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Título do capítulo CAPÍTULO 4 INTERNET DAS COISAS NO BRASIL: ANÁLISE E RECOMENDAÇÃO DE POLÍTICAS COM ÊNFASE NO AGRONEGÓCIO Autor(es)

Authors:

Abstract

As publicações do Ipea estão disponíveis para download gratuito nos formatos PDF (todas) e EPUB (livros e periódicos). Acesse: https://repositorio.ipea.gov.br/ e https://www.cepal.org/es/publications As opiniões emitidas nesta publicação são de exclusiva e inteira responsabilidade dos autores, não exprimindo, necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou do Ministério do Planejamento e Orçamento e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) ou as dos países que representa. É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para fins comerciais são proibidas. Os Estados-membros das Nações Unidas e suas instituições governamentais podem reproduzir este estudo sem autorização prévia. É solicitado, apenas, que mencionem a fonte e informem à CEPAL sobre essa reprodução. Este estudo foi elaborado no âmbito do Programa Executivo de Cooperação entre a CEPAL e o Ipea. Os limites e nomes mostrados nos mapas incluídos neste documento não implicam o seu endosso oficial ou aceitação pelas Nações Unidas. © Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-ipea 2024
As publicações do Ipea estão disponíveis para download gratuito nos formatos PDF (todas)
e EPUB (livros e periódicos). Acesse: https://repositorio.ipea.gov.br/ e
https://www.cepal.org/es/publications
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necessariamente, o ponto de vista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ou do Ministério do
Planejamento e Orçamento e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) ou as dos
países que representa.
É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte. Reproduções para
fins comerciais são proibidas. Os Estados-membros das Nações Unidas e suas instituições governamentais
podem reproduzir este estudo sem autorização prévia. É solicitado, apenas, que mencionem a fonte e informem
à CEPAL sobre essa reprodução.
Este estudo foi elaborado no âmbito do Programa Executivo de Cooperação entre a CEPAL e o Ipea.
Os limites e nomes mostrados nos mapas incluídos neste documento não implicam o seu endosso oficial ou
aceitação pelas Nações Unidas.
© Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
– ipea 2024
© Nações Unidas 2024
LC/BRS/TS.2024/1
Título do capítulo
CAPÍTULO 4
INTERNET DAS COISAS NO BR
ASIL: ANÁLISE E
RECOMENDAÇÃO DE
POLÍTICAS COM ÊNFASE
NO AGRONEGÓCIO
Autor(es)
Luis Claudio Kubota
Maurício Benedeti Rosa
DOI
DOI: http://dx.doi.org/10.
38116/9786556350660cap4
Título do livro
Digitalização e tecnologias da informação
e comunicação:
oportunidades e desafios
para o Brasil
Organizadores(as)
Luis Claudio Kubota
Volume
1
Série
-
Cidade
Rio
de Janeiro
Editora
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
Ano
2024
Edição
1a
ISBN
9786556350660
DOI
DOI: http://dx.doi.org/10.
38116/9786556350660
CAPÍTULO 4
INTERNET DAS COISAS NO BRASIL: ANÁLISE E RECOMENDAÇÃO
DE POLÍTICAS COM ÊNFASE NO AGRONEGÓCIO1,2
Luis Claudio Kubota3
Maurício Benedeti Rosa4
1 INTRODUÇÃO
A internet das coisas (internet of things – IoT), termo utilizado pela primeira vez
em 1999 por Kevin Ashton, pesquisador do Massachusetts Institute of Technology
(MIT) (Bertollo, Castillo e Busca, 2022), tem em comum entre suas denições a
ideia de que a primeira versão da internet baseava-se em dados criados por pessoas,
enquanto a próxima versão consistirá de dados criados por coisas. Madakam,
Ramaswamy e Tripathi (2015, p. 165, tradução nossa) sustentam tratar-se de
uma “rede aberta e abrangente de objetos inteligentes que possuem a capacidade
de se auto-organizar, compartilhar informações, dados e recursos, reagindo e
agindo diante de situações e mudanças no ambiente”.
Ao contrário de tecnologias da informação e comunicação (TICs) de
gerações anteriores, cuja implantação em grande parte era mais restrita ao ambiente
corporativo, a tríade de tecnologias IoT, computação em nuvem e na borda e
inteligência articial (IA) é aplicável às mais variadas áreas da atividade humana.
Pode ser utilizada na segurança pública (por exemplo, no monitoramento de
imagens), na saúde (como no acompanhamento remoto de pacientes), na infraes-
trutura (no controle de tubulações), entre outras aplicações.
Entre potenciais ganhos de produtividade para a economia com a adoção
da IoT, pode-se citar a redução de: perdas por extravio de carga;5 necessidade de
1. Os autores agradecem as valiosas informações fornecidas por Guilherme Correa e Karina Vidal, do Ministério
da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Dario Thober, do Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun;
Bruno Sousa, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de São Paulo; Júlio Martorano, da Trópico
Telecomunicações; e Luis Lucinger, da Universidade de Brasília (UnB). Agradecem também a revisão de José Brandão e
Ana Avellar. Quaisquer erros e omissões são de responsabilidade dos autores.
2. Versão ligeiramente modificada de Texto para Discussão homônimo. Extratos deste texto foram publicados em
Kubota e Rosa (2022) e Kubota et al. (2022).
3. Técnico de planejamento e pesquisa na Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e
Infraestrutura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Diset/Ipea).
4. Bolsista do Subprograma de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) na Diset/Ipea.
5. Disponível em: https://www.fuseiot.io/blog/iot-contribui-para-o-aprimoramento-do-setor-de-logistica/. Acesso em:
26 jan. 2023.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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internação hospitalar;6 desperdício devido a vazamentos de água ou gases (Moura
e Sousa, 2019); perdas no campo devido à infestação de pragas nas colheitas e na
criação de animais;7 entre inúmeros outros. Com a realização dos leilões da quinta
geração de comunicação móvel (5G) – que se caracteriza pela alta velocidade e
baixa latência – observa-se a possibilidade de ampla difusão da comunicação entre
sensores e dispositivos.
É interessante notar como várias dessas tecnologias podem ser integradas.
Phasinam et al. (2022) mostram um sistema de irrigação baseado em IoT e arqui-
tetura de computação em nuvem, no qual os dados são armazenados e analisados
por meio de técnicas de aprendizado de máquina.
Se o Brasil perdeu oportunidades em décadas anteriores no setor de eletro-
eletrônicos, existem notícias alvissareiras que permitem um maior otimismo no
que diz respeito à IoT. Em primeiro lugar, o país possui um sistema setorial de
inovação com capacidade para gerar e implementar as tecnologias necessárias.
O Brasil tem também um plano de IoT bem elaborado e com uma boa gover-
nança de acompanhamento. Finalmente, várias iniciativas de classe mundial já
são realidade.
Por exemplo, em abril de 2021, foi inaugurado na cidade de Sorocaba
(São Paulo) o Centro de Referência em Internet das Coisas, uma parceria entre o
MCTI,8 o Centro Universitário Facens e o Parque Tecnológico de Sorocaba.
O local tem como nalidade a demonstração de soluções modernas e inteligentes
nas diversas áreas verticais9 propostas pelo Plano Nacional de IoT, tais como saúde,
indústria, agronegócio, cidades e turismo, além daquela associada à educação.10
Ademais, espera-se estimular as interações entre governo, universidades, indústria,
cidadãos e meio ambiente (Mari, 2021).
Para captar as transformações relacionadas à IoT em nível residencial,
há inclusive mudanças no módulo temático de Tecnologia da Informação e
Comunicação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD
Contínua TIC), as quais vão incluir a identicação de tecnologias como a IoT
por meio de questionamento quanto à existência de dispositivos domésticos
inteligentes. As informações coletadas pelo estudo podem auxiliar na elaboração
6. Disponível em: https://blogs.oracle.com/oracle-brasil/post/inteligencia-artificial-e-aprendizado-de-maquina-podem-
evitar-o-infarto-e-o-avc-v2. Acesso em: 26 jan. 2023.
7. Disponível em: https://institucional.ufpel.edu.br/projetos/id/u2738. Acesso em: 26 jan. 2023.
8. No período de maio de 2016 a junho de 2020, a pasta chamou-se Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e
Comunicações (MCTIC).
9. Neste trabalho, o termo verticais refere-se aos grupos de ambientes de possíveis usos de IoT, ao passo que o termo
horizontais designa os grupos de elementos habilitadores para a adoção e o desenvolvimento de IoT, conforme a
terminologia utilizada em BNDES (2018a, p. 6).
10. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/transito-e-transportes/2021/04/centro-de-referencia-em-internet-
das-coisas-e-tecnologias-4-0-e-inaugurado. Acesso em: 24 nov. 2022.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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de políticas públicas com o Plano Nacional de IoT, o qual está inserido de forma
mais ampla na Estratégia Brasileira para a Transformação Digital (e-Digital).11
O principal desao é que a adoção de IoT não seja restrita a casos de sucesso –
especialmente entre as grandes empresas –, mas que ganhe escala e seja uma
realidade também nas pequenas e médias rmas. Como será visto adiante, existem
iniciativas desenvolvidas pelo Sistema S que buscam responder a essa questão.
Conforme examinado anteriormente, o escopo da IoT é bastante amplo.
Tendo isso em vista, é válido ressaltar que, tanto em termos de revisão quanto de
proposições, há um foco no agronegócio neste texto. O capítulo está organizado
conforme segue. A seção 2 traz uma caracterização da IoT no Brasil, composta de:
i) análise bibliométrica; ii) apresentação do Plano Nacional de IoT e sua inserção
na e-Digital; e iii) uma revisão de trabalhos sobre IoT e agronegócio. São deta-
lhadas também políticas setoriais capazes de atender às necessidades relacionadas
à oferta de tecnologias para a IoT. A seção 3 apresenta uma comparação interna-
cional e casos de sucesso de implementação no Brasil. A seção 4 propõe políticas
públicas. E a seção 5 tece as considerações nais.
2 INTERNET DAS COISAS NO BRASIL – CARACTERIZAÇÃO
Para qualicar o estágio atual de pesquisa envolvendo a IoT no Brasil, parte-se
de uma concisa análise bibliométrica sobre o tema, para em seguida detalhar o
seu respectivo plano nacional, as interseções com o agronegócio e as políticas de
fomento à IoT no cenário doméstico.
2.1 Pesquisa bibliométrica
A análise bibliométrica permite descrever, avaliar e monitorar trabalhos publicados,
além de introduzir um processo de revisão sistemático, transparente e passível de
reprodutibilidade, servindo como orientação ao pesquisador quanto à determinação
das obras mais inuentes e ao mapeamento, sem viés subjetivo, do campo de
pesquisa (Zupic e Čater, 2015). Com a crescente quantidade de trabalhos cien-
tícos publicados em muitas áreas de pesquisa, a análise bibliométrica se destaca
por sua capacidade em fornecer resultados indicativos das principais tendências
em cada campo (Bonilla, Merigó e Torres-Abad, 2015).
A caracterização da literatura envolvendo estudos sobre IoT no Brasil é feita
por meio de uma busca12 na base de dados Scopus13 pelos termos internet of things
e Brazil. Como resultado, encontraram-se 179 documentos até o ano de 2022,
11. Conforme noticiado por Nery (2022).
12. A busca das expressões é feita nos campos referentes a título, resumo e palavras-chave.
13. O acesso à base de dados Scopus foi feito por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes). Disponível em: https://www-periodicos-capes-gov-br.ezl.periodicos.capes.gov.br/index.php/acesso-
cafe.html. Acesso em: 7 dez. 2022.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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dos quais quase 95% escritos em inglês. A análise bibliométrica é elaborada
conforme ferramenta desenvolvida por Aria e Cuccurullo (2017), por meio do
software RStudio. A tabela 1 destaca as principais informações.
