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ARTIGO ORIGINAL
<< Recebido em: 05/02/2023 Aceito em: 02/04/2023. >>
10.18605/2175-7275/cereus.v15n1p270-284
Análise do Perfil Epidemiológico dos pacientes acometidos por Hanseníase em
Araguaína-TO no período de 2015 a 2022
Analysis of the Epidemiological Profile of patients affected by Leprosy in Araguaína-TO
from 2015 to 2022
RESUMO
A hanseníase é uma patologia infectocontagiosa, granulomatosa, de evolução lenta e
crônica, sendo considerada um grande problema de saúde pública. Países em
desenvolvimento que apresentam condições socioeconômicas e de saúde não ideais,
aglomerações em áreas periféricas das cidades, contribuem para a disseminação da
doença, dificultando a sua eliminação. Quando ocorre o diagnóstico tardio ou quando
não é tratada corretamente, a hanseníase pode evoluir com alterações neurológicas e
incapacidades físicas irreversíveis. Esse quadro de alterações irreversíveis pode ser
evitado com diagnóstico precoce e tratamento adequado. Levando em conta a
importância dos casos de hanseníase no Brasil, esse estudo tem como objetivo traçar
o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase na cidade de
Araguaína-TO, no período de 2015 a 2022, com abordagem retrospectiva, descritiva e
quantitativa, utilizando-se do sistema informatizado de dados DATASUS. O perfil de
acometimento nos 962 casos analisados em sua maioria foi de pacientes com:
Predominância do sexo masculino, com grau de escolaridade ensino fundamental
incompleto, faixa etária economicamente ativa, pardos, multibacilares, forma Dimorfa,
sem episódios reacionais, com grau 0 de incapacidade no momento do diagnóstico e
cura. A taxa de detecção classifica o munícipio de Araguaína como hiperêndemico.
Palavras-chave: Perfil de Saúde. Indicadores de Saúde Comunitária. Doenças
transmissíveis.
ABSTRACT
Leprosy is an infectious disease, granulomatous, of slow and chronic evolution, being
considered a major public health problem. Developing countries that have non-ideal
socioeconomic and health conditions, agglomerations in peripheral areas of cities,
prevented the spread of the disease, making its elimination difficult. When there is a late
diagnosis or when it is not treated correctly, leprosy can evolve with neurological
changes and irreversible physical disabilities. This picture of irreversible changes can
be avoided with early diagnosis and adequate treatment. Taking into account the
importance of leprosy cases in Brazil, this study aims to outline the epidemiological
profile of patients with leprosy in the city of Araguaína-TO, from 2015 to 2022, with a
retrospective, descriptive and quantitative approach, using of the DATASUS
computerized data system. The profile of involvement in the 962 cases analyzed was
mostly of patients with: Male predominance, with incomplete elementary schooling,
active economic age group, brown, multibacillary, borderline form, without reactional
episodes, with grade 0 of disability at the time of diagnosis and cur. The detection rate
classifies the municipality of Araguaína as hyperendemic.
Keywords: Health Profile. Community Health Indicators. Communicable diseases.
Diego Santos Andrade1, Edison Alves Propércio Junior2.
1 Médico pelo Centro Universitário
Instituto Tocantinense Presidente
Antônio Carlos. Residente em
Clínica Médica pela Universidade
Federal do Norte do Tocantins
(UFNT).
E-mail: diego-034@live.com
ORCID: 0000-0002-0058-3483
2 Especialista em Clínica Médica
pelo Hospital Regional de
Araguaína. Médico prescritor da
enfermaria de Clínica Médica do
Hospital de Doenças Tropicais da
Universidade Federal do
Tocantins (UFNT).
ORCID: 0009-0005-2147-4488
DOI 10.18605/2175-7275/cereus.v15n1p270-284
Revista Cereus
2023 Vol. 15 N. 1
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Análise do Perfil Epidemiológico dos pacientes acometidos por
Hanseníase em Araguaína-TO no período de 2015 a 2022
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1. INTRODUÇÃO
A hanseníase é uma patologia infectocontagiosa, granulomatosa, de evolução lenta
e crônica, sendo considerada um grande problema de saúde pública nos países em
desenvolvimento (MELO et al., 2022). É provocada pelo Mycobacterium leprae (bacilo de
Hansen), que é um parasita intracelular obrigatório. Costuma infectar e multiplicar-se
preferencialmente em células cutâneas e dos nervos periféricos, apresentando longo
período de incubação (tempo necessário para apresentação de sinais e sintomas desde a
infecção). Esse período pode durar em média de dois a sete anos (MIRANZI; PEREIRA;
NUNES, 2010).
