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MAPEAMENTO E AVALIAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO À INUNDAÇÃO EM PARTE DA SEDE DO MUNICÍPIO DE GANDU-BA

Authors:

Abstract

O estudo do risco à inundação é um instrumento relevante para a definição e gestão de desastres hidrológicos. No contexto da Sub-Bacia Hidrográfica do Rio Gandu que tem cerca de 81,91% na sede urbana do município de Gandu este estudo se torna essencial, pois grande parte dessa população é diretamente afetada com as cheias do rio Gandu. Os dados pluviométricos históricos revelam cheias quadrienais com inundações que afetam áreas de ocupação subnormal e consolidada que margeiam o rio Gandu. Buscando contribuir para a minimização deste problema, a presente pesquisa tem por objetivo mapear e avaliar as áreas de risco à inundação em parte da sede urbana do município de Gandu. Para isso, alimentou-se o Arcgis 10.8 com dados oriundos do sensoriamento remoto para cartografar as formas do relevo, os tipos de uso e as áreas de risco a inundação com aplicação das técnicas de geoprocessamento. As áreas de risco com maiores problemas ocorrem em aglomerados residenciais consolidados e, durante índices excepcionais de chuva, nos aglomerados comerciais.
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ISSN: 2236-5311
MAPEAMENTO E AVALIAÇÃO DAS ÁREAS DE RISCO À INUNDAÇÃO EM PARTE
DA SEDE DO MUNICÍPIO DE GANDU-BA
SAMUEL DE AMARAL MACEDO a
GABRIELA PEREIRA DA SILVAa
JOÃO GABRIEL DE MORAES PINHEIRO
b
ANA ALEXANDRE SANTOS RODRIGUES
a
a Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Campinas
b Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Estadual de Santa Cruz
e-mail: macedo.samuel@yahoo.com
Direitos autorais 2022, SBGFA: No caso da seleção do presente artigo pelo Comitê Científico do evento, após revisão das informações contidas no resumo submetido pelo(s) autor(es), os
mesmos autorizam a publicação, cientes de que ao se inscreverem, aceitaram a concederam essa faculdade aos organizadores do evento, em razão do caráter de atendimento ao comunidade,
sem fins lucrativos que o evento abrange.
RESUMO
O estudo do risco à inundação é um instrumento relevante para a definição e gestão de desastres hidrológicos. No contexto da Sub-
Bacia Hidrográfica do Rio Gandu que tem cerca de 81,91% na sede urbana do município de Gandu este estudo se torna essencial, pois
grande parte dessa população é diretamente afetada com as cheias do rio Gandu. Os dados pluviométricos históricos revelam cheias
quadrienais com inundações que afetam áreas de ocupação subnormal e consolidada que margeiam o rio Gandu. Buscando contribuir
para a minimização deste problema, a presente pesquisa tem por objetivo mapear e avaliar as áreas de risco à inundação em parte da
sede urbana do município de Gandu. Para isso, alimentou-se o Arcgis 10.8 com dados oriundos do sensoriamento remoto para
cartografar as formas do relevo, os tipos de uso e as áreas de risco a inundação com aplicação das técnicas de geoprocessamento. As
áreas de risco com maiores problemas ocorrem em aglomerados residenciais consolidados e, durante índices excepcionais de chuva,
nos aglomerados comerciais.
Palavras-chave: Geografia; Geoprocessamento; Inundação.
Keywords: Geography; Geoprocessing; Inundation.
Introdução
Segundo a International Strategy for Disaster Reduction
(ISRD), as inundações são fenômenos naturais que mais
ocorrem em escala global, afetando as populações
ribeirinhas. As inundações são comuns no Brasil,
segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia,
considerando dados analisados até 2002, os gastos com
inundação chegavam a 1 bilhão de dólares por ano
(BRASIL, 2007).
