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Tecendo masakás e memórias de resistência na comunidade artesã da T.I Pataxó
de Coroa Vermelha, sul da Bahia1
Alicia Araújo da Silva Costa (UFSB)
Resumo
Este artigo é fruto de pesquisa de mestrado cujo objetivo foi etnografar os usos políticos
da arte cotidiana através das múltiplas expressões artísticas do povo Pataxó, no âmbito
do movimento político, artístico e intelectual denominado afirmação cultural. Em linhas
gerais, afirmação cultural significa retomar, a partir da memória dos mais velhos,
memórias e saberes artefatuais ancestrais que estavam adormecidos, transportando-os
diretamente para o tempo presente, onde são acionados como diacríticos da etnia Pataxó
para o fortalecimento das lutas. O locus da pesquisa é a Reserva Pataxó da Jaqueira,
comunidade artesã protagonista desse movimento no âmbito da atividade etnoturística,
mediante um vasto repertório de estratégias contracolonizadoras do campo da arte e da
educação étnico-racial, acionadas na construção de um outro regime nacional de memória
e alteridades. Neste artigo, destacaremos três dessas estratégias: a palestra de cultura, o
artesanato e o museu indígena da Jaqueira. Os resultados da pesquisa sugerem que a
retomada da memória biocultural na contemporaneidade propõe novas formas de
produção da arte e fortalece os movimentos decoloniais de resistência indígena, em um
contexto histórico permeado por intensos conflitos fundiários, especulação imobiliária e
turismo de massas predatório, na chamada Costa do Descobrimento.
Palavras-chave: memória biocultural; arte indígena; afirmação cultural; pataxó.
Introdução
Este trabalho apresenta e discute alguns resultados da pesquisa de mestrado que
originou a dissertação Tecendo o Viver Sossegado: as artes de rexistência da Reserva
Pataxó da Jaqueira2, defendida em 2020 no âmbito do Programa de Pós-graduação em
Estado e Sociedade (PPGES) da Universidade Federal do Sul da Bahia, atualmente sendo
realizada em nível de doutorado. O objeto do nosso interesse é a Arte3 enquanto
ferramenta de “rexistência”, ou seja, de resistência e existência do povo Pataxó.
Resistência no sentido de luta política, no contexto das chamadas retomadas de territórios
tradicionais e retomada da própria identidade étnica; e existência, aqui relacionada a
1 Trabalho apresentado no IV Encontro de Antropologia Visual da América Amazônica, realizado entre os
dias 17 e 20 de novembro de 2020, UFPA/Belém/PA.
2 Agradeço à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB pelo financiamento de ambas
as pesquisas, mestrado e doutorado (em andamento), cujos resultados parciais compartilho aqui.
3 Especificamente, a chamada produção artefatual – artefatos, adereços e artesanatos de uso ritual,
ornamental, cotidiano, incluindo aqueles produzidos para a venda ou troca.
2
aspectos culturais e econômicos, ou seja, à autonomia dos modos de existir, ser e fazer
dos povos originários. O recorte que fizemos para a investigação do tema da pesquisa de
mestrado foi a comunidade Pataxó da Reserva da Jaqueira, uma área com 827m² de Mata
Atlântica preservada localizada na Gleba B da Terra Indígena de Coroa Vermelha.
Este texto, que pretende apresentar de forma condensada e em linhas gerais os
principais pontos discutidos na pesquisa supramencionada, é um esforço no sentido de, a
partir do diálogo com a bibliografia existente acerca da forma como os Pataxó do sul da
Bahia se organizam coletivamente para gerir, arrecadar e distribuir os recursos financeiros
obtidos por meio da fabricação do artesanato, refletir em que medida estas práticas estão
impregnadas de resistência política e de autonomia, sobretudo se considerarmos o
contexto macroeconômico regional da chamada Costa do Descobrimento caracterizado
por uma intensa e predatória exploração turística de massa, no qual a economia Pataxó
está inserida e por ela vem sendo afetada desde a década de 1970. Frente a este cenário
político (neo)colonizador, desde o final da década de 1990 o conceito de afirmação
cultural vem sendo elaborado pelos Pataxó para sintetizar os usos da arte e da cultura pela
luta por autonomia e direitos, incluindo o direito primordial à demarcação dos territórios
indígenas tradicionais.
Um dos principais objetivos da pesquisa foi reunir pistas que nos guiassem na
identificação das bases epistemológicas desse movimento chamado afirmação cultural.
