; Alupo, 2018); falta de
vontade de velhos políticos que impedem as mudanças no sistema (Antoniuk,
2015); obrigações familiares, falta de conança e falta de credibilidade (Bog-
danović, 2016); falta de recursos nanceiros para as mulheres a m de auxiliar
nos custos de atividades políticas; ambiente político marcado por violência, o
que desencoraja a participação de mais mulheres (Opoku; Anyango; Alupo,
2018); estereótipo de que as mulheres devem ser femininas (Riley, 2019) ou
são gentis demais para a política (Bogdanović, 2016).
Para melhorar a representação de mulheres na política, de acordo com a
pesquisa de Antoniuk (2015), é necessário adotar uma legislação apropriada
e realizar uma ampla campanha na comunidade para a aceitação pública e
suporte às candidatas. Além disso, Almeida (2018) propõe que a participação
de mulheres em grupos independentes seria uma alternativa às diculdades
enfrentadas por elas nos partidos políticos.
Algumas pesquisas buscaram vericar se a participação anterior de mulhe-
res na política ou em outros espaços de poder inuencia na posterior eleição de
outras mulheres (Baskaran; Hessami, 2018; Suzuki; Avellaneda, 2018; Kalara-
madam, 2018). Como resultados, as mulheres avançam mais se anteriormente
Em meio ao domínio masculino
|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |187
os cargos forem ocupados por outras mulheres. Isso se pelo fato de que o su-
cesso de uma mulher na política diminui o preconceito do voto nas candidatas
(Baskaran; Hessami, 2018).
Por m, as pesquisas mostraram que as mulheres têm uma participação
signicativa na política informal, como em ONGs e movimentos, e podem ser
uma boa oportunidade para a inserção de mais mulheres na política. Bog-
danović (2016) vericou que as mulheres possuem um maior engajamento no
ativismo político e seu efeito que fazem elas passarem de invisíveis para visíveis
na sociedade. Moniruzzaman e Farzana (2019) perceberam que a partici-
pação informal, como em ONGs, das mulheres em países muçulmanos da Ásia
Central registra melhor visibilidade para as mulheres na política.
Portanto o que se percebe, ao analisar as pesquisas dessa temática, é que as
mulheres são sub-representadas na política, com pouca participação delas nesse
ambiente e enfrentam muitas diculdades quando adentram esse ambiente.
5VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA POLÍTICA
De acordo com Krook (2018a), em 2012, a Bolívia foi o primeiro país do mundo
a criminalizar a violência sofrida pelas mulheres na política. Após esse fato,
a temática começou a ser abordada nas convenções, bem como a ser tratada
em pesquisas acadêmicas, com o objetivo de conceituar o fenômeno, teorizar a
origem, mapear suas formas de manifestação e criar soluções para combatê-la.
Piscopo (2016) reforça a importância e urgência da abordagem sobre violência
contra as mulheres na política.
A violência contra as mulheres na política (VCMP) pode ser considerada
como uma ameaça à democracia, devendo haver iniciativas do Legislativo dos
países para combater a violência e maior mobilização da mídia para expor e
combater os casos (Krook; Sanín, 2016a; Krook, 2018b).
Porém a conceptualização desse fenômeno ainda possui ambiguidades (Kro-
ok; Sanín, 2019). De acordo com Ballington (2018), mesmo com a gravidade e
com o aumento da violência contra as mulheres na política, não estatísticas
globais ou mensurações disponíveis na prevalência e incidência, bem como não
um senso comum nas denições e indicadores.
Dessa forma, Piscopo (2016) faz críticas ao artigo escrito por Krook e
Sanín (2016a) na conceituação do fenômeno da violência contra as mulheres
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 188
na política, armando que as autoras aceitaram as denições do fenômeno
feita por ativistas. Além disso, defende que esse fenômeno pode ser explicado
pela violência contra políticos e pela violência na sociedade. Por m, Piscopo
defende que alguns autores negligenciam o contexto sociopolítico mais amplo e
ignoram a complexidade da violência, a impunidade e a capacidade do Estado
na América Latina.
Em um novo artigo, Krook e Sanín (2016b) respondem os questionamentos
de Piscopo (2016). As autoras defendem a união entre a teoria e a prática na
conceptualização dos fenômenos e armam que a pesquisa foi realmente inspi-
rada pelo trabalho de mulheres políticas e ativistas, usando seus entendimentos
como ponto de partida para a análise, porém se baseando em literaturas aca-
dêmicas. Além disso, sustentam que a violência contra as mulheres na política
é um fenômeno separado da violência contra políticos e da sociedade em geral,
que tem a intenção de mostrar para as mulheres e a sociedade que elas não
deveriam fazer parte da política.
