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Juliana Araújo Costa. ( ). Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas
Gerais – Campus Rio Pomba. Rio Pomba, MG, Brasil.
E-mail: juliana.ar.costa.jc@gmail.com
Maria Catarina Paiva Repolês.( ).Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de
Minas Gerais – Campus Rio Pomba. Rio Pomba, MG, Brasil.
E-mail: catarina.repoles@ifsudestemg.edu.br
© Este trabalho integra a obra: E. C. Wenceslau (Org.). Práticas em ensino, conservação e turismo no
Brasil: volume 2. São José do Rio Preto, SP: Reconecta Soluções, 2023.
Capítulo 08
O HUMOR NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA DO ENSINO
MÉDIO POR MEIO DOS GÊNEROS DISCURSIVOS
Juliana Araújo Costa, Maria Catarina Paiva Repolês
Resumo
Esta pesquisa tem por objetivo analisar se o humor usadona prática pedagógica no ensino
institucionalizado de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) facilita os processos de
ensino e de aprendizagem. Para tanto, reflete sobre o uso dos gêneros discursivos em sala
de aula, no curso Técnico em Guia de Turismo, em disciplinas da base técnica. Através
do estudo de caso e da utilização de métodos qualitativos, apresenta a análise de dois
gêneros criados em atividades realizadas pelos alunos do Curso Técnico em Guia de
Turismo: o meme, e um formulário de avaliação de um roteiro turístico, com a utilização
do humor. A pesquisa confirma sua hipótese inicial de que a utilização do humor na
prática pedagógica corrobora para o processo de aprendizagem e retomada de conteúdo
principalmente nas disciplinas técnicas de cursos profissionalizantes.
Palavras-chaves: Humor. EPT. Gêneros Discursivos.
Reconecta Soluções Educacionais
https://www.reconectasolucoes.com.br
INTRODUÇÃO
O humor e o riso criam conexões positivas entre as pessoas, contribuindo para a
sociabilidade entre os indivíduos. Embora possamos rir sozinhos, o riso é naturalmente
associado à vida gregária: rimos de alguém ou rimos com alguém.
Com a globalização, o maior acesso às mídias digitais e suas variadas linguagens,
recebemos a possibilidade diária e massiva de ler, assistir e interagir com todos os
assuntos sociais, entre eles o humor. As mídias possibilitam, ainda, a criação do humor
pelos usuários, com ou sem autoria marcada, com um enorme número de visualizações.
Minha experiência de docente que utiliza o humor na didática, despertou-me a
percepção, mesmo que inicialmente de forma empírica, sobre o tema, instigando
questionamentos e motivando-me para a autoria como pesquisadora. Dessa forma, o
objeto de estudo desta pesquisa surgiu paulatinamente, sendo depois construído por meio
dos gêneros discursivos nas tarefas escolares.
Dentre as motivações para a realização deste estudo podemos destacar o interesse
pelo tema devido ao fato de ser eu, a autora, do Ceará, que é considerada a terra do humor.
Portanto, a pesquisa se justifica para uma maior contribuição sobre a abordagem do
humor assistido pelo ato educativo, validando esse processo de aprendizagem em outra
região do país e em cursos voltados para o ensino técnico que buscam foco na prática e
na possibilidade de inserção no mundo do trabalho.
No entanto, em um mundo de múltiplos desafios, a formação profissional deve vir
apoiada em premissas de uma educação para a cidadania, uma excelente oportunidade
para o estudante do Ensino Médio. Quando aliados ao uso do humor, o processo de
aprendizagem e de assimilação do conteúdo pode tornar-se mais fácil e, divertido,
podendo ocasionar um maior interesse por parte dos ouvintes.
Assim, formulamos a hipótese de que a utilização de recursos informais é
importante para o processo de aprendizagem nas escolas de Educação Profissional e
Tecnológica de Ensino Médio. Portanto, esta pesquisa terá como proposta responder ao
seguinte questionamento: de que forma a utilização do humor de maneira sistematizada
na educação formal favorece o processo de aprendizagem nas escolas de Educação
Profissional e Tecnológica de nível médio?
Com isso traçamos objetivos para guiar o estudo. Os objetivos são as ações
necessárias para responder aos questionamentos levantados. Assim temos como objetivo
geral analisar se o humor usado na prática pedagógica no ensino institucionalizado de
Educação Profissional e Tecnológica facilita os processos de ensino e de aprendizagem.
Nos objetivos específicos buscamos elencar as práticas pedagógicas escolhidas como
suporte para o uso do humor no ensino e aprendizagem; apresentar os gêneros discursivos
utilizados em tarefas relacionadas ao curso técnico em Guia de Turismo como suporte
para o uso do humor; e avaliar a utilização do humor nas tarefas solicitadas nos três anos
do ensino médio do curso técnico em Guia de Turismo, modalidade integrado.
