ArticlePDF Available

Abstract

A segregação socioespacial se caracteriza como um fenómeno expressivo em muitas cidades no planeta e um tema de grande interesse científico. Desde a visibilidade das análises no primeiro quarto do século XX até os dias atuais, diferentes foram os entendimentos e as abordagens sobre o assunto. A Geografia enquanto campo do conhecimento moderno se insere como um dos grandes contribuidores em termos de subsídios teóricos e metodológicos para a compreensão da temática. Para isso, se percorre metodologicamente um amplo levantamento bibliográfico e uma análise específica de recuperação sistemática da trajetória da segregação socioespacial urbana no domínio da história do pensamento geográfico e suas relações diretas com outros campos disciplinares e a questão espacial. Assim, se estabelece quatro períodos distintos, a partir de diferentes perspectivas e transformações, não registrando somente a importância de cada um deles para o campo disciplinar e para o debate científico ao longo da história, mas estabelecendo também, os inúmeros desafios, divergências, possibilidades e controvérsias que orbita o tema na Geografia e nas ciências humanas e sociais. Palavras-chave: Geografia. Segregação socioespacial. História do pensamento geográfico. Geografia urbana.
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
A segregação socioespacial no pensamento geográfico:
tendências e perspectivas, rupturas e desafios
La segregación socioespacial en el pensamiento geogràfico:
tendencias y perspectivas, rupturas y retos
Sociospatial segregation in geographical thought: trends
and perspectives, ruptures and challenges
Igor Martins Medeiros Robaina
Universidade Federal do Espírito Santo
Universidad de Burgos
imartins@ubu.es
Gonzalo Andrés López
Universidad de Burgos
gandres@ubu.es
Carlos Hugo Soria Cáceres
Universidad de Burgos
chsoria@ubu.es
Resumo
A segregação socioespacial se caracteriza como um fenómeno expressivo em muitas cidades
no planeta e um tema de grande interesse científico. Desde a visibilidade das análises no
primeiro quarto do século XX até os dias atuais, diferentes foram os entendimentos e as
abordagens sobre o assunto. A Geografia enquanto campo do conhecimento moderno se
insere como um dos grandes contribuidores em termos de subsídios teóricos e
metodológicos para a compreensão da temática. Para isso, se percorre metodologicamente
um amplo levantamento bibliográfico e uma análise específica de recuperação sistemática
da trajetória da segregação socioespacial urbana no domínio da história do pensamento
geográfico e suas relações diretas com outros campos disciplinares e a questão espacial.
Assim, se estabelece quatro períodos distintos, a partir de diferentes perspectivas e
transformações, não registrando somente a importância de cada um deles para o campo
disciplinar e para o debate científico ao longo da história, mas estabelecendo também, os
inúmeros desafios, divergências, possibilidades e controvérsias que orbita o tema na
Geografia e nas ciências humanas e sociais.
Palavras-chave: Geografia; Segregação socioespacial; História do pensamento
geográfico; Geografia urbana.
ISSN: 1982-1956
http://www.revistas.ufg.br/index.php/atelie
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
88
Resumen
La segregación socioespacial se caracteriza como un fenómeno expresivo en muchas
ciudades del planeta y es, a su vez, un tema de gran interés científico. Partiendo de los
análisis iniciales llevados a cabo durante el primer cuarto del s. XX y hasta nuestros
días, han sido muchos y diversos los enfoques desde los que se ha abordado esta
temática. La Geografía, como campo de conocimiento moderno, contribuye de forma
especial a través de diferentes aportes teóricos y metodológicos. Teniendo en cuenta
estos aspectos, en esta investigación se propone una metodología basada en un amplio
levantamiento bibliográfico, apoyada a su vez en un análisis específico de la
segregación socioespacial urbana en el ámbito de la historia del pensamiento
geográfico y sus relaciones directas con otros campos de estudio. De este modo, se
establecen cuatro períodos distintos a partir de diferentes perspectivas y
transformaciones, tomando como referencia no solamente la importancia de cada uno
de ellos para la disciplina, sino de forma paralela el debate generado a lo largo de la
historia. Del mismo modo, se proyectan desafíos, discrepancias, posibilidades y
controversias tanto en el ámbito estrictamente geográfico como en otros vinculados a
las ciencias humanas y sociales.
Palabras clave: Geografía; Segregación socioespacial; Historia del pensamiento
geográfico; Geografía Urbana.
Abstract
Socio-spatial segregation is characterized as an expressive phenomenon in may cities
on the planet and also as a topic of great scientific interest. Since the visibility of the
analyzes in the first quarter of the twentieth century to the present day, different un-
derstandings and approaches to the subject have been observed. Geography as a field
of modern knowledge is one of the major contributors in terms of theoretical and
methodo-logical support for understanding the subject. For this, methodologically, we
go through a broad bibliographical survey and a specific analysis of the systematic
recovery of the trajectory of urban socio-spatial segregation in the domain of the
history of geographical thought and its direct relation with other disciplinary fields and
spatial issues. Thus, four distinct periods are established, from different perspectives
and transformations, not only registering the importance of each one of them for the
disciplinary field and for the sci-entific debate throughout history, but also establishing
the countless challenges, diver-gences, possibilities and controversies that orbit the
theme in Geography and in the hu-man and social sciences.
Keywords: Geography; Socio-spatial segregation; History of geographical thought;
Theory of Geography; Urban Geography.
Introdução
A segregação socioespacial longe de se constituir como um fenômeno recente
está presente em diferentes dinâmicas urbanas ao redor do planeta (HIEBERT, 2009;
NIGHTINGALE, 2012; HOLLOWAY, 2017). A Geografia, como campo do
conhecimento científico moderno, participa das análises gerais sobre o tema teórico e
metodologicamente, tendo na noção de diferenciação espacial um dos seus importantes
pilares (CORREA, 2007, 2022; HARTSHORNE, 1939; LUSSAULT, 2015;
VASCONCELOS, 2013) acerca das lógicas de concentração, extensão e distribuição, mas
também de forma, função, estrutura, processos, práticas e significados.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
89
Por um lado, uma questão fundamental é estabelecer quando a diferenciação
socioespacial se caracteriza como segregação e, por outro, como qualificar que tal
processo se estabelece como algo negativo e fruto das injustiças socioespaciais. De fato,
a aleatoriedade não faz parte da explicação geográfica do mundo e, tampouco da
segregação. Está cada vez mais evidente a relaçao da segregação com diferentes processos
de rupturas econômicas, políticas e sociais acerca dos acessos, direitos e integração, ao
invés de serem, simplesmente, inerentes às cidades.
Em termos de rigor científico, os parâmetros epistêmicos são amplos, indo desde
compreensões mais qualitativas ou filosóficas, até construções de indicadores, variáveis e
índices quantitativos, apesar da forte heterogeneidade interna em cada um destes polos.
Além disso, a segregação carrega indissociavelmente consigo outros aspectos, como
renda, faixa etária, nacionalidade, grupo étnico, língua, trabalho, educação, gênero etc.,
fazendo com que o entendimento seja ainda mais complexo.
Em sua perspectiva geográfica, a caracterização de extremos, como os diferentes
espaços de extrema pobreza e os condomínios fechados e fortificados chamam atenção
como marca expressiva nos territórios e nas paisagens urbanas. Além disso, a amplitude
do fenômeno se estende desde as ações do Estado na criação de grandes projetos
habitacionais em áreas periféricas, marginalizando ainda mais a população pobre (BRUN;
CHAUVIRÉ, 1983), até as decisões cotidianas dos atores sociais e suas estratégias
espaciais de distanciamento físico e simbólico (LUSSAULT, 2003, 2003a) como por
exemplo, ao escolherem os colégios de seus filhos com base nos perfis de renda ou de um
“quadro étnico” na cidade (MERRY, 2011). Ademais, junto a estes aspectos, ainda se
acumula a carga histórica, política e cultural em cada um dos possíveis recortes espaciais
(país, região, cidade) que impossibilitam uma leitura estática e absoluta, convocando um
entendimento provisório e relativo com outras dimensões (VILLAÇA, 2001; KAPLAN;
WOODHOUSE, 2005; HARRIS, 2016) e gerando distintos enfoques sobre o tema ao
redor do planeta (VAUGHAN; ABRACI, 2011).
Partindo destas premissas, o objetivo desta reflexão é apresentar como a
Geografia, enquanto campo disciplinar do conhecimento científico moderno, participou
do pensamento sobre o fenômeno da segregação socioespacial no período entre o primeiro
quarto do século XX período em que o tema ganha visibilidade nas Ciências Humanas
e Sociais e o primeiro quarto do século XXI.
Para isso, metodologicamente se percorre um conjunto de 103 publicações,
principalmente artigos científicos em revistas de grande impacto na Geografia e campos
afins, bem como, obras de referência específica, ambos com expressivos números de
citações nas línguas portuguesa, espanhola, francesa e inglesa, entendidas como
fundamentais para o debate. Estabelece-se assim, a identificação e demarcação de aspectos
centrais em termos teóricos, metodológicos e posicionais para o campo disciplinar e para
o âmbito geral do tema nas Ciências Humanas e Sociais. Deste modo, não se trata de uma
análise bibliométrica ou cienciométrica no sentido stricto sensu, mas de uma recuperação
sistemática da trajetória do tema da segregação socioespacial urbana no domínio da
história do pensamento geográfico.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
90
Assim, divide-se a análise em quatro períodos mas não determinado de modo
linear temporalmente ou de uma ruptura paradigmática total em termos de corrente
científica (JOHNSTON, 1978; CAPEL SAÉZ, 1980) pois vários dos seus aspectos
seguem presentes nas atuais pesquisas, estabelecendo inclusive, algumas interfaces na
forma de pensar o fenômeno.