Ele é o ingrediente principal que “dá liga” entre produção artística e movimento de
resistência. Cada pista é um objetivo específico; são eles: a) apreender os modos pelos
quais expressões artísticas se tornam elementos diacríticos tradicionais do movimento de
afirmação cultural Pataxó; b) etnografar os saberes e os modos de fazer artefatuais
tradicionais da comunidade artesã Pataxó da Jaqueira; e c) identificar quais práticas
sociais e artefatuais podem ser associadas à perspectiva do viver sossegado, “o bem viver
dos Pataxó” (CARDOSO, 2016 p. 507). Alcântara e Sampaio (2017) consideram o bem
viver como processos de resistência das comunidades indígenas; ao mesmo tempo,
devemos levar em conta que trata-se de um conceito abrangente porque o próprio
entendimento dos diferentes povos indígenas sobre o que é viver bem varia de um grupo
para o outro (BELAUNDE, 2017).
Finalmente, destacaremos três vias ou expressões culturais ou artísticas de
“rexistência” através da Arte: a palestra de cultura, o museu indígena da Jaqueira e o
artesanato, as quais são diariamente acionadas pelos Pataxó para contra colonizar
3
territórios (nativos) e imaginários (forasteiros) precisamente a partir de interações
turísticas e, em última análise, interculturais.
Metodologia
Vou descrever resumidamente a metodologia utilizada na pesquisa de mestrado
da qual o presente trabalho se origina. Dos vinte e quatro meses que eu dispunha para
trabalhar, dediquei os seis primeiros à pesquisa bibliográfica enquanto os dezoito meses
seguintes foram dedicados ao trabalho de campo etnográfico na T.I. Coroa Vermelha,
com enfoque maior na Reserva da Jaqueira, ainda que tenha realizado algum trabalho
etnográfico em áreas urbanas da Coroa Vermelha, como a aldeia Nova Coroa e o Centro
de cultura Txag’ru Mirawê. Participei de celebrações e eventos indígenas, tendo atuado
como monitora em dois deles.
As conversas foram registradas em vídeo, áudio ou cadernos de campo, ora em
stories nas redes sociais, principalmente no Instagram, ferramenta que considero um
excelente “caderno de campo virtual”. Também empreendi o que chamo de etnografia
virtual4. Em linhas gerais, busquei estar de corpo presente no campo virtual e considerá-
lo uma fonte de observação e participação tão relevante quanto o campo “real”
etnográfico, uma vez que os Pataxó estão fortemente presentes na cena virtual – das redes
sociais, expondo suas lutas, suas rotinas, suas demandas, compartilhando suas produções
artísticas. Procurei fazer diversas entrevistas e manter conversas com as pessoas em
grupos e individualmente, para obter “dados ricos”, segundo a orientação de Becker
(1993). Por fim, mediante um exercício de “participação observante” fui convidada pelos
sujeitos de pesquisa a participar das oficinas de artesanato da comunidade, onde tive a
oportunidade de aprender alguns ofícios e ensinar outros, numa rica experiência de
intercâmbio entre as nossas culturas e saberes artefatuais.
Emergência étnica, memória e afirmação cultural Pataxó
Os últimos cinquenta anos no Brasil foram marcados pelo ressurgimento de povos
ditos autóctones, sobretudo na região nordeste do país. Tal fenômeno fomentou “o debate
sobre a problemática das emergências étnicas e da reconstrução cultural (OLIVEIRA,
1998 p. 53)”. Nesse bojo, os processos de reivindicação de identidades étnicas autóctones
têm suscitado inúmeras questões de ordem prática, sobretudo no que diz respeito a luta
4 Aprofundo o uso desta metodologia em COSTA (2020).
4
desses povos pelo acesso a direitos fundamentais e à resistência ao etnocídio estrutural a
que vem sendo submetidos desde a invasão portuguesa. O povo Pataxó é um exemplo
notável de resistência e (re)existência política e cultural. A etnia está entre as dez
populações indígenas mais numerosas do Brasil, com um contingente populacional de
aproximadamente 12.000 pessoas. Na Terra Indígena de Coroa Vermelha, Bahia, nosso
loci de estudo, uma dentre as seis Terras Indígenas Pataxó hoje reconhecidas pela FUNAI,
residem cerca de 6.000 indígenas divididos em aproximadamente dez aldeias5. O
processo de emergência étnica é, no ponto de vista Pataxó, um processo de “retomada”,
ou seja, é tirar da condição de adormecimento as práticas culturais e as memórias que
constituem a identidade étnica, restabelecendo-as no tempo presente, isto é, passando a
“afirmá-las” com veemência. Tal movimento que é, em última análise, contra-
hegemônico, busca subverter a memória da região da chamada “Costa do
Descobrimento”, em um embate de discursos e de usos da memória desde a década de
1970. Afirmar a identidade indígena, reavivar ritos ancestrais e recriar práticas culturais
são, portanto, estratégias políticas mas também meios de sobrevivência (NEVES, 2011).
