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Vol. 36, n.º 2, 2022, pp. 142–158. DOI: doi.org/10.21814/diacritica.4809
DA DIFÍCIL AQUISIÇÃO DO CONJUNTIVO VERSUS
INDICATIVO POR APRENDENTES PORTUGUESES E
FRANCÓFONOS
THE DIFFICULT ACQUISITION OF THE SUBJUNCTIVE VS
INDICATIVE MOODS BY PORTUGUESE AND FRANCOPHONE
LEARNERS
Maria Helena Marques Antunes
*
mantunes2@campus.ul.pt
A aquisição de conteúdos gramaticais em língua estrangeira sempre se revelou uma tarefa penosa,
promovendo-se, por vezes, a competência comunicativa em detrimento do uso correto da língua.
A questão do conjuntivo é representativa da problemática referida, na medida em que a
assimilação e a utilização deste modo é sempre um processo moroso e árduo. Sendo o português
e o francês duas línguas românicas relativamente próximas, seria expectável que os alunos não
manifestassem grandes dificuldades no uso do modo conjuntivo, pois os contextos em que ocorre
é similar em ambos os idiomas. Contudo, a análise do discurso dos alunos revela dificuldades na
seleção dos modos adequados, mesmo quando, nas suas línguas maternas, o contexto implicaria
uma eleição idêntica à da língua estrangeira. Pretendemos, portanto, determinar se a problemática
escolha do modo se verifica nos mesmos contextos ou se cada grupo de aprendentes evidencia
dificuldades inerentes aos valores que o conjuntivo exibe na sua língua materna, apesar das
semelhanças entre o francês e o português.
Palavras-chave: Conjuntivo. Indicativo. Língua Estrangeira. Língua Materna. Francês.
Português
Grammar acquisition in a foreign language has always proven to be a difficult task, taking into
account the prominence given, at times, to communicative competence to the detriment of the
language accuracy. The subjunctive is a relevant example of this issue, insofar as its assimilation
and use is always a lengthy and arduous process. Since Portuguese and French are two relatively
close Romance languages, students would be expected to use the subjunctive mood appropriately,
as it occurs in similar contexts in both languages. However, the analysis of students' discourse has
revealed difficulties in selecting the appropriate mood, the subjunctive vs the indicative, even
when both their mother tongues and the foreign language would employ the same verbal mood.
Therefore, the aim of this paper is to determine whether the problematic choice of the appropriate
mood occurs in the same contexts in both languages or whether the difficulties manifested by
each group of learners are inherent to the values that the subjunctive exhibits in their mother
tongue, despite the similarities between French and Portuguese.
Keywords: Subjunctive. Indicative. Foreign Language. Mother Tongue. French. Portuguese
*
CEComp – Centro de Estudos Comparatistas, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Portugal.
ORCID: 0000-0002-4007-9855
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1. Introdução
A distribuição do conjuntivo e do indicativo representa, pela sua complexidade, uma
dificuldade para os alunos que querem aprender uma língua estrangeira. Os aprendentes
de francês e de português, que constituem os nossos grupos de observação, não parecem
ser exceção à regra. A semelhança entre ambas as línguas – o francês e o português –
deveria impedir que os aprendentes, sejam eles lusófonos ou francófonos, se sentissem
em dificuldade perante a necessidade de terem de optar pelo indicativo ou pelo
conjuntivo. Paradoxalmente, porém, a coincidência entre uma língua e a outra não facilita
a aquisição e o domínio do emprego destes dois modos que se afiguram problemáticos
para os alunos.
Pretendemos com este estudo determinar se os aprendentes evidenciam as mesmas
dificuldades, sendo as línguas tão próximas, ou se, pelo contrário, a análise dos corpora
revela que a problemática seleção do modo tem justificações próprias em cada grupo. Por
outro lado, também ambicionamos verificar se a relação dos alunos com a distribuição
dos modos conjuntivo e indicativo na sua língua materna afeta a sua aquisição na língua-
alvo. Concretamente, foi nosso intuito não só observar se os alunos empregavam
adequadamente o conjuntivo e o indicativo mas também se evidenciavam uma
consciência linguística, produzindo juízos gramaticais adequados à resposta.
Assim, a nossa reflexão será organizada em cinco secções. Num primeiro momento,
explicitaremos o enquadramento teórico que nos rege e, num segundo momento, a
metodologia. Seguir-se-á a análise dos corpora e a discussão dos resultados e, por fim, as
conclusões.
2. Enquadramento teórico
O presente estudo, que se enquadra numa análise contrastiva do uso do conjuntivo e do
indicativo em francês e em português, pretende não só realçar as diferenças nos contextos
de emprego destes dois modos como também sublinhar as semelhanças entre ambas as
línguas. Sendo a nossa perspetiva também de natureza didática, pareceu-nos importante
deter-nos, de igual modo, tanto no que aproxima o uso do conjuntivo e do indicativo como
no que os distingue. As dificuldades de seleção do modo evidenciadas por alunos de
francês ou de português língua não materna nem sempre estão só relacionadas com regras
diferentes nas suas línguas de partida, pois, como sublinha Alicia Yllera:
les études empiriques ont montré une certaine indépendance entre les erreurs des
apprenants et les différences structurelles des langues envisagées: des structures semblables
seraient source de nombreuses erreurs alors que d’autres bien différentes seraient apprises
avec facilité. (Yllera Fernández, 2001, p. 440)
Por outro lado, a proximidade entre o português e o francês permite a mobilização
de conhecimentos prévios, que Christian Jamet (2005, p. 97), seguindo Alain Le Bas,
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designa pela expressão “déjà-là”. De facto, uma abordagem didática que se baseia numa
reflexão contrastiva entre a língua-alvo e a língua-fonte favorece a elaboração de
hipóteses sobre o funcionamento da língua bem como a sua apreensão por parte dos
alunos que reconhecerão pontos de contacto entre os sistemas linguísticos. O estudo de
uma língua estrangeira deve, portanto, apoiar-se na língua materna do aprendente, pois o
seu afastamento do processo de aquisição poderá causar dificuldades difíceis de extinguir
no início da aprendizagem (Jamet, 2005). Contudo, cremos que a presença da língua
materna em níveis avançados do contacto com a língua estrangeira, nomeadamente no
que se refere à observação dos sistemas linguísticos, é também fundamental. Com efeito,
a capacidade de análise do funcionamento do seu próprio sistema linguístico potenciará
a reflexão comparativa que, numa fase mais adiantada da aprendizagem, o aprendente da
língua-alvo poderá realizar de forma mais aperfeiçoada e consciente dos paralelos que é
possível estabelecer entre os dois idiomas.