Krook e Sanín (2016b) explicam que, enquanto as ativistas na América
Latina enquadraram a violência contra as mulheres na política como crime
eleitoral, esses atos certamente devem ter dimensões criminais, representando
um sério desao à democracia, direitos humanos e igualdade de gênero. Defen-
dem que a legislação pode ser valiosa, mesmo se houver pouca implementação,
pois a lei estabelece que o comportamento em questão está errado, validan-
do a VCMP como um problema e capacitando as vítimas para obter alguma
medida de justiça, ainda que imperfeita.
Nesse sentido, Krook e Sanín (2019) consideram a violência contra as mu-
lheres na política como originada da violência estrutural e como uma barreira
para a participação das mulheres na política. As autoras então desenvolveram
uma abordagem empírica para identicar casos de violência contra as mu-
lheres. Foram identicados cinco tipos de VCMP: física, psicológica, sexual,
econômica e semiótica.
Detectaram-se seis critérios para identicar a violência: o ofensor faz co-
mentários orais, declarações escritas ou gestos de discriminação; o ofensor deixa
desenhos, símbolos ou grates discriminantes; a vítima estava engajada em ati-
vidades relacionadas com seu grupo identitário; o ofensor estava previamente
envolvido em um incidente similar ou é membro de grupo de ódio; grande parte
Em meio ao domínio masculino
|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |189
da comunidade percebe o evento como discriminação; e a vítima foi avaliada
negativamente de acordo com o padrão (Krook; Sanín, 2019).
As autoras defendem que o conhecimento das várias formas de violência
auxilia no desenvolvimento das soluções, com novas legislações e na revisão
das existentes (Krook; Sanín, 2019).
Com isso, vericou-se que diferentes violências vivenciadas pelas dife-
rentes mulheres na política, podendo a teoria interseccional ser utilizada como
base para a denição desse fenômeno. A justicativa é que as mulheres não
possuem apenas uma identidade, sendo impactadas de diversas formas pela
intersecção de estruturas de opressão (Kuperberg, 2018).
A experiência da violência contra mulher na política pode variar de acordo
com o contexto, podendo ser pela habilidade, sexualidade, raça e etnia, re-
ligião, linguagem, religião, geograa e posicionamento político. Dessa forma,
uma abordagem interseccional da violência contra mulher na política encoraja
pesquisas que buscam identicar discursos violentos por grupos marginalizados
na política (Kuperberg, 2018).
Apesar dos benefícios da tipicação da violência contra as mulheres na
política, essas denições legais apenas levam em consideração parte da pers-
pectiva de como as vítimas experimentam a violência, além de considerar a
violência como ações pontuais. Isso quer dizer que, na maior parte dos casos,
diferentes manifestações de violência para a mesma vítima, e isso não é
levado em consideração na lei (Sanín, 2018).
Ao analisar a situação britânica acerca da VCMP, vericou-se que a violên-
cia contra mulheres na política pode afetar a efetividade do trabalho realizado
pelas mulheres na política e ser considerado como uma barreira para o sucesso
na carreira política das mulheres. E pode trazer implicações na representa-
ção das mulheres, distorcer a conduta política e diminuir a transparência e a
responsabilidade (Krook, 2018b).
Rheault, Rayment e Musulan (2019) vericaram os insultos e comentá-
rios depreciativos que são enviados para pessoas que se envolvem na política e
a diferença entre mulheres e homens nos Estados Unidos e Canadá. A pesqui-
sa mostrou que as mulheres que alcançam posições mais altas na política são
mais propensas a receber mensagens incivis do que seus colegas homens.
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 190
Como soluções para o combate à violência contra as mulheres na política,
o Estado não pode oferecer apenas um meio de combater a violência, que as
autoras enfatizam que estratégias multifacetadas são necessárias, envolvendo
uma série de atores para combater as muitas formas de atos de violência (Kro-
ok; Sanín, 2016b). Dessa forma, a VCMP não deveria ser apenas entendida
como uma violação para as mulheres, mas também para a prática eleitoral e
para os princípios democráticos (Sanín, 2018).
