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Abstract

As serpentes são animais adorados e, ao mesmo tempo, temidos por muitas pessoas ao redor do mundo. A variedade de cores e formatos fascinam muitas pessoas, no entanto, a possibilidade de envenenamento amedronta muitas outras. A diversidade de serpentes no Brasil é grande, temos descritas mais de 420 espécies, sendo que destas, 70 são consideradas de importância médica por poderem provocar graves envenenamentos aos seres humanos. No estado de Minas Gerais, já foram catalogadas até o momento, mais de 150 espécies de serpentes, sendo que 20 são consideradas de interesse médico. Os acidentes com serpentes são um problema de saúde pública em muitos países tropicais. No Brasil, são notificados aproximadamente 27 mil casos todos os anos, sendo os agricultores, as principais vítimas. O tratamento para os acidentados começou no Brasil no início do século XX, utilizando-se os soros antiofídicos. A soroterapia antipeçonhenta foi descoberta, em Paris, no final do século XIX, pelos pesquisadores Albert Calmett, Auguste Césaire Phisalix e Gabriel Bertrand. Posteriormente, o pesquisador brasileiro Vital Brazil descobriu a especificidade do soro antiofídico, ou seja, para acidentes com serpentes de diferentes gêneros devia-se utilizar diferentes soros. Desta forma, o tratamento para as vítimas envolve a identificação do animal causador do acidente, seja pelo seu reconhecimento, seja pela sintomatologia dos diferentes envenenamentos. Este livro traz, em linguagem acessível, informações importantes para o reconhecimento das espécies de serpentes peçonhentas do estado de Minas Gerais. Foram elaboradas chaves de identificação didáticas de fácil utilização. O material desenvolvido poderá auxiliar no reconhecimento das espécies de importância médica do estado, tanto por profissionais de saúde, quanto pelo público não especialista. A publicação apresenta características das serpentes peçonhentas, como padrão de cores, tipos de escamas e tipos de dentição; além da distribuição geográfica e informações sobre história natural. O livro apresenta também as particularidades das serpentes, sua anatomia externa e interna, bem como informações sobre biologia reprodutiva, alimentação e diferentes tipos de comportamentos de defesa exibidos por esses fantásticos animais.
ANIMAIS PEÇONHENTOS
ANIMAIS PEÇONHENTOS
O
O
F A N T Á S T I C O
F A N T Á S T I C O
M U N D O
M U N D O
D O S
D O S
F U ND A Ç Ã O E Z EQ U I E L D I AS
F U ND A Ç Ã O E Z EQ U I E L D I AS
Flávia Cappuccio de Resende
(Coord.)
Fascículo 1 - Serpentes
Fascículo 1 - Serpentes
características, história natural e
características, história natural e
reconhecimento de espécies peçonhentas
reconhecimento de espécies peçonhentas
de Minas Gerais
de Minas Gerais
F U ND A Ç Ã O E Z EQ U I E L D I AS
F U ND A Ç Ã O E Z EQ U I E L D I AS
Flávia Cappuccio de Resende
(Coord.)
R433f Resende, Flávia Cappuccio de
2023 O fantástico mundo dos animais peçonhentos: serpentes;
características, história natural e reconhecimento das espécies peçonhentas de
Minas Gerais/Flávia Cappuccio de Resende, coordenadora. Belo Horizonte –
Fundação Ezequiel Dias, 2023.
50p.: il. color.
ISBN: 978-65-00-62952-8
1.Animais peçonhentos. 2.Minas Gerais. 3.Serpentes. 4.Identificação
Catalogação na publicação: Anna M. Leite de Andrade CRB6/1782
de serpentes. 5.Cobras corais. 6.Serpentes peçonhentas. 7.História
natural. 8.Biologia reprodutiva. 9.Serpentes de importância médica.
Título.
