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Estudos sobre usuários e não-usuários de informação: uma proposta alternativa

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Abstract

Os estudos de não-usuários são frequentemente negligenciados pela área de informação. Investigações dessa natureza enfrentam desafios para obter diagnósticos. Diante disso, defende-se a realização de estudos que compreendam tanto usuários quanto não-usuários de informação, abordando diferentes enfoques e concepções a esse respeito. Objetiva-se ampliar miradas epistemológicas, éticas e políticas no campo de estudos de usuários de informação. Para tanto, foi realizada revisão de liter atura sobre enfoques e concepções de usuários e de não-usuários de informação. Os referenciais teóricos abordaram contribuições e limitações dos conceitos em questão. O termo "não-usuário de informação" pode ser empregado para abordar sujeitos ignorados ou fora do interesse da área de informação. Políticas públicas em informação, educação e cultura têm buscado converter esses não-usuários em público, promovendo a cultura "socialmente" valorizada. No entanto, instituições de mediação também podem reconhecer a cultura dos não-usuários e valorizar suas situações de necessidades informacionais em contexto. Considerar os estudos de usuários e não-usuários aporta benefícios para o campo e para a sociedade, ao trabalhar com uma concepção inclusiva e abrangente. Ainda assim, mesmo esses estudos podem não incluir outros processos, como a leitura e a apropriação da informação em determinados contextos, ou mesmo desconsiderar comportamentos e práticas informacionais na vida cotidiana, ou seja, não relacionados a sistemas de informação institucionalizados. É importante refletir sobre as escolhas epistemológicas e teórico-metodológicas para a realização de estudos dessa natureza. Tais decisões refletem, política e eticamente, a visão de mundo dos docentes, dos pesquisadores e dos profissionais de informação e podem dar voz e protagonismo para uns e silenciar e invisibilizar outros. Keywords: usuário de informação; não-usuário de informação; público; não-público; estudos de usuários de informação. 1 Introdução Os estudos envolvendo não-usuários frequentemente são negligenciados ou omitidos devido à maior demanda de trabalho, de tempo e/ou de recursos necessários (Brunskill & Hanneke, 2021), posto que eles têm o desafio de abordar uma parcela significativa da população (Schlichter & Pemberton, 1992; Borteye, Atiso, & Knust, 2018), algo que dificulta a obtenção de diagnósticos (Brunskill & Hanneke, 2021). A presente investigação defende a possibilidade de estudos que abranjam a relação entre sujeito e informação, considerando tanto usuários quanto não-usuários de informação. São analisados diferentes enfoques e concepções sobre esses sujeitos e suas contribuições e implicações para a pesquisa e atuação profissional em informação. Assim, se objetiva ampliar as miradas epistemológicas, éticas e políticas no campo de estudos de usuários de informação. O campo de estudos de usuários de informação-relacionado aos estudos de busca de informação-está consolidado em áreas como biblioteconomia e ciência da informação, documentação (doravante denominadas "área de informação"). Nele se investiga, dentre outros aspectos, as necessidades e os processos de busca, de uso e de apropriação de informação. Não obstante, outras expressões, orientadas por distintos prismas teóricos, em certas ocasiões, têm sido empregadas como representativas do campo ou como direcionamentos de ação neste, como é o caso dos estudos de comportamento informacional ou das práticas informacionais.
Open Information Science 2023; 7: 20220153
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Review Article
Rodrigo Rabello*
Estudos sobre usuários e não-usuários de informação: uma
proposta alternativa
https://doi.org/10.1515/opis-2022-0153
received June 12, 2023; accepted July 22, 2023
Abstract: Os estudos de não-usuários são frequentemente negligenciados pela área de informação. Investigações dessa natureza
enfrentam desafios para obter diagnósticos. Diante disso, defende-se a realização de estudos que compreendam tanto usuários
quanto não-usuários de informação, abordando diferentes enfoques e concepções a esse respeito. Objetiva-se ampliar miradas
epistemológicas, éticas e políticas no campo de estudos de usuários de informação. Para tanto, foi realizada revisão de literatura
sobre enfoques e concepções de usuários e de não-usuários de informação. Os referenciais teóricos abordaram contribuições e
limitações dos conceitos em questão. O termo “não-usuário de informação” pode ser empregado para abordar sujeitos ignorados
ou fora do interesse da área de informação. Políticas públicas em informação, educação e cultura têm buscado converter esses
não-usuários em público, promovendo a cultura “socialmente” valorizada. No entanto, instituições de mediação também podem
reconhecer a cultura dos não-usuários e valorizar suas situações de necessidades informacionais em contexto. Considerar os
estudos de usuários e não-usuários aporta benefícios para o campo e para a sociedade, ao trabalhar com uma concepção inclusiva
e abrangente. Ainda assim, mesmo esses estudos podem não incluir outros processos, como a leitura e a apropriação da
informação em determinados contextos, ou mesmo desconsiderar comportamentos e práticas informacionais na vida cotidiana,
ou seja, não relacionados a sistemas de informação institucionalizados. É importante refletir sobre as escolhas epistemológicas e
teórico-metodológicas para a realização de estudos dessa natureza. Tais decisões refletem, política e eticamente, a visão de
mundo dos docentes, dos pesquisadores e dos profissionais de informação e podem dar voz e protagonismo para uns e silenciar e
invisibilizar outros.
Keywords: usuário de informação; não-usuário de informação; público; não-público; estudos de usuários de informação.
1 Introdução
Os estudos envolvendo não-usuários frequentemente são negligenciados ou omitidos devido à maior demanda de trabalho, de
tempo e/ou de recursos necessários (Brunskill & Hanneke, 2021), posto que eles têm o desafio de abordar uma parcela
significativa da população (Schlichter & Pemberton, 1992; Borteye, Atiso, & Knust, 2018), algo que dificulta a obtenção de
diagnósticos (Brunskill & Hanneke, 2021).
A presente investigação defende a possibilidade de estudos que abranjam a relação entre sujeito e informação,
considerando tanto usuários quanto não-usuários de informação. São analisados diferentes enfoques e concepções sobre esses
sujeitos e suas contribuições e implicações para a pesquisa e atuação profissional em informação. Assim, se objetiva ampliar as
miradas epistemológicas, éticas e políticas no campo de estudos de usuários de informação.
O campo de estudos de usuários de informação relacionado aos estudos de busca de informação está consolidado em
áreas como biblioteconomia e ciência da informação, documentação (doravante denominadas “área de informação”). Nele se
investiga, dentre outros aspectos, as necessidades e os processos de busca, de uso e de apropriação de informação. Não obstante,
outras expressões, orientadas por distintos prismas teóricos, em certas ocasiões, têm sido empregadas como representativas do
campo ou como direcionamentos de ação neste, como é o caso dos estudos de comportamento informacional ou das práticas
informacionais.
* Corresponding author: Rodrigo Rabello, Faculty of Information Science , University of Brasilia, Darcy Ribeiro University Campus,
Brasilia, Brazil, e-mail: rdgrabello@unb.br, rdgrabello@gmail.com
Open Access. © 2023 the author(s), publi shed by De Gruyter.
International License.
This work is licen sed und er the Creative Co mm on s Attribution 4.0
Artigo originalmen te publicado em inglês na revista Open Informa tion Science, dispo nível em:
https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/opis-2022-0153/html
Referenciar co mo:
Rabello, R. Studies on I nformation Users and No n-Users: An Alternative Proposa l. Open In formation Science, v . 7, n.1, p. 2 0220153,
2023. doi: https ://doi.org/10.1515/op is-2022-0153
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Os modelos de informação têm sido férteis ao demonstrarem o desenvolvimento teórico e prático do campo. Nestes, há
de se observar que as investigações e as ações no âmbito profissional são orientadas pelo construto usuário de informação. Por
sua vez, o conceito tem uma trajetória amplamente abordada na literatura da área de informação, direcionado para caracterizar
certos sujeitos em sua relação com determinados meios e contextos informacionais.
Diante dessa trajetória pretensamente universalizante, é necessário reconhecer que o conceito de usuário de
informação, assim como qualquer outro conceito com aspirações científicas, possui fundamentos epistemológicos que
apresentam implicações éticas e políticas. É importante, portanto, refletir não apenas sobre as contribuições desse conceito, mas
também sobre suas limitações epistêmicas, sobremaneira quando se apresenta sob o signo de uma presunção de totalidade dos
sujeitos de uma comunidade.
Com efeito, propõe-se a adoção do conceito não-usuário de informação como um contraponto ou complemento ao
campo de estudos, com potencial para ampliar a compreensão sobre a relação sujeito e informação. Nessa perspectiva, a
expressão não-usuário se refere aos sujeitos que, de diferentes maneiras, são ignorados ou estão fora do alcance de interesse do
campo. Ao introduzir esse conceito, busca-se contribuir para promover uma reflexão mais ampla, que envolva, dentre outros
aspectos, meios para a promoção de protagonismos.
Há, portanto, a busca de uma alternativa para ações marcadamente discriminatórias e excludentes. Tais ações externas
são conferidas quando se evoca, por exemplo, dificuldades ou impossibilidades para busca, utilização e/ou apropriação de
informação. Tais obstáculos podem ser direcionados aos sujeitos na forma de inadequação institucional ou quando algum
preconceito relativo à sua condição física ou mental, gênero, origem, classe, raça, orientação sexual, idade, religião, dentre outros.
Ao final, é defendida e problematizada a possibilidade de estudos que compreendem tanto usuários quanto não-usuários
de informação. Com essa abordagem integrada, o argumento de ser possível acolher, receptivamente, os sujeitos, seus
comportamentos e suas práticas. Ademais, existe o entendimento de que com a realização de “estudos de usuários e de não-
usuários de informação” há a possibilidade de se conduzir o ensino, a pesquisa e a atuação profissional a partir de investigações
que efetivamente contemplem a relação informação e comunidade.
