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Observatorio (OBS*) Journal (2023, Vol 17, nº4), 205-223 1646-5954/ERC123483/2023 205
Copyright © 2023 (De Feio, Oliveira, Martins). Licensed under the Creative Commons Attribution-NonCommercial Generic
(cc by-nc). Available at http://obs.obercom.pt.
Social Media as a way of young people's political expression in Portugal
As Redes Sociais como meio de expressão política dos jovens em Portugal
Catarina Feio*, Lídia Oliveira**, José Manuel Martins***
* Departamento de Comunicação e Arte, Universidade de Aveiro (catarina.feio@ua.pt)
** Departamento de Comunicação e Arte, Universidade de Aveiro (lidia@ua.pt)
*** Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território, Universidade de Aveiro (jmm@ua.pt)
Abstract
The Internet, and especially social media, have provided new opportunities to express, mobilize and
share opinions on current affairs. Particularly young people who have grown up in digital environments
and who, because of the covid-19 pandemic, have lived in isolation during their formative years, choose
social media for their news consumption and use these platforms to discuss and share issues of interest
with their peers. This study aims to understand how the habits of disseminating current events on social
media are related to offline political mobilization, news consumption habits and media trust of young
residents in Portugal. Using a questionnaire survey and a sample of 337 young residents in Portugal
aged between 18 and 30 years old, the research allowed us to assess that young people who share
current affairs on their social media more frequently are also more assiduous in other forms of civic
and political mobilization such as voting, participating in manifestations and citizens' movements and
that they also tend to consume news more assiduously on social media, in newspapers and through
podcasts.
Keywords: Youth, Political Participation, News Consumption, Social Media
Resumo
A Internet, e em especial as redes sociais, concederam novas oportunidades de expressão, mobilização
e partilha de opiniões sobre os assuntos da atualidade. Principalmente os jovens que já cresceram nos
meios digitais e que, como consequência da pandemia covid-19, viveram em isolamento nos seus anos
formativos, elegem as redes sociais para o seu consumo de informação e utilizam estas plataformas
para debater e partilhar assuntos do seu interesse com os seus pares. O presente estudo pretende
compreender como se relacionam os hábitos de divulgação de assuntos da atualidade nas redes sociais
com a mobilização política
offline
, os hábitos de consumo noticioso e confiança nos media dos jovens
residentes em Portugal. Recorrendo a um inquérito por questionário e a uma amostra de 337 jovens
residentes em Portugal com idades compreendidas entre os 18 e 30 anos, a investigação permitiu aferir
que os jovens que partilham assuntos da atualidade nas suas redes sociais com maior frequência são
igualmente os mais assíduos nas outras formas de mobilização cívica e política como votar, participar
em manifestações e em movimentos de cidadãos e que igualmente tendem a consumir com maior
assiduidade notícias nas redes sociais, em jornais e através de
podcasts
.i
Palavras-chave: Jovens, Participação Política, Consumo de Notícias, Redes Sociais
206 OBS* Journal, 2023, 17(4)
Introdução
O surgimento da Internet e o desenvolvimento dos novos media assinalaram mudanças significativas na
forma como os indivíduos acedem à informação e comunicam entre pares. Assim, os jovens que cresceram
num ambiente digital com constante acesso à informação apresentam hábitos de consumo de notícias
distintos comparativamente às gerações anteriores (Wunderlich et al., 2022). Estes preferem realizar o seu
consumo
online
, em plataformas digitais ou nas redes sociais, uma vez que permitem um acesso fácil e
gratuito à informação (Yanardağoğlu, 2021). Compreender como e onde os jovens consomem notícias é
relevante para entender como estes participam politicamente, uma vez que a aquisição de informação
política é primordial para a participação democrática (Espinoza Bianchini et al., 2021). Só é possível criar
uma opinião e tomar decisões não polarizadas através do consumo de notícias credíveis (Nygren et al.,
2019) e, consequentemente, existe uma crescente preocupação em relação à exposição dos jovens a
conteúdos de desinformação e que efeitos esta exposição produz na confiança nas instituições democráticas
e nos
media
(Herrero-Diz et al., 2021). Considerando que estudos anteriores apontam que interesse em
política tem uma relação positiva com consumo de notícias nas redes sociais e que consumo de notícias
online
está relacionado com uma maior expressão política (Boulianne & Shehata, 2022; Dvir-Gvirsman,
2022) considera-se fundamental compreender a relação entre expressão política
online
, consumo de notícias
e participação política dos jovens em Portugal.
