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Corpo, gênero e sexualidade:
Memórias, lutas e insurgências nas educações
ISBN: 978-65-86901-98-6
#DCSEMASSEDIO:
DEBATENDO ASSÉDIO MORAL E SEXUAL EM ESPAÇOS DE CIÊNCIA E
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Ana de Medeiros Arnt
Aline Marcele Ghilardi
Beatriz Hörmanseder
Tassio Denker
Muitas pessoas compreendem fenômenos de assédio como um ato isolado ou contínuo entre dois indiví-
duos: assediador e assediado. Neste caso, seriam atos de perversão e violência de uma pessoa em relação
a outra pessoa.
Sabemos que relações hierárquicas, em ambientes de trabalho, estabelecem relações de poder. Neste sen-
tido, são relações interpessoais em que, continuamente, há exigências e cobranças a partir de diversas estratégias
para que seja mantida, dentro da instância prossional, a produtividade. Não vamos adentrar aqui neste artigo,
de maneira minuciosa, as relações entre assédio e espaço de trabalhos, de forma ampla, apenas mencionar que o
assédio moral - assim como o assédio sexual, que será abordado posteriormente - não são isoladas em nossa socie-
dade e cultura, nem se restringem a espaços prossionais. Ao mencionarmos relações de poder, apontamos no
exercício desigual de forças entre indivíduos, que possibilitam (em certa medida) resistências, enfrentamentos e
condições mínimas de diálogo.
Ao abordarmos relações de assédio no escopo prossional (assim como fora deste), é de violência que se
trata. Isto é, de ações que - ainda que não se congurem como ações físicas - imobilizam, silenciam e inviabilizam
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respostas e resistências pela dinâmica que se estabelece entre as pessoas envolvidas. E a dinâmica destas pessoas
dentro de uma sociedade especíca, tal como vamos tentar apontar neste artigo.
Neste artigo, abordaremos algumas denições sobre assédio moral e sexual e suas relações com o meio
acadêmico e da divulgação cientíca. Além disso, discutiremos o quanto casos recentes vêm sendo debatidos no
meio público (a partir de veículos de comunicação ao longo do ano de 2022 e início de 2023) e, também, a partir
de uma campanha na rede social Twitter, no ano de 2022, nomeada #DCSemAssedio.
SOBRE O ASSÉDIO MORAL: UM BREVE HISTÓRICO
Embora seja parte integrante de debates teóricos e práticos de relações de trabalho desde a década de 1970,
o termo assédio moral só foi cunhado ao nal da década de 1990. Em diversos países, termos como harassment,
mobbing e bullying (BRODSKY, 1976; LEYMAN, 1989; ADAMS E CRAWFORD, 1992 citados por SOARES, 2012) serão
parte de textos e referências acadêmicas, sendo este último termo, em nosso país, o mais conhecido popularmente,
especialmente no que tange práticas de violência a pessoas em espaços escolares. Dentro do âmbito prossional
e trabalhista, também em meados da década de 1990, o termo “psychological terror” apareceu na literatura para
designar relações de assédio (SOARES, 2012).
De modo geral, todos estes termos descrevem ações dirigidas a pessoas (normalmente um funcionário ou
subalterno) de modo ofensivo e/ou agressivo. Estas ações, todavia, não se constituem como atos isolados. Pelo con-
trário, são atos negativos e repetitivos, costumam gerar isolamento e exclusão da pessoa atingida, pessoalmente
e prossionalmente.
Apesar de estes conceitos estarem já presentes em um debate amplo, apenas em 1998, o termo “assédio
moral” aparece na literatura no livro “Le harcèlement moral: la violence perverse au quotidien” (O Assédio Moral:
a violência perversa no dia a dia, em tradução livre), escrito por Marie-France Hirigoyen. Este livro dá força a um
movimento social que culmina na criminalização do assédio moral, tomando-o uma violência, na França.
É importante que seja dito que o assédio moral não somente não é um ato isolado, como também não é
executado por “um ser perverso e doentio” contra alguém “frágil e incapaz”. Tampouco se congura como uma
violência única e pontual, que aconteceu “de uma hora para outra” ou “do nada”. O assédio moral não é um ato
de violência extrema, facilmente identicável nas relações interpessoais. Pelo contrário, é um conjunto de atos
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de constrangimento contínuos e constantes e que começam como ações pequenas, mas que vão ganhando cons-
tância e aumento de gravidade de forma gradativa, instalando-se no cotidiano. Podem ter, em sua rotina, formas
sutis, que se validam dentro da relação entre assediador e assediado.