É uma doença que possui alta infectividade (capaz de infectar grande número de
pessoas), porém baixa patogenicidade (poucas pessoas infectadas adoecem). A
transmissão se dá por forma direta de pessoa-pessoa, uma delas portadora da doença e
com a forma ativa do bacilo de Hansen, sem tratamento, a qual elimina o patógeno através
de gotículas e secreções nasais para o meio externo. Depois de entrar em contato com o
trato respiratório e vias aéreas superiores do indivíduo, o bacilo de Hansen se aloja no
organismo e poderá infectá-lo (MIRANZI; PEREIRA; NUNES, 2010).
Evidências apontam que apenas o contato esporádico ou breve não contribui para
disseminação da doença. Metade dos pacientes com hanseníase a contraiu através de
contato prolongado e próximo com uma pessoa infectada. Cerca de 95% das pessoas
imunocompetentes infectadas pelo M. leprae não desenvolve hanseníase em virtude de
sua imunidade eficaz (SAÚDE, 2022).
Os sintomas são extremamente variáveis, e tem relação com a imunogenicidade do
bacilo e com o sistema imunológico do hospedeiro. Esses fatores associados são
responsáveis pelos altos índices incapacitantes desta patologia, sendo uma das razões
para que seja classificada como sendo de notificação compulsória e investigação
obrigatória (AVELINO E SARMENTO et al., 2015).
Deve-se considerar como caso suspeito de hanseníase um paciente que apresente
lesões com área de pele com alteração sensitiva, motora, alteração de nervos periféricos
(com ou sem espessamento), baciloscopia positiva ou não, de esfregaço intradérmico. Uma
baciloscopia negativa frente a quadro clínico, história clínica e epidemiologia positivas não
descartam o diagnóstico da doença (AVELINO E SARMENTO et al., 2015).
O diagnóstico é eminentemente clínico através da avaliação dermato-neurológica
que será responsável por ajudar na identificação de áreas apontadas pelo paciente como
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lesões existentes, áreas com alteração de sensibilidade, regiões com alteração sensitiva,
motora e/ou autonômica. Existem casos que existe única e exclusivamente
comprometimento neural sem lesão na pele associada ou lesão de pele sem
comprometimento neural associado (SAÚDE, 2022).
Países em desenvolvimento que apresentam condições socioeconômicas e de
saúde não ideais, aglomerações em áreas periféricas das cidades, contribuem para a
disseminação da doença, dificultando a sua eliminação. O acometimento costuma ser maior
no sexo masculino do que no feminino na maior parte dos países do mundo. Levando em
consideração a faixa etária, costuma acometer todas, tendo prevalência maior em adultos
jovens em regiões endêmicas (CUNHA et al., 2019).
Depois de confirmado o diagnóstico o paciente deve imediatamente ser
encaminhado para dar início ao tratamento com a poliquimioterapia única (PQT-U),
composto pelos medicamentos: Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. Até recentemente a
PQT era administrada em 2 esquemas terapêuticos distintos, sendo um composto por
Rifampicina, Clofazimina e Dapsona para casos Multibacilares (MB) e outro, composto
apenas por Rifampicina e Dapsona, destinado aos Paucibacilares (PB) (SAÚDE, 2022).
No ano de 2018 a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, independente
da classificação operacional, o uso dos 3 medicamentos para o tratamento de todos os
casos de hanseníase, mantendo o tempo de 6 doses mensais para casos PB e de 12 doses
mensais para os casos MB (SAÚDE, 2022).
Quando ocorre o diagnóstico tardio ou quando ela não é tratada corretamente, a
hanseníase pode evoluir com alterações neurológicas e incapacidades físicas irreversíveis,
provocando deformidades em mãos, pés, olhos. Esse quadro de alterações irreversíveis
pode ser evitado com diagnóstico precoce e tratamento adequado na rede de atenção
básica de saúde. O tratamento precoce dos doentes também serve para interromper a
cadeia de transmissão (RIBEIRO; LANA, 2015).