Apresentação
Apresentação
As serpentes são animais adorados e, ao mesmo tempo, temidos por muitas pessoas ao redor do
mundo. A variedade de cores e formatos fascinam muitas pessoas, no entanto, a possibilidade de
envenenamento amedronta muitas outras. A diversidade de serpentes no Brasil é grande, temos
descritas mais de 420 espécies, sendo que destas, 70 são consideradas de importância médica por
poderem provocar graves envenenamentos aos seres humanos. No estado de Minas Gerais, já foram
catalogadas até o momento, mais de 150 espécies de serpentes, sendo que 20 são consideradas de
interesse médico. Os acidentes com serpentes são um problema de saúde pública em muitos países
tropicais. No Brasil, são notificados aproximadamente 27 mil casos todos os anos, sendo os
agricultores, as principais vítimas.
O tratamento para os acidentados começou no Brasil no início do século XX, utilizando-se os soros
antiofídicos. A soroterapia antipeçonhenta foi descoberta, em Paris, no final do século XIX, pelos
pesquisadores Albert Calmett, Auguste Césaire Phisalix e Gabriel Bertrand. Posteriormente, o
pesquisador brasileiro Vital Brazil descobriu a especificidade do soro antiofídico, ou seja, para
acidentes com serpentes de diferentes gêneros devia-se utilizar diferentes soros. Desta forma, o
tratamento para as vítimas envolve a identificação do animal causador do acidente, seja pelo seu
reconhecimento, seja pela sintomatologia dos diferentes envenenamentos.
Este livro traz, em linguagem acessível, informações importantes para o reconhecimento das espécies
de serpentes peçonhentas do estado de Minas Gerais. Foram elaboradas chaves de identificação
didáticas de fácil utilização. O material desenvolvido poderá auxiliar no reconhecimento das espécies
de importância médica do estado, tanto por profissionais de saúde, quanto pelo público não
especialista. A publicação apresenta características das serpentes peçonhentas, como padrão de cores,
tipos de escamas e tipos de dentição; além da distribuição geográfica e informações sobre história
natural. O livro apresenta também as particularidades das serpentes, sua anatomia externa e interna,
bem como informações sobre biologia reprodutiva, alimentação e diferentes tipos de
comportamentos de defesa exibidos por esses fantásticos animais.
Boa leitura!
Ficha técnica
Ficha cnica
DIAGRAMAÇÃO e arte
DIAGRAMAÇÃO e arte
Gustavo Caldeira Cotta
FOTOGRAFIAS
FOTOGRAFIAS
Alberto Rech
Breno Hamdan
Claudio Augusto Rojas
Craig Cheseck
Diego José Santana
Flávia Cappuccio
Gilberto Guimarães
Giuseppe Puorto
Gustavo Cotta
Igor Joventino Roberto
Leandro Drummond
Leo Noronha
Mario Sacramento
Nelson Jorge da Silva Jr.
Nick Evens
Rafael Batista
Renato Gaiga
Ricardo Marques
Roberto Murta
Tiia Monto
rEALIZAÇÃO e Financiamento
rEALIZAÇÃO e Financiamento
Fundação Ezequiel Dias
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais
Fábio Neves, Flávia Cappuccio, Karen Yamada, Kelvin Montes,
Myrian Morato Duarte, Shai Meiri e Uri Roll
ILUSTRAÇÕES
ILUSTRAÇÕES
REVISÃO Científica
REVISÃO Científica
Thaís Guedes
Ilustração da Capa
Ilustração da Capa
Foto: Mario Sacramento - Espécie Bothrops jararaca
Revisão de Redação
Revisão de Redação
Ana Paula Fidelis Brum Nayane Breder Vívian Cristiane Teixeira
Textos
Textos
Flávia Cappuccio de Resende
Giselle Agostini Cotta
Gustavo Caldeira Cotta
Leonardo Carvalho da Silva
Priscila Moreira Tavares
Coordenação
Coordenação
Flávia Cappuccio de Resende
Características ................................................................................................................................ 7
Anatomia ......................................................................................................................................... 8
Anatomia interna .......................................................................................................................... 9
Tipos de dentição ........................................................................................................................ 10
Biologia reprodutiva .................................................................................................................... 11
Alimentação .................................................................................................................................. 16
Comportamentos de defesa ...................................................................................................... 18
Reconhecimento de serpentes peçonhentas de Minas Gerais ....................................... 21
Diferenciação de cobras corais verdadeiras e falsas ......................................................... 22
Animais peçonhentos ........................................................................................................................... 6
Serpentes ................................................................................................................................................... 7
História Natural .................................................................................................................................... 11
Diversidade de Serpentes .................................................................................................................. 19
Identificação de Serpentes ................................................................................................................ 20
Serpentes Peçonhentas de Minas Gerais ...................................................................................... 25
Referências ..............................................................................................................................................45
ÍNDICE
ÍNDICE
6
Animais peçonhentos são aqueles que possuem
glândulas de veneno e estruturas que permitem a
injeção da peçonha, como dentes ou ferrões.
