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DOI: 10.5281/zenODO.8063190 SUMÁRIO / 53
Capítulo 3
A referenciação em textos multissemióticos:
uma análise de uma charge animada
Jaciluz Dias
Taísa Rita Ragi
Helena Maria Ferreira
Camila da Silva Bezerra
Introdução
O levantamento das contribuições da ciência linguística para a
educação básica é, notadamente, uma atividade complexa, seja pela
amplitude do objeto de estudo da Linguística, seja pelas especicida-
des dos processos educativos que caracterizam o contexto do ensino
no contexto da educação básica. Nesse sentido, partimos do pressu-
posto de que, como ciência que se ocupa do estudo da linguagem, a
Linguística pode trazer uma compreensão teoricamente fundamen-
tada e mais reexiva acerca de fenômenos linguísticos, de seus modos
de organização e de funcionamento, bem como dos processos de pro-
dução de sentidos. Dessa forma, cada subárea da Linguística empresta
contribuições substanciais para o aperfeiçoamento de habilidades de
usos da linguagem, para os processos de ensino e de aprendizagem e
para o desenvolvimento de pesquisas acerca das variadas questões im-
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plicadas nas situações discursivas que constituem as interações entre
os sujeitos sociais.
Em face dessa complexidade inerente aos estudos linguísticos,
este capítulo delimita seu objeto de estudo em uma discussão acerca
dos processos referenciais e suas inuências para a prática da leitura. O
fenômeno da referenciação tem sido amplamente estudado pelo cam-
po da Linguística Textual, que possui um constructo teórico consoli-
dado sobre a referenciação em produções textuais verbais na modali-
dade escrita. No entanto, com a disseminação do acesso às tecnologias
da informação e da comunicação, tem ocorrido a transmutação/reela-
boração de gêneros textuais/discursivos, o que tem demandado novas
pesquisas acerca de textos veiculados em mídias sociais.
Embora existam pesquisas (RAMOS, 2012; CAVALCANTE;
BRITO, 2020; SILVA, 2013; FONTINELE; CARVALHO, 2022)
que evidenciam as possibilidades e as necessidades de extensão des-
sas discussões para os textos multissemióticos, que articulam diferen-
tes modalidades (oral, escrita, visual-imagética, sonora) e diferentes
semioses (cores, movimentos, imagens, enquadramento, sons etc.),
essas discussões, mesmo trazendo substanciais contribuições para os
processos de ensino e de aprendizagem, ainda são circunscritas aos es-
paços acadêmicos.
A partir desses estudos, ao discutirmos os processos referenciais,
levantamos três questionamentos basilares: como os referentes são in-
troduzidos nas produções textuais multissemióticas? Quais são os re-
cursos utilizados para a retomada desses referentes ao longo do texto?
Como o processo de ensino do fenômeno da referenciação pode ser
ressignicado a partir dessas discussões?
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Assim, este capítulo tem por objetivo provocar uma reexão acer-
ca do funcionamento da referenciação em textos multissemióticos.
Para tal, busca-se analisar como esse fenômeno pode ser estudado em
uma charge animada, intitulada “É uma droga”, de Maurício Ricardo
(2016). Considerando que as propostas didáticas para o ensino da re-
ferenciação ainda se pautam em textos verbais escritos, as provocações
suscitadas a partir da leitura deste capítulo podem sinalizar para uma
ressignicação desse mecanismo de organização textual nas práticas de
ensino de língua portuguesa em sala de aula.
Tendo em vista os limites de extensão deste capítulo, este texto se
organiza em duas partes: a) parte teórica: Do fenômeno da referencia-
ção; e b) parte aplicada: Análise da referenciação em charges animadas.
Espera-se que as discussões decorrentes da apresentação e discussão de
pressupostos teóricos e da análise dos processos referenciais na charge
selecionada possam contribuir para uma reexão acerca do processo
de textualização de textos multissemióticos.
Do fenômeno da referenciação
Ao abordar a referenciação como objeto de discussão, é rele-
vante considerá-la como atividade discursiva, tal como proposto por
Koch (2004). Essa visão implica uma visão não-referencial da língua
e da linguagem, ou seja, um processo realizado negociadamente no
discurso e que resulta na construção de referentes ou objetos de dis-
curso (KOCH, 2004). A noção de referência ultrapassa a concepção
tradicionalmente conhecida, ligada ao fato de a linguagem referir o
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mundo, e, consequentemente, à relação de correspondência entre as
palavras e as coisas, como se fosse uma etiqueta. Ela “privilegia a re-
lação intersubjetiva e social no seio da qual as versões do mundo são
publicamente elaboradas, avaliadas em termos de adequação às nali-
dades práticas e às ações em curso dos enunciadores” (MONDADA,
2001 apud KOCH, 2005, p. 34).