2 Metodologia
Foi realizada revisão de literatura sobre os enfoques e concepções de usuários e não -usuários de informação e foram
abordados referenciais teóricos sobre as contribuições e limitações dos conceitos em questão.
A revisão de literatura sobre os enfoques e concepções de usuário de informação (seção 3) contou com 16
publicações da Annual Review of Information Science and Technology (ARIST) que abordaram temas como necessidade,
busca, uso, comportamento e prática informacional. A análise foi realizada com o apoio dos estudos de Rabello (2013) e de
González-Teruel (2017).
A revisão dos enfoques e concepções de não-usuário de informação, incluindo o conceito de não-público (Jeanson,
1973; Flusser, 1980; Amado, 2017) (seção 5), baseou-se nas publicações selecionadas por Rocha e Rabello (2022). Foi
realizada busca reversa a partir das referências de Silvestr e Estela (2019), chegando a 36 publicações. Outros 39
documentos foram recuperados mediante buscas em publicações de 2017 a 2022, utilizando os termos "non -user" e
“nonuser” em fontes como SciVerse Scopus (3), Web of Science - WoS (3), Library, Information Science & Technology
Abstracts - LISTA (10), Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação - BRAPCI (4),
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações - BDTD (4) e Google Scholar (18). Depois de reanálise dos 76
documentos, o corpus foi delimitado com 44 publicações. Para tanto, foram suprimidos documentos repetidos ou
considerados pouco relevantes em relação à fundamentação conceitual dos termos em questão.
As reflexões sobre as contribuições e limitações do conceito de usuário de informação (seção 4) foram embasadas
em um referencial que contemplou as seguintes premissas: a. Pressupostos relacionados ao sistema de informação
institucionalizado (Almeida Junior, & Rabello, 2022; Belkin, 1978; Brookes, 1980; Frohmann, 2007; Shannon & Weaver,
1975); e b. Pressupostos relacionados à sociedade ( Almeida Junior, 2015; Bourdieu, 1989; Freire, 1979; Rabello & Almeida
Junior, 2020; Köptcke, 2003, 2005; Rabello, 2022; Stengers, 2005; Tomás, 2010).
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Por seu turno, as reflexões sobre as contribuições e limitações do conceito de não -usuário de informação (seção 6)
foram fundamentadas em estudos que consideram determinadas precondições dos sujeitos e possibilidades de
(re)adequação destes a novas condições (Silva & Bernardino, 2015; Rabello & Almeida Junior, 2020). Nessa seção, também
foram discutidas a relação entre a pesquisa teórica e a atuação profissional, considerando estudos que recepcionam os
sujeitos e suas práticas (Rabello, 2021).
3 Enfoques e concepções de usuário de informação
As investigações sobre a trajetória do estudo dos usuários de informação encontram na ARIST uma fonte preciosa de
pesquisa. A ARIST, criada em 1965 pela American Documentation Institute atual Association for Information Science and
Technology e pela National Science Foundation, foi descontinuada em 2011, mas continua sendo uma fonte retrospectiva
para a área de informação. Durante seu período de publicação, a ARIST publicou ao menos 16 revisões de literatura que
abordaram, especificamente, assuntos como necessidade, busca, uso, comportamento e prática de informação.
Os títulos refletem as perspectivas teóricas predominantes em cada época da publicação. Em 1966 e 1967, as
revisões foram direcionadas para a necessidade e uso de informação em comunidades científicas. Entre 1966 e 1990, as
revisões se concentraram em aspectos gerais de ciência e tecnologia nos sistemas de informação e seus usuários. Em 2001,
2006, e 2009, as revisões incluíram o termo "comportamento informacional" em seus títulos, enquanto a palavra "contexto"
foi adicionada, complementarmente, apenas em 2007. A expressão “práticas informacionais” pode ser observada apenas no
último título da série, na revisão de 2010.
Nessas publicações, a possibilidade de analisar os enfoques e as concepções de usuário a partir da
predominância de paradigmas informacionais (Capurro, 2007), também expressos em termos de modelos (Rabello, 2013)
ou de enfoques teóricos (González-Teruel, 2017).
O modelo físico (ou objetivo) baseia-se na ideia de que o sistema de informação é o meio pelo qual as mensagens
são transmitidas e intermediadas, e os usuários são passivos em relação a ele. Já o modelo cognitivo (ou subjetivo) valoriza o
usuário como um indivíduo que atribui sentido à informação, com a ação cognitiva ocorrendo de forma isolada, mas
dependendo da sua relação com o sistema. O modelo social (ou pragmático) vai além da noção de sistema e de uso de
informação, ocorrendo em um contexto de interação e de mediação em rede, em comportamentos e práticas por meio dos
quais a informação é apropriada.
González-Teruel (2017) investigou o campo de estudos de usuários de informação e observou “maior rigor” e uma
“profunda reflexão” no enfoque construtivista-cognitivo, centrado no indivíduo e, de modo relativo, no seu entorno como
condicionante para a busca de informação. Contudo, esse enfoque, segundo a autora, não tem sido capaz de abordar as
implicações práticas dos resultados de pesquisa sobre o tema. A autora observou que novos enfoques enfatizam a
importância do social, mas a dimensão social no campo tem carecido de bases para um diálogo mais produtivo com os
usuários.
O mencionado diagnóstico foi obtido por González-Teruel (2017) a partir do cotejo do “enfoque construtivista-
cognitivo” com as contribuições de autores que abordaram “busca de informação no âmbit o da vida cotidiana (Taylor,
1991; Savolainen, 1995; McKenzie, 2003; Talja, Keso, & Pietilainen, 1999, dentre outros), ou que compuseram aquilo que ela
denominou de “enfoque teórico alternativo” (Olsson, 2005, 2012, 2009; McKenzie, 2003; Julien, 1999a,b; Tuominen, 1997;
Davenport, 2010; Carey, McKechnie, & McKenzie, 2002).
A ideia de ênfase seja no funcionamento do sistema, seja na dimensão construtivista-cognitiva, seja na dimensão
social pressupõe o convívio de modelos, ainda que um modelo possa preponderar, no espaço e no tempo, ante outro(s)
(Rabello, 2013). O mencionado estudo auxilia a compreender a configuração dos enfoques e das concepções de usuários de
informação registrados nas revisões da ARIST desde a segunda metade da década de 1960 até a primeira década do ano
2000.
Nas revisões de 1966 a 1990 (Menzel, 1966; Herner & Herner, 1967; Allen, 1969; Lin & Garvey, 1972; Paisley, 1968;
Lipetz, 1970; Crane, 1971; Martyn, 1974; Crawford, 1978; Hewins, 1990), há um enfoque na relação entre o profissional e o
usuário do sistema de informação, especialmente no cenário da ciência e tecnologia. A concepção predominante do usuário é
aderente ao modelo físico da informação. Os estudos de uso e de usuários são realizados com o objetivo de melhorar o
sistema e os produtos e serviços a ele relacionados.
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Durante o período mencionado acima, a revisão de Crawford (1978) se diferenciou do modelo predominante. Nela
se observa a concepção de usuário alinhada com o modelo cognitivo de informação. Essa distinção de modelo foi observada
com maior clareza nas revisões de Dervin e Nilan (1986) e Hewins (1990), produzidas na sequência. Entre essas revisões, a
de Dervin e Nilan se diferenciou por abordar estudos que incluíam a relação entre enfoques profissionais ou da vida
cotidiana.
Essa relação de enfoques passou a ser mais bem visualizada a partir da primeira década dos anos 2000, em cujas
revisões passaram a ter uma ênfase no modelo social da informação. As revisões daquela década destacam duas questões
importantes: a adoção do termo “comportamento informacional” para nomear uma perspectiva, o próprio campo de estudo
e a consideração do contexto social como um elemento orientador.
As revisões de literatura realizadas neste período apresentam um destaque particular ao abordar questões que vão
além da relação dos sujeitos com o sistema de informação. Os estudos passam a considerar a interação dos usuários em
contextos de redes sociais e da web. Até então, apenas a revisão de Herner e Herner (1967) havia foca do nas redes sociais,
na ocasião em que abordaram o comportamento de pesquisadores em ciência e tecnologia no contexto de colégios
invisíveis”.
Autores como Pettigrew, Fidel e Bruce (2001) concordam com a mudança de enfoque presente no título da revisão
da ARIST. Essa mudança se tornou uma constante nas publicações posteriores de 2006, 2007 e 2009. Eles também
endossam estudos que propõem uma alteração no nome do campo devido à aceitação do termo comportamento
informacional” pela comunidade acadêmica. Além disso, ressaltam a importância de abordagens multifacetadas que
considerem o contexto sociocultural e sociolinguístico, com o objetivo de estabelecer diálogos com as ciências sociais.
Case (2006) oferece uma ampla definição do comportamento informacional, que envolve a interação dos indivíduos
com fontes de informação relevantes, incluindo fluxo, transferência e compartilhamento de informações, além de
legitimação e justificação de valores informacionais nas relações interpessoais, em abordagens construtivistas e
construcionistas. Na revisão o exercício de categorizar os usuários de informação com base em sua ocupação, função e
aspectos demográficos e sociais.
Courtright (2007) expande o conceito de usuário em pesquisas que exploram a interação e interv enção
compartilhada dos indivíduos no processo de busca de informações. Também concorda com a visão de Cool (2001) de que o
contexto é uma estrutura nos processos comunicativos. O termo contexto pode ser sinônimo de outras palavras como
situação, ambiente, mundo da informação, mundo da vida, campo da informação e cenário, e é fundamental para considerar
as práticas informacionais na vida cotidiana.