Nesses animais, de um modo geral, a secreção
tóxica é utilizada prioritariamente para
alimentação, sendo utilizada secundariamente
para defesa. Como exemplo de animais
peçonhentos, podemos citar as aranhas, os
escorpiões e algumas espécies de serpentes.
os animais veneno sos produzem veneno, mas
não possuem um aparelho inoculador. Os
organismos venenosos, na maioria das vezes,
utilizam suas toxinas apenas para defesa. As
toxinas atingem a circulação sanguínea do
agressor por meio da pele ou mucosa. Algumas
espécies de sapos e salamandras são exemplos de
animais venenosos.
No Brasil, são notificados por ano,
aproximadamente 100 mil acidentes com
animais peçonhentos terrestres, sendo 41% com
escorpiões, 28% com serpentes, 21% com aranhas
e 6% com abelhas. Em inúmeros países tropicais,
os envenenamentos continuam sendo um
importante problema de saúde pública. Mais da
metade das mortes (54%) ocorrem com
acidentados por serpentes, 30% por escorpiões,
6% por aranhas e 9% por abelhas. A mortalidade
é resultante da toxicidade do veneno, associada à
quantidade de veneno inoculado e ao
tratamento tardio ou inadequado.
No primeiro fascículo da série “O Fantástico
Mundo dos Animais Peçonhentos”,
abordaremos as serpentes, incluindo suas
características, aspectos da história natural
como biologia reprodutiva, alimentação e
comportamentos de defesa, além do
reconhecimento das espécies peçonhentas de
importância médica do estado de Minas Gerais.
Figura 1 - Estruturas inoculadoras
de veneno. Aguilhão do escorpião amarelo (A),
quelíceras da aranha armadeira (B) e presas
da jararaca (C).
Alberto Rech
Gilberto Guimarães
Gustavo Cotta
Mario Sacramento
A
B
C
ANIMAIS PEÇONHENTOS
ANIMAIS PONHENTOS
Figura 3 - Muda de pele de serpente.
Figura 4 - Fossetas labiais de Corallus caninus.
Figura 2 - Escamas quilhadas de Bothrops jararaca.
Figura 5 - Fosseta loreal (seta) e língua
bífida de Bothrops jararaca.7
As serpentes são animais vertebrados,
carnívoros, pertencentes ao grupo dos répteis.
São características desses animais a ausência de
patas, pálpebras e ouvido externo, a presença
de língua bífida ou bifurcada e a pele recoberta
por escamas (Figura 2). As escamas podem ser
quilhadas ou lisas, eriçadas ou não, além de
apresentarem uma enorme variedade de cores,
tamanhos e padrões. A pele das serpentes é
trocada com periodicidade em um processo
chamado de muda ou ecdise (Figura 3).
A visão dos ofídios apresenta diferentes graus
de desenvolvimento entre as espécies. Porém,
de modo geral, não é bem desenvolvida, sendo
utilizada para detecção de movimentos. Por
outro lado, o olfato é bastante desenvolvido,
mas não nas fossas nasais. A serpente capta
partículas suspensas no ar com sua língua
bífida e leva essas partículas ao órgão
vomeronasal, estrutura quimiorreceptora
localizada na região anterior do céu da boca. A
audição nas serpentes também não é bem
desenvolvida, uma vez que não ouvido
externo. O ouvido interno permite que a
serpente capte vibrações do substrato em que
se encontra.
