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Gláuks: Revista de Letras e Artes-j
un/jul
2022-ISSN: 2318-7131-vol.22, no 2
UMA EXPLORAÇÃO DA ACEITABILIDADE DE DIFERENTES
COLOCAÇÕES PRONOMINAIS NO PORTUGUÊS DO BRASIL
DOI: 10.47677/gluks.v22i2.306
OLIVEIRA, Cândido Samuel Fonseca de 12
SÁ, Thaís Maíra Machado de 3
VIEGAS, Júlia Barbosa 4
MOURA, Augusto Brêtas de Moura5
GONÇALVES, Maria Clara de Oliveira 6
ARAÚJO, Erick Thiago Cardoso 7
RESUMO: Neste artigo, analisamos o comportamento de adolescentes frente a diferentes
colocações pronominais do português brasileiro (PB). Alguns estudos sugerem que os
pronomes oblíquos átonos de terceira pessoa estão entrando em desuso no PB e tendem a ser
adquiridos tardiamente via escolarização. Este estudo faz parte de um projeto que busca
avaliar ferramentas pedagógicas digitais para o ensino de línguas. Assim, além de contribuir
para a discussão sobre o processo de aquisição de pronomes, este trabalho também servirá de
base para a testagem dessas ferramentas. Através de um julgamento de aceitabilidade,
analisamos o desempenho de alunos do ensino técnico integrado ao médio em relação a três
colocações pronominais do PB: pronome reto em posição de ênclise e pronome oblíquo em
posição de próclise e de ênclise. Nossos resultados apontam que todas essas colocações
pronominais apresentam alta aceitabilidade. No entanto, os pronomes oblíquos em próclise
são os que apresentam a maior aceitabilidade e os pronomes retos os que apresentam a menor.
Interpretamos esses dados como um reflexo de treinamento linguístico e de frequência de uso.
Por fim, apontamos os próximos passos para a investigação sobre a aquisição desses
pronomes e sobre o teste de ferramentas digitais para o ensino de línguas.
PALAVRAS-CHAVE: Julgamento de Aceitabilidade, Pronomes Oblíquos de Terceira
Pessoa, Português Brasileiro.
1 Os autores agradecem à FAPEMIG, ao CNPQ e ao CEFET-MG pelo apoio financeiro
2 Professor doutor do CEFET-MG Campus Contagem. E-mail: coliveira@cefetmg.br
3 Doutora e Pós-doutoranda do Departamento de Neurociência da UFMG. E-mail: thaismaira@gmail.com
4 Aluna de Licenciatura em Inglês da UFMG e bolsista PIBIC/FAPEMIG no CEFET-MG Campus Contagem.
E-mail: julia.barbosaviegas@gmail.com
5 Aluno de Licenciatura em Inglês da UFMG e bolsista PICV no CEFET-MG Campus Contagem. E-mail:
augbrts@gmail.com
6 Aluna do Curso Técnico em Controle Ambiental e bolsista PIBIC-EM/CNPQ no CEFET-MG Campus
Contagem. E-mail: mariaclaraog@yahoo.com
7 Aluno do Curso Técnico em Controle Ambiental e bolsista PIBIC-JR/CEFET-MG no CEFET-MG Campus
Contagem. E-mail: erick.araujo.prof@gmail.com
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Introdução
Uma crescente gama de evidências empíricas vêm demonstrando que diferentes
experiências linguísticas naturalísticas ou controladas podem moldar o conhecimento
linguísticos dos falantes (cf. ENKIN; FORSTER, 2014; SQUIRES, 2014; OLIVEIRA et al.,
2017; FARMER et al., 2017; KAAN et al., 2019; HOPP, 2020). Esses achados trazem não
apenas evidências importantes para o entendimento da arquitetura da gramática mental, mas
também sugestões não triviais para o ensino de línguas, sejam elas nativas ou adicionais. Mais
especificamente, esses estudos sugerem que falantes podem ter seu custo de processamento
reduzido em determinadas estruturas linguísticas após repetidas exposições a elas. Assim,
parece plausível assumir que o contato com estruturas formais típicas da linguagem escrita
durante o processo de escolarização influencia a representação dessas ao longo do tempo.
