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Título do capítulo
CAPÍTULO 6
INTERNET DAS CO
ISAS E CONECTIVIDADE NO CAMPO
Autor(es)
Luis Claudio Kubota
Mauricio Benedeti Rosa
DOI
DOI: http://dx.doi.org/10.38116/9786556350530cap6
Título do livro
Agropecuária Brasileira: evolução,
resiliência e oportunidades
Organizadores(as)
José
Eustáquio Ribeiro Vieira Filho
José Garcia Gasques
Volume
1
Série
-
Cidade
Rio de Janeiro
Editora
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
Ano
2023
Edição
1a
ISBN
9786556350530
DOI
DOI: http://dx.doi.org/10.38116/9786556350530
CAPÍTULO 6
INTERNET DAS COISAS E CONECTIVIDADE NO CAMPO1,2
Luis Claudio Kubota3
Mauricio Benedeti Rosa4
1 INTRODUÇÃO
A internet das coisas (IoT), termo utilizado pela primeira vez em 1999 por Kevin
Ashton, pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT) (Bertollo,
Castillo e Busca, 2022), tem em comum entre suas denições a ideia de que a primei-
ra versão da internet era sobre dados criados por pessoas, enquanto a versão seguinte
seria sobre dados criados por coisas. Madakam, Ramaswamy e Tripathi (2015, p. 165)
deniram a IoT como uma “rede aberta e abrangente de objetos inteligentes que pos-
suem a capacidade de se auto-organizar, compartilhar informações, dados e recursos,
reagindo e agindo diante de situações e mudanças no ambiente”.
Ao contrário de tecnologias de informação e comunicação (TICs) de gera-
ções anteriores, cuja implantação em grande parte era mais restrita ao ambiente
corporativo, a tríade de tecnologias IoT, computação em nuvem e na borda e
inteligência articial (IA), é aplicável às mais variadas áreas da atividade humana.
Pode, por exemplo, ser utilizada na segurança pública (monitoramento de ima-
gens), na saúde (monitoramento remoto de pacientes), na infraestrutura (moni-
toramento de tubulações), entre outras áreas.
Entre potenciais ganhos de produtividade para a economia com a adoção da
IoT, destaca-se a relevância do setor agropecuário. Segundo Gasques et al. (2022),
o Brasil apresentou taxas de crescimento anuais da produtividade total dos
1. Partes deste capítulo foram publicadas na edição no 71 do Boletim Radar, no livro Eficiência produtiva: análise e proposições
para aumentar a produtividade no Brasil e no Texto para Discussão Internet das coisas no Brasil: análise e recomendação de
políticas com ênfase no agronegócio.
2. Os autores agradecem as valiosas informações sobre internet das coisas (IoT) fornecidas por Guilherme Correa e
Karina Vidal, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI); Alaercio Silva e Pedro Veillard, do Ministério da
Agricultura e Pecuária (Mapa); Dario Thober, do Centro de Pesquisas Avançadas Wernher von Braun; Bruno Sousa,
do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de São Paulo; Júlio Martorano, da Trópico Telecomunicações;
e Luis Lucinger, da Universidade de Brasília (UnB). Agradecem também os comentários de José Brandão e José
Eustáquio Vieira Filho, ambos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Quaisquer erros e omissões são de
responsabilidade dos autores.
3. Pesquisador e coordenador na Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura
(Diset) do Ipea; economista; especialista em economia da saúde; e mestre e doutor em administração.
4. Pesquisador do Subprograma de Pesquisa para o Desenvolvimento Nacional (PNPD) na Diset/Ipea; engenheiro de
controle e automação; mestre em economia; e doutorando em economia.
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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fatores (PTF) quase duas vezes maiores que a média mundial entre os anos de
2000 e 2019 (tal como detalhado também no capítulo 1). Além disso, é um setor
que representa algo em torno de um terço do PIB brasileiro, metade das exportações
e um quinto do emprego nacional (Vieira Filho, 2022), e cujo crescimento está
baseado, fundamentalmente, em tecnologia (Gasques et al., 2022). Exemplos de
outros setores para utilização da IoT envolvem as reduções: de perdas por extravio
de carga,5 de necessidade de internação hospitalar,6 de desperdício devido a
vazamentos de água ou gases,7 entre inúmeros outros ganhos de eciência. Com
arealização dos leilões da quinta geração de comunicação móvel (5G) – que se
caracteriza pela alta velocidade e baixa latência –, observa-se a possibilidade de
ampla difusão da comunicação entre sensores e dispositivos.
É interessante notar como várias dessas tecnologias podem ser integradas.
Phasinam et al. (2022) mostram um sistema de irrigação baseado em IoT e arqui-
tetura de computação em nuvem no qual os dados são armazenados e analisados
por meio de técnicas de aprendizado de máquina. Se o Brasil perdeu oportuni-
dades em décadas anteriores no setor de eletroeletrônicos, existem oportunidades
que permitem um maior otimismo no que diz respeito à IoT. Em primeiro lugar,
o país possui um sistema setorial de inovação com capacidade para gerar e im-
plementar as tecnologias necessárias – por exemplo, no agronegócio, conforme
Vieira Filho (2022) e Vieira Filho e Fishlow (2017). O Brasil desenvolveu também
um plano de IoT bem elaborado e com uma boa governança de acompanhamento.
Finalmente, várias iniciativas de ordem mundial já são realidade.
Conforme examinado anteriormente, o escopo da IoT é bastante amplo.
Tendo isso em vista, é interessante ressaltar que, tanto em termos de revisão quanto
de proposições, há um foco das análises no agronegócio, o que sinaliza a impor-
tância desse setor de atividade econômica. O capítulo está organizado em cinco
seções, incluindo esta breve introdução. A seção 2 traz uma caracterização da IoT
no Brasil, composta de: i) análise bibliométrica; ii) apresentação do Plano Nacional
de IoT; e iii) uma revisão de trabalhos sobre IoT e agronegócio. São detalhadas
também políticas setoriais capazes de atender às necessidades relacionadas à oferta
de tecnologias para a IoT. A seção 3 mostra casos de sucesso de implementação
no Brasil relacionados ao agronegócio. A seção 4 apresenta propostas de políticas
públicas. Por m, vêm as considerações nais, na seção 5.
5. Disponível em: <https://www.fuseiot.io/blog/iot-contribui-para-o-aprimoramento-do-setor-de-logistica/>. Acesso
em: 26 jan. 2023.
6. Disponível em: <https://blogs.oracle.com/oracle-brasil/post/inteligencia-artificial-e-aprendizado-de-maquina-
podem-evitar-o-infarto-e-o-avc-v2>. Acesso em: 26 jan. 2023.
7. Disponível em: <https://smartcampus.prefeitura.unicamp.br/pub/artigos_relatorios/Rafael-IoT_Aplicado_ao_
Monitoramento_Inteligente_de_Distribuicao_de_Agua.pdf>. Acesso em: 26 jan. 2023.
Internet das Coisas e Conectividade no Campo
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2 INTERNET DAS COISAS NO BRASIL – CARACTERIZAÇÃO
Para caracterizar a IoT no Brasil, parte-se de uma concisa análise bibliométrica
sobre o tema, para em seguida detalhar o seu respectivo plano nacional, as inter-
seções com o agronegócio e as políticas de fomento à IoT no cenário doméstico.
2.1 Pesquisa bibliométrica
A análise bibliométrica permite descrever, avaliar e monitorar trabalhos publica-
dos, além de introduzir um processo de revisão sistemático, transparente e pas-
sível de reprodutibilidade, ou seja, serve como orientação à determinação das
obras mais inuentes e ao mapeamento, sem viés subjetivo, do campo de pesquisa
(Zupic e Čater, 2015). Com a crescente quantidade de trabalhos cientícos pu-
blicados em muitas áreas de pesquisa, a análise bibliométrica se destaca por sua
capacidade de fornecer resultados indicativos das principais tendências em cada
campo (Bonilla, Merigó e Torres-Abad, 2015).
