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Configuração de Materiotecas para Design e Sustentabilidade

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Abstract

Tendo em vista a importância das materiotecas para projetos de Design, Arquitetura e Engenharia, este artigo tem como objetivo explorar características e configurações para que elas sejam recurso para atuação eficiente, a começar do contexto acadêmico. Nos aprofundamos aqui nos conceitos de sustentabilidade relacionados, e abordamos particularmente aspectos de usabilidade. O desenvolvimento contou com a investigação e experimentação de materiotecas existentes e sua avaliação tomando como referência as heurísticas de usabilidade de Jakob Nielsen, também apoiado por pesquisas bibliográficas e entrevistas. Essa experiência permitiu identificar características, requisitos e estratégias para a composição de uma materioteca que seja robusta, sustentável em seu contexto e no seu conteúdo, com a formação de uma rede de atores, importantes para se alcançar este objetivo.
|ISSN:2675-111919
Revista Jatobá, Goiânia, 2023, v.5, e-76040
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Configuração de MaterioteCas para design e
sustentabilidade
Configuration of Material libraries for design and sustainability
Rosângela Míriam Lemos Oliveira Mendonça
Universidade Estadual de Minas Gerais, FBelo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
rosangela.mendonca@uemg.br
Breno Pessoa dos Santos
Universidade Estadual de Minas Gerais, FBelo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
breno.santos@uemg.br
Roberto Monteiro de Barros Filho
Universidade Estadual de Minas Gerais, FBelo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
roberto.monteiro@uemg.br
Felipe Bertu Valverde
Universidade Estadual de Minas Gerais, FBelo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
felipe.0193754@discente.uemg.br
Cláudia Cristina F. Simões
Universidade Estadual de Minas Gerais, FBelo Horizonte, Minas Gerais, Brasil
caudia.0198107@discente.uemg.br
Resumo
Tendo em vista a importância das materiotecas para projetos de Design, Arquitetura
e Engenharia, este artigo tem como objetivo explorar características e congurações
para que elas sejam recurso para atuação eciente, a começar do contexto acadêmico.
Nos aprofundamos aqui nos conceitos de sustentabilidade relacionados, e abordamos
particularmente aspectos de usabilidade. O desenvolvimento contou com a investigação e
experimentação de materiotecas existentes e sua avaliação tomando como referência as
heurísticas de usabilidade de Jakob Nielsen, também apoiado por pesquisas bibliográcas e
entrevistas. Essa experiência permitiu identicar características, requisitos e estratégias para
a composição de uma materioteca que seja robusta, sustentável em seu contexto e no
seu conteúdo, com a formação de uma rede de atores, importantes para se alcançar este
objetivo.
Palavras-chave: Materioteca. Design. Sustentabilidade.
|ISSN:2675-111919
Revista Jatobá, Goiânia, 2023, v.5, e-76040
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Abstract
TBearing in mind the importance of material libraries for Design, Architecture and Engineering
projects, this article explores aims to explore characteristics and congurations so that they
can be a resource for efcient performance, starting from the academic context. Here, we
delved deeper into related sustainability concepts and, particularly, we addressed usability
aspects. The development relied on the investigation and experimentation of existing material
libraries and their evaluation taking Jakob Nielsen´s usability heuristics as a reference, also
supported by bibliographic research and interviews. This experience allowed identifying
characteristics, requirements and strategies for the composition of a material library that is
robust, sustainable in its context and contents, with the constitution of a network of actors,
important to achieve this objective.
Keywords: BMaterial library. Design. Sustainability.
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Conguração de Materiotecas para Design e Sustentabilidade Dossiê Ensus 2023
Introdução
Materiotecas são acervos de recursos (como amostras, imagens, dados, textos)
relacionados a materiais usados para se fazer um objeto, das mais diversas escalas.
São várias as prossões que demandam o uso de materiais para a sua atuação.
Analisamos aqui suas características e congurações com o objetivo de identicar
aquelas mais importantes para que as materiotecas sejam de fato recurso para
atuação eciente especialmente no contexto acadêmico em áreas que envolvem
a prática projetual como a Arquitetura, o Urbanismo, a Engenharia e o Design,
incluindo seus enfoques especícos do Design Gráco, de Produto, de Ambientes
e da Moda. O empenho nessa identicação se justica por essas áreas projetivas
terem os materiais como vocação e recurso intrínseco o conhecimento e uso
competente dos materiais é determinante para que o resultado do seu trabalho
alcance os objetivos desejados da melhor forma possível.
As universidades, como um importante ambiente de formação prossional, devem
possuir, portanto, os recursos para prover a prociência no uso dos materiais. Além
do aspecto do ensino, a pesquisa, também parte da missão das universidades,
é um contexto para aprofundamento no domínio dos materiais, com a criação
de novos recursos e o desenvolvimento de novos usos e materiais. Finalmente,
todo conhecimento desenvolvido internamente deve, em última instância, ser
compartilhado com a sociedade, em atividades de extensão nos diversos formatos
possíveis – de atuações em projetos de transformação social, com a melhoria da
qualidade de vida dos menos favorecidos; a cursos de capacitação, atualização e
aperfeiçoamento; a consultorias. Assim, em todos os âmbitos da missão universitária,
o papel das materiotecas é fundamental para a atuação competente, com foco
na melhoria contínua da qualidade, isto é, cada vez mais, renar no atendimento
aos requisitos que foram denidos, tanto aplicados ao processo, quanto para os
resultados de uma atividade.
Sustentabilidade e Materiotecas
Cada vez mais, a sustentabilidade é um requisito para as nossas atividades. Em
1987, a Comissão Bruntland, atendendo a uma demanda da ONU motivada pela
conscientização global dos desequilíbrios ao ecossistema causados pela ação
humana (Nações Unidas Brasil, 2020), elaborou o relatório “Nosso futuro comum”,
onde o desenvolvimento sustentável foi denido como “o desenvolvimento que
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encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras
gerações de atender suas próprias necessidades” (Brundtland, 1987, p. 16).
Ressaltando a necessidade de se considerar todos os aspectos da sustentabilidade
- econômicos, ambientais e sociais - de forma objetiva, sem sentimentalismo ou
viés, a chamamos de sustentabilidade integral e denimos como: um sistema
cujas atividades são duradouras, pois seus recursos (humanos ou materiais)
não são mal utilizados, explorados, gerando desperdício e exaurimento. Assim,
sustentabilidade se refere ao equilíbrio necessário a essa longevidade.
Em função das suas origens, quando falamos de sustentabilidade, a questão
ambiental é a que vem em mente e, em seguida, a questão econômica, em geral
atrelada à ambiental. A origem biológica se refere à resiliência dos ecossistemas
se recuperarem das agressões humanas ou naturais. A segunda origem é a
economia com a noção que não é possível a manutenção do ritmo de expansão
dos padrões de produção e consumo, tendo em vista a nitude dos recursos
naturais (Nascimento, 2012).
Já nesses dois aspectos vemos às vezes abordagens parciais. A sustentabilidade
ambiental, não está apenas relacionada à preservação da natureza e às
intervenções para utilização humana dos recursos naturais (solo, ar, água, insolação
e seres vivos), para produção de energia e saneamento (abastecimento de água,
esgotamento sanitário e controle das águas pluviais, limpeza urbana e manejo
de resíduos e emissões) (Aquino
et al.