TABELA 1
Principais informações da literatura sobre IoT no Brasil: resultados encontrados na
base de dados Scopus (2013-2022)1
(Em números absolutos)
Descrição Resultados
Fontes: periódicos, livros etc. 140
Referências 6.138
Autores 729
Documentos 179
Artigos de periódicos 68
Livros 3
Capítulos de livro 7
Artigos de congresso 89
Revisões de congresso 8
Revisões 4
Fonte: Scopus.
Elaboração dos autores.
Nota: 1 Não se encontraram dados anteriores a 2013.
Obs.: Utilizou-se o software RStudio, desenvolvido pelo R Core Team. Disponível em: https://www.r-project.org/.
De acordo com a tabela 1, as produções cientícas que avaliam a IoT tendo
o Brasil como cenário iniciaram-se em 2013, foram escritas por mais de setecen-
tos autores e têm como principais meios de divulgação os artigos de congressos,
seguidos dos artigos em periódicos. O gráco 1 ilustra a evolução na quantidade
de documentos publicados entre 2013 e 2022, a qual teve tendência de cresci-
mento até 2020 e caiu em 2021 e 2022.
GRÁFICO 1
Produção científica anual: documentos publicados (2013-2022)
(Em números absolutos)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Fonte: Scopus.
Elaboração dos autores.
Obs.: Utilizou-se o software RStudio, desenvolvido pelo R Core Team. Disponível em: https://www.r-project.org/.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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Com relação à autoria dos documentos dividida por países, o Brasil natural-
mente se destaca como principal expoente, seguido dos Estados Unidos. No que
se refere às universidades, as quatro principais quanto à aliação dos autores são
a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); a Universidade de
São Paulo (USP); a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); e a Universidade
Federal do ABC (UFABC).
A ferramenta de análise bibliométrica permite ainda a construção de uma
nuvem de palavras – isto é, uma representação visual de dados textuais baseada na
frequência decrescente de vocábulos nos textos analisados. As palavras em destaque
ajudam a interpretar os dados e contribuem para a análise exploratória, além de
divulgarem informações subjacentes ao conjunto de dados (Kulevicz et al., 2020).
A gura 1 apresenta a nuvem de palavras referente à base de 179 documentos que
discorrem sobre a IoT no cenário brasileiro.
FIGURA 1
Nuvem de palavras para a literatura de IoT no Brasil
Fonte: Scopus.
Elaboração dos autores.
Obs.: Utilizou-se o software RStudio, desenvolvido pelo R Core Team. Disponível em: https://www.r-project.org/.
A gura 1 é formada pelos trinta termos mais relevantes da base de dados.
As palavras (ou conjuntos de palavras) de maior destaque obviamente são aquelas
que foram utilizadas no processo de busca, ou seja, internet of things e Brazil.
Porém, entre as muitas outras que aparecem repetidamente nos diversos estudos,
merecem destaque três delas, as quais dialogam diretamente com grupos verti-
cais propostos no Plano Nacional de IoT: i) smart city (cidades inteligentes);
ii) agriculture (agricultura); e iii) industry 4.0 (indústria 4.0). No âmbito do
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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agronegócio, aparecem os termos agricultural robots (robôs agrícolas), crops
(culturas) e irrigation (irrigação), realçando a relevância do setor agrícola no
cenário nacional, bem como as potencialidades oferecidas pela utilização de novas
tecnologias no campo.
Não menos importante, vale salientar os termos referentes a tecnologias
complementares à IoT, tais como articial intelligence (IA) e machine learning
(aprendizado de máquina). Ainda, destaquem-se expressões do setor de energia,
como energy eciency (eciência energética), electric power transmission networks
(redes de transmissão de energia elétrica) e smart power grids (redes elétricas inteli-
gentes), além da cada vez mais relevante questão da sustentabilidade, exemplicada
em sustainable development (desenvolvimento sustentável).
2.2 Plano Nacional de IoT
Nas seções anteriores, procurou-se traçar um panorama geral sobre o que é IoT
e sobre a produção bibliométrica a respeito do tema. Nas subseções 2.2 a 2.4,
busca-se apresentar o estado das políticas públicas para a tecnologia no Brasil. O
desenvolvimento das bases para o Plano Nacional de IoT teve início no nal de
2016, com a assinatura de um acordo de cooperação entre o MCTI e o Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os quais avaliaram
um conjunto de iniciativas em parceria com o consórcio formado pela consultoria
McKinsey, pela fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomuni-
cações (CPqD) e pelo escritório Pereira Neto e Macedo Advogados. Este consór-
cio conduziu um amplo estudo para realizar um diagnóstico detalhado e propor
políticas públicas no âmbito da IoT.14
O estudo foi composto de quatro fases, de janeiro de 2017 a fevereiro de
2018, e gerou um total de 28 documentos. Na primeira fase, entre janeiro e março
de 2017, foram elaborados relatórios, incluindo um referencial (benchmark)
internacional com iniciativas desenvolvidas por doze países ou conjuntos de países15
no tema de IoT, e um roteiro (road map) tecnológico completo. Os relatórios
também continham aspirações do Brasil para IoT; análises de oferta e demanda
para a delimitação de grupos verticais de aplicação de IoT; e análise de fatores
horizontais como forma de diagnosticar “os principais elementos estruturais do
país que inuenciam na complexidade e no impacto do desenvolvimento de IoT”
(BNDES, 2017, p. 2).
Na fase dois, composta de quatro relatórios desenvolvidos entre os meses
de abril e junho de 2017, foi detalhada a metodologia para priorização das áreas
14. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/internet-das-coisas-estudo-
repositorio. Acesso em: 3 out. 2022.
15. Alemanha, China, Singapura, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, Índia, Japão, Reino Unido,
Rússia, Suécia e União Europeia.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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verticais (cidades; saúde; meio rural; e indústria) e dos elementos horizontais
selecionados (capital humano; inovação e inserção internacional; infraestrutura
de conectividade e interoperabilidade; e regulação, segurança e privacidade).
Na fase três, os nove relatórios disponíveis, criados entre julho e setembro
de 2017, tiveram os seguintes objetivos para cada um dos ambientes priorizados:
i) identicar desaos do ambiente e denir metas e objetivos; ii) priorizar e detalhar
casos de uso; iii) realizar análise de focos tecnológicos por caso de uso priorizado;
e iv) elaborar plano de ação.16 Ainda, entre os documentos tem-se o relatório nal
do estudo, o qual traz a estrutura do plano de ação, os projetos mobilizadores e as
iniciativas do plano de ação.
A quarta e última fase, ocorrida entre outubro de 2017 e fevereiro de 2018,
trouxe cinco documentos que detalharam seções já dispostas no relatório nal do
estudo. O primeiro deles apresentou o desenho do modelo de governança para o
plano. Os três documentos seguintes pormenorizaram os projetos mobilizadores
propostos, a saber: as plataformas de inovação e os centros de competência; o
Observatório de IoT; e a Cartilha das Cidades. Por m, o último documento foi
referente ao desenho da estrutura de monitoramento do plano.17
O relatório nal do estudo (BNDES, 2018a) aborda as principais indicações
para a construção do plano, dividindo-as entre estrutura, projetos mobilizadores e
iniciativas. A gura 2 ilustra a conguração do plano.
FIGURA 2
Estrutura sugerida para o Plano Nacional de IoT
Descrição
Objetivos específicos
Iniciativas
Aspiração de longo prazo para
o ambiente.
Visão
ambiente
Objetivos
estratégicos
Objetivos de longo prazo; e
relação próxima com os
principais desafios por
ambiente (verticais).
Objetivos de médio e curto
curto prazo;
síntese das iniciativas; e
relação próxima com desafios
transversais (horizontais).
Iniciativas categorizadas:
ações estruturantes;
medidas; e
elementos catalisadores.
Estrutura do plano
Cidades Saúde
Rural Indústria
Capital
humano
Inovação e
inserção
internacional
Infraestrutura de
conectividade e
interoperabilidade
Regulação,
segurança e
privacidade
O quê?
Como?
Fonte: BNDES (2018a, p. 68).
Elaboração dos autores.
16. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/internet-das-coisas-estudo.
Acesso em: 3 out. 2022.
17. Para mais informações, bem como para acessar os documentos produzidos pelo estudo, ver: https://www.bndes.
gov.br/wps/portal/site/home/conhecimento/pesquisaedados/estudos/estudo-internet-das-coisas-iot/estudo-internet-
das-coisas-um-plano-de-acao-para-o-brasil.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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Com relação aos projetos mobilizadores, os quais têm relatórios dedicados
com maior detalhamento, o BNDES (2018a) caracteriza os ecossistemas de
inovação como um ambiente fértil, propício para a inovação, capaz de envolver
“empresas com interesse para investir em pesquisa e desenvolvimento, startups de
base tecnológica com produtos inovadores e centros de pesquisa acadêmica
dispostos a trabalhar em soluções com alto potencial mercadológico” (op. cit., p. 84),
enquanto os centros de competência seriam “áreas de especialização tecnológica
essenciais para o desenvolvimento de IoT” (op. cit., p. 86). Por sua vez, o Observatório
de IoT, uma espécie de epicentro virtual de informações relacionadas com IoT,
abarcaria as funções de organização de informações e de transparência – com
o papel de “comunicar os mecanismos de apoio à empresa que demanda e que
oferta soluções de IoT, seja por nanciamento, cursos de capacitação ou parceria
com instituições de ensino para pesquisa e desenvolvimento” (op. cit., p. 89),
e disponibilizar indicadores de esforço e de impacto, os quais reetem, respec-
tivamente, o avanço das iniciativas e os resultados para a sociedade. Por m, o
“projeto mobilizador de IoT em cidades possui foco na capacitação dos gestores
públicos e nas orientações para implantação de soluções que melhorem a quali-
dade de vida da população” (op. cit., p. 90), por meio da criação de uma cartilha
para a aplicação de IoT em cidades e do apoio no planejamento e na execução
de pilotos de IoT.
As iniciativas são divididas em três categorias, conforme o quadro 1. Elas
estão associadas a cada um dos quatro elementos horizontais propostos pelo estudo:
capital humano; inovação e inserção internacional; infraestrutura de conectivi-
dade e interoperabilidade; e regulação, segurança e privacidade. Em termos de
denições, as “ações estruturantes são fundamentais para o desenvolvimento de IoT
no Brasil e sua implementação pode ser acompanhada dentro da estrutura de
governança do Plano de Ação”, com um total de dezessete iniciativas. As “medidas
são ações ou práticas que complementam as ações estruturantes para a entrega dos
objetivos especícos e estratégicos, ampliando o impacto do plano”, e totalizam
31 iniciativas. Já os elementos catalisadores “são ações identicadas como capazes
de potencializar o efeito da IoT no país”, abrangendo 27 iniciativas (BNDES,
2018a, p. 68-69).
Outro pilar do Plano Nacional de IoT refere-se ao modelo de governança
(BNDES, 2018b), responsável pela denição de papéis, participantes e rotinas de
implementação. Baseada em experiências internacionais – como as do Japão e da
Arábia Saudita –, a estrutura de governança proposta para o Plano Nacional de
IoT é exibida na gura 3.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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QUADRO 1
Sintetização e caracterização das categorias de iniciativas
Características
Fórum de decisão Impacto Facilidade de implantação
Categorias
Ações
estruturantes
Decisões tomadas pelo alto escalão
de órgãos engajados no estudo.
Alto e limitado à adoção e
ao desenvolvimento de IoT.
Média. Muitas delas já
estão em andamento.
Medidas Decisões tomadas por níveis gerenciais
de órgãos engajados no estudo.
Médio e limitado à adoção e
ao desenvolvimento de IoT.
Desafiadora, mas
possível, caso haja
alinhamento dentro e
fora dos órgãos.
Elementos
catalisadores
Decisões tomadas por fóruns de
altíssimo nível, como a Presidência da
República e o Congresso Nacional.
Muito alto e com medidas
que extrapolam a IoT.
Muito desafiadora e, em
geral, de resolução de
longo prazo.