O primeiro deles, como ponto inicial, está demarcado pela Escola de Ecologia
Humana de Chicago e suas relações diretas com o pensamento geográfico entre o primeiro
quarto e a primeira metade do Século XX. O segundo está orientado pelos fundamentos
marxistas e a interface entre as contradições do capital e o espaço urbano, especialmente
entre as décadas de 1960 e 1990. O terceiro período está associado com a virada
quantitativa, a construção de índices e de produtos cartográficos precisos como resultados
científicos, a partir da segunda metade do Século XX; o quarto e último está vinculado
com novas perspectivas e escalas, estabelecendo uma lógica “caleidoscópica” acerca da
segregação, dialogando com diferentes concepções teórico-metodológicas, incluindo
aspectos da pós-modernidade e do pós-estruturalismo, principalmente a partir da última
década do século XX.
A segregação segue sendo um tema controverso socialmente, repleto de aspectos
políticos, emocionais, de conflitos e ambiguidades (MUSTERD, 2020; WONG, 2009) e,
portanto, chama a atenção e merece foco no âmbito das pesquisas geográficas sobre o
espaço urbano.
Dualidades sobre segregação socioespacial: a “Escola de Ecologia Humana de
Chicago” e os “Marxistas urbanos-espaciais”
Estabelecer o ponto inicial das análises sobre a segregação socioespacial parece
um risco quando pensamos a história das ideias de modo linear. No entanto, é inegável a
grande visibilidade que a Escola de Ecologia Humana da Universidade de Chicago gerou
sobre o tema, na primeira metade do século passado
1
.
Apesar de ampla, heterogênea e marcada por fases, a figura de Robert Park se
caracteriza como central neste processo. Incorporando-se em 1914, depois de uma
importante trajetória como jornalista, suas proposições deixaram importantes marcas na
instituição. Segundo o geógrafo Nicholas Entrikin (1980), apesar das duras críticas por
suas aproximações com o darwinismo social e o positivismo pelo uso de diferentes
metáforas (competição, invasão, sucessão e simbiose) suas referências eram muito mais
vastas e com forte diálogo com a dimensão espacial.
Em suas matrizes filosóficas estavam o pragmatismo de John Dewey e de
William James, bem como, o neokantismo de Wilhelm Windelband. Segundo Becker
(1996), a presença de Émile Durkheim e a noção de divisão social do trabalho, mas,
principalmente, a influência de George Simmel, eram marcantes em seu pensamento. Isto
1
A Universidade de Chicago nasce em 1890 por meio de doações do empresário John Rockefeller e nela se
estabelece tanto o primeiro Departamento de Sociologia (1892), quanto o primeiro Departamento de Geografia
(1902) dos Estados Unidos da América.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
91
possivelmente se verifica, pois, antes de assumir em Chicago, esteve na Universidade de
Heidelberg, além de realizar inúmeras traduções de Simmel no American Journal of
Sociology e na University of Chicago Press, onde foi editor.
Segundo os geógrafos Nicholas Entrikin (1980) e Winifred Curran (2017), a
dimensão espacial de Simmel impactou o seu pensamento sobre a metrópole. Além disso,
existiam relações diretas com o próprio Departamento de Geografia, mais especialmente,
com Harlan Barrows, que escreveu Geography as Human Ecology (1923) e foi um difusor
da Ecologia Humana na Geografia Norte-americana, além do fato da utilização direta de
Park aos trabalhos geográficos.
Em Introduction to the Science of Sociology, de Park e Burgess, os
editores incluíram fragmentos dos trabalhos dos geógrafos Ellen
Semple e Friedrich Ratzel, e citaram o trabalho de Jean Brunhes,
Camille Vallaux, Georg Gerland e Elisee RecIus. Estas se
caracterizam apenas como uma pequena parte das referências à
Geografia que se encontra no trabalho de Park, mas são indicativas
da ampla gama da literatura geográfica ao qual Park estava
familiarizado (ENTRIKIN,1980, p.54).
Um terceiro aspecto está associado ao trabalho The city as a natural phenomenon
(1938), no qual o autor menciona expressivamente a obra Anthropogeographie, de
Friedrich Ratzel (1882) e a importância geográfica do território (ENTRIKIN, 1980, p.55),
este, inclusive, se constituindo como um dos pilares de sua análise social, juntamente com
a economia e a cultura.
A ordem territorial
A Geografia e a organização territorial da sociedade devem sua
importância ao duplo fato que as relações sociais estão amplamente
determinadas pelas distâncias físicas e a estabilidade social
assegurada quando os seres humanos se enraízam a um território.
(PARK, 1999, p.143).
No entanto, a expressão máxima da Escola de Chicago e de Robert Park está em
The city (1925), publicada com Ernest Burgess e Roderick McKenzie. Este livro
estabeleceu novas proposições científicas sobre as cidades. Suas referências, como as
noções de centro, periferia e segregação, por meio de um modelo de zonas concêntricas
orientadas a partir do Distrito Central de Negócios (Central Business District ou Loop) até
os subúrbios e cidades satélites (Commuters zones) são marcas indeléveis desta obra, além
da simplicidade do modelo de representação, possibilitando a sua aplicação em diferentes
cidades em todo o planeta.
Especificamente sobre a segregação, Ernest Burgess, a partir da cidade de
Chicago, edificou o seu modelo no imaginário das ciências humanas e sociais,
identificando diferentes áreas, como o Gueto Alemão (Deutschland Guetto), a Pequena
Sicília (Little Sicily) o Cinturão Negro (Black Belt), a Pequena Polônia (Little Polands) e
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
92
o Bairro Chinês (Chinatowns), além metáforas espaciais, como ilhas (islands) e bolsos
(pockets).
No entanto, três trabalhos se destacam como referências neste período sobre o
tema: The Ghetto, de Louis Wirth (1928); The Gold Coast and the Slum: A Sociological
Study of Chicago's Near North Side, de Harvey Zorbaugh (1929) e The Negro Family in
Chicago, de Franklin Frazier (1932).
A primeira obra, elaborada por Louis Writh, um imigrante alemão que chegou ao
EUA aos 14 anos e teve toda sua trajetória na Universidade de Chicago, inclusive como
professor, se constituiu como um importante registro histórico-sociológico. O autor
resgatou desde a segregação imposta contra os judeus no período romano, até a reprodução
da lógica segregacionista sobre a comunidade judaica na cidade de Chicago.
Como síntese, apontou a centralidade da sinagoga e do rabino na organização
política do setor judeu. Mergulhado na teoria da Ecologia Humana, apontou que a
segregação não operava somente na dimensão física, mas também de modo mental sobre
a cidade e os seus habitantes, sendo o gueto uma das formas de manifestação da natureza
espacial humana em sua ordem social.
O segundo autor, Harvey Zorbaugh, é marcado por uma breve passagem na
Universidade de Chicago sob a supervisão de Robert Park e de toda a sua trajetória no
campo da Educação na New York University. A obra foi um êxito de vendas, pois revelava
os contrastes de North East Side da cidade de Chicago, pois ali estavam “o nativo e o
estrangeiro, a riqueza e a pobreza, o vício e respeito, o convencional e a boemia, o luxo
e o trabalho duro(ZORBAUGH, 1929, p.4).
De forma radical, o autor revelou por um lado, The gold coast, uma das áreas
onde estava concentrada a elite em seus luxuosos apartamentos, que poderiam chegar aos
mil dólares mensais de aluguel, enquanto, não muito distante, as famílias italianas em
péssimas habitações que pagavam apenas seis dólares mensais de aluguel.
Mergulhando nos espaços de pobreza, analisou a Pequena Sicília (Little Sicily), também
conhecida como Pequeno Inferno (Little Hell) pelos inúmeros conflitos e, especialmente,
o entroncamento da Oak Street com Milton Avenue, estigmatizada como a esquina da
morte (Death corner). Como aspecto geográfico, é importante ressaltar a produção
cartográfica de quinze mapas a partir de censos e entrevistas de campo, convertido assim,
em um dos trabalhos mais importantes em termos representacionais de todo o período.
A terceira obra foi escrita por Franklin Frazier. O autor foi um experiente professor
universitário que somente realizou o seu doutorado em Chicago e carregava a marca de
ser um dos poucos professores universitários negros nos EUA neste período. Esta questão
político-pessoal parece ter estabelecido uma aproximação temática com as famílias negras
no espaço urbano.
A obra intitulada The Negro Family in Chicago (1932) compreendeu a partir de
questões raciais a diferenciação das famílias negras nos diferentes setores da cidade.
Partindo dos dados oficiais, Frazier identificou 25.684 famílias negras, selecionando o
distrito de South Side como recorte espacial de análise, o dividindo em sete subáreas.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
93
Como resultado, constatou fortes diferenciações internas presentes no território, pois,
enquanto em uma das áreas (Zone VI) estavam presentes 110 famílias de classe alta
(Upper-class), em outras (Zones I e II) predominava a pobreza, a ausência de proprietários
e a grande quantidade de mães solteiras como chefe de famílias.
A conclusão de Frazier foi a de que os problemas das famílias negras em Chicago
também se reproduziam em todo os EUA e não se caracterizam como algo inato ou “como
um fenômeno patológico” (p.250) em termos raciais, mas como um resultado da estrutura
social.
Deste modo, os trabalhos da Escola de Chicago seguem vivos como fonte de
contribuição e de críticas para compreender a segregação socioespacial. Segundo o
geógrafo Michael Pacione (2005, p.500):
As monografias dos ecologistas de Chicago proporcionaram um
meio para compreender a cidade que combinava a análise empírica
com a realidade vivida no urbano. O uso de indicadores sociais por
parte dos ecologistas também abriu caminho para métodos
estatísticos mais sofisticados para delimitar áreas residenciais
urbanas.