6MULHERES NA POLÍTICA E REPRESENTAÇÃO NAS MÍDIAS
Algumas pesquisas abordaram a representação das mulheres políticas nas mí-
dias, sendo realizadas pesquisas na Inglaterra (O’neill; Savigny; Cann, 2016;
Murphy; Rek, 2019), no México (Treviño; Bonglio, 2016), na Polônia (Zemoj-
tel-Piotrowska *et al*., 2017; Turska-Kawa; Olszanecka-Marmola, 2018), Hun-
gria e Romênia (Norocel, 2018), Malásia (Rajaratnam; Rycker, 2018), Costa
Rica (Bejarano, 2019), Indonésia (Susilo; Sugihartati, 2019), Equador (Pérez;
Villacis, 2019; Cárdenas, 2019), Espanha (Rodal; Fuertes, 2018).
Pérez e Villacis (2019) acreditam que as mulheres ainda carregam desi-
gualdades de gênero na política e a cobertura da mídia é decisiva na imagem
que é apresentada dos candidatos, inuenciando a decisão dos cidadãos. Nesse
sentido, o que se percebe é que as mulheres que detêm ou aspiram uma posi-
ção no governo são avaliadas com base em preconceitos sexistas, para serem
desacreditadas pelo seu povo (Treviño; Bonglio, 2016).
Embora as mulheres tenham feito um progresso em sua representação na
política, seus interesses permanecem estritamente denidos e homogeneizados
em torno de visões patriarcais tradicionais. As mulheres na política ainda são
“alheias”, que algumas reportagens sobre mulheres se concentram mais na
aparência, reduzindo as mulheres a estereótipos, e os homens continuam a
dominar as reportagens políticas (O’neill; Savigny; Cann, 2016).
então o fortalecimento dos estereótipos de gênero das mulheres pe-
las mídias (O’neill; Savigny; Cann, 2016; Turska-Kawa; Olszanecka-Marmola,
2018; Susilo; Sugihartati, 2019).
Nesse sentido, as mulheres não são consideradas como pautas relevantes
e prioritárias (Bejarano, 2019). Verica-se que as mulheres estão se tornan-
do menos visíveis. Elas são citadas com menos frequência do que 20 anos,
Em meio ao domínio masculino
|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |191
quando havia menos mulheres no parlamento. Sobre o foco da cobertura, os
deputados homens aparecem 11% mais frequentes em reportagens políticas.
as mulheres parlamentares aparecem cerca de 14% mais frequentes em repor-
tagens relacionadas à sociedade ou eventos em geral (O’neill; Savigny; Cann,
2016).
Para Norocel (2018), uma predominância da questão da maternidade
para as mulheres que participam da política, reiterando a ideologia conserva-
dora esperada pelo tradicional papel das mulheres.
Rodal e Fuertes (2018) analisam o papel dos 11 noticiários de televisão na
construção da imagem de mulheres na política, a partir do caso de Carolina
Bescansa, que foi ao Congresso com seu bebê no dia em que o Parlamento
espanhol foi constituído. O objetivo foi vericar como as notícias foram divul-
gadas nos diferentes canais de televisão da Espanha: quais representantes dos
partidos políticos intervieram, quanto tempo eles receberam a palavra, e qual
foi especialmente o argumento utilizado pelos participantes, principalmente
para desqualicar a decisão da Bescansa.
Observou-se que Carolina e seu bebê foram os assuntos mais comentados na
mídia, naquele dia, sendo caracterizada como frívola que instrumentalizou seu
bebê. Pouco foi dito sobre o que ela propôs como tema de debate: a conciliação
entre vida pública e privada. O caso de Carolina mostra o estereótipo da
mãe-mulher que podem ser criticadas pelo pecado materno: usar seus lhos
para alcançar objetivos espúrios, para chamar a atenção das câmeras (Rodal;
Fuertes, 2018).
Por outro lado, alguns estudos mostraram melhorias na representação de
mulheres na mídia. Rajaratnam e Rycker (2018) mostraram que a represen-
tação das mulheres na política na mídia da Malásia mudou de notícias que
abordavam estereótipos de gênero para a construção de uma identidade polí-
tica. E os resultados do estudo de Murphy e Rek (2019) na Inglaterra sugerem
que, em média, as mulheres ganharam um pouco mais de cobertura da mídia
do que os homens, contrariando alguns estudos que armavam que as mulheres
candidatas tinham uma cobertura menor na mídia.