A caracterização da literatura envolvendo estudos sobre IoT no Brasil foi
feita por meio de uma busca8 na base de dados Scopus9 pelos termos internet
of things e Brazil. Como resultado, foram encontrados 179 artigos até o ano de
2022, dos quais quase 95% são escritos em inglês. A análise bibliométrica foi
elaborada conforme ferramenta desenvolvida por Aria e Cuccurullo (2017), por
meio do software RStudio. A tabela 1 destaca as principais informações.
TABELA 1
Principais informações da literatura sobre IoT no Brasil
(Em números absolutos)
Descrição Resultados
Horizonte temporal 2013; 2022
Fontes (periódicos, livros etc.) 140
Documentos 179
Referências 6.138
Autores 729
Tipos de documento Resultados
Artigos 68
Livros 3
Capítulos de livro 7
Artigos de congresso 89
Revisões de congresso 8
Revisões 4
Fonte: Scopus.
Elaboração dos autores.
Obs.: Utilizou-se o software RStudio, desenvolvido pelo R Core Team. Disponível em: <https://www.R-project.org/>.
8. A busca das expressões é feita nos campos referentes a título, resumo e palavras-chave.
9. Disponível em: <https://www-scopus.ez87.periodicos.capes.gov.br/search/form.uri?display=basic#basic>. Acesso
em: 7 dez. 2022.
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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De acordo com a tabela 1, as produções cientícas que avaliaram a IoT tendo
o Brasil como cenário iniciaram-se em 2013, foram escritas por mais de 700 autores
e tiveram como principais meios de divulgação artigos de congresso, seguidos de
artigos em periódicos. O gráco 1 ilustra a evolução na quantidadede documentos
publicados entre os anos de 2013 e 2022, a qual teve tendência decrescimento até
2020 e caiu nos anos de 2021 e 2022.
GRÁFICO 1
Produção científica anual (2013-2022)
(Em números absolutos)
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
Artigos
Fonte: Scopus.
Elaboração dos autores.
Obs.: Utilizou-se o software RStudio, desenvolvido pelo R Core Team. Disponível em: <https://www.R-project.org/>.
Com relação à autoria dos documentos dividida por países, o Brasil natu-
ralmente se destacou como principal expoente, seguido dos Estados Unidos. No
que se refere às universidades, as quatro principais quanto à aliação dos autores
foram Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade de
São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e Universidade
Federal do ABC (UFABC).
A ferramenta de análise bibliométrica permite ainda a construção de uma
nuvem de palavras – isto é, uma representação visual de dados textuais baseada na
frequência decrescente de palavras nos textos analisados. As palavras em destaque
ajudam a interpretar os dados e contribuem para a análise exploratória, além de
divulgar informações subjacentes ao conjunto de dados (Kulevicz et al., 2020).
A gura 1 apresenta a nuvem de palavras referente à base de 179 documentos que
discorrem sobre a IoT no cenário brasileiro.
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FIGURA 1
Nuvem de palavras para a literatura de IoT no Brasil
Fonte: Scopus.
Elaboração dos autores.
Obs.: Utilizou-se o software RStudio, desenvolvido pelo R Core Team. Disponível em: <https://www.R-project.org/>.
A gura 1 é formada pelos trinta termos mais relevantes da base de dados.
As palavras (ou conjunto de palavras) de maior destaque obviamente são aquelas
que foram utilizadas no processo de busca, ou seja, internet of things e Brazil.
Porém, entre as muitas outras que aparecem repetidamente nos diversos estudos,
merecem destaque três delas, as quais dialogam diretamente com propostas ver-
ticais no Plano Nacional de IoT: i) smart city; ii) agriculture; e iii) industry 4.0.
Ainda no âmbito do agronegócio, aparecem os termos agricultural robots (robôs
agrícolas), crops (culturas) e irrigation (irrigação), realçando a relevância do setor
no cenário nacional, bem como as potencialidades oferecidas pela utilização de
novas tecnologias no campo.
Não menos importante, vale salientar os termos referentes a tecnologias
complementares à IoT, tais como articial intelligence e machine learning. Ainda,
são passíveis de destaque expressões do setor de energia, como: energy eciency,
electric power transmission networks e smart power grids, e a cada vez mais relevante
questão da sustentabilidade, que também se relaciona com o agronegócio, exem-
plicada em sustainable development.
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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2.2 Plano Nacional de IoT
O desenvolvimento das bases para o Plano Nacional de IoT teve início no nal
de 2016 com a assinatura de um acordo de cooperação entre o então Ministério
da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os quais avaliaram um
conjunto de iniciativas em parceria com o consórcio formado pela consultoria
McKinsey, pela fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomuni-
cações (CPqD) e pelo escritório Pereira Neto e Macedo Advogados, que conduziu
um amplo estudo para realizar diagnóstico detalhado e propor políticas públicas
no âmbito da IoT.10
O estudo foi composto de quatro fases, no período de janeiro de 2017
a fevereiro de 2018, e gerou um total de 28 documentos. O relatório nal do
estudo (BNDES, 2018) abordou as principais indicações para a construção
do plano, dividindo-as entre estrutura, projetos mobilizadores e iniciativas.
A gura 2 ilustra a estrutura do plano.
FIGURA 2
Estrutura sugerida para o Plano Nacional de IoT
Descrição
Objetivos específicos
Iniciativas
•
Aspiração de longo prazo para
o ambiente.
Visão
ambiente
Objetivos
estratégicos
•
Objetivos de longo prazo; e
•
relação próxima com os
principais desafios por
ambiente (verticais).
•
Objetivos de médio e curto
curto prazo;
•
síntese das iniciativas; e
•
relação próxima com desafios
transversais (horizontais).
•
Iniciativas categorizadas:
―
ações estruturantes;
―
medidas; e
―
elementos catalisadores.
Estrutura do plano
Cidades Saúde
Rural Indústria
Capital
humano
Inovação e
inserção
internacional
Infraestrutura de
conectividade e
interoperabilidade
Regulação,
segurança e
privacidade
O quê?
Como?
Fonte: BNDES (2018).
Elaboração dos autores.
Com relação aos projetos mobilizadores, que têm relatórios dedicados com
maior detalhamento, o BNDES (2018) caracterizou os ecossistemas de inovação
como um ambiente fértil, propício para inovação, capaz de envolver “empre-
sas com interesse para investir em pesquisa e desenvolvimento, startups de base
10. Disponível em: <https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/internet-das-coisas-
estudo-repositorio>. Acesso em: 3 out. 2022.
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tecnológica com produtos inovadores e centros de pesquisa acadêmica dispostos
a trabalhar em soluções com alto potencial mercadológico” (BNDES, 2018, p. 84),
enquanto os centros de competência seriam “áreas de especialização tecnológica
essenciais para o desenvolvimento de IoT” (BNDES, 2018, p. 86). Por sua vez, o
Observatório de IoT, uma espécie de epicentro virtual de informações relacionadas
com IoT, abarcaria as funções de organização de informações e de transparência–
por exemplo, “comunicar os mecanismos de apoio à empresa que demanda e que
oferta soluções de IoT, seja por nanciamento, cursos de capacitação ou parceria
com instituições de ensino para pesquisa e desenvolvimento” (BNDES, 2018,
p. 89)– e disponibilização de indicadores de esforço e de impacto, os quais reetem,
respectivamente, o avanço das iniciativas e os resultados nais para a sociedade.