Fonte: BNDES (2018a, p. 69).
Elaboração dos autores.
FIGURA 3
Desenho da estrutura de governança proposta para o Plano Nacional de IoT
3A – Governança do Plano Nacional de IoT
Comitê gestor executivo
Decisão
Equipe de PMO1
Coordenação e execução
de parte das iniciativas
Observatório de IoT
Comunicação do status
das iniciativas
Câmara IoT
Não há limite de assentos
Aconselhamento
3B – Governança das plataformas
Comitê gestor executivo
Decio
Equipe de PMO1
Coordenação e execução
de parte das iniciativas
Observatório de IoT
Comunicação do status
das iniciativas
Câmara IoT
Não limite de assentos
Aconselhamento
Governança do Plano Nacional de IoT
Governança das plataformas
Cidades
Aconselhamento
Saúde
Rural
Indústria
Validação e
aconselhamento
Coordenação e
monitoramento
Conselho gestor da plataforma
Coordenação operacional da plataforma
Fonte: BNDES (2018b, p. 11).
Elaboração dos autores.
Nota: 1 Escritório de projetos (project management office – PMO).
Conforme a gura 3, a governança proposta é dividida entre dois grupos,
o primeiro deles referente ao plano nacional, com quatro atores desempenhando
diferentes funções, e o segundo associado às plataformas, com duas subdivisões.
Com relação à governança do Plano Nacional de IoT, a função de aconselhamento
é dada à Câmara de IoT, que tem como principais atribuições: i) acompanhar a
evolução e o surgimento de novas aplicações de IoT; ii) subsidiar a formulação de
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
124
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políticas públicas que estimulem a IoT; iii) promover a cooperação técnica entre
os atores participantes do ecossistema de IoT; e iv) divulgar estudos e atividades
realizados em outros fóruns (BNDES, 2018b). De forma complementar, o comitê
gestor é o órgão executivo da governança do plano, com responsabilidades que
incluem o planejamento e a tomada de decisões críticas em nível estratégico e
o acompanhamento de resultados das ações. Por sua vez, a equipe de PMO
é responsável pela estrutura de monitoramento – por exemplo, estabelecendo
metodologias de trabalho para o desenvolvimento das iniciativas –, enquanto o
Observatório de IoT atua como repositório de informações e promove o alinha-
mento com iniciativas de outras instituições, entre outras atribuições.
Na governança das plataformas, as responsabilidades estão associadas ao
conselho gestor e à coordenação operacional. O conselho tem como principais
atribuições o estabelecimento de prioridades e objetivos da plataforma, o desen-
volvimento de aspirações claras e mensuráveis, e a participação ativa na denição
de regras para a seleção de projetos. A coordenação, por seu turno, é responsável
por fazer o controle do orçamento e monitorar necessidades de investimento,
buscar possíveis parceiros, além de disseminar conhecimento e fortalecer a comu-
nidade de IoT por intermédio da promoção de espaços e eventos.
O estudo desenvolvido pelo MCTI, pelo BNDES e por consórcio envol-
vendo a consultoria McKinsey, o CPqD e o escritório Pereira Neto e Macedo
Advogados foi a base a partir da qual se estabeleceu o Decreto no 9.854, de 25 de
junho de 2019, instituindo o Plano Nacional de IoT e dispondo sobre a Câmara
de Gestão e Acompanhamento do Desenvolvimento de Sistemas de Comunicação
Máquina a Máquina e Internet das Coisas (Câmara IoT). O art. 1o do decreto
reforça a nalidade de implementar e desenvolver a IoT no país, com base na
livre concorrência e na livre circulação de dados, observando-se as diretrizes de
segurança da informação e de proteção de dados pessoais (Brasil, 2019a).
Segundo Brasil (2019a, art. 3o), são objetivos do Plano Nacional de IoT:
I - Melhorar a qualidade de vida das pessoas e promover ganhos de eciência nos
serviços, por meio da implementação de soluções de IoT;
II - Promover a capacitação prossional relacionada ao desenvolvimento de
aplicações de IoT e a geração de empregos na economia digital;
III - Incrementar a produtividade e fomentar a competitividade das empresas
brasileiras desenvolvedoras de IoT, por meio da promoção de um ecossistema de
inovação neste setor;
IV - Buscar parcerias com os setores público e privado para a implementação
da IoT; e
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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125
V - Aumentar a integração do país no cenário internacional, por meio da
participação em fóruns de padronização, da cooperação internacional em
pesquisa, desenvolvimento e inovação e da internacionalização de soluções de IoT
desenvolvidas no país.
Com relação aos grupos verticais de utilização de IoT, o plano conrma os
quatro ambientes propostos pelo estudo – saúde, cidades, indústrias e meio rural
(Brasil, 2019a, art. 4o). Em 20 de outubro de 2020, o setor de turismo também
foi incluído como uma área vertical do Plano Nacional de IoT, por intermédio
da criação da Câmara do Turismo 4.0.18 Tal atribuição torna esses ambientes refe-
rência para o acesso a mecanismos de fomento à pesquisa cientíca, ao desenvol-
vimento tecnológico e à inovação, bem como para o apoio ao empreendedorismo
de base tecnológica. As áreas horizontais, por sua vez, foram estabelecidas pelo
decreto em seis pilares: i) ciência, tecnologia e inovação (CT&I); ii) inserção
internacional; iii) educação e capacitação prossional; iv) infraestrutura de conec-
tividade e interoperabilidade; v) regulação, segurança e privacidade; e vi) viabili-
dade econômica.19 Ressalte-se que tais ações devem estar alinhadas com as ações
estratégicas denidas na e-Digital.
Os projetos mobilizadores sugeridos pelo estudo também são instituídos
em Brasil (2019a), em seu art. 6o. Com o objetivo de facilitar a implementação
do plano, cam sob a coordenação do MCTI: i) as plataformas de inovação em
IoT; ii) os centros de competência para tecnologias habilitadoras em IoT; e iii) o
Observatório Nacional para o Acompanhamento da Transformação Digital.
Para o assessoramento destinado a acompanhar a implementação do Plano
Nacional de IoT, Brasil (2019a) dene, em seu art. 7o, a Câmara IoT, com as
seguintes competências: i) monitorar e avaliar as iniciativas de implementação
do Plano Nacional de IoT; ii) promover e fomentar parcerias entre entidades
públicas e privadas para o alcance dos objetivos do Plano Nacional de IoT;
iii) discutir com os órgãos e entidades públicas os temas (horizontais) do plano de
ação; iv) apoiar e propor projetos mobilizadores; e v) atuar conjuntamente com
órgãos e entidades públicas para estimular o uso e o desenvolvimento de soluções de
IoT. Fica denido, ainda, que a Câmara IoT será composta por representantes
de cinco ministérios,20 podendo ser convidados representantes de associações e de
entidades públicas e privadas para participar das reuniões.
18. Disponível em: https://www.gov.br/turismo/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/camara-do-turismo-4.0.
Acesso em: 4 out. 2022.
19. Quando os elementos horizontais são comparados aos propostos pelo estudo que embasou o Plano Nacional
de IoT – capital humano; inovação e inserção internacional; regulação, segurança e privacidade; e infraestrutura de
conectividade e interoperabilidade –, percebe-se que houve a reorganização de alguns itens, além da inclusão
de outros, como a viabilidade econômica.
20. MCTIC, que a presidirá; Ministério da Economia (ME); Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa);
Ministério da Saúde; e Ministério do Desenvolvimento Regional.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
126
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No que concerne ao Observatório de IoT, Lacerda (2020), ao realizar uma
análise ex ante do Plano Nacional de IoT, considera que o Observatório Nacional para
o Acompanhamento da Transformação Digital, lançado pelo MCTI em parceria
com o Movimento Brasil Competitivo e o CPqD, na prática, tomou proporção
mais ampla, “abarcando ferramentas para acompanhamento e monitoramento
das ações de políticas públicas relacionadas à economia digital em geral em curso
no país, dentre as quais o Plano Nacional de IoT” (op. cit., p. 82).21
Baseadas no Decreto no 9.854, de 25 de junho de 2019, as câmaras 4.0
(câmaras de IoT) começaram a ser implementadas ainda em 2019, nos casos de
indústria,22 agro23 e cidades,24 e em 2020 para saúde25 e turismo,26 com estruturas
baseadas na maioria das vezes em divisões por grupos de trabalho (GTs) e na
elaboração de um plano de ação. O quadro 2 detalha a data de formalização de
cada uma delas, bem como os respectivos GTs associados.
QUADRO 2
Câmaras 4.0: data de formalização e GTs (2019-2020)
Câmara Formalização GT 1 GT 2 GT 3 GT 4
Indústria Abr./2019
Desenvolvimento
tecnológico
e inovação
Capital humano
Cadeias produtivas e
desenvolvimento
de fornecedores
Regulação, normalização
técnica e infraestrutura
Agro Ago./2019 Desenvolvimento,
tecnologia e inovação
Desenvolvimento
profissional
Cadeias produtivas e
desenvolvimento
de fornecedores
Conectividade no campo
Cidades Dez./2019 Desenvolvimento
urbano e sustentável
Soluções e
tecnologias para
cidades inteligentes
e sustentáveis
Infraestrutura de
conectividade para
cidades inteligentes
e sustentáveis
Saúde Jan./2020 - - - -
Turismo Out./2020
Qualificação e
desenvolvimento de
produtos com foco na
Jornada do Turista 4.0
Desenvolvimento
de destinos
turísticos inteligentes
Soluções e
tecnologias digitais
para o turismo 4.0
Elaboração dos autores.
Obs.: No endereço virtual da Câmara da Saúde, não são apresentados GTs.
21. O observatório foi criado para englobar indicadores de esforço e impacto, além de servir como instrumento
de organização de informações e de transparência. Em 2020, Lacerda (2020) já alertava que a última atualização
havia sido dois anos antes. Atualmente, o endereço virtual visitado pela autora não existe, reforçando a aparente
descontinuidade de tal projeto mobilizador.
22. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/camara-industria. Acesso em:
5 out. 2022.
23. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/camara-agro. Acesso em:
5 out. 2022.
24. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/camara-cidades. Acesso em:
5 out. 2022.
25. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/camara-saude. Acesso em:
5 out. 2022.
26. Disponível em: https://www.gov.br/turismo/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/camara-do-turismo-4.0.
Acesso em: 5 out. 2022.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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127
As câmaras da indústria, do agro e das cidades apresentam em seus ende-
reços virtuais um conjunto maior de informações disposto em quatro seções:27
i) governança; ii) plano de ação; iii) programas e iniciativas; e iv) repositório.
As câmaras da saúde e do turismo, por sua vez, apresentam apenas a seção de
repositório, a qual inclui os históricos de publicações ociais – por exemplo, o
acordo de cooperação técnica do MCTI com o respectivo ministério associado
à câmara – e as reuniões dos GTs. A gura 4 ilustra o modelo de governança da
Câmara da Indústria 4.0.28
FIGURA 4
Modelo de governança da Câmara da Indústria 4.0
Conselho superior
Formula diretrizes para integração e harmonização das iniciativas para o desenvolvimento da indústria 4.0 no Brasil.
MCTI
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
ME
Ministério da Economia
CNI
Confederação Nacional da Indústria
Finep
Financiadora de Estudos e Projetos
CNPq
Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico
Embrapii
Empresa Brasileira de Pesquisa
e Inovação Industrial
ABDI
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
Sebrae
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas
BNDES
Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social
Secretaria executiva
É responsável pelo suporte às instâncias da câmara e pelo apoio técnico-administrativo.
MCTI ME
GTs
Apresentam soluções técnicas à agenda da câmara.
GT 1
Desenvolvimento tecnológico
e inovação
Capital humano Cadeias produtivas e
desenvolvimento de fornecedores
Regulação, normalização técnica
e infraestrutura
GT 2 GT 3 GT 4
Fonte: Brasil (2021b, p. 3).