A geógrafa Winfred Curran (2017) também aponta que a Escola de Chicago, por
meio dos seus estudos de caso, desenvolveu novas teorias sobre a organização das cidades.
Além disso, sustenta que a Geografia, sem uma tradição urbana consolidada naquele
período, recorreu a alguns destes métodos para construir seu subcampo. O próprio David
Harvey elucida que “a escola de geógrafos urbanos de Chicago foi uma consequência da
Escola de sociólogos de Chicago” (1977, p.137).
Todavia, inúmeras são as críticas e, de fato, algumas delas perpassam a
perspectiva ecológica hegemonicamente utilizada pelos autores. Com relação, por
exemplo, aos termos espaciais, o geógrafo Thomas Maloutas (2004), aponta que as
representações da da Escola de Chicago seguiam uma determinação linear, radial e
centrífuga no sentido centro-periferia, mas, os resultados dos trabalhos realizados
contradiziam tais padrões.
Os geógrafos Daniel Hiebert (2009) e Steven Holoway (2017) também apontam
a ausência crítica em relação a escravidão, a imigração e da própria força das leis em
relação a esta parte da população. Segundo os teóricos da Escola de Chicago, ocorreria
um movimento paulatino dos recém-chegados nos enclaves étnicos em direção aos demais
bairros, na medida em que se integravam a cultura urbana norte-americana. Todavia, as
Jim Crow laws que vigoraram entre 1877 e 1965 estabelecendo juridicamente a
segregação étnica de equipamentos e espaços públicos e privados, preservavam os
privilégios raciais e de classe nas cidades. Por fim, é interessante pensar nas próprias
forças institucionais sobre a Escola de Chicago, pois muitas pesquisas importantes foram
financiadas pelo Laura Spelman Rockefeller Memorial Fund, criada pelo próprio John
Rockefeller para homenagear a sua mãe e apoiar as ciências humanas associadas com as
questões sociais.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
94
No entanto, as críticas mais duras sobre estes trabalhos foram estabelecidas pelos
marxistas. As profundas mudanças de pensamento a partir da segunda metade do século
XX, especialmente vinculadas as contradições do capital no espaço urbano, foram
extremamente importantes em relação a questão da segregação socioespacial e tiveram,
na Geografia, um papel de destaque.
Uma primeira figura emblemática neste contexto é a do filósofo Henri Lefebvre.
Segundo Andy Merrifield (2006), sua trajetória heterodoxa com o marxismo possibilitou
esta aproximação com o urbano. No entanto, o mesmo autor aponta que foi o geógrafo
David Harvey quem retomou e deu visibilidade ao pensamento urbano e espacial de
Lefebvre no mundo anglófono e em outras partes do mundo, inclusive na França, por meio
da obra Social Justice and the City (1973). Acerca especificamente sobre a segregação,
David Harvey publica Class structure in a capitalist society and the theory of residential
differentiation (1975), estabelecendo as seguintes proposições centrado nas questões
habitacionais:
1- A diferenciação residencial deve ser interpretada em termos de
reprodução das relações sociais dentro da sociedade capitalista;
2- As áreas residenciais (bairros, “comunidades”) proporcionam
meios distintos para a interação social, a partir do qual os indivíduos
derivam de um grau considerado de suas expectativas, hábitos de
consumo, capacidade de mercado (Market capacity) e estados de
consciência;
3- A fragmentação das grandes concentrações populacionais em
comunidades distintas serve para a fragmentar a “consciência de
classe” no sentido marxista e, por tanto, frustra a transformação do
capitalismo ao socialismo através da luta de classe, porém;
4- Os padrões de diferenciação residencial refletem e incorporam
muitas das contradições da sociedade capitalista, os processos que
criam e sustentam são, em consequência, o lugar da instabilidade e
da contradição. (HARVEY, 1975, p.365).
Todavia, outros importantes trabalhos marxistas foram desenvolvidos no mesmo
período. O sociólogo Manuel Castells, sob a influência do marxismo francês, publicou La
question urbaine (1972). A obra foi alvo de duras críticas pelos geógrafos marxistas e pelo
próprio Henri Lefebvre, que o acusava de não conhecer a dimensão espacial
(MERRIFIELD, 2006), inclusive, segue classificado por sociólogos que debatem o tema,
como pertencentes ao grupo dos “no-espaciales” (RUIZ-TAGLE, 2016, p.22).
De fato, os marxistas estavam longe de ser um bloco homogêneo acerca da
segregação socioespacial. Talvez, o exemplo mais emblemático seja do sociólogo Jean
Lojkine em Le marxisme, l´état et la question urbaine (1977). De forma contundente, o
autor ataca ao mesmo tempo, tanto Manuel Castells e seus fundamentos como incapazes
de propor qualquer mudança em termos teóricos, como ignora totalmente Henri Lefebvre
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
95
e David Harvey em sua obra, apesar de tentar reproduzir metodologicamente a lógica de
centro-periferia e de valor do solo urbano para os casos de segregação em Paris e em Lyon.
A hipótese de uma clivagem fundamental entre os interesses
"urbanos" da classe operária e os das camadas médias assalariadas,
sobretudo dos executivos, baseia-se na análise de três tipos de
segregação social e espacial:
-Uma primeira segregação, no nível da habitação - a lógica
"operária" da "renovação-deportação" opondo-se à lógica do
"emburguesamento" do centro urbano renovado ou das residências
"para executivos";
-Uma segunda segregação, no nível dos equipamentos coletivos
(creches, escolas, equipamentos esportivos, sociais...) - o
subequipamento dos conjuntos "operários" opondo-se ao
"superequipamento" dos conjuntos "burgueses";
-Enfim, uma terceira segregação, no nível do transporte domicílio-
trabalho à crise dos transportes coletivos para o operariado
contrastando com os privilégios "burgueses" do uso do automóvel
(LOJKINE, 1979, p.244).
Estes três casos sintetizam bem os diferentes contornos sobre a segregação
socioespacial na década de 1970, inclusive, com relativo esfriamento da temática na
década de 1980 pelos marxistas e sua retomada a partir da década de 1990, sob o prisma
da justiça espacial e do direito à cidade. A obra The urbanization of injustice (1996)
organizada por Andy Merrifield e Erik Swyngedouw, se caracterizou com uma peça-chave
para a recuperação do debate no mundo anglófono, especialmente pela presença de
geógrafos importantes, como, David Harvey, Doreen Massey, Neil Smith e Edward Soja.
No caso brasileiro, a obra intitulada Espaço intra-urbano no Brasil (2001), do
geógrafo e urbanista Flávio Villaça, foi uma significativa contribuição marxista acerca das
análises do espaço intraurbano das principais áreas metropolitanas brasileiras. Além de
críticas gerais à Escola de Chicago, o autor desaprova duramente Jean Lojkine, por seu
modo tácito de determinação do valor do solo urbano e das lógicas de centro-periferia,
usados para pensar espaço-temporalmente os processos de segregação nas cidades.
De fato, o entendimento de Villaça esteve alinhado com as perspectivas de David
Harvey, nas quais o controle da produção do espaço ocorreria fundamentalmente pelas
classes dominante e mediante três mecanismos centrais: o econômico, por meio do
mercado; fundamentalmente, o setor imobiliário; o político, através do controle do Estado
e por fim, da ideologia. O autor estabelece sua tese apontando que “é por meio da
segregação que a classe dominante controla o espaço urbano, sujeitando-o aos seus
interesses” (VILLAÇA, 2001, p. 359).
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
96
Edward Soja em Seeking Spatial Justice (2010), trata diretamente da relação entre
segregação e as injustiças espaciais. Nascido no Bronx e influenciado diretamente pela
sua descendência polaca, possuía uma postura complexa sobre a segregação.
Nem todos os casos de segregação residencial são totalmente
injustos. Até certo ponto, a segregação residencial pode ser
voluntária e gerar benefícios, como o caso de pessoas com histórias
similares que escolhem viver juntas por motivos muito diferentes,
desde criar identidade e comunidade até consumir comidas
preferidas e obter outras formas de sustento e suporte cultural para
ajudar aos recém-chegados a encontrar emprego e habitação.
Entretanto, a segregação se converte em um problema quando está
rigidamente imposta desde cima como uma forma de dominação e
controle, como ocorreu no Apartheid e no gueto racial; ou quando
emergem menos intencionais desde baixo como um subproduto
opressivo de “liberdades” não reguladas dentro da manutenção de
estruturas espaciais de privilégios (SOJA, 2014, p.92).
Além de obras individuais, esforços coletivos também contribuíram para o
fenômeno no campo da geografia crítica. Os geógrafos francófonos Bernard Bret, Philippe
Gervais-Lambony, Claire Hancock e Frédéric Landy organizaram justice et injustices
spatiales (2010), convidando outros pesquisadores da Geografia, de diferentes partes do
mundo, a contribuírem sobre o tema. Esta foi a mesma estratégia do geógrafo Alain
Musset em Ciudad, sociedad, justicia: un enfoque espacial y cultural (2010), onde
estabeleceu um diálogo entre os franceses e o mundo ibero-americano.
A Geografia brasileira também promoveu importantes debates, como na obra A
cidade contemporânea:segregação espacial (2013), organizada por Pedro Vasconcelos,
Roberto Lobato Correa e Silvana Pintaudi. Nesta mesma direção, Ana Fani Carlos, Glória
Alves e Rafael Pádua, organizaram a Justiça espacial e o direto à cidade (2017).