O estudo desenvolvido por MCTIC, BNDES e consórcio envolvendo con-
sultoria McKinsey, fundação CPqD e escritório Pereira Neto e Macedo Advoga-
dos foi a base a partir da qual se estabeleceu o Decreto no 9.854, de 25 de junho
de 2019, que instituiu o Plano Nacional de IoT e dispôs sobre a Câmara de
Gestão e Acompanhamento do Desenvolvimento de Sistemas de Comunicação
Máquina a Máquina e IoT, cujo art. 1o reforçava “a nalidade de implementar e
desenvolver a IoT no país, com base na livre concorrência e na livre circulação de
dados, observadas as diretrizes de segurança da informação e de proteção de dados
pessoais” (Brasil, 2019a).
Segundo Brasil (2019a), são objetivos do Plano Nacional de IoT.
1) Melhorar a qualidade de vida das pessoas e promover ganhos de
eciência nos serviços, por meio da implementação de soluções de IoT.
2) Promover a capacitação prossional relacionada ao desenvolvimento de
aplicações de IoT e a geração de empregos na economia digital.
3) Incrementar a produtividade e fomentar a competitividade das
empresas brasileiras desenvolvedoras de IoT, por meio da promoção de
um ecossistema de inovação no setor.
4) Buscar parcerias com os setores público e privado para a implementação
da IoT.
5) Aumentar a integração do país no cenário internacional, por meio da
participação em fóruns de padronização, da cooperação internacional
em pesquisa, desenvolvimento e inovação e da internacionalização de
soluções de IoT desenvolvidas no país.
Com relação às verticais, o plano conrmou os quatro ambientes propostos
pelo estudo – isto é, saúde, cidades, indústrias e rural. Em 20 de outubro de 2020,
o setor de turismo também foi incluído como uma vertical do Plano Nacional de
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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IoT por intermédio da criação da Câmara do Turismo 4.0.11 Tal atribuição tornou
esses ambientes uma referência para o acesso a mecanismos de fomento à pesquisa
cientíca, ao desenvolvimento tecnológico e à inovação, bem como no apoio ao
empreendedorismo de base tecnológica. As horizontais, por sua vez, foram esta-
belecidas pelo decreto em seis pilares: i) ciência, tecnologia e inovação; ii) inserção
internacional; iii) educação e capacitação prossional; iv) infraestrutura de conecti-
vidade e interoperabilidade; v) regulação, segurança e privacidade; e vi) viabilidade
econômica.12 Ressalta-se que tais ações devem estar alinhadas com as ações estraté-
gicas denidas na Estratégia Brasileira para a Transformação Digital.
Os projetos mobilizadores, sugeridos pelo estudo, também foram instituídos
em Brasil (2019a), no art. 6o. Com o objetivo de facilitar a implementação
do plano, caram sob a coordenação do MCTI: i) as plataformas de inovação em
IoT; ii) os centros de competência para tecnologias habilitadoras em IoT; e iii) o
Observatório Nacional para o Acompanhamento da Transformação Digital.
Para o assessoramento destinado a acompanhar a implementação do Plano
Nacional de IoT, Brasil (2019a) deniu, em seu art. 7o, a Câmara de Gestão e
Acompanhamento do Desenvolvimento de Sistemas de Comunicação Máquina a
Máquina e IoT (Câmara IoT) com as seguintes competências: i) monitorar e avaliar
as iniciativas de implementação do Plano Nacional de IoT; ii) promover e fomentar
parcerias entre entidades públicas e privadas para o alcance dos objetivos do Plano
Nacional de IoT; iii) discutir com os órgãos e entidades públicas os temas (horizontais)
do plano de ação; iv) apoiar e propor projetos mobilizadores; e v) atuar conjunta-
mente com órgãos e entidades públicas para estimular o uso e o desenvolvimento
de soluções de IoT. Ficou denido, ainda, que a Câmara IoT seria composta por
representantes de cinco ministérios13 e poderiam ser convidados representantes de
associações e de entidades públicas e privadas para participar das reuniões.
No que concerne ao Observatório de IoT, Lacerda (2020), ao realizar uma
análise ex ante do Plano Nacional de IoT, colocou que o Observatório Nacional
para o Acompanhamento da Transformação Digital, lançado pelo MCTI em parceria
com o Movimento Brasil Competitivo e o CPqD, na prática tomou proporção
mais ampla “abarcando ferramentas para acompanhamento e monitoramento das
11. Disponível em: <https://www.gov.br/turismo/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/camara-do-turismo-4.0>.
Acesso em: 4 out. 2022.
12. Quando as horizontais são comparadas às propostas pelo estudo que embasou o Plano Nacional de IoT – capital
humano; inovação e inserção internacional; regulatório, segurança e privacidade; e infraestrutura de conectividade e
interoperabilidade –, percebe-se que houve a reorganização de alguns itens, além da inclusão de outros – por exemplo,
viabilidade econômica.
13. MCTIC, que a presidirá; Ministério da Economia (ME); Mapa; Ministério da Saúde; e Ministério do Desenvolvimento
Regional (MDR).
Internet das Coisas e Conectividade no Campo
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ações de políticas públicas relacionadas à economia digital em geral em curso no
país, entre as quais o Plano Nacional de IoT” (Lacerda, 2020, p. 82).14
Baseado no Decreto no 9.854, de 25 de junho de 2019, as câmaras 4.0
(câmaras de IoT) começaram a ser implementadas, ainda em 2019, nos casos de
indústria,15 rural16 e cidades,17 e em 2020 para saúde18 e turismo,19 com estruturas
baseadas na maioria das vezes em divisões por grupos de trabalho e na elaboração
de um plano de ação. O quadro 1 detalha a data de formalização de cada uma das
câmaras, bem como os respectivos grupos de trabalhos associados.
QUADRO 1
Câmaras 4.0: data de formalização e grupos de trabalho (GTs)
Câmara Formalização GT1 GT2 GT3 GT4
Indústria Abril de 2019
Desenvolvimento
tecnológico
e inovação
Capital humano
Cadeias produtivas
e desenvolvimento
de fornecedores
Regulação,
normalização
técnica e
infraestrutura
Rural Agosto de 2019
Desenvolvimento,
tecnologia
e inovação
Desenvolvimento
profissional
Cadeias produtivas
e desenvolvimento
de fornecedores
Conectividade
no campo
Cidades Dezembro
de 2019
Desenvolvimento
urbano e sustentável
Soluções e
tecnologias para
cidades inteligentes
e sustentáveis
Infraestrutura de
conectividades para
cidades inteligentes
e sustentáveis
-
Saúde Janeiro de 2020 - - - -
Turismo Outubro de 2020
Qualificação e
desenvolvimento
de produtos com
foco na Jornada
do Turista 4.0
Desenvolvimento de
destinos turísticos
inteligentes
Soluções e tecnologias
digitais para o
turismo 4.0
-
Elaboração dos autores.
14. Criado para englobar indicadores de esforço e impacto, além de servir como instrumento de organização de
informações e de transparência. À época da publicação, a autora já alertava que a última atualização havia sido
em 2018. Atualmente, o endereço virtual visitado que consta em Lacerda (2020) não existe, reforçando a aparente
descontinuidade de tal projeto mobilizador.
15. Disponível em: <https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/camara-industria>.
Acesso em: 5 out. 2022.
16. Disponível em: <https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/camara-agro>. Acesso
em: 5 out. 2022.
17. Disponível em: <https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/camara-cidades>. Acesso
em: 5 out. 2022.
18. Disponível em: <https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/camara-saude>. Acesso
em: 5 out. 2022.
19. Disponível em: <https://www.gov.br/turismo/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/camara-do-turismo-4.0>.
Acesso em: 5 out. 2022.