Alguns grupos de serpentes possuem órgãos
que detectam variações mínimas de
temperatura e as auxiliam na captura de
animais endotérmicos. Em espécies da família
Boidae, como as jiboias e as sucuris, as
fossetas labiais (Figura 4). para espécies da
subfamília Crotalinae (família Viperidae),
como as jararacas e cascavéis, o órgão
termorreceptor é a fosseta loreal (Figura 5).
Gustavo Cotta
Leo Noronha Roberto Murta
Roberto Murta
SERPENTES
SERPENTES
Características
Flávia Cappuccio
8
O alongamento do corpo das serpentes se reflete
em sua anatomia, ou seja, na forma e na
disposição dos órgãos internos. Alguns órgãos,
como pulmão e fígado, apresentam-se longos e
afilados. A otimização da anatomia interna
também é observada na distribuição dos órgãos
pares. Ovários, testículos e rins encontram-se
dispostos de forma assimétrica, sendo o órgão
direito localizado à frente do esquerdo. Quanto
aos pulmões, o esquerdo é completamente
ausente, reduzido ou vestigial.
O coração é o principal órgão do sistema
circulatório das serpentes e está localizado ao
final do primeiro terço corporal. Enquanto os
mamíferos apresentam coração tetracavitário,
com dois átrios e dois ventrículos, as serpentes
apresentam coração tricavitário, com dois átrios
e apenas um ventrículo. O trato gastrointestinal
das serpentes inicia-se na cavidade oral e
termina na cloaca, estrutura que recebe os
conteúdos dos sistemas digestório, reprodutor e
excretor. As serpentes não possuem bexiga,
sendo o ácido úrico excretado juntamente com
as fezes.
O esqueleto da maioria das serpentes consiste
em um crânio, uma longa coluna vertebral e
costelas (Figura 6). O número de vértebras varia
entre 100 e 300, porém registro de até 400
vértebras em algumas espécies. A maior parte
das serpentes perdeu completamente os
membros locomotores. Porém, espécies da
família Boidae, como a jiboia (Boa constrictor)
possuem vestígios de cintura pélvica e esporões
externos (Figura 7).Figura 7 - Esporões de jiboia - Boa constrictor.
Figura 6 - Esqueleto de serpente.
Tiia Monto
SERPENTES
SERPENTES
Anatomia
9
Figura 8 - Anatomia interna da jararaca pintada - Bothrops neuwiedi. Foto: Gustavo Cotta.
Intestino
Folículos Ovarianos
Rim Útero
Estômago
Fígado
Vesícula
Biliar
Pâncreas
Traqueia
Medula Espinhal
Coração
Tricavitário
Esôfago
Pulmão Direito
Cloaca
A
B
C
D
E
F
G
SERPENTES
SERPENTES
Anatomia Interna
SERPENTES
SERPENTES
Tipos de Dentição
Figura 9 - Dentição áglifa
Figura 10 - Dentição opistóglifa e detalhe da presa.
Figura 11 - Dentição proteróglifa e detalhe da presa.
Figura 12 - Dentição solenóglifa e detalhe da presa.
As serpentes possuem quatro tipos de dentição:
áglifa, opistóglifa, proteróglifa e solenóglifa. As
características de cada uma encontram-se
descritas a seguir:
Dentição áglifa: não presença de dentes
modificados para injeção de veneno. As
serpentes áglifas podem possuir dentição
homodonte (Figura 9), em que todos os dentes
são iguais e voltados para trás, como nas jiboias
e sucuris; ou dentição heterodonte, em que
alguns dentes são alongados, como na boipeva
(Xenodon merremii).
Dentição opistóglifa: dentes inoculadores
pequenos, fixos, localizados no fundo da boca
(Figura 10). Os dentes possuem um sulco, por
onde escorre o veneno secretado pelas glândulas
de veneno. Esse tipo de dentição é encontrado
nas falsas-corais, cobras-verdes e cobras-cipós.