Independentemente da área técnica, a interação entre as pessoas é de fundamental
importância em um ambiente de trabalho e de estudo. Acreditamos que saber interpretar
uma situação de humor, ou criá-la, direciona os indivíduos para uma convivência
saudável. Na seção seguinte, apresentamos alguns autores que nos ajudam a fundamentar
a escolha da temática da pesquisa.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Costa & Repolês
Humor e educação formal e não formal
O humor, seja como uma expressão da cultura (uma estética), seja como uma forma de
ser e de agir (uma ética), sempre esteve presente ao longo da evolução das sociedades
humanas. A natureza do humor varia de acordo com cada período histórico e essas
mudanças podem prover importantes insights sobre o desenvolvimento social e cultural
do passado. A propósito do humor, pode-se afirmar que ele representa um estado
de ânimo cuja intensidade revela o grau de disposição e de bem-
estar psicológico e emocional de um indivíduo.
Saliba (2002, p. 19) apresenta a seguinte definição:
O humor, que originalmente significava líquido em referência às substâncias
líquidas que circulavam pelo corpo, foi definido como um tipo de estímulo que
tende a desencadear aquele reflexo motor, produzido pela contração
coordenada de quinze músculos faciais – acompanhado pela alteração da
respiração e por certos ruídos irreprimíveis.
Esse conceito sobre o humor e o riso observa elementos a que chegaram vários
filósofos ocidentais: de Platão e Aristóteles a Hobbes
1
; de Georges Bataille
2
a Freud
3
buscou-se entender os diversos significados do humor, ratificando as teorias
anteriormente mencionadas de que normalmente se ri de alguém e do seu erro:
Caracterizando o humor como um ato de regressão, Freud também refletiu
extensamente sobre os efeitos tranquilizadores e ‘positivos’ das técnicas
humorísticas. Como muitos teóricos do riso, reconhecia que um comediante,
quando conta uma anedota, começa deliberadamente com a intenção de criar
nos ouvintes certa tensão, que aumenta até um desfecho do tipo ‘guilhotina
verbal’, que reverte drasticamente as expectativas da plateia. Relembrando que
o móvel do riso é ‘a repentina transformação de uma expectativa em nada’,
Freud descreveu o humor como uma ‘ruptura de determinismo’, acrescentando
que esta ruptura é acompanhada também por uma ruptura de previsão – só se
poderá chegar ao riso se esta for uma nova previsão tranquilizadora [...]
(SALIBA, 2002, p. 23, grifos do autor).
Dessa forma, podemos dizer que humor é uma atitude que se dá por meio da
comunicação (oral ou gestual), fazendo com que as pessoas a ela reajam de forma
expressiva, através de risos, gargalhadas e demais gestos representativos de um
determinado “estado da alma”.
O humor pode ser simultaneamente divertido e sério, pois é uma característica da
condição humana. Como expressão da cultura, ele nos oferece um instrumento poderoso
para compreensão dos modos de pensar e sentir. Bremmer (2000) define o humor como
uma mensagem com intenção de provocar um riso ou um sorriso. O humor pode até ser
entendido como meio de satisfazer a necessidade da alegria, uma característica intrínseca
do ser humano.
Em sua perspectiva sociológica, podemos afirmar que o humor requer a
cumplicidade do ouvinte, e gera uma simpatia, vinda da solidariedade diante das
dificuldades do grupo social, profissional e humano; é uma espécie de arma protetora
contra a angústia, com uma dimensão defensiva, tendo em vista que muitas vezes o sorriso
1
Matemático, teórico político, e filósofo inglês, autor de Leviatã (1651) e Do cidadão (1651).
2
Escritor francês que abordava temas como o erotismo, a transgressão e o sagrado em suas produções e
cuja obra se enquadra tanto no domínio da Literatura, como no campo da Antropologia, Filosofia,
Sociologia e História da Arte.
3
Neurologista austríaco e fundador da psicanálise.
faz com que as pessoas esqueçam seus problemas momentaneamente. Baseando-se nas
palavras de Keith Cameron, Minois (2003) explica o humor da seguinte forma:
O humor, escreve Keith Cameron, ‘foi sempre uma fonte de consolo e uma
defesa contra o desconhecido e o inexplicável. A própria existência do homem
pode ser considerada como uma brincadeira; sua significação está mal definida
e é difícil explicá-la fora da religião’. O humor moderno é menos descontraído
que o de séculos passados, porque incide não mais sobre este ou aquele aspecto
da vida, mas sobre a própria vida e seu sentido, ou sua ausência de sentido.
Quanto à ironia, aos olhos de muitos é indispensável, em nossos dias, nas
questões sociológicas (MINOIS, 2003, p. 569, grifo do autor).