Para Cavalcante et al. (2010, p. 234), a referenciação “é um pro-
cesso em permanente elaboração que, embora opere cognitivamente,
é indiciado por pistas linguísticas e completado por inferências várias”.
Assim, nessa perspectiva sociocognitivo-discursiva e interacional, os
referentes se (re)constroem e se conguram como objetos do discurso.
Complementando o exposto, os autores consideram que tomar
o referente como um objeto do discurso signica concebê-lo como
“uma criação que vai se recongurando não somente pelas pistas que
as estruturas sintático-semânticas e os conteúdos lexicais fornecem,
mas também por outros dados do entorno sociodiscursivo e cultural
que vão sendo mobilizados pelos participantes da enunciação”
(CAVALCANTE et al., 2010, p. 235).
Nesse processo de criação, os produtores do texto realizam esco-
lhas para a produção do projeto de dizer, buscando o cumprimento
do propósito enunciativo, assim como os leitores/ouvintes/espectado-
res interpretam a partir de suas referências de mundo. Sustentando
esse argumento, Koch (2005, p. 61) reitera que
A referenciação constitui, assim, uma atividade discursiva. O sujeito,
por ocasião da interação verbal, opera sobre o material linguístico
que tem à sua disposição, procedendo a escolhas signicativas para
representar estados de coisas, com vistas à concretização de sua proposta
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de sentido (KOCH 1999; 2002). Isto é, as formas de referenciação são
escolhas do sujeito em interação com outros sujeitos, em função de
um querer-dizer. Os objetos-de-discurso não se confundem com a
realidade extralinguística, mas (re)constroem-na no próprio processo
de interação. Ou seja: a realidade é construída, mantida e alterada pela
forma como, sociocognitivamente, interagimos com ela: interpretamos
e construímos nossos mundos por meio da interação com o entorno
físico, social e cultural.
Diante do exposto, constata-se que o referente não é dado, mas
construído na/pela interação, ou seja, o modo como as escolhas lin-
guísticas são feitas revela posicionamentos dos sujeitos em relação à
apresentação do mundo. Essa concepção, por considerar a processua-
lidade do percurso de construção de referentes, faz assunção pela subs-
tituição do termo “referência” por “referenciação”. Essa escolha não
congura apenas uma adequação de nomenclatura, mas uma decisão
metodológica, conceitual, no que concerne à concepção da língua em
relação aos seus processos de discursivização, de construção do mun-
do discursivo (SILVA, 2013).
Para Machado (2013), o termo “referência” se associa a uma visão
que representa a língua como estática, e sua substituição pelo termo
“referenciação” torna-se mais adequada, por implicar a ideia de pro-
cesso, atividade dinâmica que se constitui na interação discursiva. As-
sim, no ato de construir referentes, é necessário compreender o sentido
que se constrói no texto, o que leva ao uso do termo “referenciação” e
não mais ao de “referência”. A construção e a reconstrução dos obje-
tos de discurso serão dadas no evento comunicativo especíco, e isso
demandará dos sujeitos do discurso a escolha signicativa de recursos
linguísticos para representar os referentes, conforme sua proposta de
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sentido (SANTOS; COLAMARCO, 2014). A concepção assumida,
neste capítulo, se alinha à proposta dos autores citados.
No percurso analítico do fenômeno da referenciação, há duas
questões basilares, que são utilizadas como suporte para os estudos: a)
introdução referencial e b) anáforas. Para Cavalcante, Custódio Filho
e Brito (2014, p. 60), a introdução referencial deve ser sempre e apenas
aquilo que revela a primeira aparição do referente.
Uma introdução referencial é instaurada somente quando, durante o
processo de compreensão, um referente (ainda que não manifestado
por uma expressão referencial) é construído pela primeira vez na mente
do coenunciador do texto/discurso. Esse referente pode (ou não) ser
retomado anaforicamente ao longo do texto.
Já o processo anafórico se realiza quando os referentes passam a
ser recuperados pelos leitores a partir de pistas dadas pelos produtores.