Ademais, é possível considerar-se a hipótese de que ferramentas pedagógicas que têm por
objetivo expor os falantes a determinadas estruturas de forma recorrente podem desempenhar
um papel importante no processo de aprendizagem dessas mesmas estruturas.
Neste artigo descreveremos um estudo que compõe a identificação de estruturas que
se mostram cognitivamente desafiadoras na aquisição do português brasileiro (PB) como L1.
Mais especificamente, o estudo aqui apresentado teve por objetivo analisar quais colocações
pronominais do PB geram maior dificuldade para estudantes brasileiros de nível médio. O
contraste entre pronomes oblíquos (o/a) e pronomes retos (ele/ela) foi investigado por uma
escolha que partiu dos próprios alunos envolvidos em uma pesquisa que visa testar a hipótese
supracitada a partir de experimentos que testam os efeitos de aprendizagem gerados por
treinamento linguístico, envolvendo grande exposição a estruturas que parecem causar algum
tipo de dificuldade para os falantes.
A opcionalidade envolvendo o uso desses pronomes e suas possíveis colocações
podem revelar o papel da escolarização na representação deles. Há, na literatura de descrição
linguística, um amplo campo bibliográfico sobre os clíticos no PB estarem entrando em
desuso (CYRINO, 1994; KATO; RAPOSO, 2005; KATO; CYRINO; CORRÊA, 2009;
NUNES, 2015). Contudo, há poucos dados quantitativos sobre a aceitabilidade dessas
estruturas, ou seja, se os falantes consideram os clíticos em suas diferentes colocações como
ainda pertencente ao PB. Assim, faz-se necessária uma publicação dos dados aqui trazidos,
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por abordarem o julgamento real de falantes sobre a estrutura a partir de uma perspectiva
experimental. Por meio da técnica de julgamento de aceitabilidade, observamos o quão
natural os falantes nativos em processo de escolarização percebem os usos do clítico em
próclise (1), do clítico em ênclise (2) e do pronome reto em ênclise (3) na língua escrita.
1. Gabriel passou a roupa e a vestiu quente.
2. Gabriel passou a roupa e vestiu-a quente
3. Gabriel passou a roupa e vestiu ela quente.
A técnica de julgamento de aceitabilidade apresenta dados robustos de sua validade
interna e externa, demonstrando-se um método eficaz para avaliar a naturalidade de
construções em uma língua (SÁ et al., 2022). Por meio de uma escala Likert (LIKERT, 1932),
os falantes nativos julgaram se as sentenças eram nada naturais (valor 1 na escala) ou
completamente naturais (valor 7 na escala), permitindo observar se as formas pronominais e
suas colocações podem ser consideradas ou não como estruturas ainda vistas como
pertencentes à língua e se há diferenças significativas de aceitação entre as formas. Essa
análise em L1 pode lançar luz sobre o processo de aquisição dos pronomes clíticos, trazer
contribuições psicolinguísticas para o ensino de línguas e ainda servir de parâmetros para
construção de outros experimentos linguísticos.
Pronomes clíticos acusativos de terceira pessoa no PB
O pronome clítico acusativo de terceira pessoa (a/o/as/os), também conhecido como
pronome oblíquo átono8 pela Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), parece estar
entrando em desuso no PB, o que se diferiria do português europeu (PE) (cf. CYRINO, 1994;
KATO; RAPOSO, 2005; KATO; CYRINO; CORRÊA, 2009; NUNES, 2015). O não uso
desse pronome é mais evidente nas modalidades oral do PB e, consequentemente, a sua
aprendizagem é muito influenciada pela linguagem escrita. Segundo Nunes (2015), esses
pronomes são adquiridos tardiamente via escolarização ou simplesmente não o são.