Riso e humor são, portanto, expressões da cultura, atributos universais e
particulares, tendo em vista que todo ser humano pode rir e fazer rir (fenômenos que
sempre acompanharam a humanidade). Contudo, o modo como se ri e o motivo pelo qual
se ri estão condicionados pelo sistema cultural de cada grupo ou sociedade, determinante
do seu processo de formação. Por diversas vezes, riso e humor, além de uma função
social, possuem também uma visão e função mais crítica da sociedade.
Essas características e atributos do humor podem contribuir para a motivação,
atenção e, cremos, consequentemente para a aprendizagem na educação formal. Agregar
o humor à educação formal é, portanto, um fator a ser considerado na prática educativa,
que pode ser desafiadora diante do academicismo e tecnicismo de alguns conteúdos.
No Brasil, a educação formal é regulamentada pelo Ministério da Educação, pelas
Secretarias de Estado da Educação e Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais de
Educação, seguindo as regras da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
4
, bem
como os Parâmetros Curriculares Nacionais
5
, da Educação Infantil ao Ensino Superior.
A educação não formal se refere a processos educacionais preparados sem utilizar
a lógica do sistema regular de ensino. Ou seja, não tem como base as diretrizes do
Governo Federal, sendo estruturadas de maneira flexível, em caráter complementar à
educação formal. Com a educação não formal, “passou-se a valorizar os processos de
aprendizagem em grupos e a dar-se grande importância aos valores culturais que
articulam as ações dos indivíduos” (Gohn, 2001, p. 92).Essa aprendizagem se associa ao
capital cultural do indivíduo, segundo o conceito do sociólogo francês Pierre Bourdieu.
Para Pierre Bourdieu (1998), o capital não é representado apenas por riquezas
econômicas e acúmulo de bens, mas sim por todo e qualquer recurso que se manifesta em
uma atividade social.
De acordo com esse autor, há quatro tipos de capital: o econômico, o cultural, o
social e o simbólico.
O capital cultural encontra-se na educação através de conhecimentos apreendidos,
intelecto, estilos de fala, diplomas adquiridos, livros, etc., que são capazes de promover
mobilidade social numa sociedade estratificada.
Ainda, de acordo com Bourdieu, temos o conceito de violência simbólica, que é
uma expressão para explicar a dominação consentida, em que se aceitam as regras e
crenças com incapacidade crítica para tomá-las como algo arbitrário sendo impostas pelas
autoridades dominantes (SOCHA, s/d).
4
É a legislação que regulamenta o sistema educacional (público ou privado) do Brasil (da educação básica
ao ensino superior). A LDB 9394/96 reafirma o direito à educação, garantido pela Constituição Federal.
5
Diretrizes elaboradas para orientar os educadores por meio da normatização de alguns aspectos
fundamentais concernentes a cada disciplina.
Costa & Repolês
A violência simbólica é legitimadora da dominação, através do poder exercido em
determinados campos. O humor tem papel de destaque nessa veiculação de violência
simbólica.
Para Bourdieu, a escola é um espaço de reprodução de estruturas sociais, como
também da transferência de capitais a cada geração, estando relacionado ao desempenho
do aluno em sala de aula, bem como aos conhecimentos que são obtidos através das suas
famílias.
Isso é comum na prática de ensino que se vale da educação formal, que oferece o
conhecimento científico desenvolvido na escola, a qual possui a função de preparar o
educando para atuar efetivamente junto à sociedade. Enquanto isso, a educação informal
é exercida a partir das vivências, de modo espontâneo. Ou seja, uma é complementar à
outra. Então, por que não utilizar o humor para tornar uma aula mais divertida e facilitar
a aprendizagem?
Como docente percebo que o uso do senso de humor na educação pode trazer
diversos benefícios, desde o aspecto emocional ao modo de fixar a aprendizagem. O riso
pode ser utilizado como estratégia de mediação para a aprendizagem podendo facilitar a
boa comunicação entre professor e aluno, o que gera reciprocidade e um bom
relacionamento.
Alguns dos recursos que podem ser utilizados em sala de aula para facilitar o uso
do humor são: o uso de metáforas, analogias e histórias de eventos pessoais de forma leve
e divertida, ocorrências, observações, jogos, dinâmicas, a utilização da mesma linguagem
do seu público-alvo, seja infantil, adolescente ou adulto. Esses meios, amparados pelo
entendimento dos gêneros discursivos, amplia o alcance da aprendizagem para além de
dados e fatos acumulados na área sem a construção da descoberta.
A disciplina estudada pode ser vinculada a situações bem humoradas
estimulando, além da aprendizagem, a participação do aluno em sala de aula.
Atualmente, é comum os professores valerem-se de desenhos, caricaturas, charges
ou memes
6
que estejam relacionados com a matéria. Também há a alternativa de se
estudar atualidades com notícias do dia a dia, apresentando-as de forma criativa,
aproximando a teoria de exemplos reais. Portanto, de acordo com Gohn (2001, p. 109),
temos que: A Educação não deve ser apenas uma agência, uma socialização de
conhecimentos, mas deve contribuir para a formação de capacidades para atuar
e pensar de forma criativa, inovadora, com liberdade. A escola deve ser o
centro da vida social, e não um serviço administrativo, “odiada” por muitos de
seus alunos, que se sentem livres apenas quando estão fora dela.