Por muitas vezes, pode-se ter a instalação de comportamentos de assédio a partir de pequenos desconfor-
tos gerados em uma relação. Isto já é um sinal de alerta, mas nem sempre estes são perceptíveis ou localizáveis
de modo simples. Os constrangimentos, em geral, acontecem de duas maneiras: engrandecendo o agressor,
diminuindo ou coagindo o assediado. É neste jogo de poder que podemos ter uma ação de produção de danos e
sofrimentos contínuos ao assediado, desestabilizando-o moral e psicologicamente.
O assédio moral, por m, ainda pode ter como característica a criação de laços de conança entre os sujeitos
(assediador e assediado), tornando não apenas denúncias mais difíceis, como a intervenção nesta relação tam-
bém - seja pelo vínculo, seja por um isolamento do assediado em relação aos seus pares.
E O ASSÉDIO SEXUAL?
O assédio sexual é, também, uma ação de coerção e constrangimento entre indivíduos, diferenciando-se do
assédio moral por vincular-se a outras questões sociais. Em pesquisa recente (JOHNSON et al, 2018, p.170), cons-
tatou-se que o assédio sexual pode ser de três tipos:
(1) assédio de gênero (comportamentos verbais e não verbais que transmitem hostilidade,
objeticação, exclusão ou conferem status hierárquicos sobre pessoas de diferentes gêneros);
(2) atenção sexual indesejada (condutas sexuais verbais ou físicos indesejados, que podem
incluir assédio);
(3) coerção sexual (quando há favorecimento prossional ou educacional condicionado à
atividade sexual). As distinções entre os tipos de assédio são importantes, particularmente
porque muitas pessoas não percebem que o assédio de gênero é uma forma de assédio sexual.
Esta pesquisa aponta, inclusive, que o assédio de gênero é o mais presente dentro de instituições. Falaremos
mais adiante deste primeiro em especíco, pois envolve a noção de um ambiente que acolhe e perpetua estereó-
tipos de gênero, com hierarquizações entre sujeitos de diferentes gêneros.
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Falaremos de maneira especíca do segundo e terceiro tipo de assédio, a “atenção sexual indesejada” e a
“coerção sexual”. Nestes casos, a conguração de um ato como assédio sexual se dá pelo constrangimento e opres-
são a partir de qualquer investida (fala, convite, situação provocada, entre outros) em que não há possibilidade
– ou há diculdades – em recusar a investida. No caso, a falta de condições de recusar acontece por intimidações,
insistências, coerções ou mesmo hierarquias estabelecidas e usadas como forma de se obter o aceite. Neste sen-
tido, o assédio sexual é denido pela não possibilidade de recusa de um “convite”, seja qual for o motivo.
Assim como o assédio moral, o assédio sexual também pode ser de difícil percepção, inicialmente. Tal como
o assédio moral, também não é um ato isolado e único de extrema violência, inserindo-se nas relações interpes-
soais de maneiras sutis, porém constantes.
A percepção, dentro do escopo de trabalho (mas não somente nestes espaços), de que há uma inadequação
da situação vivenciada - mesmo que um desconforto que geralmente é ignorado - pode ser um primeiro sinal de
alerta. Eventualmente, tido como impressão errada, exagero, “bobagem” e, por isso mesmo, deixado de lado den-
tro destes espaços.
Presencialmente, estes sinais podem ser gerados em momentos como abraços e toques indevidos ou descon-
fortáveis; insistências para reuniões agendadas em particular e de forma isolada, quando deveriam acontecer
junto a outros colegas de trabalho. Além de repetições de convites para que existam encontros e situações fora dos
espaços formais, dentre outras situações. Também podemos citar elementos que ocorrem de forma online, como
conversas em aplicativos – que podem dar um tom de informalidade e privacidade que soam demasiadas, mesmo
para trabalhos conjuntos. Desvios repetidos e constantes do tema central do trabalho, tomando conotações sexu-
ais. Além de “elogios” que não são elogios, falas insistentes, convites reiterados, exaltação do corpo, roupa. Tudo
isto somado à repetição, mesmo quando há uma fala reiterada de que aquela postura não é adequada, nem
desejada.