Enquanto Nunes (2015) apresenta dados introspectivos de sentenças que possuam o
clítico de terceira pessoa, nosso trabalho buscou realizar uma análise empírica experimental
para observar a aceitabilidade desses pronomes no PB. Apesar de um grande número de
8 No presente estudo iremos utilizar as nomenclaturas pronomes oblíquos e pronomes clíticos sem distinção de significado.
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trabalhos que apresentam a questão da limitação do uso do clítico na língua (cf. CORRÊA,
1991; NUNES, 2011; MACHADO-ROCHA, 2013), nosso trabalho, até o nosso
entendimento, é o único que apresenta dados experimentais da compreensão de tal categoria
gramatical em suas diferentes colocações por adolescentes em processo de escolarização. Tal
abordagem se justifica quando pensamos na importância de dados quantitativos para a criação
de teorias linguísticas (cf. SCHULTZE, 1996; GIBSON; FEDORENKO, 2010; GIBSON;
PIANTADOSI; FEDORENKO, 2012) e na importância da avaliação de estruturas pelos
falantes da língua para a criação de métodos de ensino e aprendizagem dessas estruturas
(OLIVEIRA et al., 2020).
Oliveira e Machado-Rocha (2017) analisaram a diferença entre duas das três
colocações pronominais que buscamos investigar. Os autores conduziram uma tarefa de
julgamento de aceitabilidade para investigar o comportamento dos falantes nativos do PB com
nível de escolaridade variando entre ensino técnico integrado ao médio e pós-graduação frente
a pronomes oblíquos em posição de próclise e pronomes retos em posição de ênclise. Os
resultados indicaram que não houve diferença significativa entre as duas estruturas e ambas
apresentaram alto nível de aceitabilidade. Esses achados sugerem que, a partir do ensino
médio, o pronome oblíquo de terceira pessoa em posição de próclise já faz parte do repertório
linguístico dos falantes. Contudo, o pronome clítico em ênclise, que seria o menos utilizado
em PB, não foi analisado.
No estudo ora descrito estendemos tal comparação. Também a partir de uma tarefa de
julgamento de aceitabilidade, analisamos o comportamento de alunos do primeiro ano de
ensino técnico integrado ao médio em relação a três estruturas do PB: I. pronome oblíquo em
posição de próclise (1); pronome oblíquo em posição de ênclise (2) e pronome reto em
posição de ênclise (3).
1. Gabriel passou a roupa e a vestiu quente.
2. Gabriel passou a roupa e vestiu-a quente
3. Gabriel passou a roupa e vestiu ela quente.
Conforme apontado por Casagrande (2006), a mudança de posição do pronome
oblíquo foi uma das mudanças mais relevantes ao longo do tempo no PB. Estudos de Pagotto
(1993) e Cyrino (1994, 1996) se aprofundam nessas mudanças de posição e afirmam que, em
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PB atual, esses pronomes ocorrem de forma diferente daquela do português clássico (PC) e do
português europeu (PE). Observamos tais diferenças no pronome oblíquo em próclise (1), que
atualmente já seria uma estrutura mais frequente no PB coloquial atual e é agramatical no PE
em início de orações, por exemplo.
Como Casagrande (2006) afirma, há no PB coloquial um engessamento dos pronomes
oblíquos de terceira pessoa, que aparecem muito mais na posição de próclise, perdendo seu
movimento a partir do século XX. Dessa forma, a ênclise vem sendo abandonada no uso dos
pronomes oblíquos. Em paralelo, os pronomes retos ganharam espaço na função de objeto
nessa variedade linguística. Acreditamos que uma avaliação experimental das três ocorrências
do objeto direto é importante para um maior entendimento do fenômeno linguístico. A
comparação dos julgamentos realizados por adolescentes auxiliará na compreensão de quais
colocações pronominais causam mais estranhamento nessa população, o que contribui para a
análise linguística do fenômeno.