O presente estudo pretende numa primeira instância esclarecer, com base na bibliografia existente, os
conceitos de participação política, participação política
online
e as potenciais vantagens e desafios deste
meio de mobilização. E, recorrendo a uma análise estatística, tem como objetivo compreender se existe uma
relação entre a frequência de divulgação de assuntos da atualidade nas redes sociais e os hábitos de
consumo de notícias e participação política. Esta investigação tem como população os jovens residentes em
Portugal com idades compreendidas entre os 18 e 30 anos e conta com uma amostra de 337 jovens. Trata-
se de um estudo que adota uma metodologia quantitativa e que elegeu como instrumento de recolha de
dados o inquérito por questionário. Os dados foram recolhidos através de um inquérito
online
em Abril de
2022. O estudo visa compreender se existem relações entre participação política
online
e
offline
, tal como
compreender qual a relação entre a divulgação de assuntos da atualidade nas redes sociais, o consumo
noticioso e o grau de confiança nos diversos
media
.
Participação política e as potencialidades da esfera
online
Participação Política e Participação Política
Online
Segundo Verba et al (1995, p.38) compreende-se como participação política a tentativa de os indivíduos
influenciarem as decisões coletivas, através do esforço para persuadir a implementação de políticas públicas
ou de escolherem os seus representantes que irão tomar essas decisões. Norris (2001) acrescenta a
dimensão de participação política às atividades que têm como objetivo alterar padrões sistemáticos de
comportamento social e impactar a sociedade civil. Deste modo é possível salientar formas ditas
convencionais de participação política como votar, colaborar em campanhas e contactar políticos
(Sairambay, 2020b), porém atualmente várias atividades de cidadãos podem ser consideradas formas não
OBS* Journal, 2023, 17(4) C. De Feio, l. Oliveira, J.M. Martins 207
convencionais de participação. Segundo Pitti (2018) recorrentemente as formas não convencionais de
participação são associadas a manifestações de protesto. Pitti (2018) realça igualmente que frequentemente
na bibliografia está expressa uma associação entre participação não convencional e formas de mobilização
que não são organizadas pelas instituições formais, ou que são consideradas “novas”. Estas questões
levantam debates entre académicos do que deve ou não ser incluído como um indicador de participação
política (Deth, 2021). Podemos, porém, considerar as seguintes formas não convencionais dos cidadãos se
manifestarem politicamente: participação em manifestações, assinar petições, pertencer a organizações ou
movimentos, e, a nível individual, boicotar produto ou marcas por razões ideológicas (Ekman & Amnå, 2012).
Com as novas potencialidades da Internet e dos novos
media
a participação política não só migrou para
estas novas plataformas como também as novas tecnologias são motores de transformação na comunicação
e participação política e social (Sairambay, 2020a). É possível distinguir duas vertentes de participação
política
online
. Segundo Kushin et al., (2022, p.3) existe a vertente que deriva da participação
offline
:
dutiful
citizenship
em que os cidadãos participam de forma unidirecional e organizados em grupos (contactando
políticos
online
ou através de petições
online
) e
actualising citizenship
em que não existe um foco na
participação organizada em grupos e os cidadãos individualmente utilizam as ferramentas disponíveis como
meio de expressão.
Atendendo a estas novas ferramentas de participação política, é de interesse compreender como os jovens
se mobilizam. Existe a conceção geral de que jovens são pouco participativos e não se interessam por
política (Melro, 2018) pois estão distanciados das lutas partidárias de esquerda e direita focando o seu
interesse nas causas da atualidade (Sampaio, 2018). Contudo, uma vez que os jovens apresentam novos
hábitos de consumo de informação elegendo as redes sociais e plataformas de aplicações de notícias
online
para este consumo (Yanardağoğlu, 2021), e atendendo que consumo de informação política é central para
a participação democrática (Espinoza Bianchini et al., 2021) é necessário compreender como os jovens
utilizam este meio como modo de participação.
A partilha de informação nas redes sociais é uma interação realizada por utilizadores politicamente ativos e
está relacionada com a participação política (Dvir-Gvirsman, 2022). Como consequência da necessidade de
isolamento provocado pela pandemia Covid-19 as redes sociais emergiram como uma alternativa de
participação política, dando-se uma migração dos movimentos sociais e manifestações da esfera
offline
para
o mundo digital (Espinoza Bianchini et al., 2021). Os adolescentes e jovens de hoje, não só cresceram no
mundo digital como igualmente viveram em isolamento nos seus anos formativos. Atualmente, os jovens
não só consomem mais notícias
online
em comparação com os adultos, como recorrem às novas tecnologias
para se expressarem politicamente, criando vídeos, escrevendo
blog posts
, partilhando notícias e comentado
em conteúdos noticiosos ou em websites de notícias (Boulianne & Shehata, 2022).
