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ASSOCIAÇÕES ENTRE SUPORTE FAMILIAR E SAÚDE MENTAL

Authors:
  • Universidade Federal Fluminense, Brasil, Campos dos Goytacazes

Abstract

A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas em ausência de doença ou enfermidade. A saúde mental constitui-se como parte indispensável da saúde geral, permitindo ao indivíduo o aproveitamento pleno de suas capacidades cognitivas, relacionais e afetivas, o enfrentamento de dificuldades na vida, a produção no trabalho e a contribuição para ações em sociedade. Os critérios para saúde e doença mental não podem ser considerados independentemente, restritos ao indivíduo, uma vez que sua identidade a todo momento reflete uma experiência grupal. A saúde mental resulta do bom funcionamento interno do indivíduo, bem como sua capacidade de estabelecer ótimas relações com pessoas, sociedade e família. No grupo familiar, é possível que haja uma predisposição à enfermidade, acarretando regressão, desintegração e ruptura na comunicação, porém, quando as funções familiares primordiais são cumpridas, a possibilidade existente é a de um potencial de promoção à saúde. O suporte familiar pode ser compreendido como manifestação de atenção, carinho, diálogo, liberdade, proximidade afetiva, autonomia e independência existente entre os integrantes da família e pode ser pensado como agente de proteção frente ao risco a doenças mentais, e agente amortecedor frente aos eventos estressantes, o que sustenta a criação de programas de prevenção e tratamento, visando ao restabelecimento da saúde.
Psicol. Argum. 2008 jul./set., 26(54), 207-215
ASSOCIAÇÕES ENTRE SUPORTE FAMILIAR
E SAÚDE MENTAL
Associations between family support and mental health
Mayra Silva de Souza
a
, Makilim Nunes Baptista
b
a
Mayra Silva de Souza: Doutoranda em Psicologia pela Universidade São Francisco - USF. Bolsista CAPES Itatiba, SP - Brasil,
e-mail: souza.mayra@gmail.com
b
Makilim Nunes Baptista: Doutor em Psiquiatria e Psicologia Médica, Docente do Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu em
Psicologia da Universidade São Francisco - USF. Bolsista produtividade CNPq. Itatiba, SP - Brasil, e-mail:
makilim.baptista@saofrancisco.edu.br
Resumo
A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas em ausência
de doença ou enfermidade. A saúde mental constitui-se como parte indispensável da saúde geral,
permitindo ao indivíduo o aproveitamento pleno de suas capacidades cognitivas, relacionais e afetivas,
o enfrentamento de dificuldades na vida, a produção no trabalho e a contribuição para ações em
sociedade. Os critérios para saúde e doença mental não podem ser considerados independentemente,
restritos ao indivíduo, uma vez que sua identidade a todo momento reflete uma experiência grupal. A
saúde mental resulta do bom funcionamento interno do indivíduo, bem como sua capacidade de
estabelecer ótimas relações com pessoas, sociedade e família. No grupo familiar, é possível que haja
uma predisposição à enfermidade, acarretando regressão, desintegração e ruptura na comunicação,
porém, quando as funções familiares primordiais são cumpridas, a possibilidade existente é a de um
potencial de promoção à saúde. O suporte familiar pode ser compreendido como manifestação de
atenção, carinho, diálogo, liberdade, proximidade afetiva, autonomia e independência existente entre os
integrantes da família e pode ser pensado como agente de proteção frente ao risco a doenças mentais,
e agente amortecedor frente aos eventos estressantes, o que sustenta a criação de programas de prevenção
e tratamento, visando ao restabelecimento da saúde.
Palavras-chave: Suporte familiar; Família; Saúde mental.
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Mayra Silva de Souza; Makilim Nunes Baptista
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Abstract
Health is a complete state of physical, mental and social well-being, not consisting only in the
absence of illness or disease. Mental health can be considered an essential part of general health,
allowing the individual full use of his cognitive, relational and affective abilities, coping strategies,
work production and contributions to actions in society. The criteria for health and mental illness
cannot be considered independent ones, restricted to the individual, once his identity, in all
moments, reflects a group experience. Good health is a result of intern good function and the
ability to establish great relations to people, society and family as well. In the family group, the
existence of a tendency to illnesses is possible, resulting in communication’s regression,
disintegration and tearing, however, when primary family functions are fulfilled, the existent
possibility is of a potential to health promotion. Family support may be understood as attention,
care, dialog, freedom, affective proximity, autonomy and independence manifestations occurring
among family members and it can be thought as a protective agent towards mental health’s
risks and also, a softener agent facing stress events, what can support the creation of prevention
and treatment programs, considering health’s reestablishment.
Keywords: Family support; Family; Mental health.
INTRODUÇÃO
A saúde mental é um conceito de difícil
definição, pois diferencia-se de acordo com cada
cultura, em um dado momento histórico, em uma
determinada população, o que servirá de modelo
para se considerar o que é um comportamento
normal (conduta seguida pela maioria das pessoas
que caracterizam essa população) e um
comportamento desviante (como indica o próprio
nome, conduta explicada pela minoria das pessoas
que destacam-se por diferir das ditas “normais”).
(Loureiro, 2000; Pasquali, Gouveia, Andriola,
Miranda & Ramos, 1996). Nota-se aqui, a influência
do aspecto cultural e histórico na consideração dos
estados de saúde e doença mental.
Ainda que seja difícil a conceituação da
saúde mental, vários outros aspectos se veem
imbricados e indispensáveis na determinação do
estado de saúde de um indivíduo. Assim, é importante
considerar o aspecto biológico, no que tange a uma
predisposição genética e hereditária do indivíduo
para a doença mental, e também o aspecto sócio-
psicológico, no que se refere à qualidade das relações
que o indivíduo estabelece com grupos, que pode
contribuir tanto para a saúde quanto para a doença
mental. (Basic Behavioral Science Task Force of the
National Advisory Mental Health Council, 1996).
As relações mais profundas e duradouras
são estabelecidas dentro da família, principalmente
nos primeiros anos de vida. É nela que um indivíduo
estabelece seus primeiros vínculos de uma
convivência grupal. A família é que vai mediar a
relação do indivíduo com o mundo, provendo apoio
afetivo e material (Ackerman, 1986; Campos, 2004;
Ceberio, 2006). Quando a família consegue oferecer
a seus membros cuidado, carinho, atenção, diálogo,
autonomia, empatia, afetividade, aceitação e
liberdade, ela passa a funcionar como uma
importante fonte suporte, indispensável ao
desenvolvimento saudável de seus integrantes.