Portanto, o presente estudo busca identificar quais colocações pronominais (ênclise ou
próclise) causam maior dificuldade e/ou estranhamento entre alunos do ensino técnico
integrado ao médio. Além disso, busca-se perceber se o pronome reto em ênclise seria de
maior ou menor aceitabilidade do que o clítico em mesma posição. Baseados nas propostas
teóricas e nas evidências empíricas apresentadas nesta seção, formulamos a hipótese de que as
sentenças com pronome oblíquo em posição de ênclise apresentarão os menores índices de
aceitabilidade pela população investigada.
Materiais e Métodos
Participantes
46 alunos do primeiro ano de ensino técnico integrado ao médio, com idade de 14 a 16
anos, responderam nosso experimento de julgamento de aceitabilidade. Antes de iniciar a
tarefa, os estudantes maiores de 18 anos de idade assinaram um Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE), enquanto os menores assinaram um Termo de Assentimento
Livre e Esclarecido (TALE) e tiveram o TCLE assinado pelos pais9. Escolhemos esse público,
pois há evidências de que, nessa fase da escolarização, os alunos ainda estão no processo de
aprendizagem dos pronomes oblíquos de terceira pessoa. No corpus de Machado-Rocha
9 Projeto aprovado pelo comitê de ética (CAAE: 46886921.8.0000.8507).
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(2013), com falas espontâneas de alunos do ensino médio de Belo Horizonte, à guisa de
ilustração, esses pronomes não apareceram em nenhum momento. O estudo de Corrêa (1991)
demonstra que o clítico acusativo de terceira pessoa possui baixíssima frequência no discurso
de estudantes universitários e é praticamente inexistente no discurso de pessoas analfabetas.
Em relação à produção escrita, Nunes (2011) mostra que a frequência desses pronomes
oblíquos é baixíssima entre crianças de nove a dez anos, mas é alta entre estudantes
universitários. Segundo o autor, o uso dos pronomes oblíquos de terceira pessoa é resultado
do processo de escolarização e seu uso se mostra limitado a gêneros formais e à linguagem
escrita (NUNES, 2011, p. 14).
Materiais
A tarefa de julgamento de aceitabilidade consiste em pedir que participantes ingênuos
ao fenômeno linguístico investigado avaliem a estrutura de sentenças, criadas pelos
pesquisadores, a partir de sua percepção sobre aquela sentença ser ou não aceitável na língua
estudada (OLIVEIRA; SÁ, 2013; SÁ et al, 2022). Todas as sentenças-alvo foram controladas
na sua elaboração. Optamos por regularizar na posição do sujeito um sintagma nominal (SN)
composto por um substantivo próprio [+ animado], que era seguido de um sintagma verbal
(SV) no pretérito perfeito, e um SN na posição de objeto, que era formado por um artigo
definido e um substantivo [- animado]. O controle de animacidade do objeto, justifica-se pela
tendência de se associar os pronomes retos (ele/ela) a antecedentes que seriam objetos
animados, principalmente [+humanos], pois são frequentemente utilizados como agentes da
oração na posição de sujeito (cf. HOPPER; THOMPSON, 1980; CYRINO, 2003). Assim,
para que não haja uma variável confundidora nos dados e deixar tais pronomes em igualdade
experimental com os clíticos, optou-se por utilizar-se somente objetos inanimados. A segunda
parte das sentenças era introduzida pela conjunção "e" seguida do trecho alvo, no qual todos
os SVs que acompanhavam os pronomes eram dissílabos e transitivos diretos. Por fim, o
último segmento da sentença era um sintagma adverbial (SAdv), em sua maioria de tempo ou
modo, ou um sintagma adjetival (SAdj), de forma que os trechos alvo (pronome+verbo ou
verbo+pronome) não ficassem no final da sentença. O material utilizado para avaliação foi de
noventa trios de sentenças, que foram divididos em três scripts por meio de um quadrado
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latino10, cada um dos scripts era formado por dez sentenças em cada condição, trinta no total,
mais sessenta sentenças distratoras (Tabela 01).