É assim possível destacar alguns tipos de participação política
online
nas redes sociais segundo o estudo de
Waeterloos et al. (2021),
Designing and validating the Social Media Political Participation Scale: An
instrument to measure political participation on social media
: (i) interação latente (como por exemplo ler
comentários de um tema político), (ii) interação invasiva (como aceder a uma conta de alguém com o
objetivo de conseguir informações obre determinado tema), (iii) interação de seguidor (como seguir páginas
políticas ou assinar uma petição
online
através das redes sociais) e (iv) interação expressiva (dar um parecer
ou transmitir uma opinião política ou sobre assuntos da atualidade nas redes sociais) (Waeterloos et al.,
2021). Logo, as redes sociais apresentam-se como um meio de participação e intervenção política.
208 OBS* Journal, 2023, 17(4)
Desafios e Oportunidade da Participação Política
Online
Desafios e contrariedades podem ser encontrados na mobilização
online
. Destaca-se como um desafio
contemporâneo as
fake news
(Melro & Pereira, 2019) divulgadas principalmente através de plataformas de
novos
media
(como redes sociais) e que se apresentam como uma ameaça social (Simko et al., 2021). É
possível encontrar para este conceito vários entendimentos na bibliografia e entre académicos, tais como:
descontextualização da informação, propaganda, sátira, paródia política, rumores e desinformação (Weiss
et al., 2020). Contudo, o atual desafio vai para além das vulgarizadas
fake news
, Wardle (2018) destaca
que estamos perante uma
information disorder
, uma vez que vivemos num exigente e poluído sistema
informativo, demasiado complexo para que todas as sua nuances possam culminar no termo
fake news
.
Analisar esta questão é relevante devido aos indivíduos tenderem a acreditar em informação que vá de
encontro às suas crenças pessoais e sensibilidades (Nazari et al., 2022), o que contribui para um debate
politico polarizado, tal como o aumento de correntes populistas, tornando a tarefa de estar a par da
atualidade verdadeiramente desafiante (Swart & Broersma, 2022), pois as notícias já não são distribuídas
por canais específicos deixando de existir um claro entendimento sobre o conceito de notícia em si (Ohme
et al., 2022). Esta questão é especialmente relevante para as gerações mais novas que substituem o
consumos nos meios tradicionais pelos novos
media
(Bengtsson & Johansson, 2021), estando assim mais
expostas a conteúdo informativo que não derivado de agências de notícias. Esta problemática da exposição
dos mais novos a conteúdos informativos não fidedignos apresenta como consequência falta de confiança
nas instituições e nos
media
, permanência de questionamento sobre a legitimidade da informação e
aumentos de stress e ansiedade (Herrero-Diz et al., 2021).
Outra preocupação atual relacionada com a liberdade de escolha dos indivíduos e a democracia é o
micro-
targeting
de anúncios e propaganda eleitoral (muitas vezes descontextualizada e com desinformação) a
eleitores nas redes sociais, como ocorreu nas eleições de 2016 nos Estados Unidos da América e no caso da
saída do Reino Unido da União Europeia (King, 2019). Estes episódios levantaram preocupações sobre
proteção de dados e sobre a preservação da liberdade de escolha individual (Fornasier & Beck, 2020). O
caso levou a que países e governos dedicassem mais atenção à questão da proteção de dados o que originou
a
General Data Protection Regulation
da União Europeia que entrou em vigor em 2018 (Martins & Tateoki,
2019).
Outra característica das redes sociais a ter em consideração é o fator de homogeneidade da rede. Com base
nos dados de cada indivíduo, o seu grupo de amigos e interações os algoritmos das plataformas digitais
criam
echo chambers
(bolhas de homogeneidade) onde os conteúdos disponibilizados a cada utilizador são
difundidos considerando os grupos em que se insere (Vicario et al., 2016; Zollo et al., 2017). Assim,
tendencialmente são criadas comunidades
online
que partilham dos mesmos interesses e bases ideológicas,
isolando os indivíduos nos grupos que partilham das suas mesmas visões políticas o que limita a coesão
social (Koiranen et al., 2022).
Mas, apesar destas adversidades a participação política
online
tem a potencialidade de ser um meio de
participação mais inclusivo e aberto do que as formas tradicionais de participação, uma vez que não existem
entraves socioeconómicos, físicos, étnicos e educativos à participação na esfera
online
(Steinberg, 2015).