Histórico e evolução de conceito
de doença e saúde mental
O conceito de doença mental vem
evoluindo desde as sociedades primitivas, nas
quais a causa da manifestação de tal doença era
atribuída ao sobrenatural. Antigos egípcios,
hebreus e árabes acreditavam que manifestações
como essas traduziam a possessão de maus
espíritos, demônios e deuses irados (Ribeiro, 1996,
Vietta, Kodato & Furlan, 2001).
Hipócrates, considerado o pai da medicina
moderna, introduziu explicações fisiológicas que
negavam essa abordagem sobrenatural como
justificativa para o comportamento anormal. Suas
explicações baseavam-se na noção de equilíbrio-
desequilíbrio entre substâncias, sistemas e órgãos,
nas quais o comportamento era resultante da
alteração dos níveis de quatro humores (bile negra,
bile amarela, fleuma e sangue). O desequilíbrio de
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tais substâncias resultava em depressão, ansiedade
e alterações bruscas de humor (Holmes, 1997).
Na Idade Média, e mais adiante no
Renascimento, os doentes mentais não eram
considerados apenas como possuídos pelo demônio,
mas também como ameaça para a sociedade,
devendo ser perseguidos e mortos. Essa concepção
deve-se à prevalência da religião cristã, que lançava
mão da ideia de luta constante entre as forças do
bem contra as forças do mal (Bastos, 1997).
As doenças mentais tornaram-se objeto de
uma ciência que acabara de surgir, a psiquiatria. As
explicações para as desordens de comportamento,
afetividade e pensamento, mais uma vez pautavam-
se numa abordagem orgânica, estudada a partir de
descobertas da neurofisiologia e da neuropsiquiatria.
Mais tarde, as explicações para o comportamento
anormal, concentraram-se em causas psicológicas e
as várias abordagens da psicologia explicavam essa
relação a sua maneira (Holmes, 1997, Ribeiro, 1996).
A saúde mental, para a Organização
Mundial de Saúde (2000) é o estado que permite ao
indivíduo o aproveitamento total de suas capacidades
cognitivas, afetivas e relacionais, o enfrentamento
de dificuldades na vida, a contribuição para ações em
sociedade e a produção no trabalho. A partir desse
conceito fica explícito o caráter transdisciplinar da
saúde mental, uma vez que esta é influenciada por
várias dimensões, inclusive a dimensão social. Sendo
assim, os critérios para a saúde e doença mental não
podem ser considerados independentemente, restritos
ao indivíduo, uma vez que sua identidade, a todo
momento, reflete uma experiência grupal. A saúde
mental resulta do bom funcionamento psíquico
interno do indivíduo, bem como sua capacidade de
estabelecer relações adequadas com pessoas,
sociedade e família. (Ackerman,1986; Ramos, 2002).
Família e suporte familiar
A família é entendida como rede primária
de interação social e provedora de apoio indispensável
à manutenção da integridade física e psicológica do
indivíduo. Assim, a família torna-se referência nas
crenças, valores e comportamentos do indivíduo, à
medida que pune ou premia suas atitudes, orientando-
o quanto à forma de agir (Campos, 2004).
De acordo com Cobb (1976), o suporte tem
início desde o início do ciclo vital, é melhor
manifestado nas primeiras relações estabelecidas
com a mãe e é demonstrado de várias maneiras,
porém, especialmente da maneira que o bebê é
apoiado. Com o passar do tempo, o suporte se
expande, se originando cada vez de outros membros
da família, daí então dos colegas de trabalho e da
comunidade, e talvez, em caso de necessidade
especial, de um membro cuja profissão é de ajuda
humana. À medida que o fim da vida se aproxima, o
apoio social, em determinadas culturas, outra vez se
origina, principalmente de membros da família.
A primeira e essencial função psíquica da
família é dispensar afeto, fundamental à
sobrevivência emocional dos recém-nascidos.
Transmitir as experiências individuais e grupais
acumuladas é uma tarefa psicológica e social, na
medida em que os pais colaboram com a formação
da identidade pessoal de seus filhos. Cabe ainda à
família o fornecimento de um ambiente adequado
para a aprendizagem empírica, assim como a
mediação de informações com o universo
circunjacente (Osório, 1996). É fundamental na
dinâmica familiar a comunicação congruente,
direcional, funcional e com carga emocional; regras
coerentes e flexíveis; liderança compartilhada com
filhos de forma democrática; autoestima; relação
conjugal integrada, porém de forma que possibilite
à família atuar como um todo, preservando a
individualidade de cada um (Féres-Carneiro, 1992).
Ao cumprir essas funções e sendo
percebida como afetuosa, coesa, com boa
comunicação, com regras flexíveis, mas com limites
e fronteiras claras, a família consegue fornecer a
seus membros, instrumentos fundamentais ao
crescimento individual e pode ser entendida como
um sistema de suporte (Lidchi & Eisenstein, 2004).
O suporte familiar é traduzido como o
cumprimento de determinadas funções da família,
tais como: coletar e disseminar informações sobre
o mundo, transmitir ideologias, ajudar na formação
de identidades, oferecer serviços práticos de ajuda
concreta, apoio emocional, orientação e feedback e
ainda guiar e mediar na solução de problemas,
servindo de refúgio para repouso e recuperação de
seus membros (Caplan, 1976 apud Campos, 2004).
Para Parker, Tupling e Brown (1979) o
suporte familiar se traduz na quantidade de cuidados
e proteção que os pais delegam a seus filhos, incluindo
comportamentos de afeto, cooperação, sensibilidade,
aceitação, indiferença, rigor, rejeição, punição,
controle, superproteção, estímulo à autonomia e à
independência. Procidano e Heller (1983) apontam
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uma compreensão na qual o suporte é entendido
como grau de satisfação pela família diante das
necessidades de informação, apoio e feedback. Para
Moos (1990), suporte familiar inclui grau de confiança,
afeto, apoio e ajuda entre os membros da família.
Suporte familiar pode ser entendido como
a capacidade da família em oferecer a seus membros:
constância, cuidado, carinho, atenção, diálogo,
informação, autonomia, empatia, afetividade,
aceitação e liberdade (Baptista & Oliveira, 2004).