Recentemente, o mundo ibérico, por meio do geógrafo Oriol Nel.lo, organizou a Efecto
barrio: segregación residencial, desigualdad social y políticas urbanas en las grandes
ciudades ibéricas (2021), tomando como referência alguns casos em Espanha e Portugal.
Portanto, é possível perceber uma significativa transformação entre o processo
inicial estabelecido pela Escola de Chicago, muitas vezes ancorado em perspectivas
escalares dos grupos étnicos ou sociais, até as análises marxistas de David Harvey e do
fortalecimento da Geografia Crítica. De fato, nos debates sobre a segregação, a Geografia
passou a ocupar um lugar especial entre os marxistas urbanos, inclusive, gerando novas
aberturas sobre temas, como no caso da relação entre a segregação e os espaços públicos
(MITCHELL, 2003), a gentrificação (SMITH, 1996, 2002) e orientados pela abordagem
da dialética socioespacial (SOJA, 1993). Todavia, outras vertentes e posturas também
concorrem junto ao subcampo, especialmente, na perspectiva quantitativa, ancorada pelos
índices também de modo não linear em relação a segregação como forma de injustiça
material, econômica e social no espaço urbano.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
97
Indexações: a segregação como disputa estatístico-espacial
Como visto anteriormente, os trabalhos da Ecologia Urbana foram objetos de
inúmeras críticas, especialmente, pelo excesso de descrição e por não expor as
contradições e as injustiças socioespaciais. Todavia, muitas das reflexões marxistas
estavam centradas em análises gerais, sem escalas estabelecidas e pouco precisas em
termos territoriais. Assim, uma terceira vertente da Geografia buscou identificar de modo
mais preciso onde, quem e quantos estavam segregados, especialmente com o apoio da
estatística e das representações espaciais.
O geógrafo Daniel Hiebert (2009a) aponta que estas mudanças, iniciadas ao
término da Guerra Mundial e ancoradas no pragmatismo, buscavam um maior rigor,
precisão e objetividade científica sob o prisma do quantitativismo. Esses novos
entendimentos fomentaram as bases da New Geography e de mudanças significativas em
termos de métodos, técnicas e procedimentos no campo disciplinar. Assim, o interesse na
segregação socioespacial mesmo não estando alheio a uma série de controvérsias
tentava minimizar os aspectos subjetivos, tanto político, quanto socialmente capazes de
influenciar tomadas de decisões no próprio território (KAPLAN; WOODHOUSE, 2005;
ATKINSON, McGARRGLE, 2009; WONG, 2009).
A construção de índices específicos passou a ser o objetivo central para pensar o
fenômeno. Os sociólogos Otis Duncan e Beverly Duncan (1955) apresentaram o Índice de
Dissimilaridade (ID). De fato, este índice não foi uma construção espontânea, mas o
resultado bem-sucedido de um longo processo de disputas, entre falhas e erros anteriores,
o qual Stephen Gorard (2011) denominou “a batalha dos índices”. Esta contribuição foi
exitosa, estabelecendo por quase duas décadas, o que Massey e Denton (1988)
classificaram de “Pax Duncana”. Contudo, é importante ressaltar que, apesar de serem
sociólogos, dialogaram diretamente com a Geografia, pois incorporaram as ideias de
diferenciação e distribuição espacial do geógrafo John Wright na obra Some measures of
distribution, publicada nos Annals Association American Geographers (1937).
A ideia do Índice de Disimilaridade (ID) foi estabelecer uma relação direta,
binária e de proporcionalidade entre dois grupos em um determinado setor espacial, no
caso específico, a população branca (Pb) e a população não-branca (Nb). Apesar do grande
sucesso por um longo período, posteriormente, o índice foi alvo de inúmeras críticas, mas,
a partir dele, foram estabelecidos novos índices. Deste modo, foi apontado que o ID não
era capaz de estabelecer um valor que definisse a ocorrência da segregação, tendo que ser
estabelecido por meio de um consenso, a partir de uma escala numérica de 0 até 100, em
que valores acima de 60 indicariam um alto grau de segregação. Além disso, o ID estaria
diretamente afetado pelo número de residências, caracterizando um problema para grandes
áreas.
Por fim, o ID demonstraria debilidade em termos de geração dos mesmos
resultados para padrões espaciais diferentes, além de perder a confiabilidade estatística
quando aumentado o número de grupos analisados. Estes aspectos foram compartilhados
por muitos geógrafos e estudiosos de outros campos (ATKINSON e McGARRIGLE,
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
98
2009; CORTESE, FALK e COHEN, 1976; GARROCHO e CAMPOS-ALANÍS, 2013;
HARRIS, 2016, 2011, 1984; MASSEY e DENTON, 1988; MASSEY, 2012; MORRILL,
1991; POULSEN, 2009; WONG, 2009).
Todavia, é fundamental relativizar as críticas, pois os próprios autores
reconheciam os problemas, especialmente, em relação a identificação dos padrões
espaciais (DUNCAN, DUNCAN, 1955, p.215). Esta questão mobilizou uma série de
estratégias para melhor analisar a segregação nos territórios. A metáfora do “tabuleiro de
xadrez” (checkerboard problem) (HARRIS, 2016), ou seja, a possibilidade de um mesmo
valor poder assumir formas diferentes, seja no centro, seja nas periferias, indicava a
necessidade de novas proposições geográficas.
Deste modo, se a intenção inicial era compreender a segregação em uma
perspectiva étnico-racial, as diferentes críticas possibilitaram inúmeros avanços, fazendo
com que o ID passasse a fazer parte da história deste subcampo, mas sem perder a utilidade
para registrar composições iniciais de diferenciação populacional e suas relações com
áreas (FEITOSA et al, 2007; WITHERICK, ROSS, SMALL, 2001).
Outra ruptura importante foi proposta por Massey e Denton (1988) com o
objetivo de superar uma visão dicotômica entre grupos étnicos para pensar um quadro
geral na cidade (REARDON, FIREBAUGH, 2002). A proposta era medir a segregação,
não por um único índice, mas por meio de cinco dimensões estabelecidas e
ressignificadas por outros índices
2
, que são: a uniformidade (eveness), a exposição
(exposure), a concentração (contentration), a centralização (centralization) e o
agrupamento (clustering) (MASSEY e DENTON, 1988, p.283).
A ideia de sobreposição buscava avançar e corrigir fragilidades ou necessidades
específicas e, apesar de bastante relacional, os autores também reconheciam os próprios
limites, considerando que os índices se tratavam de construções abstratas da realidade e
não a realidade em si mesmo (KAPLAN e WOODHOUSE, 2004, 2005). E mais,
dividindo tantos os méritos, quanto as falhas, apontam que na década de 1980, somente
nos EUA, existiam mais de vinte modos de se medir a segregação (MASSEY, 2012).
A partir da década de 1990, as análises sobre segregação, índices e Geografia
entram em uma nova fase, problematizando não somente correlações estatísticas, mas a
autocorrelação espacial dentro de um espaço georreferenciado, demarcando, de modo cada
vez mais preciso, os limites, as fronteiras e as escalas na cidade.
Segundo o geógrafo Arthur Getis (2010), apesar da autocorrelação espacial estar
mais tradicionalmente ligada a Estatística que a Geografia, sua relação com a disciplina
remonta desde os trabalhos de Walter Christaller (1933), passando pelas contribuições da
ciência regional de Walter Isard (1956) e das contribuições do geógrafo Michael Dacey
(1968), que cristaliza e unifica o termo, até então denominado de dependência espacial
(spatial dependence), associação espacial (spatial association) ou interdependência
2
Índice de Isolamento (xPx), proposto por Bell (1954); de segregação (IS) e de Centralidade Absoluta (ACE)
formulado por Duncan e Duncan (1955); de dissimilaridade multigrupos (D (m)) de Morgan (1975) e os
Concentração absoluta (ACO) e Agrupamento absoluto (ACL) proposto por Massey e Denton (1988).
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
99
espacial (spatial interdependence). Getis (2008) ainda ressalta que esta noção e algum dos
seus preceitos foram recuperados a partir de geógrafos e outros pesquisadores da ciência
regional em especial de Patrick Moran (1948) e de Roy Geary (1954) pelo geógrafo
Luc Anselin (1988, 1990, 1995), permitindo a formulação do Índice Local de Associação
Espacial (Local Indicators of Spatial Association LISA), que se converteu no indicador
mais utilizado na literatura contemporânea (GARROCHO, CAMPOS-ALANÍS, 2013).
De fato, o LISA possibilita uma decomposição do fenômeno em uma escala local
e sua autocorrelação espacial, identificando áreas de não-estacionaridade (local pockets of
nonstationarity) que não se modificavam ao longo do tempo e de outros setores,
denominados de “pontos quentes” (hot spots) (PORCEL LOPÉZ, 2020).
O geógrafo Richard Morril (1991) apresentou um caminho alternativo em relação
a este mesmo movimento. O autor recorreu a história dos índices desde Duncan e Duncan
(1955), passando por John Jakubs (1981), William Spriggs (1984), mas principalmente
apoiado em Michael White (1986), sistematizando o que ele mesmo intitulará “minha
variante modificada de fronteira D” (MORRIL, 1991, p.26), mais conhecido como
Morrill’s boundary-modified - D(adj), uma espécie de ajuste geográfico sobre o próprio
índice de dissimilaridade.
Esta nova ideia, a partir de padrões espaciais com diferença de valores entre todas
as fronteiras adjacentes, também possibilitou outros avanços, como os desdobramentos
realizados pelo geógrafo David Wong (1993), mais conhecido como o Índice de
Dissimilaridade espacial corrigido pela forma MAX(P/A), que inclui a noção de
compacidade (compactness) em termos da relação entre perímetro-área, unidades vizinhas
e grupos de análise.