Permite também uma maior proximidade entre cidadãos e políticos, uma vez que as redes sociais, tal como
OBS* Journal, 2023, 17(4) C. De Feio, l. Oliveira, J.M. Martins 209
o Facebook, Instagram, Twitter têm o potencial de aproximar os eleitores dos representantes políticos (e
vise versa), tal como possibilitam um canal de divulgação direto das mensagens políticas (Yamamoto et al.,
2015). A mobilização
online
potencializa ainda a mobilização de causas e direitos de grupos vulneráveis que
não se poderiam expressar livremente em plataformas
offline
em contextos que limitam a liberdade de
expressão e mobilização, como regimes autoritários (Cayli Messina, 2022).
Educação e Literacia Mediática
Considerando a potencialidade e possíveis vulnerabilidades da esfera online é relevante perguntar qual deve
ser o papel da educação para dotar os cidadãos de ferramentas e hábitos que os permitam navegar
seguramente nos meios
online
. Apesar de os jovens estarem fortemente presentes
online
e nas redes sociais
não significa que estes tenham competências inerentes para lidar com a grande quantidade de informação
disponível com sentido crítico (Swart, 2021), assim é necessário dotá-los de competências digitais e de
capacidade de análise de conteúdo (Nygren & Guath, 2019).
Segundo Potter (2022) os conceitos mais frequentes associados à educação para a literacia mediática
presentes na literatura são: (i) pensamento crítico sobre as mensagens consumidas e criadas, (ii) inclusão
de todos os meios de comunicação, (iii) as competências necessitam de ser trabalhadas de modo interativo,
integrado e frequente, (iv) tem como objetivo desenvolver indivíduos informados e refletivos que participem
numa sociedade democrática, (v) reconhece os
media
como parte da cultura e desempenham um papel
fundamental de socialização e (vi) admite que os indivíduos criam os significados das mensagens dos
media
considerando as suas próprias crenças, experiências e capacidades. Atendendo a estes conceitos é
necessário reforçar que literacia mediática não se trata de um conhecimento estagnado, mas sim como um
conhecimento que tem de se adaptar ao longo do tempo às novas plataformas e de acompanhar a evolução
tecnológica (Swart, 2021). Porém, a utilização destas ferramentas no dia a dia está interligada com outros
fatores tais como o grau de importância que os indivíduos conferem ao consumo noticioso e as normas
sociais e as pressões dos pares para a sua adoção (Tamboer et al., 2022).
Atendendo a esta questão é fundamental que seja incutido desde cedo no percurso escolar estas noções,
de modo a criar dinâmicas de grupo e incentivar ao consumo consciente de notícias. A capacitação para a
literacia mediática é igualmente relevante para o processo democrático sendo que uma maior literacia
promove confiança nas notícias, que gera confiança na democracia e uma maior participação política
(Russmann & Hess, 2020) promovendo assim cidadãos mais capazes e interventivos.
Metodologia
Este estudo recorre a uma abordagem quantitativa que utiliza dados concretos e estatística para validar
hipóteses (Mattar, 2015) e pretende compreender se existe ou não relação entre as variáveis em estudo. A
abordagem quantitativa recorre ao inquérito por questionário como instrumento de recolha de dados,
respondido por uma amostra da população jovem residente em Portugal (
N=337
) com idades
compreendidas entre os 18 e 30 anos.
O presente estudo faz parte de uma investigação maior que relaciona as variáveis: consumo mediático,
solidão e participação política (Feio, 2022). A fim de estudar a participação política
online
recorre-se para
210 OBS* Journal, 2023, 17(4)
esta investigação à variável: Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais que é estudada e
relacionada com outras variáveis tais como os dados sociodemográficos, hábitos de consumo de notícias,
hábitos de debate de assuntos políticos e da atualidade com amigos, grau de confiança nos
media
e outros
indicadores de participação política.
O presente estudo elege como pergunta de investigação: Existe relação entre a frequência de divulgação
de assuntos da atualidade nas redes sociais e os hábitos de consumo de informação e participação política
dos jovens residentes em Portugal? E destaca os seguintes objetivos de investigação:
1. Compreender se existe uma relação entre a frequência de Partilha de Assuntos da Atualidade nas
Redes Sociais e os dados sociodemográficos dos jovens inquiridos;
2. Verificar onde se posiciona a frequência de Partilha de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais
em comparação com a frequência noutros tipos de participação política;
3. Aferir se a frequência da Partilha de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais está relacionada
com a frequência noutros tipos de participação política;
4. Compreender se existe uma relação entre a frequência de Partilha de Assuntos da Atualidade nas
Redes Sociais e dos hábitos de consumo de notícias dos jovens inquiridos;
5. Verificar se existe uma relação entre a frequência da Partilha de Assuntos da Atualidade nas Redes
Sociais e o hábito de debate com amigos dos assuntos da atualidade e políticos.