Levando em conta a importância dos casos de hanseníase no Brasil e no cenário
internacional, esse estudo epidemiológico se mostra relevante pois tem como objetivo
traçar o perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase na cidade de
Araguaína-TO, no período de 2015 a 2022, com abordagem retrospectiva e descritiva, com
abordagem quantitativa, utilizando-se do sistema informatizado de dados das notificações
de hanseníase, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde de Araguaína-TO e ao
DATASUS, abrangendo o período entre 2015 e 2022. As informações e dados aqui
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reunidos contribuirão para que os profissionais de saúde, gestores, equipes de análise
técnica para políticas de saúde pública possam planejar ações estratégicas de
enfretamento a esta doença, municiados com informações de um estudo local.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Esta é uma pesquisa de cunho epidemiológico observacional, retrospectivo e
descritivo, com abordagem quantitativa, que utilizou o sistema informatizado de dados das
notificações de hanseníase, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde de Araguaína-TO
e ao DATASUS abrangendo o período entre 2015 e 2022, com 962 casos registrados. A
coleta dos foi realizada de forma eletrônica através do Sistema de Informação de Agravos
de Notificação (SINAN). Os dados considerados foram dos pacientes diagnosticados com
hanseníase na cidade de Araguaína-TO no período de 2015 a 2022.
Os critérios de inclusão foram notificações de casos novos em pacientes com
diagnóstico de Hanseníase em Araguaína-TO, registradas no SINAN, no período escolhido.
Os critérios de exclusão foram as notificações duvidosas, incompletas, com registro
de outro período e as variáveis não selecionadas para este estudo. As variáveis
selecionadas para análise foram: Número de casos diagnosticados, taxa de detecção, sexo,
grau de escolaridade, faixa etária, etnia, evolução clínica, classificação, forma clínica,
episódios reacionais, grau de incapacidade física no diagnóstico e na cura, baciloscopia.
Inicialmente foi realizado o processamento dos dados no Microsoft Office Excel e,
posteriormente, foi realizada uma análise estatística descritiva para obtenção dos
resultados e posterior interpretação. Por se tratar de estudo através de dados secundários
não foi necessário a submissão ao comitê de ética em pesquisas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 1: Casos de hanseníase diagnosticados no período de 2015 a 2022 no município de Araguaína-TO.
168 138
183 186 179
105
12
0
50
100
150
200
2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023
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Conforme a figura 1, observa-se que foram registrados, em Araguaína-TO, 962
casos de hanseníase no período entre 2015 e 2022. Nota-se que no ano de 2021 e 2022
houve uma redução drástica do número de casos novos notificados quando comparados
aos anos anteriores. Em 2021 e 2022, segundo e terceiro ano da pandemia de COVID-19,
a identificação de novos casos de hanseníase caiu praticamente 99% na população geral,
comparando com a média mensal de casos no período entre 2015-2020.
A pandemia trouxe um impacto negativo no rastreamento e diagnóstico de diversas
doenças, principalmente nas doenças negligenciadas, o que pode explicar a redução
drástica identificada no estudo. Fatores decorrentes da pandemia, como por exemplo o
isolamento social, ou por alterações no nas redes de atenção à saúde também podem ser
responsáveis pelo fenômeno observado (DA PAZ et al., 2022).
Figura 2: Taxa de detecção da hanseníase na população geral por 100.000 habitantes em Araguaína-TO
no período de 2015 a 2022.
A taxa de detecção de hanseníase estima o risco de ocorrência de casos novos de
hanseníase, em qualquer de suas formas clínicas, indicando exposição ao bacilo
Mycobacterium leprae. No Brasil é adotada a seguinte classificação das taxas de detecção
de casos por 100 mil habitantes: Baixa (menor que 2,00), média (2,00 a 9,99), alta (10,00
a 19,99), muito alta (20,00 a 39,99) e situação hiperendêmica (maior ou igual a 40,00).
Calculando a taxa de detecção de casos novos de hanseníase na população geral
por 100.000 habitantes, conforme a figura 2, se pode observar que nos anos analisados
houve períodos de oscilações, porém sempre mantendo tendência a valores que refletem
situação hiperendêmica. Taxas elevadas, conforme as observadas, estão geralmente
ligadas a regiões com níveis de desenvolvimento socioeconômico reduzidos, precárias
condições assistenciais para o rastreamento e diagnóstico precoce ou para tratamento
padronizado e o acompanhamento dos casos (SOUZA et al., 2020).