Apesar dos avanços sobre métodos, técnicas e procedimentos em termos de
índices, é fundamental refletir sobre algumas questões que afetam a Geografia e os estudos
de segregação. Por certo, os avanços tecnológicos possibilitaram resultados cada vez mais
rápidos, precisos e complexos. No entanto, os geógrafos Richard Harris (2016) e David
Wong (1997, 2003, 2009) apontam que, mesmo com a difusão de softwares de análises
estatísticas e as infinitas possibilidades dos Sistemas de Informações Geográficas -
SIG/GIS, segue a dependência das informações produzidas pelas agências e instituições
oficiais vinculadas ao Estado.
Este aspecto, relacionado aos censos e outros levantamentos também
estabelecem outras questões, como todo o processo de divisão do espaço urbano vinculado
exclusivamente pela perspectiva residencial, ou seja, como seria possível pensar a
população e o fenômeno da segregação para além desta categoria? (MUSTERD, 2000;
GRAFMEYER, AUTHIER, 2008). Os geógrafos Jacques Brun e Yvan Chauviré (1983)
também apontam preocupação em relação aos próprios censos. Primeiro, as categorias, as
variáveis e os indicadores estabelecidos pelas instituições são decididas sem maior diálogo
e colaboração entre investigadores e gestores. Além disso, em muitos países, ocorrem
mudanças significativas na estrutura, impossibilitando análises temporais precisas, além
do fato que em alguns países, regiões ou cidades, por questões políticas ou de recursos, as
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
100
séries estatísticas são interrompidas ou possuem heterogeneidades tão expressivas que
impossibilitam formas de aproximação de análises.
Mesmo diante de tantas questões, parece incontestável a importância dos índices
para a compreensão da segregação e tendo na Geografia, sobretudo na correlação espacial
e na representação geográfica, grandes aportes em termos da construção do conhecimento
científico. Assim, é fundamental posicionar os índices como construções epistêmicas,
reconhecendo as potencialidades e as fragilidades destas construções, mas, especialmente,
nas aberturas e possibilidades de integrar o quantitativo e o qualitativo, especialmente em
diálogo com a vida cotidiana
3
.
Novas perspectivas e mudanças de escalas sobre a segregação socioespacial
Os debates acerca da segregação, além das três perspectivas abordadas
anteriormente, sobretudo a partir da última década do Século XX, produziram uma série
de novas questões sobre o tema. A partir do entendimento da escala como uma construção
social e de um permanente jogo relacional, passaram a integrar cada vez mais movimentos
quantitativos de índexes e mapas com as perspectivas qualitativas do cotidiano,
especialmente, segmentos minoritários e marginalizados da população. Possibilitando,
assim, novas perspectivas de análise em detrimento as formas até então dominantes.
Deste modo, cinco temas emergem de modo significativo junto a segregação
socioespacial, que são: as lógicas de auto segregação, as políticas anti-segregação, a
segregação vertical, a segregação etária e a segregação de pessoas com deficiência. De
fato, inúmeras outras formas ainda carecem de um olhar geográfico sensível em termos de
investigação.
A primeira delas, a auto-segregação, caracteriza-se como a de maior tradição e
de maior número de investigações realizadas. Mike Davis mesmo sem ser o primeiro a
tratar o tema, mas devido a sua grande visibilidade parte da noção de cidade hostil e de
grande aproximação com a Geografia, publica City of Quartz: excavating the future in Los
Angeles (1990). O autor analisa as diferentes formas de violência na Área Metropolitana
de Los Angeles sobretudo contra os pobres , tendo como horizonte as grandes cidades
norte-americanas, o recrudescimento da vida pública, as massivas lógicas de privatização
do urbano e de um Estado policial.
Buscando correlações contraditórias extremas, centralizou por um lado interesses
em alguns setores marginalizados pela pobreza e, por outro lado, centros comerciais,
presídios de segurança máxima e condomínios de luxo permanentemente vigiados e
dotados de aparatos militares. Todos estes fatores, a partir de uma vertiginosa escalada de
um cenário de medo, tornaram-se referência importante para investigações em outras
cidades no mundo.
3
Acerca dos processos de caracterização, descrição e explicação de cada um dos principais índices utilizados
sobre o tema da segregação ver Martori, Hoberg e Surinach (2006).
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
101
Para o caso latino-americano, um trabalho de grande visibilidade foi o da
antropóloga Teresa Caldeira seguindo os percursos geográficos da Escola de Los
Angeles, pois sua tese foi realizada em Berkeley em City of Walls: Crime, Segregation
and Citizenship in São Paulo (2000). Suas reflexões sobre a mais importante área
metropolitana da América do Sul se constituíram como um marco para o tema em países
periféricos
4
.
Em decorrência deste processo, uma série de investigações geográficas foram
realizadas em diferentes países, sejam reflexões mais teóricas ou ensaísticas, sejam
análises mais concretas ou estudos de caso (HIDALGO, 2004; GRANT, 2005; BELLET,
2007; LOPES DE SOUZA, 2008; VIDAL-KOOPPMANN, 2008; LE GOIX, WEBSTER,
2008; MING YIP, 2008; VILLAR LAMA, GARCÍA MARTÍN, 2016).
Apesar do crescimento da segregação urbana em todo o planeta, inclusive com a
participação do próprio Estado, as políticas anti-segregação também se caracterizaram
como uma resposta e uma questão importante em termos de análise e enfrentamento
(LESS, 2008). Neste sentido, desde a implantação de serviços e equipamentos urbanos,
até o embelezamento de áreas segregadas, são algumas intervenções que buscam reverter
esse quadro.
Alguns países do Hemisfério Norte também buscaram, por meio de ações
assistenciais, “distribuir geograficamente os pobres” através do aspecto residencial em
bairros da classe dia. Todavia, a geógrafa Sonia Lehman-Frisch (2009, p.111)
questiona se a proximidade física e a “mistura” isoladamente garantiria uma integração e,
principalmente, uma coesão social entre as diferentes classes nestes setores. David Harvey
(1992) vai além e aponta que, sobre o prisma da diversidade, esta não é capaz de
determinar a justiça socioespacial, pois as ações de imposição residencial se constituem
como uma forma de violência, pois não levam em consideração a relação desta população
com os preços do comércio e dos serviços local, bem como, a integração social com a
vizinhança.
Além disso, também é importante pensar em setores da cidade que apresentam
uma perspectiva mista entre as classes sociais no espaço (SCHNELL; DIAB,
BENENSON, 2015), ou seja, na qual a segregação não está revelada de modo tão evidente
nos setores censitários ou na paisagem, se constituindo assim, um desafio para a
investigação geográfica, seja em relação aos índices, seja em relação aos métodos de
observação direta.
A segregação vertical também se constitui como uma destas novas faces de
pensar a segregação (MALOUTAS, 2020, 2016; NATERA-RIVAS; LARRUBIA-
VARGAS, NAVARRO-RODRÍGUEZ, 2017). Os dados sobre renda, população
estrangeira, migrante e as estruturas etárias podem produzir padrões distintos de ocupação,
4
Uma importante reflexão produzida pela Geografia brasileira em um período anterior é a tese de doutorado de
Marcelo Lopes de Souza intitulada Armut, sozialräumliche Segregation und sozialer Konflikt in der
Metropolitanregion von Rio de Janeiro, defendida na Universidade de Tübingen em 1993.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
102
quando relacionados aos preços e aos aspectos ambientais, como os ruídos em andares
mais baixos e o privilégio dos andares superiores em relação a paisagem.
Outro aspecto emergente está relacionado especificamente com a estrutura etária
e o processo de segregação. O envelhecimento populacional, como uma importante
questão para muitos países e um tema de interesse geográfico, está presente nas dinâmicas
urbanas e diretamente relacionado com as adversidades da vida cotidiana por parte desta
população. (GARROCHO, CAMPOS-ALANIS, 2005; HOPKINS, PAIN, 2007;
MOORE, ROSENBERG, 2001; SCHWANEN, PÁEZ, 2010). Assim, quando a questão
etária passa a ser um critério de restrição em relação ao trabalho, a mobilidade, a
sociabilidade e a educação, também passa a ser um problema de integração e,
consequentemente, de segregação.
Como resultado da relação entre integração, espaço e população, desdobramentos
emocionais, como a solidão e a depressão são marcas cada vez mais presentes, no caso da
população idosa, impactando, inclusive, no aumento das taxas de suicídio (COPELAND;
BEEKMAN; BRAAM et al, 2004). Os aspectos ambientais também merecem destaque.
Na grande onda calor de 2003, no Hemisfério Norte, na qual as temperaturas superaram
os 45ºC e resultaram na morte de 50.000 pessoas, uma maioria de idosos foi afetada em
setores pobres das cidades, falecidos dentro das suas próprias residências, por ausência de
recursos e ajudas (DAVIS, 2007). Assim, não se tratam de aspectos climáticos ou naturais,
mas de uma forma radical de exposição à morte sobre os segmentos mais vulneráveis da
população na cidade, que precisam de maior interesse em pesquisas e políticas públicas.