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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As câmaras da indústria, da área rural e das cidades apresentam em seus en-
dereços virtuais um conjunto maior de informações disposto em quatro seções:20
i) governança; ii) plano de ação; iii) programas e iniciativas; e iv) repositório.
A gura 3 ilustra o modelo de governança da Câmara do Agronegócio.
FIGURA 3
Modelo de governança da Câmara do Agronegócio 4.0
Conselho superior
Formula diretrizes para integração e harmonização das iniciativas para o desenvolvimento da Agro 4.0 no Brasil.
MCTI
CNA
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
Mapa
OCB
Organização das Cooperativas do Brasil
Secretaria executiva
Suporte às instâncias da câmara e apoio técnico-administrativo.
MCTI Mapa
Grupos de trabalho
Apresentam soluções técnicas à agenda da câmara.
GT 1
Desenvolvimento, tecnologia
e inovação
Desenvolvimento profissional Cadeias produtivas e
desenvolvimento de fornecedores
Conectividade no campo
GT 2 GT 3 GT 4
Fonte: Mapa. Disponível em: <https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/transformacaodigital/camara-agro-governanca/>.
Elaboração dos autores.
O plano de ação da Câmara do Agronegócio 4.0 (Brasil, 2021b) foi com-
posto de sete seções. Após breve apresentação e contextualização, o documento
estabeleceu a metodologia de elaboração do plano em quatro pilares, que foi
da identicação de ações e iniciativas, indicação de instituições responsáveis e
atores envolvidos até a estimativa quanto à necessidade de recursos nanceiros.
Em seguida, traçaram-se os principais desaos elencados pelos GTs da Câmara
Agro 4.0, os quais serviram de base para a proposição de ações e iniciativas. Para
cada um dos quatro grupos de trabalho, foram colocadas de duas a três ações
capazes de auxiliar no enfrentamento dos desaos observados. Na seção seguinte,
detalhou-se a implementação do plano de ação por meio de dois conjuntos de
estratégias, quais sejam as estratégias de implementação e comunicação, e na
sequência incluíram-se as considerações nais.
20. A Câmara da Indústria ainda apresenta uma seção chamada ProFuturo, a qual anexa um documento referente ao
plano de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) para manufatura avançada no Brasil, divulgado em dezembro de 2017.
A Câmara das Cidades não apresenta um plano de ação, mas traz uma seção chamada Carta Brasileira para Cidades
Inteligentes, que oferece mais de 160 recomendações apoiadas em oito objetivos estratégicos.
Internet das Coisas e Conectividade no Campo
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No âmbito de programas e iniciativas da Câmara do Agronegócio, tem-se
o Programa Agro 4.021 referente a uma iniciativa da Agência Brasileira de De-
senvolvimento Industrial (ABDI) e parceiros, que visa a estimular e fomentar o
uso de tecnologias 4.0 no agronegócio – por meio de editais, eventos, encontros,
informações e demais ações focadas em aumento de eciência, de produtividade
e redução de custos, além do e-Campo,22 uma plataforma de capacitações online
da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
De forma complementar, a IoT é parte importante do ciclo 2022-2026 da
Estratégia Brasileira de Transformação Digital (Brasil, 2022c), atualização prevista
no Decreto no 9.319/2018 (Brasil, 2018a) – documento que instituiu o Sistema
Nacional para a Transformação Digital e estabeleceu a estrutura de governança
para a implantação da Estratégia Brasileira para a Transformação Digital. Já nos
objetivos especícos dos Eixos de Transformação Digital, colocou-se a promoção
do desenvolvimento de soluções tecnológicas nas áreas prioritárias de saúde, agro-
pecuária, indústria e cidades inteligentes, justamente as quatro verticais propostas
pelo Plano Nacional de IoT – antes da inclusão do setor de turismo. Ainda, entre
os objetivos envolvendo infraestrutura e acesso às TICs, destaca-se a expansão das
redes de acesso em banda larga móvel e xa, em áreas urbanas e rurais23 – esta que
segue à margem da ampla conectividade, para ampliar o acesso da população à
internet e às tecnologias digitais.
Com relação à questão de conectividade em áreas rurais, coloca-se foco na
utilização de recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomu-
nicações (Fust) como ação estratégica para o quadriênio 2022-2026 – isto é, a
viabilização “da aplicação de recursos do Fust na expansão do acesso à banda larga
e na ampliação de seu uso, tanto em ambientes urbanos como em áreas rurais e
remotas” (Brasil, 2022a, p. 21). A partir de resultados do quadriênio 2018-2022,
conrmou-se a reformulação do Fust, bem como a edição da nova lei, a qual
aguarda análise da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para regula-
mentar sua operacionalização.
2.3 IoT e agronegócio
No setor rural, segundo Seixas e Contini (2017), a IoT envolve serviços de tecno-
logias da informação e software, principalmente big data e ferramentas de geren-
ciamento de propriedades rurais.24 Entre os exemplos de aplicabilidade da IoT, é
21. Disponível em: <http://agro40.abdi.com.br/>. Acesso em: 5 out. 2022.
22. Disponível em: <https://www.embrapa.br/e-campo>. Acesso em: 5 out. 2022.
23. Em 2021, ministros dos cinco países dos Brics decidiram cooperar em iniciativas de inclusão digital, com particular
ênfase na expansão da conectividade em áreas rurais remotas (Brasil, 2022c).
24. Ronsom, Amaral e Vieira Filho (2021) observaram empiricamente fatores que levam a uma maior agilidade nas
inovações no setor agropecuário por meio de estudo de caso na Embrapa.
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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possível relacioná-la ao monitoramento do solo, em termos de umidade e níveis
de nutrientes, por meio da análise de produtividade em pequenas parcelas, bem
como ao acompanhamento do crescimento e possíveis surtos de doenças em cul-
turas. Ainda, há utilização na pecuária, na otimização de equipamentos agrícolas,
além de usos mais personalizados e ecientes de insumos e mão de obra, com
consequente aumento da produtividade e dos rendimentos do agronegócio.
Segundo a literatura, também são encontradas melhorias no controle -
tossanitário das exportações por meio da implementação de sistemas de rastre-
amento por IoT (Nogueira, 2020) e na qualidade de controle de desempenho
zootécnico animal, avaliação de processamento de alimentos e previsão de variá-
veis meteorológicas (Bertollo, Castillo e Busca, 2022).
Soares et al. (2021, p. 9) destacaram ainda que a ampliação da conectivi-
dade, por meio da geração de dados em maior escala e conabilidade, além de
permitir melhores tomadas de decisão aos produtores rurais,25 pode proporcionar
“ao governo formulação assertiva de novas políticas públicas, que poderão ser
customizadas para determinadas regiões, resultando em eciência e tempestivida-
de das ações”. De forma complementar, Vieira Filho, Gasques e Ronsom (2020)
apontaram alguns indicadores, baseados nos dados do Censo Agropecuário, que
podem acelerar ou retardar as inovações no contexto do agronegócio brasileiro,
realçando a relevância do acesso à informação por meio, por exemplo, da internet.
O número crescente de startups fornecedoras de sistemas para o agronegócio
ilustra o potencial da aplicação da IoT nesse setor. Seixas e Contini (2017) ressal-
tam os casos de Agrosmart26 e Strider, que foi comprada pela Syngenta,27 como
exemplos da vitalidade do setor privado brasileiro, enquanto Soares et al. (2021)
complementam os casos de sucesso envolvendo startups do setor agropecuário ao
mencionar a Ecotrace, atuante na área de rastreabilidade de carne bovina, de aves
e de algodão, a Agrorobótica, que trabalha com análise inteligente do solo, e a
Gestão Integrada de Recebíveis do Agronegócio (Gira) na área de ntechs.