As serpentes opistóglifas são peçonhentas. No
entanto, a maior parte das espécies não é
considerada de importância médica por não
provocar graves envenenamentos.
Dentição proteróglifa: dentes inoculadores
pequenos, fixos, localizados na região anterior
da boca (Figura 11). Os dentes possuem um sulco
profundo, por onde o veneno percorre. Esse tipo
de dentição é característico das cobras-corais
verdadeiras.
Dentição solenóglifa: dentes inoculadores
grandes, móveis, localizados na região anterior
da boca (Figura 12). Os dentes possuem um
canal, por onde o veneno é injetado. As
cascavéis, jararacas e surucucus possuem esse
tipo de dentição.
10
Kelvin Montes
Kelvin Montes
Kelvin Montes
Figura 13 - Folículos primários
(seta verde) e folículo
vitelogênico (seta vermelha).
Infundíbulo
Útero
glandular
Útero
não glandular
Vagina
11
Sistema genital feminino
O sistema genital de fêmeas de serpentes
consiste de dois ovários dispostos
assimetricamente e dois ovidutos paralelos a
eles, sendo o oviduto direito maior que o
esquerdo. Nos ovários de fêmeas maduras,
podem ser observados folículos ovarianos em
vitelogênese primária (Figura 13, seta verde),
fase em que não deposição de vitelo e, por
isso, as estruturas são transparentes ou
esbranquiçadas. Podem ser observados,
também, folículos em vitelogênese secundária,
estruturas amarelas e de maior tamanho, devido
à deposição de vitelo (Figura 13, seta vermelha).
O vitelo irá garantir o desenvolvimento do
embrião até o nascimento do filhote.
O oviduto possui de três a cinco regiões
aparentes: o oviduto anterior, médio e posterior
(Figura 14). O oviduto anterior, também
chamado de infundíbulo, apresenta na região
cranial uma estrutura em forma de funil,
transparente, que recebe os folículos ovulados.
A região distal apresenta-se opaca e com
dobras, local onde já foram observados túbulos
de estocagem de espermatozoides (Figura 15,
asterisco). O oviduto médio ou útero glandular
é a região mais longa e pode se apresentar
pregueada. Essa região é responsável pela
produção da casca do ovo, nas espécies ovíparas
e pela incubação dos embriões, nas espécies
vivíparas. O oviduto posterior, também
chamado de útero não glandular ou junção
útero-vagina, apresenta menor diâmetro. Nesse
local, foi observada a estocagem de
espermatozoides por meio de um mecanismo de
enrolamento muscular uterino. Em algumas
espécies, a região mais distal do oviduto
posterior pode apresentar a camada muscular
mais desenvolvida, sendo essa região designada
por alguns autores como vagina ou pouch.
No sistema genital das fêmeas, a estocagem de
espermatozoides pode ocorrer no infundíbulo
posterior, no útero não glandular e na vagina.
Em espécies que não apresentam cópula
associada ao período ovulatório, o
armazenamento de gametas permite a
manutenção da viabilidade espermática até o
momento da ovulação.
Figura 14 - Desenho esquemático
de oviduto de serpente.
Figura 15 - Lâmina histológica do túbulo de
estocagem de espermatozoides da cobra d'água
- Erythrolamprus miliaris. Escala: 30µm.
Claudio Augusto Rojas
*
Ovário
Flávia Cappuccio
Kelvin Montes
Acta Zoologica
História natural
Hisria natural
Biologia Reprodutiva
Sistema genital masculino
O sistema genital dos machos das serpentes é
composto pelos testículos, epidídimos, ductos
deferentes e rins (segmento sexual renal)
(Figura 16).
Os testículos das serpentes, localizados
internamente no corpo do animal, são
estruturas alongadas e cilíndricas que
geralmente exibem assimetria bilateral, uma
vez que o órgão direito é cranial (localizado à
frente) e maior que o esquerdo (Figura 17).