Sendo assim, esse conceito refere-se às
características psicológicas que a família oferece a
seu membro, o que se diferencia do conceito de
estrutura familiar, que se refere às características
físicas tais como o número de pessoas pertencentes
a uma família, sua disposição e composição. De
acordo com os estudos de McFarlene, Bellissimo e
Norman (1995), não há relação direta entre estrutura
familiar e suporte familiar, uma vez que as diferentes
estruturas familiares têm capacidade de oferecer
suporte familiar adequado.
De acordo com Campos (2004), o efeito
principal do suporte fundamenta-se à medida que é
percebido pelo receptor como satisfatório, de maneira
que esse receptor sinta-se valorizado, amado,
reconhecido, compreendido, cuidado e protegido e,
ainda, fazendo parte de uma rede de informações e
recursos que com ele são partilhados. É essa
percepção que vai permitir ao indivíduo enfrentar o
ambiente, de forma a lhe trazer resultados positivos
que contribuam para o seu bem-estar psicológico,
aumento da autoestima e redução do estresse.
Suporte familiar e saúde mental
As relações estabelecidas na família
parecem constituir uma fonte de relações que
contribui nos processos de saúde ou doença. No
agrupamento familiar é possível que haja uma
predisposição à enfermidade, ocasionando
desintegração, regressão e ruptura na comunicação,
porém, quando as funções primordiais da família
são desempenhadas, tais como afeição, proteção,
formação social, autonomia, etc., a possibilidade
existente é a de um potencial de promoção à saúde
(Féres-Carneiro, 1996). Segundo Osório (1996), o
oferecimento de um adequado suporte pelo grupo
familiar favorece a superação das crises vitais, ou
melhor, da desestruturação causada por essas crises.
A família, ao mesmo tempo em que é vista
como a mais importante fonte de suporte, é também
concebida como fonte mais importante de estresse
para seus membros, afetando de maneira poderosa
nos processos de saúde e doença. Na família, o
suporte se estrutura de forma mais consistente, pois
é nela que os vínculos tornam-se estáveis e duradouros
e, talvez por isso, as crises que afetam o
funcionamento familiar são estressantes. O estresse
vivenciado na família está ligado ao comportamento,
à necessidade e à personalidade de cada membro da
família, o que gera impacto na interação com os
outros membros do sistema familiar, algumas vezes
produzindo estresse. Os conflitos entre os membros
da família podem vir de comportamentos
imprudentes, problemas financeiros e de objetivos
contrários (Campos, 2004).
Segundo Féres-Carneiro (1992), a
configuração da dinâmica familiar, cujo
funcionamento pode ser facilitador ou dificultador,
traduz a formação da saúde mental dos membros de
uma família. Para Zamberlan e Biasoli-Alves (1996),
a promoção de um saudável e adequado
desenvolvimento da criança está intimamente
relacionada com a qualidade das relações e
interações constituídas entre os membros da família.
De acordo com Steinhausen (1985), mudanças no
funcionamento da família, no que tange às práticas
inadequadas de atenção às crianças, estão
relacionadas com a gravidade dos distúrbios infantis.
O provimento e o recebimento do suporte
familiar influi diretamente no bem-estar físico,
psíquico e social do indivíduo, sendo que a falta
desse suporte é um dos fatores que traduz
predisposições à doença mental. A percepção e o
recebimento de suporte pelos membros da família,
constituem fontes fundamentais para a manutenção
da saúde mental, no que tange à promoção de
benefícios nos processos fisiológicos (sistema
endócrino, cardiovascular e imunológico), ao
enfrentamento de situações estressantes, e no alívio
dos estresses físico e mental. (Basic Behavioral
Science Task Force of the National Advisory Mental
Health Council, 1996; Uchino, Cacioppo e Kiecolt-
Glaser, 1996).
O relacionamento que os pais ou
cuidadores estabelecem com a criança durante a
infância é de suma importância. O afeto, a atenção
e o cuidado constante dispensado permite que a
criança se desenvolva normalmente. Já a não-
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transmissão desses cuidados pode aumentar a
probabilidade dessa criança manifestar distúrbios
mentais e comportamentais, tanto durante a infância
quanto em fases posteriores da vida (Organização
Mundial da Saúde, 2001).
Evidências científicas indicam que altos
níveis de controle, especialmente a afirmação do
poder (demandas acompanhadas por frequente
punição física), podem ter consequências
prejudiciais para a criança. Assim, a concepção de
controle tem sido distinguida de duas formas: a
primeira forma de controle proporciona estrutura
ao indivíduo, baseia-se em padrões racionais para o
comportamento infantil, envolvendo comunicação
e encorajando a criança a se desenvolver, ser
independente, cooperar e conviver em sociedade; a
segunda forma combina rigidez com cumprimento
de regras fixas com pobre fundamento,
desencorajando o desenvolvimento de atributos
positivos na criança (Basic Behavioral Science Task
Force of the National Advisory Mental Health
Council, 1996).
Parker, Tupling e Brown (1979) postularam
que os pais que dispensam afeto e são empáticos
permitem que o filho tenha uma maior autoestima e
isso proporciona proteção contra a depressão na fase
adulta. Os autores explicaram que a superproteção
está relacionada à depressão através da inibição da
autonomia e da competência social. Ao desencorajar
a independência e nutrir uma expectativa de que as
consequências não dependem de respostas, o
abandono e a depressão são providos quando são
enfrentados os fatores de estresse.
Kashani, Canfield, Borduin, Soltys e Reid
(1994) investigaram a relação da percepção familiar
em crianças e o suporte social para o comportamento
de desesperança destas. Participaram dessa pesquisa
100 crianças pacientes psiquiátricas que
responderam uma série de medidas de autorelato,
incluindo o Social Support Questionnaire-Self Report, a
Scale of Independent Behavior, e a Hopelessness Scale for
Children. Crianças com baixo nível de suporte familiar
e social mostraram-se mais desatentas, ofensivas e
não-cooperativas. Em adição, crianças que
relataram menos pessoas suportivas em suas vidas
apresentaram alto nível de desesperança. Esses
dados enfatizam a conexão entre sistemas de suporte
social, psicopatologia e desesperança. Esses
relacionamentos poderiam indicar que crianças
necessitam sentir que estão sendo cuidadas e
acolhidas por algum tipo de suporte, e que isso
serviria então para diminuir as probabilidades destas
desenvolverem sérios problemas psicopatológicos
e sentimentos de desesperança.