O processo de emergência étnica deve, invariavelmente, desembocar no processo
de territorialização (OLIVEIRA, 1998); portanto, a relação do indígena Pataxó com o
território parece ser o ponto de partida ideal para a nossa análise etnológica. Para os
indígenas, a terra é sagrada. É a partir dessa visão cosmológica que os povos indígenas
constroem suas identidades, seus sentidos de ser e estar no mundo e se organizam social,
político e economicamente (LITTLE, 2002). Além da demarcação do território, a
liberdade para o manuseio da terra implica em segurança alimentar para o povo Pataxó
mas vai muito além disso, ou seja, é maestra da economia local e da identidade da
produção artesanal, como é o caso da produção do artesanato a partir de materiais
orgânicos da flora nativa local. É nesse sentido que falamos em uma memória biocultural,
isto é, memórias amalgamadas acerca de circulação no espaço, de manejo da natureza de
modos de fazer, usar e fazer circular artefatos.
A maior parte dos insumos utilizados no fazer artesão são materiais nativos da
região como sementes, madeira, cabaça e determinados tipos de plantas que fornecem
fibras para tecer. Sem liberdade para transitar pela terra ou sem terra para plantar, esses
5 De acordo com dados atualizados da PIB Socioambiental, atualmente são cerca de 36 aldeias Pataxó na
Bahia (não estamos levando em conta a parcela menor da população Pataxó, que reside em Minas Gerais),
distribuídas entre os territórios de Águas Belas, Aldeia Velha, Barra Velha, Imbiriba, Coroa Vermelha e
Mata Medonha, localizadas nas cidades de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Itamaraju e Prado.
5
materiais acabam tendo que ser substituídos por outros sintéticos. O uso de materiais
sintéticos, como a lã de poliéster, o nylon e as miçangas de vidro, por exemplo, não é um
ponto necessariamente negativo. Afinal, um outro fator que motiva fortemente seu uso é
a própria criatividade dos artistas e a sua capacidade de se apropriar desses materiais e
também de novas técnicas para produzir artefatos novos e, desta forma, expandir cada
vez mais o repertório artefatual e artístico da cultura material Pataxó.
Coroa Vermelha é um lugar de referência histórica para os Pataxó, que lutam ao
longo de séculos para fazer prevalecer seu direito originário de habitá-lo. É como diz
Arissana Pataxó: “a vida do povo Pataxó, hoje, reflete a sua resistência, a sua trajetória
histórica e os caminhos trilhados para garantir a sua sobrevivência enquanto nação. Por
isso é importante relembrarmos o passado e conhecê-lo, para compreender o presente.”
(SOUZA, 2012 p. 17).
No caso da T.I Coroa Vermelha, parecem coexistir duas versões, ou melhor,
interpretações sobre a memória do lugar. Enquanto uma está claramente no passado, a
outra parece residir no presente. Para tentarmos compreender melhor a questão, recorro à
teoria de Pierre Nora acerca da relação entre história e memória dos lugares. Para este
autor, “a história é a reconstrução sempre problemática e incompleta do que não existe
mais. A memória é um fenômeno sempre atual, um elo vivido no eterno presente; a
história, uma representação do passado” (NORA, 1993, p. 9). Nesse mesmo sentido, surge
a definição dos “lugares de memória”: eles “nascem e vivem do sentimento que não há
memória espontânea, que é preciso criar arquivos, organizar celebrações, manter
aniversários, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque estas operações não são
naturais” (NORA, 1993 p. 13).
Em uma primeira versão, hegemônica e colonizadora, Coroa Vermelha conta uma
história cristalizada no passado ao assumir o caráter de patrimônio histórico nacional.
Considerada parte de um cenário constituinte do mito fundador da “civilização
brasileira”, ela foi objeto de uma ação de patrimonialização inconclusa, um engodo, por
ocasião da “comemoração dos 500 anos do Brasil”. Em uma segunda versão,
contracolonizadora articulada pelos indígenas, o território possui um significado atribuído
no presente: é não somente o local que marca o início da invasão portuguesa, mas
representa o marco da sua recente retomada (ou emergência), um importante ato de
resistência do movimento indígena nacional, o qual podemos situar dentro do contexto
histórico do quinto regime de memória ou alteridades (PACHECO DE OLIVEIRA,
2016).