A análise contrastiva, por vezes acusada de induzir nos alunos o erro por
interferência, definida por Debyser (1970) como o efeito negativo de uma aprendizagem
prévia sobre uma outra, favorece movimentos de transferência que representam o efeito
positivo. Contudo, será a interferência sinónimo de impacto negativo na aprendizagem de
uma língua? Gaétan de Saint Moulin (2004), que aplica a abordagem contrastiva à análise
das construções sintáticas com o pronome se em espanhol, em português e em francês,
destaca que, a fim de evitar a confusão suscitada por um par de falsos-amigos, o professor
deverá explicitar o perigo de interferência. Ora, cremos que esse risco deve também ser
abordado nas questões que se relacionam com a escolha do conjuntivo e do indicativo em
ambas as línguas, uma vez que os desvios no emprego destes modos também existem,
apesar de haver superposição na sua distribuição. Assim, a possibilidade de interferência,
que decorre da replicação das regras que condicionam a escolha do modo em contextos
sintáticos em que, na língua segunda, o sistema exige uma outra seleção, poderá ser alvo
de uma reflexão com os alunos, no sentido de se consciencializarem de que, apesar de o
funcionamento do francês e do português ser semelhante, não é mimético, o que implica
um conhecimento aprofundado e fino da língua de partida, por forma a que os aprendentes
possam identificar e assimilar as diferenças.
Debyser (1970), com quem concordo, sublinha que se supõe, erradamente, que duas
línguas vizinhas só podem promover fenómenos de transferência, o que facilita a
aprendizagem e o ensino. Contudo, em línguas cujo funcionamento e estrutura são
próximos, os fenómenos de transferência e de interferência encontram-se interligados.
Como ressalta o linguista, é porque a concordância dos tempos em italiano e em francês
apresenta um funcionamento similar e que a construção completiva também é semelhante
que os alunos italianos, aprendentes de francês, se equivocam na concordância passado-
futuro e na seleção do modo. Muito provavelmente, encontrar-se-á a mesma tipologia de
erro no sentido inverso, isto é, nos alunos franceses, aprendentes de italiano.
O exercício de comparação da língua-fonte com a língua-alvo permite que o aluno
use os seus conhecimentos para perceber um outro sistema linguístico. Gaétan de Saint
Moulin (2004) estabelece uma analogia entre esta abordagem e a maiêutica socrática; ora,
a aproximação à língua-alvo através de uma experiência reminiscente sobre o
conhecimento da língua-fonte reforça um entendimento sedimentado e consolidado do
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sistema linguístico da língua segunda. O papel central da memória na análise contrastiva
também já havia sido destacado por Blanche-Benveniste que, ao ser solicitada sobre a
pertinência das perspetivas contrastivas no ensino-aprendizagem das línguas,
1
sublinha
que:
leur intérêt, c’est qu’elles aident à mémoriser. On mémorise mieux les connaissances nées
d’un travail de comparaison. Si les élèves, au lieu de ‘retenir pour retenir’, font un chemin
qui introduit une activité, ils activent la mémorisation. (Blanche-Benveniste, 2000, p. 96)
A prática da análise contrastiva entre línguas românicas, como é o caso do francês
e do português, pode funcionar, em última instância, como uma introdução a uma língua
vizinha, sendo, portanto, do comum interesse de as abordar em conjunto (Simone 1997,
p. 31).
3. Metodologia
A introdução do modo conjuntivo e o estudo dos seus contextos de emprego em
comparação com outros modos, nomeadamente o indicativo, ocorre nos níveis B,
prolongando-se até ao fim do percurso linguístico do aluno, pelo que optámos por
observar grupos de alunos inseridos nos níveis intermédios e avançados.
Uma vez que o nosso objetivo era verificar se os alunos portugueses revelavam
desteridade no uso dos modos indicativo e conjuntivo em francês e se, por sua vez, os
alunos francófonos de português demonstravam igual facilidade em usar adequadamente
os dois modos, formámos dois grupos de observação.
O primeiro grupo era constituído por dois subgrupos de, respetivamente, quinze
alunos que frequentavam as aulas curriculares de Francês dos níveis B1.1 e C1.1 da
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Salientamos que todos os alunos que
integraram o teste tinham o português como língua materna.
2
A este primeiro grupo foi
proposto um teste de treze frases, cujos verbos, no infinitivo, tinham de conjugar, em sala
de aula, nos modos e tempos adequados. Salientamos que todos os enunciados eram
constituídos por orações subordinadas substantivas completivas com função de sujeito e
de complemento direto. Na medida em que os alunos que participaram neste estudo
estavam colocados em dois níveis de proficiência distintos, B1.1 e C1.1, o teste que lhes
1
Ao apresentarem um projeto de investigação centrado na elaboração de uma pequena gramática
contrastiva do português, do italiano, do espanhol e do francês, intitulada Petite grammaire contrastive,
Claire Blanche-Benveniste e André Valli referem que a gramática contrastiva só será útil para os alunos
que evidenciam alguns conhecimentos. De facto, segundo os autores, “Pour les grands débutants, elle est
presque superflue: ils sont tellement absorbés par la tâche qui consiste à déchiffrer le lexique qu’ils n’ont
aucune curiosité du côté de la grammaire. Ils ne voient même pas le problème” (1997, p. 36). Ainda que o
nosso objetivo não seja refletir sobre a irrelevância da introdução de uma análise contrastiva da língua-alvo
numa fase muito precoce da aprendizagem, não podemos deixar de expressar a nossa discordância com os
dois linguistas. Consideramos, pois, que uma reflexão que promove nos alunos, desde os níveis iniciais,
uma atitude crítica só lhes trará benefícios, na medida em que descobrirão que, embora estejam a aprender
um idioma novo, têm conhecimentos que lhes permitem apreender o funcionamento da língua segunda,
facilitando e, sobretudo, motivando a sua aprendizagem e aquisição.
2
As respostas dos alunos vindos ao abrigo do programa Erasmus ou de outro protocolo bem como as dos
alunos lusodescendentes não foram analisadas. Da mesma forma, as produções escritas dos alunos acima
mencionados também não foram consideradas para o presente estudo.