, 2015). O exercício do design, arquitetura e
urbanismo cria novos ambientes, espaços que precisam ser sustentáveis, não só
pelos seus impactos no ambiente natural, mas pela qualidade intrínseca desses
espaços, como conforto, segurança e acessibilidade. De outro modo, sem esses
atributos, a continuidade por tempo indenido não será possível.
Outro aspecto equivocado é dizer que o ser humano precisa defender a natureza.
Essa é uma abordagem excessivamente antropocêntrica e presunçosa (Silva, 2011,
2014). O respeito à natureza e à vida é importante para a manutenção do próprio
ser humano. Somos mínimos frente à imensidão da natureza. Ela é forte e evoca
elementos para o seu equilíbrio que podem ser ameaça à vida humana, mas que
em maior ou menor prazo a conduzirão à estabilidade.
Assim, para lidarmos com a busca do equilíbrio do ponto de vista do ser humano, os
indivíduos e suas relações precisam ser incluídos nesse sistema. É preciso abordar
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também a sustentabilidade social, entendida como ações para a qualidade de
vida e seus relacionamentos construtivos.
Alguns autores, como Nascimento (2012), explicitam as dimensões dos
relacionamentos sociais nos seus aspectos políticos e culturais. Em relação à
política ele arma que:
Na tentativa de invisibilizar a esfera da política, centrando as mudanças
sociais no mundo da tecnologia, esquece-se de que as mudanças
passam necessariamente por instâncias econômicas e espaços políticos.
[...] A distribuição de riquezas e a igualdade de oportunidades não serão
construídas sem embates políticos e pressões sobre os governantes.
(Nascimento, 2012, p.?)
É verdade que o contexto onde vivemos é determinante das possibilidades que nos
são apresentadas e das escolhas que fazemos. E esse contexto é enormemente
conduzido por decisões políticas, especialmente no seu sentido formal. Cabe aos
governantes e ao grupo administrador tomar as iniciativas e fazer as escolhas
que, a rigor, estariam considerando a sociedade como um todo, as necessidades
das pessoas e o bem comum. Ainda, se entendemos a política mais no sentido de
princípios e convicções, e menos no sentido de administração e governo podemos
entendê-la como parte da sociedade, incluindo-a na sustentabilidade social, como
um elemento inerente a cada cidadão.
Já em relação à cultura Nascimento (2012) argumenta que
[...] não será possível haver mudança no padrão de consumo e no estilo
de vida se não ocorrer uma mudança de valores e comportamentos;
uma sublimação do valor ter mais para o valor ter melhor; se a noção de
felicidade não se deslocar do consumir para o usufruir; se não se vericar a
transferência da instantaneidade da moda para a durabilidade do produto;
se não tivermos pressões para a adoção e valorização, por exemplo, do
transporte público e, se possível, para o melhor transporte, o não transporte.
(Nascimento, 2012, p.?)
Entendemos que a cultura é parte essencial dos seres humanos, consistindo nos
valores que são cultivados ao longo da vida, que é um elemento de agregação
para composição de grupos sociais. É a cultura do indivíduo, sua forma de pensar
e agir, que o leva a tomar decisões e realizar ações, a se unir a um grupo por seus
objetivos em comum, a ter iniciativas de parceria, colaboração, empatia. Nesse
aspecto, ressaltando a importância do papel de cada um na direção que caminha
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a sociedade, apesar de ser um elemento social, consideramos que é importante
ressaltar a sustentabilidade cultural.
Assim, sustentabilidade é um termo que possui diversos sentidos, com uma
variedade de enfoques possíveis. Mas é essencial se considerar o tripé dos
aspectos ambiental, econômico e social, de forma indissociável, o que chamamos
de “sustentabilidade integral” para reforçar essa indivisibilidade. Aqui, ao usarmos
“sustentabilidade”, estaremos também nos referindo a esta abordagem holística.
No caso de se focar em um aspecto, é para se ressaltar e aprofundar em uma
abordagem por questões da objetividade e aprofundamento em determinada
iniciativa, e não por se desconsiderar as demais.
O equilíbrio precisa ser objetivo padrão a qualquer atividade. Assim, ao abordarmos
o tema das materiotecas é necessário também abordar a sustentabilidade integral
como um seu requisito.
Neste contexto, entendemos que sustentabilidade se aplica a dois âmbitos
um relacionado ao seu conteúdo e outro relacionado à materioteca como
atividade e recurso, considerando sua criação e manutenção. O primeiro se
refere à sua composição, consistindo nos dados e informações sobre materiais
suas aplicações, características técnicas e análises apresentadas, que devem
considerar seus impactos econômicos, sociais e ambientais, por todo o seu ciclo de
vida (Mendonça, 2014; UFSC, 2022). O segundo, considerando-a como recurso que
precisa ser duradouro, utilizando recursos materiais e humanos da melhor forma,
na sua criação e durante todas as atividades necessárias para a sua manutenção.
Contexto dos trabalhos
O contexto deste artigo está relacionado à análise das características e
congurações de materiotecas para os contextos da arquitetura, urbanismo,
engenharia e design, com o objetivo de identicar aquelas mais importantes
para que elas sejam recurso sustentável. Busca-se, então, que seja especicada
para que seja duradoura, proporcionando à comunidade acadêmica e demais
partes interessadas, o aprofundamento do conhecimento sobre os materiais e
suas propriedades sensoriais, físicas, mecânicas e respectivas aplicações, para
eciência dos recursos empregados e da atuação prossional.
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Assim, o projeto, do qual este artigo faz parte, envolve conhecer e, eventualmente,
experimentar, identicar e analisar congurações de materiotecas, com foco no
contexto acadêmico – graduação, pós-graduação e desenvolvimento de projetos
sustentáveis e inovadores formando prossionais competentes inseridos em uma
potente rede de relacionamentos, articulando a academia, o governo, a sociedade
e as empresas.
A combinação de cada aspecto da sustentabilidade integral com o âmbito de
aplicação – conteúdo disponível ou materioteca como recurso – gera temas para
longos desenvolvimentos. Neste artigo, vamos focar em uma dessas combinações:
a sustentabilidade social e as materiotecas como recurso.
Procedimentos Metodológicos
O ponto de partida dos trabalhos foi a identicação de instituições acadêmicas
atuantes nos cursos de arquitetura, urbanismo, engenharia e design, que possuíssem,
expressamente, questões relacionadas a materiotecas, seja por reconhecer a
necessidade de sua estruturação, ou por já possuírem este tipo de recurso.
Foram identicados casos de implementação de materiotecas por meio da
investigação e pesquisa bibliográca, utilizando a internet e contatos obtidos a
partir das informações dessas fontes, bem como a partir de relacionamentos com
instituições parceiras, como o Politecnico di Torino.
aqui foram identicados dois tipos de conguração: materiotecas físicas e
materiotecas virtuais.
Ao se identicar algumas instâncias, suas características foram exploradas,
utilizando pesquisas bibliográcas e pela internet, assim como contatos por email
e reuniões com os gestores envolvidos. Foram então realizadas entrevistas e
experimentações com alguns sistemas digitais buscando o entendimento de suas
características, conteúdos, seus aspectos positivos e limitações.
Como será desenvolvido nas próximas seções, a usabilidade se congura como
um requisito da sustentabilidade social, uma vez que interfere na qualidade de
vida das pessoas. Assim, a experiência de uso daquelas materiotecas virtuais, que
possibilitam o acesso livre, foi explorada pela equipe, utilizando recursos de análise
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do âmbito das práticas do Design, como as heurísticas de usabilidade de Jakob
Nielsen (Nielsen, 1990), utilizadas como referência para sua avaliação, como será
detalhado a seguir.