6
Pacheco de Oliveira elabora a ideia dos regimes de alteridade ou de memória a
partir do conceito de regime de memória utilizado por Johannes Fabian (2001) que faz
uso do termo para “referir-se a uma arquitetura da memória, internamente estruturada e
limitada, que tornaria possível a alguém contar histórias sobre o passado (PACHECO DE
OLIVEIRA, 2016 p. 26)”. Pacheco de Oliveira elabora cronologicamente cinco regimes
de memória, que caracterizam e situam política e historicamente as diversas fases da
memória social brasileira em relação à questão indígena. Interessa-nos para o momento o
quinto regime de memória, surgido no século XXI que representa “(..) a memória que os
movimentos e organizações indígenas tentam construir na contemporaneidade” (op cit),
cujos atores
Buscam expressar a sua condição de indígena atual com elementos diacríticos
da sua alteridade: as pinturas corporais, os adornos e os cocares tornam-se
muito valorizados, e circulam com intensidade entre os diferentes povos,
independente de suas tradições específicas. As ações culturais e performances
rituais deixam de ser um saber restrito aos mais velhos, e passam a envolver
crescentemente os jovens e mulheres, incorporando também contextos
cotidianos, como as atividades escolares, as manifestações artísticas e as
mobilizações políticas. O uso de novas tecnologias, como a internet e o vídeo,
são também características desse regime, que é o único no qual os indígenas
são os principais artífices; nos demais, constituem apenas aquilo sobre o qual
não indígenas falam (PACHECO DE OLIVEIRA, 2016 p. 29)
Dentro desse contexto, as manifestações artísticas e culturais no âmbito do
movimento de afirmação cultural representam um conjunto de signos e significados
utilizados para comunicar histórias autorais e de resistência, contadas, por exemplo, nas
interações com os turistas.
O protagonismo da comunidade artesã da Reserva da Jaqueira
A Reserva Pataxó da Jaqueira foi fundada em 1998 por três irmãs, Nitynawã,
Jandaia e Nayara Pataxó, um ano após a regularização da TI Coroa Vermelha pela
FUNAI. A Reserva é pioneira no Brasil na modalidade do etnoturismo, e é considerada
uma terra sagrada, símbolo de autonomia e resistência do povo Pataxó. De acordo com
Nitynawã Pataxó (2018), a Reserva é autogerida pelos indígenas sob os preceitos da
sustentabilidade, da interculturalidade e da valorização da cultura e dos saberes
ancestrais. O movimento de afirmação cultural, elemento que emergiu como força motriz
da produção artística Pataxó na contemporaneidade, surgiu concomitantemente ao
trabalho do etnoturismo na Reserva da Jaqueira, com o objetivo de fortalecer a cultura
diante de um turismo de massas considerado predatório (SOARES, 2016); e das lutas pela
7
retomada de territórios tradicionais que ficaram de fora da demarcação da T.I. Coroa
Vermelha (SAMPAIO, 2010).
Todo esse background foi o que nos motivou a investigar os aspectos dessa arte
de resistência e existência da comunidade artivista da Jaqueira, manifestada em sua
cultura material. Artivista porque busca, no fazer artístico, não apenas uma via para a
expressão estética, mas sobretudo, uma ferramenta de reivindicação de direitos
fundamentais – o direito de viver bem, ou no caso do povo Pataxó, o direito de “viver
sossegado”. Diante disso, essa comunidade artesã se coloca a serviço da produção
intensiva de um vasto e crescente arcabouço cultural material e imaterial (de objetos,
narrativas, imagens, sons etc.) – para a construção de um outro regime de memória ou de
alteridades (OLIVEIRA, 2016) traduzidos no movimento contracolonizador Pataxó
chamado de afirmação cultural. O chamado fenômeno de emergência étnica é o que dá a
tônica desse movimento nativo artístico e cultural. Afirmação cultural é, nesse aspecto,
um dentre muitos exemplos de movimentos subalternos artísticos e políticos de
resistência/existência indígenas contemporâneas no Brasil. Para mencionar alguns: o
futurismo indígena de Denilson Baniwa, o coletivo MAKHU de artistas Huni Kuin e o
coletivo AZHURU formado por artistas de várias etnias.