O mesmo ocorre no caso das crianças, pois os equipamentos públicos como
creches, parques infantis, bibliotecas e centros recreativos estão distribuídos de modo
bastante desigual nas cidades. A educação também se caracteriza como um destes
aspectos, pois, questões como infraestrutura, oferta escolar, nível de formação dos
professores, número de alunos em sala de aula e resultados de exames de desempenho
escolar também se diferenciam espacialmente entre os diferentes setores das cidades
(KOSLINSKI, ALVES, LANGE, 2013). Além disso, os aspectos do bairro e da
vizinhança, sob o prisma do preconceito e da estigmatização, também participam na
escolha dos familiares em matricular seus filhos nas escolas existentes, bem como, na
decisão de permanência dos próprios professores, afetando um trabalho de longa duração,
na consolidação de projetos ou na rotatividade dos mesmos entre as unidades educacionais
(GALSTER; KILLEN, 1995).
Finalmente, a população com deficiência merece atenção acerca da segregação
socioespacial, sobretudo, ao pensar como as próprias cidades reforçam e radicalizam este
quadro no espaço urbano. Segundo o geógrafo Rob Kitchin (1988), as cidades estão
organizadas em grande parte para manter as pessoas com deficiências em posições
segregadas. Segundo o autor, a precariedade dos transportes públicos para este segmento,
mesmo nas melhores cidades, é limitada e restrita, espacial e temporalmente,
marginalizando-as em comparação aos demais cidadãos.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
103
Além dos transportes, mas não totalmente indissociado deles, a mobilidade e o
acesso a lugares públicos e privados são marcados por uma série de impedimentos, como
pela ausência de rampas, plataformas ou elevadores. Ainda se destacam em muitas cidades
os sistemas educacionais não inclusivos, fazendo com que as pessoas com deficiência
evadam do sistema escolar, impossibilitando suas formações e, consequentemente,
reforçando a segregação econômica, social e espacial (PALACIOS, 2008).
Considerações finais: desafios, cuidados e possibilidades
As análises apresentadas sobre o tema da segregação socioespacial e suas
relações diretas com a ciência geográfica possibilitam compreender uma série de
transformações não-lineares em termos teóricos e metodológicos, permitindo pensar sobre
distintas perspectivas e novas possibilidades, tanto para o tema, quanto para o campo
disciplinar.
De modo propositivo, mas orientado pelas inferências tecidas sobre o conjunto
das obras, apontamos algumas questões. A primeira delas é a necessidade permanente de
vigilância contra a reprodução binária e dicotômica, que impossibilita compreender a
emergência de novos entendimentos e a complexidade sobre os fenômenos (CLOKE;
JOHNSTON, 2005). Esta primeira precaução também se refere a não determinação
apriorística sobre o fenômeno em termos teóricos ou metodológicos, impedindo que a
dimensão empírica se revele em termos de diferentes formas, dinâmicas e significados.
Assim, as pesquisas geográficas sobre a segregação devem acompanhar permanentemente
uma dúvida metodológica, mas logicamente, sem perder a dimensão crítica por justiça
socioespacial, servindo tanto como um instrumento de denúncia, quanto como subsídios
para as políticas públicas de transformação das cidades.
Além da vigilância epistémica, um segundo aspecto é a necessidade de pensar
geograficamente a segregação a partir de um jogo de escalas, reconhecendo as diferentes
redes, hierarquias e os espaços intraurbanos. Ainda que possível, não deveríamos gerar
toda a explicação da segregação somente a partir dos dados oficiais do Censo ou pelos
quadros empíricos estabelecidos em um bairro segregado na cidade. Assim, a integração
dos métodos mistos quantitativos e qualitativos parece ser um caminho promissor para
novos entendimentos, superando o isolamento de mapas sem maiores explicações ou
descrições de entrevistas exclusivamente em âmbito local. Ainda sobre a importância da
escala, parece necessário expandir as análises para recortes espaciais não-metropolitanos,
como as cidades pequenas e médias. De fato, os estudos nestas escalas são escassos e ainda
pouco se conhece sobre estas configurações, permitindo, assim, novos entendimentos
sobre o fenômeno.
Um terceiro aspecto está relacionado com as potencialidades das imagens como
fonte de análise da segregação, tanto em relação aos quadros extremos pobreza e riqueza
, quanto em relação ao caráter misto da segregação nas cidades. Assim, acreditamos que
a dimensão visual possibilite permear novos entendimentos entre o representacional e o
mais-que-representacional, reposicionando a construção sobre os limites e as fronteiras do
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
104
papel do Estado, das forças do capital e dos grupos e segmentos sociais em suas vidas
cotidianas sobre a segregação.
O quarto aspecto se trata, em parte, de uma antiga orientação dos geógrafos
Jacques Brun e Yvan Chauviré (1983, p.83) sobre o tema mas que parece ter sido
esquecida por muitos na qual apontam que os estudos de segregação na Geografia não
devem abandonar os grandes debates epistemológicos da relação entre o espaço e a teoria
social.
Por fim, apesar de reconhecer os grandes avanços da Geografia sobre o tema no
âmbito geral da ciência, recomendamos que não se esqueça a imaginação geográfica,
como um elemento singular que permite aberturas em termos de compreensão, em
contraponto a certa tendência determinista e dogmática que permanece orbitando o
fenômeno da segregação socioespacial no conjunto das ciências humanas e sociais no
Brasil e em outros países.
Referências
ANDRÉS LÓPEZ, Gonzalo y BELLET, Carme. Dinámicas y expectativas de crecimiento en las
áreas urbanas articuladas por ciudades medias en España. In: León García (orgs.) Geografía,
cambio global y sostenibilidad. Comunicaciones del XXVII, congreso de la Asociación Española
de Geografía.Tomo III Desarrollo territorial, sostenibilidad y calidad de vida. La laguna:
Asociación Española de Geografía, 2021.
ANSELIN, Luc. Spatial Econometrics: Methods and Models. Dordrecht: Kluwer Academic
Publishers, 1988.
ANSELIN, Luc. Spatial Dependence and Spatial Structural Instability in Applied Regression
Analysis. Journal of Regional Science 30, p. 185-207, 1990. Disponível em:
https://doi.org/10.1111/j.1467-9787.1990.tb00092.x. Acesso em: agosto de 2022.
ANSELIN, Luc. Local Indicators of Spatial AssociationLISA. Geographical Analysis, v.27, n.
2, p. 93115, 1995. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1538-4632 .1995.t b00338.x. Acesso
em: agosto de 2022.
ATKINSON, Rowland y McGARRGLE, Jennifer. Urban segregation. IN: International
Encyclopedia of Human Geography. Amsterdam: Elsevier, p. 76-80, 2009.
BECKER, Howard. Conferência: a escola de Chicago, Mana - Estudos de Antropologia Social,
Rio de Janeiro: PPGAS-UFRJ, v. 2, n. 2, p.177-188, 1996. Disponível em: DOI: 10.1590/S0104-
93131996000200008. Acesso em: agosto de 2022.
BELL, Wendell, 1954. A Probability Model for the Measurement of Ecological Segregation,
Social Forces, v.32, n.4, p. 357-364, 1954. Disponível em: https://doi.org / 10.23 07/2574118.
Acesso em: julho de 2022.
BRET, Bernard et al, Justice et injustices spatiales Nanterre: Presses universitaires de Paris
Nanterre, 2010. Disponível em: http://books.openedition.org/pupo/391. Acessado em: julho 2022.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
105
BRUN, Jacques y CHAUVIRÉ, Yvan. La ségrégation sociale: questions de terminologie et de
méthode. Espace, populations, sociétés, v. 1, n. 1, p. 75-85, 1983. Disponível em:
https://www.persee.fr/doc/espos_0755-7809_1983_num_1_1_906. Acesso em: julho 2022.
CARLOS, Ana; ALVES, Gloria; PADUA, Rafael. Justiça espacial e o direito à cidade.o
Paulo: Contexto, 2017
CAPEL SAÉZ, Horacio, 1980. Sobre clasificaciones, paradigmas y cambio conceptual en
Geografía. El Basilisco, Barcelona, n.11, p. 4-12, 1980. Disponível em: https://dialn et .uni
rioja.es/servlet/articulo?codigo=2471990. Acesso em: agosto 2022.
CLOKE, Paul, Johnston, Ron. Spaces of Geographical Thought: Deconstructing Human
Geography's Binaries. Thousand Oaks: Sage Publications, 2005.
CORTESE, Charles; FALK, R. Frank; COHEN, Jack K. Further considerations on the
methodological analysis of segregation indices. American sociological review, p. 630-637, 1976.
Disponível em: https://doi.org/10.2307/2094840. Acesso em: julho 2022.
CASTELLS, Manuel. La Question urbaine, Paris: Maspéro, 1972.
CASTELLS, Manuell. La cuestion urbana. Madrid: Siglo XXI, 1974.
CLIFF, Andrew y ORD, Keith. The Problem of Spatial Autocorrelation. En: SCOTT, Allen.
Studies in Regional Science London Papers in Regional Science, p. 2555, 1969.
CURRAN, Winifred. Chicago School. En: RICHARDSON, Douglas et al (eds.) International
Encyclopedia of Geography: People, the Earth, Environment and Technology, 2017. Disponível
em: https://doi.org/10.1002/9781118786352.wbieg0492. Acessado em: março 2022.
DACEY, Michael. A review on measures of contiguity for two and k-color maps. En: BERRY,
By MARBLE, Duane (eds.) Spatial Analysis: A Reader in Statistical Geography. Englewood
Cliffs: Prentice-Hall, p.479-495, 1968.
DAVIS, Mike. Cidade de Quartzo. Escavando o futuro em Los Angeles. São Paulo: Boitempo,
2009.
DAVIS, Mike. City of Quartz: Excavating the Future in Los Angeles. Londres: Verso, 1990.
DUNCAN, Otis y DUNCAN, Berverly. A methodological analysis of segregation indexes.