Tabela 1 – Exemplo dos materiais construídos e sua distribuição
Sentença Script em que a sentença aparecia Condição
Maria pegou a bola e lançou-a longe. 01 oblíquo em ênclise
Maria pegou a bola e lançou ela longe. 02 reto em ênclise
Maria pegou a bola e a lançou longe. 03 oblíquo em próclise
Marcos tocou na rocha e sentiu-a fria. 02 oblíquo em ênclise
Marcos tocou na rocha e sentiu ela fria. 03 reto em ênclise
Marcos tocou na rocha e a sentiu fria. 01 oblíquo em próclise
Jair gosta de tocar guitarra. 01, 02 e 03 distratora
Os scripts foram programados na Cognition11, que é uma plataforma de edição on-line
de códigos que utiliza o repositório jsPsych, uma estrutura JavaScript para criar experimentos
comportamentais executados através de um navegador da web. A plataforma exibe as
sentenças aleatoriamente e registra as respostas dos participantes. Ademais, ela se destaca por
sua facilidade de uso e compartilhamento12.
Procedimentos
O uso dessa plataforma foi muito importante para a condução do experimento a
distância, que foi uma imposição devido ao período de pandemia da COVID-19. O
experimento foi realizado durante uma aula de redação e estudos linguísticos no período de
ensino remoto emergencial. Os estudantes levaram cerca de 10 a 15 minutos para concluir a
tarefa. Cada participante só acessava um dos três scripts e julgava a aceitabilidade de suas
sentenças em uma escala Likert de 7 pontos, sendo 1 para totalmente inaceitável, e 7 para
totalmente aceitável. Antes de iniciar, o experimento contava com uma fase de treinamento
para certificar que os participantes compreenderam a tarefa. O experimento visava observar a
aceitabilidade entre os pronomes retos (ele/ela) em ênclise e os pronomes oblíquos (o/a) em
próclise e em ênclise. Nossa hipótese era que o pronome oblíquo em ênclise seria aquele que
10O quadrado latino é um delineamento experimental utilizado para a distribuição de itens experimentais entre scripts de
forma que a distribuição das condições será igual para cada script, o que faz com que um sujeito tenha acesso a todas
condições e os itens não se repitam. Dessa forma, a taxa de erro que pode ser associada à tarefa diminui, dando mais
credibilidade aos dados.
11Disponível em: https://www.cognition.run.
12Para uso em estudos similares, podemos disponibilizar os códigos utilizados em nosso experimento a quem interessar,
basta entrar em contato por e-mail..
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receberia as menores notas no julgamento de aceitabilidade dos alunos, por ser a estrutura
menos frequente no PB dentre as investigadas.
Resultado e Discussão
Como vimos anteriormente, há propostas teóricas que sugerem que os pronomes
oblíquos de terceira pessoa são desenvolvidos tardiamente em um processo típico de
aquisição do PB como língua nativa. O estudo de Oliveira e Machado-Rocha (2017) apresenta
dados que sugerem que, a partir do ensino médio, os falantes já consideram os pronomes
oblíquos em posição de próclise tão aceitáveis quanto os pronomes retos em posição de
ênclise. Em nosso experimento, demos continuidade a essa investigação, analisando não
apenas sentenças com as estruturas supracitadas, mas também sentenças com pronomes
oblíquos em posição de ênclise.