Como exemplos reais, temos o estudo e a produção de gêneros discursivos pelos
estudantes. A produção de diferentes gêneros é um importante meio de assimilação do
conteúdo tanto para aqueles próprios de cada área técnica, como outros, de vivência dos
estudantes, podendo criar um ambiente descontraído e prazeroso.
Os gêneros discursivos permeiam nossas ações e organizam o nosso discurso. A
próxima seção apresenta o conceito e os gêneros emergentes, com foco em dois discutidos
no corpus da pesquisa, cujo recorte apresentamos aqui.
Gêneros discursivos
6
“É um termo grego que significa imitação. O termo é bastante conhecido e utilizado no "mundo da
internet", referindo-se ao fenômeno de "viralização" de uma informação, ou seja, qualquer vídeo, imagem,
frase, ideia, música e etc., que se espalhe entre vários usuários rapidamente, alcançando muita
popularidade.” Fonte: https://www.significados.com.br/meme/. Acesso em 06 de dezembro de 2022.
Os gêneros discursivos são presentes em todas as nossas comunicações, sejam elas
verbais ou não-verbais. São reconhecidos por possuírem características semelhantes em
relação à estrutura, ao tema, a esfera de circulação, dentre outros, bem como consideram
o contexto, o interlocutor e a função social, ou seja, eles ajudam na compreensão por
serem relativamente estáveis em suas características e funções sociocomunicativas.
Para os estudiosos dos gêneros, e aqui citamos Marcuschi (2008), é impossível
não nos comunicarmos por meio de um gênero. Para o autor “quando dominamos um
gênero textual, não dominamos uma forma linguística e sim uma forma de realizar
linguisticamente objetivos específicos em situações sociais particulares”(Ibidem, p.154).
Compete esclarecer que os especialistas conferem ao gênero a perspectiva
comunicativa, e o próprio Marcuschi, esclarece em nota de rodapé as diferentes
expressões que acompanham a palavra gênero:
Não vamos discutir aqui se é mais pertinente a expressão “gênero textual” ou
a expressão “gênero discursivo” ou “gênero do discurso”. Vamos adotar a
posição de que todas essas expressões podem ser usadas intercambiavelmente,
salvo naqueles momentos em que se pretende, de modo explícito e claro,
identificar algum fenômeno específico (MARCUSCHI, 2008, p. 154).
O autor opta, em sua obra aqui referenciada, pelo uso do termo gênero textual,
embora na redação deste texto seja, preferencialmente, gênero discursivo. Assim temos o
conceito: Gênero textual refere formas textuais “relativamente estabilizadas” (Bakhtin)
em situações comunicativas recorrentes. Os gêneros são os textos que
encontramos em nossa vida diária e que apresentam padrões
sociocomunicativos caracterizados pela composição funcional, objetivo
enunciativo e estilo realizados na integração de forças históricas, sociais e
institucionais. Os gêneros se expressam em designações diversas constituindo
em princípio listagens abertas, por exemplo: telefonema, sermão, carta pessoal,
romance, bilhete, reportagem, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia
jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras,
cardápio, resenha, piada, conversação, conferência etc. (MARCUSCHI, 2010,
p. 14).
Dado o seu conceito histórico-social, os gêneros discursivos acompanham as
mudanças sociais e os novos recursos tecnológicos, principalmente a mídia eletrônica
digital. Dessa forma passamos do telegrama ao e-mail, à mensagem pelo celular, assim
como, gêneros do jornal e revista impressos passaram a circular nos meios eletrônicos.
Esses chamados gêneros emergentes ou digitais tendem a uma certa informalidade e
contribuem para o uso e a maior percepção do humor nas produções.
Entre os muitos gêneros que podem ser trabalhados em aulas, vamos especificar
dois, que são: o meme e o formulário de avaliação.
O meme é uma palavra de origem grega que significa “imitação”, sendo também
muito conhecido e utilizado na Internet. O uso do termo abrange “ideias, brincadeiras,
jogos, piadas ou comportamentos que se espalham através de sua replicação de forma
viral” (FONTANELLA, 2009, p. 8).
De acordo com Horta,
Como vimos, a repetição no meme se articula com a recriação (paródia) de
modo que essa recriação de um objeto (que podem ser entendidas como leituras
desse objeto), que se repete excessivamente, conforma um meme da internet.