Dentre as diversas manifestações artísticas e culturais retomadas no cerne deste
movimento que, atualmente, encontra o seu auge, iremos destacar a seguir, para fins de
exemplificação, três “estratégias de rexistência” importantes para a nação Pataxó. São
elas a palestra de cultura para turistas, que visa uma educação étnico-racial
descolonizadora; a inauguração do museu indígena da Reserva da Jaqueira, onde são
articulados discursos decoloniais que se valem da arte para contar para os visitantes a
história da chegada dos portugueses ao Brasil do ponto de vista indígena e compartilhar
aspectos importantes da cultura Pataxó; e a produção de uma forma de cultura material
singular – o artesanato “lembrança”, capaz de, ao mesmo tempo, cumprir a função de
etnomercadoria no contexto turístico (COMAROFF, 2011) e de arte de resistência no
contexto político (BISPO DOS SANTOS, 2015).
Palestras de cultura
As palestras de cultura levadas a cabo pelos educadores étnico-raciais da Reserva
da Jaqueira (entre outras aldeias que também praticam atividades etnoturísticas como a
Aldeia Nova Coroa e a Txag’ru Mirawê) objetivam compartilhar a cultura do povo Pataxó
8
com a população “não indígena” mas, sobretudo, visam promover a desessencialização
de preconceitos e a desconstrução de estereótipos alencarianos acerca da figura mítica do
indígena no Brasil. Atua, portanto, a serviço da educação étnico-racial por meio da
atividade etnoturística, no que podemos considerar uma atividade de resistência
contracolonial e contra-hegemônica. Na Reserva da Jaqueira, as palestras são ministradas
rigorosamente para todos os grupos visitantes, sempre ao início de cada visitação e têm
duração média de 40 minutos. A palestrante mais proeminente é Nitynawã Pataxó uma
das três irmãs fundadoras da Reserva e importante liderança da comunidade. Ela é
formada na licenciada pela Licenciatura intercultural indígena pelo Instituto Federal da
Bahia (campus Porto Seguro) com habilitação em Ciências Humanas e Sociais. O trecho
a seguir é providencial para percebermos o apelo à memória, à reparação de preconceitos
e à reivindicação da instauração de um novo regime de memória que retrate o indígena
enquanto importante e ilustre elemento fundador da história e da identidade nacional. foi
extraído de uma palestra de cultura de sua autoria, proferida para um grupo de visitantes
no ano de 2019:
Os povos indígenas no Brasil ao longo desse século, eles vieram passando por
várias consequências, muitos obstáculos, perdemos as nossas terras, aí
impunha as outras culturas pra nós, outras religiões, né chegando dentro da
nossa comunidade, nossa florestas foram desmatadas, nossos rios tão mortos,
outros tão doentes, quando fala “nosso”, não é só nós povos indígenas não, viu,
no geral, todos nós precisamos da natureza pra sobreviver, precisamos de água
potável, né? Nós precisamos disso. E, querendo ou não, os brasileiros, por mais
que eles não aceitam isso, alguns, têm 10% do sangue indígena. Tem gente que
tem até 30, 50% do sangue indígena. Outro dia chegou uma moça aqui no
grupo da CVC. Aí eu olhei pra ela, falei “nossa, mas você é de que etnia?” ela:
“etnia? Eu não sou índia não” eu falei “nossa, como você parece os índios lá
da Amazônia, o pessoal que vem sempre aqui. E ela “minha mãe é índia, eu
não sou.” Eu falei: “mas como?” “- não, a minha mãe é da etnia…” ah esqueci
o nome da etnia que ela falou. “- minha mãe é da etnia, eu não sou”. Eu falei,
“mas como sua mãe é índia e você não é?” ela falou “-minha mãe mora na
aldeia, eu moro na cidade, não sou índia” aí eu falei tá bom né, é um direito da
pessoa. Mas, ninguém nunca vai tirar de dentro de você o direito de você… tá
no seu sangue! Por que que isso acontece com a gente hoje? Pessoas falando
assim do índio. É… “minha bisavó foi pegada no laço.” “a minha bisavó foi
pegada no dente de cachorro.” Às vezes eu ouço muito isso aqui dos visitantes.