Ainda dentro da conceituação de assédio sexual, é importante ressaltar que não necessariamente este se
deagra em violência física, tampouco pode ser confundido com um “simples” erte ou cantada. Ao ter como
pressuposto a objeticação do outro e de seu corpo, tem como consequência, mesmo que não sendo em curto
prazo, a desqualicação e dano à pessoa assediada, com satisfação do agressor.
Um dos componentes que pode ser visto como diferente em relação ao assédio moral e o assédio sexual são
as relações hierárquicas. Por um lado, o assédio moral estabelece-se (em geral) por hierarquias prossionais
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(cheas, ou no âmbito acadêmico – incluindo professores e orientadores), já no assédio sexual temos também a
inuência de hierarquias sociais e, com isso, relações de gênero e sexualidade se articulam e compõe os elemen-
tos do assédio. Isto pode, ou não, acompanhar a hierarquia prossional.
ASSÉDIO COMO CULTURA NA SOCIEDADE
Talvez seja relevante retomar o que Johnson et al (2018) aponta sobre assédio de gênero. Neste caso, as auto-
ras apontam que este tipo de assédio é o mais frequente em instituições cientícas, porém o menos denunciado.
Embora seja comum falar de assédio como relação entre dois sujeitos, estas relações só são possíveis dentro
de uma condição social, que propicia que o assédio não apenas aconteça, mas se perpetue socialmente. Neste sen-
tido, podemos situar o assédio como prática cultural.
As autoras comentam que o assédio de gênero se dá em ambientes em que a assimetria das relações se esta-
belecem pelo gênero, por exemplo, em que lugares que há mais homens trabalhando (especialmente em cargos
de comando, mas não se restringindo a isto), e que as práticas de assédio se vinculam, também, a espaços que têm
como parte de seu cotidiano negligenciar políticas de combate ou ambientes de trabalho que não apoiem pessoas
que sofreram assédio.
Assim, reiteramos o que já foi apontado inicialmente neste artigo, de que o assédio não é sobre um indiví-
duo isolado, mas uma cultura que permite que tais práticas sigam acontecendo e, também, fazem parte tanto da
estigmatização, como da própria condição de estabelecimento de relações violentas.
O ASSÉDIO NA CIÊNCIA E EM UNIVERSIDADES EM VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO
“Não devíamos ter medo de ter aula”1
Ao realizarmos, no site de busca do Google, pelos termos “assédio sexual” + universidade, entre 01 de
Fevereiro de 2022 e 31 de Janeiro de 2023, encontramos mais de 2.200 notícias. Sem a pretensão de dar conta
1 Fala de uma estudante na reportagem sobre a denúncia de assédio de um docente da UNESP, no G1 de Bauru e Marília (G1, 2023a)
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de todas as reportagens (e casos noticiados), nosso intuito neste artigo é discorrer um pouco sobre dois tipos de
notícias relacionadas à temática Assédio Sexual dentro do ambiente acadêmico: as denúncias e o acolhimento de
denúncias.
Nos últimos tempos, ao menos para quem acompanha este tipo de publicação e notícia, temos visto uma
movimentação dentro das universidades para denúncias de assédio sexual, especialmente por parte de estudan-
tes, e da elaboração de materiais e espaços de denúncias formais, dentro das universidades.
A frase que inicia esta seção do artigo é, exatamente, o primeiro caso. A fala de uma aluna ressalta exata-
mente o aspecto do assédio sexual que aponta uma relação de coerção e constrangimento dentro de um espaço
institucional que não deveria compor a rotina, todavia está lá. Os casos de denúncias são recorrentes e vêm
à público em jornais e revistas, muitas vezes sem um processo investigativo ainda instaurado, outras vezes,
com processos administrativos já em andamento. Ainda menos frequente, mas já visível, há o caso de afasta-
mento e, também, exoneração de docentes, a partir do processo administrativo, gerado pelas denúncias (TV
MIRANTE, 2022; DIÁRIO DE UBERLÂNDIA, 2022; ZANELLA, 2022; G1 RN, 2022, NOGUEIRA, 2022; STROISCH, 2022,
GUIMARÃES, 2022).