Casos de implementação de materiotecas
Para a identicação e análise de características de materiotecas, foram investigados
alguns casos de implementação.
A Universidade Federal de Santa Catarina, possui a “Materioteca Sustentável”
implantada no departamento de Arquitetura e Urbanismo, para o desenvolvimento
de atividades acadêmicas envolvendo as engenharias (como a civil, a mecânica,
a de produção e a elétrica), bem como a arquitetura e urbanismo e design de
produto (UFSC, 2022). Seu recurso digital consiste em um site que contém páginas
com a descrição de materiais organizados em grupos, conforme Quadro 1:
Quadro 1 - Parte da tela de consulta do Materfad (Materfad, 2023)
Quadro 1 Madeiras naturais,
transformadas e para
revestimentos Quadro 10 Cerâmicas (comuns) e
Vidros
Quadro 2 Papéis (comum), cartões e
papelão Quadro 11 Materiais naturais (bambu,
gemas, pedras, couro, lã e
outros)
Quadro 3 Metais ferrosos (aços e ferros
fundidos) Quadro 12 Fibras naturais (rami, sisal,
juta, coco, etc.) e bras
articiais
Quadro 4 Metais não-ferrosos (ligas) Quadro 13 Borrachas naturais e
sintéticas
Quadro 5 Materiais sinterizados –
Metalurgia do pó Quadro 14 Óleos e graxas
Quadro 6 Polímeros – plásticos
(commodities, de engenharia,
de alta performance) Quadro 15 Tintas e vernizes
Quadro 7 Polímeros – blendas Quadro 16 Materiais de nano
tecnologia
Quadro 8 Polímeros – adesivos Quadro 17 Compósitos avançados
Quadro 9 Cimentos, concretos e
agregados
Fonte: Adaptado de UFSC, 2022.
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Além da classicação geral, grupo, subgrupo e tipos, tem a indicação dos principais
usos e, para alguns materiais, uma cha do material detalhando o seu ciclo de
vida, recurso importante para o fomento a escolha de materiais que agreguem
sustentabilidade ao projeto (Librelotto; Ferroli, 2016; UFSC, 2022). Possui também
espaço físico com amostras de materiais, elementos de testes e protótipos
desenvolvidos em contextos de projetos e pesquisas.
Outros sistemas, como o Materialize, buscando as especicidades dos projetos
criativos (como o Design e a Arquitetura), apresentam informações técnicas e
sensoriais, mas ainda se baseando nos sistemas de classicação e catalogação
das bibliotecas “de modo a se utilizar um único código tanto para a inserção no
sistema digital quanto no acervo físico” (Dantas; Bertoldi, 2016, p. 64). ). Segundo
Dantas e Bertoldi, a codicação criada, chamada Sistema de Catalogação de
Amostras de Materiais por Conguração (SCAMC), considera seis campos: 1)
conguração dos materiais para uso em design e arquitetura (acabamentos e
tratamentos superciais aplicados, amorfos, longo rígido, longo exível, particulados,
plano rígido, plano exível, tridimensional homogêneo, tridimensional complexo; 2)
classicação do material em 10 categorias (metais, cerâmicas, materiais naturais,
compósitos, polímeros, materiais estraticados, têxteis, materiais reciclados,
materiais funcionais/ inteligentes, tintas e vernizes) e subcategorias; 3) o fabricante
do material; 4) código de especicação da amostra código alfanumérico com até
seis dígitos para diferenciar as amostras informações que permitam distingui-las;
5) o ano de obtenção da amostra, 6) especicidade da amostra, como tamanho,
espessura, cor, complementando informações do campo quatro. Essa materioteca
tem o suporte de um sistema informatizado, cuja “indexação permite a busca por
tags
, indicando os principais termos pelos quais a amostra pode ser procurada,
[bem como] classicação, nome do fabricante, características físicas, produtivas,
estéticas e sensoriais” (Dantas; Bertoldi, 2016, p. 74).
O sistema online da Materialize, consiste em um banco de dados de acesso livre
e gratuito, que disponibiliza ltros para pesquisa no acervo, para seleção a partir
das categorias gerais dos materiais e, como busca avançada, sua tecnologia de
transformação, propriedades e características, requisitos ambientais e aplicações.
Permite também a busca por tags. Como resultado, são apresentadas imagens
dos materiais, sua descrição com a tecnologia de conformação, propriedades e
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características (físicas, táteis, fotométricas e mecânicas), requisitos ambientais e
aplicações.
Também a Materialize conta com “amostras físicas de materiais recebidos
de fornecedores nacionais e internacionais, que podem ser consultadas
presencialmente no LabDesign”. Consiste em um projeto piloto, com cerca de “500
amostras físicas de materiais de 10 categorias diferentes”(Labdesign FAU USP,
2014).
Ainda na pesquisa por experiências de construção e manutenção de materiotecas,
foi identicado o Barcelona Materials Centre. Este centro é uma instituição que
mantém um repositório de materiais que conta com acervos físicos presentes na
Espanha e vários outros centros aliados no Chile, Colômbia, México e Portugal. O
centro desenvolve atividades de pesquisa e consultoria, realizando transferência
tecnológica entre diferentes setores. O Materfad é onde este grupo atua como
“observatório do futuro, conduzindo pesquisa tecnológica e monitoramento focado
em inovação, sustentabilidade e criatividade através de materiais.” (Materfad, 2022
trad. nossa). Um de seus recursos é uma base de dados de materiais, de acesso
gratuito, com dados de milhares de itens.
A análise preliminar do Materfad (a base de dados do Barcelona Materials Centre, que
se constitui em uma materioteca virtual de acesso gratuito) mostra que aspectos
próprios do universo digital se reetem nas possibilidades de utilização dos acervos
de materiais virtuais. Diferentemente das duas anteriores que permitem apenas a
consulta pelos usuários, a plataforma virtual do Materfad possui interface para
consulta (usuários clientes que desejam pesquisar por materiais) e para inserção
de dados (usuários que desejam cadastrar algum material). Assim a plataforma
foi analisada a partir de diferentes perspectivas, com o intuito de promover uma
visão mais completa dessa materioteca virtual.
Inicialmente a materioteca virtual do Materfad foi analisada sob a ótica do
usuário que utiliza a plataforma como uma ferramenta de pesquisa e seleção
de materiais. Foram então levantadas as questões pertinentes para esse cenário,
como: categorização dos materiais; ferramentas de pesquisa; completude e
conabilidade das informações; suporte de idiomas.
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Os materiais são categorizados por “famílias” sendo elas: Metais e liga metálicas;
Naturais; Cerâmicos e vidros; Polímeros; Híbridos e/ou Processados. No entanto,
a divisão das subcategorias dentro das famílias nem sempre seguiu uma lógica
ortodoxa, separando, por exemplo, as subcategorias de metais por arbitração de
densidade (metais; metais leves denidos como “Os metais e ligas com densidade
inferior a 4,5 g/cm3, como alumínio, titânio ou magnésio, são considerados leves)
e pureza (comercialmente puro – denido como aquele que contém pelo menos
99,9% de um único elemento, correspondendo os 0,1% restantes a impurezas)”.
A família “Híbridos e/; ou Processados” englobam materiais de uma mescla de
composições que poderiam compor outras famílias.