Alguns trabalhos buscaram caracterizar a relação entre IoT e agronegócio de
acordo com publicações sobre o tema. Costa, Oliveira e Móta (2018) realizaram
pesquisa exploratória no acervo de publicações da base de dados Scopus com o
intuito de investigar o papel da IoT dentro das atividades agrícolas, em artigos
25. Barbosa e Martins (2021) sustentam que o conhecimento obtido com as análises de maiores quantidades de
dados estará associado não somente ao processo produtivo agrícola, mas também auxiliarão nas tomadas de decisão
das esferas relacionadas a financiamento, seguros, logística, marketing, entre outras áreas-chave do agronegócio.
Disponível em: <https://agrosmart.com.br/>. Acesso em: 11 nov. 2022.
26. Disponível em: <https://agrosmart.com.br/>. Acesso em: 11 nov. 2022.
27. Disponível em: <https://www.syngenta.com.br/press-release/institucional/syngenta-conclui-aquisicao-da-
strider#:~:text=A%20Syngenta%20anunciou%20hoje%20que,a%20Syngenta%20e%20a%20Strider>. Acesso em:
11 nov. 2022.
Internet das Coisas e Conectividade no Campo
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escritos em inglês entre 2012 e 2017. Com 21 trabalhos analisados, os autores
destacaram a área de cadeia de suprimentos como tema frequente de análise e
colocaram a IoT como ferramenta importante no gerenciamento das tomadas de
decisão, além do monitoramento e da atuação na atividade agrícola. Como prin-
cipais desaos, são elencados a necessidade de contínua evolução de tecnologias
subjacentes, bem como questões de falta de conectividade no campo.
Em outra análise qualitativa por meio de pesquisa bibliográca em artigos
cientícos, sites e notícias, Barbosa e Martins (2021) colocaram a IoT como de-
terminante para a potencialização e expansão do agronegócio no Brasil e rear-
maram sua capacidade em auxiliar nas tomadas de decisão por meio da utilização
de sensores e drones combinados com big data e inteligência articial. Além disso,
colocou-se a IoT como um fenômeno conduzido majoritariamente por players
globais, mas cuja implementação regional depende ainda de fatores culturais, eco-
nômicos e institucionais.
Em análise mais abrangente, Nogueira (2020) objetivou avaliar as potencia-
lidades quanto à utilização da IoT no agronegócio em termos de impactos econô-
micos e disponibilidade de políticas públicas. Ao analisar as aplicações no âmbito
rural presentes no estudo que serviu de base para a elaboração do Plano Nacional
de IoT, o autor constatou o “processo de criação de um novo sistema nacional de
inovação para a aplicação de IoT no agronegócio por meio da articulação entre
governo, instituições de ensino e pesquisa e empresas” (Nogueira, 2020, p. 44).
Entre as diculdades associadas à implementação da IoT no campo, des-
ponta como um dos principais desaos a questão da conectividade. Castillo e
Bertollo (2022), ao avaliar a presença de redes de internet no território brasileiro
e as possibilidades para o campo, argumentam que a efetiva colocação em prática
da IoT na produção agrícola depende do acesso à internet e aos dispositivos po-
pulares, como os smartphones. Essas seriam “condições indispensáveis para que o
produtor rural possa se beneciar do uso da tecnologia da informação empregada
no campo” (Castillo e Bertollo, 2022, p. 492).
Segundo Milanez et al. (2020), baseado na percepção de participantes de
um workshop de dois dias realizado na sede do BNDES, com a presença de mais
de cem participantes, entre os quais representantes dos usuários de tecnologia,
fornecedores e instituições que atuam no setor, em todos os painéis28 do evento,
a ausência ou limitação de conectividade foi colocada como a principal barreira
para a expansão do uso de IoT. Outros fatores relevantes apontados envolvem a
diculdade de percepção de valor quanto ao investimento necessário para adotar
a IoT por parte dos produtores rurais, além da inexistência (ou percepção de
28. O workshop foi dividido em quatro painéis: i) proteína animal; ii) culturas anuais (grãos e algodão); iii) frutas,
legumes e verduras; e iv) culturas de ciclo longo (cana-de-açúcar e silvicultura).
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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inexistência) de nanciamento adequado para aquisição de serviços de IoT e da
falta de incentivos relacionada ao desenvolvimento de tecnologias no setor.
De acordo com Milanez et al. (2020), dados do Censo Agropecuário de
2017, do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística (IBGE), indicaram que a
cobertura de banda larga em áreas rurais é baixa.29 Além disso, é preciso levar em
conta que as demandas por conectividade variam a depender dos diversos atores,
conforme exposto:
embora recentemente haja grande movimento do setor agrícola mais tecnicado
pelo uso de IoT nas diversas fases do processo produtivo, de armazenamento e de
comercialização, há grande disparidade entre esse tipo de demanda e as do produtor
rural sem ou com pouco acesso não só à internet como a serviços essenciais, como
Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER), saneamento básico, entre outros. Públicos
diferentes carecem de estratégias diferentes no que diz respeito a políticas públicas que
demandem conectividade no meio rural (Brasil, 2021a, p. 30).
Brasil (2021a) buscou identicar as áreas com ausência de cobertura de banda
larga no território brasileiro para então propor alternativas de ampliação da
conectividade no meio rural baseadas em estratégias regionalizadas e caracterização
dos produtores rurais em diferentes pers. O estudo gerou um mapa de orien-
tação para gestão com soluções envolvendo investimentos privados, desenvolvi-
mento de políticas públicas ou a combinação de ambas, a depender da região,
de forma a possibilitar uma priorização territorial de ações. Por m, estimou-se
a quantidade de antenas necessárias para aumentar a conectividade no campo,
incluindo a hierarquização das mais prioritárias em dois possíveis cenários. No
primeiro, em que 4.400 torres já existentes passaram a ter antenas de tecnologia
4G instaladas, os resultados indicaram aumento de quase 25% de cobertura nas
áreas com necessidade de conexão, enquanto, no segundo cenário, envolvendo
novas instalações, com 15.182 novas antenas, atingiu-se a cobertura praticamente
total do território rural com necessidade de conexão.
Uma análise alternativa da utilização de IoT no campo foi desenvolvida
por Bertollo, Castillo e Busca (2022), os quais consideraram que seu uso e
difusão são social e territorialmente muito seletivos, de tal forma que duas variáveis
combinadas dão uma dimensão dessa seletividade socioespacial. São elas: o
agronegócio globalizado (produtor de commodities prioritariamente voltadas à
exportação, concentrador de terra e de renda e controlado por grandes empresas
de comercialização e agroindústrias) e o meio técnico-cientíco e informacional
(com presença assegurada pelo Estado e pelas grandes empresas nos lugares com
maior potencial competitivo). Quando interconectadas, essas variáveis gerariam
29. Apesar disso, a cobertura vem sendo ampliada, por exemplo, entre os censos de 2006 e 2017, e, como toda a
economia, cresceu durante e após a pandemia de covid-19.
Internet das Coisas e Conectividade no Campo
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as condições ideais para a proliferação das tecnologias da informação no campo.
Ademais, colocou-se a condição das infraestruturas, efetivadas pelas antenas de
telefonia móvel e cabos de bra ótica, como importantes para explicar o cresci-
mento da IoT no campo.
Ainda conforme Bertollo, Castillo e Busca (2022), as principais diculdades
para capilarizar a IoT no campo são a disparidade de renda dos produtores em
distintas partes do território, a gigantesca concentração fundiária e a distribuição
desigual das infraestruturas que promovem a acessibilidade à internet.30 Entre as
soluções propostas pelos autores estão a instalação de estações rádio base (ERBs)
em locais selecionados, custeadas pelos próprios produtores e/ou pelo Estado, o
uso de internet via satélite e a utilização de plataformas como a Airband.31 De
forma complementar, os autores colocaram a importância da atuação de agentes
públicos e instituições de pesquisa para prover conexão à internet por meio de
apoio técnico a pequenos produtores – por exemplo, com o uso de plataformas
abertas e assessoria – e ressaltaram o papel crescente dos provedores regionais para
capilarizar a conexão à internet no campo ao atender, sobretudo, demandas de
pequenos produtores rurais da agricultura familiar e assentamentos.