Nesse contexto, é válido destacar a instabilidade dos referentes, cujas
aparições: “não são nem evidentes nem dadas de uma vez por todas,
elas são mais o resultado de reicações práticas e históricas de processos
complexos, compreendendo discussões, controvérsias, desacordos.”
(MONDADA; DUBOIS, 2003, p. 28). Tendo em vista que as intera-
ções sociais dependem das negociações feitas pelos interlocutores, de
seus conhecimentos de mundo, de seus valores e ideologias, a instabi-
lidade referida pode propiciar a recuperação de referentes ao longo de
uma produção textual, mas também dicultar uma atividade interpre-
tativa, caso o texto apresente problemas de construção ou o leitor não
conseguir retomar os objetos de discurso. Para Guimarães (2017, p. 7),
É, pois, nessa construção discursiva, dinâmica e dinamizadora, que uma
escolha linguística põe em foco determinada característica do referente,
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entre as tantas possíveis. Há, aqui, portanto, uma negociação tanto social
quanto cognitiva para que se adapte o objeto de discurso ao projeto de
dizer do produtor. Ou seja, a partir de sua bagagem discursiva e mediante
os conhecimentos compartilhados (ou que imagina serem) com seu(s)
interlocutor(es), o produtor examina os limites e as possibilidades
linguísticas que possam representar seu projeto de dizer e elege uma
possibilidade que se aproxime de sua intenção, ou a represente. Por
isso mesmo, ainda segundo Mondada e Dubois (2003), a escolha de
um referente, em oposição ou apagamento de outros, representa um
movimento de ponto de vista.
Todo processo anafórico, segundo Cavalcante e Brito (2016),
promove, ao mesmo tempo, função de manutenção e de recategoriza-
ção de referentes. Tendo a função de dar continuidade a uma referên-
cia ao longo do texto, a anáfora é o recurso responsável pela coesão tex-
tual. Ao analisar a anáfora, Cavalcante, Custódio Filho e Brito (2014)
propõem uma organização analítica em três grandes blocos: a anáfora
direta (que pode inserir, em seu bojo, o encapsulamento), a anáfora
indireta e a dêixis. A anáfora pode ser direta, ou correferencial, quan-
do determinada expressão retoma o mesmo referente já introduzido
no texto, ou indireta, quando determinada expressão retoma outro
referente já introduzido no texto e se associa indiretamente a ele. A dê-
ixis se dene pela capacidade de criar vínculo entre o cotexto e a situ-
ação enunciativa em que estão os participantes do ato comunicativo.
Considerando que essa proposta de análise se direciona para os
textos verbais (escritos e falados), buscaremos ampliar a nossa discus-
são para o contexto dos textos multissemióticos. Para Cavalcante e
Custódio Filho (2010, p. 65), o estudo do aspecto multimodal nas
análises em Linguística Textual “não pode ser encarado como uma
concessão, mas, sim, como o compromisso de discutir seriamente os
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desaos que os usos impõem, mesmo que isso signique reconhecer
a falta (provisória) de aparato teórico para tratar algumas situações”.
Ainda, segundo os autores,
o pesquisador deve assumir toda a complexidade do objeto texto e propor
análises que deem conta dessa multiplicidade, considerando-se que,
ainda que se congurem como não verbais, as diferentes manifestações
semióticas ou os diferentes processos envolvidos em situações de
interação sem o verbal passam por um tratamento linguístico quando
da interpretação; essa seria a decisão mais coerente com o panorama
atualmente delineado nos estudos sobre o texto (CAVALCANTE;
CUSTÓDIO FILHO, 2010, p. 65).
Nesse ponto, é importante ressaltarmos uma questão levantada
por Ramos (2012), qual seja, vericar se o escopo teórico aplicado aos
enunciados verbais escritos é válido também para os de cunho visual
ou verbo-visual. Ao estudar o fenômeno da referenciação em tiras cô-
micas, um gênero que apresenta uma conguração multissemióticas,
o autor aborda um aspecto relevante para a nossa discussão, ou seja,
o processo sociocognitivo interacional de produção de sentido cons-
trói-se, portanto, a partir da soma e da articulação de diferentes moda-
lidades: verbal escrita e visual.
Na pesquisa realizada pelo autor, os resultados sinalizam para
que, de modo semelhante aos enunciados escritos, os objetos-do-dis-
curso em produções multissemióticas são instaurados, retomados
e recategorizados, tanto nas tiras constituídas apenas por imagens,
quanto nas tiras compostas por imagens e palavras.