Aí eu fiquei com isso na memória, porque eu vim de uma família tradicional
Pataxó, nasci, cresci dentro da aldeia, toda a minha vida, minha trajetória de
vida foi dentro da mata. Eu ouvindo as histórias dos mais velhos, pescando,
andando de canoa, indo pro mangue a pé pra mariscar, fazendo artesanato, a
gente na roça, então nós tivemos uma vivência muito grande com a minha
cultura, e eu nunca ouvi os mais velhos falando desse negócio de laço e nem
de dente de cachorro. E eu fiquei com essa curiosidade e fui consultar os mais
velhos. E falei “por que que as pessoas me perguntam porque os pais, os avós,
as bisavós foram pegados no laço e no dente de cachorro”, eu queria entender
porque eu nunca ouvi isso. Eles falaram “não, é porque eles viviam no
cativeiro. Eles eram escravos, então quando eles se libertavam eles fugiam,
9
então quê que eles faziam? Ia lá, botava laço, botava armadilha pra capturá-lo
de novo pro cativeiro. (COSTA, 2020 p. 69-70)6
Os Pataxó da Jaqueira e também de outras localidades da Terra Indígena de Coroa
Vermelha, dada sua condição social de povo subalternizado, fazem, por meio do
etnoturismo, com que seus discursos reverberem para além dessa arena turística, ou seja,
mediante o contato interétnico com os turistas - e isso os fortalece enquanto um grupo
étnico, usando aqui o conceito de Barth (2006) para quem grupos étnicos tendem a
acentuar seus diacríticos em situações de interação social com outros grupos sociais. O
kijeme7 de venda de artesanatos da Reserva é o epicentro onde essas vivências
interculturais acontecem, movidas pelas relações comerciais.
Artesanato, “lembrança” Pataxó
Sandro Neves, no seu estudo sobre aspectos da circulação e dos significados do
artesanato Pataxó da Coroa Vermelha, observa que o artesanato “é tratado entre os índios
a partir de duas perspectivas sobre sua significação”. A partir destas perspectivas, o autor
estabelece duas categorias, que não são antagônicas, pontua, mas marcadamente distintas.
A partir delas, o artesanato “pode aparecer como arte” ou “como lembrança, vista tanto
da perspectiva do sinônimo de souvenir, quanto na perspectiva da lembrança evocada
pelas categorias patrimônio e memória” (NEVES, 2011 p. 55). Nesse mesmo sentido, é
oportuno destacar que Abreu considera patrimônio como “lugar de referência por onde
opera a memória social” (ABREU, 2016, p.61). Logo, a comercialização do souvenir
Pataxó no local do “Descobrimento” - ou da invasão portuguesa, na narrativa indígena,
assume um caráter político: o que está em jogo parece ser precisamente essa disputa entre
um discurso dominante e um discurso subalterno.
A identidade étnica Pataxó se traduz em grande parte na arte material desse povo,
idealizada a partir de modos de fazer e saberes coletivos, transmitidos hereditariamente e
compartilhados entre as diversas aldeias espalhadas pelo sul da Bahia num trânsito
contínuo de saberes e artefatos (NEVES, 2011; SOUZA, 20. As oficinas são, em sua
totalidade, domésticas e a produção, familiar. A criatividade é um capital intelectual de
bem comum do qual todos da comunidade usufruem, na medida em que compartilham os
6 Transcrição de gravação de palestra de cultura de Nitynawã Pataxó realizada em 13 de novembro de
2019.
7 Casa em Patxohã; edificação tradicional Pataxó; estrutura de toras de madeira fincadas no chão batido
formando um círculo, coberta com pentes de piaçava. Kijemes comunitários podem ser abertos, como é o
caso desse ambiente descrito no texto, onde os artesanatos são feitos; ou ter paredes revestidas de barro,
quando são destinados a moradia.
10
padrões de confecção e estabelecem os termos da distribuição dos lucros coletivamente.
Cunha (2013 p. 16) relata que “a confecção, uso e comércio dos enfeites corporais são
atividades que se inter-relacionam e que respeitam regras de um sistema de significação
envolvendo [...] questões etárias, de gênero, religiosas, rituais, da vida cotidiana, entre
outras.”
São coletivos os modos de criação e distribuição - seja por meio de trocas para o
próprio uso doméstico, para o uso exclusivo em rituais religiosos e eventos sociais
específicos, ou para a comercialização com os não-índios, em sua grande maioria turistas
(NEVES, 2013).Tais iniciativas colaborativas resultam em um padrão estético e
simbólico em comum que compõe a identidade étnica do grupo e fortalece os laços de
pertencimento, tão importantes em contextos de enfrentamentos dos povos tradicionais
perante o Estado no que diz respeito à luta pelo reconhecimento e pela valorização dos
seus modos de ser, fazer e viver.