No contexto da agricultura familiar no Brasil, Pinto e Freitas (2021) bus-
caram avaliar a aplicabilidade da IoT a tal realidade. Segundo os autores, a
IoT pode oferecer avanços que envolvem melhor eciência na utilização de
insumos, redução de custos, sustentabilidade, além de segurança alimentar e
proteção ambiental. Embora ressaltem a existência de problemas relacionados à
durabilidade de dispositivos e a questões de interoperabilidade, concluem que
há possibilidade de transformação, por meio do uso da IoT, da “agricultura
familiar em uma agricultura inteligente e sustentável em razão da economia de
recursos naturais e possibilidade de existência de menos externalidades negativas”
(Pinto e Freitas, 2021, p. 699).
Entretanto, Bertollo, Castillo e Busca (2022) argumentaram que a “incorpo-
ração da IoT no campo brasileiro estabelece um novo padrão de competitividade
para os agentes hegemônicos e para as regiões produtivas mais especializadas, des-
valorizando, portanto as porções do território ocupadas pela agricultura familiar”.
30. Mais informações sobre estudos sobre a heterogeneidade estrutural do agronegócio disponíveis em Vieira Filho,
(2013); Vieira Filho, Santos e Fornazier (2013).
31. Essas plataformas são capazes de capilarizar a conectividade onde a internet não chega, por meio dos canais
vazios de televisão, os chamados TV white spaces.
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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Nesse sentido, colocaram como fundamental que “porções do território bra-
sileiro onde predomina a agricultura familiar sejam contempladas com a expansão
da informacionalização do campo, preferencialmente por políticas públicas nas
diversas escalas de governo”.
Um exemplo de atuação do governo federal para levar conectividade
a assentamentos e localidades remotas com vocação para o agro é a iniciativa
hub Comunidades Rurais Conectadas, uma parceria do Mapa com o MCTI e
governos estaduais. Por meio da conexão via satélite, a primeira fase do programa
objetivou conectar 166 comunidades rurais, que incluem assentamentos, escolas
e áreas rurais remotas e privilegiam regiões com demandas de desenvolvimento
regional para o agro. Os pontos estão distribuídos em 134 municípios de dez
estados, prioritariamente das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.32 A conec-
tividade em “áreas rurais isoladas promove inclusão social e estimula o cooperati-
vismo, ampliando não somente informações que possam beneciar essas comu-
nidades, mas também as possibilidades de assistência técnica e extensão rural”
(Brasil, 2022d).
2.4 Políticas de fomento
A Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991 (Lei de Informática) (Brasil, 1991),
a Lei no 13.969, de 26 de dezembro de 2019 (Brasil, 2019b), e o Decreto
no 10.356, de 20 de maio de 2020 (Brasil, 2020), são os principais instrumentos
legais que tratam de investimentos de empresas em pesquisa, desenvolvimento
e inovação no setor de TICs no Brasil.33 A primeira nasceu com uma proposta
claramente protecionista, mas já foi adaptada para atender aos princípios da Or-
ganização Mundial do Comércio (OMC), após reclamações de países-membros
junto ao órgão.
Em síntese, empresas que exerçam atividades de desenvolvimento ou pro-
dução de bens de TICs que atendem à Lei de Informática e ao Decreto no 10.356
fazem jus a créditos nanceiros. Esse arcabouço jurídico propiciou o desenvol-
vimento de diversos institutos de pesquisa de TICs, notadamente na região de
Campinas (São Paulo), mas também em outras regiões, como Santa Rita do
Sapucaí (Minas Gerais), Florianópolis (Santa Catarina) e Recife (Pernambuco).
Além da legislação e de instituições especializadas no tema de TICs, o
setor conta também com as organizações que fomentam pesquisa e inovação em
sentido mais amplo: a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Cientíco e Tecnológico (CNPq), o BNDES e
32. Disponível em: <https://www.canalrural.com.br/noticias/agricultura/governo-inaugura-hub-da-iniciativa-comunidades-
rurais-conectadas-em-ms/>. Acesso em: 30 nov. 2022.
33. Disponível em: <https://www.gov.br/mcti/pt-br/acompanhe-o-mcti/lei-de-tics>. Acesso em: 16 out. 2022.
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141
as instituições do Sistema S: o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae),
além das federações e confederações da indústria, a Embrapa, a ABDI e, mais
recentemente, a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).
Como forma de incentivar o desenvolvimento e a adoção da IoT no cenário
nacional, diversas instituições oferecem linhas de nanciamento, suporte técnico,
entre outros. Essa seção abordará em mais detalhes algumas dessas oportunidades.
2.4.1 Políticas de fomento do lado da demanda
O BNDES Crédito Serviços 4.034 é um nanciamento para contratação de serviços
tecnológicos, credenciados pelo BNDES e associados à otimização da produção,
à viabilização de projetos de manufatura avançada e à implantação de soluções
de cidades inteligentes e similares. A IoT representa uma das categorias denidas
como serviços tecnológicos, ao lado de, por exemplo, digitalização, manufatura
avançada, entre outros. Esse crédito do BNDES pode ser solicitado, conforme
lista de fornecedores e serviços já credenciados junto ao BNDES, por três tipos de
atores, quais sejam empresas sediadas no país, administração pública e produtores
rurais. Com relação às características do nanciamento, o BNDES pode ter par-
ticipação de até 100% do investimento, com prazo total de dez anos, incluindo
carência de até dois anos.
2.4.2 Políticas de fomento do lado da oferta
A Finep e o MCTI lançaram em 2020 o primeiro edital35 na temática de tecno-
logias 4.0, ou seja, visando ao fomento e à seleção de projetos de inovação nas
temáticas agronegócio 4.0, cidades inteligentes, indústria 4.0 e saúde 4.0, por
meio da concessão de recursos de subvenção econômica para o desenvolvimento
de produtos, processos e/ou serviços inovadores dentro do escopo das respecti-
vas linhas temáticas e tecnologias habilitadoras. O montante disponibilizado de
recursos não reembolsáveis do Fundo Nacional de Desenvolvimento Cientíco
e Tecnológico (FNDCT) totalizou R$ 50 milhões, sendo R$ 45 milhões divi-
didos igualmente entre as áreas de agronegócio 4.0, indústria 4.0 e saúde 4.0, e
R$ 5 milhões para a área de cidades inteligentes.
Fernandes, Barros e Hamatsu (2020) buscaram caracterizar e avaliar, por
meio da supramencionada Seleção Pública Tecnologias 4.0 da Finep e do MCTI,
a demanda para o apoio à inovação nas empresas brasileiras, com ênfase no agro-
negócio 4.0. De maneira geral, os autores ressaltaram que muitos projetos foram
bem avaliados em todas as linhas temáticas, porém não receberam subvenção
34. Disponível em: <https://www.bndes.gov.br/wps/vanityurl/bndes-credito-servicos-4.0>. Acesso em: 6 out. 2022.
35. Disponível em: <http://www.finep.gov.br/chamadas-publicas/chamadapublica/643>. Acesso em: 6 out. 2022.
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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dado o limite disponível, o que aponta para a necessidade de continuidade do
fomento à inovação no segmento 4.0. Os autores ainda avaliaram a relação entre
o tamanho das empresas e o número de projetos submetidos e valores solicita-
dos. As micro e pequenas empresas foram responsáveis por 57,8% do montante
solicitado e 74,1% dos projetos enviados, respectivamente, enquanto os mesmos
percentuais para empresas médias foram de 23,7% e 15,2%, respectivamente e,
para empresas grandes, de 18,5% e 10,7%. Ainda, as principais tecnologias
habilitadoras autodeclaradas pelas empresas foram inteligência articial, compu-
tação em nuvem e IoT, e a região Sudeste destacou-se como maior demandante
de recursos e quantidade de projetos, respectivamente 50,2% e 48,0% do total,
liderada pelo estado de São Paulo. Não menos importante, com relação às linhas
temáticas, as maiores quantidades de projetos submetidos, e também escolhidos
para receber nanciamento, foram da indústria 4.0, seguido de agronegócio 4.0,
saúde 4.0 e cidades inteligentes.