Nesse sentido, podemos dizer que a linguagem do meme da internet é uma
linguagem que opera nos limites (nesse caso, nos limites do que algo pode
Costa & Repolês
significar), experimentando o excesso pela repetição (quantidade) e pela
paródia (qualidade, modos de trabalhar nos limites do que já está
convencionado, estabelecido). Em outras palavras, nos memes, o ato de
ressignificar uma informação repetidas vezes, de maneira paródica e de modo
excessivo, cria uma tensão, uma situação de cúmulo, na qual o objeto ao ser
interpretado é levado a sair de sua normalidade (HORTA, 2015, p. 113).
Memes são compostos por imagens, vídeos, gifs ou áudios que circulam e se
destacam na Internet. Entre os usuários de redes sociais, principalmente o público mais
jovem, como os adolescentes, torna-se um fenômeno ainda mais intenso e compartilhado.
Este gênero compartilha, ideias, críticas ou piadas e sátiras e não necessariamente
acompanha um recurso textual.
Assim, o que se entende por “meme” no discurso da cultura da internet pode
ser definido brevemente como um fenômeno caracterizado pela rápida difusão
de ideias, brincadeiras, jogos, piadas, comportamentos e conceitos entre os
usuários da rede, i.e., a circulação viral de informações que se repetem de
determinada maneira (HORTA, 2015, p. 44-45).
A característica principal do meme é, portanto, a possibilidade de ser recriado,
preferencialmente em tom jocoso e sintético, por qualquer pessoa, e ser difundido nos
meios de comunicação. Eles são comumente acompanhados de imagens, caricaturas ou
fotos adaptadas, alcançando popularidade.
O meme é exemplificado na análise dos resultados, assim como o formulário,
cujas características sociocomunicativas apresentamos no próximo parágrafo.
Formulário é um gênero utilizado para coleta de dados, através de campos
preenchíveis, sendo de suma importância para sistematizar informações. Normalmente, é
utilizado para pesquisa com clientes de empresas com o intuito de otimizar o seu
funcionamento, sendo também indispensável para o planejamento, execução e controle
das atividades realizadas. “O formulário é um importante meio de comunicação,
transmissão e registro de informações, principalmente as baseadas em dados
quantitativos.” (Oliveira, 2010, p. 307).
De acordo com Cury (2009), o formulário segue etapas, como: o levantamento
das necessidades, onde será estudada a finalidade do formulário; a crítica do
levantamento, para descrever os passos do formulário; o planejamento da solução, que
diz respeito à elaboração do formulário; e a implantação e controle de resultados, etapa
na qual o formulário será utilizado.
O formulário é de grande importância na sistematização das informações e deve
ser específico para cada necessidade. Na área do turismo é amplamente utilizado para
avaliar todas as etapas de uma viagem, por exemplo.
Atividades como a leitura e produção de memes, podem ser usadas nas práticas
de sala de aula, como nos explica Carrano (2003, p. 20) na seguinte passagem:
As práticas sociais que ocorrem nas cidades incorporam-se ao conceito de
educação, uma vez que compreendem em suas dinâmicas culturais próprias de
realização, a formação de valores, a troca de saberes e, em última instância, a
própria subjetividade.
Assim temos, como outro exemplo comum, a utilização de trechos de filmes ou
músicas que estejam relacionados com o conteúdo e com a realidade dos alunos em
questão. Há professores que criam paródias com músicas de sucesso para auxiliar o
processo de aprendizagem. Cremos que esses recursos, cuja utilizaçãona sala de aula
possa criar um contexto de descontração e bom humor, podem auxiliar no processo de
fixação da aprendizagem.
METODOLOGIA
As pesquisas científicas são procedimentos de investigação que objetivam coletar
informações sobre o objeto pesquisado e a temática em estudo. A metodologia se faz
necessária para traçar o percurso da investigação e as escolhas a serem realizadas durante
a mesma. Por meio da metodologia são definidos os caminhos a serem tomados,
determinando-se as melhores estratégias para a realização da pesquisa.
Na definição da metodologia, a revisão bibliográfica tem importância
preponderante. De acordo com Marconi e Lakatos (2001), ela diz respeito ao
levantamento da bibliografia que já foi publicada, podendo ser livros, revistas,
publicações avulsas e imprensa escrita, formando a base teórica da pesquisa. Portanto, a
revisão bibliográfica neste estudo foi sistematizada por meio da consulta a livros,
trabalhos acadêmicos e sites capazes de fundamentar a pesquisa sobre o humor e os
gêneros discursivos de forma a permitir a produção de um corpus a ser analisado.
Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, é um estudo de caso que, segundo Yin
(2001, p. 3), “representa(m) a estratégia preferida [...] quando o foco se encontra em
fenômenos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real.” Quanto aos
objetivos do estudo, a pesquisa é exploratória, pois visa à familiaridade com o problema
de forma a torná-lo mais explícito, ou à construção de hipóteses, aprimoramento de ideias,
ou descoberta de intuições (GIL, 2008).