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 192
7MULHERES NA POLÍTICA E FEMINISMOS
Na última temática, os artigos tratam de questões relacionadas às mulheres na
política com os movimentos feministas e sua efetividade na participação das
mulheres nesse ambiente. Os estudos foram realizados no Paraguai (Villarga,
2015), Canadá e Estados Unidos (Maillé, 2015), Estados Unidos (Aygün, 2017)
e Inglaterra (Berthezène; Gottlieb, 2019).
As pesquisas trazem dados que mostram que a atuação dos movimentos
feministas não apresenta um impacto real no aumento do número de mulheres
eleitas na política, rearmando a necessidade de políticas mais efetivas (Villar-
ga, 2015; Maillé, 2015). Para Villarga (2015), isso pode ser explicado pelo fato
de o movimento levantar questões polêmicas (legalização do aborto, reforma
agrária, agrotóxicos, adoção entre casais do mesmo sexo) em países com um
eleitorado conservador, como o Paraguai, onde foi realizada a pesquisa.
Berthezène e Gottlieb (2019) também pontuam que os partidos conser-
vadores utilizam o discurso político do feminismo neoliberal para a atuação
das mulheres na política. Na Inglaterra, muitas mulheres são conservadoras,
mesmo apoiando políticas que podem ser entendidas como feministas.
no que diz respeito às iniciativas de movimentos femininos, verica-se
que eles trabalham a favor da promoção da mulher na política, porém os grupos
resumem suas atividades em uma tentativa de treinar mulheres para a política
eleitoral. Esses grupos não mobilizam para a solicitação das cotas de gênero
na política, auxiliando na permanência da estrutura que exclui as mulheres do
poder (Maillé, 2015).
8CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objetivo a realização de uma revisão sistemática da
produção cientíca internacional sobre mulheres na política, para entender
como é estudada essa temática e fomentar futuras pesquisas para a área de
administração. Os 42 artigos selecionados para esta pesquisa mostram que
uma diversidade de contextos, de países, de autoria e de abordagens para a
temática mulheres na política nas publicações internacionais.
Os artigos foram agrupados em quatro categorias, de acordo com a fa-
miliaridade das temáticas abordadas: participação de mulheres na política;
Em meio ao domínio masculino
|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |193
violência contra as mulheres na política; mulheres na política e representação
nas mídias; e mulheres na política, normas sociais e feminismos.
Na categoria “Participação de mulheres na política”, percebeu-se que
uma sub-representação de mulheres em todos os países estudados, comprovan-
do que a política ainda é uma arena dominada pelos homens e pelo masculino.
Por conta disso, as mulheres vivenciam diculdades e têm que lidar com este-
reótipos de gênero nesse ambiente.
Além disso, vericou-se que a implementação de políticas públicas em
vários países, principalmente de cotas, na tentativa de aumentar a represen-
tação delas. Porém os estudos mostram que essas tentativas falharam e não
resultaram em um aumento signicativo das mulheres na política. Por m, ve-
ricou-se que uma participação das mulheres na política informal, como em
ONG’s e outros movimentos, sendo considerada como uma opção de inserção
das mulheres na política.
Sobre a categoria “VCMP”, verica-se que ainda é uma abordagem em
construção, com a tentativa dos pesquisadores na conceituação, mensuração e
criminalização da violência contra as mulheres nesse espaço. Apesar dos estu-
dos vericarem que a violência ocorre em todo o mundo, ainda são poucos os
países que possuem uma legislação e a reconhecem criminalmente. É interes-
sante notar que Krook apresenta cinco estudos, podendo ser considerada como
referência no assunto.
Acerca de “Mulheres na política e representação nas mídias”, a maioria dos
estudos comprovou o fato de as mulheres serem menos pautadas em assuntos
sobre a política, sendo retratadas pelos estereótipos de gênero nas mídias,
abordados principalmente sobre sua aparência, idade, maternidade, os relaci-
onamentos familiares ou amorosos. Ou seja, a mídia quando trata de mulheres
candidatas ou eleitas, traz assuntos não relacionados à política.
Por último, a categoria “Mulheres na política e feminismos” apresenta a im-
portância dos movimentos feministas na participação das mulheres na política.
Porém verica-se que a atuação das feministas não apresenta um impacto real
no aumento do número de mulheres eleitas na política, e isso pode ser expli-
cado pelos obstáculos enfrentados por elas para serem eleitas, por tratarem de
assuntos polêmicos e tentarem modicar questões conservadoras da sociedade.
