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|Conexão Política |Teresina(PI) |v.12, n.1, jan./jun.–2023 |https://doi.org/10.26694/2317-3254.rcp.v12i1.5630 |181
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EM MEIO AO DOMÍNIO MASCULINO
UMA REVISÃO SISTEMÁTICA INTERNACIONAL
SOBRE MULHERES NA POLÍTICA
Marcella Barbosa Miranda Teixeira∗
Carolina Maria Mota-Santos†
Resumo: Este artigo tem como objetivo a realização de uma revisão sistemática
da produção cientíca internacional sobre mulheres na política, para entender como
é estudada essa temática e fomentar futuras pesquisas para a área de administra-
ção. As bases de dados consultadas foram Scopus eWeb of Sciences, utilizando os
descritores “mulher na política” e “mulheres na política”. Foram encontrados 76
artigos nas bases, dos quais 42 foram selecionados de acordo com os critérios de ele-
gibilidade. Como resultado, cou evidenciado que as pesquisas sobre as mulheres na
política estão aumentando internacionalmente e que são múltiplas as abordagens,
os contextos e categorias temáticas que podem ser estudadas nesse ambiente ainda
dominado pelos homens.
Palavras-chave: mulheres na política; sub-representação; revisão sistemática; li-
teratura internacional.
IN THE MIDDLE OF MALE DOMAIN: A SYSTEMATIC
INTERNATIONAL REVIEW OF WOMEN IN POLITICS
Abstract: This article aims to conduct a systematic review of international sci-
entic production on women in politics, to understand how this topic is studied
and to encourage future research for the administration area. The databases con-
sulted were Scopus and Web of Sciences, using the descriptors “women in politics”
and “women in politics”. 76 articles were found in the databases, of which 42 were
selected, according to the eligibility criteria. As a result, it became clear that re-
search on women in politics is increasing internationally and that there are multiple
approaches, contexts and thematic categories that can be studied in this space still
dominated by men.
Keywords: women in politics; underrepresentation; systematic review; interna-
tional literature.
∗Doutora em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da PUC
Minas (2022). Mestra em Administração pelo Programa de Pós-Graduação em Administração
do CEFET/MG (2018). Atualmente é Secretária Executiva do Programa de Pós-Graduação
em Saúde e Nutrição da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Integrante do Núcleo
de Estudos em Recursos Humanos e Relações de Trabalho (NERHURT) do PPGA da PUC
Minas.
†Doutora em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais / Fundação
Dom Cabral (2012). Mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais / Fundação Dom Cabral (2007). Atualmente é professora do PPGA – Programa
de Pós-Graduação em Administração da PUC Minas e professora Adjunto IV da Faculdade
de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica de MG. Líder do NERHURT – Núcleo de
Estudos em Recursos Humanos e Relações de Trabalho do Programa de Pós-graduação em
Administração.
Marcella Barbosa Miranda Teixeira Carolina & Maria Mota-Santos
Partidos Políticos e Eleições 182
1INTRODUÇÃO
As mulheres iniciaram a vida na política, principalmente pela luta dos mo-
vimentos feministas, em princípio graças à luta e à pressão das feministas
sufragistas. Esse movimento abriu espaço para as mulheres na vida pública
(Vaz, 2008; Pinto, 2010).
Porém, Mota e Biroli (2014) armam que esse cenário de necessidade de
luta das mulheres para atuação na vida pública trouxe como consequência a
sub-representação de mulheres na política, pela herança histórica da divisão
sexual do trabalho e dos papéis desempenhados por mulheres e homens na
sociedade.
Atualmente, as mulheres são minoria nos parlamentos do mundo (Vaz,
2008; Oliveira, 2014; Reyes; Álvarez, 2016; Folke; Rickne, 2016; Rodal; Fuer-
tes, 2018; Ibge, 2021) e continuam a enfrentar vários obstáculos em sua luta
por maior igualdade política (Barrow-Giles, 2015). Elas constituem mais da
metade da população do mundo, mas sua representação na arena política tem
sido consistentemente e signicativamente menor em comparação aos homens
(Opoku; Anyango; Alupo, 2018).