Inicialmente é importante resgatar na justificativa do estudo o fato de ser o uso do
humor inerente ao cotidiano desta professora-pesquisadora, devido ao desenvolvimento
cultural do estado natal sendo, por isso, naturalmente incorporado às práticas educativas
com as turmas. Assim, foi feita a seleção dos gêneros discursivos que atendessem à
peculiaridade da idade e uso das redes sociais dos estudantes e à propensão do uso do
humor incorporada aos trabalhos.
Foram selecionadas produções de duas turmas do Curso Técnico em Guia de
Turismo, do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais. Primeiramente foi feita a
apresentação dos gêneros, suas características e funções sociocomunicativas. Depois, os
estudantes realizaram atividades em que deveriam comentar por meio dos gêneros
selecionados, o conteúdo estudado e uma viagem técnica.
No trabalho, foram analisados dois gêneros criados em atividades realizadas pelos
alunos do Curso Técnico em Guia de Turismo: o meme e um formulário de avaliação de
um roteiro turístico, valendo-se do uso do humor.
As atividades foram aplicadas durante o mês de dezembro de 2022 e, cada uma
delas possui relação com a disciplina lecionada em cada turma, sendo estas: Planejamento
e Organização de Roteiros Turísticos (2º ano) e Viagem Laboratório (3º ano).
Pela análise do discurso produzido nos gêneros discursivos aplicados, buscou-se
compreender a relação do humor ao conteúdo estudado, atentando para o objetivo deste
estudo em usá-lo na prática pedagógica no ensino institucionalizado como forma de
facilitar os processos de ensino e de aprendizagem.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A utilização dos gêneros discursivos na sala de aula, não se restringe apenas à disciplina
de português, por isso a importância da interdisciplinaridade, produzindo atividades como
as que são relatadas neste estudo. A escolha do gênero a ser estudado deve acontecer com
Costa & Repolês
base nas características e funções do tipo selecionado, bem como com a elaboração de
um bom plano de aula.
Para BAKHTIN, 2003:
Quanto melhor dominamos os gêneros tanto mais livremente os empregamos,
tanto mais plena e nitidamente descobrimos neles a nossa individualidade
(onde isso é possível e necessário), refletimos de modo mais flexível e sutil a
situação singular da comunicação; em suma, realizamos de modo mais acabado
o nosso livre projeto de discurso (BAKHTIN, 2003, p. 285).
Ou seja, nós docentes precisamos, primeiramente, entender e dominar bem os
gêneros do discurso, conhecendo-os e nos familiarizando com suas funções, para melhor
utilizá-los pedagogicamente. Nesta seção apresentamos um recorte da pesquisa com
algumas atividades para análise da utilização do humor no ambiente pedagógico formal.
Na turma do segundo ano do Ensino Médio, do Curso Técnico em Guia de
Turismo, foi estudada a disciplina de Planejamento e Organização de Roteiros Turísticos.
O objetivo da disciplina é preparar o aluno para o planejamento, organização e execução
de roteiros turísticos, seja em uma esfera regional, seja na prática do guiamento na
realização de viagens.
Dentre as aprendizagens, temos a criação de um formulário de avaliação de um
roteiro turístico, também conhecido como follow up. Este, é realizado ao final do roteiro
para saber a opinião do cliente sobre os serviços prestados e sobre a viagem realizada,
sendo fundamental para que as agências possam ter um feedback em relação aos seus
serviços. O follow up busca desvendar possíveis falhas, para que não se repitam, e o
cliente tenha a plena satisfação, indicando os serviços da agência e viajando novamente
com a mesma, conforme mencionamos na explicação dos gêneros discursivos.
Alvarez (1991) considera o formulário como um instrumento voltado ao
recebimento de informações constantes e variáveis, tendo como objetivo possibilitar
leitura, interpretação, armazenamento e uso por qualquer agente de uma organização.
O formulário também se enquadra em um gênero discursivo da esfera turística e,
dessa forma, os discentes usaram a criatividade para redigi-los de forma original,
utilizando uma linguagem cômica, informal, com gírias e expressões locais de Minas
Gerais. Apresentamos três produções de follow up, que foram selecionadas devido à
criatividade no uso linguístico, fugindo ao padrão formal usado pelas empresas, mas
mantendo a funcionalidade e o humor.
Formulários de Avaliação de um Roteiro Turístico
Avaliação de roteiro
Follow up 01
1. O que você achou do roteiro?
( ) Foi tão incrível que fui nas alturas.
( )Vish, achei meio "2 bis" heim.
Por quê?____________________________________________________________
2. O Guia passou as informações com clareza?
( ) Demais! Pensei até que eu estava no século xx.
( ) Não, acho que faltou um mergulho no açude do museu para refrescar a memória.
Por quê?____________________________________________________________
3. O que achou do meio de hospedagem?
( ) Estava bom demais , dormi bem e sonhei com aviões .
( )Não gostei , quarto pouco mecanizado.
Por quê?____________________________________________________________
4. Como foi o guiamento?
( ) Muito bom , quero bis!