Uma pesquisa realizada por Fontinele e Carvalho (2022)
comprova que o referente, ao longo do texto, sofre alterações em
seu estado, assumindo novas projeções, seja por meio de elementos
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linguísticos ou imagéticos. Para os autores, os referentes podem ser
construídos a partir de traços imagéticos ou elementos linguísticos,
que se articulam para construção de sentidos do texto. Nesse processo,
esses referentes são recategorizados por meio de alterações ou formas
assumidas e que sinalizam a progressão do texto, com base em pistas
presentes no próprio texto ou no contexto, sejam elas implícitas ou
não. Por meio dessas pistas, o leitor pode identicar como o referente
é recategorizado no texto. “Essa estratégia constitui em importante
recurso referencial que marca as intenções do autor do texto quanto
ao seu projeto de dizer, pois apresenta um referente com alterações
para chamar a atenção do leitor no texto” (p. 6).
Outro estudo que também merece destaque é o de Cavalcante e
Brito (2020), que apresentam uma análise do processo de referencia-
ção, com base nas pistas textuais que são apresentadas no texto e que
precisam ser consideradas pelos interlocutores. As autoras consideram
a integração entre os recursos verbais e visuais que constituem o texto.
Na pesquisa foi constatado que os traços imagéticos, tanto funcionam
como referentes, quanto atuam como pistas para ativar novos referen-
tes no texto, semelhante ao que acontece com as expressões referen-
ciais. Pautando-se nos estudos da Linguística Textual e da Gramática
do Design Visual, proposta por Kress e Van Leeuwen ([1996] 2006),
as autoras analisam como os traços imagéticos são construídos como
referentes no texto. Em seus estudos, foram encontradas semelhanças
de ocorrências de funções referenciais, tal como acontecem em textos
verbais, como introdução referencial, anáfora e dêixis.
Discorrendo sobre essa questão, Bentes, Ramos e Alves Filho
(2010) pontuam que, em um texto multimodal, um objeto de discur-
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so pode ser referido por um determinante visual, que “seria entendido
com uma categoria referencial construída e reconstruída no processo
de progressão textual” (2010, p. 402). Nessa direção, os autores con-
sideram a possibilidade de olhar para o texto multimodal a partir de
categorias inicialmente pensadas para o texto verbal, como a noção de
objeto de discurso e dos processos de repetição, retomada e reconstru-
ção desse objeto.
Considerando essas dimensões, a próxima seção apresentará uma
análise da referenciação em uma charge animada, que foi selecionada
por ser de curta extensão e ser constituída por vários recursos semió-
ticos.
Análise de processos referenciais em uma charge animada
Para a análise foi selecionada uma charge animada intitulada “É
uma droga”1, produzida por Maurício Ricardo e publicada na platafor-
ma YouTube2. Para a análise, serão abordadas duas questões: a) intro-
dução dos referentes e b) retomadas referenciais e progressão temática.
Em pesquisa realizada por Silva (2013), o autor apresenta cate-
gorias analíticas para estudo dos processos de introdução referencial.
1 Vale destacar que a charge animada, utilizada para a análise, possui uso exclusivo para fins
educacionais e de pesquisa. Dessa forma, destaca-se a contribuição da charge em questão,
um enunciado concreto que circula socialmente e que possui uma diversidade de recursos
semióticos e de estratégias linguístico-discursivas, para o desenvolvimento de investigações
e de propostas didáticas situadas em um contexto social. Assim, as autoras ressaltam que a
utilização da charge não possui fins comerciais. As imagens que integram o capítulo foram
utilizadas com a finalidade de socializar pesquisas que tomam os textos multissemióticos
como objeto de análise, o que poderá contribuir para o aperfeiçoamento de habilidades
relacionadas aos multiletramentos.
2 disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=Do6o6cMvOCQ. Acesso em: 28 fev.
2023. Recomenda-se assistir à charge antes da leitura da análise proposta por esta pesquisa.
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Para tal, o autor considera dois tipos de categorias: a) ligadas à forma
e b) ligadas à função.
As categorias ligadas à forma são: a) menção do referente por
meio de expressão referencial; b) marcas intertextuais na inauguração
de referentes no texto/discurso; c) apresentação do referente por meio
de linguagem visual; d) apresentação do referente por meio de lingua-
gem verbo-visual; e) apresentação por expressão recategorizadora.