Ações institucionais de acolhimento de denúncias, de maneira especíca para estes casos de assédio, ainda
não são a regra (CAPELA, 2022; SORIA E MELLO, 2022; ANDRADE, 2022, CARLO, 2022). Algumas instituições ainda
mantêm um sistema de denúncias regular, junto a qualquer denúncia burocrática e/ou de serviços da universi-
dade. Um setor, ou conjunto de prossionais especializados, que atuem não apenas com a recepção da denúncia
em si, mas com o acolhimento e atendimento que a situação necessita, é um debate e/ou um fato recente dentro
de universidades, tal como reportado na Revista Fapesp (ANDRADE, 2022). Foi nos últimos 10 anos que grandes
universidades começam a elaborar políticas especícas, ao que tudo indica, para combate ao assédio sexual den-
tro das instituições.
Tal fato demonstra que existe uma grande caminhada, no sentido de validar as falas de vítimas e propor um
espaço de denúncias que gere segurança para as vítimas e a análise criteriosa do assédio.
Segundo pesquisa de Johnson et al (2018), centros de pesquisa que possuem estratégias de combate ao assé-
dio estruturadas, tanto quanto maior equidade de cargos e carreiras, têm uma produtividade maior e menos
casos de abandono de projetos, carreiras e cursos de pós-graduação.
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Antes de falarmos sobre a campanha organizada, #DCSemAssedio, ressaltamos que este ponto é extrema-
mente relevante e foi parte dos debates da campanha que abordaremos neste artigo também. As violências de
gênero, dentro do meio acadêmico, também aparecem com a manutenção de assediadores que são nomeados, de
forma reiterada, como “bons pesquisadores, apesar dos assédios”. Segundo Johnson et al (2018), espaços em que o
assédio não é combatido têm queda de produtividade e maior abandono de carreira. Congurando-se, portanto,
como uma fala que apenas coaduna e mantém os assediadores ativos e participantes da estrutura da pesquisa em
si, negligenciando e punindo vítimas.
#DCSEMASSEDIO
Como lidar com o assédio, vinculado ao trabalho acadêmico, mas que funciona fora deste espaço e de
maneira informal - especicamente, virtualmente?
A Divulgação Cientíca (DC) é uma atividade prossional (ainda que na maioria das vezes seja desenvolvida
de forma voluntária) extremamente ligada ao meio acadêmico. De modo geral, a DC pode ser entendida como um
conjunto de ações que visam proporcionar à uma população não-especializada, ou não-acadêmica, a compreen-
são do que é e como se faz ciência, de conhecimentos produzidos dentro das universidades e centros de pesquisa
no país e no mundo.
Contemporaneamente, a DC tem ocupado as redes sociais, seja em projetos coletivos ou individuais, para
produzir conteúdos nas redes e interagir com pessoas interessadas em ciência.
Nós vamos abordar neste tópico do artigo, uma campanha coletiva organizada no início de 2021, intitulada
#DCSemAssedio, mobilizado na rede social Twitter. A campanha foi idealizada a partir de uma denúncia privada
de assédio, dentro de um grupo de divulgadores que atuavam nesta rede social. Ao tomarmos conhecimento das
denúncias2 - e percebemos que existiam outras com teor semelhante e com gravidade, grande constrangimento
2 Neste caso, quem compôs a autoria deste artigo recebeu denúncias e/ou direcionou ações a m de minimizar danos, acolher vítimas e, ao
ouvir vários relatos muito semelhantes, idealizar a campanha. Falaremos da campanha como foi organizada e a partir de que questões foi
idealizada, sem expor quaisquer dados especícos de quem foram as vítimas, por motivos que carão claros no próprio texto.
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e chantagem entre alguns dos envolvidos - compreendemos, ouvindo relatos e trocando informações, que muitas
pessoas já haviam passado por situações como as que estavam denunciando.
Além de propor ações especícas em relação às denúncias, entre elas, o acolhimento das vítimas, propuse-
mos a elaboração de uma campanha, expondo, sem menção de nomes, a relação do trabalho de DC e da ciência e
situações de assédio.