Na Bahia, após um cenário com índice pluviométrico
excepcional, provocando as cheias que ocorreram em
dezembro de 2021, teve custo superior à média anual
nacional apontada pela ISRD, chegando a 2 bilhões de
reais (BAHIA, 2021). De acordo com a Defesa Civil da
Bahia (2022) diversos municípios foram afetados pelas
cheias, principalmente, no sul do estado. Um dos casos
mais recorrentes ocorre no município de Gandu.
Na última inundação provocada pelos elevados índices
pluviométricos que ocorreram em novembro e dezembro
de 2021, o governo federal destinou R$ 1.041.942,57
para o município de Gandu ao reconhecer seu estado de
emergência e calamidade decorrente de desastres
(BRASIL, 2022). A inundação é um problema decorrente
de diversos fatores associados ao modelo de ocupação
urbana nas planícies de inundação de rios, sendo essa
forma de ocupação uma herança colonial. (CUSTÓDIO,
2002; LINS-DE-BARROS BARROS; MUEHE, 2010). As
inundações provocam impactos irreversíveis para as
populações ribeirinhas, sobretudo quando os indicadores
sociais revelam um cenário de vulnerabilidade, o que
pode aumentar o grau de risco à inundação. O risco
existe quando iminência de um dano ou adversidade
capaz de afetar a vida humana (VEYRET, 2007). Para
Varnes (1984) o risco depende do número prenunciado
de vidas perdidas, de pessoas feridas e desestabilização
de atividades econômicas, consequência de um evento
climático considerado extremo. Dessa forma, na
avaliação das áreas de risco é necessário considerar os
fatores históricos, sociais, econômicos e ambientais
(VEYRET, 2007).
SAMUEL DE A. MACEDO, GABRIELA P. DA SILVA, JOÃO GABRIEL DE M. PINHEIRO, ANA ALEXANDRE S. RODRIGUES
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Westen, Van Asch e Soeters (2006) propõem uma fórmula
que permite calcular os danos causados aos elementos
que estão em risco, considerando o perigo expressado
em função da probabilidade da ocorrência dentro de um
período de frequência e a vulnerabilidade física dos
elementos que estão expostos ao risco.
A possibilidade de aplicação da fórmula do autor
supracitado e a relevância do estudo das áreas de risco
à inundação para municípios historicamente afetados
como Gandu motivou a realização da presente pesquisa.
Portanto, este estudo tem por objetivo mapear e avaliar
as áreas de risco à inundação em parte da sede urbana
do município de Gandu (Bahia).
Estratégia Metodológica
Área de estudo, atividade econômica e dinâmica
populacional
A sede urbana de Gandu (Figura 1) na qual se encontra
o objeto de estudo da presente pesquisa se desenvolveu
conforme a participação do município na produção
cacaueira antes mesmo da sua emancipação Silva
(2007), que aconteceu em 28 de julho de 1958, através
da Lei Ordinária 1008 (BAHIA, 1958).
Figura 1 Área de estudo. Fonte: SEI (2014) e IBGE (2018).
Na época, pessoas dos lugares mais variados se
instalaram em Gandu por conta das notícias de rápido
crescimento em vista da larga produção de cacau
(SILVA, 2007). O censo do IBGE de 1970 revelou que
Gandu tinha 18.038 habitantes (IBGE, 1970). Dez anos
depois houve um aumento de 62,23%, chegando a
29.270 habitantes (IBGE, 1980). Essa evolução
populacional esteve atrelada a produção de cacau, que
foi de 2400 toneladas em 1974 a 14 839 toneladas em
1986 (IBGE, 1970; 1980). O censo de 1970 revela que a
população rural era de 11 258 e a urbana de apenas 6
753 (IBGE, 1970). Entre 1980 e 2000 houve decréscimo
de 7,20% (IBGE, 1980; 1990; 2000), durante o período
marcado pela crise do cacau (SILVA, 1995), a produção
do fruto foi reduzida a 4 159 toneladas em 2000 (IBGE,
2000). A população rural foi de 11 258, em 1970, a 5 100,
em 2000, e a população urbana foi de 6 753, em 1970, a
22 060, em 2000 (IBGE, 1970; 2000). A partir desse
momento a população urbana começou a se consolidar.