Elaboração dos autores.
Com relação aos planos de ação, o documento referente à Câmara da
Indústria 4.0 (Brasil, 2021b) é elaborado por representantes das instituições que
compõem os GTs e aprovado pelo conselho superior. O plano passa por revisões
frequentes, de forma a conrmar o sucesso de algumas iniciativas e identicar
novas necessidades, e é detalhado da seguinte forma: para cada GT, são deter-
minadas ações que correspondem aos desaos do respectivo grupo, e para cada
27. A Câmara da Indústria ainda apresenta uma seção chamada ProFuturo, a qual anexa um documento referente
ao Plano de CT&I para Manufatura Avançada no Brasil divulgado em dezembro de 2017. A Câmara das Cidades não
apresenta um plano de ação, mas traz uma seção chamada Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, a qual oferece
mais de 160 recomendações apoiadas em oito objetivos estratégicos.
28. A estrutura do modelo de governança – conselho superior, secretaria executiva e GTs – é semelhante para a
Câmara do Agro.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
128
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ação descreve-se um conjunto de iniciativas capazes de auxiliar no cumprimento
dos objetivos. A título de exemplo, para o GT 1 (Desenvolvimento tecnológico
e inovação) são elencadas duas ações, a primeira delas com uma iniciativa corres-
pondente e a segunda com seis iniciativas associadas.
O plano de ação da Câmara do Agro 4.0 (Brasil, 2021c) é composto de sete
seções. Após breve apresentação e contextualização, o documento estabelece a
metodologia de elaboração do plano em quatro pilares: a identicação de ações e
iniciativas; a indicação de instituições responsáveis; a listagem dos atores envolvidos;
e a estimativa quanto à necessidade de recursos nanceiros. Em seguida, são tra-
çados os principais desaos elencados pelos GTs da Câmara do Agro 4.0, os quais
servem de base para a proposição de ações e iniciativas. Para cada um dos quatro
GTs, são colocadas de duas a três ações capazes de auxiliar no enfrentamento dos
desaos observados. Na seção seguinte, detalha-se a implementação do plano de
ação por meio de dois conjuntos de estratégias – as de implementação e de comu-
nicação –, e na sequência conclui-se com as considerações nais (Brasil, 2021c).
No âmbito de programas e iniciativas, destacam-se as câmaras do agro 4.0
e das cidades 4.0. Na primeira, tem-se o Programa Agro 4.0,29 encabeçado pela
Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), que visa estimular e
fomentar o uso de tecnologias 4.0 no agronegócio, por meio de editais, eventos,
encontros, compartilhamento de informações e outras ações, com foco em
aumento de eciência e produtividade, e em redução de custos. É interessante
citar também o e-Campo,30 uma plataforma de capacitações online da Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Por seu turno, na Câmara das
Cidades 4.0, são inúmeros os exemplos de ações, entre as quais se destacam a Carta
Brasileira para Cidades Inteligentes,31 a plataforma inteli.gente, cujo objetivo é
diagnosticar a maturidade para cidades inteligentes e sustentáveis,32 e a Rede para
Desenvolvimento Urbano Sustentável (ReDUS),33 uma plataforma nascida com
o propósito de apoiar pessoas e organizações a atuarem em conjunto para cons-
truir um futuro mais sustentável para as cidades.
2.3 A IoT na e-Digital: ciclo 2022-2026
A IoT é parte importante do ciclo 2022-2026 da e-Digital (Brasil, 2022c),
conforme a atualização periódica prevista no Decreto no 9.319/2018 (Brasil,
2018). Este decreto instituiu o Sistema Nacional para a Transformação Digital
29. Disponível em: http://agro40.abdi.com.br/. Acesso em: 5 out. 2022.
30. Disponível em: https://www.embrapa.br/e-campo. Acesso em: 5 out. 2022.
31. Disponível em: https://www.gov.br/mdr/pt-br/assuntos/desenvolvimento-urbano/carta-brasileira-para-cidades-
inteligentes. Acesso em: 5 out. 2022.
32. Disponível em: https://inteligente.mcti.gov.br/. Acesso em: 5 out. 2022.
33. Disponível em: https://www.redus.org.br/. Acesso em: 5 out. 2022.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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129
e estabeleceu a estrutura de governança para a implantação da estratégia. Nos
objetivos especícos dos eixos de transformação digital, coloca-se a promoção
do desenvolvimento de soluções tecnológicas nas áreas prioritárias de saúde,
agronegócio, indústria e cidades inteligentes, justamente as quatro áreas verticais
propostas pelo Plano Nacional de IoT – antes da inclusão do setor de turismo.
Ainda, entre os objetivos envolvendo infraestrutura e acesso às TICs, destaca-se
a expansão das redes de banda larga móvel e xa, em áreas urbanas e rurais que
seguem à margem da ampla conectividade, para alargar o acesso da população à
internet e às tecnologias digitais.
Com relação à conectividade, a e-Digital propõe a utilização de recursos do
Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) como ação
estratégica para o quadriênio 2022-2026, mediante a viabilização “da aplicação
de recursos do Fust na expansão do acesso à banda larga e na ampliação de seu
uso, tanto em ambientes urbanos como em áreas rurais e remotas” (Brasil, 2022c,
p. 21). A partir de resultados do quadriênio 2018-2022, conrma-se a reformu-
lação do Fust, bem como a edição da nova lei, a qual aguarda análise da Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel) para regulamentar sua operacionalização.
No que concerne à mão de obra em pesquisa, desenvolvimento e inovação
(PD&I), o documento reforça a necessidade de o Estado brasileiro atuar sobre
os elementos que viabilizam e impulsionam as ações de PD&I – por exemplo, a
democratização na formação do capital humano, na gura de engenheiros, cien-
tistas e tecnólogos formados, além da criação de oportunidades no mercado de
trabalho, ou seja, a retenção e a atração de talentos para o Sistema Nacional
de Ciência, Tecnologia e Inovação (SNCTI). São várias as ações estratégicas para
2022-2026 relacionadas à educação e à capacitação prossional, as quais incluem
conectar escolas públicas, urbanas e rurais, incorporar as tecnologias digitais nas
práticas escolares, reforçar as disciplinas de matemática, ciências, tecnologias e
engenharias, e promover o uso da tecnologia em sala de aula.
A IoT é ferramenta importante para promover o setor de PD&I e estimular
investimentos públicos e privados nas áreas verticais selecionadas, representando
25,5% na demanda por emprego de TICs. A título de exemplo, por meio da
Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) – organização social vinculada ao
MCTI – foram realizadas chamadas com a União Europeia e os Estados Unidos
em projetos de pesquisa relacionados a temas como 5G e IoT. Além disso, em
2021, ministros dos cinco países do grupo BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul) decidiram cooperar em iniciativas de inclusão digital, com ênfase
na expansão da conectividade em áreas rurais remotas. No âmbito de governança
da internet e transformação digital, o Brasil ainda participa de diálogos bilaterais
com diversos países sobre temas como a IoT, além de compor, por meio do
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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Ministério das Relações Exteriores (MRE), o GT do Grupo dos Vinte (G20)
relacionado à economia digital.
Ao fazer um diagnóstico para a transformação digital da economia, o docu-
mento coloca centralidade na IoT, conforme Brasil (2022c, p. 56):
a infraestrutura para armazenamento e compartilhamento do crescente volume de
dados criado a todo momento e em todas as esferas da sociedade é fundamental.
Entre os responsáveis pela geração crescente de dados estão os dispositivos conectados
(IoT), que demandam investimentos direcionados para o desenvolvimento de
tecnologias na área. Além disso, por meio da IoT e de outras tecnologias, será
possível implementar novos modelos de negócios, desde que sejam instituídos
os marcos regulatórios, realizados investimentos e fomentados ecossistemas de
inovação em TIC, com a participação de diversos setores da sociedade.
Para lidar com esses desaos associados à regulação, o documento propõe
ações estratégicas que envolvem a promoção e a cooperação entre autoridades
competentes, de forma a harmonizar marcos regulatórios relativos a dados, além
de contribuir com processos normativos internacionais que visem facilitar a inserção
internacional de empresas brasileiras.
Ressalta-se também a importância da celeridade na adoção da IoT, pois os
benefícios potenciais das tecnologias nela baseadas parecem ser signicativamente
maiores para as economias que as adotem de forma rápida, quando comparados
aos países seguidores – como o Brasil. Nesse sentido, considerando-se que as
características de disseminação de tais tecnologias tendem a aumentar a distância
entre países desenvolvidos, em desenvolvimento e pobres, rearma-se a relevância
do envolvimento de setores de governo, empresas e academia em iniciativas que
fomentem a adoção e o desenvolvimento da IoT e de novas tecnologias digitais.
Com relação aos desaos para a utilização e a disseminação eciente da IoT,
pontos importantes são elencados: i) a necessidade de formação de prossionais
com as competências básicas para desenvolver e utilizar as novas tecnologias
digitais relacionadas aos dispositivos conectados; e ii) questões de conança e de
preservação dos direitos dos usuários sobre o uso de novas tecnologias disruptivas
e o emprego ético destas (Brasil, 2022c, p. 68). Na adoção por parte das empresas,
os desaos incluem: i) investimentos em equipamentos que incorporem as novas
tecnologias; ii) adaptação de processos e das formas de relacionamento entre
empresas ao longo da cadeia produtiva; e iii) criação de novas especialidades e
desenvolvimento de competências (Brasil, 2022c, p. 68).34 Entre as ações estra-
tégicas voltadas a esse contexto, é possível citar a promoção e o fomento para
34. O documento utiliza estratégias de monitoramento e avaliação por meio de indicadores da e-Digital de forma
ampla, elaborados pelo MCTI, pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e por
outras organizações internacionais de referência. Os tópicos de IoT estão inseridos nesse conjunto mais abrangente.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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131
a massicação da adoção de soluções de TIC para micro e pequenas empresas
(MPEs) e o desenvolvimento de programa de fortalecimento do empreendedorismo
feminino nas áreas relacionadas à CT&I.
2.4 Políticas de fomento
A Lei no 8.248 (Lei de Informática), de 23 de outubro de 1991(Brasil, 1991), a Lei
no 13.969, de 26 de dezembro de 2019 (Brasil, 2019b), e o Decreto no 10.356,
de 20 de maio de 2020 (Brasil, 2020), são os principais instrumentos legais que
tratam de investimentos de empresas em PD&I no setor de TICs no Brasil.35 A
primeira nasceu com uma proposta claramente protecionista, mas já foi adaptada
para atender aos princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC), após
reclamações de países-membros naquele órgão.
Em síntese, empresas que exerçam atividades de desenvolvimento ou produção
de bens de TICs que atendam à Lei de Informática e ao Decreto no 10.356 fazem
jus a créditos nanceiros. Esse arcabouço jurídico propiciou o desenvolvimento
de diversos institutos de pesquisa de TICs, notadamente na região de Campinas
(São Paulo), mas também em outras cidades, como Santa Rita do Sapucaí (Minas
Gerais), Florianópolis (Santa Catarina) e Recife (Pernambuco).
Além da legislação e de instituições especializadas no tema de TICs, o setor
conta com as organizações que fomentam a pesquisa e a inovação em sentido mais
amplo: a Finep; o CNPq; o BNDES; as instituições do Sistema S – em particular,
o Senai e o Sebrae; as federações estaduais da indústria e a CNI; a Embrapa; a
ABDI; e, mais recentemente, a Embrapii.
Como forma de incentivar o desenvolvimento e a adoção da IoT no cenário
nacional, diversas instituições oferecem linhas de nanciamento e suporte téc-
nico, entre outras políticas. Esta subseção abordará em mais detalhes algumas
dessas oportunidades.
