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11 maio 2011 | AS ARTES ENTRE AS LETRAS
página doze
Ano II
Tal era a importância que Platão concedia às
matemáticas, que o lema da sua Academia
rezava: “Não entre aqui quem não souber
geometria”.
Os números estão na origem do conhecimento, são o
mistério do saber, a essência da lógica, a inteligência
da verdade. Dum Deus calculat, t mundus, estabe-
lece a doutrina de Leibniz.
As artes e as letras continuam a ocultar o enigma que
desvelam. Adorno, na Teoria estética, arma que
“na instância suprema, as obras de arte são enigmá-
ticas, não segundo a sua composição, mas segundo
o respetivo conteúdo de verdade” e esclarece que “as
obras de arte que se apresentam sem resíduo à ree-
xão e ao pensamento não são obras de arte”.
Falar, pois, do aniversário do As Artes entre As Le-
tras é falar dum exercício de inteligência para des-
velar o caráter enigmático. Enigmas que simultane-
amente desvelamos e ocultamos porque isso é o que
nos diferencia das ‘outras’ ciências e o que transfor-
ma a nossa ciência em arte.
A interpretação literal é a vestimenta que oculta uma
mensagem, uma verdade ignota, disfarçada. Para os
cabalistas, as letras são algo mais do que carateres
com uma determinada caligraa, e adquirem valores
numéricos, matemáticos. Nesse contexto é que faz
sentido o lema de Platão.
As Artes entre As Letras, no seu empenho por desve-
lar as cabalas do mundo artístico, alcançou o mágico
número 50, formado pelos cinco sólidos platónicos
(poliedros regulares) mais o triângulo perfeito pita-
górico (1+2+3+4=10). São dois anos de celebração
quinzenal e ritual, mas se acreditarmos na cabala
mais universal – comum a todas as culturas e religi-
ões – congratular-nos-emos porque ‘não há dois sem
três’. Parabéns por mais um ano de cabalas.
Rudesinho Soutelo
compositor e mestre em educação artística
Não há dois sem três
NOTA:
Este texto é escrito ao abrigo do novo Acordo
Ortográco, respeitando o original do autor.