Em um estudo de revisão, Baptista,
Baptista e Dias (2001), estudaram a estrutura e o
suporte familiar como fatores de risco para a
depressão em adolescentes. Os autores ressaltam
que não se pode pensar em uma causa específica
para o desenvolvimento da depressão, que é
multifacetária, sendo influenciada por fatores
biológicos/genéticos, psicológicos e sociais.
Porém, as rápidas mudanças sociais familiares, no
que tange às mudanças na composição, estrutura
física e, consequentemente, nas regras e papéis da
família, acabam por colaborar com a prevalência
de depressão na população adolescente. A família
ainda deve ser considerada como amortecedora
frente aos eventos estressantes, enfrentados no
cotidiano de adolescentes.
O estudo de McFarlene, Bellissimo e Norman
(1995) avaliou a associação entre a estrutura familiar,
a integração familiar e o bem-estar dos filhos na
adolescência, estabelecendo o contraste de famílias
intactas com aquelas que foram afetadas por alguma
mudança. Foi feita uma pesquisa com 810 estudantes
de 11 escolas de um único sistema educacional. Os
resultados indicaram que a configuração familiar não
foi o principal fator determinante na eficiência da parte
funcional da família. Em vez disso, a maneira como os
pais tratam os filhos foi considerado o fator
determinante para a integração familiar e o bem-estar
dos adolescentes. Os cuidados da mãe e do pai foram
associados à integração familiar saudável ao passo que
a superproteção foi negativamente associada a este
resultado. As famílias nas quais houve morte de um
dos pais pareceram funcionar (integrar-se) tão bem
como as famílias cujos pais estavam sempre presentes,
mais uma vez ressaltando a ideia que a função familiar
não é determinada pela estrutura. No entanto, não está
bem estabelecida ainda a inexistência da associação
entre saúde mental e estrutura familiar.
Bassuk, Mickelson, Bissel e Perloff (2002)
investigaram o papel de vários membros da família,
diferenciando os pais e os filhos, e descobriram que
a relação com os irmãos proporcionou resultados
positivos para a saúde mental (frequentemente
mais forte que a relação com os pais). Em algumas
famílias pobres que compuseram a amostra, as
relações entre irmãos podem ter assumido um nível
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maior de importância por causa de rupturas na
família de origem e a falta compreensível de uma
criação consistente por parte dos pais, resultando
no estresse inevitável associado à pobreza. Quando
os adultos são incapazes de fornecer proteção,
segurança, e alimentação, os irmãos podem recorrer
uns aos outros.
Determinadas experiências infantis, como
maus tratos emocionais por parte dos pais ou
cuidadores, perda dos pais, seja por separação
(divórcio) ou por morte de algum deles, podem
resultar em prejuízos duradouros no desen-
volvimento das crianças e adolescentes, compro-
metendo a vida adulta (Heim & Nemeroff, 2001).
Bemporad e Romano (1993), em uma revisão acerca
das experiências infantis e depressão na vida adulta,
encontraram um alto grau de disfunções nas histórias
infantis de pacientes deprimidos, quando
comparados aos controles. Nesse estudo, a
depressão adulta relacionou-se com mau tratamento
na infância, como rejeição e falta de afeto.
Em uma meta-análise, que reuniu dados
de 2432 sujeitos, foi encontrada uma associação
significativamente alta entre a perda de um dos pais
com indivíduos que sofriam de depressão, quando
comparados aos que não sofriam de depressão. A
perda de um dos pais antes dos 11 anos relacionou-
se com mulheres deprimidas; e o fato de ter perdido
a mãe mais cedo ainda poderia representar um risco
aumentado para a depressão. (Patten, 1991).
Bron, Strack e Rudolph (1991) estudaram
328 pacientes com depressão, desordem distímica
ou desordem de ajuste com humor deprimido. Eles
foram questionados sobre perdas sofridas na infância
por morte de um ou ambos os pai e também por
divórcio dos pais com pelo menos um ano de
separação. Não houve estatísticas significativas
entre experiências de perda na infância e tipo de
depressão, sexo e idade. Contudo, foi encontrado
um aumento na incidência de tentativas de suicídio
naqueles pacientes com experiências de perdas na
infância, por separação dos pais e por morte de um
deles, sendo o aumento da tendência suicida
atribuído principalmente à perda do pai.
Landerman, George e Blazer (1991)
investigaram a vulnerabilidade de adultos para
desordens psiquiátricas diante da separação dos
pais antes dos 10 anos de vida, devido a divórcio ou
morte e diante da presença de doença mental nos
pais durante os primeiros anos da infância. Os
dados obtidos foram de uma amostra estratificada
composta por 3801 adultos. Os resultados sugerem
que ter um dos pais com doença mental aumenta a
probabilidade dos eventos de vida estressantes
resultarem em depressão, porém, ainda não se sabe
a que se deve esse aumento (fatores genéticos ou
ambientais) . A separação por divórcio dos pais,
associada com eventos de vida estressantes, apontam
para o aumento da vulnerabilidade para problemas
psiquiátricos e alcoolismo. E a separação por morte
de um dos pais não interage com eventos de vida
estressantes no sentido de afetar a probabilidade de
problemas psiquiátricos, ao menos nesse estudo.
McLeod (1991) concluiu que o evento da
perda de um dos pais por divórcio estava mais
fortemente relacionado com consequências negativas
na vida adulta do que a perda por morte. E as
correlações dos eventos de perda e das consequências
negativas eram mais fortes nas mulheres do que nos
homens. A morte de um cônjuge pode aumentar a
probabilidade do outro ficar doente ou morrer, ao
menos durante dois anos. E os viúvos que não se
casam novamente têm maiores taxas de mortalidade
do que os que casam (Ramos, 2002).
Kendler, Neale, Keesler, Health e Eaves
(1992), examinaram a relação entre perda dos pais
antes dos 17 anos e psicopatologia na idade adulta.
Essa relação variou de acordo com o tipo de perda
(por separação conjugal ou morte dos pais) e de
acordo com a forma de psicopatologia. A perda dos
pais por separação conjugal associou-se
principalmente com maior risco para depressão e
ansiedade generalizada. Já a perda por morte da mãe
especificadamente relacionou-se ao maior risco para
transtorno do pânico e perda por morte dos pais,
tanto morte materna como morte paterna, associou-
se a risco maior para fobias.