Além das famílias e suas subcategorias, utilizam outros ltros: campo atual de
aplicação, país de fabricação, país de distribuição, características geométricas,
aparência, características
smart
(chamados de materiais inteligentes ou
responsivos, que são “materiais que detectam e reagem a condições ou
estímulos ambientais (por exemplo, sinais mecânicos, químicos, elétricos ou
magnéticos”(Science Direct, 2012), propriedades, processos de transformação,
características ambientais, estratégias de ecodesign, normativas e eco-etiquetas.
Todos os termos dos ltros são explicados em um glossário, mas não os nomes
dos ltros.
Nas buscas, foi identicada a falta de diferenciação entre materiais e produtos, ou
seja, ao se realizar uma pesquisa por um material, dentre os resultados apareceram
vários produtos que fazem uso do material pesquisado e não como realizar
uma busca de um ou de outro separadamente.
Ao selecionar um material, o site abre uma página com sua descrição, onde estão
presentes os tópicos: aparência; características geométricas; técnicas de produção
e propriedades. As informações presentes na descrição variam substancialmente
de material para material, dependendo do que foi adicionado durante o seu
cadastro inclusive, alguns materiais apresentam e outros não apresentam
imagens (Figura 1). Notou-se também que cada propriedade apresenta uma
tabela com valores típicos para diferentes categorias de materiais. Além disso,
para certas características, geralmente qualitativas, o site faz o uso de um “valor
intuitivo”, uma escala comparativa de 1 a 5, mesmo em se tratando de grandezas
que possuem unidade de medida cienticamente denida, o que em muitos casos
é subjetivo e impreciso.
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Outro ponto relevante está relacionado ao idioma de apresentação dos dados e
informações. A ausência de suporte para outras línguas na plataforma, estando
disponível somente a opção padrão em espanhol, é uma barreira para o uso por
universidades brasileiras como materioteca virtual, já que o vocabulário técnico é
muito especíco e pouco conhecido por não nativos.
Analisando o Materfad sob a perspectiva da conta para cadastro de materiais,
identicamos pontos relacionados aos requisitos de cadastro, revisão e edição de
materiais. Para essa função o sistema requer um cadastro de usuário especíco.
Está disponível um manual de instruções para o cadastro, com informações
relevantes e sucintas e que cumpre bem o propósito de guiar o usuário durante o
processo; porém ele está disponível somente em espanhol.
Figura 1 - Parte da tela de consulta do Materfad (Materfad, 2023)
Fonte: Materfad (2023).
A entrada de dados sobre o material a ser cadastrado é feito por um formulário
previamente estruturado com campos de preenchimento obrigatórios assim
como facultativos. Os campos são divididos em três categorias: a) propriedades
e características, b) fabricante e c) distribuidor, sendo somente o último
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completamente facultativo. Na categoria de propriedades e características é
obrigatório preencher informações sobre dados do material (nome e descrição), a
família do material, no mínimo uma propriedade (mecânica, física, térmica, elétrica,
óptica ou reológica), no mínimo uma característica ambiental (nota qualitativa de
1 a 5 para características como resistência a ácidos, resistência a raios UV etc.), e
no mínimo um processo de fabricação. Notou-se também que a entrada do nome,
a descrição e o campo atual de aplicação do material pode ser feita também
em inglês. Percebeu-se que existe um campo livre para entrada de dados, o que
parece ser interessante, que as propriedades e características disponíveis por
padrão para preenchimento, apesar de serem muitas, não são exaustivas e podem
não abranger todas as questões relevantes para todos os materiais cadastrados.
O formulário de cadastro em si apresenta uma boa clareza quanto às informações
que devem ser preenchidas em cada campo e também quanto à observação
de dados obrigatórios faltantes quando uma tentativa de cadastro sem a
inserção de aspectos requeridos. Um ponto negativo presente foi a incapacidade
de salvar o formulário de cadastro incompleto para sua eventual nalização em
outro momento. No entanto, é possível fazer a edição de materiais cadastrados,
sendo necessário incluir somente os dados obrigatórios de uma vez. Mas ao
avançar para a próxima categoria de cadastro (fabricantes ou distribuidores),
não é possível retornar à categoria anterior, sendo preciso que o usuário nalize o
cadastro antes de editar as suas informações.
Ao nalizar o preenchimento do formulário de cadastro, ele é enviado para
validação, porém, para esse processo, não previsão de prazo, nem qualquer
tipo de progresso de “status” no processo de validação.
É possível acrescentar imagens do material, o que consideramos indispensável
para uma materioteca virtual. Entretanto, percebeu-se que não existe um campo
para informar a fonte da imagem, a não ser que a imagem seja editada para
incluir nela o texto com a informação de fonte/ autor, caracterizando-se como
uma fragilidade relacionada aos direitos autorais.
Outro ponto importante percebido no cadastro é a impossibilidade de se adicionar
períodos maiores que meses para determinar o tempo de degradação dos
materiais. Identicamos também que algumas propriedades quantitativas, como
a dureza, são medidas em uma escala qualitativa de 1 a 5, o que pode ser uma
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maneira ineciente de transmitir tais informações, já que essas grandezas possuem
escalas cienticamente aceitas que poderiam ser usadas a m de evitar o caráter
subjetivo.
Análise
Considerando como aspecto de foco deste artigo, a sustentabilidade social,
como qualidade de vida de todos os cidadãos, tratamos a promoção da inclusão,
acessibilidade, valorização das pessoas, respeito, empatia, harmonia. Lidamos
com conexões e formação de redes, e o objetivo de sempre agir para o bem-estar
das pessoas, considerando as especicidades existentes.
Tratada de forma ampla, a “acessibilidade é condição de possibilidade para a
transposição dos entraves que representam as barreiras” (UFC, 2022) para a efetiva
inclusão social, isto é, a participação de todos sem qualquer tipo de distinção
entre os indivíduos “nos vários âmbitos da vida social [...], incluindo aquelas de
natureza atitudinal, física, tecnológica, informacional, comunicacional, linguística e
pedagógica, dentre outras.” (UFC, 2022).
Dessa amostragem de materiotecas, a partir da experiência de uso e diálogos
com os envolvidos, se apresentaram características de sua conguração
externa, como materiotecas físicas e digitais, possibilitando identicar vantagens e
diculdades dessas congurações, do ponto de vista da experiência do usuário e
seu bem-estar ao desenvolver suas atividades.
Os acervos físicos são importantes por proporcionarem aos seus usuários a
percepção de características sensoriais e cognitivas impossíveis de serem
acessadas de forma virtual (a exemplo das propriedades táteis como textura,
exibilidade, caimento, frescor – e odoríferas). Por outro lado, existe a diculdades
de gestão do acervo de materiotecas físicas, mantendo-as organizadas e
atualizadas, tanto pela gestão quanto pelo aumento da demanda de área com o
crescimento do acervo. Assim como em uma biblioteca é necessário que haja uma
política de formação e desenvolvimento do acervo da materioteca, considerando
aquisição, seleção, avaliação, permuta, doação, remanejamento e descarte. Para
organização dos elementos físicos, é preciso denir uma lógica para a disposição
e agrupamento dos materiais, normalmente feito organizando-os “por categoria
físico-química, por códigos internos (sem relação com as categorias físico
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Conguração de Materiotecas para Design e Sustentabilidade Dossiê Ensus 2023
químicas), por fabricante ou por ordem de recebimento” (Dantas; Bertoldi, 2016, p.