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 194
Portanto este estudo contribui ao analisar a literatura sobre as mulheres na
política evidenciando que as pesquisas sobre essa temática estão aumentando
internacionalmente e que são múltiplas as abordagens, os contextos e catego-
rias temáticas que podem ser estudadas nesse ambiente ainda dominado pelos
homens.
Para futuras pesquisas, sugere-se que sejam realizados estudos sobre as
estruturas partidárias, que, segundo Almeida (2018), são ainda um obstácu-
lo para a presença de mulheres na política. Além disso, realizar estudos em
espaços como ONGs, que, de acordo com Moniruzzaman e Farzana (2019),
registram melhor visibilidade para as mulheres na política.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. A. D. F. P. Women mayors in Portugal: a case study in political
representation and citizenship. Revista de Sociologia e Política, v. 26,
n. 68, p. 27–42, 2018.
ANTONIUK, L. A new vision of Ukrainian politics or another political trick:
reections on the role of the electoral quota for women in Ukrai-
ne and its results. Eastern Journal of European Studies, v. 6, n. 2,
p. 131–158, 2015.
AYGÜN, A. Social norms and women in the labor force. Bogazici Journal:
Review of Social, Economic & Administrative Studies, v. 31, n. 1,
p. 43–58, 2017.
BALLINGTON, J. Turning the tide on violence against women in politics: how
are we measuring up?. Politics & Gender, v. 14, n. 4, p. 695–701.
BARDALL, G. Symbolic violence as a form of violence against women in po-
litics: a critical examination. Revista Mexicana de Ciencias Políticas
y Sociales, v. 65, n. 238, p. 379–389, 2019.
BARROW-GILES, C. Beyond the status quo, centring women in the West-
minster system in the Commonwealth Caribbean: a preliminary analysis.
Commonwealth & Comparative Politics, v. 53, n. 1, p. 49–70, 2015.
Em meio ao domínio masculino
|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |195
BASKARAN, T.; HESSAMI, Z. Does the election of a female leader clear
the way for more women in politics? American Economic Journal:
Economic Policy, v. 10, n. 3, p. 95–121, 2018.
BEJARANO, S. M. Derechos políticos de las mujeres: una incipiente acción
armativa en Costa Rica. Historia y Comunicación Social, v. 24, n. 1,
p. 29–41, 2019.
BERTHEZÈNE, C.; GOTTLIEB, J. V. Considering conservative women in
the gendering of modern British politics. Women’s History Review,
v. 28, n. 2, p. 189–193, 2019.
BIROLI, F.; QUINTELA, D. F. Divisão sexual do trabalho, separação e hie-
rarquização: contribuições para a análise do gênero das democracias.
Revista de Ciências Sociais Política & Trabalho, n. 53, p. 72–89, 2020.
BOGDANOVIĆ, M. Women in politics: the case of Serbia. Sociologija, v. 58,
n. 1, p. 113–125, 2016.
CÁRDENAS, G. P. Women in the legislative power of Ecuador: analysis from
verbal and non-verbal communication. Revista de Comunicación de
la SEECI, v. 49, p. 81–102, 2019.
GODDARD, D. Entering the men’s domain?: gender and portfolio allocation
in European governments. European Journal of Political Research,
v. 58, n. 2, p. 631–655, 2019.
INGUANZO, I. Las mujeres en las esferas políticas asiáticas. Análisis Político,
v. 29, n. 86, p. 74–94, 2016.
KALARAMADAM, S. Presence into participation and representation: gender
quotas in local governance in India. Journal of South Asian Develop-
ment, v. 13, n. 1, p. 1–23, 2018.
KROOK, M. L. Violence against women in politics: a rising global trend.
Politics & Gender, v. 14, n. 4, p. 673–675, 2018a.
KROOK, M. L. Westminster too: on sexual harassment in British politics. The
Political Quarterly, v. 89, n. 1, p. 65–72, 2018b.
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 196
KROOK, M. L.; SANIN, J. R. Gender and political violence in Latin Ameri-
ca: concepts, debates and solutions. Política y gobierno, v. 23, n. 1,
p. 127–162, 2016a.
KROOK, M.; SANIN, J. R. Violence against women in politics: a defense of
the concept. Política y gobierno, v. 23, n. 2, p. 459–490, 2016b.
KROOK, M. L.; SANÍN, J. R. The cost of doing politics?: analyzing violence
and harassment against female politicians. Perspectives on Politics,
v. 18, n. 3, p. 740–755, 2019.