2.4.1 Políticas de fomento do lado da demanda
O BNDES Crédito Serviços 4.036 é um nanciamento para contratação de
serviços tecnológicos, credenciados pelo BNDES, associados à otimização da
produção, à viabilização de projetos de manufatura avançada e à implantação
de soluções de cidades inteligentes e outros similares. A IoT representa uma das
categorias denidas como serviços tecnológicos, ao lado de, por exemplo, digi-
talização e manufatura avançada. Esse crédito do BNDES pode ser solicitado,
conforme lista de fornecedores e serviços já credenciados no BNDES, por três
35. Disponível em: https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/lei-de-tics. Acesso em: 16 out. 2022.
36. Disponível em: https://www.bndes.gov.br/wps/vanityurl/bndes-credito-servicos-4.0. Acesso em: 6 out. 2022.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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tipos de atores: empresas sediadas no país, administração pública e produtores
rurais. Com relação às características do nanciamento, o BNDES pode ter par-
ticipação de até 100% do investimento, com prazo total de dez anos, incluindo
carência de até dois anos.
Uma parceria entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o Senai e o Sebrae
de São Paulo lançou em maio de 2022 a Jornada de Transformação Digital,37 um
programa com capacidade para atender 40 mil micro, pequenas e médias indús-
trias de todos os segmentos industriais no estado de São Paulo, com diferentes
níveis de maturidade tecnológica. Esse suporte pode envolver até oito etapas de
consultoria e treinamento, conforme descritas a seguir.
1) Diagnóstico: identicação de oportunidades para melhorias nos
processos de negócios.
2) Estratégia: denição ou redenição do modelo de negócios.
3) Otimização de processos: por meio de estudos envolvendo os conceitos
de manufatura enxuta e eciência energética.
4) Roteiro tecnológico rumo à indústria inteligente.
5) Automação: soluções em hardware e software.
6) Digitalização: implantação de tecnologias habilitadoras da indústria 4.0.
7) Integração: integrações verticais e horizontais da cadeia produtiva.
8) Indústria inteligente: desenvolvimento de soluções inteligentes,
possibilitando predição e adaptação dos processos industriais.
A partir das etapas 3 e 4, os consultores do programa apoiam as empresas em
busca de fontes de fomento e nanciamento.
2.4.2 Políticas de fomento do lado da oferta
A Finep e o MCTI lançaram, em 2020, o primeiro edital na temática de tecno-
logias 4.0, referente à Seleção Pública de Subvenção Econômica à Inovação no 4.38
A seleção visava ao fomento e à seleção de projetos de inovação nas temáticas
agro 4.0, cidades inteligentes, indústria 4.0 e saúde 4.0, por meio da concessão de
recursos de subvenção econômica para o desenvolvimento de produtos, processos
e serviços inovadores dentro do escopo das respectivas linhas temáticas e tecno-
logias habilitadoras. O montante disponibilizado de recursos não reembolsáveis
do Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientíco e Tecnológico (FNDCT)
37. Disponível em: https://jornadadigital.sp.senai.br/. Acesso em: 7 out. 2022.
38. Disponível em: http://www.finep.gov.br/chamadas-publicas/chamadapublica/643. Acesso em: 6 out. 2022.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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133
totalizou R$ 50 milhões, sendo R$ 45 milhões divididos igualmente entre as
áreas de agro 4.0, indústria 4.0 e saúde 4.0, e R$ 5 milhões para a área de
cidades inteligentes.
Fernandes, Barros e Hamatsu (2020) buscaram caracterizar e avaliar, por
meio da supramencionada seleção pública, a demanda para o apoio à inovação
nas empresas brasileiras, com ênfase no agro 4.0. De maneira geral, os autores
ressaltam que muitos projetos foram bem avaliados em todas as linhas temáticas,
porém não receberam subvenção dado o limite disponível, o que aponta para a
necessidade de continuidade do fomento à inovação no segmento 4.0. Os autores
ainda avaliaram a relação entre o tamanho das empresas e o número de projetos
submetidos e valores solicitados. As MPEs foram responsáveis por 57,8% do
montante solicitado e 74,1% dos projetos enviados, enquanto esses percentuais
para as empresas médias foram de 23,7% e 15,2%, respectivamente, e para as em-
presas grandes, de 18,5% e 10,7%. Ainda, as principais tecnologias habilitado-
ras autodeclaradas pelas empresas foram IA, computação em nuvem e internet das
coisas. A região Sudeste destacou-se como maior demandante de recursos e maior
proponente de projetos, com, respectivamente, 50,2% e 48,0% do total, liderada
pelo estado de São Paulo. Não menos importante, a respeito das linhas temáticas,
as maiores quantidades de projetos submetidos, e também escolhidos para
receber nanciamento, foram os da indústria 4.0, seguida das linhas de agro 4.0,
saúde 4.0 e cidades inteligentes.
Em setembro de 2022, o MCTI e a Finep divulgaram nova seleção pública
de subvenção econômica à inovação, com foco em empresas startups em tecno-
logias habilitadoras,39 nas linhas temáticas de nanotecnologia, fotônica, acústica,
materiais avançados e robótica. Com relação ao montante disponibilizado, a seleção
prevê o comprometimento de recursos não reembolsáveis do FNDCT até o
limite de R$ 50 milhões, distribuídos igualmente entre as cinco linhas temáticas.
A Embrapii oferece o Programa Prioritário (PPI) em IoT/Manufatura 4.0,40
aprovado pelo MCTI, um mecanismo adicional para que as empresas beneciadas
pela Lei da Informática cumpram com as responsabilidades de PD&I. Nesse
caso, os percentuais de gastos externos e internos em pesquisa e desenvolvimento
(P&D) podem ser depositados no PPI, cumprindo assim com a obrigação para
obter o benefício scal previsto na lei. A Embrapii conta com uma rede de unidades
credenciadas – centros de pesquisas de excelência com prossionais altamente
qualicados, com atuação em todo o Brasil – para desenvolver projetos com os
recursos do PPI IoT/Manufatura 4.0.
39. Disponível em: http://www.finep.gov.br/chamadas-publicas/chamadapublica/709. Acesso em: 7 out. 2022.
40. Disponível em: https://embrapii.org.br/programas-embrapii/leidetics/faq-ppi/. Acesso em: 7 out. 2022.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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2.5 IoT e agronegócio
Conforme observado nas subseções anteriores, existem várias verticais onde a
IoT pode ser utilizada. Como é inviável aprofundar todas as verticais no âmbito
deste capítulo, optou-se por focar o segmento de agronegócio, que é detalhado
nesta subseção. No setor rural, segundo Seixas e Contini (2017), a IoT envolve
serviços de tecnologias da informação (TIs) e software, principalmente big data
e ferramentas de gerenciamento de propriedades rurais. Entre os exemplos de
aplicabilidade da IoT, é possível relacioná-la ao monitoramento do solo, quanto à
vericação de umidade e níveis de nutrientes, por meio da análise de produtividade
em pequenas parcelas, bem como ao acompanhamento do crescimento e possíveis
surtos de doenças em culturas. Ainda, há utilização na pecuária, na otimização de
equipamentos agrícolas, além de usos mais personalizados e ecientes de insumos
e mão de obra, com consequente aumento da produtividade e dos rendimentos
do negócio agrícola.
Segundo a literatura, também são encontradas melhorias no controle
tossanitário das exportações por meio da implementação de sistemas de rastre-
amento por IoT (Nogueira, 2020), e na qualidade do controle de desempenho
zootécnico animal, na avaliação de processamento de alimentos, e na previsão de
variáveis meteorológicas (Bertollo, Castillo e Busca, 2022). Soares et al. (2021,
p. 9) destacam ainda que a ampliação da conectividade, por meio da geração de
dados em maior escala e conabilidade, além de permitir melhores tomadas
de decisão aos produtores rurais,41 pode proporcionar “ao governo formulação
assertiva de novas políticas públicas, que poderão ser customizadas para determinadas
regiões, resultando em eciência e tempestividade das ações”.
O número crescente de startups fornecedoras de sistemas para o agronegócio
ilustra o potencial da aplicação da IoT no agronegócio. Seixas e Contini (2017)
ressaltam os casos da Agrosmart42 e da Strider, esta que hoje faz parte da empresa
Syngenta,43 como exemplos da vitalidade do setor privado brasileiro, enquanto
Soares et al. (2021) complementam os casos de sucesso envolvendo startups do
agronegócio ao mencionar a Ecotrace, atuante na área de rastreabilidade de carne
bovina, de aves e de algodão, a Agrorobótica, que trabalha com análise inteligente
do solo, e a Gestão Integrada de Recebíveis do Agronegócio (Gira), na área de
tecnologia nanceira (nancial technology – ntech).
41. Barbosa e Martins (2021) sustentam que o conhecimento obtido com as análises de maiores quantidades de
dados estará associado não somente ao processo produtivo agrícola, mas também auxiliará nas tomadas de decisão
das esferas relacionadas a financiamento, seguros, logística, marketing, entre outras áreas-chave do agronegócio.
42. Disponível em: https://agrosmart.com.br/. Acesso em: 11 nov. 2022.
43. Disponível em: https://www.syngenta.com.br/press-release/institucional/syngenta-conclui-aquisicao-da-strider#:~:text=A%20
Syngenta%20anunciou%20hoje%20que,a%20Syngenta%20e%20a%20Strider. Acesso em: 11 nov. 2022.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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135
Alguns trabalhos buscaram caracterizar a relação entre IoT e agronegócio de
acordo com publicações sobre o tema. Costa, Oliveira e Móta (2018) realizaram
pesquisa exploratória no acervo de publicações da base de dados Scopus com o
intuito de investigar o papel da IoT nas atividades agrícolas, em artigos escritos
em inglês entre 2012 e 2017. Com 21 trabalhos analisados, os autores destacaram
a área de cadeia de suprimentos como tema frequente de análise, e colocaram a IoT
como ferramenta importante no gerenciamento das tomadas de decisão, além do
monitoramento e da atuação na atividade agrícola. Como principais desaos, é
mencionada a necessidade de contínua evolução de tecnologias subjacentes, bem
como a falta de conectividade no campo.
Em outra análise qualitativa por meio de pesquisa bibliográca em artigos
cientícos, sites e notícias, Barbosa e Martins (2021) colocaram a IoT como
determinante para a potencialização e a expansão do agronegócio no Brasil,
e rearmaram sua capacidade em auxiliar nas tomadas de decisão por meio
da utilização de sensores e drones combinados com big data e IA. Além disso,
considerou-se a IoT como um fenômeno conduzido majoritariamente por atores
globais, mas cuja implementação regional depende ainda de fatores culturais,
econômicos e institucionais.
Em análise mais abrangente, Nogueira (2020) objetivou avaliar as potencia-
lidades quanto à utilização da IoT no agronegócio em termos de impactos econô-
micos e disponibilidade de políticas públicas. Ao analisar as aplicações no âmbito
rural presentes no estudo que serviu de base para a elaboração do Plano Nacional
de IoT, o autor constatou o “processo de criação de um novo sistema nacional de
inovação para a aplicação de IoT no agronegócio por meio da articulação entre
governo, instituições de ensino e pesquisa e empresas” (op. cit., p. 44).
Entre as diculdades associadas à implementação da IoT no campo, a
conectividade desponta como um dos principais desaos. Castillo e Bertollo (2022),
ao avaliarem a presença de redes de internet no território brasileiro e as possibi-
lidades para o campo, argumentam que a efetiva colocação em prática da IoT
na produção agrícola depende do acesso à internet e aos dispositivos populares,
como os smartphones. Estas seriam “condições indispensáveis para que o produtor
rural possa se beneciar do uso da tecnologia da informação empregada no campo”
(op. cit., p. 492).
Segundo Milanez et al. (2020), baseados na percepção de participantes de
uma ocina de dois dias realizada na sede do BNDES, com a presença de mais
de cem participantes, entre os quais representantes dos usuários de tecnologia,
fornecedores e instituições que atuam no setor, a ausência ou limitação de
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
136
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conectividade foi citada, em todos os painéis44 do evento, como a principal barreira
para a expansão do uso de IoT. Outros fatores relevantes apontados envolvem a
diculdade de percepção de valor quanto ao investimento necessário para adotar
a IoT por parte dos produtores rurais, além da inexistência (ou percepção de inexis-
tência) de nanciamento adequado para a aquisição de serviços de IoT e da falta
de incentivos relacionada ao desenvolvimento de tecnologias no setor.