Em serpentes com ciclos sazonais, a produção
de espermatozoides é restrita a determinada
época do ano. Em épocas de atividade
espermatogênica máxima, os testículos desses
animais podem dobrar de tamanho. Por outro
lado, um período de regressão testicular
em que não a formação de
espermatozoides. Como exemplo, podemos
citar a cascavel, que possui atividade
espermatogênica ocorrendo, sobretudo, na
primavera e no verão (Figura 18 A); e um
período de regressão dos testículos, que
ocorre no outono e no inverno (Figura 18 B).
Testículo Rim
Epidídimo Ducto deferente
Flávia Cappuccio
História natural
Hisria natural
Biologia Reprodutiva
Figura 17 - Assimetria espacial
dos testículos (setas).
Pouco se sabe sobre a função dos epidídimos nas
serpentes. foi observada atividade secretora
no epidídimo de serpentes, o que pode ser um
indicativo da estocagem de espermatozoides.
Nas serpentes, não existem glândulas anexas ao
sistema reprodutor dos machos, como próstata e
vesícula seminal. Por outro lado, uma região
nos rins dos machos relacionada com a
reprodução, denominada segmento sexual renal
(SSR) (Figura 18C).
O SSR corresponde à região distal do néfron e
possui epitélio secretor. Embora sua função não
esteja claramente compreendida, acredita-se que
suas secreções estejam relacionadas à
manutenção e ativação dos espermatozoides.
O ducto deferente é o principal local de
armazenamento de espermatozoides, ao
contrário dos mamíferos, em que o epidídimo é
o local de armazenamento e maturação de
gametas. O armazenamento de espermatozoides
de longo ou curto prazo no ducto deferente
pode estar relacionado a padrões sazonais de
espermatogênese e ao período de acasalamento,
ou seja, a estocagem deve ocorrer em espécies
que acasalam no momento em que os testículos
não estão ativos.
Flávia Cappuccio
12
Figura 18 - Fotomicrografias de testículo ativo (A), testículo
regredido (B) e do segmento sexual renal (C). Escala: 50µm.
A
Figura 16 - Desenho esquemático do sistema
genital de machos de serpentes.
B
C
Flávia Cappuccio
Figura 20 - Cuidado parental
em Python sp.
Figura 19 - Oviposição de cobra da terra -
Atractus pantostictus. Pode-se observar o
ovo saindo da cloaca. A cabeça da
serpente está escondida.
Flávia Cappuccio
Oviparidade e viviparidade
As serpentes exibem uma diversidade de modos
reprodutivos. Há espécies ovíparas, cujos filhotes
se desenvolvem dentro de ovos que são postos no
ambiente (Figura 19); e espécies vivíparas, em
que os filhotes são paridos vivos. Nas serpentes
ovíparas, os ovos são postos de duas a cinco
semanas após a fertilização, quando os embriões
passaram por aproximadamente 30% do seu
desenvolvimento.
O cuidado com os ovos, incluindo chocar,
defender, e, enrolar-se em volta dos mesmos,
não é comum entre as serpentes ovíparas,
embora seja difundido nas serpentes da família
Pythonidae (Figura 20). A incubação de ovos por
pítons fêmeas pode estar relacionada à
diminuição da predação, ao equilíbrio hídrico, à
termorregulação e à respiração.
Entre os vertebrados, a viviparidade é o padrão
reprodutivo em que as fêmeas retêm os ovos
fertilizados em seus ovidutos e dão à luz os seus
filhotes. Em répteis vivíparos, incluindo algumas
espécies de serpentes, os embriões se
desenvolvem no oviduto (Figura 21), resultando
no nascimento de filhotes que são versões em
miniatura do adulto.
Nick Evens
13
Figura 21A - Fêmea de cascavel -
Crotalus durissus prenha.
Flávia Cappuccio
Figura 21B - Embrião
de cascavel - Crotalus durissus.
Flávia Cappuccio
História natural
Hisria natural
Biologia Reprodutiva
Evolução da viviparidade nas serpentes
A viviparidade é um modo reprodutivo comum
entre as serpentes, ocorrendo em 14 famílias e
em quase 20% das espécies. Acredita-se que a
viviparidade tenha surgido entre as serpentes
porque as linhagens ovíparas ocuparam
ambientes com condições climáticas mais frias.