Fischer e Julien (2009) examinam pesquisas sobre práticas informacionais na vida cotidiana, incluindo estudos
sobre juventude e gênero, e destacam o papel crucial do contexto como variável nas investigações sobre disseminação da
informação em sistemas. A revisão aponta para a crescente importância do contexto e das situações na academia para o
estudo da motivação e do processo de busca de informação em tópicos relevantes, como mudanças tecnológicas, saúde,
comunicação interpessoal e redes sociais.
A revisão de Caidi, Allard e Quirke (2010) é distinta de outras revisões da ARIST por focar no termo “práticas” e em
um grupo específico, os imigrantes. As revisões da ARIST desde 1990 já incluíam estudos sobre necessidade, busca e uso de
informação, e a partir de 2001, passaram a considerar comportamentos e práticas informacionais. O aumento do destaque
dos estudos sobre práticas informacionais é evidenciado na revisão de Courtright (2007) e continuou até o final da primeira
década de 2000.
Conforme sugerem as revisões da ARIST da primeira década de 2000, uma controvérsia em torno da
denominação do campo ou em relação ao direcionamento dos estudos, com alcance em perspectivas de áreas de pesquisa
e/ou de atuação profissional. Wilson (1999; 2000) defende comportamento informacional em contexto, enquanto
Savolainen (2008) defende práticas informacionais no cotidiano.
González-Teruel entende que uma abordagem nominalista, que busca sobrepor diferentes etiquetas conceituais,
pode limitar a reflexão sobre implicações efetivas no campo. Isso porque posicionamentos dessa natureza tendem a não se
diferenciarem substancialmente em “[...] pressupostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos e, muito menos, em sua
clareza quanto à exposição das implicações práticas de seus resultados.” (González-Teruel, 2017, p. 186).
Ainda assim, o entendimento de que as perspectivas não o ontológica e epistemologicamente neutras e os
pesquisadores por vezes estão presos às suas próprias formações discursivas. Mediante tais argumentos, foi possível
observar que comportamento informacional e práticas informacionais atuam como conceitos guarda-chuva”, com
pesquisas que orbitam cada uma das perspectivas, embora com formulações discursivas diversificadas (Savolainen, 2007).
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Os estudos de comportamento informacional têm se consolidado e recebido ampla aceitação. Parte das
problematizações direcionadas a essa perspectiva decorre de sua associação com o comportamentalismo na psicologia
(González-Teruel, 2017). Existe, na defesa do estudo das práticas, o entendimento de que, com essa perspectiva, seria
possível estudá-las considerando aspectos sociais e culturais (Savolainen, 2007). O debate entre Wilson e Savolainen oferece
mais informações sobre a controvérsia (The behaviour..., 2009). O número especial “Comportamiento Humano Informativo”
da revista Informatio apresenta um panorama dos estudos sobre uso, comportamento e prática informacional em várias
regiões (Informatio, 2023).
Através das revisões da ARIST, percebe-se que o modelo social da informação avançou na compreensão de usuário.
Inicialmente, o foco em ciência e tecnologia negligenciou a busca e o uso de informação por outros profissionais e sujeitos na
vida cotidiana.
A ideia de contexto, em estudos sobre comportamento informacional, pode se beneficiar do seguinte conceito: “O
contexto do comportamento informacional de um ator consiste em elementos como ambiente, tarefa, relação ator-fonte,
tempo, etc. que são relevantes para o comportamento durante o curso da interação e variam com base na magnitude,
dinamismo, padrões e combinações, e que aparecem de maneira diferente para o ator do que para outros , os quais fazem
uma diferenciação de grupo interno/grupo externo desses elementos, dependendo de suas identidades individuais e
compartilhadas.” (Agarwal, 2018, p. 128).
Com a ampliação da noção de contexto, é possível explorar comportamentos e práticas para além da dimensão
cognitiva do usuário em sua relação com o sistema. Esse desenvolvimento pode ser exemplificado pelos estudos que
analisam a interação e a intervenção dos sujeitos em redes sociais e na web, e em outros meios da vida cotidiana.
de se observar o fato de não haver destaque, nas revisões da ARIST, para estudos teórico s sobre usuário e
classes sociais, apesar de as publicações terem reportado investigações voltadas para a ampliação do escopo do contexto e
da relação dos sujeitos com a informação. É possível observar, todavia, que a revisão de Case (2006) registrou estudos sobre
a invisibilidade de grupos sociais, focados em usuários de informação vulneráveis, como pessoas pobres, mulheres sem -teto,
imigrantes, idosos, dentre outros.
4 Contribuições e limitações do conceito usuário de informação
O usuário de informação nomeia o campo de estudos. O sujeito pressuposto, numa dimensão tradicional, é aquele que, em
última instância, utiliza a informação mediada por um profissional, atuando em alguma instituição. Nesse cenário, os sujeitos
podem ser estudados considerando ao menos dois pressupostos, em relação ao/à: 1. Sistema de informação
institucionalizado; e 2. Sociedade.
Os pressupostos em relação ao sistema de informação institucionalizado requer retomar características abordadas
na seção 3, bem como considerar aspectos da dinâmica da transmissão de mensagens (Shannon & Weaver, 1975), das
concepções de informação na perspectiva cognitiva (Belkin, 1978; Brooks, 1980), das problematizações do modelo
“mentalista”, que preceitua a manifestação da informação no indivíduo como algo imaterial, abstrato e uniforme (Frohmann,
2007), da problematização da ausência de autonomia do usuário ao necessitar se adequar à estrutura do sistema de
recuperação de informação (Almeida Junior & Rabello, 2022).
Esses pressupostos estão relacionados à existência dos usuários reais ou efetivos e dos usuários potenciais. Ambos
têm como característica possuir alguma necessidade de informação. O usuário real é aquele que utiliza efetivamente o
sistema e os seus produtos e serviços de informação. O usuário potencial é aquele com potencialidades para tal utilização,
mas precisa ser alcançado ou provocado pelo profissional para que a informação possa ser mediada e utilizada.
A necessidade de informação do usuário mobiliza o ensino na área de informação, bem como a realização de
pesquisa e/ou a atuação profissional no campo. O modelo físico, fundam entado em autores como Shannon e Weaver (1975),
dentre outros, e o modelo cognitivo da informação, embasado em autores como Belkin (1978), Brooks (1980), dentre
outros, têm como característica a pressuposição da interação com o sistema na relação sujeito e informação, mas sem
considerar as variáveis do contexto social. Depois de situados tais modelos no âmbito da produção acadêmica sobre uso e
usuário de informação (seção 3), faz-se oportuno conceituá-los, considerando as características identificadas.
O modelo físico enfatiza a relação usuário e informação, tendo como característica uma interação passiva do
usuário, na condição de receptor, junto ao sistema de recuperação de informação. Numa perspectiva positivista
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e funcionalista, o usuário de informação é peça uma fundamental do sistema, pois é ele que tem a função de receber a
mensagem transmitida de forma idealmente eficiente e eficaz, com o mínimo de ruído. As pesquisas e as ações realizadas
nesse modelo entendem que a dimensão semântica da informação é mantida desde a sua produção até a sua entrada no
sistema, assim como durante o processamento e a saída da mensagem para o receptor.
O modelo cognitivo destaca a interação do usuário no desenvolvimento e no aperfeiçoamento do sistema de
informação. Em um enfoque construtivista-cognitivo, o usuário é estudado na condição de um indivíduo cuja cognição pode
ser compreendida e mapeada. O processo de preencher lacunas informacionais para atender às necessidades do usuário
envolve o estudo de processos mentais. Busca-se aproveitar as possíveis apropriações semânticas da informação e as
atribuições de sentido de maneira a antecipar e a controlar a interação entre sujeito e informação, de modo a prover
informação personalizada por meio do sistema.
Nesse cenário tradicional, o campo de estudos de usuários considera a atuação de mediação do profissional de
informação em uma instituição formal, também denominada de unidade de informação. Esse pressuposto direciona as
características que constituem o sistema de informação, direcionam a atuação do profissional de informação, bem como
interferem no comportamento e nas práticas do usuário de informação, sujeito este que idealmente irá interagir com o
sistema institucionalizado.
Nessa direção, a antecipação, o controle e o atendimento da necessidade do usuário de informação são
pressupostos a serem considerados nos estudos de usuários. Há a intenção de atender a necessidade por meio dos produtos
e serviços planejados e orientados por políticas pretensamente preditivas. Nesse contexto, os estudos de usuários, em tese,
cumprem o papel de levantamento de diagnóstico para tal predição.
O usuário deve se adequar à estrutura do sistema de informação. As ações de estudo e de educação dos usuários
cumprem essa função. Elas prospectam, definem e ensinam aqueles capazes de utilizar instrumentos que intermediam
fontes e recursos previamente selecionados, tratados e organizados, enfim, disponíveis para busca, acesso e recuperação da
informação para suprir a lacuna da necessidade do usuário.
de se observar que o modelo físico tem como limitação desconsiderar, efetivamente, o usuário de informação,
concebido como parte do próprio sistema de recuperação, na condição de receptor de mensagens. Já o modelo cognitivo tem
como limitação passar a considerar o usuário de informação como um indivíduo isolado, socialmente descontextualizado. A
informação a ser controlada, no caso, está presente na mente do indivíduo como algo imaterial, abstrato e uniforme
(Frohmann, 2007).
Um destes pressupostos tocantes aos modelos físico e cognitivo está relacionado às suas limitações epistêmicas
as quais não preveem protagonismos dos sujeitos em sociedade. Em ambos os modelos, o sistema de informação pressupõe,
em última instância, o registro do conteúdo comunicado e apreendido para fins de antecipação, controle e atendimento da
necessidade do usuário. Este sujeito necessita se adaptar à estrutura do sistema ou aos seus produtos e serviços e, por
conseguinte, precisa de adequar aos comandos do profissional de informação (Almeida Junior & Rabello, 2022).