Ou seja, apesar do notável progresso nas últimas décadas, alcançado pe-
la luta dos movimentos feministas, as mulheres continuam sub-representadas
na política, além de enfrentar discriminação nessa arena (Baskaran; Hessami,
2018). De acordo com IPU (2019) e UN Women (2019), ainda são poucos os
países do mundo que possuem uma representação maior ou mais equitativa de
mulheres.
De acordo com Almeida (2018), era de se esperar que o processo de demo-
cratização trouxesse a igualdade de direitos e a representação para homens e
mulheres, fato que ainda não aconteceu. Com isso, as mulheres têm seu papel
ainda invisível nesse ambiente, pois a política tem sido historicamente conside-
rada uma atividade masculina e dos homens (Susilo; Sugihartati, 2019; Biroli;
Quintela, 2021).
Diante da importância da atuação das mulheres na política e da sua sub-re-
presentação nesse ambiente, este artigo teve como objetivo realizar uma revisão
sistemática da produção cientíca internacional sobre mulheres na política, pa-
ra entender como é estudada essa temática e fomentar futuras pesquisas para
a área de administração.
Em meio ao domínio masculino
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2MÉTODO
A revisão sistemática foi realizada por meio da busca nos bancos de dados
eletrônicos de artigos cientícos Scopus eWeb of Science sobre as mulheres na
política no período de 2015 a 2020. A estratégia de busca pelos artigos utilizou
os descritores na língua inglesa: “women in politics” (mulheres na política) ou
“woman in politics” (mulher na política).
A escolha pelos bancos se deu pela abrangência de indexação das bases,
e a delimitação temporal se justica pela necessidade de identicar como a
temática é tratada atualmente. Os critérios de elegibilidade foram: temática –
artigos internacionais que tratam sobre mulheres na política; produção do tipo
– artigo ou revisão; período da publicação – 2015 a 2020; idioma dos artigos –
inglês ou espanhol.
Cada plataforma possui uma diferente forma de busca. No Scopus, selecio-
nou-se a busca para documentos, nos descritores utilizou-se “women in politics”
ou “woman in politics”, no título do artigo, resumo e palavras-chaves. Na aba
limites, selecionou o período de publicação do artigo: 2015 a 2020. No ltro
tipo de documento: artigo ou revisão, e no tipo de acesso: acesso aberto. Na
busca foram encontrados 33 artigos.
Na base Web of Science, foi realizada a busca no item pesquisa básica.
Utilizaram-se os descritores no tópico item: “women in politics” ou “woman
in politics”, pesquisando no título, resumo, nas palavras-chave do autor e no
keywords Plus. Selecionou-se o período de 2015 a 2020 no tópico tempo estipu-
lado. Após realização da pesquisa, foram selecionados os ltros: artigos como
tipo de documentos e acesso aberto. Foram encontrados 43 artigos nessa base.
Na segunda fase, foi realizada a leitura dos títulos e resumos dos artigos
selecionados na primeira fase. Foram excluídos os artigos que não atendiam
aos critérios de elegibilidade no quesito idiomas do artigo, sendo 04 artigos
no Scopus e 09 artigos no Web of Science. Foram realizadas a exclusão dos
artigos em duplicidade, em um total de 14 artigos. Assim foram selecionados
49 artigos.
Na terceira fase, realizou-se a leitura completa dos 49 artigos e foram ex-
cluídos os artigos que não se enquadravam na temática proposta: mulheres
na política, sendo 07 artigos excluídos. Desse modo, foram selecionados para
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Partidos Políticos e Eleições 184
a pesquisa 42 artigos nas duas bases de periódicos. A Figura 1 apresenta a
sistematização desse processo:
FIGURA 1 Fases de seleção do corpus da pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa.
A Figura 2 apresenta o corpus da pesquisa e mostra que há uma concentração
no número de artigos nos anos de 2018 (15 artigos) e 2019 (12 artigos). Os
estudos são variados e mostram a realidade de vários países do mundo. Porém
verica-se que a autora Krook apresenta cinco estudos sobre violência contra
mulheres na política, podendo ser considerada como referência no assunto.
3APRESENTAÇÃO DOS DADOS
Para a análise dos dados, foi realizada novamente a leitura dos 42 artigos
encontrados. Eles foram divididos em 04 categorias, de acordo com a familia-
ridade das temáticas abordadas nos estudos sobre mulheres na política, am
de melhor organização dos dados da pesquisa.