O uso da hashtag em redes sociais tem como objetivo o agrupamento de informações, e funciona, simulta-
neamente, como um enunciado. Para ser funcional, deve ter um sentido que unique a informação, mas também
mobilize e direcione as pessoas ao que se está propondo. As hashtags, dentro do contexto das redes sociais, têm
uma função social e possibilitam uma aliação difusa (COSTA, 2019). Neste sentido, a escolha de uma hashtag
para um movimento e campanha não é aleatória ou banal. É pensada para um signicado que mobilize o enga-
jamento e possibilite (ao menos ao grupo que se pretende engajar) reconhecimento e pertencimento a uma causa,
tema ou pauta.
Nesta campanha, a hashtag #DCSemAssedio tinha este conjunto de sentidos, como abreviação de um campo
de atuação (reconhecido por quem atua na área) e a indicação de como este campo deveria ser ocupado, em ter-
mos de relações interpessoais.
Para a estruturação da campanha, buscamos analisar os riscos de denúncias abertas (por isso a necessidade
de não veicular o nome dos assediadores) e o acolhimento de quem realizava as denúncias. O intuito da ação era
de apresentar o assédio como uma realidade e um problema, também apontando que as pessoas não estavam
vivenciando estes momentos sozinhas e que não eram culpadas pelo que viviam.
Ao longo de uma semana organizamos pessoas que se disporiam a participar da campanha virtual, expondo
relatos de assédio. Tendo em vista a preocupação de a campanha gerar crises em algumas vítimas ou gatilhos
em pessoas que já sofreram com assédio, ou ainda riscos de acusações de calúnia ou difamação, a campanha foi
anunciada alguns dias antes, apontando que teríamos uma movimentação e que a participação tinha algumas
indicações e sugestões para elaboração de conteúdo nas redes. A campanha #DCSemAssedio foi ocialmente lan-
çada no dia 22 de março de 2021.
Ass sugestões para elaboração de conteúdo foram denidas com o auxílio de uma psicóloga e um bacharel
em direito, exatamente pensando em estratégias de acolhimento e assessoria jurídica, para resguardar os inte-
ressados em participar da campanha em termos legais e, também, psicológicos.
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Desta forma, elaboramos o documento e anunciamos a ação nos grupos e comunidades de divulgadores
cientícos que tínhamos acesso. O documento continha as seguintes indicações:
Dia 22 faremos conteúdos sobre Assédio Moral e Sexual na Divulgação cientíca no Twitter, para isto lan-
çaremos a #DCSemAssedio.
Propomos 2 tipos de conteúdo:
1. Já sofreu assédio? Conte para nós em 1-2 tweets e use a #DCSemAssedio;
a. Não expor nomes nos relatos nem a opinião própria - tanto da vítima quanto do assediador
b. Só compartilhem casos de terceiros com anuência da vítima - mesmo se anônimo
c. Em caso de relato de terceiros, não utilize o material inicial como prints ou mensagens encaminha-
das, transcreva o material.
2. Quer contribuir com a compreensão sobre o tema?
a. Monte um o em que você apresente o conteúdo sobre o que é assédio, como ele se dá no meio aca-
dêmico ou prossional (envolvendo ciência e divulgação cientíca) e como o assédio é reforçado ou
silenciado em atos cotidianos;
b. A postagem é livre. Neste segundo item sugerimos que os conteúdos vão além de relatos e acolhimen-
tos, mas tenham embasamento teórico/técnico;
Cuidados sobre o que fazer:
1. não seja assertivo com as vítimas sobre o que elas NÃO DEVEM FAZER OU ACEITAR.
a. Ex: “não aceite assédio”, “denuncie”, “exponha o assediador”
• O assédio não é um ato isolado e simples para grande maioria de pessoas - em especial mulheres.
Lidamos com isto ao longo da vida e não é a exposição de UMA pessoa que mudará o cenário.
• Armar que “aceitamos” o assédio é culpabilizar a vítima e desresponsabilizar o assediador;
• Armar que denunciar é um ato simples só demonstra que você desconhece o processo do que
é assédio e como ele envolve questões sociais, estruturais e psicológicas, não sendo um processo
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simples para a vítima. Isso inclui a falta de credibilidade na palavra de pessoas assediadas ao
longo de suas vidas.
• Expor o assediador pode fragilizar ainda mais a vítima. Lembre-se sempre que o assédio envolve
um jogo de poder e hierarquias sociais estabelecidas. Não aponte para outra pessoa, que já está
vulnerável, exponha sua vulnerabilidade - especialmente por estes momentos serem seguidos de
retaliações que são vivenciados sem apoio!