Essas limitações encontram no modelo social uma alternativa. Tal enquadramento recepciona para além dos
usuários de informação sujeitos pertencentes às classes desprivilegiadas. Estes possuem a capacidade de re sistir a
discursos opressores por meio do acesso à informação. Tais sujeitos se conectam e constroem laços identitários em relações
sociais complexas, moldadas por estruturas socioinformativas e inovadoras (Rendón -Rojas & García Cervantes, 2012).
A mediação da informação, no âmbito do modelo social da informação, contribui para se refletir sobre o
mencionado protagonismo. Nesse processo, os sujeitos, o uso, a leitura e a apropriação da informação podem ser estudados
em unidades de informação formalmente institucionalizadas (Almeida Junior, 2015), ou, complementarmente, em entidades
de informação não institucionalizadas formalmente (Rendón Rojas & García Cervantes, 2012), como é possível observar no
caso das redes sociais, das plataformas digitais, das associações populares, bibliotecas e museus comunitários, das coleções
particulares, no contexto doméstico, dentre outros exemplos.
O pressuposto em relação à sociedade requer considerar aspectos da invisibilidade social (Tomás, 2010); da
desigualdade social (Bourdieu, 1989); da ação da classe dominante (Freire,1979); da satisfação parcial e momentânea da
necessidade de informação do usuário, bem como da provocação de conflitos nos sujeitos para gerar novas necessidades
(Almeida Junior, 2015); das dimensões de desigualdade e de invisibilidade dos sujeitos em classes sociais (Rabello &
Almeida Junior, 2020); das dificuldades de avaliação e de consideração do uso realizado pelo público no
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contexto institucional (Köptcke, 2003; 2005), da proposição cosmopolítica (Stengers, 2005) como subsídio para a
mediação da informação “em presença(Rabello, 2022).
O modelo social tende a conceber usuário de informação como um sujeito que busca, utiliza e se apropria da
informação em contexto, seja no cenário da vida profissional, seja no da vida cotidiana. Nesse modelo, o sistema, em
unidades de informação formalmente institucionalizadas, deixa de ser central ou essencial, pois se passa a considerar,
complementarmente, a interação e a intervenção dos sujeitos em outros espaços e entidades informacionais.
A amplitude de escopo de usuário proporcionada pelo modelo social de informação permite pensar as implicações
éticas e políticas que o conceito, epistemologicamente, engendra na área de informação. Quando situado em termos de
invisibilidade e de desigualdade social, o construto usuário de informação pode ser analisado, por exemplo, à luz de
privilégios de classe.
A invisibilidade social está ligada à exclusão social e é amplamente estudada nas ciências sociais, com destaque para
os temas relacionados a grupos marginalizados, como prostitutas, usuários de drogas, prisioneiros, pessoas com deficiência,
imigrantes, refugiados, trabalhadores domésticos, dentre outros. Esses indivíduos e suas perspectivas históricas o
frequentemente ignorados ou desconhecidos. Como consequência, os invisibilizados enfrentam a impossibilidade de
participar da vida pública. A invisibilidade pode ser uma “fonte de tristeza”, para grupos vulneráveis, ou um “modo de
subversão”, como é o caso dos ativistas hackers (Tomás, 2010).
A desigualdade social pode ser estudada a partir de conceitos correspondentes ao habitus bourdieusiano, construto
onde operam questões sobre poder simbólico e acerca de disposições para o comportamento e para a percepção de mundo.
Essa perspectiva engendra relações multidimensionais dos campos sociais, observadas com a articulação de tipos de capital.
Estes se caracterizam por poderem ser acumulados e por se converterem, em última instância, em poder simbólico. Dentre
os tipos de capital, interessam, para esta reflexão, os capitais econômico e cultural, cujo acúmulo auxilia a compreender
situações de desigualdade social (Bourdieu, 1989).
O capital econômico é mensurado em termos materiais e os detentores tentam “[...] impor a sua estrutura aos
outros campos” (Bourdieu, 1989, p. 135). O capital cultural nem sempre é visível, pois por vezes advém de “transmissões
domésticas” somadas ao “[...] investimento de tempo, para além, mas em relação, com o ganho e o investimento monetári o.”
(Bourdieu, 1989, p. 73), podendo se apresentar em três formas: “[...] no estado incorporado, ou seja, sob a forma de
disposições duráveis do organismo; no estado objetivado, sob a forma de bens culturais [...]; e, enfim, no estado
institucionalizado, [sob a forma de diplomas escolares].” (Bourdieu, 1989, p.74).
Em uma análise que abrange os campos da educação e da cultura, o filósofo Paulo Freire argumenta que toda
prática educativa pressupõe uma determinada concepção sobre a natureza humana e o mundo. Dependendo da visão de
mundo presente na relação entre educador e educando, a ação do educador pode ser considerada "ingênua" ou "crítica"
(Freire, 1979).
Freire expõe a concepção dos educadores quando eles estão alinhados aos interesses ou à visão de mund o da classe
dominante. Nesse caso, a ação política é pautada pela ideologia da neutralidade técnica. A prática educativa, de natureza
tecnicista, é descontextualizada da realidade sociocultural. As tensões, os conflitos e as implicações políticas e sociais são
reduzidos a meras questões linguísticas. Como resultado, os educandos se tornam reprodutores "ingênuos" de palavras ou
meros receptáculos de conteúdo para serem "alimentados".
Essa forma de educação opera com a promessa de que a classe dominada retornará a uma estrutura considerada
"saudável" da qual foi afastada. Nessa perspectiva, a classe dominada é vista como composta por seres "marginais" em
relação a algo. Os educadores atuam como "conselheiros humanitários" e "presenteadores" de novas realidades , detendo a
chave para o retorno dos marginalizados ao centro. Essa abordagem concebe o futuro como uma repetição do presente ou
como um destino pré-determinado, oferecendo pouquíssimo espaço para a esperança de libertação (Freire, 1979).
Tanto na perspectiva de internalização de uma cultura "socialmente" aceita (Bourdieu, 1989), como na visão de
mera "armazenagem" ingênua de conteúdos (Freire, 1979), uma suposição de que o sujeito deve se adequar a uma
realidade imposta a ele. Uma classe social se impõe sobre outra ao estabelecer um padrão de comportamento esperado.
Nesse contexto, práticas podem ser aceitas, toleradas ou rejeitadas, dependendo do grau de submissão de tais ações (Freire,
1979). Essa analogia pode ser ampliada ao pensar no usuário de informação como alguém submisso, assim como o
educando.
O conceito de usuário de informação desempenha um papel importante ao orientar as atitudes em relação ao
comportamento e à percepção de mundo. Como um constructo teórico que pode abordar questões de invisibilidade
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e desigualdade social, a noção de usuário de informação influencia a pesquisa, o ensino e a prática profissional na área de
informação, com a pretensão de representar os indivíduos de uma ou mais comunidades a serem atendidas. Isso porque o
perfil ideal de usuário de informação tende a ser considerado um imperativo teórico que sintetiza os atributos materiais e
simbólicos das classes média e alta. A perspectiva tradicional de mediação da informação e de estudos de usuários trabalha
com a expectativa de transformar o usuário potencial em usuário real, pois aquele contém atributos algum capital
econômico e/ou cultural, por exemplo para tal mudança de categoria (Rabello & Almeida Junior, 2020).
Tais atributos prévios, em termos de capital cultural, podem se manifestar como alfabetização, no próprio idioma
e/ou em outros, hábito ou familiarização com a leitura, apreciação de alguma linguagem ou manifestação estética
“socialmente” aceita. Ademais, o sujeito pode deter competências educacionais, científicas, técnicas, tecnológicas. Tal perfil
tende a, ainda que implicitamente, fundamentar e orientar as bases para o desenvolvimento de políticas de ações e serviços
em unidades de informação.
O diagnóstico para a tomada de decisão em unidades de informação planejamento e execução de políticas de
mediação da informação e da cultura é realizado através, por exemplo, do trabalho avaliativo com base em estudos de uso
e de público. Os estudos de avaliação de experiência em visitas em museus têm apontado para a dificuldade para a obtenção
de diagnósticos, sobretudo em virtude da assimetria no processo. A separação entre sujeito (avaliador observador) e objeto
(público observado) impede ou dificulta práticas avaliativas dialógicas (Köptcke, 2003).
Admite-se, ademais, o público formado por grupos heterogêneos, desde que passíveis de serem disciplinados.
Decorre dessa idealização usos desejados ou tolerados. Ela permite pensar na metáfora de usuários de informação
visitantes de museus como “civilizados”, “bárbaros” ou “cativos” (Köptcke, 2005). A ideia de público real ou ideal permite
qualificá-lo como composto por grupos bons e dignos, separando daqueles indesejados. Com efeito, a violência simbólica
decorre, dentre outros aspectos, da prescrição de comportamentos “exemplares”. Há nessa conduta uma hierarquia prevista
de usos e sujeitos possíveis (Köptcke, 2005).
Conforme é possível observar, para compreender e contribuir com a reflexão sobre o conceito de usuário de
informação se faz necessário considerar seus fundamentos epistemológicos e as implicações éticas e políticas envolvidas.
Não basta reconhecer as contribuições desse conceito. É igualmente importante refletir sobre suas limitações epistêmicas.
Ao se apresentar como um meio para presumir uma certa universalidade dos sujeitos de uma comunidade, o risco de,
mesmo com as melhores intenções, ignorar uns e considerar outros como protagonistas.