KUPERBERG, R. Intersectional violence against women in politics. Politics
& Gender, v. 14, n. 4, p. 685–690, 2018.
JENSENIUS, F. R. Competing inequalities?: on the intersection of gender and
ethnicity in candidate nominations in Indian elections. Government
and Opposition, v. 51, n. 3, p. 440–463, 2016.
MAILLÉ, C. Feminist interventions in political representation in the United
States and Canada: training programs and legal quotas. European
journal of American studies, v. 10, n. 10–1, 2015.
MONIRUZZAMAN, M.; FARZANA, K. F. Religion, society and gendered-po-
litics in Central Asia: a comparative analysis. Intellectual Discourse,
v. 27, n. 1, p. 745–766, 2019.
NOROCEL, O. C. Antifeminist and “truly liberated”: conservative performan-
ces of gender by women politicians in Hungary and Romania. Politics
and Governance, v. 6, n. 3, p. 43–54, 2018.
MURPHY, J.; REK, B. Candidate gender and the media attention in the 2015
UK general election. Parliamentary Aairs, v. 72, n. 2, p. 290–311,
2019.
O’NEILL, D.; SAVIGNY, H.; CANN, V. Women politicians in the UK press:
not seen and not heard? Feminist Media Studies, v. 16, n. 2, p. 293–307,
2016.
Em meio ao domínio masculino
|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |197
OPOKU, M. P.; ANYANGO, B.; ALUPO, B. A. Women in politics in Kenya:
an analysis of participation and barriers. Multidisciplinary Journal
of Gender Studies, v. 7, n. 1, p. 1506–1530, 2018.
PISCOPO, J. M. State capacity, criminal justice, and political rights: rethin-
king violence against women in politics. Política y gobierno, v. 23,
n. 2, p. 437–458, 2016.
RHEAULT, L.; RAYMENT, E.; MUSULAN, A. Politicians in the line of re:
incivility and the treatment of women on social media. Research &
Politics, v. 6, n. 1, p. 1–7, 2019.
SCHMIDT, G. D. Are open or closed lists better for women?: comparing Lima
and the provinces in Peru. Apuntes, v. 86, p. 147–169, 2020.
RODAL, A. B.; FUERTES, M. S. The personal is political: a baby in the
session of constitution of the general courts: the television treatment
of the case of Carolina Bescansa and her son. Vivat Academia, n. 142,
p. 79–96, 2018.
SANÍN, J. R. The law and violence against women in politics. Politics &
Gender, v. 14, n. 4, p. 676–680, 2018.
SUSILO, D.; SUGIHARTATI, R. Being power and powerless: dynamics on
Indonesian women’s minister. Humanities & Social Sciences Reviews,
v. 7, n. 5, p. 551–555, 2019.
SUZUKI, K.; AVELLANEDA, C. N. Women and risk-taking behaviour in local
public nance. Public Management Review, v. 20, n. 12, p. 1741–1767,
2018.
RILEY, E. J. The Politics of Terànga: gender, hospitality, and power in Se-
negal. PoLAR: Political and Legal Anthropology Review, v. 42, n. 1,
p. 110–124, 2019.
TREVIÑO, M. E. F.; BONFIGLIO, J. M. I. Desigualdad de género en la
política mexicana. Revista de Estudos da Linguagem, v. 24, n. 3,
p. 923–953, 2016.
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 198
TURSKA-KAWA, A.; OLSZANECKA-MARMOLA, A. Stereotypes determi-
ning perceptions of female politicians: the case of Poland. Politics in
Central Europe, v. 14, n. 3, p. 7–30, 2018.
VILLARGA, S. C. De residentas a presidentas: la procelosa participación de
la mujer paraguaya en la política y la emergencia del movimien-
to político feminista Kuña Pyrenda. Ciencia Política, v. 10, n. 20,
p. 219–241, 2015.
ZEMOJTEL-PIOTROWSKA, M. A. et al. Corruption and sexual scandal:
The importance of politician gender. Annals of Psychology, v. 33,
n. 1, p. 133–141, 2017.
ResearchGate has not been able to resolve any citations for this publication.