De acordo com Milanez et al. (2020), dados do Censo Agropecuário de
2017, do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística (IBGE), indicaram que a
cobertura de banda larga em áreas rurais é baixíssima. Além disso, é preciso levar
em conta que as demandas por conectividade variam a depender dos diversos
atores, conforme exposto em Brasil (2021a, p. 30):
embora recentemente haja grande movimento do setor agrícola mais tecnicado
pelo uso de IoT nas diversas fases do processo produtivo, de armazenamento
e de comercialização, há grande disparidade entre este tipo de demanda e as
do produtor rural sem ou com pouco acesso não só à internet como a serviços
essenciais como assistência técnica e extensão rural (Ater), saneamento básico,
entre outros. Públicos diferentes carecem de estratégias diferentes no que diz
respeito a políticas públicas que demandem conectividade no meio rural.
Brasil (2021a) buscou identicar as áreas com ausência de cobertura de banda
larga no território nacional para então propor alternativas de ampliação da
conectividade no meio rural baseadas em estratégias regionalizadas e caracterização
dos produtores rurais em diferentes pers. O estudo gerou, então, um mapa de
orientação para a gestão, com soluções envolvendo investimentos privados ou
desenvolvimento de políticas públicas, ou a combinação de ambos a depender
da região, de forma a possibilitar uma priorização territorial de ações. Por m,
estimou-se a quantidade de antenas necessárias para aumentar a conectividade
no campo, incluindo a hierarquização das mais prioritárias, em dois possíveis
cenários. No primeiro, no qual 4.400 torres já existentes passaram a ter antenas
de tecnologia 4G instaladas, os resultados indicaram aumento de quase 25% de
cobertura nas áreas com necessidade de conexão. No segundo cenário, envolvendo
novas instalações, da ordem de 15.182 novas antenas, atingiu-se a cobertura
praticamente total do território rural com necessidade de conexão.
Uma análise alternativa da utilização de IoT no campo é desenvolvida por
Bertollo, Castillo e Busca (2022). Os autores consideram que seu uso e difusão
são social e territorialmente muito seletivos, de modo que duas variáveis combi-
nadas dão uma dimensão dessa seletividade socioespacial:
44. A oficina foi dividida em quatro painéis: i) proteína animal; ii) culturas anuais (grãos e algodão); iii) frutas, legumes
e verduras; e iv) culturas de ciclo longo (cana-de-açúcar e silvicultura).
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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137
o agronegócio globalizado, produtor de commodities prioritariamente
voltadas à exportação, concentrador de terra e de renda, e controlado
por grandes empresas de comercialização e agroindústrias; e
o meio técnico-cientíco e informacional, com presença assegurada
pelo Estado e pelas grandes empresas nos lugares com maior poten-
cial competitivo.
Quando interconectadas, essas variáveis geram as condições ideais para a
proliferação das TIs no campo. Ademais, considera-se a condição das infraes-
truturas, efetivadas pelas antenas de telefonia móvel e pelos cabos de bra ótica,
como fator importante para explicar o crescimento da IoT no campo.
Ainda conforme Bertollo, Castillo e Busca (2022), as principais diculdades
para capilarizar a IoT no campo são a disparidade de renda dos produtores em
distintas partes do território, a gigantesca concentração fundiária e a distribuição
desigual das infraestruturas que promovem a acessibilidade à internet. Entre as
soluções propostas pelos autores estão a instalação de estações rádio base (ERBs)
em locais selecionados, custeadas pelos próprios produtores, pelo Estado ou por
ambos; o uso de internet via satélite; e a utilização de plataformas como a airband.45
De forma complementar, os autores defendem a importância da atuação de agentes
públicos e instituições de pesquisa para prover conexão à internet, por meio de
apoio técnico a pequenos produtores – por exemplo, com o uso de plataformas
abertas e assessoria. Ainda, ressaltam o papel crescente dos provedores regionais para
melhor distribuir a conexão à internet no campo, ao atenderem, sobretudo, às
demandas de pequenos produtores rurais da agricultura familiar e de assentamentos.
Pinto e Freitas (2021) buscaram avaliar a aplicabilidade da IoT ao contexto
da agricultura familiar no Brasil. Segundo os autores, a IoT pode oferecer avanços
que envolvem melhor eciência na utilização de insumos, redução de custos,
sustentabilidade, além de segurança alimentar e proteção ambiental. Embora
ressaltem a existência de problemas relacionados à durabilidade de dispositivos
e à interoperabilidade, conclui-se pela possibilidade de transformação, pelo uso
da IoT, da “agricultura familiar em uma agricultura inteligente e sustentável
em razão da economia de recursos naturais e pela possibilidade de existência de
menos externalidades negativas” (op. cit., p. 699).
Entretanto, Bertollo, Castillo e Busca (2022) argumentam que a “incorpo-
ração da IoT no campo brasileiro estabelece um novo padrão de competitividade
para os agentes hegemônicos e para as regiões produtivas mais especializadas,
desvalorizando, portanto, as porções do território ocupadas pela agricultura familiar”.
45. Essas plataformas são capazes de levar a conectividade aonde a internet não chega, por meio dos canais vazios
de televisão (TV white spaces).
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
138
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Nesse sentido, colocam como fundamental que “porções do território brasileiro
onde predomina a agricultura familiar sejam contempladas com a expansão da
informacionalização do campo, preferencialmente por políticas públicas nas
diversas escalas de governo”.
Um exemplo de atuação do governo federal para levar conectividade a
assentamentos e localidades remotas com vocação para o agronegócio é a inicia-
tiva do hub das Comunidades Rurais Conectadas, uma parceria do Mapa com
o Ministério das Comunicações e governos estaduais. Por meio da conexão via
satélite, a primeira fase do programa objetiva conectar 166 comunidades rurais,
que incluem assentamentos, escolas e áreas rurais remotas, privilegiando regiões
com demandas de desenvolvimento regional para o agronegócio. Os pontos estão
distribuídos em 134 municípios de dez estados, prioritariamente das regiões Norte,
Nordeste e Centro-Oeste.46 A conectividade em “áreas rurais isoladas promove
inclusão social e estimula o cooperativismo, ampliando não somente informações
que possam beneciar essas comunidades, mas também as possibilidades de assis-
tência técnica e extensão rural” (Brasil, 2022d).
3 COMPARAÇÃO INTERNACIONAL E CASOS DE SUCESSO
3.1 Comparação internacional
A comparação entre dados do Brasil e da Europa mostra que, considerando-se a
utilização da IoT em sentido amplo, o Brasil encontra-se aquém da média europeia,
e bem atrás dos países líderes, conforme pode ser observado no gráco 2.
GRÁFICO 2
Empresas que utilizaram dispositivos inteligentes ou IoT, por país e porte (2021)
(Em % do total de empresas)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Áustria
Eslovênia
Finlândia
Suécia
Alemanha
Albânia
Europa
Irlanda
Chipre
Itália
República Tcheca
Letônia
Lituânia
Bélgica
Malta
Eslováquia
Espanha
Noruega
Portugal
Croácia
Luxemburgo
França
Hungria
Grécia
Holanda
Turquia
Dinamarca
Sérvia
Polônia
Macedônia
Bósnia e Herzegovina
Estônia
Bulgária
Brasil
Romênia
Total 10 a 49 pessoas ocupadas 50 a 249 pessoas ocupadas 250 ou mais pessoas ocupadas
Fonte: Kubota e Lins (2022); CGI.br (2022); Eurostat (2021).
46. Disponível em: https://www.canalrural.com.br/noticias/agricultura/governo-inaugura-hub-da-iniciativa-comunidades-
rurais-conectadas-em-ms/. Acesso em: 30 nov. 2022.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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139
Como ilustrado no gráco 2, em média, 35% das empresas europeias uti-
lizaram dispositivos inteligentes ou IoT em 2021. Analisando-se os dados por
porte da empresa, verica-se que zeram emprego dessas tecnologias 26% das
empresas pequenas; 37% das médias; e 48% das grandes. A média brasileira é
de 14% de empresas fazendo uso de IoT ou dispositivos inteligentes, sendo as
porcentagens de 13% para as pequenas empresas; 21% para as médias; e 34%
para as grandes. Os portes das empresas foram denidos pela quantidade de tra-
balhadores ocupados: de 10 a 49; de 50 a 249; e com 250 trabalhadores ou mais.
Entretanto, quando se analisa o uso estrito nos processos produtivos,
observando-se a nalidade do emprego de IoT, é possível observar que a distância
entre o Brasil e a Europa só é signicativa em dois setores. São eles: i) gerenciamento
de consumo de energia – medidores, termostatos ou lâmpadas inteligentes; e,
principalmente, ii) segurança das instalações – sistemas de alarme, detectores de
fumaça, travas de portas e câmeras de segurança inteligentes (gráco 3). O último
resultado é curioso, tendo em vista os elevados índices de criminalidade no Brasil,
em comparação com a Europa.
GRÁFICO 3
Empresas que utilizaram dispositivos inteligentes ou IoT, por finalidade (2021)
(Em % do total de empresas)
Brasil Europa
9
21
5
6
7
4
6
12
4
6
6
5
0 25 50
Gerenciamento de consumo de energia6
Segurança de instalações5
Processos de produção4
Gestão de logística3
Manutenção de equipamentos2
Atendimento ao cliente1
Fonte: Kubota e Lins (2022); CGI.br (2022); Eurostat (2021).
Notas: 1 Câmeras ou sensores inteligentes monitorados ou controlados via internet para acompanhar as atividades dos clientes
ou oferecer-lhes uma experiência de compra personalizada.
2 Sensores monitorados ou controlados via internet para monitorar as necessidades de manutenção de máquinas
ou veículos.
3 Sensores monitorados ou controlados via internet para rastreamento de produtos ou veículos na gestão de depósito.
4 Sensores ou etiquetas de identificação por radiofrequência monitorados ou controlados via internet, usados para
monitorar ou automatizar processos.
5 Sistemas de alarme, detectores de fumaça, travas de portas e câmeras de segurança inteligentes.
6 Medidores, termostatos ou lâmpadas inteligentes.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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3.2 Casos de sucesso
O country of origin eect, ou efeito do país de origem, é um conceito que pode ser
denido como a inuência que a origem do país que manufatura, monta ou
desenha um bem tem na percepção positiva ou negativa daquele produto. Embora
seja conhecido como um país exportador de commodities agrícolas e minerais, o
Brasil também é produtor de bens de alta tecnologia, como os aviões da Embraer,
e explora petróleo em condições extremamente adversas, o que requer tecnologias
extraordinariamente sosticadas.
Esta subseção tem o objetivo de ilustrar que há motivos para otimismo,
mostrando que o país tem condições não só de implementar as tecnologias de
IoT, mas também de desenvolvê-las em classe mundial. Os casos listados a seguir
são exemplos de ganhos de produtividade para a economia.47
3.2.1 Mineração
A Vale utiliza, desde 2016, caminhões autônomos de mineração na mina de Brucutu,
em São Gonçalo do Rio Abaixo (Minas Gerais). Desde 2019, todos os treze
caminhões em operação são autônomos. A Vale já implementou, no total, 27 cami-
nhões fora da estrada, 20 perfuratrizes e 34 máquinas de pátio (Fiemg, 2022).
Os caminhões são controlados por sistemas informatizados, sistema de
posicionamento global (global positioning system – GPS), radares e IA. Sensores
mapeiam de forma contínua o relevo, objetos e pessoas, evitando atropelamentos
e colisões. O maior ganho com a introdução da tecnologia é o incremento da
segurança. Desde o início do projeto, não houve acidentes causados pelos caminhões
autônomos (Fiemg, 2022).