6. Observar se está instituída uma relação entre a frequência da Partilha de Assuntos da Atualidade
nas Redes Sociais e o tempo dedicado, diariamente, aos diferentes tipos de consumo mediático.
7. Analisar qual a relação entre a Partilha de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e o grau de
confiança para partilhar as notícias corretamente dos diferentes
media
.
O inquérito por questionário (
survey
) foi o método de recolha de dados selecionado para o estudo: “Da
Relação entre Consumo Mediático, Solidão e Participação Política – o Caso dos Jovens em Portugal”. Este
foi desenvolvido com base num Modelo de Análise que reconheceu os indicadores a serem utilizados para a
recolha de dados e considerou os objetivos da investigação, tendo sido adaptadas escalas já existentes para
a sua elaboração. Antes do questionário estar disponível foi realizado um teste de coerência interna com
três participantes que foram entrevistados sobre o inquérito e foram realizados alterações e ajustes com
base nas respostas. O questionário foi divulgado e disseminado através de uma campanha
online
e esteve
disponível para respostas entre 6 e 29 de Abril de 2022.
A população desta investigação são os jovens residentes em Portugal com idades compreendidas entre os
18 e os 30 anos. Recorreu-se a uma amostra não probabilística para este estudo e a uma estratégia de
amostragem em bola de neve. Esta estratégia de amostragem foi selecionada pois é a técnica mais viável
para aceder à população, uma vez que não é possível ter acesso a todos os jovens residentes em Portugal
para obter uma amostra probabilística simples. A estratégia de amostragem em bola de neve utiliza cadeias
de referência, ou seja, através de uma primeira seleção de indivíduos que correspondam aos critérios da
população é possível continuar a difundir o inquérito pelos seus contactos que também tenham as mesmas
características (Vinuto, 2014). A divulgação do inquérito entre jovens que correspondiam aos critérios
definidos originou uma amostra de 337 jovens residentes em Portugal com idades compreendidas entre os
18 e os 30 anos.
Os dados obtidos através do questionário
online
foram exportados para Excel, onde foi realizada a verificação
dos mesmos, e posteriormente transferidos para o
software
de tratamento estatístico: SPSS -
Statistical
OBS* Journal, 2023, 17(4) C. De Feio, l. Oliveira, J.M. Martins 211
Analysis Software 27.
Os testes estatísticos utilizados para averiguar se existia ou não relações significativas
entre as variáveis foram testes de Regressão Linear e Correlações de Spearman.
Resultados e Discussão
Tabela 1 - Estatística Descritiva dos quartis das variáveis de Participação Política
Fonte: elaboração própria
Numa primeira abordagem recorre-se à análise dos quartis das respostas de frequência de participação para
compreender onde se situa a Divulgação de Assuntos da atualidade nas Redes Sociais em comparação com
as outras formas de Participação Política. Tendo como base a escala de Likert, os inquiridos deviam
selecionar o seu grau de frequência de participação (0 – Nunca; 1 – Raramente; 2 – Por vezes; 3 –
Frequentemente; 4 – Sempre).
A partir desta primeira análise descritiva é possível constatar que votar é a forma de participação mais
recorrente, sendo que os percentis 25, 50 e 75 simultaneamente aferem o valor 4, ou seja, da participação
sempre nos processos eleitorais. De seguida, a Divulgação dos Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais
encontra-se com os mesmos resultados da Assinatura de Petições, com o percentil 25 com o valor 1
(Raramente), o percentil 50 no valor 2 (Por Vezes) e o percentil 75 no valor 3 (Frequentemente). As restantes
formas de participação demonstram resultados de mediana, ou seja, frequência de participação mais baixos.
Tabela 2- Teste de Regressão Linear entre a Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e os
Dados Sociodemográficos
Fonte: elaboração própria
212 OBS* Journal, 2023, 17(4)
Recorrendo a uma regressão linear com a variável dependente a Divulgação de Assuntos da Atualidade nas
Redes Sociais e os Dados Sociodemográficos dos inquiridos (idade, sexo, escolaridade) é possível verificar
que não se estabelece nenhuma relação significativa. Afere-se que estas características sociodemográficas
dos inquiridos não apresentam uma relação com a adesão à Divulgação de Assuntos da Atualidade nas
Redes Sociais.
Tabela 3 - Teste de Kruskal-Wallis entre a Área de Formação e a Divulgação de Assuntos da Atualidade
nas Redes Sociais
Fonte: elaboração própria
Através de um teste de Kruskal-Wallis foi igualmente possível estabelecer que não existe uma relação entre
a Área de Formação dos inquiridos e a frequência de Partilha de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais
uma vez que não se verifica uma relação significativa entre as variáveis.