Em uma amostra japonesa composta por
122 pacientes internados com quadro de depressão
unipolar e 94 que nunca estiveram deprimidos foi
comparada a ocorrência de perda dos pais por morte
e por separação conjugal antes dos 17 anos de
idade. A perda por morte materna foi
significativamente mais comum em depressivos
que no grupo controle. E a perda por separação dos
pais teve tendência aumentada no grupo deprimido
(Knugi, Sugawara, Aoki, Nanko, Hirose &
Kazamatsuri, 1995).
Luecken (2000) estudou a associação
entre perda por morte de um dos pais, sentimentos
de hostilidade, depressão, suporte social e
qualidade das relações familiares em adolescentes.
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Participaram dessa pesquisa 30 estudantes
universitários que experimentaram a morte de um
dos pais antes dos 16 anos, e 31 estudantes em
condição controle. Foram utilizados questionários
para medir o suporte social (The Interpersonal Support
Evaluation), a hostilidade (Cook Medley Hostility
Scale), a depressão (Beck Depression Inventory) e a
qualidade das relações familiares (Moos Family
Environment Scale). Aqueles com perda de um dos
pais apresentaram altos escores de hostilidade,
maior intensidade de sintomas depressivos e menor
suporte social apenas quando apresentavam pobres
relações familiares atuais.
Souza (2007) estudou a relação entre o
suporte familiar e a saúde mental em 520 universitários,
utilizando o Inventário de Percepção de Suporte
Familiar (IPSF) e o Questionário de Saúde Geral de
Goldberg (QSG). Foram encontradas correlações
significativas entre os instrumentos, o que demonstra
que a percepção de demonstrações de afeto, carinho,
expressões verbais e não-verbais, habilidade na
resolução de situações-problema, sentimentos
positivos, tais como inclusão e compreensão, além do
estabelecimento de relações de confiança, liberdade
e privacidade entre os membros da família, colaboram
para menor sintomatologia de estresse psíquico, desejo
de morte, desconfiança do próprio desempenho,
distúrbios do sono, distúrbios psicossomáticos e
severidade de doença mental.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da literatura pesquisada nessa
revisão, é possível destacar características
importantes na associação entre o suporte familiar
e a saúde mental, como a investigação da estrutura
familiar, sexo, raça, curso, nível econômico. Outras
variáveis ainda se mostram relacionadas, a saber:
eventos de vida estressantes, estratégias de
enfrentamento (coping), personalidade, resiliência,
lócus de controle, autoeficácia, dentre outras. Todas
essas variáveis podem diferenciar os sujeitos quanto
à percepção do suporte familiar e quanto ao estado
de saúde mental destes, e por isso mostram-se
relevantes no estudo com os construtos envolvidos.
O estudo da associação entre suporte
familiar e saúde mental fundamenta-se na crescente
importância que vários autores têm dado ao fato
de que as relações sociais podem ter um papel
essencial para manter ou mesmo promover a saúde
mental (Ackerman, 1986; Baptista, 2004; Basic
Behavioral Science Task Force of the National
Advisory Mental Health Council, 1996; Bassuk,
Mickelson, Bissel, & Perloff, 2002; Campos, 2004;
Féres-Carneiro, 1992; Kashani, Canfield, Borduin,
Soltys, & Reid, 1994; OMS, 2001; Ramos, 2002;
Souza, 2007). Pensando numa forma de
intervenção para a saúde mental, programas que
enfatizem o suporte da família podem atuar como
agente preventivo e protetivo frente aos riscos
para doenças mentais, o que sustenta a criação de
programas de prevenção e tratamento, visando o
restabelecimento da saúde.
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Recebido: 11/08/2007
Received: 08/11/2007
Aprovado: 21/03/2008
Approved: 03/21/2008
Associações entre suporte familiar e saúde mental
... Apesar de todos os benefícios sociais proporcionados pelo ingresso do jovem na universidade, a necessidade de inserção em um novo ambiente e inclusão a um grupo, sentimento de liberdade e independência, além do maior tempo gasto com atividades acadêmicas pode proporcionar um ambiente favorecedor de práticas não saudáveis. (Gasparotto, 2012;Souza;Baptista, 2017). No caso de futuros profissionais da saúde, em especial aos de Educação Física, pode ser que o estudo da saúde, comportamentos preventivos e de risco, bem como, educação voltada para estímulo e conscientização de hábitos saudáveis de vida possam contribuir para melhoria da percepção pessoal sobre o estilo de vida saudável melhorando a própria vida do estudante (Silva et al. 2012;Belém et al., 2016). ...
... Apesar de todos os benefícios sociais proporcionados pelo ingresso do jovem na universidade, a necessidade de inserção em um novo ambiente e inclusão a um grupo, sentimento de liberdade e independência, além do maior tempo gasto com atividades acadêmicas pode proporcionar um ambiente favorecedor de práticas não saudáveis. (Gasparotto, 2012;Souza;Baptista, 2017). No caso de futuros profissionais da saúde, em especial aos de Educação Física, pode ser que o estudo da saúde, comportamentos preventivos e de risco, bem como, educação voltada para estímulo e conscientização de hábitos saudáveis de vida possam contribuir para melhoria da percepção pessoal sobre o estilo de vida saudável melhorando a própria vida do estudante (Silva et al. 2012;Belém et al., 2016). ...
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Analisar o estilo de vida (EV) de universitários do curso de Educação Física (EF) dando ênfase aos aspectos entre sexo e entre nível de formação acadêmica. Participaram do estudo 114 estudantes de EF, da Universidade Estadual do Paraná, subdivididos em 54 do sexo masculino e 60 feminino, em 4 séries de formação acadêmica. Todos responderam ao questionário Estilo de Vida Fantástico (EVF) que compreende nove dimensões do estilo de vida individual. Observou-se que em média o EV dos universitários foi de 70 (±9,3) pts., não havendo diferença entre sexos, contudo, 56,1% apresentaram EV dentro de um nível considerado adequado e saudável (≥70pts), e, o sexo masculino apresentou percentual maior (59,2%) de estudantes com EV mais saudável em relação ao feminino (53,3%). Identificou-se também que houve diferença estatística (P<0,05) entre o EV de estudantes ingressantes (1ª=72,8±9,3pts) em relação aos concluintes (4ª=66,2±7,8pts). Conclui-se que o EV dos universitários tem evoluído de forma negativa ao longo do curso de formação, sendo que de forma geral o sexo feminino apresenta condições relativas em condição pior que a do masculino.