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foi proposto foi adaptado aos subníveis em questão. As frases que integraram o primeiro
teste foram elaboradas por nós e eram semelhantes, em grau de dificuldade, aos exercícios
de consolidação da seleção do modo praticados em aula. Já, os enunciados do teste
aplicado aos alunos de C1.1 foram adaptados do manual de exercícios concebidos para
os níveis avançados
Grammaire Cours de Civilisation française de la Sorbonne – 350 exercices,
Niveau Supérieur I
(Cadiot-Cueilleron et al., 1992). Para além da averiguação da escolha
adequada do modo, procurámos indagar se o aluno poderia produzir um juízo de
gramaticalidade coerente com a opção efetuada, o que, no caso de uma resposta correta,
tanto do ponto de vista da seleção do modo como da fundamentação da mesma, indiciaria
que manusearia, com certo grau de perícia, o indicativo e o conjuntivo.
Por forma a verificar se os aprendentes portugueses de francês usavam
adequadamente ambos os modos, constituímos um grupo de controlo com as mesmas
características, embora pertencessem a outras turmas, ao qual propusemos os mesmos
exercícios, vertidos em português, pedindo-lhes que conjugassem o verbo e
fundamentassem a seleção do modo.
Após este primeiro momento em que os alunos tinham de conjugar os verbos no
modo adequado consoante a regência do verbo matriz, sendo, portanto, uma escolha
dirigida, optámos por completar a análise inicial pela de um segundo corpus de análise
constituído por sessenta produções escritas, trinta do nível B1.1 e trinta do nível C1.1. As
composições foram selecionadas de outras turmas, mais concretamente de anos
anteriores, e foram, tal como o teste de escolha do modo, realizadas em sala de aula. Se o
duplo exercício de completamento e justificação nos parece um instrumento de
observação válido, na medida em que nos permite verificar se, em determinados
contextos, o aluno seleciona adequadamente o modo e se a fundamentação apresentada é
consentânea com a escolha efetuada, também queríamos avaliar o uso dos modos
conjuntivo e indicativo em orações subordinadas substantivas completivas com função
de sujeito e de complemento direto em textos redigidos pelos alunos. As produções
escritas, embora cingidas a um tema e a um género, são reveladoras do domínio da língua
apresentado pelo aluno. A integração apropriada do conjuntivo, a par dos outros modos
verbais, num discurso fluído é representativa de uma consciência esclarecida da
distribuição dos modos e dos seus valores na língua estrangeira, bem como na sua língua
materna.
No que concerne ao segundo grupo, optámos por recorrer ao Corpus de Português
Língua Estrangeira/Língua Segunda, COPLE 2 (Mendes et al., 2016), do Centro de
Linguística da Universidade de Lisboa, que reúne, a fins de investigação, as produções
escritas e orais realizadas pelos alunos do Instituto de Cultura e Língua Portuguesa da
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, selecionando as produções que eram
identificadas como sendo de autoria de aprendentes francófonos. Assim, analisámos
quarenta e nove
3
produções escritas: trinta e duas de nível B1 e dezassete de nível B2. As
composições resultam de tarefas desenvolvidas em sala de aula.
3
Optámos por analisar todas as composições de nível B1 e B2 reunidas no COPLE 2 (Mendes et al., 2016).
Não nos foi possível avaliar produções de nível C1 porque o corpus é constituído unicamente por textos
dos níveis A1 a B2.
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No âmbito das aulas de Francês de B1.1, os alunos tiveram de comentar uma novela
ou conto da obra de leitura obrigatória, dando a sua opinião fundamentada sobre o texto
selecionado e sobre a mensagem transmitida pelo autor. O trabalho de produção escrita
também se desenvolveu em torno de temáticas relacionadas com o turismo ecológico e
solidário. Os alunos foram, num primeiro momento, convidados a descrever uma
experiência pessoal, tendo, num segundo momento, de propor uma reflexão sustentada
sobre essas modalidades de turismo. Em C1.1, os trabalhos analisados pertenciam aos
géneros expositivo e argumentativo.
As produções escritas coligidas no COPLE 2 (Mendes et al., 2016) eram
diversificadas, uma vez que os alunos eram convidados a refletir sobre temáticas
relacionadas com a sociedade de consumo, a emigração e as novas tecnologias.
4. Análise dos resultados
4.1. Análise dos resultados dos aprendentes de francês
Como salientámos na metodologia, o nosso trabalho apoiar-se-á nos dados fornecidos
pela análise de dois corpora distintos. Assim, num primeiro momento, comentaremos as
respostas do teste de completamento e de justificação da seleção do modo e, num segundo
momento, observaremos se, em situação de produção escrita, a distribuição dos modos
conjuntivo e indicativo é adequada.
4.1.1. Teste de completamento
4.1.1.1 Orações subordinadas substantivas completivas com função de sujeito
Em primeiro lugar, apresentamos as observações decorrentes da análise das respostas dos
aprendentes de francês.
No que se refere à seleção do modo do verbo da oração subordinada substantiva
completiva com função de sujeito introduzida por uma estrutura verbal impessoal,
verificámos que a escolha do modo verbal foi, na sua grande maioria, adequada. Neste
contexto, tal como em português, quando as formas verbais impessoais expressam a
certeza ou um valor forte de crença, estas selecionam o indicativo; quando, pelo contrário,
as formas verbais impessoais marcam a possibilidade, a impossibilidade ou a dúvida,
estas selecionam o conjuntivo. Assim, na frase 1, a maioria dos alunos selecionou,
adequadamente, o modo indicativo e, mais concretamente, o presente ou o futuro. No
segundo enunciado 2, cuja expressão verbal veicula um fraco grau de crença, os alunos
selecionaram o conjuntivo. Para além, da correta seleção do modo, a fundamentação
apresentada era coerente com a escolha. Em relação à primeira frase, apontaram como
justificação para o emprego do presente ou futuro do indicativo o facto de o locutor
expressar uma certeza ou o de considerar o acontecimento na sua realidade.
Relativamente à segunda, a fundamentação foi a de que o locutor transmitia uma ideia de
incerteza, de possibilidade, ou seja, um fraco valor de crença.
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(1)
Il est évident qu’il reviendra/revient demain.
É evidente que IND FUT / IND PST amanhã.
‘É evidente que voltará/volta amanhã’.