OBS* Journal, 2023, 17(4) C. De Feio, l. Oliveira, J.M. Martins 213
Tabela 4 - Correlação de Spearman entre as várias formas de participação política
Fonte: elaboração própria
Com o objetivo de compreender se a frequência de Divulgação dos Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais
está relacionada com a frequência de adesão a outras formas de participação política foi realizado um teste
de Correlações de
Spearman
. Correlacionando as várias variáveis de participação é possível destacar que
existe uma relação significativa positiva entre a Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e
todas as outras formas de participação. Ou seja, os jovens que mais frequentemente Divulgam Assuntos da
Atualidade nas Redes Sociais igualmente participam com mais assiduidade no ato eleitoral (
r
(335) = ,170;
p
= ,002), aderem a assinar petições (
r(
335) = ,425;
p =
<,001), tendem a participar em manifestações
(
r
(355) = ,490;
p
= < ,001), dedicam-se a participar em movimentos de cidadãos (
r(355)
= ,520;
p
<,001),
participam com maior regularidade em associações (
r(355)
= ,387;
p
<,001) e realizam ações de
voluntariado com maior frequência (
r(
355) = ,384;
p
= <,001).
214 OBS* Journal, 2023, 17(4)
Gráfico 1 - Gráfico de Bolhas entre a frequência de Assinar Petições e Divulgação de Assuntos da
Atualidade nas Redes Sociais
Fonte: elaboração própria
Como demostra o gráfico 1, um gráfico de bolhas que relaciona as variáveis: Divulgação de Assuntos da
Atualidade nas Redes Sociais e Assinar Petições, a distribuição das respostas dos jovens inquiridos ilustra
que à medida que aumenta a frequência de assinaturas de petições, igualmente aumenta a frequência de
divulgação dos assuntos da atualidade nas redes sociais. Em contrapartida os jovens que Nunca ou
Raramente Assinam Petições são menos frequentes na sua mobilização
online
nas redes sociais.
Estes resultados especificam que por os jovens recorrerem aos novos
media
como meio de participação
política não significa que sejam menos participativos noutras formas de mobilização, pelo contrário, os
jovens que participam
online
– mobilizando-se nas redes sociais - apresentam uma tendência para serem
ativos nas restantes formas de participação política. Estes resultados vão de encontro com a bibliografia, os
utilizadores que partilham notícias nas suas redes sociais são cidadãos politicamente envolvidos (Dvir-
Gvirsman, 2022), os jovens que têm interesse em assuntos políticos e da atualidade interagem com as
notícias
online
comentando e partilhando estas (Boulianne & Shehata, 2022).
OBS* Journal, 2023, 17(4) C. De Feio, l. Oliveira, J.M. Martins 215
Tabela 5 - Correlação de Spearman entre a Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e o
Consumo de Notícias nas várias plataformas
Fonte: elaboração própria
Através dos dados existentes é possível aferir se existe uma relação entre os hábitos de consumo de notícias
dos jovens nas várias plataformas e a frequência de Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais
recorrendo a um teste de Correlação de
Spearman
. Destaca-se uma relação significativa positiva entre a
Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e o Consumo de Notícias em Jornais (
r
(335) =
,148;
p
= ,006), o Consumo de Notícias em Podcasts (
r
(335) = ,208;
p =
< ,001) e o Consumo de Notícias
nas Redes Sociais (
r
(335) = ,316;
p
= ,001). Ou seja, os jovens que consomem notícias nestas plataformas
com maior regularidade igualmente Divulgam Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais com maior
assiduidade. Aferimos assim que os jovens que tendem a Divulgar Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais
não cingem o seu consumo informativo apenas às plataformas de redes sociais, uma vez que os jovens que
se manifestam na esfera
online
são interessados pelos assuntos políticos (Boulianne & Shehata, 2022) e os
jovens mais envolvidos tendem a consumir notícias noutros
media
para além das redes sociais (Dvir-
Gvirsman, 2022), o que vai de encontro com os resultados apresentados.
216 OBS* Journal, 2023, 17(4)
Tabela 6 - Teste de Regressão Linear entre A Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e o
Hábito de Discutir Assuntos Políticos e da Atualidade com Amigos
Fonte: elaboração própria
Considerando a variável Discussão de Assuntos Políticos e da Atualidade com Amigos é possível averiguar
se existe uma relação entre a Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e os hábitos de
discussão dos assuntos da atualidade diretamente entre pares. Utilizando um teste de Regressão Linear e
tendo como variável dependente a Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais é possível
destacar uma relação significativa entre estas duas variáveis (
p
= <,001). Os jovens que mais discutem
assuntos da atualidade com amigos são aqueles que mais divulgam assuntos da atualidade nas redes sociais.