Segundo o último censo a população total aumentou
11,69%, chegando a 30.336 habitantes, sendo 24 848 na
área urbana e 5 488 na zona rural (IBGE, 2010).
Metodologia e procedimentos técnico-operacionais
O Programa de Redução de Risco do Ministério das
Cidades (BRASIL, 2007) apresenta uma sequência
metodológica para mapeamento de áreas de risco de
inundação com o uso de produtos do sensoriamento
remoto e atividades de campo.
Para isso, definiu-se o uso do Sistema de Informação
Geográfica (SIG) Arcgis 10.8 licenciado pela Unicamp,
em seguida se iniciou o tratamento e organização dos
dados vetoriais. Utilizou-se as bases cartográficas da
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da
Bahia (SEI, 2014) para organização dos mapas
geológico, geomorfológico e hidrológico, e a base do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2010) para identificação da área urbana e a malha de
setores censitários, ambos em formato vetorial.
Após isso, utilizou-se o polígono da área urbana para
baixar os dados matriciais, tais como imagens
TOPODATA (INPE) referentes a hipsometria e
declividade na escala de 1:100 000. Posteriormente,
realizou-se download de imagens RapidEye
disponibilizadas pelo ICMBio.
Para finalizar a parte de organização dos mapas a partir
de dados secundários, realizou-se a importação dos
dados do censo demográfico (IBGE, 2010) para a malha
de setores censitários do mesmo período.
A avaliação da susceptibilidade da área a fenômenos de
inundação se deu com base no histórico das áreas
atingidas em diferentes tempos de ocorrência. Em
seguida, cruzou-se essas áreas com as características
de uso e ocupação. A avaliação de risco foi realizada a
partir da combinação dos fatores naturais, a qual permitiu
identificar áreas naturalmente afetadas, e aos fatores
antrópicos, em que a atividade humana caracteriza o
risco comprometendo à vida dos indivíduos. Dessa
forma, foram identificadas áreas de risco Baixo, Médio,
Alto e Muito Alto considerando a metodologia sugerida
pelo ministério das cidade (Quadro 1).
Grau de
probabilidade
Risco Muito
Alto
Drenagem ou compartimentos sujeitos a
processos com alto potencial de causar
danos sociais, alta frequência de
ocorrência (pelo menos três eventos
significativos em 5 anos) e envolvendo
média alta vulnerabilidade.
Risco Alto
Drenagem ou compartimentos de
drenagem sujeitos a processos potencial
de causar danos, média de frequência
de ocorrência (registro de 1 ocorrência
significativa nos últimos 5 anos) e
envolvendo moradias de alta
vulnerabilidade.
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Tabela 1 Critérios para determinação dos graus de risco.
Fonte: Brasil (2007).
A representação cartográfica das áreas de risco a
inundação foi realizada a partir da adaptação da fórmula
proposta por Westen, Van Asch e Soeters (2006), em
que
o risco é representado da seguinte forma:
Risco = Σ (H Σ (VA))
Risco à inundação = Σ (TR) *{(Vulnerabilidade da
Tipologia)*[((Altura da Inundação*P1) + (Densidade
Populacional*P2) + (Densidade de Habitações*P3) / Σ
P)]}
Onde:
(TR) é tempo de retorno (anos) das inundações sendo
representado pelas probabilidades: TR4 = 0,6, TR8 = 0,2,
TR16 = 0,1, TR32 = 0,05, TR50 = 0,04 e TR100 = 0,01;
(Vulnerabilidade da Tipologia) é vulnerabilidade
das tipologias habitacionais, onde para cada tipo
de tipologia foi atribuído um valor de
vulnerabilidade;
(Altura da Inundação) - Danos associados à
altura da lâmina d'água;
(Densidade Populacional) - Valores de
densidade populacional obtidos das análises;
(Densidade habitacional) - Valores de densidade
habitacional obtidos das análises;
Os valores P1, P2 e P3 são pesos atribuídos aos
valores de Altura de inundação, Densidade Populacional
e Densidade Habitacional, respectivamente, 2, 5 e 3.