A viviparidade pode ser vantajosa, uma vez que
permite que as fêmeas prenhas mantenham
temperaturas adequadas para o desenvolvimento
dos embriões, por meio da termorregulação.
Assim, a prole se mantém aquecida no interior
do corpo, aumentando a viabilidade de
nascimentos em relação aos embriões
depositados em ninhos externos. Além disso, o
desenvolvimento do embrião no oviduto protege
os ovos contra dessecação e predadores, além de
proteger contra infecções bacterianas e fúngicas.
Por outro lado, a viviparidade também acarreta
desvantagens. Na fêmea prenha, a capacidade de
se locomover, forragear (procurar por
alimentos) e escapar de predadores é reduzida.
Serpentes vivíparas podem ser aquáticas,
fossoriais, arborícolas ou terrestres.
O número de filhotes (ovos ou embriões) varia
em função do tamanho da fêmea. Espécies de
grande tamanho corporal possuem ninhadas
maiores. As cobras-corais (gêneros Micrurus) e a
surucucu (Lachesis muta) são exemplos de
serpentes ovíparas. As jiboias, jararacas,
cascavéis e urutus são exemplos de serpentes
vivíparas. O tempo de gestação entre as espécies
vivíparas varia de dois a oito meses, sendo que
gestações de dois a três meses são comuns. Esse
intervalo é equivalente ao período de
desenvolvimento encontrado para a maioria das
serpentes ovíparas.
14
Figura 22 - Dimorfismo sexual em
Bothrops jararacussu.
Leo Noronha
Leo Noronha
Macho
Fêmea
Dimorfismo sexual nas serpentes
Algumas espécies de serpentes apresentam
dimorfismo sexual, ou seja, machos e fêmeas
podem apresentar características distintas. O
dimorfismo sexual pode se manifestar de
diferentes maneiras, como na coloração, no
tamanho corporal e no tamanho da cauda. A
jararacuçu (Bothrops jararacussu) exibe
dimorfismo sexual na coloração. As fêmeas são
amareladas e os machos possuem coloração
acinzentada (Figura 22). Em relação ao tamanho
corporal, as fêmeas tendem a ser maiores, tendo
a capacidade de abrigarem em seus corpos um
maior número de ovos ou filhotes. Nos machos,
em geral, a cauda é maior e mais grossa, pois
internamente, ela acomoda o hemipênis e seus
músculos retratores.
História natural
Hisria natural
Biologia Reprodutiva
Figura 25 - Ritual de combate
entre machos de cascaveis - Crotalus durissus.
História natural
Hisria natural
Biologia Reprodutiva
Cópula das serpentes
O órgão copulador das serpentes é denominado
hemipênis. Os machos possuem um par de
hemipênis, localizados internamente na cauda
(Figura 23) . Há um sulco na superfície do órgão,
responsável pelo transporte de sêmen,
denominado sulco espermático (Figura 24). O
hemipênis pode ser bifurcado ou não, apresentar
papilas, espinhos e outros tipos de
ornamentação variáveis entre as espécies. A
morfologia do hemipênis é utilizada como fonte
de informação para estudos em sistemática e
taxonomia.
As serpentes são usualmente animais solitários,
com visão pouco desenvolvida e audição
rudimentar. Dessa forma, a procura por
parceiros ocorre por meio de feromônios
deixados pelas fêmeas. Quando macho e fêmea
se encontram, a fêmea se mantém passiva, o
macho esfrega a região inferior da cabeça no
dorso da fêmea e, quando esta está receptiva, as
caudas se entrelaçam, e o macho expõe o
hemipênis por meio do bombeamento de linfa e
sangue, e o introduz na cloaca da fêmea. Machos
e fêmeas podem ficar conectados por muitas
horas. Os machos da família Boidae podem
utilizar esporões para estimular a fêmea.