63).
Em relação às amostras, materiotecas físicas envolvem aspectos diferenciados
como o tamanho da amostra e estratégia de exposição, em função, por exemplo, de
sua forma de aplicação, bem como do espaço físico ocupado. Assim, materiotecas
possuem desaos também semelhantes a espaços expositivos como galerias e
museus.
A materioteca física, por um lado, permite o uso dos diversos sentidos para a
percepção do material e, recursos para pessoas com deciência visual, por exemplo,
devem ser utilizados atuando em favor da inclusão. A organização do ambiente e
mobiliário da materioteca deve considerar também a acessibilidade, planejando
espaços para permitir o acesso de pessoas com diculdade de locomoção e
movimentação, por exemplo.
Por outro lado, as materiotecas virtuais, compostas por elementos digitais, trazem
como vantagens o fato de um determinado item poder ser utilizado por diversos
usuários, a partir de diferentes localidades, ao mesmo tempo, ampliando suas
possibilidades de uso. Assim como os terminais ampliaram o acesso a mainframes
físicos nos primórdios da internet, materiais representados digitalmente
democratizam o acesso a recursos no ambiente acadêmico.
Mas também do ponto da tecnologia associada à informatização, existem as
questões da exclusão digital. Em trabalho que analisa o contexto de biblioteca, que
é semelhante ao contexto de uma materioteca, a
[...] tecnologia existente [...] torna-se uma grande barreira da informação,
pois o simples fato de desconhecimento do usuário em como acessar,
manusear e realizar outros procedimentos pelo e no computador impede a
construção de sua autonomia em seu processo de busca pela informação.
(Pinheiro, 2014. p.170)
Além deste aspecto da diculdade de uso de sistemas informatizados por questões
de prática e conhecimento, existe também a diculdade por indisponibilidade de
recursos por questões nanceiras, uma vez que depende a solução depende de
equipamentos (hardware) e programas (software), sistemas e infraestruturas,
como a própria internet, adequados para consultas que nem sempre são
economicamente acessíveis (IBGE Educa, 2019).
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Apesar desses fatores serem atenuados em instituições acadêmicas, contexto
principal da nossa abordagem, o fato da inclusão e acessibilidade precisa ser
considerado ao se elaborar uma solução de disponibilização desses dados e
informações, em especial em se tratando de instituições públicas, que devem
atender a pessoas de todas as camadas sociais.
Ao se tratar do bem-estar das pessoas no desenvolvimento de suas atividades
lidamos com aspectos ergonômicos. A ergonomia atua na adequação do trabalho
ao ser humano, antes (como planejamento e projeto), durante (acompanhamento
e controle) e depois (avaliação) da execução da atividade produtiva. Segundo Iida
(2005), ocupa–se dos aspectos: 1) físicos, analisando o ser humano e a execução
da atividade, incluindo os recursos e o ambiente onde ocorre lida, portanto,
com a anatomia, antropometria, siologia, biomecânica, postura, manuseio
dos materiais, movimentos repetitivos, distúrbios musculoesqueléticos, postos
de trabalho, segurança e saúde; 2) cognitivos, tratando os processos mentais,
como percepção, memória, raciocínio e resposta motora cuidando da carga
mental, tomada de decisões, interações com os equipamentos, treinamento; 3)
organizacionais, otimizando as estruturas organizacionais, políticas e processos
tratando as comunicações, relações com o grupo enquanto estratégia de execução
de projeto e cultura organizacional, condições de atuação presenciais ou remotas,
gestão da qualidade da qualidade.
Os esforços dos trabalhos em ergonomia incluem melhorar as características
dos sistemas em termos de operabilidade, manutenibilidade, usabilidade,
conforto, segurança e saúde visando aumentar a eciência da relação
entre pessoas e sistemas e reduzir as probabilidades de acidentes, danos
e erros. E vai ainda além ao buscar experiências de satisfação, conforto,
prazer. (Mendonça; Almeida Jr., 2007).
O contexto digital ativa, de modo especial, o conceito e valores da usabilidade que,
por sua vez é associada às heurísticas (ou regras de ouro denidas por especialistas
da área) para o design de interface do usuário. Os 10 princípios gerais de Jakob
Nielsen para design de interação são ferramentas de análise e desenvolvimento
do designer. Exemplicando a relação, descreveremos a experiência de uso do
Materfad e sua análise utilizando como referência tais heurísticas.
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Conguração de Materiotecas para Design e Sustentabilidade Dossiê Ensus 2023
Avaliação e aspectos de usabilidade de uma materioteca virtual
Como citado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (2002, p.3), usabilidade
é denida na ISO 9241 como “medida na qual um produto pode ser usado por
usuários especícos para alcançar objetivos especícos com ecácia, eciência
e satisfação em um contexto especíco de uso”, sendo ecácia a capacidade de
executar tarefa de forma precisa e completa; eciência, a realização com economia
de recursos para conseguir a ecácia; e satisfação, o estado de espírito do usuário
com sentimento de conforto e aceitação do trabalho dentro do sistema.
No escopo do uso de materiais no ambiente projetivo, a efetividade pode ser
considerada quando buscamos identicar se um material serve aos propósitos
práticos ou funcionais determinados, enquanto a eciência tem relação com
critérios qualitativos capazes de ir além do simples cumprimento da função,
proporcionando ganhos de desempenho. A satisfação, a ser tratada no contexto
especíco, depende dos objetivos dos variados atores, considerando que as
necessidades vão de aspectos visuais e sensoriais a requisitos técnicos e funcionais.
Como ferramenta de análise da Materfad para avaliar aspectos de usabilidade,
foram consideradas os 10 princípios propostos por Jakob Nielsen, idealizados a
partir da análise de 249 problemas de usabilidade (Nielsen, 1990; Nielsen, 1994;
Hollingshead; Novick, 2007). Os critérios são denominados heurísticas pelo fato de
serem aspectos de avaliação amplos e baseados em uma visão simplicada de
problemas complexos, em oposição a recomendações de usabilidade especícas.
Mantendo-se relevantes por mais de 20 anos dentro do design de interfaces,
os 10 critérios propostos por Nielsen podem se aplicar a diferentes aspectos da
materioteca avaliada.
A análise foi feita pela experimentação do uso do sistema pelos membros da
equipe, sob o ponto de vista de cada uma das 10 heurísticas de usabilidade de
Nielsen, com o intuito de uma avaliação preliminar, dentro da visão técnica do
nosso grupo de pesquisa. Após as experiências individuais, o grupo se reuniu,
discutiu e compilou os resultados da análise.
Todas as análises foram feitas tendo em mente a possível aplicação da plataforma
como uma materioteca para um ambiente universitário de cursos de Design, isto
é, como ferramenta didática de suporte acadêmico e de pesquisa. As pesquisas
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foram conduzidas utilizando dois pers de usuários – prossionais experientes e
jovens em formação.
1)Visibilidade do Status do Sistema:
Informações sobre a situação atual do sistema aumenta a segurança e conança
do usuário ao permitir avaliar ações já realizadas e futuras com um certo grau de
previsibilidade.
•O site permite visualizar se o usuário está logado no cabeçalho por uma
indicação de texto. As funcionalidades disponíveis, como no caso da marcação
de materiais favoritos, dependem desta percepção do status do sistema.