American Sociological Review, v.20, n.2, p. 210217, 1955. Dispovel em:
https://doi.org/10.2307/2088328. Acesso em: junho 2022.
ENTRIKIN, Nichola. Robert Park’s Human Ecology and Human Geography. Annals of the
Association of American Geographers, v. 70, n. 1, p.4358, 1980. Disponível em: http://www
.jstor.org/stable/2562824. Acesso em: julho de 2022.
FEITOSA, Flávia. Et al. Global and local spatial indices of urban segregation. International
Journal of Geographical Information Science, v.21, n. 3, p. 299-323,2007. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/220650505Globaland Local
Spatial_Indices_of_Urban_Segregation. Acesso em: julho 2022.
FRAZIER, Franklin. The Negro Family in Chicago. Chicago: University of Chicago Press, 1932.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
106
GETIS, Arthur. Spatial Autocorelation. In: Handbook of Applied Spatial Analysis. Berlin:
Springer. p. 255275, 2010.
GETIS, Arthur. A History of the Concept of Spatial Autocorrelation: A Geographer's Perspective.
Geographical analysis, v. 40, n. 3, p. 297-309, 2008. Disponível em:
https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/j.1538-4632.2008.00727.x. Acessado em: agosto
2022.
GETIS, Arthur. Spatial Interaction and Spatial Autocorrelation: A Cross-Product Approach.
Environment and Planning A, v. 23, p. 1269-1277, 1991. Disponível em: doi: 10.1007/978-3-642-
01976-0_2. Acessado em; julho 2022.
GEARY, Roy. The contiguity ratio and statistical mapping. The Incorporated Statistician, v. 5, n.
3. p.115-145, 1954. Disponível em: DOI:10.2307/2986645. Acessado em: julho de 2022.
GORARD, Stephen. Measuring segregation - beware of the cautionary tale by Johnston and
Jones. Environment and Planning A, v.43, n. 1, p. 37, 2011. Disponível em: doi:10.1068/a43309.
Acessado em: junho de 2022.
GRAFMEYER, Yves; AUTHIER, Jean-Yves. Sociologie urbaine. Paris: Armand Colin, 2008.
GARROCHO, Carlos; CAMPOS-ALANÍS, Juan. Réquiem por los indicadores no espaciales de
segregación residencial. Papeles de Población, v. 19, n. 77, 2013. Disponível em:
https://rppoblacion.uaemex.mx/article/view/8389. Acessado em: outubro 2022.
HARRIS, Richard. Residential Segregation and Class Formation in the Capitalist City: A Review
and Directions for Research. Progress in Human Geography, v. 8, n. 1, p. 26-49, 1984. Disponível
em: doi:10.1177/030913258400800102. Acessado em: junho de 2022.
HARRIS, Richard. Measuring segregation as a spatial optimisation problem, revisited: a case
study of London, 19912011. International Journal of Geographical Information Science, v. 30,
n. 3, p.474-493, 2016. Disponível em: DOI: 10.1080/13658816. 2015. 10 32973. Acessado em:
junho 2022.
HARRIS, Richard. Measuring segregation? A geographical tale. Environment and Planning A, v.
43, n. 8, p. 17471753, 2011. Disponível em: doi:10.1068/a44148. Acessado em: junho 2022.
HARVEY, David. Explanation in Geography. London: Edward Arnold, 1969.
HARVEY, David. Social Justice and the City. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1973.
HARVEY, David. 1975. Class structure in a capitalist society and the theory of residential
differentiation. In: Processes in physical and human geography, London: Heinemann Educational,
Bristol essays, p. 354-69, 1975.
HARVEY, David. Urbanismo y desigualdad social. Madrid: Siglo XXI, 1977.
HIEBERT, Daniel. Segregation. En: GREGORY, Derek; JOHNSTON, Ron; PRATT, Geraldine;
WATTS, Michael; WHATMORE, Sarah. The Dictionary of Human Geography. Oxford: Wiley-
Blackwell, 2009.
HIEBERT, Daniel. Measurement of segregation. In: GREGORY, Derek et al (eds.) Dictionary of
Human Geography. Oxford: Blackwell, 2009.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
107
HOLLOWAY, Steven. “Residential Segregation,” AAG International Encyclopedia of
Geography, Wiley, 2017.
HOLLOWAY, Sarah; VALENTINE, Gill. Children’s geographies: Playing, living, learning.
London: Routledge, 2004.
ISARD, Walter. Location and Space Economy. Cambridge: MIT Press, 1956.
JAKUBS, John. A distance-based segregation index. Journal of Socioeconomic Planning
Sciences, v. 15, n. 3, p. 129-141, 1981. Disponível em: https://doi.org/10.1016 /0038-
0121(81)90028-8. Acessado em: agosto de 2022.
JOHNSTON, Ron. Paradigms and revolutions or evolution? Ohservations on Human geography
since the Second World War, Progress in Hiunan Geography, v. 2, n. 2, p. 189-206, 1978.
Disponível em: https://doi.org/10.1177/030913257800200201. Acessado em: agosto 2022.
JOSEPH, Isaac. L’École de Chicago. In: Dictionnaire de la géographie et de l'espace des sociétés.
p. 151-153, Paris: Belin, 2003.
KAPLAN, David y WOODHOUSE, Kathleen. Research in ethnic segregation ii: measurements,
categories, and meanings. Urban geography, v. 26, n. 8, p.737-745, 2005.Disponível em: doi:
10.2747/0272-3638.26.8.737. Acessado em: julho de 2022.
KAPLAN, David y WOODHOUSE, Kathleen. Research in Ethnic Segregation I: Causal Factors,
Urban Geography, v. 25, n. 6, p. 579-585, 2004. Disponível em; DOI:10.2747 /0272-
3638.25.6.579 Acessado em: julho de 2022.
LEHMAN-FRISCH, Sonia. Is Segregation a Spatial Injustice? Research Issues. Annales de
géographie, v. 665-666, n. 1, p.94-115, 2009. Disponível em: https://doi.org/10.391
7/ag.665.0094. Acessado em: agosto 2022.
LOJKINE, Jean. Le Marxisme, l'État et la question urbaine. Paris: Presses universitaires de
France, 1977.
LOJKINE, Jean. El marxismo, el Estado y la cuestión urbana. Ciudad de México: Siglo XXI,
1979.
LUSSAULT, Michel. La construcción social del espacio humano, Buenos Aires: Amorrortu,
2015.
LUSSAULT, Michel. Ségrégation. In: Dictionnaire de laographie et de l'espace des sociétés,
Paris: Belin, 2003.
MALOUTAS, Thomas. Editorial: Urban Segregation and the European Context. The Greek
Review of Social Research, v. 133, n. 3, p. 3-24, 2004. Disponível em: DOI:10.12 681/grsr.9214.
Acessado em: agosto de 2022.
MASSEY, Douglas. Reflections on the Dimensions of Segregation. Social Forces, v. 91, n. 1, p.
3943, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1093/sf/sos118. Acessado em: agosto 2022.
MASSEY, Douglas y DENTON, Nancy. The dimensions of residential segregation. Social
Forces, v. 67, n. 2, p. 281315, 1988. Disponível em: doi:10.1093/sf/67.2.281. Acessado em:
agosto 2022.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
108
MARTORI, Joan Carles; HOBERG, Karen; SURINACH, Jordi. Población inmigrante y espacio
urbano: Indicadores de segregación y pautas de localización. EURE, Santiago, v. 32, n. 97, p. 49-
62, 2006. Disponível em: https://www.scielo.cl/scielo.php?script= sci arttext&pid=S0 250-
71612006000300004. Acessado em: agosto 2022.
MERRY, Michael. Does Segregation Matter? In: BAKKER, Joep; DENESSEN, Eddie;
WALVAREN, Guido; PETERS, Dorothee International Perspectives on Countering School
Segregation, p. 249-260, Uitgever: Garant Uitgever, 2011.
MERRIFIELD, Andy. Henri Lefebvre: a critical introduction. New York: Routledge, 2006.
MERRIFIELD, Andy, SWYNGEDOUW, Eric Y HARVEY, David. The Urbanization of
Injustice. London: Lawrence & Wishart, 1996.
MITCHELL, Don. 2003. The Right to the City: Social Justice and the Fight for Public Space.
New York/London: Guilfrod Press, 2003.
MORAN, Patrick, The interpretation of statistical maps. Journal of the Royal Statistical Society, v.
10, p. 243-251, 1948. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.2517-6161.19 48. tb00012. x.
Acessado em: agosto de 2022.
MORGAN, Berrie, 1975. The Segregation of Socio-economic Groups in Urban Areas: a
Comparative Analysis. Urban Studies, v. 12, n. 1, p. 47-60, 1975. Disponível em: 10.1080
/00420987520080041. Acessado em: agosto de 2022.
MORRILL, Richard, 1991. On the measure of geographic segregation. Geography Research
Forum, v.11, p. 25-36, 1991. Disponível em: https://grf.bgu.ac.il/index.php /G RF/ article/view/91.
Acessado em: agosto 2022.
MÜLLER, Martin. More-than-representational political geographies. In: The Wiley Blackwell
companion to political geography, p. 407-423, 2015.
MUSSET, Alain. Ciudad, sociedad, justicia: un enfoque espacial y cultural. Mar del Plata:
Eudem, Universidad Nacional de Mar del Plata, 2010.
MUSTERD, Sako, 2020. Urban segregation: Contexts, domains, dimensions and approaches. In:
Handbook on urban segregation. Edward Elgar Publiching, p.2-17, 2020.Disponível em:
https://www.elgaronline.com/view/edcoll/9781788 115599/ 9781 7 88115599.00007.xml.
Acessado em: junho 2022.