4PARTICIPAÇÃO DE MULHERES NA POLÍTICA
A primeira categoria traz artigos que abordam acerca da participação das
mulheres na política. É a temática que concentra o maior número de artigos.
As pesquisas encontradas analisaram a representação das mulheres na po-
lítica de vários países, como: Ucrânia (Antoniuk, 2015), Sérvia (Bogdanović,
2016), países do Caribe Anglófono (Barrow-Giles, 2015), países da Ásia (In-
guanzo, 2016), Croácia, Eslovênia e países da União Europeia (Felger; Le-
singer; Tanta, 2017), Portugal (Almeida, 2018), Quênia (Opoku; Anyango;
Alupo, 2018), Alemanha (Baskaran; Hessami, 2018), Japão (Suzuki; Avellane-
da, 2018), Índia (Jensenius, 2016; Kalaramadam, 2018), Senegal (Riley, 2019),
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FIGURA 2 Corpus da Pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa.
países mulçumanos da Ásia Central (Moniruzzaman; Farzana, 2019), países
europeus (Goddard, 2019) e Peru (Schmidt, 2020).
A partir dos estudos analisados, vericou-se que, mesmo com a introdução
de políticas institucionais para maior participação das mulheres, como as cotas
eleitorais, não houve resultados visíveis ou mudanças nas estruturas dos sis-
temas políticos dos países. Dessa forma, para Barrow-Giles (2015), apesar da
assinatura de vários tratados internacionais de equidade de gênero, os países
falharam em criar políticas institucionais para o aumento da participação das
mulheres na política.
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As pesquisas mostraram que a política é considerada como um ambiente
dominado pelos homens e caracterizado pela segregação sexual (Barrow-Giles,
2015; Opoku; Anyango; Alupo, 2018). A partir disso, percebeu-se que grande
parte dos países ainda possuem valores patriarcais, limitando os acessos das
mulheres nos espaços políticos (Bogdanović, 2016; Opoku; Anyango; Alupo,
2018).
Nesse sentido, Felger, Lesinger e Tanta (2017) vericaram que a razão para
a baixa participação das mulheres se dá pelo papel tradicional que as mantém
longe dos espaços de poder político. Mesmo as mulheres que participam da
política são ainda as principais responsáveis pelas atividades do lar e com a
família (Bogdanović, 2016).
Apesar de ser evidente a evolução dos direitos das mulheres, ainda há um
longo caminho a ser conquistado para a equidade de gênero na política, já que
a representação das mulheres ainda é muito baixa (Almeida, 2018).
Dentre as diculdades enfrentadas pelas mulheres, as pesquisas pontuam:
estruturas partidárias (Almeida, 2018), falta de compromisso de seguir as leis
de gênero na política (Antoniuk, 2015; Opoku; Anyango; Alupo, 2018); falta de
vontade de velhos políticos que impedem as mudanças no sistema (Antoniuk,
2015); obrigações familiares, falta de conança e falta de credibilidade (Bog-
danović, 2016); falta de recursos nanceiros para as mulheres a m de auxiliar
nos custos de atividades políticas; ambiente político marcado por violência, o
que desencoraja a participação de mais mulheres (Opoku; Anyango; Alupo,
2018); estereótipo de que as mulheres devem ser femininas (Riley, 2019) ou
são gentis demais para a política (Bogdanović, 2016).
Para melhorar a representação de mulheres na política, de acordo com a
pesquisa de Antoniuk (2015), é necessário adotar uma legislação apropriada
e realizar uma ampla campanha na comunidade para a aceitação pública e
suporte às candidatas. Além disso, Almeida (2018) propõe que a participação
de mulheres em grupos independentes seria uma alternativa às diculdades
enfrentadas por elas nos partidos políticos.
Algumas pesquisas buscaram vericar se a participação anterior de mulhe-
res na política ou em outros espaços de poder inuencia na posterior eleição de
outras mulheres (Baskaran; Hessami, 2018; Suzuki; Avellaneda, 2018; Kalara-
madam, 2018). Como resultados, as mulheres avançam mais se anteriormente
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os cargos forem ocupados por outras mulheres. Isso se dá pelo fato de que o su-
cesso de uma mulher na política diminui o preconceito do voto nas candidatas
(Baskaran; Hessami, 2018).