2. Ao invés de ser mais um no tribunal da internet, tente entender que assédio faz parte de uma cultura,
que ensina a ocuparmos determinados lugares na sociedade. Sendo assim:
a. Não se preocupe se você segue ou têm materiais em colab com o sujeito acusado de assédio. Você não
tinha a obrigação de saber ANTES que ele era assediador. Mas têm responsabilidade sobre esta infor-
mação daqui para adiante.
b. Divulgar materiais de sujeitos que cometem assédio só pelos conteúdos “não terem problemas cien-
tícos conceituais” é, sim, apoiar assédio. Esta pessoa continua ganhando apoio e validação no meio
prossional.
c. Ao invés de duvidar da palavra das vítimas, busque entender o que está acontecendo. Se você não foi
assediado por esta pessoa não quer dizer que ela não é assediadora, apenas você não era um dos alvos
(ou não era ainda, ao menos);
d. Sim, assediadores podem ser pers conhecidos e famosos, com uma sólida carreira na academia -
inclusive isto foi conquistado a partir de muitas práticas de opressão e assédio clássicas. Cada “ele
é bom apesar de ser assediador” é um conjunto de pessoas assediadas que desistiram de seguir car-
reira ou desistiram de linhas de pesquisa por gente assim.
3. Nos relatos, é importante a #DCSemAssedio vir antes do tweet. Tanto para sinalizar e agrupar o tema,
quanto para avisar a quem recebe o conteúdo. Lembre-se que é um tema delicado e pode, sim, ser
gatilho para outras pessoas. Cuidar com o conteúdo também é acolher.
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Ao longo do dia agendado para a campanha, e nos dias posteriores, foram muitos os relatos que emergiram
na rede, chegando próximo a 100 tweets ou threads (que são conjuntos de tweets encadeados) usando a hashtag
e permanecendo entre os assuntos mais comentados do dia, dentro da comunidade cientíca, de acordo com o
Science Pulse3, perl que analisa diariamente o que está sendo veiculado diariamente naquela rede social.
Embora pareça uma ação pequena, estamos apontando que foram inúmeros relatos de assédio sexual e/ou
moral, sofridos presencialmente ou em redes sociais. Pessoas indicando que sofreram abusos, ameaças, cons-
trangimentos e como lidam com a situação. Além disso, a campanha foi organizada com uma comunicação em
pequenos grupos, sendo espalhada por apenas alguns dias antes do lançamento da tag.
Por não ser um espaço institucional de trabalho, existe uma diculdade grande de lidar com o assédio nes-
tas ocasiões. Não há normas, diretrizes e estabelecimento de regras de trabalho de maneira objetiva. Ou seja, se
dentro dos centros de pesquisa podemos ver a organização de comissões e centros de acolhimento de vítimas, sin-
dicâncias, e medidas administrativas contra o assédio, nas redes sociais isto não é tarefa simples - especialmente
em vínculos tão pouco precisos, como os que se estabelecem dentro destas plataformas.
Considerando o papel das redes sociais e da internet na constituição de identidades na contemporaneidade
- incluindo não apenas uma relação de produção de conteúdo unilateral, mas de uso e interação entre pessoas
-, a internet é considerada um espaço de construção de muitos para muitos (CASTELLS, 2003). Dessa maneira, a
internet - e as redes sociais dentro desta esfera - é responsável por novas formas de organização social, ou de uma
sociedade em rede.
Dentro deste contexto, o uso das redes sociais, além de estabelecer laços entre sujeitos e compartilhamento
de conteúdos produzidos de forma organizada ou não, é diverso e difuso. Porém, propicia diálogos e estruturação
de comunicações, que podem iniciar-se de modo coordenado, lançando uma pauta.