A FIG. 1 ilustra a distribuição dos julgamentos de aceitabilidade em cada um dos
pontos da escala Likert que utilizamos. Como podemos observar no gráfico, no eixo X, temos
as notas e, no eixo y, a sua ocorrência. Todas as notas foram utilizadas para julgar a
aceitabilidade das três colocações pronominais sob escrutínio e os participantes
aparentemente evitaram utilizar os pontos mais extremos da escala, i.e., 1 e 7. As diferenças
mais notáveis parecem ser a menor quantidade de notas 6 para o pronome reto em
comparação com a nota 5 e a menor atribuição de nota 3 em relação a nota 2 para pronomes
oblíquos em ênclise. De modo geral, os gráficos sugerem que todas as colocações
pronominais foram avaliadas como bem aceitas em PB.
Figura 1 – Distribuição dos julgamentos de aceitabilidade atribuídos para cada colocação pronominal
Fonte: Elaboração própria.
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Prosseguimos para uma análise estatística descritiva com dois diagramas de caixa
(boxplot). As cruzes pretas mostram a média dos julgamentos, os quadrados ao redor das
cruzes indicam o intervalo de confiança de 95% da média e os entalhes representam o
intervalo de confiança de 95% das medianas. Os bigodes (ou whiskers) indicam o ponto mais
baixo e o mais alto dentro da amplitude interquartil de 1,5 do menor e do maior quartil
respectivamente. No primeiro diagrama (FIG.2) é possível notar a tendência de alta
aceitabilidade dos julgamentos emitidos pelos participantes para todas as colocações
pronominais com uma diferença muito sutil entre os pronomes oblíquos. Os julgamentos para
o pronome reto chamam atenção por terem ficado mais distribuídos que os demais com o seu
quartil inferior abrangendo a nota 3. A diferença entre as médias do grupo com pronome
oblíquo em próclise e o grupo pronome reto é muito similar àquela encontrada por Oliveira e
Machado-Rocha (2017). Em nosso estudo as médias foram respectivamente 4,67 e 4,41,
enquanto no estudo citado as médias foram 4,57 e 4,38.
Figura 2 – Diagramas de caixa dos julgamentos de aceitabilidade atribuídas a cada uma das colocações
pronominais.
Fonte: Elaboração própria.
Apesar de não ser a principal métrica para análises de julgamento de aceitabilidade,
analisamos descritivamente, no segundo diagrama, os tempos de reação dos participantes para
julgar cada uma das estruturas-alvo do nosso estudo. Como podemos perceber, na FIG. 03, o
não uso de um teto temporal resultou em um número considerável de valores atípicos
(outliers), representados pelos pontos acima do bigode. Os tempos de reação ficaram
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concentrados entre 5000 e 12000 milissegundos. Esses dados sugerem que o comportamento
dos participantes foi similar para julgar os três tipos de estruturas sob escrutínio no presente
trabalho.
Figura 3 – Diagramas de caixa dos tempos de reação para emitir os julgamentos de aceitabilidade a cada uma
das colocações pronominais.
Fonte: Elaboração própria.
Para analisar nossos dados, ajustamos um modelo misto de regressão logística ordinal
com a função Cumulative Link Mixed Models(CLMM) do pacote Ordinal do software
estatístico R13. Para isso, utilizamos o pacote Ordinal (CHRISTENSEN, 2019) na versão
2019.12–10 disponível no R versão 4.1.0 (R CORE TEAM 2021). Conforme apontado, esse
método de regressão é uma extensão dos modelos lineares para dados ordinais e, apesar de ser
um modelo paramétrico, não assume uma distribuição normal para a variável resposta
(ENDRESEN; JANDA, 2017). A análise começou com os efeitos fixos (com codificação
dummy) das três colocações pronominais e interceptos aleatórios para participantes e itens. O
pronome oblíquo em próclise foi utilizado como o nível de referência. A TAB.2 apresenta os
coeficientes dos nossos resultados.
13 Para mais informações sobre o pacote Ordinal, consultar https://cran.r-project.org/web/packages/ordinal/index.html
(acesso em: 24 de agosto de 2022). Para mais informações sobre sua função CLMM, consultar:
https://www.rdocumentation.org/packages/ordinal/versions/2019.12-10/topics/clmm (acesso em: 24 de agosto de 2022).