(2)
Il est possible qu’il revienne demain.
É possível que PST SBJV amanhã.
‘É possível que volte amanhã’.
Ainda no âmbito das orações subordinadas substantivas completivas com função de
sujeito introduzidas por estruturas verbais impessoais, o enunciado 3 suscitou maiores
dúvidas, tanto ao nível da seleção do modo como da sua justificação. Com o predicador
suffire ocorre o modo conjuntivo por se expressar uma condição necessária para a
realização de algo. Vários alunos selecionaram, porém, o modo indicativo, porque o
locutor estaria a afirmar algo, ou seja, consideraram o verbo suffire como um predicador
de valor epistémico. Contudo, os alunos que elegeram o conjuntivo também não
apresentaram uma fundamentação satisfatória, pois referiram que a forma verbal il suffit,
por ser uma estrutura verbal impessoal que veicula uma noção de obrigação e de
expressão do desejo, pedia na subordinada o conjuntivo. Ora, em português, com
“predicados que expressam uma condição suficiente (bastar) pode ocorrer o conjuntivo,
mas não o indicativo” (Marques 2013, p. 681). A dificuldade evidenciada pelos alunos
poderá estar relacionada com o léxico, na medida em que, talvez, não tenham logrado
identificar o significado do verbo, o que, por um lado, os impediu de selecionar o modo
correto e, por outro, de apresentar a justificação adequada. Referindo-se aos erros lexicais,
Alicia Yllera (2001) observava que estes são muito mais frequentes do que os erros
sintáticos. Neste caso particular, cremos, de facto, que a escolha errada do modo traduz,
na verdade, uma dificuldade de ordem lexical.
(3)
Il suffit que vous lui téléphonniez.
Basta que lhe PST SBJV telefone
‘Basta que lhe telefone’.
Aos alunos do nível C1.1, foi-lhes apresentado o par de frases 4 e 5. Tal como aos colegas,
foi-lhes pedido que selecionassem o modo e justificassem a opção escolhida. Se vários
alunos elegeram o modo correto e fundamentaram adequadamente a resposta em ambos
os enunciados, houve, contudo, opções erradas, que não seriam expectáveis neste nível
de proficiência.
(4)
L’âge venant : il est probable que vous changerez d’avis sur ce point.
Com a idade, é provável que IND FUT de opinião.
‘Com a idade, é provável que mude de opinião’.
(5)
L’âge venant, il est possible que vous changiez d’avis sur ce point.
Com a idade, é possível que PST SBJV de opinião.
‘Com a idade, é possível que mude de opinião’.
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A estrutura il est probable seleciona, em francês, numa frase afirmativa, o indicativo,
porque se considera o facto que introduz na sua realidade, tomando-se por certa a sua
realização.
4
Porém, também se pode admitir o conjuntivo, mas, neste caso, o locutor
estará a emitir um julgamento que pode ser de aprovação ou de desaprovação. Na frase
em questão, não cremos que se possa fazer essa interpretação. Em relação ao enunciado
4, os alunos evidenciaram dificuldades não só na seleção do modo como também na sua
justificação. Com efeito, o juízo de gramaticalidade não era congruente com a escolha do
modo. Assim, a necessidade de escolher o indicativo é motivada pelo valor de crença
forte associado à locução verbal, o que é incompatível com o modo selecionado por
alguns alunos. De facto, os que escolheram o conjuntivo apresentaram como justificação
a probabilidade de a ação acontecer, fundamentação que não é compatível com o
conjuntivo, uma vez que a locução verbal il est probable, por situar a ação que introduz
no domínio da realidade, requer o indicativo. A escolha do conjuntivo, neste caso de
figura, dever-se-á, provavelmente, a um efeito de mimese com o português, que seleciona
o modo conjuntivo.
No que concerne ao enunciado 5, tanto a seleção do modo como a sua justificação
foram, não na sua maioria, mas numa percentagem significativa (cerca de 43%), erradas.
Os alunos selecionaram o indicativo, quando a locução verbal il est possible se constrói
com o conjuntivo na subordinada. Tendo em conta que a expressão verbal remete para a
possibilidade, estranha-se que valores associados ao grau de verdade do enunciado ou
justificações que apontam para a realização futura da ação sejam apresentados como
fundamentação para a seleção do conjuntivo, na medida em que são mais representativos
dos valores do indicativo. Por outro lado, surpreende-nos que este último enunciado tenha
sido mal avaliado pelos alunos do nível C1.1, porque esta mesma locução surgia numa
das frases do corpus de observação dos alunos do B1.1 que selecionaram o modo correto
e fundamentaram adequadamente. Acrescentamos que, em B1.1, se inicia a introdução
do conjuntivo, que representa uma parte significativa do programa gramatical do
subnível, o que poderá explicar as respostas acertadas dos alunos. Em contrapartida, em
C1.1, o conjuntivo versus indicativo é trabalhado pontualmente, sendo que as regras
podem já não estar tão presentes na memória dos alunos, justificando, em certa medida,
as dificuldades evidenciadas no par de frases glosado. No entanto, as lacunas observadas
poderão revelar uma fraca sedimentação dos conhecimentos associados à distribuição do
conjuntivo e do indicativo.
4
Relativamente ao conceito de realização da ação usado para justificar a seleção do modo indicativo em
detrimento do conjuntivo, Patrick Charaudeau (1992) considera que a visão de realização de uma ação varia
em grau. Assim, explica o autor, nos polos opostos de um eixo que representaria essa variação de realização
da ação, existe uma oposição entre uma visão de realização efetiva, expressa pelo indicativo, e uma visão
de não realização (ou de realização potencial ou, ainda, eventual), a qual se manifesta através do modo
conjuntivo. Para corroborar a demonstração, o linguista analisa o par de frases Il est probable qu’il viendra
e Il est peu probable qu’il vienne e sublinha que, em ambos os enunciados, a ação não está concretizada na
realidade. Contudo, enquanto, no primeiro exemplo, a visão de realização é considerada efetiva no futuro;
no segundo exemplo, esta é, apenas, perspetivada, equacionada, transmitindo uma dúvida.
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4.1.1.2. Orações subordinadas substantivas completivas com função de
complemento direto
No âmbito das orações subordinadas substantivas completivas com função de
complemento direto, introduzimos, no corpus de observação do nível B1.1, enunciados
em que havia, em francês e em português, coincidência na seleção do modo, à exceção
do verbo espérer.