90%
74%
98% 99% 96%
56%
0,53% 1,07%
0%
20%
40%
60%
80%
100%
120%
2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022
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Figura 3: Avaliação dos casos de hanseníase, por sexo, no Município de Araguaína-TO, no período de 2015
a 2022.
Analisando a variável sexo, houve uma prevalência de acometimento do sexo
masculino em relação ao sexo feminino, sendo 61,74% (n=594) em homens e 38,25%
(n=368) em mulheres. A predominância de acometimento no sexo masculino também foi
observado em estudo realizado por Cunha et al. (2019), em que esse aumento pode ter
explicação no fato de que são eles que apresentam exposição de risco mais elevado, menor
procura por assistência médica ao sentir sintomas iniciais e inespecíficos, menor
preocupação com a estética corporal (CUNHA et al., 2019).
Figura 4: Casos novos confirmados de hanseníase segundo grau de escolaridade no Município de Araguaína-
TO, no período de 2015 a 2022.
A análise sobre os dados referentes ao grau de escolaridade revela que 59,97%
(n=577) dos diagnosticados com hanseníase no período estudado possuíam o ensino
fundamental incompleto ou menos que isso, sendo 10,5% (n=102) eram analfabetos. É de
extrema importância aos profissionais saberem do grau de instrução e escolaridade da
comunidade de abrangência da unidade de saúde onde atuam. Isso se tornará importante
para maximizar a realização de ações de educação em saúde, de forma a assegurar a
compreensão da população quanto às manifestações clínicas da doença, garantindo que a
educação em saúde seja compreendida pelos indivíduos.
594
368
0
500
1000
Masculino Feminino
35
102
203
64
173
83 79
156
16 41
10
0
50
100
150
200
250
Ign/Branco Analfabeto 1ª a 4ª série
incompleta
do EF
4ª série
completa do
EF
5ª a 8ª série
incompleta
do EF
Ensino
fundamental
completo
Ensino médio
incompleto
Ensino médio
completo
Educação
superior
incompleta
Educação
superior
completa
Não se aplica
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Esse conjunto de entendimentos quanto ao Grau de escolaridade dos indivíduos faz
com que a organização de atividades de promoção da saúde e prevenção de doenças se
tornem mais efetivos, permitindo o entendimento da mensagem transmitida e a correta
conscientização da comunidade a respeito de doenças negligenciadas.
Figura 5: Casos novos de hanseníase confirmados segundo faixa etária no Município de Araguaína-TO, no
período de 2015 a 2022.
Outra característica analisada foi em relação a faixa etária dos pacientes
diagnosticados com hanseníase. A partir do resultado analisado, se observa que a
população que mais sofre com a hanseníase é a economicamente ativa, mais
especificamente até 59 anos (n=615) sendo responsável por 63,92% dos casos notificados.
Observando por esse lado, pode-se inferir que essa situação pode afetar a economia do
município, pois os indivíduos dessa faixa etária podem evoluir com sequelas físicas,
motoras, neurológicas, episódios reacionais decorrentes da doença, o que poderá os
afastar as atividades laborais por tempo indeterminado, gerando problemas sociais
imensuráveis (LIMA; AGUILAR, 2015).
Já as crianças e adolescentes foram menos atingidos do que adultos, sendo que
essa faixa etária foi responsável por 20,37% dos casos notificados (n=196). Apesar de que
a incidência em crianças e adolescentes seja baixa nos dados analisados, esse é um
indicador sensível da transmissão da doença e monstra que as crianças ou adolescentes
diagnosticados tiveram contato com o portador da doença sem tratamento. É recomendado,
portanto, que nas áreas de alta ou baixa endemia, se faça o levantamento dos contatos em
uma família em que crianças foram diagnosticadas com hanseníase para se detectar
precocemente a doença em adultos (MELO et al., 2022).
518
46 44
83
177
203
152 140
70
24
0
50
100
150
200
250
1 a 4 anos5 a 9 anos 10 a 14
anos
15 a 19
anos
20 a 29
anos
30 a 39
anos
40 a 49
anos
50 a 59
anos
60 a 69
anos
70 a 79
anos
80 anos e
mais
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Figura 6: Casos novos de hanseníase segundo raça/etnia notificados no município de Araguaína-TO, no
período de 2015 a 2022.