Gráfico 2 - Gráfico de Bolhas entre frequência de Debater com Amigos e a Divulgação de Assuntos da
Atualidade nas Redes Sociais
Fonte: elaboração própria
Assim, como ilustra o gráfico 2, constata-se que os jovens que se expressam
online
nas suas plataformas
pessoais igualmente tendem a debater os assuntos da atualidade com os seus amigos, ou seja, o interesse
pelos assuntos políticos e da atualidade expresso
online
manifesta-se também no diálogo entre pares
offline
.
OBS* Journal, 2023, 17(4) C. De Feio, l. Oliveira, J.M. Martins 217
Tabela 7 - Correlação de Spearman entre a Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e o
tempo dedicado diariamente nos vários consumos mediáticos
Fonte: elaboração própria
Atendendo aos hábitos de consumo mediático dos jovens nas diversas plataformas através de uma
correlação de
Spearman
é possível identificar que se estabelecem relações positivas significativas entre a
Divulgação dos Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e o tempo diário dedicado a ler jornais e revistas
(
r
(335) =,178;
p
= < ,001) e o tempo diário dedicado nas redes sociais (
r(
335) =,173;
p
= < ,001). Estes
resultados vão de encontro aos dados analisados anteriormente: os jovens que fazem a Divulgação dos
Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais tendem a dedicar-se com maior frequência ao consumo de notícias
em jornais e nas redes sociais .
218 OBS* Journal, 2023, 17(4)
Tabela 8 - Correlação de Spearman entre a Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais e o
grau de confiança nos vários media para reportar as notícias corretamente
Fonte: elaboração própria
Relativamente ao grau de confiança que os jovens apresentam em relação à capacidade das diversas
plataformas reportarem as notícias corretamente em análise com a Divulgação dos Assuntos da Atualidade
nas Redes Sociais destacam-se relações positivas significativas com os diferentes
media
. Segundo a
correlação de
Spearman
apresentada, os jovens que Divulgam Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais
com maior frequência igualmente tendem a ter um maior grau de confiança em relação à capacidade da
Televisão reportar as notícias corretamente (
r(
335) =,134;
p
= ,014), tal como a imprensa (
r
(335) =,127;
p
= ,020) e as redes sociais (
r
(335)
=,160;
p
= ,003). Estes resultados vão contra os resultados encontrados
na bibliografia que salientam que os jovens, apesar de consumirem notícias nas redes sociais, estão
conscientes que estas são uma fonte menos fidedigna de consumo de informação em comparação com os
media
tradicionais (Ohme et al., 2022; Wunderlich et al., 2022).
Síntese dos Resultados
Atendendo aos objetivos definidos para este estudo e os resultados apresentados é possível realçar que:
(1) Os resultados dos testes estatísticos não permitiram aferir nenhuma relação entre os dados
sociodemográficos dos jovens residentes em Portugal e o hábito destes divulgarem assuntos da atualidade
nas redes sociais. (2) Considerando todos os modos de participação política em análise a divulgação de
assuntos da atualidade nas redes sociais apresenta-se como uma das formas mais frequentes de mobilização
política entre os jovens, sendo que a mais assídua é participar nos atos eleitorais. (3) Estabelecem-se
relações significativas positivas entre a divulgação de assuntos da atualidade nas redes sociais e todas as
OBS* Journal, 2023, 17(4) C. De Feio, l. Oliveira, J.M. Martins 219
outras formas de participação política. (4) Atendendo aos hábitos de consumo de notícias dos jovens conclui-
se que os jovens que dedicam mais do seu tempo a ler jornais, a ouvir podcasts e a consumir notícias nas
redes sociais igualmente partilham assuntos da atualidade nas redes sociais com maior frequência. (5) Os
resultados salientam que os jovens partilham assuntos da atualidade com maior assiduidade nas redes
sociais também passam mais tempo a debater assuntos da atualidade com os seus amigos. (6) Evidencia-
se, no que toca aos hábitos de consumo mediático dos jovens, que os que tendem a partilhar
online
dedicam
mais tempo diariamente a ler jornais e revistas e passam mais tempo nas redes sociais. (7) E, por último,
a investigação permitiu confirmar que os jovens que tendem a partilhar assuntos da atualidade com maior
frequência nas suas redes sociais tendem igualmente a apresentar um maior grau de confiança na televisão,
na imprensa e nas redes sociais para reportarem as notícias corretamente.