Inspirada em outras campanhas feministas e campanhas de divulgação cientíca - sem o objetivo de alcan-
çar a mesma dimensão - a campanha #DCSemAssedio procurou exatamente colocar em pauta uma problemática
3 Science Pulse é um projeto de análise de temáticas e pers de ciência, na rede social Twitter. Diariamente eles rastreiam e indicam quais
foram os tweets e hashtags mais veiculadas por pers de ciência ou cientistas (mesmo que o tema não seja cientíco). A hashtag da campa-
nha cou entre as mais veiculadas no dia 22 de março e no dia 27 de março, podendo ser conferidas, respectivamente, nos links: https://
twitter.com/thesciencepulse/status/1374088500505632769 e https://twitter.com/thesciencepulse/status/1375900439884013572
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dentro de um campo de atuação das redes. Esta chamada de divulgadores para trazer seus relatos às redes, tinha
como objetivo demarcar como as ações se estabeleciam nas perspectivas dos abusos e coerções.
Segundo Costa (2019, a partir de estudos de Paveau, 2013), campanhas com o uso de hashtags, longe de apre-
sentarem discursos estéreis, operam a partir de uma discursividade que, simultaneamente, categoriza eventos,
palavras, sentidos, situações, ao mesmo tempo em que colocam em circulação os relatos. Ao usarem marcado-
res rastreáveis, usuários das redes sociais conseguem se aderir às campanhas, debates, pautas, posicionando-se
também.
Em relação à vivência do assédio dentro de espaços virtuais, ela não se restringe à conversas em comunica-
dores privados, mas envolve diversas e sutis questões acerca dos pers nas redes e o modo como se legitimam em
suas comunicações. Assim, não se congura somente por convites insistentes e/ou falas agressivas. Os constran-
gimentos e coerções podem se dar de modos variados e também a partir de hierarquizações que se estabelecem
por múltiplas validações.
Tendo em vista que as hierarquias nas redes sociais parecem pouco objetivas, ao organizarmos o movi-
mento e lermos os relatos, em conversas particulares, víamos que as coerções existiam por indicadores que, para
quem não utiliza estes meios de comunicação, podem parecer banais. Dentre eles, a “quantidade de seguidores”,
incluindo possibilidade de exposição de pers, com ridicularização pública de pessoas a seus seguidores é um
dos receios mais frequentes.
A hierarquia e legitimidade dos pers parece ser, desta forma, vinculada não a cargos de chea ou carreiras
estabelecidas com publicações, artigos, orientações (ou outros indicadores de carreira usuais no meio acadêmico
cientíco), mas a própria relação com as pessoas que se vinculam aos conteúdos compartilhados, e o modo como
existe validação do público a estes pers.
A legitimidade de pers, dentro destes contextos de comunicação intencional de conteúdos cientícos - como
a DC - é fundamental para a manutenção desta atuação como divulgador. Neste sentido, ao analisarmos estes
pers, mesmo que sejam pessoais e individuais, como pers que têm atuação prossional também, é importante
compreender que a construção desta legitimação do que se diz e como se comportam os pers faz parte de uma
construção prossional. Brasileiro e Azevedo (2020) apontam para o quanto estes pers virtuais são constituídos
por uma mistura entre virtualidade e “realidade”. Os pers, ao ganharem notoriedade e visibilidade, ganham
também legitimidade dentro das redes, cuja manutenção funciona como uma fachada. Ao apresentar um conjunto
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de elementos de perl - que vai dos conteúdos cientícos e campos de conhecimento, na DC, por exemplo, até
opções políticas, linguagem, uso de imagens, como dialoga com o público, dentre outros fatores - esta fachada é
não apenas construída, ela é mantida via interações e expectativas.
Recuero (2013) aponta para o quanto as redes sociais funcionam a partir de conexões entre sujeitos, que
mais do que apenas “seguirem” e “interagirem”, constroem relações, que embasam valores sociais, visão de
mundo e laços interpessoais mais ou menos fortes. A própria organização das redes e o modo como estas comu-
nicações públicas se dão, proporciona também a formação de grupos, de acordo com o interesse dos usuários das
redes. Neste caso, as relações hierárquicas também se dão dentro destas formações de grupos de pessoas que
seguem vários pers de um determinado tema e/ou círculo social - como a divulgação cientíca.
