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Regimes de fluxo de água de degelo registrados num leque glaciomarinho do Grupo Itararé em Presidente Getúlio, Santa Catarina

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Abstract

A documentação de formas de leito de fluxos supercríticos é bastante restrita em sistemas deposicionais glaciais e proglaciais inseridos no contexto da glaciação do Neopaleozoico. Visando melhorar a caracterização das formas de leito e por consequência dos fluxos formativos referentes a estes sistemas, foram realizados trabalhos de caracterização sedimentológica de detalhe em depósitos cascalhosos da porção superior do Grupo Itararé na região de Presidente Getúlio, Santa Catarina. O Grupo Itararé, depositado entre o Missisipiano e o Permiano Inferior, registra a glaciação neopaleozoica na Bacia do Paraná, e na área de estudo é dividido em três Formações da base para o topo: Campo do Tenente, Mafra e Rio do Sul. Os depósitos alvo deste estudo estão inseridos na porção inferior da Formação Rio do Sul e foram previamente interpretados como leques submarinos que teriam como sistema alimentador uma costa não glaciada, porém com geleiras hipotéticas localizadas no interior do continente. Esta influência glacial é confirmada pela ocorrência de diversos clastos estriados nas fácies cascalhosas. Porém, características como matacões métricos e abundância de clastos estriados, sugerem que o sistema pode estar mais próximo da área fonte glacial do que trabalhos prévios indicam. Visando verificar as possíveis hipóteses postuladas, foram descritos 40 afloramentos em uma área de cerca de cerca de 800 km2. Dentro destes afloramentos, foram descritas as fácies, levantados perfis sedimentólógicos em escala 1:100 que foram integrados em um perfil composto, e tomadas medidas de paleocorrentes de estruturas de fluxos unidirecionais. Como resultado, foram identificadas 14 fácies sedimentares agrupadas em duas associações distintas. A Associação de Fácies - 1 (AF-1) representa um substrato glaciotectonizado, que posteriormente foi recoberto por sedimentos da Associação de Fácies - 2 (AF-2). Nesse substrato, foram descritos diamictitos foliados que apresentam diversas estruturas de deformação associadas a cisalhamento. Dentro destas feições, destacam-se dobras recumbentes e parasitas, clastos fraturados e boudins. Acima deste substrato se depositam conglomerados, arenitos e diamictitos pertencentes a AF-2. Os conglomerados variam de matriz a clasto-suportados e apresentam-se pouco organizados com geometrias lenticulares e abundantes estruturas de corte e preenchimento. Alguns destes conglomerados apresentam estratificações cruzadas acanaladas que migram no sentido oposto do fluxo (backsets). Os arenitos, por sua vez, apresentam abundantes estruturas de fluxos unidirecionais relacionadas a migração de antidunas, dunas e ripples. A análise destas estruturas indica que a migração das formas de leito ocorreu de acordo com variação de regime de fluxo, partindo do regime de fluxo superior para o inferior. De acordo com o trato de fácies observado, interpreta-se que o padrão de diminuição de energia e transição entre o regime de fluxo superior e inferior estão associados a wall-jets expelidos por túneis subglaciais e englaciais em um sistema do tipo grounding-line fan. Estas interpretações reforçam a existência e a significância de fluxos supercríticos em sistemas glaciais do Grupo Itararé, aumentando portanto os registros destas formas de leito dentro do contexto da glaciação do Neopaleozoico. Além disso, o reconhecimento destas feições amplifica o conhecimento acerca do papel destes fluxos em contextos de altas descargas de água de degelo.

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