3 CASOS DE SUCESSO
O country of origin eect, ou efeito do país de origem, é um conceito que pode
ser denido como a inuência que a origem do país que manufatura, monta
ou desenha um bem tem na percepção positiva ou negativa daquele produto.
O Brasil, além de produzir bens de alta tecnologia, como os aviões da Embraer, e
explorar petróleo em condições extremamente adversas, o que requer tecnologias
extremamente sosticadas, baseou-se em ciência e tecnologia, conforme apon-
tado por (Vieira Filho e Fishlow, 2017), para a construção institucional da qual
dependeu a dinâmica revolucionária observada na agricultura tropical. Segundo
os autores,a mudança tecnológica no setor agropecuário brasileiro está associada
à complexidade das trajetórias de inovação ao longo da cadeia produtiva.
Esta seção tem o objetivo de ilustrar que há motivos para otimismo, ou
seja, o país tem condições não só de implementar as tecnologias de IoT, mas até
mesmo de desenvolvê-las em classe mundial. São exemplos de ganhos de produ-
tividade para a economia.
O CPqD, com apoio da Finep e do BNDES, criaram o projeto AgroTICs,
que desenvolveu uma rede móvel privada e de banda larga especíca para áreas
remotas e participou do desenvolvimento de uma rede móvel privada para o gru-
po São Martinho. A solução desenvolvida pelo CPqD é composta de uma ERB e
de terminais veiculares adaptados aos requisitos operacionais das usinas de cana.
A empresa possui um Centro de Operações Agrícolas, no qual todos os
dados do campo são controlados em tempo real. Por meio da utilização de inte-
ligência articial, processos e o desempenho dos equipamentos são otimizados, e
potenciais pragas são detectadas (São Martinho, 2020).
Internet das Coisas e Conectividade no Campo
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143
Outro exemplo foi o desenvolvimento – pelo Centro de Pesquisas Avançadas
Wernher von Braun – da tag de ultra-alta frequência utilizada por milhões de
veículos nos pedágios brasileiros, bem como dos sensores para identicar, rastrear
e autenticar bens produzidos no Brasil.36 Tal solução dialoga diretamente
com o agronegócio, que sofre com a baixa eciência e os gargalos da infraestrutura
logística, a qual ganhou importância com a ocupação pela agropecuária do
Centro-Oeste e áreas da região Norte a partir da década de 1960 (Garcia e
Vieira Filho, 2021).
A solução do instituto foi a primeira do mundo a utilizar criptograa avan-
çada, e a instituição participou de modo decisivo na redação da norma interna-
cional sobre o assunto (ISO 29167/10).
Um modelo de negócios de mobilidade como serviço permite o comissio-
namento de equipamentos de rede já disponíveis e viabiliza o rastreamento de
ativos e cargas em veículos em rodovias no Centro-Sul e litoral do país, de modo
já compatível com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei no 13.709, de
14 de agosto de 2018). Esse tipo de tecnologia representa um potencial de reduzir
o elevado sobrepreço no valor dos produtos, em função do alto risco do roubo
de carga no país, que representou valores superiores a R$ 1 bilhão em 2021, de
acordo com levantamentos do setor.37
4 PROPOSTAS DE POLÍTICAS
4.1 Regulação
A comunicação maciça do tipo máquina (mMTC) (Hong, Ryu e Lee, 2021) – ou
IoT massivo – pode ser viabilizada com as novas especicações de rádio de 5G.
Ela será viabilizada com o uso de dispositivos com baterias de longa duração,
podendo comportar a ordem de grandeza de milhões de dispositivos em 1 km².
Nesse contexto, há dois aspectos de extrema relevância a serem considera-
dos. O primeiro é a falta de adequação regulatória à realidade da economia digital.
O contexto de 16 de julho de 1997, quando foi promulgada a Lei no 9.472 (Brasil,
1997), que criou a Anatel, é completamente diferente da atual. Os serviços de tele-
comunicações stricto sensu são cada vez menos relevantes, ao passo que os serviços
de internet e dados são de prima importância. Trata-se de fato reconhecido pela
própria agência.38 Um novo arcabouço regulatório e denição de competências e
responsabilidades deve ser analisado pelo mais alto escalão do governo federal, para
36. Disponível em: <https://www.thetechnologyheadlines.com/magazine/subscription/web/shared/Dariofhdfe4695/>.
37. Disponível em: <https://www.portalntc.org.br/ntclogistica-divulga-pesquisa-do-roubo-de-cargas-2021/#:~:text=Confira
%20aqui%20a,Compartilhe%20isso%3A>. Acesso em: 17 out. 2022.
38. Disponível em: <https://www.convergenciadigital.com.br/Telecom/Anatel-articula-propostas-ao-proximo-governo-
sobre-regulacao-da-internet-61432.html?UserActiveTemplate=mobile>. Acesso em: 17 out. 2022.
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submissão de proposta ao Congresso Nacional. Importante lembrar que a LGPD
(Brasil, 2018b) versa exclusivamente sobre o tratamento de dados pessoais.
4.2 Formação e contratação de talentos39
Segundo várias organizações setoriais, existe uma falta expressiva de prossionais
qualicados de TICs no Brasil. A análise desenvolvida pelos autores, com base em
dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), indica que o salário dos
programadores teve valorização acima da inação no período de 2010 a 2020, o
que parece conrmar a demanda acima da oferta nesse mercado.
Várias empresas têm promovido cursos de formação. Algumas têm se quei-
xado que prossionais brasileiros têm sido contratados – virtual ou presencial-
mente – por empresas estrangeiras. Nesse quesito, deve-se avaliar a facilitação da
contratação de prossionais latino-americanos que sejam capazes de compreender
o idioma português e em países onde o câmbio seja favorável para a contratação.
Deve-se também desenvolver programas para aumentar a formação e a contrata-
ção de prossionais do sexo feminino, que são minoria no setor.
Em prazo mais longo, existem programas bem estruturados de identica-
ção de talentos de raciocínio lógico-quantitativo em tenras idades no Brasil: as
Olimpíadas do Conhecimento, em particular a Olimpíada Brasileira de Matemá-
tica das Escolas Públicas (Obmep),40 a Olimpíada Brasileira de Informática41 e a
recém-lançada Olimpíada Brasileira de Chip.42 A Obmep promove um programa
de iniciação cientíca (o PIC Jr.), oferecido a todos vencedores de medalhas no
certame. Uma bolsa de R$ 100 e aulas são oferecidas aos alunos. Programa seme-
lhante voltado para as TICs poderia ser oferecido aos medalhistas da Obmep e da
Olimpíada Brasileira de Informática, desenvolvendo competências para futuros
prossionais que utilizarão tais conhecimentos em suas trajetórias prossionais,
no próprio setor de TICs ou em outros setores.