Assim, surpreenderam-nos as respostas formuladas para os enunciados 6, 7, 8 e 9.
Em ambas as línguas, os dois primeiros predicadores, isto é, juger (6) e imaginer (7),
selecionam o indicativo, enquanto demander (8) e craindre (9) exigem o conjuntivo.
Alguns alunos associaram o predicado juger ao conjuntivo; ora, em francês, este verbo
seleciona o indicativo porque o parecer introduzido pelo predicador fundamenta-se num
conhecimento do mundo, da realidade que permite ao locutor asserir a sua opinião. Em
português, o verbo julgar caracteriza-se por permitir a seleção de ambos os modos: o
conjuntivo
5
e o indicativo. Segundo Rui Marques (1995), verbos como julgar, que estão
associados a valores epistémicos que exprimem a crença, tanto podem indicar uma crença
forte, selecionando, então, como em francês, o indicativo, como podem sugerir uma
crença fraca do sujeito na verdade da proposição, favorecendo-se o recurso ao conjuntivo.
Afigura-se-nos, portanto, curioso que, havendo, em parte, coincidência entre ambas as
línguas, todos os alunos não tenham selecionado o indicativo e apontado como
fundamentação da resposta o valor de crença forte ou de certeza que o verbo introdutor
veicula.
(6)
Elle a jugé qu’il était trop tard.
Considerou que era muito tarde.
‘Considerou que IND IMP muito tarde.’
(7)
J’imagine que vous n’allez pas le voir.
Imagino que não o IND PST visitar.
‘Imagino que não o vai visitar.’
(8)
Les autorités demandent que nous ayons un visa pour trois mois.
As autoridades pedem que PST SBJV um visto de três meses.
‘As autoridades pedem que tenhamos um visto de três meses.’
(9)
Je crains que nous ne puissions pas venir.
Temo que não PST SBJV vir.
‘Temo que não possamos vir.’
Em relação ao verbo imaginer, que, no enunciado 7, remete para um facto que o
enunciador considera na sua realidade, regendo, portanto, o indicativo, houve alunos que
selecionaram o conjuntivo, sublinhando que o predicado imaginer introduzia uma
hipótese ou uma incerteza. Contudo, a análise das respostas também demonstrou que
5
Em francês, o predicador juger admite o modo conjuntivo em construções negativas e em frases
interrogativas com inversão do sujeito.
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vários alunos escolheram adequadamente, realçando, em modo de justificação, o valor de
crença forte veiculado pelo verbo.
No corpus dos alunos de nível C1.1, foi introduzido o par de frases 10 e 11 que
convidava os alunos a refletir sobre a escolha do modo em associação com o verbo
imaginer conjugado, num dos enunciados, no presente do indicativo e, no outro, no
imperativo. Se, relativamente ao enunciado 10, houve mais respostas que selecionaram o
modo indicativo, apontando para o valor forte de crença, do que no nível B1.1, no que
concerne ao segundo, em que deviam selecionar o modo conjuntivo, houve mais respostas
erradas. Assim, a primeira frase reuniu 57% de respostas certas, a segunda, 42%.
Relativamente ao enunciado 11, os alunos tiveram dificuldade em determinar que a
substituição do modo indicativo pelo imperativo alterava o significado do verbo
introdutor. De facto, quando o verbo imaginer surge conjugado no modo imperativo, este
transmite um valor de crença mais fraco, o que seleciona, de imediato, o conjuntivo.
6
A
mesma situação ocorre em português, pois como sublinha Rui Marques:
verifica-se que os predicados epistémicos podem estar associados a diferentes graus de
crença, formando uma escala. Os que expressam um valor fraco selecionam o conjuntivo e
os que estão associados a valores intermédios admitem o indicativo ou o conjuntivo,
dependendo a seleção de um ou outro modo do grau de crença veiculado em cada frase.
(Marques, 2013, p. 680)
7
(10)
Il est passé sans me saluer. J’imagine qu’il ne m’a pas reconnu.
Ele passou por mim sem me cumprimentar. Imagino que não me IND PERF.
‘Ele passou por mim sem me cumprimentar. Imagino que não me reconheceu.’
(11)
Nous ne nous sommes pas revus depuis huit ans: imaginez que nous
ne nous reconnaissions pas.
Já não nos vimos há oito anos: imagine que não nos PST SBJV.
‘Já não nos vimos há oito anos: imagine que não nos reconheçamos.’
Parece-nos que, independentemente do grau de coincidência entre o francês e o português,
tantos os alunos do nível B1.1 como os do nível C1.1 evidenciam dificuldades no
momento de selecionar o modo que o verbo imaginer requer.
Relativamente aos enunciados cujas subordinadas substantivas completivas de
complemento direto são introduzidas pelos predicadores demander e craindre, a
percentagem de respostas certas é inferior a 38%, o que, mais uma vez, nos parece
surpreendente, uma vez que, em português, estes verbos também regem o conjuntivo. É
certo que os alunos de B1.1 iniciaram, nesse mesmo subnível, a aprendizagem deste novo
modo; contudo, havendo coincidência com a língua materna, torna-se singular que
evidenciem dificuldades no uso do conjuntivo, quando o usariam, em contexto idêntico,
em português.
6
Alain Rihs (2016) refere que o modo indicativo ocorre nos contextos em que a proposição tem um valor
existencial positivo, ou seja, quando a oração subordinada é introduzida pelo predicador no indicativo,
enquanto se seleciona o conjuntivo quando o contexto é contrafactual.
7
Para uma análise mais aprofundada dos verbos não factivos que admitem ambos os modos, remetemos
para Rui Marques (1997), em que o autor discute a seleção dos modos nas completivas.
152 MARIA HELENA MARQUES ANTUNES
DIACRÍTICA, Vol. 36, n.º 2, 2022, pp. 142–158. DOI: doi.org/10.21814/diacritica.4809
É, com efeito, inesperado que os alunos não tenham ativado os conhecimentos da
língua materna, uma vez que, em português, em igual contexto, ou seja, com os
predicadores temer e pedir, existe coincidência com o francês. Todavia, a inadequação
das respostas não pode ser explicada por via do erro por transferência, na medida em que
não estamos perante o reinvestimento, na língua-alvo, de uma estrutura da língua-fonte.
Este paradoxo levou-nos a postular que as respostas erradas poderiam derivar de um
problema na gramática interna do aprendente.