Conforme a figura 6, analisando-se à variável raça/cor, se observa que houve
predomínio da cor parda, sendo responsável por 74,5% das notificações (n=717). Isso
apenas demonstra a miscigenação e a forma de organização espacial e ocupação territorial,
tendência essa já observada em outros estudos do mesmo assunto (HERMIYANTY,
WANDIRA AYU BERTIN, 2017).
Figura 7: Casos novos de hanseníase segundo evolução clínica, notificados no município de Araguaína-TO,
no período de 2015 a 2022.
Ao analisar o tipo de evolução clínica, conforme demonstrada na figura 7, 68,91%
dos casos registrados no período analisado evoluíram para cura; 4,98% não foram
preenchidos; 15,07% tiveram transferência do tratamento para outros municípios; 3,63%
transferência para outro estado; 2,49% evoluíram para óbito; 3,32% abandonaram o
tratamento; 1,35% classificados como erro diagnóstico.
Segundo o Ministério da Saúde, define-se abandono do tratamento como quando o
paciente diagnosticado com hanseníase não finaliza o tratamento com a poliquimioterapia
(PQT) dentro do prazo máximo de até 9 meses para os casos Paucibacilares e até 18
meses para os casos Multibacilares. Dessa forma, é considerado abandono em caso de um
122 108
10
717
5
0
100
200
300
400
500
600
700
800
Branca Preta Amarela Parda Indígena
48
663
2
145
35 24 32 13
0
200
400
600
800
Não preenchido Cura Transf. para o mesmo município Transf. para outro município
Transf. para outro estado Óbito Abandono Erro diagnóstico
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paciente PB ficar por mais de três meses sem comparecer o tratamento, ou no caso de um
paciente MB por mais de seis meses.
Observa-se um percentual significativo de cura (68,91%), o que tem relação com às
campanhas de diagnóstico precoce, adesão e manutenção de tratamento,
acompanhamento dos casos de forma minuciosa nas unidades de atenção básica de
saúde. Por outro lado, 3,32% dos pacientes abandonaram o tratamento ou tiveram perda
do seguimento. Esses indivíduos, ao abandonar o tratamento da hanseníase, podem evoluir
com exacerbação dos sinais e sintomas, evolução para sequelas possivelmente
irreversíveis, aumento da resistência as medicações utilizadas na poliquimioterapia,
contribuindo para manutenção dos índices de transmissibilidade. A taxa de óbitos chegou
a 2,49%.
Figura 8: Casos novos de hanseníase segundo classificação notificados no município de Araguaína-TO, no
período de 2015 a 2022.
Classifica-se como paucibacilar o indivíduo infectado pela M. leprae e que possua,
no momento do diagnóstico, até 5 lesões cutâneas, sendo subclassificados nas formas
Tuberculóide e indeterminada; Multibacilar será o indivíduo que apresente mais do que 5
lesões, sendo dessa forma subclassificado como forma virchowiana e dimorfa (SAÚDE,
2022). Essas manifestações clínicas são devidas a interação do M. leprae com a imunidade
do paciente e, no período avaliado, observa-se que a maioria dos casos (65,17%) foi
classificado como sendo da forma multibacilar e 34,83% como sendo paucibacilar.
É de suma importância conhecer o perfil de acometimento dos pacientes para correta
implementação de políticas e programas de prevenção e diagnóstico precoce. Um paciente
diagnosticado com a forma multibacilar oferece 6 a 10 vezes mais risco de transmitir aos
seus familiares o Mycobacterium leprae, demonstrando a importância do diagnóstico e
tratamento precoces. Outro fato é o de que pacientes multibacilares possuem imunidade
1
334
627
0
200
400
600
800
Ign/Branco PAUCIBACILAR MULTIBACILAR
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baixa e, dessa forma, evoluem de maneira mais grave, podendo culminar em sequelas e
danos neurológicos permanentes (CUNHA et al., 2019).
Figura 9: Casos novos de hanseníase segundo forma clínica, notificados no município de Araguaína-TO no
período de 2015 a 2022.
Em relação a apresentação clínica, se classifica a hanseníase em quatro
apresentações distintas: Forma Virchowiana, Dimorfa, Indeterminada e Tuberculóide, com
uma ampla gama de lesões tegumentares e neurológicas características, variando de
paciente para paciente. Desta forma, no que diz respeito às formas de apresentação da
hanseníase, o sistema TABNET/DATASUS evidenciou que a principal forma de
acometimento dos pacientes diagnosticados com a forma Dimorfa representam 43,86% dos
casos registrados; Tuberculóide 19,33%; Virchowiana 16,52%; Indeterminada 16,21%.