As categorias ligadas à função são: a) apresentação aparentemen-
te neutra do referente; b) orientação de ponto de vista; c) recuperação
de informação na memória supostamente compartilhada; d) desper-
tar a curiosidade e, em seguida, a necessidade de conrmação do re-
ferente; e) encapsulamento de informações. As categorias elencadas
podem direcionar análises realizadas no âmbito de pesquisas sobre a
temática, bem como no encaminhamento de práticas de ensino. Com
base nelas, procederemos à análise da charge selecionada.
Antes de uma análise dos processos referenciais, é importante res-
saltar que a charge aborda uma situação em que um senhor discute
com uma vendedora acerca da necessidade de cadastro de CPF para
obtenção de descontos em um medicamento. O homem se irrita a tal
ponto que precisa de atendimento médico. Após apresentar uma crise
de ansiedade, o homem fala que irá comprar o medicamento justa-
mente para se sentir mais calmo e a vendedora faz novamente a solici-
tação do CPF dele, o que desencadeia nova irritação e uma crise ainda
mais intensa, que o leva a ser colocado na ambulância.
Para exemplicar as categorias propostas por Silva (2013), apre-
sentamos a gura 1, que representa a primeira cena da charge selecio-
nada para análise.
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Figura 1 - Introdução de referentes
Fonte: https://youtu.be/kllWBYfnznk?t=340.
Considerando que o gênero charge consiste na crítica político-
-social, que tem por propósito explorar e provocar o riso, o humor,
a sátira, a ironia, o deboche, o escárnio, armamos ser necessário que
tanto os recursos linguísticos, quanto os recursos semióticos sejam
analisados no processo de construção do projeto de dizer.
Em relação à introdução referencial, que contempla recursos lin-
guísticos e semióticos, Cavalcante (2003) arma que é a expressão no-
minal que institui um referente pela primeira vez no texto/discurso,
sem que haja qualquer outro elemento que o tenha evocado antes.
Desse modo, a introdução dos referentes se congura como um me-
canismo que indicia sentidos, na medida em que revela escolhas feitas
pelos produtores, sinaliza para um percurso de leitura e cria uma es-
pécie de interação com os leitores, uma vez que cada recurso utilizado
(palavras, imagens, sons) representa um posicionamento ideológico.
As escolhas não são aleatórias. No caso da gura 1, é apresentado o ce-
nário de uma farmácia, com a presença de dois participantes humanos
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representados de modo caricato. Nesse sentido, é importante destacar
que as escolhas para representação dos participantes não se congu-
ram como isentas de posicionamentos.
Na charge, na introdução dos referentes se dá por uma cena cons-
tituída pela imagem de um senhor, de meia-idade, com bigodes, careca
e com vestimentas com padrões tradicionais (calça, camisa polo, cin-
to, sem estampas, cores básicas etc.), que pode provocar um questio-
namento sobre a representação de um “grupo social” = homens que
possuem posicionamentos assertivos e que não são muito dispostos a
mudar de opinião. A vendedora apresenta-se com blusa de cor branca
(típica para a área da saúde), com cabelos lisos, sombras coloridas e
seios grandes em destaque. Normalmente, a existência de referências
ideais de imagem corporal, bem como a exacerbada produção da apa-
rência segundo arquétipos divulgados pela mídia parecem indicar que
a padronização da aparência é uma tendência muito particular dos
sujeitos contemporâneos, exigindo padrões de beleza para atendentes
(vendedoras, recepcionistas etc.)
Além dos participantes humanos, há um cenário que também
apresenta referentes, tais como: prateleiras com medicamentos (uso
da linguagem visual que corrobora para a identicação do espaço em
que a cena enunciativa se realiza no início da narrativa); cartazes pro-
mocionais (uso da linguagem verbo-visual para reforçar a política da
empresa em promover descontos); caixa de medicamento “pastilhas
Waldo” (uso da linguagem verbo-visual com marcas intertextuais para
caracterizar o espaço de um balcão de farmácia e com letras que re-
metem ao logotipo de uma pastilha para garganta de marca conheci-
da); caixa de medicamento para dor de cabeça “Dordecabex” (uso de
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linguagem verbo-visual, com suxo -ex e um emoji com sorriso, que
denota valor expressivo para indicar o nome do medicamento, que
contribui para simular o ambiente de farmácia); computador com
máquina registradora (uso de linguagem visual para sinalizar balcão
de atendimento).