•Apresenta o recurso de interface, na seleção de materiais, denominado
breadcrumbs (recursos para que o usuário saiba onde está e por onde passou
para chegar até ali, permitindo que ele, se desejar, percorra o caminho de
retorno); isso amplia o entendimento do usuário sobre o nível da navegação
em que se encontra, além de funcionar como uma forma de navegação
secundária.
2)Compatibilidade entre o sistema e o mundo real:
Utilizando palavras, frases e conceitos familiares ao usuário, o sistema se torna
próximo e reconhecível, fazendo com que as informações se apresentem de forma
natural e lógica. Interfaces que seguem convenções do mundo real e correspondem
aos resultados desejados, tornam mais fácil aprender e lembrar como se usa,
criando uma experiência intuitiva.
•O uso de imagens se aproxima de amostras físicas, mas ainda faltam
aspectos capazes de se aproximar das dimensões cognitivas da percepção
dos acervos físicos.
•Foram identicados aspectos em que as coleções virtuais geralmente são
decientes em apresentar (como tridimensionalidade e texturas); algumas
tecnologias podem aprimorar esta percepção, como interfaces hápticas e
realidade virtual.
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Conguração de Materiotecas para Design e Sustentabilidade Dossiê Ensus 2023
•Com a obrigatoriedade de informar um fabricante para novos cadastros,
certos materiais, como os naturais, acabam tendo metadados cadastrados
de forma inapropriada.
3)Controle e liberdade para o usuário:
Permitir que o usuário desista de realizar um processo ou desfaça uma ação,
promove sentimentos de liberdade e conança, fazendo com que o usuário se
sinta no controle da situação. Para evitar erros, o nível de controle e liberdade para
o usuário deve observar atentamente a familiaridade do usuário com o conteúdo
e contexto.
• A principal ação é o cadastro de novos materiais; aspectos de mediação
e aprovação no processo aumentam a percepção de controle por parte do
usuário.
• Um feedback consistente e claro aumenta a percepção de liberdade na
aprovação de novos cadastros.
• A ferramenta de busca não integra o cabeçalho xo do site; aparecendo
apenas em “Inicio” e “Materiales”, a ferramenta tem sua utilização limitada.
• A busca de materiais feita através da ltragem de resultados por categorias
como “País de fabricación” oferecem resultados na intercessão dos ltros
utilizados e não na união deles, restringindo mais a busca, ao se clicar em
“mais opções”.
4)Consistência e Padronização:
Quando palavras, situações e ações são diferentes dos padrões e convenções
estabelecidos, a carga cognitiva dos usuários aumenta de forma indesejada. Além
de diretrizes e recomendações denidas por especialistas, a experiência do usuário
com ferramentas e recursos semelhantes deve ser considerada.
• Opções do menu como “Servicios” e “Blog” saem do site principal e abrem
outra aba do navegador, dicultando a percepção da plena relação entre os
recursos do site.
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• As opções de menu por localidade dos parceiros (“Barcelona/ Aguas
Calientes / Valparaíso / Medellín / Guadalajara / Lisboa”) apresentam
resultados diferentes, relacionados a informações de interesse da localidade
(como as notícias, que são relacionadas ao conteúdo dos blogs locais). Os
padrões que delimitam o conteúdo das diferentes localidades só podem ser
percebidos por comparação direta.
• Para cada localidade é necessário fazer o login. No entanto, não é claro o
objetivo de se fazer o login de cada parceiro pela falta de clareza nos recursos
dependentes da identicação do usuário em cada seção.
5)Prevenção de erros:
Um projeto cuidadoso evita que um erro ocorra, eliminando condições propensas
à desatenção e incompatibilidade como o modelo mental do usuário. Caso seja
inevitável, a situação deve ser constatada e apresentada ao usuário para que ele
conrme a opção, antes de efetivação do resultado.
• Alguns campos da indexação de materiais têm restrições de campos
obrigatórios, prevenindo a criação de cadastros incompletos, bem como
restrições nas unidades e valores, garantindo a padronização dos formatos
utilizados.
• A busca de palavra chave não fornece resultado para termos semelhantes,
negando acesso do usuário ao conhecimento já construído pela comunidade
e limitando os resultados de busca.
6)Reconhecimento em vez de memorização:
Promovendo uma baixa utilização da memória de curto prazo, a carga cognitiva
é reduzida quando elementos, ações e opções da interface estão visíveis quando
necessários. Não deve haver obrigação, por parte do usuário, de decorar informações
e/ ou dados, de uma parte da interface para outra.
• O uso de imagens no cadastro dos itens e uma boa utilização de estilo
tipográco aprimora a memorização em um ambiente com muitos metadados
em formato textual e valores numéricos.
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Conguração de Materiotecas para Design e Sustentabilidade Dossiê Ensus 2023
• A ferramenta “Mi Lista” seria capaz de permitir rever materiais de uso
frequente, mas aparenta não estar funcionando adequadamente.
7)Eciência e exibilidade de uso:
A exibilidade permite que o design seja adequado para usuários com diversos
níveis de experiência, de novatos (ou esporádicos), a experientes (ou frequentes).
O uso de atalhos, por exemplo, amplia e acelera a velocidade acesso de usuários
frequentes sem incomodar os novatos. A personalização aproxima o usuário da
plataforma e faz o usuário participar da experiência de criação.
• O usuário pode chegar a materiais especícos através de diversos caminhos,
facilitando o acesso.
• O uso amplo do HTML (em contraste ao uso de imagens ou Flash) amplia
características de acessibilidade e a percepção semântica do conteúdo.
• A ferramenta “Añadir a Mi Lista”, apesar de não funcionar em algumas
situações, fornece uma forma adicional de acesso aos materiais, além da
indexação feita pelos recursos tradicionais do site (categorias do menu,
busca por texto, etc.).
8)Estética e design minimalista:
O conteúdo deve ser valorizado no projeto visual e elementos sem função prática
devem ser desconsiderados. A relevância dos elementos que compõem a interface
deve considerar prioritariamente os objetivos do usuário e a frequência de utilização.
• A interface do site tem poucos elementos funcionais e pode ser considerada
simples e de fácil uso. Apesar de consistir em uma vantagem para usuários
novatos, esta característica pode ser percebida de forma negativa por
usuários experientes.
A identidade do Materfad é baseada em uma paleta de preto, amarelo e
branco sobre um fundo cinza, tendo um contraste alto e sendo facilmente
reconhecida; o uso de uma identidade mais neutra poderia valorizar os
conteúdos heterogêneos em detrimento de um reconhecimento maior de
aspectos da marca.
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• Tons de cinza e amarelo são usados como base de conteúdos e o verde e
vermelho como cores de alerta (verde em categorias obrigatórias de formulário
e aviso de busca sem resultados / vermelho em alerta de “Pendiente validar
**” de um novo cadastro; ainda que a identidade utilize cores contrastantes
e bem saturadas, cores geralmente reservadas para alertas e informações
importantes foram preservadas e são de fácil identicação.
9)Reconhecimento, diagnóstico e prevenção de erros:
As mensagens de erro devem ser elaboradas com linguagem simples e objetiva,
sem códigos, apresentando o problema e indicando soluções. O tratamento visual
das mensagens de erro e a atenção aos aspectos do contexto de uso, auxiliam os
usuários a notá-las e reconhecê-las.
• Buscas por palavra-chave que não tiveram resultados válidos sugerem a
restrição de critérios a m de obter mais resultados. Apontar motivos para
um erro e sugerir ações é um ponto positivo na construção da experiência do
usuário.