Conclusão
Através da participação política os cidadãos escolhem os seus representantes, tentam influenciar as políticas
públicas e impactar a sociedade civil. As novas tecnologias, Internet e novos
media
vieram potencializar
outras formas de participação na esfera
online
e digital. Porém, apesar das diversas vantagens da
participação neste meio como uma maior inclusão, a aproximação entre cidadãos e decisores políticos, tal
como permitir providenciar uma plataforma a minorias e a movimentos de cidadãos existem igualmente
desafios a ter em consideração. Num meio onde todos são criadores-consumidores a desinformação e a
propagação de
fake news
torna-se uma realidade da esfera
online
especialmente nas redes sociais. As redes
sociais tendem também a criar bolhas de homogeneidade, levando os utilizadores a receberem apenas
conteúdos que espelham as suas opiniões e visões. E, a utilização de promoções pagas para a difusão,
através de
micro-targeting,
de propaganda política muitas vezes enganosa, como no caso Cambridge
Analytica, coloca em causa a proteção de dados e a escolha democrática.
Apesar deste enquadramento os jovens elegem as redes sociais para o seu consumo informativo e os jovens
mais ativos politicamente não apenas consomem nas redes sociais, mas interagem, através de partilhas e
comentários, sobre os assuntos do seu interesse (Dvir-Gvirsman, 2022). Esta nova forma de mobilização foi
estudada nesta investigação, através da análise estatística de uma amostra da população dos jovens
residentes em Portugal com idades compreendidas entre os 18 e 30 anos (
N=337
). Este artigo procura
responder à seguinte questão de investigação: Existe relação entre a frequência de divulgação de assuntos
da atualidade nas redes sociais e os hábitos de consumo de informação e participação política dos jovens
residentes em Portugal?
Em primeiro lugar a Divulgação de Assuntos da Atualidade nas Redes Sociais é uma das formas de
mobilização política mais frequente entre os jovens, sendo que votar é o ato de participação política em que
os jovens são mais assíduos. Estabelece-se ainda que não existe uma relação entre os dados
sociodemográficos (idade, sexo, nível de escolaridade, área de formação) dos jovens e a frequência com
que estes divulgam assuntos da atualidade nas redes sociais. Os resultados desta investigação permitem
destacar que os jovens que com maior frequência divulgam assuntos da atualidade nas redes sociais
igualmente são mais assíduos em todas as outras formas de participação política em estudo (votar, assinar
petições, participar em movimentos de cidadãos, participar em manifestações, pertencer a associações e
220 OBS* Journal, 2023, 17(4)
fazer voluntariado). Destaca-se que, ao nível do consumo informativo, os jovens que mais divulgam assuntos
da atualidade nas redes sociais dedicam mais tempo a consumir notícias nas redes sociais, através de
podcasts e em jornais. Ao nível do consumo mediático, os jovens que se mobilizam
online
dedicam mais
tempo do seu dia nas redes sociais e a ler jornais e revistas. Igualmente, os jovens que utilizam as redes
sociais para partilhar assuntos da atualidade apresentam maior confiança nas redes sociais, na imprensa e
na televisão para reportar as notícias corretamente. Em último lugar, o estudo afere que os jovens utilizam
as redes sociais como forma de mobilização e partilha dos assuntos da atualidade do seu interesse
igualmente tendem a debater entre pares assuntos da atualidade. Esta investigação contribui para
compreender como os jovens se relacionam com as redes sociais, participação política e consumo de
notícias. Contudo mais dados e uma investigação mais aprofundada são necessários para ter uma visão
mais complexa relativamente aos hábitos de mobilização
online
dos jovens residentes em Portugal. No
entanto, este primeiro estudo permite retirar resultados relevantes relativamente à conexão entre partilha
de assuntos da atualidade nas redes sociais, hábitos de consumo de informação e participação política dos
jovens. Realça-se que jovens que partilham nas redes sociais igualmente confiam nestas para divulgar as
notícias corretamente. Apesar desta investigação não especificar quais as páginas nas redes sociais em que
os jovens mais tendem a consumir notícias, o que pode ser alvo de estudo futuramente, é primordial
destacar a importância que matérias como literacia mediática desempenham atualmente na formação das
crianças e adolescentes de modo a conferir competências de um consumo informativo consciente. A
sensibilização para conceitos como desinformação, homogeneidade das redes, polarização e creditação de
capacidades de
fact checking
não só contribuem para um consumo noticioso mais consciente, como
impedem que os jovens sejam veículos de propagação de conteúdos de desinformação.
Agradecimentos/Informações sobre financiamento
Este trabalho é apoiado financeiramente por fundos nacionais através da FCT - Fundação para a Ciência e
Tecnologia, I.P., ao abrigo da bolsa UI/BD/154589/2022.
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