Esse achado é compatível com a pesquisa realizada por Melo et al. (2022), em que
justificou a apresentação clínica dimorfa sendo a mais frequente devido a fatores como o
elevado número de pacientes imunocompetentes dentro da população brasileira em geral
e também pelo fato de que os portadores da forma dimorfa apresentam uma elevada taxa
de transmissibilidade do bacilo (MELO et al., 2022).
No decorrer da doença, no tratamento ou até mesmo no pós-tratamento, os
pacientes podem ser acometidos pelo que se chama de reações. É um conjunto de
manifestações oftálmicas, cutâneas e neurais como desdobramento da inflamação causa
por bacilos de Mycobacterium leprae (MONTEIRO et al., 2017). Elas podem ser do tipo I
(reação reversa) ou do tipo II (eritema nodoso hansênico). Não existem medicações ou
terapias que possam impedir o acontecimento destas reações, sendo que, na ocasião do
seu acontecimento, são utilizados remédios à base de corticosteroides, analgésicos,
hidratação e medidas de suporte. Durante essas reações pode ocorrer progressão das
lesões e do Grau de incapacidade física que o paciente apresente (SAÚDE, 2022).
10
156 186
422
159
29
0
100
200
300
400
500
Ign/Branco INDETERMINADA TUBERCULÓIDE DIMORFA VIRCHOWIANA NÃO CLASSIFICADA
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Figura 10: Casos novos de hanseníase segundo episódio reacional, notificados no município de Araguaína-
TO no período de 2015 a 2022.
Em relação ao quadro de reação hansênica, 64,9% dos pacientes não evoluíram
com nenhum tipo de reação durante o curso do tratamento até o momento da alta, 11,22%
tiveram reação do tipo I (reação reversa), 4,88% foram acometidos por reação tipo II
(eritema nodoso hansênico), 2,07% tiveram reação do tipo I e II e, cerca de 16,8% dos
pacientes diagnosticados não tiveram informações sobre o acontecimento ou não de
reações. Isso se torna um fato preocupante haja vista ser um número elevado de indivíduos
(162), o que pode ter gerado subnotificação de quadros reacionais que aconteceram e não
foram notificados.
Figura 11: Avaliação dos casos de hanseníase com grau de incapacidade física no momento do diagnóstico,
em Araguaína-TO no período de 2015 a 2022.
Através da realização da Avaliação Neurológica Simplificada se pode detectar o Grau
de incapacidade física apresentado pelo paciente no momento do diagnóstico, durante o
tratamento ou cura (DE OLIVEIRA et al., 2017). Os pacientes que apresentam alterações
e/ou deformidades físicas visíveis à inspeção e/ou alterações visuais decorrentes de
neuropatia hansênica são classificados como Grau de incapacidade física 2 (RIBEIRO;
LANA, 2015).
162 108 47 20
625
0
100
200
300
400
500
600
700
Não preenchido Reação tipo 1 Reação tipo 2 Reação tipo 1 e 2 Sem Reação
9
449
243
98
163
0
100
200
300
400
500
Em Branco GRAU ZERO GRAU I GRAU II Não AVALIADO
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Hanseníase em Araguaína-TO no período de 2015 a 2022
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Entretanto se não for possível a detecção pela inspeção nem pelo teste de acuidade
visual de incapacidade física, mas o paciente possui redução da sensibilidade protetora ou
alteração da força muscular nas mãos, pés e/ou nos olhos, serão classificados como Grau
de incapacidade física 1. O Grau zero é concedido aos pacientes que não possuem as
alterações acima mencionadas (RIBEIRO; LANA, 2015).
Observa-se que, no período analisado, 46,67% dos pacientes estavam no momento
do diagnóstico da hanseníase com Grau 0 de incapacidade física, outros 25,25% dos
pacientes estavam em Grau I, 10,18% Grau II e 17,87% não foram avaliados ou estavam
com a notificação em branco para este critério.
A observação desses dados demonstra que uma quantidade razoável de pacientes
chega ao momento do diagnóstico tardiamente, haja vista serem avaliados como Grau II de
incapacidade física. Essa situação pode ser determinante para desdobramentos e sequelas
permanentes ao paciente, podendo atingir os receptores nervosos em vários locais do
organismo, reduzindo a sensibilidade motora e tornando os indivíduos acometidos mais
vulneráveis a acidentes domésticos, lesões por queimaduras, provocando danos sociais e
financeiros.