A inscrição “Drogacara”, que é o nome do estabelecimento far-
macêutico, apresenta o conteúdo temático sob o qual o enredo irá tra-
tar e que orienta o processo de produção de sentidos. Aqui, o leitor já
pode realizar inferências em relação ao sentido do termo “cara” (cara =
valor monetário ou algo superestimado). O título da charge, “É uma
droga”, consiste em um jogo de palavras, que tanto pode se referir ao
medicamento para ansiedade (“droga”, em sentido denotativo, é uma
substância utilizada para tratar doenças), quanto para a situação nar-
rada no episódio da charge (“droga”, em sentido conotativo, indica
algo desagradável, ruim).
Durante a projeção da cena (g.1), o personagem cliente se dirige
à vendedora e fala: “Eu só não entendo porque eu tenho que ter cadas-
tro em cada farmácia que eu entro, poxa!” Ao que tem como resposta
por parte da vendedora: “Calma, senhor”. A introdução do referente
“cadastro” introduz outros enunciados metonímicos, que serão men-
cionados posteriormente, tais como: “só te dei meu CPF”, “repetir o
CPF”. A solicitação de calma toma como referente o comportamento
demonstrado pelo cliente (tom de voz, gestos, expressões faciais).
Cavalcante e Custódio Filho (2010) destacam que o processo de
produção de sentidos não se limita à materialidade linguística. Nessa
mesma direção, de acordo com Mondada (2005), em uma perspectiva
interacionista dos estudos sobre o fenômeno da referência, as práti-
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cas referenciais manifestadas na interação social devem ser “objetos de
análise – práticas linguageiras, mas também práticas gestuais, movi-
mentos no espaço, orientação do olhar; os referentes visados por essas
práticas não são tratados como preexistindo a elas, mas como instaura-
dos na realização e no desenrolar da atividade referencial, pela manei-
ra mesmo como esta é reconhecidamente organizada (MONDADA,
2005).
Na sequência da charge, ao considerar a função dos processos
de introdução dos referentes, destacamos a expressão dêitica, na fala
da vendedora, “deixe-me ver aqui”, em que “aqui” relaciona-se a uma
consulta ao programa de computador. Essa apresentação do referente
“aqui” parece-nos aparentemente neutra, já que se trata de uma con-
sulta relacionada a uma dimensão procedimental.
Por outro lado, há uma orientação de ponto de vista, quando, na
fala do cliente, há o emprego do termo “otário” para designar aquele
que se recusa a realizar o cadastro. Logo em seguida, há uma retomada,
por meio do pronome “dele”, que se congura como uma retomada do
referente. Outro termo empregado para introduzir um referente é “ban-
didos”, que é utilizado para designar donos de uma farmácia do outro
lado da rua, que também propõem descontos com base no cadastro do
cliente. Aqui, merece atenção o uso de dêitico “outro lado da rua” (mo-
vimento com a mão e uso do olhar para indicar o outro lado da rua).
Há, ainda, uma referenciação aos valores do remédio, em uma
sequência de diálogos que se assemelha a um leilão, mas ao contrário:
em vez de o valor ir aumentando, ele vai diminuindo. Primeiramente,
a vendedora fala: “O remédio que custa 320 vai sair por 180”, ao que
recebe como réplica: “Quer dizer que, se o otário não quiser fazer ca-
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dastro, o dono da farmácia rouba mais de 100 reais dele”. Mais adian-
te, o cliente fala que na outra farmácia “sai por 160”, fazendo com
que a atendente diga: “Eu posso fazer pro senhor por 150”. Exceto na
segunda fala, em que o valor monetário “reais” é mencionado, a refe-
renciação nos outros valores ca subentendida. Inclusive em: “140”,
dito como uma na oferta nal, o que pode ser depreendido pela fala
acompanhada do gestual e do olhar da mulher, expressando tentativa
de cooperação.
Na gura 2, merecem destaque os recursos semióticos para recu-
perar a informação na memória supostamente compartilhada.
Figura 2 – Recursos semióticos
Fonte: https://youtu.be/kllWBYfnznk?t=340.
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Para introduzir o estado de irritação apresentado pelo persona-
gem, a cena se inicia com uma gradação da cor vermelha, que se inicia
na cabeça do cliente e se estende, posteriormente, por toda a imagem.