A difícil tarefa de se considerar as implicações daqueles envolvidos no processo de mediação (Rabello, 2022) tem
potencial para contribuir com a reflexão sobre os sujeitos de interesse do campo de estudos de usuários. Com base na
proposição cosmopolíticade Stengers (2005) que tematiza as implicações e as responsabilidades no fazer científico , há
a possibilidade de se pensar, como uma alternativa, uma atuação em presença”. A alteridade, no caso, passa ser uma
variável para o respeito dos sujeitos de uma comunidade, considerando suas singularidades.
A preocupação envolve a postura segundo a qual o pesquisador na condição de um expert capaz de chegar a
conclusões de autoridade do tipo e portanto...” deve desacelerar ante as ações “eficientes”. Isso implica em hesitar, em
suspender a ão técnica e científica ou se sentir desconfortável diante de tais comandos de autoridade. Isso porque as
consequências do ato em curso, mesmo com a melhor das intenções, podem resultar no acometimento de vilanias. Estar “em
presença” às consequências resulta em se ter ideia de que os efeitos dos atos podem ser perniciosos.
O pensamento de Stengers convida à desaceleração, ensinamento que pode ser emprestado e estendido ao campo
de estudos de usuários. Nele se pode ressaltar a importância de se evitar, ainda que realizadas com boas intenções, ações
inconsequentes ou que perpetuem e/ou aprofundem vilanias, algo que pode ser traduzido em termos de invisibilidade e
desigualdade social. Nessa direção, o emprego do conceito usuário de informação, como uma categoria abarcadora, pode se
tornar a causa de ações dessa natureza. Isso porque, quando se prescinde de uma reflexão atenta, corre-se o risco de se
desconsiderar as implicações éticas e políticas engendradas pela perspectiva epistemológica que fundamenta o conceito.
Não obstante, o conceito “usuário de informação” mantém sua relevância para o campo. Ele continua a ser
representativo de sujeitos que compõem públicos privilegiados, tais como aqueles de instituições de ensino superior ou
especializadas, ou de outras instituições. A abertura para se estudar o uso da informação em contexto e no âmbito da vida
cotidiana a partir das perspectivas de comportamento e de prática informacional também reforça a relevância do
conceito.
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Ainda assim, há de se observar a existência de sujeitos que, de diferentes maneiras, são ignorados ou estão fora do
alcance de interesse do campo de estudos de usuários. Se membros da comunidade não forem considerados ou atendidos, a
área de informação terá de rever suas limitações e ser capaz de se autoavaliar. A desaceleração proposta tem como eixo
argumentativo a necessidade de se ampliar o olhar para além daqueles sujeitos que são ou deveriam ser de interesse. Nesse
sentido, o conceito de “não-usuário” ganha relevância para a área de informação e introduz novos desafios e reflexões.
5 Enfoques e concepções de não-usuário de informação
A área de informação quando considera preponderantemente unidades e sistemas de informação formalmente
institucionalizados parte do pressuposto de que o atendimento da comunidade, para cada unidade, deve ser orientado pela
missão institucional e por seus objetivos. Com tal fundamento, o público é delimitado pelos estudos de usuários, definindo
os sujeitos que passarão a ser de interesse das ações de mediação da informação. Esse público é , portanto, formado de
usuários de informação reais e potenciais os quais, em última instância, deverão se adequar ao funcionamento do sistema.
Há de se destacar que os sujeitos podem ser enquadrados em uma zona intermediária ou complementar ao conceito
de usuário real ou efetivo, como é o caso do conceito de “ usuários à margem”, que corresponde aos sujeitos que utilizam o
sistema e os serviços de informação de modo marginal ou precário (Sridhar, 1994; Blaylock & Arriol, 2021). Outras
concepções os denominam de “usuários infrequentes” (Katz, 1974 apud Figueiredo, 1983). Há, ainda, os denominados
usuários passivos”, que utilizam o espaço, por exemplo, da biblioteca, para encontros sociais (Koerber, 2016; Agustín -
Lacruz & Saurin-Parra, 2020).
A impossibilidade de os sujeitos se adaptarem ou se adequarem ao sistema informacional implica em desafios
epistemológicos e ontológicos fundamentais para a concepção de público de uma determinada unidade de informação.
Aqueles que, por algum motivo, formam o segmento com impossibilidade de utilização de equipamentos culturais e de
sistemas de informação recebem o nome de “não-público” (Jeanson, 1973; Flusser, 1980; Amado, 2017) composto de “não-
usuários” (Rabello, 2021).
As ideias de público e de não-público ao acesso à arte, por exemplo, remontam a transição da arte medieva, quando
esta possuía uma função pedagógico-religiosa, para a arte renascentista, vista como um bem individual e econômico. Tal
transformação levou ao isolamento do não-público em relação aos objetos culturais, restringindo o acesso e a possibilidade
de expressão (Flusser, 1980).
O conceito de não-público foi introduzido pela primeira vez, com uma pretensão sistemática, por Francis Jeanson
durante os acontecimentos de Maio de 1968, na França. Essa concepção surgiu como parte do debate sobre política cultural
em equipamentos e instituições de cultura e foi utilizada como peça argumentativa na claration de Villeurbanne (Amado,
2017).
A mencionada argumentação permitiu estabelecer uma distinção entre o público "cultivado" e o não-público. O
público era dividido em público “atual” e blico “potencial”. Este se tornaria “atual” caso houvesse “esforços
suplementares”, como facilidade de acesso e melhoria na publicidade. O não-público, por sua vez, seria formado por aqueles
"não-cultivados", os quais, apesar de iniciativas de animação cultural, continuavam excluídos da fruição e da criação cultural
(Jeanson, 1973).
A perspectiva de Jeanson se orienta segundo o entendimento de que o não-público corresponde a uma “[...]
imensidão humana composta por todos aqueles que ainda não têm acesso ou nenhuma chance iminente de acessar o
fenômeno cultural nas formas que ele continua a assumir em quase todos os casos .” (Jeanson, 1973, p. 119-120).
O não-público foi dividido por Jeanson (1973) em três categorias. A primeira seria caracterizada pela falta de
instrução básica em quantidade e qualidade, resultando em exclusão econômica e política. A instrução é valorizada pela elite
“cultivada”. A segunda categoria seria influenciada pela sociedade de consumo, levando a escolhas culturais banais e
facilmente comercializadas. A terceira e última categoria seria composta por jovens com formação intelectual para se
tornarem líderes, mas que se recusam a assumir essa posição para confrontar o que denunciam.
A concepção de não-público que prevê a condição dos sujeitos que os impede de se adaptar aos equipamentos
culturais e aos sistemas de informação suscita reflexão sobre as dificuldades teóricas do campo dos estudos de usuários.
Estas implicam na realização de investigação sobre como modificar as condições e a abordagem da
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instituição e dos seus profissionais de modo a atender os sujeitos que poderão estar, por exemplo, em situação de
invisibilidade e de desigualdade social.
O conceito usuário de informação, como imperativo teórico, leva à necessidade de o campo desacelerar, no sentido
de não cometer (ou continuar cometendo) possíveis vilanias, mesmo que essas não sejam realizadas deliberadamente. O
conceito de não-usuário abre espaço para abordar esse desafio. Diante disso, surge a seguinte indagação: como tornar o não-
público em público, em outras palavras, como tornar os não-usuários em usuários de informação reais ou potenciais?
Buscando alternativas para responder a pergunta, se fez necessário levantar estudos com enfoque na temática do
não-usuário. Nessa direção, houve o interesse de conhecer como a literatura tem abordado o assunto, colocando no
horizonte o pressuposto da impossibilidade de adaptação e de adequação dos sujeitos ao sistema de informação. Tendo em
vista interpretações recorrentes identificadas na literatura, são apresentadas, a seguir, enfoques e concepções de o-
usuário de informação.
Os estudos observados tendem a definir não-usuários como aqueles que não utilizam o produto e servido de uma
determinada unidade de informação (Cannon, 1990; McCarthy, 1994; Sridhar, 1994; Suaiden, 1995; Fernandes, 2012;
Harris, 2013; McConnell, 2017; Silvestre Estela & Cunha, 2017; Bangar & Panage, 2018; Jaikumar, Raja, & Sar avanan, 2018;
Fujiwara, Lawton, & Mourato, 2019; Bannwart & Minich, 2020; Blaylock & Arriol, 2021; Ujo, 2021; Shin, Jeon, & Lee, 2022),
também denominados de nunca-usuários (Fernández-Ardèvol, 2018), algo que dificulta diferenciar não-usuários de
usuários potenciais (Brunskill & Hanneke, 2021).
Especificamente, alguns pesquisadores definem não-usuários como indivíduos que não fazem uso de bibliotecas, de
sistemas ou de produtos ou serviços de informação devido ao desconhecimento ou à percepção de que o am biente e os
recursos oferecidos não são relevantes, adequados ou acessíveis (Nasir, 1966; Figueiredo, 1978; Madden, 1979; Bryant,
1980; Baillargeon & Dufort, 1982; Kremer, 1984; Figueiredo, 1994; Gómez-Hernández, 1996; Ramlogan & Tedd, 2006;
Toner, 2008; Cassidy, Martinez, & Shen, 2012; Silva & Sampaio, 2012; Borteye, Atiso, & Knust, 2018; Wood et al., 2020;
Williment, 2020; Lizazi-Mbanga & Mapulanga, 2021).
Há, ainda, aqueles que os compreendem como pessoas que possuem alternativas para satisfazer suas necessidades
de informação ou que preferem adquirir seus próprios materiais de leitura (Katz, 1974 apud Figueiredo, 1983; McCarthy,
1994; McNicol, 2004; Toner, 2008).