Em Itabira (Minas Gerais), as perfuratrizes autônomas apresentaram redução
de 7,3% de combustível (aproximadamente 1.200 litros/ano), na comparação
com as tripuladas. A redução equivalente de carbono (2.966 tCO2) necessitaria
de uma área com 22 mil m2 de orestas (Fiemg, 2022).
Em Brucutu, os pneus tiveram acréscimo de 25% na vida útil, mesmo
percentual correspondente ao aumento da vida útil dos motores. Dado que a troca
de cada motor custa R$ 2,5 milhões (Fiemg, 2022), trata-se de um interessante
exemplo de contribuição da IoT para a produtividade da rma e da economia.
3.2.2 Agricultura
O CPqD, com apoio da Finep e do BNDES, desenvolveu o projeto AgroTICs,
que criou uma rede móvel privada e de banda larga, especíca para áreas remotas,
e participou do desenvolvimento de uma rede móvel privada para o grupo
47. Os casos foram selecionados a partir da revisão da literatura, das notícias veiculadas na imprensa de negócios e
das entrevistas realizadas.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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141
São Martinho. A solução desenvolvida pelo CPqD é composta de uma ERB
e de terminais veiculares adaptados aos requisitos operacionais das usinas de
cana-de-açúcar.
A empresa possui um Centro de Operações Agrícolas (COA), no qual todos
os dados do campo são controlados em tempo real. Por meio da utilização de
IA, são otimizados os processos e o desempenho dos equipamentos, e potenciais
pragas são detectadas (São Martinho, 2021, p. 26).
3.2.3 Monitoramento de cargas48
Outro exemplo foi o desenvolvimento pelo Centro de Pesquisas Avançadas Wernher
von Braun da tag de ultra-alta frequência utilizada por milhões de veículos nos
pedágios brasileiros, assim como dos sensores para identicar, rastrear e autenticar
bens produzidos no Brasil.49
A solução do instituto foi a primeira do mundo a utilizar criptograa avançada,
e a entidade participou de modo decisivo na redação da norma internacional
sobre o assunto (ISO 29167-10).
Um modelo de negócios de mobilidade como serviço permite o comissio-
namento de equipamentos de rede já disponíveis e viabiliza o rastreamento de
ativos e cargas em veículos em rodovias no Centro-Sul e no litoral do país,
de modo já compatível com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD –
Lei no 13.709, de 14 de agosto de 2018).50 Esse tipo de tecnologia representa um
potencial de reduzir o elevado sobrepreço no valor dos produtos, em função do alto
risco do roubo de carga no país, que representaram valores superiores a R$ 1 bilhão
em 2021, de acordo com levantamentos do setor.51
3.2.4 Cidades inteligentes
O município de São José dos Campos foi o primeiro do Brasil a ser certicado
como cidade inteligente pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).52
Para atingir esse feito, o município investiu em recursos tecnológicos, inclusive
tecnologia de IoT. Com a implantação do serviço Sigpark, que utiliza mais de
4 mil dispositivos, os motoristas recebem a informação de onde há maior concen-
tração de vagas livres para estacionar nas ruas da cidade.53
48. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Gkad6OGNaZc. Acesso em: 16 out. 2022.
49. Disponível em: https://www.thetechnologyheadlines.com/magazine/subscription/web/shared/Dariofhdfe4695/.
50. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/l13709.htm. Acesso em: 25 jan. 2023.
51. Disponível em: https://www.portalntc.org.br/ntclogistica-divulga-pesquisa-do-roubo-de-cargas-2021/#:~:text=Confira%20
aqui%20a,Compartilhe%20isso%3A. Acesso em: 17 out. 2022.
52. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/especial-publicitario/prefeitura-de-sao-jose-dos-
campos/minha-sao-jose/noticia/2022/03/18/sao-jose-e-certificada-a-primeira-cidade-inteligente-do-brasil.ghtml.
53. Disponível em: https://tiinside.com.br/29/04/2021/com-o-titulo-de-cidade-inteligente-sao-jose-dos-campos-investe-
em-iot/. Acesso em: 26 out. 2022.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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FIGURA 5
Serviço Sigpark em São José dos Campos
Fonte: Foto por Claudio Vieira, da Prefeitura Municipal de São José dos Campos.
4 PROPOSTAS DE POLÍTICAS
Nesta seção serão apresentadas três propostas de políticas, que foram as mais des-
tacadas no âmbito das entrevistas realizadas: formação e contratação de talentos,
fomento à demanda e, devido ao foco do texto, conectividade no campo.54
4.1 Formação e contratação de talentos55
Segundo diversas organizações setoriais, existe uma falta expressiva de prossionais
qualicados de TICs no Brasil. Análise desenvolvida pelos autores, com base em
dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho
e Emprego (MTE), indica que o salário dos programadores teve valorização acima
da inação no período de 2010 a 2020, o que parece conrmar a demanda acima da
oferta nesse mercado.
Várias empresas têm promovido cursos de formação. Algumas rmas têm se
queixado que prossionais brasileiros têm sido contratados – virtual ou presen-
cialmente – por empresas estrangeiras. Nesse quesito, deve-se avaliar a facilitação
54. A IoT envolve uma série de questões regulatórias que não são o foco deste capítulo. As propostas, limitadas em
escopo, foram inspiradas pelas entrevistas. Para exemplos de políticas ligadas às telecomunicações, ver: https://www.
itu.int/en/ITU-D/Regional-Presence/AsiaPacific/Documents/Events/2018/IoT-BDG/IoT_Policy_Sept26%20Ismail%20
Shah.pdf. Acesso em: 9 jul. 2023.
55. O Ipea está desenvolvendo uma pesquisa sobre trajetórias ocupacionais de profissionais de TI.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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143
da contratação de prossionais latino-americanos, que sejam capazes de compre-
ender o idioma português, e em países onde o câmbio seja favorável para esta con-
tratação. Devem-se também desenvolver programas para aumentar a formação e a
contratação de prossionais do sexo feminino, que são minoria no setor.
Em prazo mais longo, existem programas bem estruturados de identicação
de talentos de raciocínio lógico-quantitativo em tenras idades no Brasil: as
Olimpíadas do Conhecimento, em particular a Olimpíada Brasileira de Matemática
das Escolas Públicas (Obmep),56 a Olimpíada Brasileira de Informática (OBI)57
e a recém-lançada Olimpíada Brasileira de Chip (Obchip).58 A Obmep promove
o Programa de Iniciação Cientíca Jr. (PIC), oferecido a todos os vencedores de
medalhas no certame. Uma bolsa de R$ 100 e aulas são oferecidas aos bolsistas.
Programa semelhante voltado para as TICs poderia ser oferecido aos medalhistas
da Obmep e da OBI, desenvolvendo competências para futuros prossionais que
utilizarão tais conhecimentos em suas trajetórias prossionais, no próprio setor de
TICs ou em outros segmentos.
Deve-se incentivar também na educação básica – especialmente com a
oportunidade dada pelos itinerários formativos da nova Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) do ensino médio59 – o ensino baseado em metodologias ativas
e o desenvolvimento de espaços maker (“mão na massa”).60
4.2 Fomento à demanda
Conforme apresentado na seção 2, existe um robusto sistema setorial de inovação
no Brasil, com a oferta de um grande leque de programas de apoio à produção
tecnológica. Entretanto, como já é de pleno conhecimento no que diz respeito
à inovação de produtos ou processos para o mercado no Brasil, os indicadores
não são favoráveis, especialmente com relação às empresas médias e pequenas
(ABDI, 2019).
A mesma seção também apresentou a Jornada de Transformação Digital,
desenvolvida pelo Sistema S de São Paulo, uma proposta muito abrangente e bem
desenhada de apoio à adoção das TICs pelas empresas. O surgimento de casos de
sucesso a partir de iniciativas como esta pode ter um efeito demonstração para
que outras empresas busquem melhorar suas atividades. Trata-se de programa que
merece ser replicado e disseminado pelo país.
56. Disponível em: http://www.obmep.org.br/. Acesso em: 25 jan. 2023.
57. Disponível em: https://olimpiada.ic.unicamp.br/. Acesso em: 25 jan. 2023.
58. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JiAWF8npWM4. Acesso em: 26 jan. 2023.
59. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/. Acesso em: 25 jan. 2023.
60. Há um interessante programa para o desenvolvimento de espaços maker paulistas, disponível em: https://
makerspaceiot.febrace.org.br/. Acesso em: 16 dez. 2022.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
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A expansão da adoção vai depender em grande medida da atuação das orga-
nizações setoriais do próprio setor privado, mas o governo federal pode criar um
portal de divulgação de boas iniciativas. Um excelente exemplo a ser considerado
é o Internet of Food and Farm 2020, da União Europeia.61 O portal apresenta
diferentes casos de aplicação de IoT no campo, como o monitoramento analítico da
criação de suínos e aves, a rastreabilidade de alimentos e a otimização da tomada
de decisão na cadeia de suprimentos de bovinos, viabilizando também o contato
com as equipes desenvolvedoras da solução.
É importante notar dois pontos nesse quesito. O primeiro deles é que existe
uma diculdade técnica, em função de vários aspectos que devem ser considerados
na implantação de projetos de IoT: o hardware (dispositivos), a conectividade, a
interoperabilidade, a rede, a segurança da informação, muitas vezes com a neces-
sidade de atuação das chamadas integradoras. Por isso, deve-se ampliar a ênfase
na inovação de processos, quando historicamente as políticas privilegiaram a
inovação de produtos. O segundo ponto a se ressaltar é que metodologias como
a proposta, por exemplo, pela Jornada de Transformação Digital pressupõem uma
evolução em etapas. Primeiro, é necessário efetuar o trabalho de base, de análise
da estratégia e dos produtos, para depois se disseminarem os projetos tecnológicos.
É fundamental que os fornecedores de soluções desenvolvam diferentes modelos
de negócio, propiciando a opção entre maior gasto de capital ou de custeio, de
modo a atender às necessidades dos clientes.
4.3 Conectividade no campo
A falta de conectividade no campo obviamente é um obstáculo à expansão das
tecnologias de IoT no agronegócio brasileiro. Mesmo no estado de São Paulo, o
mais rico do país, esta é uma realidade que deve ser tratada com atenção. Uma
alternativa promissora capaz de acelerar a mudança desse cenário refere-se à uti-
lização de recursos do Fust para ampliação da cobertura no campo (Cruz, 2022).
Conforme o Decreto no 11.004, de 21 de março de 2022 (Brasil, 2022a) – que
regulamentou a Lei no 9.998, de 17 de agosto de 2000 (Brasil, 2000), a qual
instituiu o Fust –, um dos objetivos para os quais os recursos do fundo passam a
ser destinados contempla a inovação tecnológica de serviços de telecomunicações
no meio rural. Tal iniciativa tem apoio político (Haje, 2022) e do meio empresarial –
por exemplo, da Associação ConectarAgro (Julião, 2022) –, além de estar sendo
discutida e fomentada por fóruns e GTs da Câmara Agro 4.0. Ainda, é importan-
te que os recursos do Fust não sejam contingenciados.
Até o momento de produção deste livro, a Lei no 14.475, de 13 de dezembro
de 2022 (Brasil, 2022b), que cria a Política Nacional de Incentivo à Agricultura
61. Disponível em: https://www.iot-catalogue.com/. Acesso em: 26 out. 2022.
Internet das Coisas no Brasil: análise e recomendação
de políticas com ênfase no agronegócio
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e Pecuária de Precisão (Feiten, 2023), permanece aguardando regulamentação.