A introdução do referente “irritação” se apresenta de modo conju-
gado à fala (em tom mais alto), movimento dos ombros, mãos cerra-
das, arqueamento das sobrancelhas. Aqui, o uso do dedo em riste e
o emprego do termo “bosta” também acionam a memória por parte
dos leitores, que precisam recuperar os sentidos sugeridos a partir da
combinação de semioses para a produção de sentidos.
De acordo com Marcuschi (2007, p. 68),
pode-se dizer que nossas versões de mundo são sempre construídas,
provisórias, praxeológicas e não devem ser tomadas como formas
naturais de dizer uma suposta realidade discretizada. (...) a linguagem é
uma atividade constitutiva e não uma forma de representar a realidade;
mais que um retrato, a língua é um trato da realidade. Mais que um
portador de sentido, a língua seria um guia de sentidos, como lembra
Salomão (1999), e por isso mesmo ela é insuciente. É na interação
social que emergem as signicações.
Na gura 3, há uma apresentação da cena da farmácia, e, poste-
riormente, a mesma cena com uma ambulância à porta.
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Figura 3 – Recursos semióticos
Fonte: https://youtu.be/kllWBYfnznk?t=340.
Na gura 3, a cena do lado esquerdo introduz o acontecimento
que será conrmado na cena do lado direito. Embora não seja possí-
vel registrar verbalmente, neste texto, há o efeito sonoro (grito) que é
utilizado para indicar que o cliente passa mal por uma crise de ansie-
dade, após a irritação pela exigência de cadastro do consumidor para
a obtenção de descontos. A comprovação se dá pela presença de uma
ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu),
referente já esperado como pertencente ao conhecimento prévio dos
leitores. A cena inicial (lado externo e o grito) busca despertar a curio-
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sidade do leitor, de modo que ele se sinta impelido a conrmar o re-
ferente.
Há, ainda, uma referenciação sonora, já que, mesmo sem que os
personagens apareçam na última cena, é possível reconhecer quem
fala pela diferenciação no tom e no timbre de voz de cada um deles:
o cliente e a vendedora, que já haviam aparecido no início da charge.
Isso permite, inclusive, que seja identicado o atendente do Samu,
mesmo sem que este apareça, o que ca implícito pelo aparecimento
de outra voz na cena, além das duas já conhecidas. Tal identicação é
corroborada pelas falas desse novo personagem: “O senhor tá bem?”
e “Agora é sério. Vamos colocar na ambulância”, que se espera serem
ditas por um socorrista.
Em relação às retomadas utilizadas na modalidade verbal, é pos-
sível constar a presença de itens lexicais, como: farmácia/drogaria
(sinonímia); medicamento/remédio (sinonímia) e calmante (hipôni-
mo); remédio/coisa (nome genérico). No que diz respeito às retoma-
das na modalidade visual, observa-se a repetição da imagem do cliente,
da vendedora do cenário e a permanência da ambulância em uma cena
por um tempo maior (o movimento contribui para a caracterização
do referente – atendimento médico feito pelos socorristas).
Essas ocorrências corroboram a armação de Cavalcante e Brito
(2022, p. 285) de que “todo jogo referencial se presta, como se dis-
se, a gerar efeitos pretendidos pelo projeto de dizer do locutor/enun-
ciador”. A irritação apresentada pelo cliente vai se intensicando ao
longo da narrativa (sendo retomada por recursos semióticos: gestos,
expressões faciais, tom de voz, cor da pele e da cena, grito/gemido e
palavras) até culminar em um problema sério de saúde.
GUILHERME BRAMBILA E PATRICK DE REZENDE [ORGS.] SUMÁRIO / 72
Para as autoras citadas,
os referentes podem se evidenciar nos textos por diferentes sistemas
semióticos, não somente pelo verbal, nem apenas por expressões
referenciais. Aspectos multimodais de toda ordem estão ligados nessa
coconstrução e se encontram imbricados em fatores contextuais. Mas
o que se chama de expressões referenciais são sintagmas nominais (ou
pronominais) e adverbiais que nomeiam ou representam os objetos do
discurso. Numerosos estudos já evidenciaram que os referentes não
emergem nos textos apenas pelo emprego de expressões referenciais, mas
também pela colaboração de outros sistemas semióticos, como o visual,
o gestual, dentre outros, seja para introduzir referentes, instaurando-os
em dada situação comunicativa, seja para retomá-los recategorizando-os.