... Isso posto, salienta-se que são essas as dimensões contempladas para bem-estar e saúde dos indivíduos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é definida como "[...] um estado completo de bem-estar físico, mental e social, não apenas a ausência de doença" [6]. À vista disso, aponta-se que qualidade de vida, conforme a OMS, é a "[...] percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações" [9]. ...
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Avaliar o impacto da cirurgia ortognática na qualidade de vida em deformidade dentofacial, comparando com o momento cirúrgico e tipo de maloclusão. Material e métodos: 249 participantes preencheram, de agosto a setembro de 2020, o protocolo de qualidade de vida (WHOQOL-bref) composto por 26 itens divididos em quatro domínios (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente), além do escore global. A análise foi realizada pelo teste de Anova a dois critérios, considerando o nível de significância de 5%. Resultados: A queixa mais reportada foi relacionada à estética (54,3%). Houve aumento da qualidade de vida após a cirurgia ortognática para todos os domínios. Considerando o tipo de maloclusão, os participantes com classe III demonstraram maior impacto na qualidade de vida. Conclusão: Verificou-se aumento na qualidade de vida no momento pós-cirúrgico, principalmente nos aspectos físicos. Considerando o tipo de maloclusão, os sujeitos classe III evidenciaram maior ganho na qualidade de vida.
... Isso posto, salienta-se que são essas as dimensões contempladas para bem-estar e saúde dos indivíduos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde é definida como "[...] um estado completo de bem-estar físico, mental e social, não apenas a ausência de doença" [6]. À vista disso, aponta-se que qualidade de vida, conforme a OMS, é a "[...] percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações" [9]. ...
... "Justamente pelo fato de ter sido colocada para fora de casa a primeira vez, eu passei por situações que eu não queria ter passado e pensei que não ia precisar passar de Ressalta-se ainda que a participante Safira, que afirmou ter uma relação forte com a família, considerando que pode contar com eles, foi a única a apresentar baixos escores no SRQ-20, o que corrobora com estudos que relacionam o suporte familiar e a promoção de saúde mental (Souza, 2017). ...
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A prostituição é uma das profissões mais antigas do mundo, mas ainda hoje é marginalizada. Tal fenômeno pode influenciar as redes de apoio dos profissionais, fragilizando e afetando sua saúde mental. Dessa forma, o objetivo do estudo foi identificar as percepções sociais de profissionais do sexo e verificar a relação com a saúde mental através de entrevista, do Self Report Questionnaire e Ecomapa. Três das quatro participantes apresentaram sintomas suficientes para transtornos mentais comuns, a maioria dos componentes da rede de apoio foram considerados moderados e frágeis e os sentidos subjetivos das participantes indicaram sentimentos de desconfiança e desamparo. Palavras-chave Saúde mental; prostituição; rede de apoio
... É no ambiente familiar que se concebe relações profundas e duradouras, que integram comunicação positiva, regras coerentes e flexíveis, liderança democrática, autoestima e preservação da individualidade de seus membros, de forma que, a partir dessas relações, ocorre o desenvolvimento saudável dos seus membros e o aprendizado para conviver em grupos, com vistas à interação social e manutenção da integridade física e psicológica. É nesse contexto que a família é classificada como um sistema de suporte 11 . Entretanto, é importante observar a ambiguidade da posição da família como fator de risco e fator de proteção ao suicídio. ...
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Objetivo: Analisar eventos de risco associados ao comportamento suicida em indivíduos atendidos em emergência geral. Métodos: Pesquisa exploratória, descritiva, abordagem qualitativa. Coleta de dados entre dezembro de 2017 e novembro de 2019, com pessoas que tentaram o suicídio, por meio de entrevista com questionário semiestruturado. Dados analisados com Análise de Conteúdo temático. Resultados: Entrevistadas 113 participantes, 86 (76,1%) do sexo feminino, 57 (50,4%) na faixa etária entre 18 e 30 anos, 103 (91,2%) heterossexuais, 49 (43,4%) solteiros. Conforme a análise dos dados, o conteúdo foi agrupado em uma categoria com quatro unidades temáticas que deram ênfase às relações familiares traumáticas, presença de histórico de experiências traumáticas para além da família, condições socioeconômicas e comportamento impulsivo e a percepção de inexistência de fatores de proteção. Sabe-se que no comportamento suicida há interferência das relações com familiares, com amigos e com outras pessoas com as quais haja relacionamento afetivo importante, de forma que o bom vínculo familiar assume papel de proteção ao comportamento suicida, enquanto vínculos familiares conflituosos são potenciais fatores de risco. Considerações finais: Resultados revelaram a experiência da multiplicidade de eventos que influenciaram a decisão pelo suicídio, ênfase para relações afetivas e familiares prejudicadas e experiências traumáticas.
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Os motivos para viver (MPV) estão relacionados àquilo que faz a vida valer a pena e podem se constituir como fatores protetivos diante do pensamento e comportamento suicida, além de transtornos como a depressão. Porém, além de não haver uma teoria sistematizada, a temática ainda é pouco pesquisada e o foco está sobre os fatores de risco. Visando a maior compreensão e busca de indicadores que norteiem a avaliação desses motivos, o objetivo do estudo foi investigar, em grupos com características diferenciadas, os principais MPV e apresentá-los em categorias. Participaram 690 pessoas, com idades de 18 a 96 anos (M=46,1; DP=22,1), maioria do sexo feminino (59,6%). Os dados foram analisados qualitativamente, com base em uma pergunta disparadora. Os resultados indicaram oito categorias de MPV: suporte familiar, suporte social, espiritualidade/religiosidade, saúde, planos e perspectiva para o futuro, amor-próprio e a vida, realização profissional e aproveitamento da vida.
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Identificar as percepções de mulheres sobre seu tratamento em um Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II) do Ceará. Estudo aplicado e descritivo, de abordagem qualitativa, realizado com usuárias do CAPS II, por meio de questionário do Google Forms, entre outubro de 2021 e janeiro de 2022. Os dados foram analisados pelo método da análise de conteúdo, com a identificação de categorias temáticas. Participaram da pesquisa 25 mulheres usuárias do CAPS II. Foram identificadas três categorias temáticas: percepção de mulheres atendidas no CAPS sobre o seu estado de saúde mental, contexto familiar e contexto social. A partir das falas das participantes, verificou-se a relação entre o adoecimento mental e o contexto social, econômico e familiar. As percepções apreendidas são comuns às participantes do estudo, sinalizando a necessidade de que as realidades familiar, social e econômica sejam inseridas no plano de tratamento com maior ênfase.