A análise das respostas do grupo de controlo, constituído por falantes de língua
materna portuguesa, a quem pedimos que, nas frases propostas,
8
conjugassem o verbo no
modo e tempo adequados e que justificassem o modo selecionado, indicou que os
participantes não manifestam dificuldades em eleger o modo adequado. No entanto,
pareceu-nos que a fundamentação da escolha era laboriosa. Assim, interpelou-nos um
enunciado cujo predicado matriz era considerar.
(12)
Ela considerou que (ser) muito tarde.
Embora os informantes tenham selecionado o indicativo, a fundamentação que alguns
alunos apresentaram não se deteve na justificação do modo, mas sim na coerência
temporal. Todavia, houve um aluno que assinalou o valor de certeza veiculado pelo
predicador matriz, pelo que selecionou o indicativo. Contudo, cremos que a justificação
deveria ter sublinhado a atitude de crença forte associada à expressão verbal, a qual
permite inferir que “a proposição complemento é tida como verdadeira pelo sujeito da
frase matriz” (Marques 1997, p. 195). Houve, ainda, informantes que selecionaram o
condicional, o que sugere, implicitamente, que estamos perante a transposição para o
discurso indireto de uma frase cujo verbo, no discurso direto, se encontraria no futuro.
Estranhamente, não se aperceberam de que a expressão da possibilidade não estava
relacionada com o verbo matriz, mas sim com o futuro do indicativo do discurso direto,
que, na transposição para o discurso indireto no passado, seria substituído pelo
condicional.
Cremos, portanto, que as dificuldades sentidas na escolha do modo na língua-alvo,
para além de a distribuição do conjuntivo e do indicativo ainda não estar plenamente
consolidada nos níveis de proficiência analisados, se devem, em parte, ao facto de não
estarem conscientes de que a seleção do modo em orações completivas está “relacionada
com o tipo de atitude a que está associado o verbo matriz” (Marques 1997, p. 194).
4.1.2 Produção escrita
Nas trinta produções escritas do subnível B1.1 analisadas, as orações subordinadas
completivas com função de complemento direto eram introduzidas por predicadores de
valor epistémico associados a graus de crença forte e por predicadores declarativos.
Assim, em sete composições, encontrámos o verbo matriz penser seguido de indicativo
para introduzir a opinião acerca do livro estudado em aula. Em todos os enunciados em
8
As frases que integraram o teste do grupo de controlo resultam da tradução das originais em francês.
DA DIFÍCIL AQUISIÇÃO DO CONJUNTIVO VS INDICATIVO 153
DIACRÍTICA, Vol. 36, n.º 2, 2022, pp. 142–158. DOI: doi.org/10.21814/diacritica.4809
que o verbo penser surgiu, os alunos selecionaram o indicativo, por ser este modo que lhe
está associado, como no enunciado 13.
(13)
Je pense que le livre ne transmet pas seulement un message.
Eu penso que o livro não IND PST apenas uma mensagem.
‘Eu penso que o livro não transmite apenas uma mensagem’.
Contudo, apesar de a frase ser gramatical, cremos que o facto de a expressão predicativa
surgir na forma negativa será indicador de uma tentativa de modalizar a afirmação, o que
o uso do advérbio seulement parece corroborar. Assim, neste caso, teria sido preferível
introduzir a negação junto do verbo predicador, o que implicaria a seleção do conjuntivo
na oração subordinada, na medida em que esta alteração evidenciaria o carácter complexo
do romance que o aluno procurou destacar.
Para além do verbo penser, encontrámos nas composições uma ocorrência de
croire, que rege o indicativo, e de accepter, que admite ambos os modos, consoante se
lhe atribui um valor epistémico de conhecimento ou um valor desiderativo. Ora, na frase
em que está inserido, enunciado 14, accepter tem o significado de admitir uma realidade,
reconhecer, o que o associa ao valor de conhecimento.
(14)
Oscar accepte qu’il va mourir.
Oscar aceita que IND/PST INF.
‘Oscar aceita que vai morrer.’
Nas composições analisadas, verificámos que os alunos recorrem, com frequência, a
verbos predicadores que regem o indicativo, sendo este o modo preponderante nas
orações substantivas completivas com função de complemento direto ou com função de
sujeito.
9
Assim, encontrámos um único caso de emprego do conjuntivo, que, porém, está
errado. De facto, no enunciado 15, o verbo vouloir, para além de semanticamente
inadequado, não introduz a oração completiva, a qual depende do predicador véhiculer,
complemento de vouloir, que rege o indicativo. O aluno selecionou o conjuntivo por
considerar que vouloir, verbo volitivo regente de conjuntivo, era o verbo matriz.
(15)
Cette nouvelle veut véhiculer qu’il ne vaille pas la peine de se disputer.
10
Esta novela veicula a mensagem que não PST SBJV a pena discutir.
‘Esta novela veicula a mensagem que não vale a pena discutir.’
No que concerne às produções escritas do nível C1.1, se da análise das composições
transparecem alguns resultados similares aos constatados em B1.1, também encontrámos
dados não observados nos textos do nível intermédio, como a existência de estratégias de
evitamento do conjuntivo.
9
Nas trinta composições analisadas de nível B1.1, apenas um aluno usou a estrutura verbal impessoal il est
évident que.
10
Esta frase teria de ser reformulada: “Cette nouvelle illustre l’idée selon laquelle il faut éviter les conflits
religieux”. Contudo, poderíamos aceitar uma formulação mais próxima da frase proposta pelo aluno: “Cette
nouvelle véhicule l’idée qu’il ne vaut pas la peine de se disputer pour des raisons religieuses”.
154 MARIA HELENA MARQUES ANTUNES
DIACRÍTICA, Vol. 36, n.º 2, 2022, pp. 142–158. DOI: doi.org/10.21814/diacritica.4809
As orações subordinadas substantivas completivas com função de complemento
direto são introduzidas, tal como em B1.1, por predicadores epistémicos associados a
graus de crença forte
11
e ao conhecimento, de que destacamos o factivo s’apercevoir. Nas
composições de C1.1, contrariamente às de B1.1, os alunos recorreram a estruturas
predicativas impessoais da modalidade deôntica.
12
Em geral, o modo foi selecionado de
acordo com o verbo matriz, havendo, contudo, dois enunciados em que tal não ocorreu.