( ) Péssimo, me senti despencando das alturas.
Por quê?____________________________________________________________
5. O que achou do meio de transporte?
( ) Adorei, muito incrível o dirigível.
( ) Achei meio igual aos primeiros inventos de Santos Dumont, não saiu como o
esperado.
Porquê? ____________________________________________________________
6. O que achou da cidade?
( ) Linda demais, voei com as histórias.
( ) Básico, faltou asas para mostrar as grandezas que Dumont conquistou. Foi em queda
livre a decepção!
Por quê?_____________________________________________________________
7. Deixe aqui suas sugestões e críticas para que esse roteiro se torne cada vez melhor e
inesquecível:
Follow up 02
1. Como foi sua experiência?
( ) Nu, foi bão demais, sô ( ) Pergunta pra minha muié.
( ) No começo tava ruim, no final parecia que tava no começo.
2. O quê você achou da estadia?
( )Bão demais ( ) Parecia na minha roça sô.
( )Lugar sujismundo, num paguei por isso aqui não.
3.Em comparação com nossos concorrentes,como é a qualidade dos nossos
serviços?
( ) Os miózin que tá tendo.
( )Os senhores me desculpem, mas quem vende viagem do outro lado tá mió viu.
( )Tá tudo no mesmo barco, pelo menos num afunda.
4. Qual o seu nívelde satisfação com o Guia de Turismo?
( ) O moço ali, que guiou nóis, gente fina, né não?
( )Moço cara fechada, tô aqui só pelas vista mesmo.
( )Achei mei troncho, mas tá bão.
5. Qual a probabilidade de você recomendar nossa empresa a outras pessoas?
( ) Se eu me lembrar eu falo docês.
( )Ô minha sinhora, vou ficar quietinho sobre ocês
( )Toda, uai, barato do jeito que pobre gosta.
Follow up 03
Costa & Repolês
1. Qual lugar ocê voltaria mais vezes?
2. Cê encheu o bucho até ficar satisfeito?
3. Uai oceis tem medo de voar de avião não?
4. Quanto cê dá pra esse roteiro?
5. Cê conseguiu entender tudo tintin por tintin?
Não obstante o caráter pedagógico e descontraído da atividade, o roteiro
apresentado na linguagem informal e típica de cada região é uma ideia a ser pensada para
as empresas do ramo turístico, caso ainda não o utilizem, assim como nas aulas de
disciplinas técnicas, nas quais o uso formal da linguagem é usual.
Na turma do terceiro ano, a disciplina estudada foi a de Viagem Laboratório.
Segundo o Plano de Curso elaborado para a disciplina, os objetivos são: sistematizar
ações no âmbito pedagógico que possibilitem facilitar a formação em nível técnico,
visando à inserção de jovens e adultos no mercado de trabalho, voltados para o turismo;
assegurar a integração entre a formação geral e a específica na área de turismo; organizar
práticas pedagógicas que possibilitem ao aluno desenvolver conhecimentos técnico-
científicos nas áreas naturais e sociais; fornecer aprendizagem que facilite a comunicação
em língua materna e em língua estrangeira; desenvolver processo formativo, destacando
a importância da conservação e preservação de recursos naturais e da conservação e
valorização do patrimônio histórico, artístico, cultural e industrial; capacitar o aluno para
elaboração e operacionalização de roteiros turísticos, utilizando os recursos naturais e
culturais disponíveis; fornecer acesso à tecnologia informatizada, ferramenta útil e
indispensável ao aprendizado e à pesquisa; capacitar o profissional para atuar na
condução de pessoas e grupos em viagens no Brasil e na América do Sul; propiciar
conhecimentos teóricos e práticos para o desenvolvimento da capacidade de análise
crítica, de orientação e execução de trabalho de guia de turismo, de forma a contribuir
para a qualificação dos serviços prestados ao turista; formar profissionais para receber,
orientar e dar assistência às pessoas em hotéis, agências de viagens e turismo, trens
turísticos, aeroportos, ônibus de turismo, restaurantes e eventos; capacitar o profissional
a fim de que ele saiba mediar diferenças culturais entre visitantes e comunidade local.
Com relação à metodologia dessa disciplina, os alunos possuem uma viagem
técnica a ser realizada como pré-requisito para a formação no curso Técnico em Guia de
Turismo, colocando em prática todos os conceitos de sala de aula. Para esta turma, foi
solicitado a criação de meme sobre a viagem realizada.
Todos os memes elaborados pelos discentes, além de satirizar algo sobre a viagem,
retratam parte do conteúdo visto em sala de aula, em diferentes temáticas.
No primeiro exemplo, podemos notar uma crítica ao atraso em viagens e visitas
técnicas, pois, o atraso de alguém prejudica todo o restante da programação da viagem,
levando em consideração que tudo foi previamente agendado.
Figura 04 – Meme 01
Fonte: dados da pesquisa, 2022.