A definição das cotas de inundação foi realizada a partir
da análise de registros históricos de 6 áreas afetadas por
inundação, assim sendo, coletou-se dados em 6 seções
transversais ao rio, nos bairros Renovação 1, Renovação
2, Beira Rio, Praça da Feira e Eliseu Leal (Quadro 2).
Quadro 2 - Tempo de recorrência e cotas de elevação das
cheias. Fonte: Os autores (2022).
A densidade populacional e habitacional foi obtida a partir
da estimativa de residências e habitantes
disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE, 2010). Dessa forma, a análise de cada
setor permitiu alcançar uma média que retrata a
densidade habitacional e populacional.
O documento cartográfico síntese de risco à inundação
foi produzido em ambiente de SIG com uso da ferramenta
Raster Calculation onde os dados foram cruzados no
programa para a confecção do mapa.
As atividades de campo foram realizadas nos dias 22, 23
e 24 de dezembro de 2021, com uso de geotecnologias
tais como receptores GPS (Global Positioning System)
para averiguar a acurácia dos mapas, fita métrica para
medir a elevação da água, e o Veículo Aéreo Não
Tripulado para visitar as áreas afetadas e registrar
fotografias utilizadas no presente estudo.
Resultados e discussões
A classe de risco Baixo e Médio serão afetadas em
casos extremos de índices pluviométricos excepcionais
(Figura 2). Nesta classe, as áreas urbanas consolidadas
estão assentadas em altitudes superiores a 163 m
(Figura 3).
Figura 2 Mapa das áreas de risco à inundação na área urbana
do município de Gandu-BA. Fonte: Dados da pesquisa, 2022.
Figura 3 Mapa hipsométrico da área urbana do município de
Gandu-BA. Fonte: INPE (2011).
Risco médio
Drenagem ou compartimentação de
drenagem sujeitos a processos com
médio potencial de causar danos, média
frequência de ocorrência (registro de 1
ocorrência significativa nos últimos 5
anos)
Risco Baixo
Drenagem ou compartimentação de
drenagem sujeitos a processos com
baixo potencial de causar danos e baixa
frequência de ocorrência (não registro de
ocorrências significativas nos últimos 5
anos)
Tempo de
Recorrência
(TR)
Média
Renovação
1
Renovação
2
Beira
Rio
Praça
da
Feira
Eliseu
Leal
TR4
149
144
143
143
144
145
TR8
152
145,5
144
144
144,7
146
TR16
154
146,8
144
144,8
145
147
TR32
155
146,9
144
144,9
146
147
TR50
146
147,2
144
145
147
146
TR100
146
148
144
145,2
148
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SAMUEL DE A. MACEDO, GABRIELA P. DA SILVA, JOÃO GABRIEL DE M. PINHEIRO, ANA ALEXANDRE S. RODRIGUES
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Diferentemente da classe de risco Alto (Figura 2), na qual
estão áreas consolidadas em terrenos de baixa altitude,
entre 154 e 162 metros (Figura 3). Essas áreas
consolidadas foram afetadas durante as inundações
causadas pelo índice pluviométrico excepcional de
dezembro de 2021.
Historicamente, a classe de risco Alto foi afetada 2 vezes
nos últimos 40 anos (Figura 4), uma em 1985, quando
choveu 495,6 só no mês de dezembro (CEPLAC, 2021),
e outra em 2021, com índice pluviométrico superior a 600
mm (INMET, 2021). Sendo que para que ocorra, o índice
pluviométrico diário deve ser superior a 450 mm em um
intervalo de 4 dias como observado durante a atividade
de campo do presente estudo realizado durante a
inundação do rio Gandu.
Figura 4 Bairros afetados pelas inundações do Rio Gandu. A
Inundação no Bairro Beira Rio em dezembro de 1989. B
Inundação no Bairro Eliseu Leal em dezembro de 2021. Fonte:
Dados da pesquisa, 2021.