• A ferramenta comentários (disponível em uma aba de cada material)
poderia ser usada para indicar erros e problemas, mas não ca claro se esta
é a intenção dos desenvolvedores. A identicação da ferramenta e local certo
para este tipo de contribuição pode aprimorar a base de dados através de
uma participação mais consistente e ampla por parte do usuário.
10) Ajuda e documentação:
Mesmo que o sistema seja intuitivo e previsível, uma documentação consistente
pode contribuir para a lembrança do modo de uso e para o aprimoramento do
emprego de funções avançadas ou pouco utilizadas. O conteúdo da ajuda e da
documentação deve facilitar a pesquisa de assuntos, ser conciso e objetivo em
relação às atividades do usuário, listando o passo-a-passo requerido.
• O site conta com um arquivo PDF que oferece ajuda limitada sobre a
ferramenta.
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Conguração de Materiotecas para Design e Sustentabilidade Dossiê Ensus 2023
• Um pictograma com o símbolo de interrogação, que pode ser clicado em
diversas oportunidades para receber ajuda em tópicos especícos é um
ponto positivo na ajuda ao usuário.
• O conteúdo da ferramenta “Ajuda” poderia ampliar o suporte ao usuário,
caso fosse oferecido em outra forma de organização ou formato.
Apesar da abrangência limitada de especialidade do grupo de analistas,
demonstramos o potencial dos critérios heurísticos sugeridos por Nielsen de indicar
acertos e melhorias a serem implementadas no sistema do Materfad. A ampliação
de pers e casos de aplicação tem o potencial de produzir uma avaliação mais
completa para a qualidade pretendida ao sistema.
Análises dos Resultados
As análises feitas detalhando aspectos da sustentabilidade, necessidades
especícas do ponto de vista do Design, levantaram uma série de possibilidades e
requisitos para a constituição de uma materioteca para o contexto da arquitetura,
urbanismo, engenharia e design.
Dos casos analisados, a Materioteca Sustentável da UFSC e a Materialize da FAU/
USP são materiotecas acadêmicas, centralizadas, com conguração física e
virtual. Internamente, os materiais são organizados em grupos, subgrupos e tipos,
baseados nas suas propriedades físico-químicas. o Materfad, é um sistema
do centro que realiza pesquisa e vigilância tecnológica para prestar serviços de
consultoria e treinamento para universidades e centros tecnológicos, prossionais
e empresas. Também utiliza a classicação em famílias a partir de características
físico-químicas, mas famílias divididas em subcategorias, utilizando critérios não
ortodoxos, como “metais” agrupados por arbitração de densidade e pureza e como
“híbridos e/ ou processados” cujos materiais categorizados têm uma mescla de
composições que poderiam compor outras famílias. Apesar da referência comum
das características físico-químicas, cada materioteca utiliza uma classicação
diferente o que não facilita a busca e a homogeneidade das informações ao ter
como referência esses diferentes sistemas.
Enfatizando aqui as questões de sustentabilidade social, no contexto da ergonomia
(que se ocupa com a busca por condições de atuação que mantenham o bem-
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estar do ser humano) foram tratadas, em especial, a relevância da usabilidade dos
sistemas. Apesar da abrangência limitada de especialidade do grupo de analistas,
pode ser explorado o potencial dos critérios heurísticos sugeridos por Nielsen e,
a partir da aplicação em um caso especíco, o Materfad, indicar características
desejáveis uma materioteca virtual. A ampliação de pers e casos de aplicação
tem o potencial de produzir uma avaliação mais completa para a qualidade
pretendida ao sistema.
Assim, o desenvolvimento deste trabalho possibilitou a identicação de
características e congurações possíveis no contexto das materiotecas:
a)Do ponto de vista interno, relacionado ao conteúdo da materioteca:
existem diferentes possibilidades de classicação e organização dos
materiais;
a sustentabilidade é abordada tratando os dados e informações
apresentados sobre os materiais;
b)Do ponto de vista externo, relacionado à materioteca como recurso
• a materioteca pode ser centralizada ou distribuída;
pode ser constituída por recursos físicos (materioteca física) e/ ou digitais
(materioteca virtual)
c)Do ponto de vista da sustentabilidade dos recursos, físicos ou digitais
• precisam abordar aspectos sociais como sua boa usabilidade, inclusão
e acessibilidade
• precisam ter características que garantam, não só sua construção como
sua manutenção envolvendo sua infra-estrutura e pessoal.
d)Quanto aos atores:
Podem servir a usos acadêmicos ou comerciais, de pesquisa ou para
divulgação de produtos e serviços.
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A conguração mais adequada vai depender de cada contexto, mas a formação
de uma rede de materiotecas é inicialmente uma solução promissora.
Considerações Finais
Em relação à conguração física ou virtual, vimos que prescindir de qualquer uma
das partes signica não ter acesso à parte dos dados e informações importantes
para se fazer as escolhas mais adequadas em um projeto. Em maior ou menor
grau, as congurações das materiotecas atuais têm elementos físicos e digitais.
A constante inovação no âmbito dos materiais demanda um sistema exível que
permita a inclusão, exclusão e substituição de elementos, bem como abranja
formas variadas de agrupamentos e comparações em função do objetivo do
projeto. Os recursos digitais têm o potencial de oferecer essa exibilidade, como
as interfaces hápticas e realidade virtual. É também desejável sistemas exíveis de
catalogação, como a web semântica, que lidam com uma rede de signicados.
Ressaltamos também aspectos de sustentabilidade interna (que lida com
seu conteúdo enquanto dados e informações disponíveis) e externa (que trata
a materioteca como recurso). É altamente desejável ter uma materioteca
abrangente, inclusiva e acessível, que permita a formação de especialistas que
dominem todos os aspectos da sua prática, e tenham consciência do seu papel
para uma sociedade sustentável.
Experimentamos a pluralidade dos elementos envolvidos e a variedade de iniciativas
existentes. Aqui tocamos nas opções de conguração centralizada/ distribuída.
Apesar do domínio do controle que a conguração centralizada permite, nos
parece promissora a conguração distribuída, uma vez que a formação de redes
é um recurso para tratar a complexidade. Assim, esta é uma iniciativa que teria
muito a ganhar com a parceria de instituições que tenham interesses ans para
a produção de uma materioteca sólida, com dados qualitativos e quantitativos,
capaz de atender os requisitos ideais de forma abrangente.
Disponibilizar um repositório que permita o acesso à diversidade de dados e tipos
de mídias, físicas e digitais, úteis desde o brieng até a implementação do projeto
favorece a formação de prossionais bem qualicados e sua instrumentalização
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para o desenvolvimento de projetos, produtos e serviços sustentáveis e de alta
qualidade.
Assim, é preciso desenvolver estratégias para estabelecer parcerias sólidas
para a evolução desse projeto que, espera-se, culmine na construção de uma
materioteca que seja um instrumento constante para projetos de estudos, pesquisa
e extensão. Dentre elas está o diálogo com prossionais e instituições acadêmicas
ou comerciais e com objetivos ans, envolvendo a sociedade e o governo, uma vez
que todos têm a se beneciar com a qualidade desse contexto.
Também é necessário o trabalhar para o envolvimento de toda a comunidade
acadêmica estimulando a curiosidade sobre o tema e contribuindo para a sua
percepção da sua importância do tema
Deste modo, iniciativas de sucesso devem coordenar os diversos interessados:
a academia, com sua administração, seu corpo docente e discente; o governo;
a sociedade e as empresas. Para, efetivamente, se alcançar a sustentabilidade
integral é necessário que seja tratada como um modo de pensar inerente a todos.