Por m, as pesquisas mostraram que as mulheres têm uma participação
signicativa na política informal, como em ONGs e movimentos, e podem ser
uma boa oportunidade para a inserção de mais mulheres na política. Bog-
danović (2016) vericou que as mulheres possuem um maior engajamento no
ativismo político e seu efeito que fazem elas passarem de invisíveis para visíveis
na sociedade. Já Moniruzzaman e Farzana (2019) perceberam que a partici-
pação informal, como em ONGs, das mulheres em países muçulmanos da Ásia
Central registra melhor visibilidade para as mulheres na política.
Portanto o que se percebe, ao analisar as pesquisas dessa temática, é que as
mulheres são sub-representadas na política, com pouca participação delas nesse
ambiente e enfrentam muitas diculdades quando adentram esse ambiente.
5VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NA POLÍTICA
De acordo com Krook (2018a), em 2012, a Bolívia foi o primeiro país do mundo
a criminalizar a violência sofrida pelas mulheres na política. Após esse fato,
a temática começou a ser abordada nas convenções, bem como a ser tratada
em pesquisas acadêmicas, com o objetivo de conceituar o fenômeno, teorizar a
origem, mapear suas formas de manifestação e criar soluções para combatê-la.
Piscopo (2016) reforça a importância e urgência da abordagem sobre violência
contra as mulheres na política.
A violência contra as mulheres na política (VCMP) pode ser considerada
como uma ameaça à democracia, devendo haver iniciativas do Legislativo dos
países para combater a violência e maior mobilização da mídia para expor e
combater os casos (Krook; Sanín, 2016a; Krook, 2018b).
Porém a conceptualização desse fenômeno ainda possui ambiguidades (Kro-
ok; Sanín, 2019). De acordo com Ballington (2018), mesmo com a gravidade e
com o aumento da violência contra as mulheres na política, não há estatísticas
globais ou mensurações disponíveis na prevalência e incidência, bem como não
há um senso comum nas denições e indicadores.
Dessa forma, Piscopo (2016) faz críticas ao artigo escrito por Krook e
Sanín (2016a) na conceituação do fenômeno da violência contra as mulheres
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na política, armando que as autoras aceitaram as denições do fenômeno
feita por ativistas. Além disso, defende que esse fenômeno pode ser explicado
pela violência contra políticos e pela violência na sociedade. Por m, Piscopo
defende que alguns autores negligenciam o contexto sociopolítico mais amplo e
ignoram a complexidade da violência, a impunidade e a capacidade do Estado
na América Latina.
Em um novo artigo, Krook e Sanín (2016b) respondem os questionamentos
de Piscopo (2016). As autoras defendem a união entre a teoria e a prática na
conceptualização dos fenômenos e armam que a pesquisa foi realmente inspi-
rada pelo trabalho de mulheres políticas e ativistas, usando seus entendimentos
como ponto de partida para a análise, porém se baseando em literaturas aca-
dêmicas. Além disso, sustentam que a violência contra as mulheres na política
é um fenômeno separado da violência contra políticos e da sociedade em geral,
já que tem a intenção de mostrar para as mulheres e a sociedade que elas não
deveriam fazer parte da política.
Krook e Sanín (2016b) explicam que, enquanto as ativistas na América
Latina enquadraram a violência contra as mulheres na política como crime
eleitoral, esses atos certamente devem ter dimensões criminais, representando
um sério desao à democracia, direitos humanos e igualdade de gênero. Defen-
dem que a legislação pode ser valiosa, mesmo se houver pouca implementação,
pois a lei estabelece que o comportamento em questão está errado, validan-
do a VCMP como um problema e capacitando as vítimas para obter alguma
medida de justiça, ainda que imperfeita.
Nesse sentido, Krook e Sanín (2019) consideram a violência contra as mu-
lheres na política como originada da violência estrutural e como uma barreira
para a participação das mulheres na política. As autoras então desenvolveram
uma abordagem empírica para identicar casos de violência contra as mu-
lheres. Foram identicados cinco tipos de VCMP: física, psicológica, sexual,
econômica e semiótica.