A classe de risco Muito Alto a inundação são áreas
urbanas localizadas nas planícies fluviais do rio Gandu
com baixa hipsometria e declividade. Segundo o
Ministério das Cidades é caracterizado enchente a
elevação temporária do nível de água no canal principal,
atingindo o limite máximo da calha, mas sem
transbordamento (BRASIL, 2007). Especificamente,
algumas áreas dos bairros Beira Rio e Renovação 1, uma
combinação de fatores colabora para que houvesse
casas afetadas pelas cheias do rio Gandu, tais como a
ocorrência de índice pluviométrico elevado, ocupação da
planície de inundação (Figura 5), ausência de mata ciliar
no trecho do rio, assoreamento, diminuindo a dimensão
da calha principal.
Figura 5 mapa do uso e ocupação da terra na área de
estudo. Fonte: Os autores, 2021.
De acordo com o Ministério das Cidades a inundação é o
“Processo de extravasamento das águas do canal de
drenagem para as áreas marginais (planície de
inundação, várzea ou leito maior do rio) quando a
enchente atinge cota acima do nível máximo da calha
principal do rio” (BRASIL, 2007, 91).
Tanto a classe Alto e Muito Alto foram afetadas pela
inundação decorrente do elevado índice pluviométrico de
dezembro de 2021, sendo que na área urbana do
município de Gandu, ela atingiu seu ápice entre os dias
25 e 26 de dezembro, atingindo os bairros Eliseu Leal,
Renovação 1, Jardim Gandu, Renovação 2 e Beira Rio
(Figura 6).
Figura 6 Mapa das áreas afetadas pelas inundações de
dezembro de 2021 na área urbana de Gandu. Fonte: Dados
da pesquisa, 2021.
A quantificação das residências afetadas nos dias 25 e
26 de dezembro de 2021, quando o rio Gandu subiu em
níveis mais elevados, foram identificadas 898 casas
afetadas. Estima-se a partir de dados do IBGE (2010) que
aproximadamente 2963 pessoas tenham sido afetadas
na última grande inundação que ocorreu na área urbana
de Gandu. Neste cenário, populações sem saneamento
básico ficam mais expostas a doenças por causa do
descarte de efluentes diretamente no rio Gandu. A
presença de nutrientes nos rios favorece a propagação
de ratos e doenças bacterianas e parasitárias (BRASIL,
2022). A situação pode ser pior em áreas com
populações com histórico de doenças parasitárias, tais
como Esquistossomose, causada pelo parasito
Shistosoma Mansoni, comum no rio Gandu (CARVALHO,
2020). Segundo dados do IBGE, os bairros Eliseu Leal,
Jardim Gandu e Beira Rio possuem saneamento básico
semiadequado, enquanto os bairros Renovação 1 e
Renovação 2 apresentam saneamento básico não
adequado. Durante as atividades de campo, verificou-se
que as ruas e o rio Gandu são destinos de todos os
efluentes domésticos, o que nos leva a inferir que a
população afetada pela inundação pode ter tido contato
direto com agentes bacterianos e parasitários.
Os bairros Renovação 1 e Renovação 2 não são
formados por casas planejadas, podendo ceder durante
a inundação do rio Gandu, apresentando risco à vida dos
moradores. Esses bairros também são os mais pobres.
Segundo dados do IBGE (2010), a média salarial era
inferior a um quarto da média salarial da época, o que faz
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desses bairros uma prioridade em cenário de inundação.
No bairro Beira Rio a média salarial 50% maior, porém,
por ser uma das áreas com risco muito alto, havendo
ocorrência periódica de inundação.
Considerações Finais
O presente estudo permitiu alcançar uma cartografia
inédita de risco à inundação que, juntamente as
fotografias aéreas e os dados secundários organizados,
apresentam relevância para o planejamento urbano
municipal. Isso pelo motivo de um trecho da sede urbana
de Gandu apresentar histórico de inundação em áreas
consolidadas, a qual se estabeleceu enquanto um
problema crônico a ser solucionado.
Agradecimentos
À CAPES - processo 88887.483174/2020-00.
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