Assim, detetámos um único caso em que a expressão impessoal il faut introduziu o
indicativo e não o conjuntivo. A segunda situação em que observámos uma escolha não
adequada do modo surgiu num enunciado construído em torno do verbo matriz faire. Este
predicador, que seleciona ambos os modos, rege o indicativo quando introduz uma
constatação, uma consequência, e o conjuntivo quando, na oração subordinada, se
expressa um desejo, uma prece. Ora, no enunciado em questão, o modo selecionado na
oração subordinada deveria ser o indicativo, e não o conjuntivo, na medida em que se
introduzia uma constatação.
Como referimos, na análise das composições de C1.1 fomos confrontados com
estratégias que visavam contornar a seleção do conjuntivo. No primeiro enunciado, a
expressão predicativa passer par,
13
que deveria ser substituída pelo verbo deôntico exiger
que, evitou que o aluno recorresse a um verbo matriz que regia o conjuntivo. No segundo
enunciado, a estratégia de evitamento passou por acrescentar a locução le fait que, a qual
pode selecionar o conjuntivo ou o indicativo, modo que o aluno privilegiou. Contudo,
para além de a locução ser dispensável, o facto de o verbo predicador impliquer, que
também admite ambos os modos, estar conjugado no modo condicional, que remete para
uma realidade hipotética, sugere a seleção do conjuntivo e não do indicativo. Por fim,
constatámos, em todas as produções escritas analisadas, uma tendência marcada para
privilegiar estruturas infinitivas com expressões predicativas impessoais, em vez do
conjuntivo, nos casos em que seria preferível optar pela construção com este modo.
A análise das produções escritas dos alunos de B1.1 e de C1.1 parecem corroborar
as observações decorrentes dos testes de completamento. De facto, tanto em B1.1 como
em C1.1, privilegiou-se o recurso a verbos epistémicos de crença forte, de conhecimento
e, no caso do nível avançado, a estruturas predicativas impessoais de valor deôntico que
regiam o indicativo. As respostas dos testes de completamento revelaram uma menor
dificuldade dos alunos em selecionar o modo adequado quando as expressões predicativas
regiam o indicativo. Apesar de o nosso objetivo não ser a análise da seleção dos modos
nas orações subordinadas adverbiais, confirmámos que, após locuções prepositivas finais
ou concessivas, o modo conjuntivo era selecionado adequadamente, pelo que nos parece
que as dificuldades residem nas orações subordinadas completivas com função de
complemento direto e com função de sujeito introduzidas por verbos matrizes que regem
o conjuntivo.
11
O predicador usado pelos alunos foi, quase invariavelmente, penser, na sua forma afirmativa e negativa.
12
Em trinta composições analisadas, quatro alunos recorreram às estruturas “il faut que” e “il est nécessaire
que”.
13
A locução verbal passer par é seguida de um substantivo, pelo que a estrutura infinitiva selecionada pelo
aluno não será adequada.
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4.2. Análise dos resultados dos aprendentes de português
4.2.1. Orações subordinadas substantivas completivas com função de sujeito
O segundo grupo que observámos era constituído por alunos francófonos aprendentes de
português. Analisámos quarenta e nove composições de nível B1 (trinta e duas) e B2
(dezassete) coligidas na base de dados COPLE2 (Mendes et al., 2016), do Centro de
Linguística da Faculdade de Letras de Lisboa.
Expressões predicativas como ser evidente, ser certo, que subcategorizam as
orações subordinadas substantivas completivas com função de sujeito, surgem com
relativa frequência nas produções escritas analisadas para transmitir um valor de crença
forte. Tal como os alunos de francês escolheram adequadamente o modo indicativo após
expressões predicativas como il est evident, os alunos francófonos, aprendentes de
português, também selecionaram, em igual contexto, ou seja, após as expressões
impessoais ser certo e ser evidente, o modo apropriado.
4.2.2. Orações subordinadas substantivas completivas com função de complemento
direto
A seleção do modo após verbos associados à expressão de crença, como o predicado
achar, exemplo 16, ao qual recorrem frequentemente os alunos, podendo ser substituído
por crer e pensar nos enunciados em que foram usados, e à expressão do desejo, como o
verbo desejar, exemplo 17, não revela por parte dos alunos hesitações quanto ao facto de
que, no primeiro caso, impera o indicativo, enquanto no segundo, é obrigatório o modo
conjuntivo. Esta mesma distribuição ocorre em francês, o que poderá explicar a relativa
facilidade demonstrada pelos alunos na seleção do modo. Contudo, se entre o português
e o francês existe coincidência na distribuição dos modos indicativo e conjuntivo em
relação aos verbos associados à expressão de crença forte, como achar, e aos verbos
desiderativos, como desejar, esta mesma coincidência também se verifica em verbos
como juger, imaginer, demander e craindre. Porém, esta similaridade entre ambas as
línguas não parece ter ajudado os alunos de francês, uma vez que não se traduziu numa
seleção adequada do modo. Sublinhamos, por outro lado, que, neste caso particular, os
grupos de alunos a que nos referimos eram de nível B1.1, pelo que os conhecimentos
adquiridos sobre a distribuição de ambos os modos ainda não se haviam consolidado.
(16)
Eu acho que os estudantes, os jovens de hoje, são o futuro duma cidade.
(17)
Desejam que esta atividade económica seja mais controlada.
Ainda relativamente à análise das produções escritas do grupo de alunos francófonos,
queremos salientar o uso do verbo esperar. A seleção do modo que este predicador exige
na subordinada substantiva completiva de complemento direto é divergente nas duas
línguas. Em português, o verbo seleciona o conjuntivo e, em francês, o indicativo. David
Gaatone (2003), que comenta o paradoxo que o par espérer/ souhaiter, ambos verbos
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volitivos, representa, observa que, nas subordinadas substantivas completivas, o modo
conjuntivo não depende só do predicador mas também do seu contexto. Assim, “plus le
contexte l’oriente dans le sens du doute, plus le subjonctif a des chances d’apparaître”
(2003, p. 68). Ora, espérer nunca parece estar associado a um contexto de dúvida, o que
pode estar relacionado com a sua evolução histórica. No Trésor de la Langue Française,
espérer quelque chose significa “attendre avec confiance un bien que l’on désire ;
considérer comme possible et probable sa réalisation ; considérer comme certaine une
chose”.