Outros estudiosos constatam, sugerem ou defendem a ideia de que um esforço maior na divulgação dos produtos e
serviços de informação pode ser suficiente para converter não-usuários ou usuários potenciais em usuários efetivos
(Baillargeon & Dufort, 1982; Suaiden, 1995; Toner, 2008; Borteye, Atiso, & Knust, 2018; Olorunfemi & Ipadeola, 2018). Es ses
sujeitos “[...] que mais precisam da biblioteca e todos os esforços estimulantes, persuasivos e de marketing das bibliotecas
devem ser concentrados para os não-usuários absolutos.” (Nasir, 1966, p. 13).
Nessa direção, estudos consideram não-usuários também nomeados de “ex-usuários(Fernández-Ardèvol, 2018)
ou não-usuários de fato(Consonni, 2010) na condição de sujeitos que, por exemplo, passam um período sem utilizar o
ambiente institucional ou os seus produtos e serviços de informação (Hernon & Pastine, 1977; Arias Coello; Simón Martín,
2008; Silvestre Estela, 2019). Com efeito, há aqueles que concebem não-usuários e usuários em potencial como expressões
sinonímicas (Fernandes & Cendón, 2021).
Os não-usuários absolutos, caracterizados por serem desprovidos de informação, podem ser diferenciados de
usuários em potencial, mesmo numa outra terminologia. Aqueles foram denominados de não-usuários involuntários”,
sendo estes últimos nomeados de não-usuários involuntários ou intencionais(Slater, 1984; Sridhar, 1994). Esses não-
usuários vivem em uma sociedade rica em informação e ainda assim sofrem voluntariamente de desnutrição de informação .”
(Sridhar, 1994, p. 4).
Ainda assim, há de se observar a existência de “[...] um fio muito tênue entre não-usuários e usuários em potencial”
(Silva & Sampaio, 2013, p. 135), pois a mudança de categoria dependeria de algum estímulo ou incentivo. Portanto, autores
têm trabalhado com a hipótese de se transformar o não -usuário em usuário real (Walmiki, Ramakrishnegowda, & Prithviraj,
2010), ainda que, por vezes, o não-usuário seja concebido como usuário em potencial (Cannon, 1990; McCarthy, 1994;
Sridhar, 1994).
Para além de não utilizar um espaço institucional ou o produto ou serviço ofertado, para se conceituar o não-
usuário se trabalha com a perspectiva de haver alguma impossibilidade, mesmo que momentânea, de adaptação e de
adequação dos sujeitos ao sistema de informação. Em muitas ocasiões, o sujeito não decide ser não -usuário, uma vez que
não utilizar a informação não está relacionado apenas a uma escolha, mas pode representar uma condição alheia à sua
intenção.
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6 Contribuições e limitações do conceito não-usuário de informação
6.1 Não-público, classes sociais e (in)adequações institucionais
O conceito de não-público contribui para a compreensão de que o não-usuário não é apenas um indivíduo que escolhe não
utilizar determinado produto ou serviço em/de alguma instituição ou sistema de informação. Ele também pode representar
uma condição que afeta um coletivo. Surge, então, o entendimento de que essa condição pode ser superada ou minimizada
por meio de ações que promovam formas de pensamento e de ação que transcendam as limitações impostas por abordagens
teórico-práticas restritivas em relação à concepção de sujeitos.
A ideia de não-público, composto de não-usuários, permite pensar pré-condições dos sujeitos e de possibilidades de
(re)adequação destes a novas condições. Nessa direção, ao menos dois recortes podem ser mobilizados: 1. Composição de
classes sociais e relação entre desigualdade e invisibilidade social (Jeanson, 1973; Freire, 1979; Souza, 2011; Rabello &
Almeida Junior, 2020); 2. Inadequações das instituições (Silva & Bernardino, 2015) e preconceitos (Rabello, 2021).
O conceito de não-público destaca a impossibilidade de parte da população desfrutar dos bens culturais. É
necessário mais do que o desejo individual ou ajustes nas instituições para permitir o acesso e apropriação das
manifestações artísticas ou culturais. O não-público é resultado das ações limitadoras das instituições de informação e
cultura. Superar essa condição requer mudanças que garantam voz e participação ativa do não-público no cenário cultural
(Jeanson, 1973).
Mudanças, dessa ordem, suscitam, por exemplo, numa perspectiva freiriana, a mobilização e emprego de palavras
geradoras e reconhecíveis a certo grupo. Sob esse prisma, a técnica não é neutra. Ela seria empregada para a transformação
social mediante uma “ação cultural para a liberdade” (Freire, 1979). O objetivo é transcender a aborda gem mecanicista da
palavra alienada, buscando, em vez disso, uma compreensão que permita nomear o mundo e instar a ação crítica.
Nesse sentido, a ação humana como práxis é aquela que cria e transforma o mundo e a si. Ela permite a prática e a
reflexão crítica para produção de conhecimento. Por meio do diálogo entre educadores e educandos, estes são concebidos
como sujeitos de conhecimento pertencentes a uma realidade social. A práxis é apresentada como um meio para expurgar a
presença física e mítica do dominador. A chave, para tanto, consiste em não romper com contexto teórico e concreto, ou seja,
em não cingir teoria e prática (Freire, 1979).
O não-público como expressão de invisibilidade e de desigualdade social pode ser pensado no âmbito da
“cultura do silêncio” de uma “maioria silenciada”. Esta é a cultura em que uma classe domina a outra, impedindo-a de ser
autêntica, proibindo-a de "ter voz", de "dizer a palavra". “Sem o conhecimento sério, responsável, de como estas populações
transformam, na sua prática, sua fraqueza em força, é impossível uma comunicação válida com elas. Sem este conhecimento,
o que fazemos, [...] é ‘invadi-las’ [...]” (Freire, 1979, p. 58).
Com a “invasão” “[...] talvez não seja demasiado afirmar que a constatação da cultura do silêncio implica no
reconhecimento da cultura dominante e que ambas, ao não se gerarem em si próprias, se constituem nas estruturas de
dominação.” (Freire, 1979, p. 70). Em outra direção, a invisibilidade social (Tomás, 2010) e a cultura do silêncio podem ter
conotação diferente. Elas podem se referir a estratégias de sobrevivência, de resistência e de rebelião (Freire, 1979).
As leituras de Jeanson (1973) e de Freire (1979) sugerem ou permitem inferir que a ação cultural não deveria
incidir sobre o não-público, mas deveria ser realizada com tais membros da comunidade, numa interação propositiva
propiciada com a busca por uma linguagem em comum respeitando a linguagem dos não-usuários para a construção
conjunta de instrumentos de contestação e de participação.
Ao trabalhar com a teoria social brasileira e, por extensão, com o cenário latino-americano, Jessé Souza se vale dos
conceitos de capital econômico e capital cultural, baseados em Bourdieu, para analisar uma parcela da população que é
invisibilizada, estigmatizada e excluída “da sociedade” por não possuir tais capitais. Essa classe é, provocativamente,
denominada de “ralé estrutural” (Souza, 2011).
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Embora tenha auxiliado na fundamentação, a perspectiva de campo de Bourdieu, conforme aponta Souza (2011),
negligenciou o alcance atribuído ao conceito de ralé estrutural (Souza, 2011). Tal conceito auxilia a problematizar o
"lumpemproletariado" marxiano, pois os sujeitos da ralé, em tese, não possuem o conhecimento necessário para se
adequar ao atual capitalismo global (Souza, 2011). Ainda assim, mesmo o construto ralé estruturalo contempla pessoas
indigentes para o Estado, como é o caso dos 2,7 milhões de brasileiros vivendo em situação de rua e que, em 2023, ainda não
dispõem de documentos que comprovam sua existência (Griesinger, 2023).
Os integrantes da ralé estrutural são tratados, pelas classes privilegiadas, como corpos desqualifi cados ou simples
instrumentos físicos e músculos. A existência dessa ralé permite que as classes alta e média contratem, a baixos custos, a
força de trabalho necessária para realizar suas tarefas diárias, garantindo -lhes tempo livre adicional para manter seus
privilégios. Os membros da “ralé frequentemente se encontram limitados a ocupações precárias ou de baixa remuneração
(Souza, 2011).
A ralé estrutural é ignorada pela área de informação. A vulnerabilidade, a invisibilidade e a desigualdade social
são ocultadas sob o conceito idealizado de usuário de informação, que representa as classes alta e média. O conceito de
usuário de informação tende a desconsiderar as relações ou conflitos de classe. Para ser considerado usuário real, é
esperado que o usuário potencial possua capital econômico e/ou cultural, excluindo assim a ralé estrutural (Rabello &
Almeida Junior, 2020).
O Estado, por meio de seus dispositivos culturais, educacionais e informacionais, busca desenvolver políticas
públicas e condições para os indivíduos cultivarem conhecimentos e comportamentos desejados. Mesmo em contextos
privados de mediação cultural, o pressuposto de tal conformação. Isso ocorre, em tese, mediante a transmissão de
informação para a sua apropriação e produção de repertórios culturais e conhecimento socialmente valorizado. Nessa
perspectiva, os membros da comunidade devem se conformar aos conteúdos transmitidos. O protagonismo do não -público
depende que este se torne público. Infere-se que, nesse contexto, argumentos do tipo e portanto...” (Stengers, 2005) tendem
a ser orientadores.
Em uma perspectiva teórica alternativa, que enfatiza a necessidade de instituições e profissionais se adaptarem às
especificidades da comunidade, Flusser (1980) baseia-se nos trabalhos de Jeanson (1973) e Freire (1979) para conceber
uma "biblioteca-ação cultural" inclusiva e democrática. A biblioteca seria um ambiente que oferece informações e acesso à
herança cultural, porém, além disso, os profissionais desempenhariam o papel de mediadore s entre a informação e a
comunidade, incentivando uma leitura crítica das manifestações culturais.