Article
Full-text available
Women political participation is understood to be a part of civic rights but their participation is hindered by various factors. Numerous researchers have claimed that Islam as a religion, Muslim social culture and tradition inhibit women from political participation in Muslim societies. However, there are a number of Muslim majority countries where women occupy the highest public offices and head ministries. How can this contradiction be explained. This article examines women political participation in Central Asian Muslim republics by looking at socioeconomic, parliamentary representation and informal participation factors. The study argues that socioeconomic factors in the republics still do not allow much liberal public space for women to take part in politics; however, in terms of parliamentary representation the republics maintains a record that sometimes are better off than many mature democracies. In terms of informal participation the region records better visibility of women in politics.
Article
Full-text available
Violence against women in politics is increasingly recognized around the world as a significant barrier to women’s political participation, following a troubling rise in reports of assault, intimidation, and abuse directed at female politicians. Yet conceptual ambiguities remain as to the exact contours of this phenomenon. In this article, we seek to strengthen its theoretical, empirical, and methodological foundations. We propose that the presence of bias against women in political roles—originating in structural violence, employing cultural violence, and resulting in symbolic violence—distinguishes this phenomenon from other forms of political violence. We identify five types of violence against women in politics—physical, psychological, sexual, economic, and semiotic—and three methodological challenges related to underreporting, comparing men’s and women’s experiences, and intersectionality. Inspired by the literature on hate crimes, we develop an empirical approach for identifying cases of violence against women in politics, offering six criteria to ascertain whether an attack was potentially motivated by gender bias. We apply this framework to analyze three cases: the assassination of Benazir Bhutto, the impeachment of Dilma Rousseff, and the murder of Jo Cox. We conclude with the negative implications of violence against women in politics and point to emerging solutions around the globe.
Article
Full-text available
Este artículo analiza la discusión política y periodística que suscitó una moción presentada en la Asamblea Legislativa de Costa Rica, en 1954, que pretendía que se dispusiera por Ley, un puesto de cinco posibles, para una mujer en la junta directiva de una institución autónoma. Aunque para entonces, la Constitución Política amparaba el derecho de las costarricenses de ocupar cargos públicos, en el plenario legislativo salieron a la luz argumentos estereotipados que impidieron que esa propuesta se concretara. Se recurrió al análisis crítico del discurso como principal herramienta metodológica. Los ejemplares de Diario de Costa Rica y La República constituyen la fuente primaria del presente estudio, con su elección se buscó obtener una perspectiva equilibrada de los eventos debido a que la polarización política de la época, se trasladó a la prensa. El corpus lo conforman noticias, crónicas y entrevistas efectuadas a diputadas y diputados. También se analizaron las actas de las sesiones de la Asamblea Legislativa. En el curso de la investigación se identificó la creencia de que la aprobación de la ciudadanía en la Constitución Política (1949) garantizaría el acceso de las mujeres, de manera inmediata y sin restricciones, a cargos de alta responsabilidad. Este argumento obstaculizó por décadas el acceso efectivo de mujeres a puestos de decisión política. El artículo denomina la moción presentada por el diputado Echandi Jiménez como “una incipiente acción afirmativa”, debido a que constituye un precedente de lo que se conocerían como acciones de discriminación positiva a finales del siglo XX.
Article
Full-text available
Introduction The article presents a historical analysis of the participation of women in Portuguese politics and reveals the positive effects of the introduction of the parity law in 2006. In the 2015 national elections, for the first time one third of the elected the Members of the Portuguese Parliament were women. However, in municipalities there is still a long way to go to reach this level of female political representation. Does the political system limit women’s access only to elected positions? Thus, important questions remain: why are women still a minority in local politics? What obstacles do they encounter? And what can be done to improve the situation? Materials and Methods For this investigation, data were collected on the electronic pages of municipalities and political parties, as well as in the press, to monitor the evolution of the presence of women in Portuguese local government, initially as members of the administrative commissions appointed to manage municipal councils from 1974 to the first elections that took place on December 12, 1976 and then as elected representatives from 1976 to the latest 2017 local elections, comparing this level with central government. Results The study of this group reveals higher educational levels and more specialized jobs among women than among men, particularly in teaching and management. There is also discussion of partisan membership and it is revealed that left-wing parties invest more in women for local government than do right-wing parties. Discussion Although four decades have passed since the democratic regime was established, the representation of women in politics is still incipient. We present some examples of policy actions that can encourage the presence of women in local government and increase their role as active citizens.