14
Tendo em conta o caso particular do predicador espérer em francês, é expectável
que os aprendentes francófonos de português reproduzam, por mimese, a seleção do modo
com o verbo esperar, incorrendo num erro interferencial. O enunciado 18 pode ser
sintomático de que, no que concerne a este verbo, a eleição do modo não está totalmente
consolidada. Se, na primeira subordinada, o aluno selecionou adequadamente o modo,
flexionando o verbo ajudar no pretérito perfeito composto do conjuntivo; já, na segunda
oração subordinada, que também depende do verbo esperar, o aluno conjugou o verbo
semiauxiliar no indicativo e não no conjuntivo.
(18)
Espero mesmo que te tenha ajudado e que vais finalmente pu[o]der concretizar o teu sonho.
Queríamos chamar a atenção para o enunciado 19, na medida em que a introdução da
negativa na oração principal poderia atenuar ou inverter o valor de crença forte associado
ao verbo predicador, legitimando a seleção do conjuntivo. Contudo, se se quiser afirmar
que o registo escrito evolui, o indicativo deve ser mantido na subordinada,
independentemente de o verbo declarativo surgir sob o escopo da negação. Assim, o aluno
poderia ter optado pela formulação no exemplo 20, o que implicaria a seleção obrigatória
do indicativo na subordinada. Sublinhemos que, em francês, no enunciado 19,
poderíamos optar pelo conjuntivo ou pelo indicativo, dependendo do grau de afirmação.
Se a estrutura usada pelo aluno foi consciente, poderá demonstrar que assimilou os
contextos de emprego de ambos os modos e os valores que veiculam.
(19)
Isto não quer dizer que a escrita deve ficar sempre igual.
(20)
Isto quer dizer que a escrita não deve ficar sempre igual.
A análise das produções escritas dos aprendentes francófonos de português parece
indiciar que a distribuição dos modos indicativo e conjuntivo está mais consolidada do
que nos alunos de francês. Em ambos os grupos, detetámos erros interferenciais que se
devem à transposição dos conhecimentos da língua materna na língua-alvo, o que poderá
sugerir, por um lado, o domínio do emprego do conjuntivo e do indicativo nas suas línguas
de origem e, por outro, um menor conhecimento da distribuição desses modos na língua-
alvo. Contudo, as respostas do grupo de alunos de francês também determinaram que
alguns erros não podiam ser imputáveis a mecanismos de transferência, na medida em
que, em português, o predicador exigiria o mesmo modo, mas sim à gramática interna dos
14
Esta explicação já foi avançada por Cláudia Abranches, em 2009, numa comunicação apresentada no
XVI colóquio da Associação Portuguesa de Professores de Francês.
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DIACRÍTICA, Vol. 36, n.º 2, 2022, pp. 142–158. DOI: doi.org/10.21814/diacritica.4809
alunos. No entanto, as dúvidas observadas não nos parecem estar relacionadas com a
escolha do modo, já que o grupo de controlo evidenciou não ter hesitações no que à
seleção do modo se refere, elegendo adequadamente, mas sim com a dificuldade em
fundamentar a resposta com base em juízos gramaticais, resultantes da análise do tipo de
atitude a que está associado o verbo matriz, o que já havia ficado patente na análise das
justificações apresentadas pelo grupo de alunos de francês.
5. Conclusões
Com este estudo, pretendeu-se dar conta da relação que alunos de francês e de português
língua não materna mantinham com o conjuntivo e com o indicativo. Sendo as suas
línguas maternas, respetivamente o português e o francês, tão semelhantes na distribuição
dos dois modos, verificámos que a similaridade nem sempre se traduz numa seleção mais
fácil do modo. De facto, a análise das respostas do teste de completamento, que constituía
uma parte do corpus de observação francês, revelou que vários alunos sentiram
dificuldade em selecionar de forma adequada o modo pedido pelo verbo introdutor da
subordinada, quando na sua língua materna, ou seja, em português, a eleição seria
idêntica. A observação do corpus tendeu a demonstrar, por outro lado, que alunos de nível
avançado apresentavam dificuldades em contextos em que não seria expectável, tendo os
alunos de B1.1 obtido melhores resultados, nomeadamente com a expressão predicativa
il est possible. Este dado é curioso, uma vez que, nas produções escritas, nunca foi usada.
Nos casos em que a expressão predicativa implicava uma seleção do modo diferente
em francês e em português, como é o caso de espérer/ esperar observou-se uma tendência
para o efeito de mimese, embora vários alunos tenham elegido o modo correto,
independentemente de, nas suas línguas maternas, a regra ser diferente.
No âmbito das orações substantivas completivas, parece haver, por parte dos
aprendentes de francês, uma menor facilidade em selecionar o modo adequadamente,
quer no nível B1, o que, apesar da semelhança entre as línguas, é expectável num nível
intermédio, quer no nível avançado, o que já se nos afigura mais curioso, sobretudo em
estruturas que não deveriam suscitar dúvidas. Porém, cremos que poderá estar
relacionado com a dificuldade em fundamentar a resposta com base numa reflexão sobre
o valor modal do predicador.
As dificuldades em selecionar adequadamente o modo conjuntivo discernidas na
avaliação das respostas do teste de completamento foram corroboradas pela análise das
composições realizadas pelos alunos. De facto, tanto nos níveis B1.1 como C1.1,
constatámos que os alunos privilegiaram estruturas que lhes permitiam usar o indicativo
ou o infinitivo, havendo, no nível avançado, estratégias de evitamento do conjuntivo nas
orações subordinadas completivas.
Por sua vez, a análise das produções escritas elaboradas por alunos francófonos
parece indiciar que este grupo de alunos revela menos dificuldades do que os seus colegas
em selecionar o modo adequado. É verdade que os predicadores achar e desejar não
ofereciam grandes dúvidas, pois, em francês, selecionariam o indicativo e o conjuntivo.
Contudo, como já assinalámos, em igual contexto, a escolha do modo dos aprendentes de
francês foi mais aproximativa. Por outro lado, parece-nos que as composições em
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DIACRÍTICA, Vol. 36, n.º 2, 2022, pp. 142–158. DOI: doi.org/10.21814/diacritica.4809
português se destacam pela diversidade das expressões predicativas, mais repetitivas nas
produções escritas dos alunos de francês.
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[recebido em 27 de fevereiro de 2022 e aceite para publicação em 10 de julho de 2022]