Nesse contexto, muitos dos livros seriam escritos pelo não-público. A instituição seria parte da comunidade, e os
profissionais que nela trabalham estariam integrados e pertenceriam à comunidade. Com efeito, a ação cultural é entendida
como uma forma de pesquisa ativa que permite às instituições conhecerem o contexto e a perspectiva do não -público. Isso
possibilita o diálogo e a criação de palavras compreensíveis e estimulantes para este segmento da comunidade. Dessa
maneira, incentiva-se a criticidade, o desenvolvimento da voz própria e a capacidade de reconhecimento da autoria por
parte do não-público (Flusser, 1980).
A construção social do o-usuário vai além da assimetria das classes sociais. As instituições mediadoras de
informação podem agir com base em preconceitos ou mesmo não respeitarem a diversidade dos indivíduos da comunidade,
convertendo usuários reais e potenciais à condição de não-usuários, independentemente da classe social em que o sujeito
pertence (Rabello & Almeida Junior, 2022). Múltiplos fatores contribuem para essa transição, incluindo obstáculos
institucionais (Silva & Bernardino, 2015). Tais obstáculos assumem diversas formas: arquitetônicas, comunicacionais,
instrumentais, programáticas, metodológicas e atitudinais. Os obstáculos abrangem desde a ausência de acessibilidade física,
como sinalização inadequada, não existência de elevadores, de rampas etc., ausência de preocupações de usabilidade de
websites, até a falta de proficiência em língua de sinais por parte dos profissionais para atender pessoas com deficiência
auditiva. Ademais, os obstáculos podem decorrer da falta de equipamentos e de regulamentos adequados, assim como
ocorrer em virtude da não existência de técnicas apropriadas para o tratamento da informação, algo que pode dificultar o
seu acesso, ou, por fim, transcorrer em função da existência de atitudes preconceituosas (Silva & Bernardino, 2015).
Nessa chave teórica, necessidade de adequação institucional aos obstáculos e aos desafios. Com isso, abre-se
caminho para que docentes, pesquisadores e profissionais da área de informação reconheçam em presença (Stengers,
2005) a cultura dos sujeitos, considerando manifestações culturais ulteriores àquelas social e hegemonicamente aceitas ou
validadas em determinados círculos (Jeanson, 1973; Freire, 1979). Além disso, nessa perspectiva, a instituição deve
valorizar a voz, a autoria e as situações de necessidade de informação dos sujeitos. Os protagonismos do não-usuário
dependem da adaptação institucional às singularidades dos não-usuários,
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sejam elas relativas à sua condição física ou mental ou de gênero, origem, classe, raça, orientação sexual, idade, religião,
dentre outros. Para essa mudança atitudinal, docentes, pesquisadores e profissionais necessitam transcender bases
deontológicas tradicionais, deixando de conceber a mediação da informação para e passando a fazê-lo com a comunidade.
6.2 Receptividades e restrições teórico-práticas relacionadas ao conceito não-usuário
Em relação à pesquisa teórica e à atuação profissional, as iniciativas teórico -práticas para permitir com que o não-público
(não-usuários) se torne público (usuários) pressupõem ao menos dois aspectos interdependentes: 1. Praxiologias que
recepcionam sujeitos e suas práticas (Rabello, 2021); 2. Reflexões sobre as contribuições e limitações do conceito não-
usuário de informação para um campo preocupado com os usuários de informação reais e potenciais.
Tanto a pesquisa básica ou teórica sem finalidade prática , como a pesquisa aplicada, que utiliza do
conhecimento teórico para resolver problemas práticos (Stokes, 2005), têm orientado os estudos sobre os sujeitos na área
de informação. A consequência disso resulta em estudos que não têm, necessariamente, a finalidade de manutenção ou
aperfeiçoamento de sistemas de informação. Todavia, os resultados desses estudos podem ser aplicados com esse propósito.
A seguir, apresentam-se exemplos de pesquisas sobre práticas informacionais no cotidiano.
As práticas informacionais no ambiente doméstico (Klams, 2008), sejam elas realizadas por pessoas queer (Floegel
& Costello, 2019) ou não, podem ser analisadas em relação a determinados problemas sociais. Por exemplo, para pessoas
queer podem surgir obstáculos relacionados a preconceitos. Já em famílias de baixa renda, as dificuldades informacionais de
responsáveis pelo lar podem estar ligadas a questões relacionadas à classe social. Ao examinar as práticas de im igrantes
(Caidi, Allard, & Quirke, 2010), a dimensão da classe social também se torna relevante quando se considera o capital
econômico e cultural para a aceitação ou permanência do imigrante no país.
Além dos imigrantes, das pessoas queer e dos responsáveis pelo lar, se o estudo de práticas informacionais
considerar no contexto de um sistema de informação institucionalizado pessoas da “ralé”, seria possível investigar o não-
usuário simultaneamente como imigrante, pessoa queer, responsável pelo lar e pertencente à ralé estrutural como não-
público”. A transversalidade praxiológica observada nesse exemplo demonstra a capacidade da abordagem em acolher e
recepcionar diferentes sujeitos e suas práticas em contexto (Rabello, 2021).
Outros estudos sobre a relação sujeito e informação podem ter a característi ca de pesquisa básica na vida cotidiana,
porém, sem focar no “não-usuário” e, tampouco, ter aplicação direcionada para o aperfeiçoamento de sistemas de
informação. É o caso daqueles envolvendo o uso e a interação com dispositivos e plataformas digitais, como nos exemplos de
uso do telefone celular pelos agricultores para acessar informações agrícolas (Kumar, 2023), ou de Interações no Twitter na
era das conferências acadêmicas virtuais (Albertson & Rogers, 2023), ou de previsão de agitação social por meio da análise
de sentimentos no Twitter (Oladele & Ayetiran, 2023), dentre outros.
As indagações suscitadas pelo conceito “não-usuário de informação” podem permitir a reflexão não apenas sobre
suas contribuições, mas também permite abordar as suas limitações. Em última instância, esses questionamentos levam a
refletir sobre o caráter restritivo ou receptivo do direcionamento do campo em relação aos comportamentos e às práticas
informacionais dos sujeitos.
O primeiro dos questionamentos se refere à possibilidade de uma abertura terminológica e conceitual mais
inclusiva de sujeitos, de seus comportamentos e de suas práticas. Nesse caso, o campo se beneficiaria se passasse a se
preocupar com “estudos de usuários e de não-usuários de informação”, algo que representaria uma ampliação de escopo
para a investigação da relação entre sujeito e informação. Isso porque pensar apenas em termos de usuários reais ou
potenciais tende a restringir sujeitos.
A segunda indagação se refere ao lugar do não-usuário no próprio campo. O não-usuário pode ser considerado um
tipo de usuário, diferenciando-se de outros dois tipos, usuários reais e potenciais. Isso porque no conceito de não -usuário
por vezes também se pressupõe, como referência, a noção de sistema de informação. Assim, mesm o com uma ampliação de
direcionamento do campo encarnada na expressão “estudos de usuários e de não-usuários de informação” poderia
resultar em uma redundância terminológica.
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Não obstante, a materialidade do termo “usuário de informação” está diretamente relacionada a uma concepção no
campo segundo o entendimento de que este sujeito se refere a usuários reais e potenciais. Nesse sentido, as limitações
ônticas e epistêmicas do conceito com base nesse entendimento restrito somadas às suas implicações éticas e políticas,
poderiam justificar, ainda que provisoriamente, a utilização do termo não -usuário de informação como um direcionador no
âmbito do ensino, da pesquisa e da prática profissional.
O terceiro questionamento se refere à limitação ôntica dos termos usuário e não -usuário de informação em relação
ao processo-referente. As expressões sugerem qualificar os sujeitos que utilizam ou não utilizam a informação, ainda que
exista um recorte epistemológico que permite diferenciar ambas as concepções. O emprego do processo uso ou não uso
para denominar o sujeito acaba por limitar outras possibilidades de ação. Por exemplo, o campo da mediação da
informação tem se interessado em estudar não apenas o processo de uso, mas também tem se preocupado com a leitura e
com a apropriação da informação.
Com efeito, a expressão “sujeito informacional” e os estudos que dela se originam tem sido empregada como
uma alternativa aos termos usuário (Cruz & Araújo, 2020) e não-usuário de informação. O vocábulo abrangeria condições,
dificuldades ou impedimento de utilização, de leitura e de apropriação da informação. Com efeito, o termo tem sido
empregado para designar aqueles que estão em situação de vulnerabilidade (Rendón-Rojas & García Cervantes, 2012), de
invisibilidade e de desigualdade social.
A forma como a comunidade acadêmica atribui significado aos termos de “comportamento informacional” e de
“práticas informacionais” aponta para direções aparentemente controversas (The behaviour..., 2009). Ao se reconhecer a
não neutralidade epistemológica e ontológica dessas perspectivas (Savolainen, 2007), cada qual continua a nomear polos
onde orbitam segmentos específicos da comunidade acadêmica da área de informação. Alternativamente desde que
contextualizadas as contribuições e os limites de cada abordagem , essas perspectivas podem representar, em uma única
expressão, “estudos de comportamento e de práticas informacionais”.
A abertura para essas abordagens tende a abranger situações favoráveis ou adversas para busca, utilização, leitura
e apropriação da informação no âmbito profissional e da vida cotidiana, envolvendo, ainda, cenários de vulnerabilidade, de
invisibilidade e de desigualdade social. Nessa direção, tais estudos também corroboram para uma possível restrição ou
inadequação de expressões como “estudos de usuários de informação” ou “estudos de usuários e de o-usuários de
informação”.
7 Conclusões
O termo “usuário de informação”, ao se referir a usuários reais e potenciais, (de)limita o campo de estudos. Tendo em vista
as restrições deste conceito, a utilização do termo “não-usuário de informação” pode ser justificada no ensino, na pesquisa e
na atuação profissional. A área de informação deve (re)examinar obstáculos teórico-conceituais, sociais e institucionais,
buscando intervenções mais inclusivas.