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NOTAS
Agradecimentos
A equipe agradece o apoio recebido pelo Programa Institucional de Apoio à Pesquisa
(PAPq) da UEMG para realização do projeto “Materioteca como recurso sustentável
da Escola de Design/UEMG”, fonte deste artigo.
Aprovação do texto
Texto selecionado pela Comissão cientíca do ENSUS 2023 para compor o Dossiê
Temático ENSUS 2023 na Revista Jatobá.
Publisher
Universidade Federal de Goiás. Programa de Pós-graduação Projeto e Cidade.
Publicação no Portal de Periódicos UFG.
As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não
representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.
RECEBIDO EM:09/08/2023
APROVADO EM: 09/08/2023
PUBLICADO EM: 03/12/2023
Article
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This study presents the first actions and steps towards creating a Material Library, which is related to the collection of ornamental, natural and synthetic stones. The work method was designed in three stages: 1. Analysis of communication problems perceived between the design and architecture areas in an ornamental stone transformation industry in the city of Caruaru - PE/Brazil; 2. Mapping of raw materials used by the company; 3. Systematization of data based on the mechanical properties and surface treatment of ornamental stones. As a result, a collection of more than 50 samples was catalogued, which will be used for the knowledge and daily use of the general population, for the learning of students, professionals and suppliers involved in the subject of material selection.
Article
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Este artigo apresenta sistema de catalogação e indexação de materiais orientado a projetos de design desenvolvido para o Materialize, acervo de materiais para o design e arquitetura da FAU USP. O Sistema de Catalogação de Amostras de Materiais por Cofiguração (SCAMC)1 foi estruturado para permitir maior possibilidade de comparação entre diversas amostras presentes numa materioteca durante o ensino e prática de projetos de design e arquitetura. Considera os aspectos formais e sensoriais como fundamentais para a seleção de materiais e privilegia a justaposição de amostras com con gurações semelhantes. Utiliza o Sistema Decimal de Classi cação de Materiais (DEL CURTO, 2000) e sua classficação formal das amostras. O sistema prevê indexação com número de chamada baseado na Tabela Cutter-Sanborn, utilizada em biblioteconomia para notação de autores. Palavras chave: Materioteca, Materiais para o design, classificação, catalogação, Acervo de materiais.
Thesis
Full-text available
The question that this work proposes to answer is already part of its title: “How to make ideas become a resource for social-economic improvement”. In order to approach an answer, a new strategy must be found, since this is a long lasting question, especially in contexts of developing countries with large social differences, such as Brazil. We have then started from the Systemic Design methodology which proposes the valorisation of the territory, people, relations and the optimization of resources. The application was set to be the Brazilian territory of the “Estrada Real”, on the state of Minas Gerais. The subject “ideas”, took us to investigate aspects of innovation, also because many institutional strategies in public and private spheres, are based on its potential as a development driver. Then, besides the institutional strategies themselves, we have studied some cases of actions that had as goals the promotion of a region, cases of incentive for entrepreneurship. Analysing these cases from the point of view of the Systemic Design has allowed to identify their positive aspects, elements of attention or that should be changed, and propose approaches for its improvement. This previous work has raised other elements to be investigated. What would be the ideal size of a company? What, in fact, can be called technology? Who would be responsible for the changes we need? Here the economic bias has emerged very strong. It had then to be conciliated with other values of the Systemic Design. This has culminated in the development of the Systemic Network of Integral Endeavors, a concept yet broader than that of clusters. This includes the evolution of the elaboration of Business Models, which nowadays’ is largely adopted to plan innovative businesses. Then some real businesses were studied to exemplify some of the values and concepts previously treated. Finally, the historical legacies of the “Estrada Real” and nowadays’ features were researched. That has allowed the identification of nuances of resources and of a project that would have the potential of involving, as desired, many social classes, in a subject that is part of the territory history. As another product of this research, besides the identification of the “best practices” themselves, an instrument for the collection of data and elaboration of guidelines was created. Considering the importance of the participation of all stakeholders in the definition of actual actions to be taken, this instrument will assist on the debate to the distilling of “best practices” to be adopted for the initiatives in the “Estrada Real”. This experience will be able to assist in its evolution for the planning of the Olympics and Paralympics events in Brazil in 2016.
Conference Paper
Heuristic evaluation is an informal method of usability analysis where a number of evaluators are presented with an interface design and asked to comment on it. Four experiments showed that individual evaluators were mostly quite bad at doing such heuristic evaluations and that they only found between 20 and 51% of the usability problems in the interfaces they evaluated. On the other hand, we could aggregate the evaluations from several evaluators to a single evaluation and such aggregates do rather well, even when they consist of only three to five people.
NBR 9241-11: Requisitos Ergonômicos para Trabalho de Escritórios com Computadores: Parte 11 -Orientações sobre Usabilidade
  • Associação
  • De
  • Técnicas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9241-11: Requisitos Ergonômicos para Trabalho de Escritórios com Computadores: Parte 11 -Orientações sobre Usabilidade. Rio de Janeiro, p. 3. 08/ 2002. Disponível em https://www.inf. ufsc.br/~edla.ramos/ine5624/_Walter/Normas/Parte%2011/iso9241-11F2.pdf. Acesso em: mai. 2023
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BRUNDTLAND, G. H. Report of the World Commission on Environment and Development: Our Common Future. Oslo: [s.n.]. Disponível em: <https:// sustainabledevelopment.un.org/content/documents/5987our-common-future. pdf>. Acesso em: nov. 2023.
Usability inspection methods after 15 years of research and practice
  • T Hollingshead
  • D G Novick
HOLLINGSHEAD, T. NOVICK, D. G. Usability inspection methods after 15 years of research and practice. SIGDOC 2007, pp. 249-255.
Materialize -Acervo de materiais para design e arquitetura da FAU USP
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LABDESIGN -FAU USP. Materialize -Acervo de materiais para design e arquitetura da FAU USP. Disponível em: <http://www.materialize.fau.usp.br/>. Acesso em: 10 out. 2023.
Sistema de classificação e seleção dos materiais: leitura integrada de amostras físicas e catálogos virtuais em materioteca com ênfase na aplicação da ferramenta FEM e análise da sustentabilidade
  • L I Librelotto
  • P C M Ferroli
LIBRELOTTO, L. I.; FERROLI, P. C. M. Sistema de classificação e seleção dos materiais: leitura integrada de amostras físicas e catálogos virtuais em materioteca com ênfase na aplicação da ferramenta FEM e análise da sustentabilidade. Revista de Design, Tecnologia e Sociedade, v. 3, n. 2, p. 119-133, 2016.
Para uma ergonomia abrangente no mercado moveleiro. 4° Congresso Internacional de Pesquisa em Design
  • R M L O Mendonça
  • G Almeida Jr
MENDONÇA, R. M. L. O.; ALMEIDA JR., G. Para uma ergonomia abrangente no mercado moveleiro. 4° Congresso Internacional de Pesquisa em Design. Anais...Rio de Janeiro: 2007.
Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do social ao econômico. Estudos Avançados, v. 26, n. 74
  • E P Nascimento
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NASCIMENTO, E. P. DO. Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do social ao econômico. Estudos Avançados, v. 26, n. 74, p. 51-64, 2012.