Detectaram-se seis critérios para identicar a violência: o ofensor faz co-
mentários orais, declarações escritas ou gestos de discriminação; o ofensor deixa
desenhos, símbolos ou grates discriminantes; a vítima estava engajada em ati-
vidades relacionadas com seu grupo identitário; o ofensor estava previamente
envolvido em um incidente similar ou é membro de grupo de ódio; grande parte
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da comunidade percebe o evento como discriminação; e a vítima foi avaliada
negativamente de acordo com o padrão (Krook; Sanín, 2019).
As autoras defendem que o conhecimento das várias formas de violência
auxilia no desenvolvimento das soluções, com novas legislações e na revisão
das já existentes (Krook; Sanín, 2019).
Com isso, vericou-se que há diferentes violências vivenciadas pelas dife-
rentes mulheres na política, podendo a teoria interseccional ser utilizada como
base para a denição desse fenômeno. A justicativa é que as mulheres não
possuem apenas uma identidade, sendo impactadas de diversas formas pela
intersecção de estruturas de opressão (Kuperberg, 2018).
A experiência da violência contra mulher na política pode variar de acordo
com o contexto, podendo ser pela habilidade, sexualidade, raça e etnia, re-
ligião, linguagem, religião, geograa e posicionamento político. Dessa forma,
uma abordagem interseccional da violência contra mulher na política encoraja
pesquisas que buscam identicar discursos violentos por grupos marginalizados
na política (Kuperberg, 2018).
Apesar dos benefícios da tipicação da violência contra as mulheres na
política, essas denições legais apenas levam em consideração parte da pers-
pectiva de como as vítimas experimentam a violência, além de considerar a
violência como ações pontuais. Isso quer dizer que, na maior parte dos casos,
há diferentes manifestações de violência para a mesma vítima, e isso não é
levado em consideração na lei (Sanín, 2018).
Ao analisar a situação britânica acerca da VCMP, vericou-se que a violên-
cia contra mulheres na política pode afetar a efetividade do trabalho realizado
pelas mulheres na política e ser considerado como uma barreira para o sucesso
na carreira política das mulheres. E pode trazer implicações na representa-
ção das mulheres, distorcer a conduta política e diminuir a transparência e a
responsabilidade (Krook, 2018b).
Já Rheault, Rayment e Musulan (2019) vericaram os insultos e comentá-
rios depreciativos que são enviados para pessoas que se envolvem na política e
a diferença entre mulheres e homens nos Estados Unidos e Canadá. A pesqui-
sa mostrou que as mulheres que alcançam posições mais altas na política são
mais propensas a receber mensagens incivis do que seus colegas homens.
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Como soluções para o combate à violência contra as mulheres na política,
o Estado não pode oferecer apenas um meio de combater a violência, já que as
autoras enfatizam que estratégias multifacetadas são necessárias, envolvendo
uma série de atores para combater as muitas formas de atos de violência (Kro-
ok; Sanín, 2016b). Dessa forma, a VCMP não deveria ser apenas entendida
como uma violação para as mulheres, mas também para a prática eleitoral e
para os princípios democráticos (Sanín, 2018).
6MULHERES NA POLÍTICA E REPRESENTAÇÃO NAS MÍDIAS
Algumas pesquisas abordaram a representação das mulheres políticas nas mí-
dias, sendo realizadas pesquisas na Inglaterra (O’neill; Savigny; Cann, 2016;
Murphy; Rek, 2019), no México (Treviño; Bonglio, 2016), na Polônia (Zemoj-
tel-Piotrowska *et al*., 2017; Turska-Kawa; Olszanecka-Marmola, 2018), Hun-
gria e Romênia (Norocel, 2018), Malásia (Rajaratnam; Rycker, 2018), Costa
Rica (Bejarano, 2019), Indonésia (Susilo; Sugihartati, 2019), Equador (Pérez;
Villacis, 2019; Cárdenas, 2019), Espanha (Rodal; Fuertes, 2018).
Pérez e Villacis (2019) acreditam que as mulheres ainda carregam desi-
gualdades de gênero na política e a cobertura da mídia é decisiva na imagem
que é apresentada dos candidatos, inuenciando a decisão dos cidadãos. Nesse
sentido, o que se percebe é que as mulheres que detêm ou aspiram uma posi-
ção no governo são avaliadas com base em preconceitos sexistas, para serem
desacreditadas pelo seu povo (Treviño; Bonglio, 2016).