Deve-se incentivar também na educação básica – especialmente com a opor-
tunidade dada pelos itinerários formativos da nova Base Nacional Comum Cur-
ricular (BNCC) do ensino médio43 – o ensino baseado em metodologias ativas e
o desenvolvimento de espaços maker.44
39. O Ipea está desenvolvendo uma pesquisa sobre trajetórias ocupacionais de profissionais de tecnologia da
informação (TI).
40. Disponível em: <http://www.obmep.org.br/>. Acesso em: 25 jan. 2023.
41. Disponível em: <https://olimpiada.ic.unicamp.br/>. Acesso em: 25 jan. 2023.
42. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=JiAWF8npWM4>. Acesso em: 26 jan. 2023.
43. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 25 jan. 2023.
44. Há um interessante programa para desenvolvimento de espaços maker paulistas, disponível em:
<https://makerspaceiot.febrace.org.br/>. Acesso em: 16 dez. 2022.
Internet das Coisas e Conectividade no Campo
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4.3 Fomento à demanda
Embora o Brasil possua um robusto sistema setorial de inovação, com a oferta
de um grande leque de programas de apoio à produção tecnológica, é de pleno
conhecimento, no que diz respeito à inovação de produtos ou processos para o
mercado no Brasil, que os indicadores não são favoráveis, especialmente com
relação às empresas médias e pequenas (ABDI, 2019).
Nesse contexto, a expansão da adoção da IoT no cenário nacional vai
depender em grande medida da atuação das organizações setoriais do próprio
setor privado, mas o governo federal pode criar um portal de divulgação de boas
iniciativas. Um excelente exemplo a ser considerado é o do Internet of Food and
Farm 2020, da União Europeia.45 O portal apresenta diferentes casos de aplicação
de IoT no campo, como o monitoramento analítico da criação de suínos e aves,
rastreabilidade de alimentos e otimização da tomada de decisão na cadeia de
suprimentos de bovinos, viabilizando também o contato com as equipes desen-
volvedoras da solução.
É importante notar dois pontos nesse quesito. Existe uma diculdade técnica,
em função de vários aspectos que devem ser considerados na implantação de
projetos de IoT: o hardware (dispositivos), a conectividade, a interoperabilidade,
a rede, a segurança da informação, muitas vezes com a necessidade de atuação
das chamadas integradoras. Ou seja, deve-se ampliar a ênfase na inovação de pro-
cessos, quando historicamente as políticas privilegiaram a inovação de produtos.
O segundo ponto a ressaltar é que metodologias usualmente propostas para
estimular a adoção da IoT pressupõem uma evolução em etapas. Ou seja, primeiro
é necessário efetuar o trabalho de base, de análise da estratégia, dos produtos, para
depois se escalarem os projetos tecnológicos. É importante que os fornecedores
de soluções desenvolvam diferentes modelos de negócio, propiciando a escolha
entre maior gasto de capital ou de custeio, de modo a atender às necessidades
dos clientes.
4.4 Conectividade no campo
A falta de conectividade no campo46 obviamente é um obstáculo à expansão
das tecnologias de IoT no agro brasileiro. Mesmo no estado de São Paulo, o
mais rico do país, trata-se de uma realidade que deve ser tratada com atenção.
Uma alternativa promissora capaz de acelerar a mudança desse cenário refere-se à
45. Disponível em: <https://www.iof2020.eu/>. Acesso em: 1 fev. 2023.
46. De acordo com Vieira Filho, Gasques e Ronsom (2020), dados do Censo Agropecuário apontaram que apenas
12,1% dos estabelecimentos rurais, aproximadamente 615 mil, tinham acesso à internet em 2017.
Agropecuária Brasileira: evolução, resiliência e oportunidades
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utilização de recursos do Fust para ampliação da cobertura no campo.47 Conforme
Brasil (2022a), que regulamentou a Lei no 9.998, de 17 de agosto de 2000 (Brasil,
2000), a qual instituiu o Fust, um dos objetivos para os quais passam a destinar-se
os recursos do fundo contempla a inovação tecnológica de serviços de teleco-
municações no meio rural. Tal iniciativa tem apoio político48 e do meio empresa-
rial – por exemplo, Associação ConectarAgro –,49 além de estar sendo discutida e
fomentada por fóruns e grupos de trabalho da Câmara Agro 4.0. Ainda, é impor-
tante que os recursos do Fust não sejam contingenciados.
Está aguardando regulamentação50 a Lei no 14.475, de 13 de dezembro de
2022 (Brasil, 2022b), que cria a Política Nacional de Incentivo à Agricultura e
Pecuária de Precisão. O texto prevê uma série de medidas que pode beneciar a
introdução das tecnologias de IoT no campo, tais como: a criação de redes de
pesquisa direcionadas ao acesso dos pequenos e médios proprietários à agricultura
e pecuária de precisão; a criação de instrumentos de nanciamento; o estímulo
a investimentos que permitam a cobertura de internet nas áreas rurais do país.51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entre os desaos que cercam a popularização da IoT no Brasil, o principal deles
contempla a necessidade de que a adoção não seja restrita a casos de sucesso, mas
que ganhe escala e seja uma realidade difundida em diversos setores. Nesse con-
texto, merece destaque o agronegócio, setor que representa algo em torno de um
terço do PIB brasileiro, metade das exportações e um quinto do emprego nacio-
nal (Vieira Filho, 2022), e cujo crescimento está baseado, fundamentalmente, em
tecnologia (Gasques et al., 2022). O objetivo deste trabalho, portanto, envolveu
caracterizar a utilização de IoT no agronegócio brasileiro por meio de diferentes
análises, além de fazer o levantamento de casos de sucesso, para então propor
políticas públicas.
Com relação à caracterização do cenário nacional de IoT, partiu-se inicial-
mente de uma análise bibliométrica que contemplou 179 documentos entre os
anos de 2013 e 2022, com o intuito de fornecer resultados indicativos das princi-
pais tendências desse campo. Em seguida, detalharam-se o Plano Nacional deIn-
ternet das Coisas e a Câmara do Agronegócio 4.0. Ainda, foi feita uma revisão de
47. Disponível em: <https://www.telesintese.com.br/ministerio-da-agricultura-pretende-atrair-conectividade-por-
meio-de-beneficio-fiscal/>. Acesso em: 26 out. 2022.
48. Disponível em: <https://www.camara.leg.br/noticias/896973-deputado-quer-garantir-aplicacao-de-recursos-do-
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49. Disponível em: <https://teletime.com.br/06/05/2022/conectaragro-quer-toda-area-agricola-do-brasil-coberta-em-
seis-anos/>. Acesso em: 26 out. 2022.
50. Disponível em: <https://www.correiodopovo.com.br/especial/lei-amplia-acesso-%C3%A0-agricultura-de-
precis%C3%A3o-para-pequenas-e-m%C3%A9dias-propriedades-rurais-do-brasil-1.975281>. Acesso em: 25 jan. 2023.
51. Disponível em: <https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/140314>. Acesso em: 26 out. 2022.
Internet das Coisas e Conectividade no Campo
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147
literatura com foco na aplicação de IoT no agronegócio – a qual realça o potencial
da utilização das tecnologias no campo e detalha os principais desaos para a efetiva
implementação –, bem como um levantamento de políticas de fomento aplicá-
veis à IoT no Brasil, tanto do lado da demanda quanto da oferta. Por m, foram
discutidos casos de sucesso e propostas de políticas públicas passíveis de inuenciar
positivamente a utilização de IoT no agronegócio.
Em suma, o Brasil já demonstrou ser capaz de atingir altos níveis de pro-
dutividade no campo, mas precisa ser capaz de superar barreiras como a da falta
de conectividade no meio rural para conseguir popularizar a tecnologia na maior
parte de tais estabelecimentos, e assim manter o agronegócio como um dos prin-
cipais pilares da economia brasileira.
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