A campanha, neste caso, mesmo sendo pequena para a rede como um todo, dentro deste grupo de interesse
teve um alcance signicativo e gerou um debate necessário. Além disso, mesmo sem expor indivíduos especícos,
ela expôs o problema em si, apresentou a questão a uma comunidade mais ampla e apontou comportamentos que
não serão tolerados dentro deste grupo a quem se destinou a visibilidade da campanha. A busca, neste caso, era
romper com a lógica da hierarquia - num âmbito público - mostrando engajamento e não aceitabilidade de deter-
minados tipos de comportamentos, presenciais ou virtuais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo se propôs a discutir brevemente a questão de assédio dentro do universo acadêmico e relatar,
analiticamente, a campanha #DCSemAssedio, pensando também em como o assédio sexual e moral no meio
universitário vem sendo noticiado em veículos de comunicação. É importante que se leve em conta que as insti-
tuições universitárias têm começado a se estruturar para receber denúncias de assédio moral e sexual - e aquelas
que possuem estrutura, têm apresentado respostas ativas nas análises de denúncias, tanto no acolhimento huma-
nizado de vítimas, quanto no afastamento e até demissão dos acusados, via processo administrativo.
Em relação à campanha, consideramos que esta primeira ação teve resultados satisfatórios de inserir o
assédio como pauta, dentro da rede de divulgadores cientícos. Todavia, também percebemos que a veiculação
da campanha gera um efeito de desgaste e reações pela própria temática extremamente delicada. Mesmo com
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diretrizes de acolhimento, o tema necessita de um suporte mais amplo ao ser trabalhado nas redes sociais, do que
o que conseguimos organizar naquele momento.
Decidimos buscar apoio para ações futuras (que ainda estão sendo analisadas), a m de que atitudes poste-
riores ao lançamento de uma campanha consigam ser implementadas, o que fará com que esses movimentos não
se caracterizem apenas como atos de denúncias que não promovem debates mais aprofundados ou proporcionem
acolhimento das vítimas.
Tendo em vista que, diferente de ações que se desenvolvem dentro de instituições de pesquisa, a atuação da
DC acontece de modo informal em muitos espaços virtuais, além dos presenciais, e pode envolver projetos inde-
pendentes, ou mesmo coletivos, e tudo isso torna o acolhimento das vítimas e os modos de lidar com denúncias
muito complexos e demandam ações que, assim como grande parte dos projetos de DC, são voluntários, funcio-
nando em horários extra-expediente. Neste sentido, a organização de novas campanhas, contando com etapas de
acolhimento e assessoria, não possuem elaborações simples, embora sejam fundamentais para estabelecermos
espaços de trabalho colaborativo mais seguros para quem atua prossionalmente nas redes sociais.
A promoção do debate em eventos como o Seminário Corpo, Gênero e Sexualidade também congura-se
como uma nova abordagem, buscando trazer o debate para o meio acadêmico e inserir a pauta como parte rele-
vante dos estudos do corpo, dentro do campo da produção cientíca e da DC.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao colega Eduardo Sato por nos auxiliar na coleta de dados na plataforma da rede social
Twitter e, também, aos prossionais da psicologia e consultoria jurídica que tornaram a campanha um espaço
mais seguro e acolhedor, dentro das condições que tínhamos naquele momento.
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ANA DE MEDEIROS ARNT - Licenciada em Ciências Biológicas, Mestre e Doutora em Educação (UFRGS). Professora Livre Docente do
Instituto de Biologia da Unicamp. É coordenadora do projeto de divulgação científica Blogs de Ciência da Unicamp. Lattes: http://lattes.
cnpq.br/6421310815879380
ALINE MARCELE GHILARDI - Bióloga (UFSCar), Doutora em Geologia (PPGl-UFRJ). Professora adjunta do Departamento de Geologia da
UFRN. Criadora da iniciativa de divulgação de paleontologia “Colecionadores de Ossos”, membro do Science Vlogs Brasil e do Science
Blogs Brasil, hoje parte do Blogs da Unicamp. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5761534317977568
BEATRIZ HÖRMANSEDER - Bióloga pela UNIRIO, Mestre em Geociências pelo Museu Nacional/UFRJ e doutoranda em Biologia Animal na
UFES. Lattes: http://lattes.cnpq.br/2464211948213980
TASSIO EDUARDO DENKER - Servidor Público no Ministério Público do Estado do Paraná; graduado em Direito pelo Centro Universitário
Integrado e Especialista em Direito Administrativo pelo Centro Universitário Metropolitano de Maringá (UniFamma). Desenvolve um
projeto de divulgação científica do Direito no Youtube. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5310325123653100