O texto prevê uma série de medidas que pode beneciar a introdução das tecno-
logias de IoT no campo, tais como: a criação de redes de pesquisa direcionadas ao
acesso dos pequenos e médios proprietários à agricultura e à pecuária de precisão;
a criação de instrumentos de nanciamento; e o estímulo a investimentos que
permitam a cobertura de internet nas áreas rurais do país (Brasil, 2022b).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entre os desaos que cercam a popularização da IoT no Brasil, o principal é que
a adoção não se limite a casos de sucesso, vericados especialmente entre as grandes
rmas, mas que ganhe escala e seja uma realidade também nas pequenas e médias
empresas. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho envolveu caracterizar a IoT
no Brasil por meio de diferentes análises, fazer o levantamento de casos de
sucesso, além de comparar o país com o contexto internacional, para então
propor políticas públicas.
Com relação à caracterização do cenário nacional de IoT, partiu-se inicial-
mente de uma análise bibliométrica que contempla 179 documentos publicados
entre os anos de 2013 e 2022, com o intuito de fornecer resultados indicativos
das principais tendências desse campo. Em seguida, examinou-se o Plano Nacional de
IoT, instituído pelo Decreto no 9.854, de 25 de junho de 2019, e a sua relação com
a e-Digital. Ainda, realizou-se uma revisão de literatura com ênfase na aplicação
de IoT no agronegócio – a qual realça o potencial da utilização das tecnologias no
campo e detalha os principais desaos para a efetiva implementação –, bem como
o levantamento das principais políticas de fomento aplicáveis à IoT no Brasil,
tanto do lado da demanda quanto da oferta.
A comparação internacional, tendo a Europa como contraparte, avaliou
tanto a porcentagem de empresas que utilizam alguma tecnologia de IoT quanto
quais são as principais tecnologias adotadas. Por seu turno, os casos de sucesso
nacionais englobam setores como os de mineração – caminhões autônomos da
Vale; agricultura – COA na Usina São Martinho; monitoramento de cargas – tag
de ultra-alta frequência utilizada por veículos; e cidades inteligentes – serviço
Sigpark em São José dos Campos. Por m, foram discutidas propostas de políticas
públicas no âmbito de quatro tópicos principais: i) regulação; ii) formação e
contratação de talentos; iii) fomento à demanda; e iv) conectividade no campo.
Em suma, o Brasil está bem servido do lado da oferta, mas precisa ser capaz
de multiplicar os casos de sucesso, bem como de fomentar a adoção da IoT pelas
pequenas e médias empresas e pelos empreendimentos agrícolas.
Digitalização e Tecnologias da Informação e Comunicação:
oportunidades e desafios para o Brasil
146
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Full-text available
Este artigo tem o objetivo de descrever a implementação de um sorvedouro de dados para o sistema IoT de irrigação automática Hortência, desenvolvido previamente. O trabalho monta um cenário real de testes para a coleta de dados e formatação em arquivo de texto. Além disso, realiza uma análise dos requisitos para implementação de um banco de dados para a aplicação IoT em estudo.
Article
Full-text available
Os objetos informacionais empregados no campo brasileiro se difundem e ampliam sua participação em diversos ramos produtivos. No setor do agronegócio, esse sistema de objetos técnicos, envolvendo sensores, equipamentos e máquinas, conectados digitalmente através da Internet das Coisas (Internet of Things ou IoT), permite o compartilhamento de grandes volumes de dados dos mais variados tipos com grande fluidez, alimentando diversas etapas do processo produtivo, tais como detecção e monitoramento de atividades agropecuárias, processamento industrial de alimentos e análise preditiva das variáveis meteorológicas. As operações são realizadas remota e automaticamente por equipamentos como smartphones, tablets e maquinários agrícolas computadorizados e equipados com GPS. A partir do advento da Internet das Coisas, o ritmo de crescimento da produção de dados e sua velocidade de transmissão aumentam exponencialmente e demandam a conexão dos estabelecimentos rurais e etapas da produção às redes de telecomunicações. A análise dos agentes envolvidos no desenvolvimento, difusão e conexão desses sistemas e a avaliação de seus impactos na produção agropecuária permitem visualizar dois processos complementares e contraditórios no campo brasileiro: 1) o aprofundamento das desigualdades, decorrente da difusão social e espacialmente seletiva das tecnologias digitais; 2) a potencial mitigação dos efeitos deletérios da primeira tendência, isto é, das disparidades entre os agentes do circuito superior e do circuito inferior das economias agrárias, por meio da difusão e banalização do uso das tecnologias da informação e infraestruturas de internet no contexto da agricultura familiar, valorizando os conhecimentos diversos de pequenos e médios produtores e cooperativas.
Article
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O controle da produção, comercialização e distribuição da produção no campo atualmente depende cada vez mais do acesso à internet e às variadas redes sociais. Essa é uma questão importante principalmente para os pequenos produtores rurais no Brasil, em grande parte excluídos dessa modernização e alijados em sua mobilidade geográfica. Nesse contexto, as Estações Rádio Base (ERB), infraestruturas imprescindíveis para a conexão à internet por meio dos smartphones, ganham centralidade como uma condição objetiva para a inclusão dos agentes do circuito inferior das economias agrárias. Tal objetivo somente pode ser alcançado por meio de políticas públicas inclusivas, uma vez que as operadoras privadas de telefonia móvel e acesso à internet não demonstram interesse em porções do território e segmentos sociais que não demonstram viabilidade econômica. A inclusão da comunicação como direito social na Constituição Federal, através de uma nova Emenda Constitucional ao seu artigo 6º, deveria ser o primeiro passo para esse objetivo.
Chapter
Full-text available
No quinto capítulo, de autoria de Luis Claudio Kubota, Edison Benedito da Silva Filho, Rogério Diogne de Souza e Silva, Frederico Araújo Turolla, José Mauro de Morais, Mauricio Benedeti Rosa e Maria Eduarda de Paula-Fernandes, são apresentados o panorama setorial e os desafios a serem enfrentados para a modernização dos principais segmentos da infraestrutura econômica do Brasil. Os autores elaboram ampla lista de recomendações de políticas para modernizar o arcabouço regulatório do setor, visando a destravar investimentos, incorporar novas tecnologias e ampliar sua contribuição para a produtividade da economia brasileira.
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For decades, agribusiness has been one of the main sources of economic and social sustenance in Brazil. The conditions of climate, soil and territorial extension; the large number of producers with productive potential and the joint efforts of public and private institutions directed to the scientific and technological development of the sector differentiate Brazil from its competitors and make it one of the largest agricultural producers and exporters in the world. The technological innovation called the Internet of Things (IoT) is gaining more and more space. The Internet of Things plays a key role in the development and innovation of agribusiness, which for decades has been one of the main sources of economic and social support in Brazil, requiring a discussion on how this phenomenon occurs and its consequences. The objective of this article is to present some definitions about the Internet of Things, ubiquitous computing (understood as the omnipresence of information technology) and its impacts on agribusiness. It is concluded that there is evidence that the Internet of Things is a determining factor for the potentialization, and consequently the expansion of agribusiness in Brazil.
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All living things, including plants, animals, and humans, need water in order to live. Even though the world has a lot of water, only about 1% of it is fresh and usable. As the population has grown and water has been used more, fresh water has become a more valuable and important resource. Agriculture uses more than 70% of the world’s fresh water. People who work in agriculture are not only the world’s biggest water users by volume, but also the least valuable, least efficient, and most subsidized water users. Technology like smart irrigation systems must be used to make agricultural irrigation more efficient so that more water is used. A system like this can be very precise, but it needs information about the soil and the weather in the area where it is going to be used. This paper analyzes a smart irrigation system that is based on the Internet of Things and a cloud-based architecture. This system is designed to measure soil moisture and humidity and then process this data in the cloud using a variety of machine learning techniques. Farmers are given the correct information about water content rules. Farming can use less water if they use smart irrigation.
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Este trabalho visa analisar o tratamento jurídico dado à Agricultura Familiar no Brasil, como modo de produção sustentável. Na busca deste objetivo, foi utilizado o método hipotético-dedutivo, com análise da legislação, livros e artigos publicados. A agricultura familiar somente passou a ter visibilidade no cenário jurídico brasileiro na década de 1990, a partir de quando várias políticas públicas foram criadas, visando fomentar essa atividade. Observa-se que o tratamento normativo dado à agricultura familiar no Brasil evidencia os seus benefícios, como a alimentação saudável e diversificada, a rotação de culturas e o incentivo à economia local. Constatou-se que a tecnologia da Internet das Coisas pode auxiliar na sua evolução, propiciando, simultaneamente, maior sustentabilidade e ganhos ambientais.
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ABSTRACT Industry 4.0 is characterized by the use of big data & analytics, autonomous robots, simulation tools, horizontal and vertical systems integration, IoT, cloud computing, additive manufacturing, augmented reality and cyber security, what was transposed to agribusiness as Agriculture 4.0 or Agro 4.0. The Brazilian government has been implementing initiatives to promote this segment, the most recent being the Public Selection Technologies 4.0, to support the themes Agro 4.0, Smart Cities, Industry 4.0 and Health 4.0. The objective of this study is to characterize and evaluate the demand for supporting innovation in Brazilian companies through this notice, with emphasis on Agro 4.0. The demand was analyzed addressing the number of projects and values i n relation to the size of the companies, the occurrence of key/enabling technologies, distribution by State and Region, technological partnerships with STIs and the narrowing of the selection process. The terms highlighted in the tag cloud were qualitatively analyzed and categorized. The results indicate that the country is on the threshold of a new technological revolution in the field, with strong indications towards the wide adoption of technologies that characterize Industry 4.0 and Agro 4.0. The existence of a large contingent of well-evaluated projects in all thematic lines that will not be able to receive a grant points to the need to continue fostering innovation in segment 4.0.
Thesis
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Realiza-se análise ex ante do Plano Nacional de Internet das Coisas (IoT) e seus impactos para o desenvolvimento das cidades inteligentes no Brasil, com enfoque nas questões relacionadas à privacidade e proteção de dados dos cidadãos, no escopo das soluções de mobilidade urbana, segurança pública e eficiência energética propostas nos projetos-piloto da política. Apresenta-se um diagnóstico, com causas e evidências de problemas urbanos, como congestionamentos, violência nas cidades e consumo de energia elétrica no Brasil, e as propostas de soluções com o uso de tecnologias de IoT. Enumeram-se políticas nacionais e internacionais similares, em andamento ou finalizadas, bem como as razões para intervenção do Estado. Examinam-se dados sobre o impacto orçamentário e financeiro da política. Descreve-se a estrutura de governança adotada, com os principais atores envolvidos. Realiza-se análise crítica a partir de oito componentes do modelo de governança de políticas públicas do TCU, dentre os quais: institucionalização; planos e objetivos; participação; capacidade organizacional e recursos; coordenação e coerência; monitoramento e avaliação; gestão de riscos e controle interno; e accountability. Por fim, propõe-se a adoção de princípios para garantir uma abordagem mais sistêmica para a política pública de cidades inteligentes voltada para as necessidades dos cidadãos.
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The aim of the present study is to analyze how corporate sustainability reports address socio-environmental issues and business development through bibliometric analysis. The search led to 53 articles indexed in the ScienceDirect database between 2012 and 2017. A bibliometric analysis was applied to sustainability reports and to several topics, namely: “sustainability report” (SR) and “corporate sustainability” (CS), triple bottom line (TBL), eco-innovation in business (ECO), and “global reporting initiative” (GRI). The word cloud approach was applied to each keyword in the quantitative analysis. Annual publication frequency was applied to identify the year accounting for the largest number of publications. The target of the descriptive analysis applied to the sample was determined; it consists in metrically determining the frequency of each variable. The inferential analysis compared the means recorded for the subsets of the sample; it is a technique commonly used to investigate data. Friedman’s test was used to compare the behavior of the research groups. The keywords sustainability, business, reporting, environment, social, and performance were found. These words appeared in most of the analyzed articles; they represented the conceptual core of each topic involved in the “sustainability report” (SR). Based on the selected articles, companies surveyed over the years have incorporated sustainability concepts into their strategic planning to ensure the satisfaction and needs of future generations. The disclosure of information available in sustainability reports has become a marketing instrument that may clearly provide evidence of business activities or inactivity.