Conceitualmente, a expressão “não-usuário de informação” está relacionada a sujeitos possivelmente ignorados ou
fora do interesse ou do alcance da área de informação. O termo se apresenta como uma alternativa para ampliar o escopo
dos sujeitos de interesse. O vocábulo abrange condições por vezes impostas e que levam à impossibilidade ou à dificuldade
de adaptação dos sujeitos ao sistema de informação. Todavia, o conceito transcende a noção segundo a qual está relacionada
a não utilização de um espaço institucional que oferta produtos e serviços de informação.
Em um contexto social mais amplo, o desenvolvimento de políticas públicas, por exemplo, busca intervir para
promover uma transformação na situação do “não-público”. Essas ações são realizadas por meio da transmissão de
informações e da difusão de uma determinada cultura, com o objetivo de que os indivíduos se adaptem aos conhecimentos e
comportamentos socialmente esperados. Os dispositivos culturais, educacionais e informacionais desempenham um papel
estratégico na implementação dessas ações.
Em cenários específicos não tradicionais, as instituições tendem a se adequar para reconhecer a cultura e a palavra
do não-público. Nesse contexto, um posicionamento ético e político que está para além de se focar em manifestações e
culturas “socialmente aceitas”. Novos protagonismos são esperados a partir de uma dimensão dialógica, quando as
instituições atuam com a comunidade e valorizam a voz e a autoria dos não-usuários.
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O convite para desacelerar e agir em presença (Stengers, 2005) em estudos sobre a relação sujeito e informação
contemplando estudos de informação e comunidade , ressalta a dimensão ética e política das escolhas epistemológicas e
teórico-metodológicas. Essas decisões refletem a visão de mundo do docente, do pesquisador e do profissional de
informação, influenciando o escopo dos sujeitos a serem considerados. As escolhas podem conceder voz e priorizar certos
sujeitos, comportamentos e práticas. Noutra direção, podem silenciar e invisibilizar outros, impedindo protagonismos.
Agradecimentos: Agradeço a Marcos Pereira Feitosa, pela tradução e sugestões, a Tatiane Pacanaro Trinca, pela leitura
cuidadosa e interlocução, e a orientanda Gabriela Melo Rocha, pelo trabalho inicial de coleta de dados, com financiamento do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a quem estendo meus agradecimentos. Gostaria
também de agradecer aos editores desta edição especial e aos revisores por suas generosas contribuições.
Conflito de Interesses: O autor declara não possuir conflito de interesses.
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Article
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Considering the limitations of the concept of "information user", we aim to raise reflections on theoretical and conceptual challenges - and applied - in the scope of research, teaching and professional practice in units and entities of information mediation, considering the "non-user" as implicated in the mediation action. To do so, it is used, heuristically, the differentiation of paradigms of dominant and emerging science, as well as the distinction of paradigms of information. Complementarily, the categories "implicator(s)" and "implicated(s)" were used to situate the subjects in action. For the description of the theoretical diagnosis the concepts of "user", "subject" and "non user" of information in contexts of "mediation" were worked on, where the use of "receptive" praxiologies in the context of the performance of researchers, professors and "contemporary" professionals in the area of information are inserted as a proposal. In the end, it is defended praxeological alternatives by means of "user and non-user studies", so that "information and community studies" can be carried out.
Article
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A mobile phone is an Internet-connected device used to share and discuss user-generated content, including opinion, audio, video, and multimedia. This has changed the way farmers engage and communicate across the country, even in rural areas. The purpose of this study is to examine Haryana farmers’ use of mobile phones to get agricultural information. This study was conducted in the six districts of North Haryana, i.e., Ambala, Yamuna Nagar, Kurukshetra, Karnal, Kaithal, and Panipat. Data were collected from a sample size of 300 respondents, including 50 farmers from two tehsils (subdistrict) of each district, through a structured questionnaire and an interview plan. According to the results of this study, most of the farmers have been using mobile phones for over 3 years, and all of them can read and write Hindi to collect and communicate information about agriculture, such as post-harvest, weeding, thinning, and storage. Farmers most commonly use the agricultural information platform, i.e., private agricultural solutions helplines, government agriculture officers/extension agents making calls/short messaging service (SMS), IFFCO Kisan Sanchar, private agricultural companies/pesticide dealers/staff making calls/SMS, and government agriculture department helplines. Kisan Suvidha Agriculture Mobile App, WhatsApp, and YouTube are commonly used by most farmers who believe these network technologies are most effective to increase their knowledge and understanding of modern agricultural technology, although the majority of farmers do and also had language difficulties and challenges in the mobile network.
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Social unrest is a powerful mode of expression and organized form of behavior involving civil disorders and acts of mass civil disobedience, among other behaviors. Nowadays, signs of most social unrest start from the social media websites, such as Twitter, Facebook, etc. In recent times, Nigeria has faced different forms of social unrest, including the popular #EndSARS, which began on Twitter with a demand that government disband the Special Anti-Robbery Squad (SARS), a unit under the Nigerian Police Force for alleged brutality. Mining public opinions such as this on social media can assist the government and other concerned organizations by serving as an early warning system. In this work, we collected user tweets with #EndSARS from Twitter and pre-processed and annotated them into positive and negative classes. A support vector classifier was then used for classifying the sentiment expressed in them. Experimental results show 90% accuracy, 94% precision, 85% recall, and 89% F1 score on the test set. The codes and dataset are publicly available for research use.¹
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The goal of this study is to assess variations in interactions over social media at academic conferences when held onsite versus online. Here, Twitter activities from different years of the Annual Meeting of the Association for Information Science and Technology (ASIS&T AM) are analyzed and reported. Data elements of individual tweets were examined using both primary- and second-level analyses, showing overall participation levels and the number of actions across different variables. The activity level and relative impact on the overall results of users who appeared in both years emerged as a key finding. Twitter activities during both the 2018 (Vancouver) and 2020 (online) ASIS&T AM were collected and compared.
Article
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No âmbito da Biblioteconomia e da Ciência da Informação o usuário é visto, em teoria, como a direção, como o norteador de todas as ações desenvolvidas pelos equipamentos informacionais. Esse é apenas um discurso, destoante da prática do profissional bibliotecário em seu trabalho com a informação. O usuário, a partir dessa concepção, é entendido como o sujeito principal do processo não só de referência, mas abrangendo todas as ações das bibliotecas ou, ampliando, dos equipamentos informacionais. Um pretenso encobrimento das interferências, tanto do espaço como dos que nele atuam, tende a defender uma impossível neutralidade. Tal neutralidade, a partir do olhar da área da Biblioteconomia e da Ciência da Informação, ficaria evidenciada sob a escolha do usuário como o fim último do fazer das bibliotecas e dos bibliotecários. Com esse olhar em perspectiva, precisamos apontar e discutir, mais pormenorizadamente, alguns itens: - O primeiro deles, e não necessariamente em ordem de importância, é a ideia de que tudo é feito para o sujeito informacional (ou qualquer outra denominação presente na literatura da área e empregada pelos que nela atuam e os que a pesquisam formalmente) e a organização inteira da biblioteca está voltada para satisfazer as necessidades, desejos e interesses informacionais apresentados pelo usuário. Não é isso o que de fato ocorre e essa é uma das propostas a serem abordadas no presente texto.
Article
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This study assessed user experiences of a public library in Namibia and non-user attitudes to it. A convenience sample of 586 was employed. Participants in the study were 207 (35.3%) registered library members and 379 (64.7%) non-users. Needs assessment questionnaires, suggestion box forms, interviews and observations were the tools used for the collection of data. The results indicated that the public library is well known to the local community and is mostly accessed by learners from local schools, teachers, and distance-learners from various tertiary educational institutions. Users from different occupations also accessed the library. The library was used for study purposes, research, access to computers and reprographic services. The results also revealed that, although services, resources and usage were found to be satisfactory, some users were not satisfied with the services because of inadequate space, irrelevant resources, attitudes of staff members, untidiness, location, poor internet connectivity, poor ventilation, and noise. The findings of this study can inform policymakers on how information access and services need to be improved.
Article
Public libraries must respond to the needs of the communities they serve in order to remain relevant, but assessing these needs is especially challenging in the midst of the rapid development of information technology. This study examines needs assessments to understand the user community, library services, and expected sources to determine user needs regarding space and services. The research employed a mixed-method approach including semi-structured interviews, a questionnaire assessment, and Social Network Site (SNS) big data analysis. The study assessed the needs and characteristics of users and non-users at Yongsan-gu Public Library, South Korea. Data collected were used to examine how the library was affected by COVID-19, the steps it taken to adjust and provide services, and how users have adapted to library use during the pandemic. The research results provide direction for building a future public library in regions that lack cultural infrastructure. The results also demonstrate that it is necessary to construct infrastructure linked to cultural projects by creating complex cultural and user-oriented spaces.
Article
Studies of university students who are non-users of their academic libraries could provide valuable insights to libraries, yet the extent of the research on this topic remains largely unexplored. This scoping review provides a comprehensive and systematic examination of the research literature in this area, exploring how authors have defined, researched, and addressed the phenomenon of non-users. A search for relevant studies was conducted using bibliographic databases, grey literature searching, and citation tracing. From 1864 records, 69 publications were identified for inclusion. Analysis of the included publications revealed a wide array of definitions for non-users and reasons for non-use. An overwhelming majority of studies (88%) included a survey or questionnaire, most described only a single mode of recruitment, and there was a surprising dearth of information gathered about the non-users themselves. There is currently still much to be learned about students who do not use their academic library and their reasons for non-use. Further qualitative research focused on the needs and motivations of non-users could allow for more nuanced segmentation within this group, and inform libraries' outreach and development efforts.