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Objective: to identify the prevalence of depression and family support amongadolescents in the city of Montes Claros -MG. Materials and methods: this is a descriptive research with a quantitative and cross-sectionalapproach. The study included 71 adolescents, both sexes, students from a public state school and a private school. For data collection, a sociodemographic questionnaire was used, thenBeck's Depression Inventory and APGAR Questionnaire for family support assessmentwere applied. A descriptive analysis of the data was performed with real and absolute frequency values, in addition to the Mann-Whitney U test. Results: most of those evaluatedadolescents(75%) did not presentdepression levels (75%) and there was a high presence (65.3%) of family support;there was no statistically significant difference when comparing the variables surveyed betweensexes and schools. Conclusion: at the end,it was possible to infer that there seems to be a positive relationship between greater family support and lower levels or risk of depression.
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Introdução: Com o advento da Reforma Psiquiátrica, a Rede de Atenção Psicossocial foi estruturada e passou a incluir as enfermarias de Saúde Mental em sua organização, incluindo, em sua equipe de trabalho, o terapeuta ocupacional. Uma das intervenções desse profissional no contexto são as oficinas de atividades autoexpressivas. Nelas, os indivíduos são estimulados a interagirem uns com os outros, a expor suas emoções, sentir-se parte de um grupo. A relação com as atividades, pessoas e materiais resulta em uma transformação interna. Objetivo: Relatar o uso de oficinas de atividades auto expressivas desenvolvidas com pessoas em sofrimento psíquico. Métodos: Trata-se de um relato de experiência, no qual foram realizadas dez oficinas de atividades autoexpressivas com os pacientes da enfermaria de psiquiatria de um hospital da cidade do Recife. As oficinas tiveram duração de 2 horas, cada uma. Foi feito um diário de bordo com as observações percebidas pela pesquisadora, além de registros fotográficos das etapas das atividades. Resultados: Os usuários relataram sentir relaxamento, alegria, esquecimento dos problemas e de que estavam no hospital. Foram estimulados a resgatarem seus papéis ocupacionais, demonstrando maior autonomia, interação interpessoal e planejamento durante a realização das atividades. Conclusão: O uso de atividade autoexpressivas estimula a criatividade e os processos criativos das pessoas em sofrimento psíquico. Espera-se motivar novos estudos sobre essa perspectivaPalavras-chave: Arte. Hospital Geral. Saúde Mental. Sofrimento Psíquico. Terapia Ocupacional. Abstract Introduction: With the advent of Psychiatric Reform, the Psychosocial Care Network was structured and started to include Mental Health wards in its organization, including the occupational therapist in its work team. One of the interventions of this professional in the context is the workshops of self-expressive activities. In them, individuals are encouraged to interact with each other, to expose their emotions, to feel part of a group. The relationship with activities, people and materials, results in an internal transformation. Objective: to report on the use of self-expression activities workshops developed with people in psychological distress. Methods: This is an experience report in which ten workshops on self-expression activities were held with patients in the psychiatric ward of a hospital in the city of Recife. The workshops lasted 2 hours each. A logbook was made with the observations perceived by the researcher and photographic records of the stages of the activities. Results: Users reported feeling “relaxation, joy, forgetting about problems and that they were in the hospital”. They were encouraged to rescue their occupational roles, demonstrating greater autonomy, interpersonal interaction and planning during the performance of activities. Conclusion: The use of self-expression activities stimulates creativity and creative processes in people in psychological distress. It is hoped to motivate further studies on this perspective.Keywords: Art. General Hospital. Mental Health. Occupational Therapy. Psychic SufferingResumenIntroducción: Con el advenimiento de la Reforma Psiquiátrica, la Red de Atención Psicosocial se estructuró y pasó a incluir las salas de Salud Mental en su organización, incluyendo al terapeuta ocupacional en su equipo de trabajo. Una de las intervenciones de este profesional en el contexto son los talleres de actividades autoexpresivas. En ellos se anima a los individuos a interactuar entre sí, a exponer sus emociones, a sentirse parte de un grupo. La relación con actividades, personas y materiales, resulta en una transformación interna. Objetivo: informar sobre el uso de talleres de actividades de autoexpresión desarrollados con personas en distrés psicológico. Métodos: Se trata de un relato de experiencia en el que se realizaron diez talleres sobre actividades de autoexpresión con pacientes en la sala de psiquiatría de un hospital de la ciudad de Recife. Los talleres duraron 2 horas cada uno. Se elaboró un cuaderno de bitácora con las observaciones percibidas por el investigador y registros fotográficos de las etapas de las actividades. Resultados: Los usuarios informaron sentirse “relajados, alegres, olvidarse de los problemas y estar en el hospital”. Se les animó a rescatar sus roles ocupacionales, demostrando mayor autonomía, interacción interpersonal y planificación durante el desempeño de las actividades. Conclusión: El uso de actividades de autoexpresión estimula la creatividad y los procesos creativos en personas con malestar psicológico. Se espera motivar más estudios sobre esta perspectiva.Palabras clave: Arte. Hospital General. Salud mental. Sufrimiento Psíquico. Terapia ocupacional.
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A adolescência é marcada por diversas mudanças físicas/hormonais, sociais e psicológicas, podendo favorecer o desenvolvimento de diversos transtornos e sintomas mentais, como, por exemplo, a sintomatologia depressiva, sendo que a família pode influenciar o desencadeamento/ manutenção de tais sintomas. O objetivo da pesquisa foi avaliar a correlação existente entre sintomatologia depressiva e a percepção de suporte familiar em estudantes do ensino médio. Foram participantes da pesquisa 154 adolescentes de uma escola pública. Os materiais utilizados foram um questionário de caracterização (contendo diversos fatores de risco para adepressão)^j-o Inventário de Depressão Infantil (CDI)) e o Parental Bonding Instrument (PBI), aplicados coletivamente em sala de aula. Os principais resultados demonstraram que quantomaior a simtomatologia depressiva no adolescente mais inadequado é a percepção do suporte familiar e quanto maior a freqüencia dos fatores de risco, maior é a simtomatologia depressiva no adolescente, estando o suporte familiar correlacionado negativamente com a simtomatologia depressiva nesta amostra.