Embora as mulheres tenham feito um progresso em sua representação na
política, seus interesses permanecem estritamente denidos e homogeneizados
em torno de visões patriarcais tradicionais. As mulheres na política ainda são
“alheias”, já que algumas reportagens sobre mulheres se concentram mais na
aparência, reduzindo as mulheres a estereótipos, e os homens continuam a
dominar as reportagens políticas (O’neill; Savigny; Cann, 2016).
Há então o fortalecimento dos estereótipos de gênero das mulheres pe-
las mídias (O’neill; Savigny; Cann, 2016; Turska-Kawa; Olszanecka-Marmola,
2018; Susilo; Sugihartati, 2019).
Nesse sentido, as mulheres não são consideradas como pautas relevantes
e prioritárias (Bejarano, 2019). Verica-se que as mulheres estão se tornan-
do menos visíveis. Elas são citadas com menos frequência do que há 20 anos,
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quando havia menos mulheres no parlamento. Sobre o foco da cobertura, os
deputados homens aparecem 11% mais frequentes em reportagens políticas. Já
as mulheres parlamentares aparecem cerca de 14% mais frequentes em repor-
tagens relacionadas à sociedade ou eventos em geral (O’neill; Savigny; Cann,
2016).
Para Norocel (2018), há uma predominância da questão da maternidade
para as mulheres que participam da política, reiterando a ideologia conserva-
dora esperada pelo tradicional papel das mulheres.
Rodal e Fuertes (2018) analisam o papel dos 11 noticiários de televisão na
construção da imagem de mulheres na política, a partir do caso de Carolina
Bescansa, que foi ao Congresso com seu bebê no dia em que o Parlamento
espanhol foi constituído. O objetivo foi vericar como as notícias foram divul-
gadas nos diferentes canais de televisão da Espanha: quais representantes dos
partidos políticos intervieram, quanto tempo eles receberam a palavra, e qual
foi especialmente o argumento utilizado pelos participantes, principalmente
para desqualicar a decisão da Bescansa.
Observou-se que Carolina e seu bebê foram os assuntos mais comentados na
mídia, naquele dia, sendo caracterizada como frívola que instrumentalizou seu
bebê. Pouco foi dito sobre o que ela propôs como tema de debate: a conciliação
entre vida pública e privada. O caso de Carolina mostra o estereótipo da
mãe-mulher que podem ser criticadas pelo pecado materno: usar seus lhos
para alcançar objetivos espúrios, para chamar a atenção das câmeras (Rodal;
Fuertes, 2018).
Por outro lado, alguns estudos mostraram melhorias na representação de
mulheres na mídia. Rajaratnam e Rycker (2018) mostraram que a represen-
tação das mulheres na política na mídia da Malásia mudou de notícias que
abordavam estereótipos de gênero para a construção de uma identidade polí-
tica. E os resultados do estudo de Murphy e Rek (2019) na Inglaterra sugerem
que, em média, as mulheres ganharam um pouco mais de cobertura da mídia
do que os homens, contrariando alguns estudos que armavam que as mulheres
candidatas tinham uma cobertura menor na mídia.
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Partidos Políticos e Eleições 192
7MULHERES NA POLÍTICA E FEMINISMOS
Na última temática, os artigos tratam de questões relacionadas às mulheres na
política com os movimentos feministas e sua efetividade na participação das
mulheres nesse ambiente. Os estudos foram realizados no Paraguai (Villarga,
2015), Canadá e Estados Unidos (Maillé, 2015), Estados Unidos (Aygün, 2017)
e Inglaterra (Berthezène; Gottlieb, 2019).
As pesquisas trazem dados que mostram que a atuação dos movimentos
feministas não apresenta um impacto real no aumento do número de mulheres
eleitas na política, rearmando a necessidade de políticas mais efetivas (Villar-
ga, 2015; Maillé, 2015). Para Villarga (2015), isso pode ser explicado pelo fato
de o movimento levantar questões polêmicas (legalização do aborto, reforma
agrária, agrotóxicos, adoção entre casais do mesmo sexo) em países com um
eleitorado conservador, como o Paraguai, onde foi realizada a pesquisa.