NEL.LO, ORIEL, Efecto barrio Segregación residencial, desigualdad social y políticas urbanas
en las grandes ciudades ibéricas. Valencia: Editorial Tirant Humanidades, 2021.
NIGHTINGALE, Carl. Segregation: a global history of divided cities. Chicago: University of
Chicago Press, 2012.
PACIONE, Michael. Urban geographya global perspective. London - New York: Routledge,
2009.
PARK, Robert. La ciudad y otros ensayos de ecología urbana. Barcelona: Ediciones del Serbal,
1999. Disponível em: https://www.academia.edu/4245532/La_ciudad_y_otros_
ensayos_de_ecologia_urbana_Park_Robert_Ezra. Acessado em: agosto 2022.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
109
PARK, Robert y BURGESS, Ernest.The city: suggestions for investigation of human behavior in
the urban environment. Chicago, London: University Of Chicago Press, 1925.
PORCEL LÓPEZ, Sergio. Desigualdad social y segregación residencial: una relación compleja.
Madrid: Cáritas Española Editores, 2020.
POULSEN, Michael. Segregation. In: International Encyclopedia of Human Geography.
Amsterdam: Elsevier, p. 63-69, 2009.
RATZEL, Friedrich. Anthropo-géographie oder Grundzûge der Anwendung der Erdkunde auf die
Geschichte, Stuttgart. J. Engel, 1882.
RAWLS, John. A Theory of Justice. Cambridge, Massachusetts: The Belknap Press of Harvard
University Press, 1971.
REARDON, Sean y FIREBAUGH, Glenn. 2002. Measures of Multigroup Segregation.
Sociological Methodology, v. 32, p. 3367. Disponível em: https://doi.org/10.1111/146 7-9
531.00110. Acessado em: julho 2022.
RUIZ-TAGLE, Javier. La segregación y la integración en la sociología urbana: revisión de
enfoques y aproximaciones críticas para las políticas públicas. Revista INVI, v. 31, n. 87, p. 9-57,
2016. Disponível em: https://revistainvi.uchile.cl/index.p hp/INVI/article /v iew/62773. Acesso
em: julho de 2022.
SANTOS, Milton. O espaço dividido: os dois circuitos da economia urbana dos países
subdesenvolvidos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979.
SMITH, Neil. The new urban frontier: gentrification and the revanchist city. London: Routledge,
1996.
SMITH, Neil, 2002. New globalism, new urbanism: gentrification as global urban
strategy. Antipode, v. 34, n. 3, p. 427-450. Disponível em: https://doi.org/10.1111/1467-
8330.00249. Acessado em: julho 2022
SOJA, Edward. Geografias pós-modernas: a reafirmação do espaço na teoria social crítica.
Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1993.
SOJA, Edward. En busca de la justicia espacial. Valencia: Tirant Humanidades, 2014.
SPRIGGS, William. Measuring residential segregation: An application of trend surface analysis.
Phylon, v. 45, n. 4, p. 249-263, 1984. Disponível em: https://doi.org/10.2307 /274906. Acessado
em: julho de 2022.
VAILLANT, Mickaël, 2006. Race et culture, les sciences sociales face au racismo: étude
comparative de la genèse et des modalités de la rupture épistémologique de l'école durkheimienne
et de l'école de Chicago avec la pensée racialiste (fin 19e siècle-1945). 2006. Tese (Doutorado).
Instituto de estudos políticos. Paris, 2006.
VASCONCELOS, Pedro et al. A cidade contempornea: segregao espacial. São Paulo: Editora
Contexto, 2013.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
110
VAUGHAN, Laura y ARBACI, Sonia, 2011. The challenge of understanding urban segregation.
Built Environment. v. 37, n. 2. p. 128-138, 2011. Disponível em: DOI:10.2 148/benv.37.2.128.
Acessado em: julho 2022.
VILLAÇA, Flávio. Espaço Intra-Urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, FAPESP, Lincoln
Institute, 2001.
WATERTON, Emma. More-than-representational landscapes. In: The Routledge companion to
landscape studies. Routledge: London, p. 91-101, 2018.
WHITE, Michael. The measurement of spatial segregation. The American Journal of Sociology,
v.88, n. 5, p. 10081018, 1983. Disponível em: https://doi.org/10.1086 /22 7768. Acesso em: julho
de 2022.
WHITE, Michael. Segregation and diversity measures in population distributions. Population
Index, v. 52, n. 2. p. 198-221, 1986. Disponível em: https://doi.org/10.2307/ 3644339. Acessado
em: julho 2022.
WITHERICK, Michael, ROSS, Simon y SMALL, Jhon. A Modern Dictionary of Geography.
London: Arnold, 2001.
WONG, David, A comparison of traditional and spatial measures of segregation: some empirical
findings. In: Multicultural geographies: Persistence and change in US racial /ethnic patterns.
Albany: State University of New York, p. 247-262, 2010.
WONG, David. Segregation índices. In: International Encyclopedia of Human Geography, Nigel.
Amsterdam: Elsevier, p. 76-80, 2009.
WONG, D. W. S. Spatial decomposition of segregation indices: a framework toward measuring
segregation at multiple levels. Geographical Analysis, v. 35, n. 3, p. 179-194, 2003. Disponível
em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1538-4632.2003.tb01109.x. Acessado em:
agosto 2022.
WONG, D. W. S. Spatial dependency of segregation indices. The Canadian Geographer, v. 41, n.
3, p. 128-136, 1997. Disponível em: https://onlinelibrary.Wiley .com/ doi/abs/10.1111/j.1541-
0064. 1997.tb01153.x. Acessado em: março 2022.
WONG, David, 1993. Spatial Indices of Segregation. Urban Studies, v.30, n.3, p.559-572, 1993.
Disponível em: doi:10.1080/ 00420989320080551. Acessado em: julho de 2022.
WRIGH, John. Some Measures of Distributions. Annals of the Association of American
Geographers, n. 4, p. 177-2011, 1937. Disponível em: https://www.tandfonline.com
/doi/abs/10.1080/00045603709357166. Acessado em: julho 2022.
WIRTH, Louis. The Ghetto. American Journal of sociology, v. 33, n. 1, 1927. Disponível em:
https://www.journals.uchicago.edu/doi/epdf/10.1086/214333. Acesso em: julho 2022.
ZORBAUGH, Harvey. The Gold Coast and the Slum: A Sociological Study of Chicago's Near
North Side. Chicago: University of Chicago Press, 1929.
A segregação socioespacial no pensamento geográfico
Igor Robaina; Gonzalo López; Carlos Hugo Cáceres
Ateliê Geográfico - Goiânia-GO, v. 17, n. 1, abr./2023, p. 87 111
111
Igor Martins Medeiros Robaina
Doutor em Geografia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Personal
Docente Investigador / Ayuda María Zambrano / Next Generation EU -
European Union Departamento de Historia, Geografía y Comunicación da
Universidad de Burgos. Professor Adjunto no Departamento de Geografia e
no Programa de Pós-graduaçao em Geografia da Universidade Federal do
Espírito Santo.
Paseo de los Comendadores s/n 09001, Burgos, España
E-mail: imartins@ubu.es
Orcid: 0000-0002-2188-5245
Gonzalo Andrés López
Doutor em Geografia pela Universidad de Valladolid. Professor Titular de
Geografia Humana no Departamento de Historia, Geografía y Comunicación
da Universidad de Burgos. Professor no Programa de Pós-graduação em
Patrimonio y Comunicación da Universidad de Burgos.
Paseo de los Comendadores s/n 09001, Burgos, España
gandres@ubu.es
Orcid: 0000-0001-9377-8695
Carlos Hugo Soria Cáceres
Doutor em Geografia pela Universidad de Valladolid. Professor Ayudante
Doutor de Geografia Humana no Departamento de Historia, Geografía y
Comunicación da Universidad de Burgos.
Paseo de los Comendadores s/n 09001, Burgos, España
chsoria@ubu.es
Orcid: 0000-0003-1642-3457
Recebido para publicação em dezembro de 2022.
Aprobado para publicação em janeiro de 2023.
ResearchGate has not been able to resolve any citations for this publication.
Article
Full-text available
La segregación residencial es para algunos un fenómeno natural, y para otros un problema estructuralmente determinado. En cambio, la integración se ha vuelto un objetivo neoliberal o una aproximación voluntarista. Aquí se revisan varias explicaciones de la segregación: consideraciones sociológico-históricas, teorías funcionalistas-positivistas y teorías de conflicto-postestructuralistas. Se afirma que las teorías funcionalistas-positivistas han influenciado los estudios empíricos y varias ideas que modelan las políticas de integración, con una excesiva confianza en la proximidad física entre diferentes grupos sociales. Finalmente, para entender las transformaciones espaciales más allá de las visiones estructuralistas y naturalistas de la segregación, se toma la idea de dialéctica socio-espacial y el programa del Derecho a la Ciudad para relocalizar la integración como una demanda crítica y progresista.
Book
Tradicionalmente, en el campo de los estudios urbanos, se ha entendido que la segregación residencial es un fenómeno estrechamente vinculado con la desigualdad social. Sin embargo, investigaciones recientes como esta realizada en la Barcelona metropolitana postindustrial demuestran que en realidad esta relación encierra una enorme complejidad.
Book
Spaces of Geographical Thought examines key ideas – like space and place - which inform the geographic imagination. The text explains the significance of these binaries in the constitution of geographic thought and shows how many of these binaries have been interrogated and reimagined in more recent geographical thinking. A consideration of these binaries will define the concepts and situate students in the most current geographical arguments and debates. The text will be required reading for all modules on the philosophy of geography and on geographical theory.