Cada artesanato, cada artefato carrega uma história consigo. As sementes de um
masaká8 ou a madeira de uma gamela revelam o território de origem da narrativa ora
tecida/esculpida; esse tecer ou esculpir (entre tantos outros modos de fazer) é uma
intervenção artefatual repleta de sentidos, significados e saberes ancestrais; o tipo do
trançado revela a etnia e o grafismo e as cores apontam para comunidades, clãs ou aldeias
específicas; e a modalidade do ofício revela o gênero do artesão que o produziu; masakás
de sementes, por exemplo, são tradicionalmente tecidos por mulheres. E artefatos de
madeira, por homens (COSTA, 2020).
O museu indígena da Reserva da Jaqueira
O museu comunitário indígena Pataxó da Reserva da Jaqueira foi inaugurado em
26 de abril deste ano de 2019. O museu fica localizado no meio da floresta, algumas telas
ficam expostas ao ar livre e uma coisa interessante é que, diferentemente dos museus
convencionais, esse não tem guarda, nem vigia, ninguém além de uma pessoa que fica à
disposição, escolhida e treinada por Oiti, para fazer a apresentação do museu durante o
horário de visitação. Fora do horário de visitação, é comum encontrar o museu aberto e
deserto. Uma segunda palestra de cultura, logo após à primeira que ocorre no primeiro
contato com os turistas, é parte principal da experiência de visitação ao museu.
8 Colar em patxohã, a língua do povo Pataxó
11
Desta vez, porém, obras de arte e artefatos do museu servem de suportes de
memória (ABREU, 2016) para a construção da narrativa proposta. Narrativa que, da
mesma forma, visa informar o ponto de vista Pataxó acerca da história da invasão de
Pindorama. A seguir, transcrevo um trecho da palestra de Oiti Pataxó, artista educador,
idealizador do projeto do museu e do seu acervo. Oiti Pataxó é formado também na
Licenciatura Intercultural Indígena pelo IFBA com habilitação em Artes e mestrando em
Ensino e Relações Étnico-Raciais pela Universidade Federal do Sul da Bahia.
Então o momento da Jaqueira não é só o museu. O momento da Jaqueira é o
momento de cês ter a palestra, de cês tá caminhando, tá conhecendo um pouco
da nossa cultura, tá conhecendo uma parte também que é o ambiente, como a
Jaqueira é um ambiente que é uma floresta também; cês tem o contato com
ervas medicinais, cês tem contato com o nosso pajé, um conhecimento nosso
assim articulado mais na questão nossa indígena, de lutar. São 519 anos de luta
né, e deparamos com nós jovens, hoje, nesse olhar também mais levado ao
nosso povo. (COSTA, 2020 p. 92)9
A transcrição deste trecho não deixa pairar dúvidas acerca do projeto
museográfico do museu da Jaqueira. Ele atua na promoção do movimento de afirmação
cultural, cuja base precípua é a educação étnico-racial decolonial. A estratégia acionada
é a Arte de rexistência, fator central na construção de um outro regime nacional de
memória ou alteridades.
Resultados e Discussão
A produção artística dos Pataxó é muito mais vasta e diversificada do que
pudemos constatar em nossa pesquisa de mestrado, já que só foi possível etnografar com
profundidade o trabalho de uma aldeia, a Reserva da Jaqueira, embora tenhamos feito
entrevistas e visitas pontuais a outras localidades da Terra Indígena como a Aldeia Nova
Coroa, o centro de cultura Txag’ru Mirawê e o Parque Indígena, onde está situado o
famoso Comércio de Artesanatos Indígenas para turistas. Na pesquisa de doutorado
atualmente em andamento, a expectativa é dar continuidade ao trabalho aqui apresentado,
ou seja, etnografar mais aldeias da T.I. Coroa Vermelha a fim de comparar a produção de
sentidos, formas de existências e resistências em cada uma delas, através da Arte em uma
perspectiva político filosófica.
No caso dos Pataxó da Jaqueira, comunidade onde focamos nosso estudo, o
movimento de afirmação cultural conforma uma série de práticas cotidianas coletivas que
revelam saberes artesanais ancestrais, memórias e histórias contadas por anciãos as quais