Article
Full-text available
The aim of this study is to find out whether women in Polish politics are perceived through the prism of gender stereotypes. We conducted a two-stage empirical study (N=447) to investigate the kinds of qualities that young voters attribute to politicians in the context of gender stereotypes. Our findings correlated with a pattern of research that shows that female politicians are typically associated with "female issues" and seen in terms of stereotypically feminine traits. The results of our survey showed gender solidarity, with female and male participants generally responding more positively to politicians of the same gender. There were also significant differences based on respondents' interest in politics; people interested in politics were, for example, significantly less likely to ascribe qualities related to political ability and self-composure to women. Finally, ideological identifications did not modify perceptions of female politicians but people who identified as right-wing more often viewed male politicians as politically capable, diligent, likeable and go-getters.
Article
Full-text available
A seemingly inescapable feature of the digital age is that people choosing to devote their lives to politics must now be ready to face a barrage of insults and disparaging comments targeted at them through social media. This article represents an effort to document this phenomenon systematically. We implement machine learning models to predict the incivility of about 2.2 m messages addressed to Canadian politicians and US Senators on Twitter. Specifically, we test whether women in politics are more heavily targeted by online incivility, as recent media reports suggested. Our estimates indicate that roughly 15% of public messages sent to Senators can be categorized as uncivil, whereas the proportion is about four points lower in Canada. We find evidence that women are more heavily targeted by uncivil messages than men, although only among highly visible politicians.
Article
Full-text available
While all government portfolios used to be the purview of men exclusively, more and more women are selected to sit around the cabinet table. But under which circumstances do women get appointed to different ministerial portfolios? This article, proposes a theoretical framework to consider how party leaders’ attitudes and motivations influence the allocation of portfolios to male and female ministers. These propositions are tested empirically by bringing together data on 7,005 cabinet appointments across 29 European countries from the late 1980s until 2014. Considering the key partisan dynamics of the ministerial selection process, it is found that women are significantly less likely to be appointed to the ‘core’ offices of state, and ‘masculine’ and ‘neutral’ policy areas. However, these gender differences are moderated by the ideology of the party that allocates them. Women are more likely to be appointed to ‘masculine’ portfolios when a party's voters have more progressive gender attitudes. This theoretical framework and analysis enhances our understanding of women's access to the government, which has important implications for how ministers are selected, as well as how women are represented in the most powerful policy‐making positions in Europe.
Article
Danièle Kergoat e Helena Hirata definem a divisão sexual do trabalho como fundamento das relações sociais de sexo. Informado pela produção das autoras, este artigo analisa como os princípios regentes dessa divisão, o da separação – existem trabalhos de homens e de mulheres – e o da hierarquia – trabalhos de homens possuem maior valor social – produzem a dualidade entre esfera pública e doméstica. Observa-se, especialmente, a relação entre a divisão sexual do trabalho e a participação das mulheres na política, esfera ainda predominantemente masculina. São centrais para esta análise os conceitos de consubstancialidade e coextensividade, assim como o entendimento das autoras de que deslocamentos nas relações intersubjetivas não apontam necessariamente para processos de emancipação – os quais são necessariamente coletivos. Partindo dessas compreensões, a divisão sexual do trabalho e o gênero das democracias são analisados também por dados do contexto brasileiro. O artigo conclui que a) a divisão sexual do trabalho tem sido atualizada e não superada; b) ela é o fundamento dos obstáculos reiterados à participação política das mulheres; c) os conflitos em torno das demandas por participação permitem analisar a complexidade da dinâmica de dominação, composta por resistências e violência. Este trabalho corrobora a necessidade de se superar o “paradoxo de que tudo muda, mas nada muda”, analisando os “nós” da dominação em termos de gênero, classe e raça e evidenciando seu caráter móvel e conflitivo. Em um contexto de politização das desigualdades de gênero, os conflitos, resistências e renegociações, que constituem a dominação, se movem e se recolocam.
Article
Purpose of study: This paper aims to re-questioning the positions of Indonesia's woman ministers in the internet citizen's perspectives on responding to the news related to those woman ministers. Methodology: The current study used a qualitative research design. The multimodal analysis has been used as a key to implement analysis on a conversation on the internet. Using the pattern of Herring, the researcher has used the data from the Facebook comments section on the official web page of Detik.com, the pioneer of Indonesia's online news site from 1 January – 31 December 2017. Digital Discourse Analysis has been used to analyze those digital actions then coded, and classified. Result: The obtained results show that there is a prominent separation between the ministers who own political powers and those who are considered not possess strong power in Indonesia's political arena. Implications/Applications: In observing those digital actions, this article will utilize limited mapping on Facebook commentary section on the official web page of Detik.com, the pioneer of Indonesia's online news site.