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Depressive Disorders could be consider the most important disorder at this time. But depression could not be viewed only in a simple way, because several variables are important to develop and maintenance this state. Depressive symptoms could be causing by biological, genetics, social and psychological factors. This article will aboard specifically the relation between family aspects and adolescent depression. Then, the clinician must pay attention to all variables to develop correct diagnostics and intervention with adolescents and families.
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Este trabalho é o produto da reflexão dos autores frente à necessidade de mudanças conceituais, na área da saúde mental. Os autores buscam apreender aspectos essenciais que envolvem a temática à luz da concepção de paradigma, bem como o processo no qual a crise se precipita emergindo anomalias que apontam para a ineficiência do paradigma vigente. Os autores sugerem a substituição do modelo em vigor por um outro que se oriente para uma perspectiva que busque preservar a liberdade do paciente e o caráter relacional da expressividade humana.Este trabajo es el producto de la reflexión de los autores frente a la necesidad de mudanzas conceptuales en la área de salud mental. Los autores buscan aprehender aspectos esenciales de ésta temática a la luz del concepto de paradigma, así como también en el proceso en el cual la crisis se precipita, trayendo anomalías que muestran la ineficiencia del paradigma actual. Los autores sugieren la sustitución del modelo vigente por otro que se oriente hacia una perspectiva que logre preservar la libertad del paciente y el carácter relacional de la expresividad humana.This work is a result of authors' reflection on the necessity of conceptual changes in the area of mental health. The authors aimed at understanding the essential aspects involving the theme according to the conception of paradigm, as well as the process in which the crisis appears emerging anomalies and pointing out the inefficiency of the present paradigm. Thus, they suggested a change from the actual model to another one based on a perspective that emphasizes patient's freedom and the relational character of human expressiveness.
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O presente artigo trata da relação entre a saúde dos idosos e relacionamentos sociais, bem como na interpretação e entendimento desta problemática sob a luz de dois enfoques teóricos: um macro, centrado na Teoria da Integração Social de Emile Durkheim e outro micro, centrado na Teoria das Trocas, de Peter Blau, com ênfase na Teoria da Eqüidade. A integração social (freqüência de contatos) pode ter efeitos negativos na saúde, mas isto tem de ser medido pela qualidade dos contatos. Algumas conclusões apresentadas indicam que as relações sociais têm um efeito na saúde, no sentido de que as pessoas, nas sociedades modernas, esperam a reciprocidade, e, quando isto não é possível, principalmente na fase do envelhecimento, as pessoas sentem-se dependentes, e isso pode afetar a saúde de diferentes maneiras. Por outro lado, quando as pessoas têm problemas de saúde, elas experienciam uma falta de relações sociais balanceadas devido à incapacidade para trocar em bases iguais. Sendo assim, conclui-se que a relação entre relações sociais e saúde na população idosa pode ser uma relação recíproca.
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We examine the relationship between parental loss prior to age 17 years and adult psychopathology in 1018 pairs of female twins from a population-based registry. The relationship between loss and adult psychopathology varied as a function of the kind of loss (death vs separation), the parent involved, and the form of psychopathology. Increased risk for major depression and generalized anxiety disorder was associated with parental separation but not parental death and with separation from either mother or father. Panic disorder was associated with parental death and maternal, but not paternal, separation. Increased risk for phobia was associated with parental death and not parental separation. Risk for eating disorder was unrelated to the experience of parental loss. A model that includes parental loss as a form of "specified" family environment shows that, if it is truly an environmental risk factor for adult psychopathologic conditions, it can account for between 1.5% and 5.1% of the total variance in liability to these disorders and is responsible for between 7.0% and 20.5% of the tendency for these disorders to aggregate in siblings.
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Two new scales of parental care and overprotection, and their combination as a Parental Bonding Instrument, are described. On measurements of reliability and validity the scales appear to be acceptable, and are independent of the parent's sex. It would appear that mothers are perceived as significantly more caring and slightly more overprotective than fathers, but that those judgements are not influenced by the sex of the child. Overprotection appears to be associated with lack of care. The scales and scoring method are appended. Norms for a general Sydney population are presented, and the possible influence of age, sex and social class examined.
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Social support is defined as information leading the subject to believe that he is cared for and loved, esteemed, and a member of a network of mutual obligations. The evidence that supportive interactions among people are protective against the health consequences of life stress is reviewed. It appears that social support can protect people in crisis from a wide variety of pathological states: from low birth weight to death, from arthritis through tuberculosis to depression, alcoholism, and the social breakdown syndrome. Furthermore, social support may reduce the amount of medication required, accelerate recovery, and facilitate compliance with prescribed medical regimens.
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Three hundred and twenty-eight patients aged 45 years and over with major depression, dysthymic disorder or adjustment disorder with depressed mood (according to DSM-III) were asked about childhood loss experiences (death of one or both parents or at least 1 year's separation) and their current state of health. No statistically significant relationships were found between experiences of loss in childhood and type of depression, sex and age at first episode. However, there was an increased incidence of suicide attempts in patients with experiences of loss in childhood, both by separation and by death of parents. The increased suicidal tendency could mainly be attributed to loss of the father.
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While the loss of a parent during childhood may put a person at risk for depression, many studies have failed to confirm the importance of this risk factor. Nevertheless, the relationship between the loss of a parent and depression is of clinical importance. This paper reviews studies of the loss of a parent as a risk factor for depression. In addition, relevant data from these studies were pooled using meta-analytic techniques. It was found that for females there was a significant association between the loss of one's mother before age 11 and depression, and that losing one's mother during early childhood may double their risk of depression.
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Previous research demonstrates convincingly that childhood parental deaths and parental divorces have implications for adult well-being as defined by levels of depression, educational attainment, early age at marriage, and risk of divorce. What this research has failed to examine are the interconnections among these outcomes. Specifically, are the socioeconomic and marital outcomes of parental loss implicated in the observed higher levels of depression? This analysis takes a first step in answering this question. Using data from a sample of 1,755 married men and women, I estimated regression models which examine the extent to which adult socioeconomic status and current marital quality mediate and/or modify the loss-depression relationship. Parental divorce was strongly related to socioeconomic and marital outcomes. Furthermore, current marital quality contributed importantly to understanding the higher levels of depressed mood observed among persons from divorced homes. Parental death was much more weakly related to socioeconomic and marital outcomes, and these outcomes played little role in explaining its relationship to depression. Finally, all of these relationships were stronger among women than men. These findings support the utility of life-course approaches to understanding adult mental health.