Os autores usaram o humor para criticar o atraso através de uma imagem da
internet, tanto o atraso quanto o vestuário em desacordo com um passeio turístico são
criticados. A produção do meme abordando o assunto mostra que a discussão em aula foi
bem assimilada e dada a devida importância pelos futuros técnicos em guia de turismo.
Horta (2015) cita Alberti (2002) em seu estudo sobre o riso e o risível na história
do pensamento, mostrando que o termo “risível” corresponde àquilo de que se ri (a
brincadeira, a piada, o jogo, a sátira etc.) e, na maioria dos casos, essa noção equivale ao
que recebe o nome de cômico. Assim é que a situação desagradável se torna cômica no
conjunto das linguagens usadas nos memes.
O próximo dado utiliza um meme já existente para fazer uma crítica ao roteiro
selecionado. A viagem técnica tão esperada por eles continha, dentre as suas
programações, um roteiro cemiterial em Belo Horizonte. O humor criado pelo meme se
expressa na linguagem escrita, que denota euforia e desapontamento ilustrados pela
imagem de um meme já viralizado nas redes de internet.
Figura 05 – Meme 02
Fonte: dados da pesquisa, 2022.
O meme destaca a importância de uma agência ou de um guia de turismo
selecionarem com eficácia o roteiro turístico, estarem bem preparados para orientar e
Costa & Repolês
transmitir as informações que valorizem a escolha do local visitado mesmo sendo
inusitado. O meme abre a oportunidade para que seja discutido em classe a conservação
e valorização do patrimônio histórico e cultural dos lugares, o que pode ser percebido
mesmo em uma visita ao cemitério daquela comunidade.
O último meme, também já conhecido, foi recriado em relação à chuva que os
alunos enfrentaram durante a realização da viagem, dificultando alguns trechos.
Figura 06 – Meme 03
Fonte: dados da pesquisa, 2022.
O meme aborda o sentimento de desconforto que pode ocorrer por distintos
motivos, às vezes inesperados, durante um passeio. Obstáculos e dificuldades são itens
importantes a serem trabalhados no curso Técnico em Guia de Turismo, seja na
prevenção, atuação, adequação, suportes ou busca por direitos. Os profissionais devem
ser capacitados para atuar na condução de pessoas e grupos durante viagens, sabendo
contornar impedimentos, contratempos e diferenças culturais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa científica busca conhecimento sobre a realidade, contribuindo para a
compreensão do tema investigado. Este estudo, por meio da revisão de literatura
relacionada ao humor e aos gêneros discursivos, teve o intuito de analisar se o humor
usado na prática pedagógica no ensino institucionalizado de Educação Profissional e
Tecnológica facilita os processos de ensino e de aprendizagem. Outras questões poderão
surgir a partir dessa pesquisa. Investigar o tema em disciplinas técnicas foi uma atitude
desafiadora, mas gratificante.
A produção de gêneros discursivos voltados para a utilização do humor sugere ser
uma boa escolha na prática pedagógica de ensino e de aprendizagem. As disciplinas
técnicas do curso em Guia de Turismo tendem a ser mais objetivas e pautadas por regras
a serem compreendidas e aplicadas.
Quanto aos objetivos do trabalho, podemos identificar que o humor pode ser
utilizado na prática pedagógica, principalmente pela interdisciplinaridade com a língua
portuguesa, através do uso dos gêneros discursivos. Neste texto foram apresentados dois:
formulário de avaliação e meme.
Relacionar as atividades do curso técnico em Guia de Turismo com o humor
permitiu a assimilação do conteúdo e a participação dos estudantes de forma mais
entusiasmada. As respostas às tarefas que poderiam ser mais enfadonhas foram mediadas
pela produção de atividades bem humoradas, cujas discussões retomaram ao conteúdo
estudado.
Elaboração e operacionalização de roteiros turísticos foram assuntos apresentados
durante as aulas e os memes e roteiros produzidos pelos estudantes indicaram, de forma
bem humorada, algumas das temáticas estudadas com o rigor técnico que o curso exige.
Dentre os objetivos do curso de Guia de Turismo, nós temos o de fornecer
aprendizagem que facilite a comunicação em língua materna e em língua estrangeira; e
fornecer acesso à tecnologia informatizada, ferramenta útil e indispensável ao
aprendizado e à pesquisa. Comunicação e tecnologia foram recursos utilizados para a
análise dos resultados deste estudo e, portanto, contribuem para o desenvolvimento da
capacidade de análise crítica, de orientação e execução de trabalho de guia de turismo,
para a qualificação dos serviços prestados ao turista.
Este estudo constitui uma contribuição inicial para futuras pesquisas relacionadas
ao tema. Esperamos que seja lançada uma semente para uma melhor compreensão da
utilização do humor em sala de aula, como recurso de ensino e aprendizagem, para que
seja cada vez mais utilizado por docentes em cursos distintos.
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