Berthezène e Gottlieb (2019) também pontuam que os partidos conser-
vadores utilizam o discurso político do feminismo neoliberal para a atuação
das mulheres na política. Na Inglaterra, muitas mulheres são conservadoras,
mesmo apoiando políticas que podem ser entendidas como feministas.
Já no que diz respeito às iniciativas de movimentos femininos, verica-se
que eles trabalham a favor da promoção da mulher na política, porém os grupos
resumem suas atividades em uma tentativa de treinar mulheres para a política
eleitoral. Esses grupos não mobilizam para a solicitação das cotas de gênero
na política, auxiliando na permanência da estrutura que exclui as mulheres do
poder (Maillé, 2015).
8CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objetivo a realização de uma revisão sistemática da
produção cientíca internacional sobre mulheres na política, para entender
como é estudada essa temática e fomentar futuras pesquisas para a área de
administração. Os 42 artigos selecionados para esta pesquisa mostram que há
uma diversidade de contextos, de países, de autoria e de abordagens para a
temática mulheres na política nas publicações internacionais.
Os artigos foram agrupados em quatro categorias, de acordo com a fa-
miliaridade das temáticas abordadas: participação de mulheres na política;
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violência contra as mulheres na política; mulheres na política e representação
nas mídias; e mulheres na política, normas sociais e feminismos.
Na categoria “Participação de mulheres na política”, percebeu-se que há
uma sub-representação de mulheres em todos os países estudados, comprovan-
do que a política ainda é uma arena dominada pelos homens e pelo masculino.
Por conta disso, as mulheres vivenciam diculdades e têm que lidar com este-
reótipos de gênero nesse ambiente.
Além disso, vericou-se que há a implementação de políticas públicas em
vários países, principalmente de cotas, na tentativa de aumentar a represen-
tação delas. Porém os estudos mostram que essas tentativas falharam e não
resultaram em um aumento signicativo das mulheres na política. Por m, ve-
ricou-se que há uma participação das mulheres na política informal, como em
ONG’s e outros movimentos, sendo considerada como uma opção de inserção
das mulheres na política.
Sobre a categoria “VCMP”, verica-se que ainda é uma abordagem em
construção, com a tentativa dos pesquisadores na conceituação, mensuração e
criminalização da violência contra as mulheres nesse espaço. Apesar dos estu-
dos vericarem que a violência ocorre em todo o mundo, ainda são poucos os
países que possuem uma legislação e a reconhecem criminalmente. É interes-
sante notar que Krook apresenta cinco estudos, podendo ser considerada como
referência no assunto.
Acerca de “Mulheres na política e representação nas mídias”, a maioria dos
estudos comprovou o fato de as mulheres serem menos pautadas em assuntos
sobre a política, sendo retratadas pelos estereótipos de gênero nas mídias,
abordados principalmente sobre sua aparência, idade, maternidade, os relaci-
onamentos familiares ou amorosos. Ou seja, a mídia quando trata de mulheres
candidatas ou eleitas, traz assuntos não relacionados à política.
Por último, a categoria “Mulheres na política e feminismos” apresenta a im-
portância dos movimentos feministas na participação das mulheres na política.
Porém verica-se que a atuação das feministas não apresenta um impacto real
no aumento do número de mulheres eleitas na política, e isso pode ser expli-
cado pelos obstáculos enfrentados por elas para serem eleitas, por tratarem de
assuntos polêmicos e tentarem modicar questões conservadoras da sociedade.
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Portanto este estudo contribui ao analisar a literatura sobre as mulheres na
política evidenciando que as pesquisas sobre essa temática estão aumentando
internacionalmente e que são múltiplas as abordagens, os contextos e catego-
rias temáticas que podem ser estudadas nesse ambiente ainda dominado pelos
homens.
Para futuras pesquisas, sugere-se que sejam realizados estudos sobre as
estruturas partidárias, que, segundo Almeida (2018), são ainda um obstácu-
lo para a presença de mulheres na política. Além disso, realizar estudos em
espaços como ONGs, que, de acordo com Moniruzzaman e Farzana (2019),
registram melhor visibilidade para as mulheres na política.
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