Complementando a armação, as autoras ainda destacam que, in-
dependentemente do modo como esses referentes se conguram nos
textos, podemos considerar que eles são sempre sugeridos por pistas
apreensíveis pelos órgãos do sentido – verbais, imagéticas, gestuais, so-
noras etc. – imbricadas a saberes e valores contextuais de diversas ordens.
Diante do exposto, podemos considerar que a análise dos proces-
sos referenciais em textos multissemióticos, tal como a charge anima-
da aqui explorada, demonstra a complexidade do fenômeno da refe-
renciação. Para Cavalcante e Brito (2022), a referenciação não se pauta
na mera função coesiva, mas se congura como “a unidade poderosa
que revela um complexo trabalho sociocognitivo-discursivo de abor-
dagem da realidade, passível de retomar elementos os mais diversos e
de realizar múltiplas funções.” (CUSTÓDIO FILHO, 2012, p. 844).
Em relação às múltiplas funções, Cavalcante (2011) pontua que os
processos referenciais podem contribuir para a compreensão de tex-
tos, uma vez que podem contribuir para a organizar o texto, a argu-
A LINGUÍSTICA NA ESCOLA BÁSICA SUMÁRIO / 73
mentar, a resumir, a introduzir novas informações, a denir, a veicular
diferentes vozes ou pontos de vista discursivos, a chamar a atenção do
leitor etc.
Assim, para que os processos de textualização sejam trabalhados
em sala de aula, a partir da diversidade de gêneros discursivos que cir-
culam na sociedade da informação, é relevante que o campo da Lin-
guística Textual considere as produções fílmicas como corpus de pes-
quisa, de modo a favorecer reexões acerca dos modos de organização
e de funcionamento de textos que articulam diferentes linguagens.
Considerações nais
Buscamos, neste capítulo, abordar três questões basilares: como
os referentes são introduzidos nas produções textuais multissemióti-
cas? Quais são os recursos utilizados para a retomada desses referentes
ao longo do texto? Como o processo de ensino do fenômeno da refe-
renciação pode ser ressignicado a partir dessas discussões?
Em relação aos modos de introdução dos referentes, constatamos
que as teorias desenvolvidas acerca dessa questão dão suporte para
a análise do momento em que cada referente aparece no texto pela
primeira vez. Já as retomadas dizem respeito à recuperação do refe-
rente já aludido anteriormente e à progressão temática do texto. Na
análise desses mecanismos, foi possível constatar que a apresentação
dos referentes, bem como das retomadas, pode se efetivar por meio
de imagens, palavras, sons e cores. Outra questão digna de nota é que
os referentes (introduzidos ou retomados) são selecionados a partir
GUILHERME BRAMBILA E PATRICK DE REZENDE [ORGS.] SUMÁRIO / 74
de escolhas (lexicais ou de recursos semióticos), o que desvela posicio-
namentos por parte dos produtores e o fornecimento de pistas que
podem orientar o processo de produção de sentidos.
Por m, ao pensarmos nas contribuições dos estudos acerca da
referenciação em textos multissemióticos, podemos considerar que
a pesquisa realizada possibilitou antever: a) ampliação e contextuali-
zação de pressupostos teóricos já estudados pela Linguística Textual
acerca dos modos de organização e de funcionamento dos textos; b)
consideração das modalidades de linguagem e de recursos semióticos
que integram as produções textuais que circulam na sociedade da in-
formação; c) consideração de que as imagens não são neutras e são
também indiciadoras de sentido; d) consideração da articulação de se-
mioses para o processo de textualização dos textos; e) discussão acerca
dos modos de conguração dos textos, que pode iluminar o percur-
so de formação docente, bem como o encaminhamento de práticas
de ensino que contemplem os diferentes gêneros discursivos que se
presenticam em mídias sociais; f) diversicação de materiais didáti-
cos, a partir de textos de qualidade que circulam socialmente e que
apresentam possibilidades de formação reexiva de modo a atender às
demandas da sociedade.
Diante do exposto, esperamos que a análise da charge animada,
apresentada neste capítulo, possa contribuir para uma provocação
acerca da introdução de referentes e de processos anafóricos em sala
de aula, uma vez que existe uma tendência ainda arraigada de um estu-
do desses mecanismos que atribui primazia aos textos verbais escritos.
A LINGUÍSTICA NA ESCOLA BÁSICA SUMÁRIO / 75
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