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Tabela 2 – Coeficientes de limiares do modelo14.
Julgamentos
Preditores Razão de Chances IC p
1|2 0,02 0,01 – 0,04 <0,001
2|3 0,09 0,05 – 0,14 <0,001
3|4 0,19 0,12 – 0,30 <0,001
4|5 0,56 0,36 – 0,88 0,012
5|6 2,03 1,30 – 3,17 0,002
6|7 35,70 21,26 – 59,95 <0,001
Pronome [oblíquo em ênclise] 0,74 0,59 – 0,94 0,012
Pronome [reto em ênclise] 0,69 0,54 – 0,87 0,002
Efeitos Aleatórios
σ23,29
τ00 participante 1,23
τ00 sentença 0,09
ICC 0,29
N participante 31
N sentença 30
Observações 1380
Marginal R2 / Condicional R20,006 / 0,291
Nossos resultados indicam que as diferenças entre os pronomes foram significativas.
Os pronomes retos se mostraram significativamente menos aceitos (β=-0,34, p<0,01) do que
os pronomes oblíquos em próclise; e os pronomes oblíquos em ênclise foram menos aceitos
(β=-0,23, p<0,05) do que os oblíquos em próclise. Diferente do que presumimos, os
resultados sugerem que a população estudada está em uma fase do desenvolvimento do
conhecimento sobre colocações pronominais, ou já tem tal conhecimento, em que os
pronomes oblíquos já são percebidos como mais aceitáveis do que os pronomes retos para a
função de objeto direto. Acreditamos que tal resultado seja um reflexo do treinamento escolar,
que visa o uso da forma oblíqua como norma da língua escrita. Contudo, somente um estudo
experimental longitudinal pode apresentar dados sobre qual etapa da aquisição do PB há uma
inversão entre clíticos ou se realmente há tal inversão.
Em consonância com nossa hipótese, a aceitabilidade do pronome oblíquo em ênclise
foi significativamente menor do que a aceitabilidade do pronome oblíquo em próclise. Como
14 Para entender os resultados de uma tabela oriunda de uma análise de modelo misto, recomendamos a leitura de Godoy
(2019). A inclusão de todos os números e símbolos é necessária para que quem queira replicar o experimento, ou avaliar seu
resultado estatisticamente, tenha acesso integral à análise de dados.
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apresentado em nossa hipótese, acreditamos que essa diferença seja reflexo da menor
frequência dos pronomes clíticos em ênclise no PB.
Nossos achados diferem sutilmente daqueles de Oliveira e Machado-Rocha (2017).
Apesar de as médias para os pronomes clíticos em próclise e para os pronomes retos em
ênclise terem sido parecidas, a maior aceitabilidade do primeiro grupo em relação ao segundo
foi significativa apenas em nosso estudo. Acreditamos que essa diferença pode estar
relacionada com a diferença nos testes estáticos implementados. Enquanto em nosso estudo
utilizamos um modelo que leva em consideração a variabilidade de itens e participantes, no
estudo de Oliveira e Machado-Rocha (2017), as análises por itens e por participantes foram
feitas separadamente e em algumas comparações por itens as diferenças também foram de
fato significativas. Dessa forma, consideramos que nossa análise complementa o estudo
anterior, mostrando que (i) todas as colocações pronominais investigadas possuem bom nível
de aceitabilidade por estudantes do ensino técnico integrado ao médio, (ii) os clíticos em
próclise são aqueles com maior índice de aceitabilidade e (iii) os pronomes retos em ênclise
são aqueles com menor índice de aceitabilidade.