Figura 12: Avaliação dos casos de hanseníase com grau de incapacidade física no momento da cura, em
Araguaína-TO no período de 2015 a 2022.
Em relação ao Grau de incapacidade física no momento da cura, na maioria dos
casos, cerca de 43,45%, o registro estava em branco ou o paciente não foi avaliado. Em
44,38% dos casos a Avaliação Neurológica Simplificada demonstrou uma evolução sem
incapacidade física durante o tratamento. Entretanto, foram classificados como Graus I e II
ao final do tratamento, respectivamente, 9,14% e 3,01% dos casos. O principal objetivo do
tratamento da hanseníase é a cura da infecção e, dessa forma, evitar incapacidades físicas
e o custo social que elas possam causar. Isso é possível através do diagnóstico e
tratamento precoce e da identificação e intervenção nos momentos de reações hansênicas.
323
427
88
29
95
0
100
200
300
400
500
Em Branco GRAU ZERO GRAU I GRAU II Não AVALIADO
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Hanseníase em Araguaína-TO no período de 2015 a 2022
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Figura 13: Casos novos de hanseníase segundo realização de baciloscopia, notificados no município de
Araguaína-TO no período de 2015 a 2022.
Em relação aos testes de baciloscopia para hanseníase na cidade de Araguaína-TO,
disponíveis no sistema TABNET/DATASUS, no período analisado, demonstraram
prevalência de casos em que a baciloscopia não foi realizada 51,45% (n=495), seguido de
testes com resultado positivo 25,57% (n=246) ou negativo 20,47% (n=197) e
ignorado/branco 2,49% (n=24). Em razão da hanseníase ter uma evolução progressiva e
lenta, o que gera certa dificuldade para o diagnóstico e tratamento precoce, isso causa
preocupação pois gera uma elevada possibilidade de disseminação da doença para outros
indivíduos entrem em contato com o infectado, pois o bacilo causador da hanseníase
apresenta alto poder de contágio.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo possibilitou a identificação do perfil de acometimento da
hanseníase no município de Araguaína-TO, que é considerada uma região hiperendêmica
para a hanseníase. Durante a realização desta pesquisa observou-se que foram notificados
962 casos de hanseníase em Araguaína-TO no período de 2015 a 2022, sendo o perfil de
acometimento de pacientes que em sua maioria apresentaram: Predominância do sexo
masculino com diferenças numéricas pequenas, em relação ao sexo feminino. Grau de
escolaridade ensino fundamental incompleto, sendo essa uma informação de grande
relevância para a organização de ações de educação em saúde e sensibilização da
comunidade. A faixa etária mais acometida foi a economicamente ativa, pacientes pardos,
multibacilares, forma Dimorfa, sem episódios reacionais, com grau 0 de incapacidade no
momento do diagnóstico e cura. A taxa de detecção classifica o munícipio de Araguaína
como hiperêndemico como mencionado anteriormente.
24
246 197
495
0
100
200
300
400
500
600
Ign/Branco Positivo Negativo Não realizado
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como meta de eliminação da
hanseníase para que se tenha menos de 1 caso por 10 mil habitantes. No período estudado,
a taxa média de detecção da hanseníase esteve acima do proposto pela OMS, o que
demonstra que, neste período, houve uma maior dificuldade de controle da doença.
Dessa maneira, conclui-se através da análise do perfil de acometimento dos pacientes
no município de Araguaína-TO que existe uma necessidade de implementação de medidas
que intensifiquem a busca ativa de casos novos nas comunidades, vigilância de
contactantes, aumento da detecção e tratamento precoce, fortificar a vigilância da
resistência aos poliquimioterápicos. Ademais, deve-se garantir o tratamento da doença pela
de unidades básicas de saúde, realizando visitas domiciliares periódicas aos indivíduos
diagnosticados com a doença.
Dessa maneira, analisando as características epidemiológicas, clínicas e sociais
envolvidas em pacientes diagnosticados com hanseníase, objetiva-se diminuir novos
contágios e recidivas, associando-se a isso aumento das taxas de cura, o que propiciará a
redução de novos casos e de marcadores de registro ativo da hanseníase no Município de
Araguaína-TO.
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