9 Transcrição de gravação de palestra de cultura de Oiti Pataxó realizada em 13 de setembro de 2019.
12
muitas vezes haviam ficado adormecidas durante décadas em suas memórias. Muitos
desses conhecimentos recuperados acabam por revelar memórias bioculturais associadas
ao saber fazer diversos tipos de artesanatos e artefatos. Em nossa pesquisa identificamos,
por exemplo, principalmente teçumes de tucum, piaçava, masakás10 de sementes e a
técnica da cerâmica – incluindo com a aplicação de substâncias vegetais em sua superfície
a exemplo da cera de abelha, como práticas artesanais herdadas diretamente da matriarca
da Reserva Pataxó da Jaqueira, dona Takwara Pataxó, que atualmente está com cento e
um anos de idade. Entre suas filhas, filhos, netas e netos a maioria são artesãs e artesãos
também, e costumam compartilhar todos, sob a supervisão de Dona Takwara (que hoje
em dia não faz mais artesanatos; ela se encarrega de manter a fogueira sempre acesa, o
chão limpo e eventualmente compartilhar algumas histórias) o mesmo kijeme como
espaço para socializar materiais para a feitura do artesanato, afetos, confidências, pautas
de luta, e histórias.
Arissana Pataxó afirma, nesse contexto, que o conhecimento do artesanato é
considerado uma herança cultural entre os Pataxó, sendo passada de geração em geração.
(SOUZA, 2012). A educação intercultural é uma poderosa estratégia acionada pelos
Pataxó para valorizar os saberes dos anciãos e garantir o aprendizado dos jovens, para
que deem continuidade a produção do artesanato e às diversas práticas culturais e
artísticas ancestrais relacionadas ao fazer artefatual. Na pesquisa, investigamos de que
maneira esta tradição é fortalecida dentro da aldeia. Ela se dá a partir do aprendizado
durante o convívio familiar, mas também através da educação intercultural indígena na
escola indígena dentro da Reserva da Jaqueira, onde as crianças têm aulas de arte, cultura
e Patxohã, o idioma Pataxó.
Conclusão
A arte é uma expressão política, na medida em que os artefatos são instrumentos
usados pelos Pataxó para contar narrativas contra-hegemônicas da História. Ao rejeitarem
a retórica do descobrimento, os Pataxó constroem um novo regime de memória e propõem
uma outra narrativa da História, na qual eles, povos indígenas, são protagonistas e, ao
mesmo tempo, narradores da sua própria História. Esse protagonismo se dá, entre muitas
formas, a partir da valorização dos seus modos de viver - ou seja, nas práticas de retomada
do viver sossegado, o modo de viver tradicional, que começa pela retomada de território.
10 Colar em Patxohã.
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O segundo passo, é a retomada da cultura. O artista Oiti Pataxó afirma que “quando o
índio tem o território dele demarcado, aí sim começa o quê? A produzir. Seus colares,
seus cânticos, suas pinturas, seus utensílios como a cerâmica; para pra se pintar (COSTA,
2020 p. 98)”. E exemplifica como se dão essas lutas, na prática: “hoje cê vê muitos índios
aí lutando, fechando BR, é pra adquirir o espaço dele para poder cultivar a cultura dele;
jovem, criança, para que não perca (op. cit.)”.
Nossos estudos sugerem que esses fortes movimentos de territorialização (que
necessariamente compreende a luta pela preservação ambiental desses territórios) e de
solidariedade entre parentes, que perpassam pela economia do artesanato, na medida em
pode assumir a forma de economia solidária alternativa à lógica dominante de
desenvolvimento econômico imposta pelo turismo de massa, podem ser interpretados à
luz das filosofia do bem-viver. Ou melhor, do “viver sossegado”, que é o termo
empregado pelos Pataxó para designar a vida pacífica, ou seja, livre de conflitos
fundiários que assolam as comunidades indígenas cotidianamente.
A filosofia do viver sossegado emerge como forma de resistência e existência
deste povo em termos de emergência étnica, enquanto a produção artística busca legitimar
o vínculo ancestral. Parra e Cardoso (2017 p. 23) afirmam que os Pataxó “são
empreendedores do bem viver por meio de um embate sofisticado em busca do
restabelecimento de relações materiais e simbólicas que garantem a permanência e a
sobrevivência do grupo”. Um exemplo notório disso é a Reserva da Jaqueira, onde
predomina um projeto subversivo de construção de um discurso de autonomia que se
mostra cada vez mais fortalecido, sobretudo entre os mais jovens. Seja em contextos
etnoturísticos, seja durante as celebrações e rituais internos, os adereços e artesanatos
possuem uma função central de diacrítico, ao lado de outras manifestações artísticas como
a música, o Awê e a pintura corporal. Em suma, é possível afirmar que a produção
artística no âmbito do movimento de afirmação cultural, presente em toda a T.I. Coroa
Vermelha, é, ao mesmo tempo, tradição ancestral e estratégia contemporânea de
fortalecimento da cultura originária e da memória histórica e social e biocultural do povo
Pataxó.
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