Conclusão
Este trabalho se propôs a observar as avaliações de alunos de ensino técnico integrado
ao médio dos pronomes reto em posição de ênclise e pronomes oblíquos em posição de
ênclise e próclise. Nossos achados serão utilizados como base da segunda fase dessa pesquisa
que busca avaliar uma técnica pedagógica que visa familiarizar os estudantes com estruturas
que se mostram desafiadoras no desenvolvimento da língua materna a partir de uma intensa
exposição a estrutura em uma tarefa, no qual os participantes precisam montar frases – a
tarefa labirinto (OLIVEIRA et al., 2020). Neste trabalho encontramos resultados que
demonstram que os pronomes oblíquos em ênclise são significativamente menos aceitos que
os pronomes oblíquos em próclise. Avaliaremos se a intervenção pedagógica é capaz de
mitigar ou até mesmo inverter essa diferença de aceitabilidade. Tais resultados lançarão luz
sobre a possibilidade de conhecimento linguístico ser alterado a partir de tarefas controladas
baseadas em alta exposição das estruturas a serem aprendidas.
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Além de servir de parâmetro para a sequência dessa pesquisa, nossos dados também
trazem sugestões importantes para a construção de itens experimentais em pesquisas.
Pronomes são itens frequentes no PB e eventualmente estarão presentes em itens
experimentais em pesquisas linguísticas. Para evitar que a percepção da colocação pronominal
interfira no comportamento dos falantes frente a diferentes estruturas, sugerimos que o
pronome oblíquo em posição de próclise seja utilizado na construção de itens experimentais
de tarefas de leitura, já que essa é a colocação pronominal que mostrou ter o maior índice de
aceitabilidade. Naturalmente essa é uma sugestão de caráter geral cuja aplicabilidade precisa
ser avaliada de acordo com o objetivo e a metodologia de cada estudo.
Os achados da nossa tarefa de julgamento de aceitabilidade também trazem
contribuições para o entendimento sobre o processo de aquisição de pronomes oblíquos. Os
dados revelam que alunos de nível técnico integrado ao médio da região metropolitana de
Belo Horizonte já percebem os pronomes oblíquos como mais aceitáveis do que os pronomes
retos. Estudos anteriores (OLIVEIRA; MACHADO-ROCHA, 2017) mostram que essa
percepção tende a permanecer até níveis mais altos de escolaridade. Assim, um próximo passo
dessa investigação deve ser a análise do comportamento de participantes com menor nível de
escolaridade, para que seja entendido quando essa tendência perceptual se inicia. Ademais, é
recomendado que as próximas pesquisas também investiguem como hábitos de leitura e
variáveis socioeconômicas podem influenciar a percepção dos pronomes clíticos. Finalmente,
nossa pesquisa se limitou a investigar a percepção dos participantes e, assim, dados de
processamento e produção linguística serão uma complementação muito relevante para a
investigação do processo de aquisição de colocações pronominais no PB.
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AN EXPLORATION OF THE ACCEPTABILITY OF DIFFERENT
PRONOMINAL PLACEMENTS IN BRAZILIAN PORTUGUESE.
ABSTRACT: In this paper, we analyze the behavior of teenagers concerning different
pronominal placements in Brazilian Portuguese (BP). Some studies suggest that third-person
unstressed oblique pronouns are falling into disuse in BP and tend to be later acquired through
schooling. This study is part of a project that evaluates digital pedagogical tools for language
teaching. In addition to contributing to the discussion on the pronoun acquisition process, this
paper will also serve as a basis for testing such tools. Through an acceptability judgment task,
we analyzed the performance of students from an integrated education school, which
articulates vocational with secondary education, in relation to three pronominal placements in
BP: subject pronoun in enclitic position and object pronoun in proclitic and enclitic position.
Our results show that all these pronoun collocations have high acceptability. However, the
object pronouns in proclitic position are the ones that present the highest acceptability ratings
and the subject pronouns the ones that present the lowest. We interpret these results as a
reflection of linguistic training and frequency of use. Finally, we present the next steps for the
investigation about the acquisition of these pronouns and for testing digital tools for language
teaching.
KEYWORDS: Acceptability Judgment Task, Third Person Object Pronouns, Brazilian
Portuguese.
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