Machos de determinadas espécies de serpentes
realizam uma espécie de luta, como uma
demonstração de força. Esse comportamento é
conhecido como ritual de combate, em que os
machos entrelaçam os seus corpos, erguem suas
cabeças e tentam abaixar a cabeça do seu
oponente (Figura 25). Normalmente, os animais
maiores vencem a disputa e partem em direção à
fêmea.
15
Giuseppe Puorto
Gustavo Cotta
Gustavo Cotta
Figura 24 - Hemipênis evertido. Macho de cascavel,
Crotalus durissus. Seta no sulco espermático.
Figura 23 - Hemipênis invertidos na cauda (setas).
Macho de cascavel, Crotalus durissus.
16
História natural
Hisria natural
Alimentação
Figura 27 - Crânio de serpente. Ausência da sínfise
mandibular (seta).
Craig Chesek
American Museum of Natural History©
Todas as serpentes são carnívoras e as diversas
espécies utilizam de diferentes recursos
alimentares (Figura 26), incluindo desde
anelídeos, artrópodes e moluscos a todos os
grupos de vertebrados. As serpentes podem
imobilizar suas presas por constrição, um
comportamento em que o ofídio enrola a presa e
a induz à falência circulatória por compressão
do tórax; ou por envenenamento. A injeção do
veneno é sobretudo uma estratégia para captura
de presas, e seu uso na defesa é uma função
secundária.
A evolução dos sistemas alimentares está
relacionada ao aumento da abertura de boca. As
serpentes possuem o crânio altamente modi-
ficado, com o maior grau de cinese craniana
entre os tetrápodes. A cinese craniana consiste
na capacidade de mover os ossos do crânio. Os
ossos direito e esquerdo dos maxilares superior e
inferior movem-se independentemente.
Além disso, a abertura de sua boca é aumentada
pela perda da sínfise mandibular (Figura 27).
Dessa forma, as serpentes conseguem engolir
presas maiores que seu próprio diâmetro, sem
mastigá-las.
Figura 26 - Diversos tipos de presas consumidas por serpentes.
Roberto Murta Roberto Murta
Roberto Murta Roberto Murta
História natural
Hisria natural
Alimentação
Algumas espécies, como Bothrops jararaca e B.
jararacussu, utilizam a atração da presa por meio
do engodo caudal (Figura 29). Essa estratégia de
alimentação ocorre sobretudo em juvenis, que
possuem a ponta da cauda mais clara, tornando-
a semelhante a uma larva. A movimentação da
cauda atrai anfíbios e lagartos.
Figura 29 - Engodo caudal em juvenil
de jararacussu - Bothrops jararacussu.
Leo Noronha
17
O mecanismo alimentar mais divergente entre
os ofídios ocorre nas cobras-cegas
(Scolecophidia). Esses animais possuem crânios
relativamente rígidos, uma adaptação que
aparentemente facilita a escavação. No entanto,
crânios mais rígidos possuem limitação na
abertura de boca e, consequentemente, no
tamanho da presa consumida. As cobras-cegas
predam, sobretudo, larvas e pupas de formigas e
cupins. Elas parecem compensar o pequeno
tamanho das presas pelo consumo rápido de
uma grande quantidade de insetos sociais.
espécies de serpentes especialistas, se
alimentando de apenas um tipo de presa; e
generalistas, utilizando uma ampla gama de
presas. Como extremo de serpente generalista
podemos citar uma espécie de caninana,
Drymarchon corais, a qual alimenta-se de anuros,
lagartos, serpentes, ovos de aves e mamíferos. As
dormideiras (e.g.: Dipsas mikanii e D. neuwiedi)
são serpentes especialistas que se alimentam de
moluscos (Figura 28). No extremo de serpente
especialista, temos as serpentes africanas do
gênero Dasypeltis (Colubridae), que comem
apenas ovos de aves. A serpente comedora de
ovos pode engolir ovos com diâmetro quatro
vezes maior que sua cabeça. A pele do pescoço
desses animais é extremamente elástica e os
dentes se reduzem a alguns pequenos vestígios.
O ovo é engolido inteiro e a casca se quebra por
meio de vértebras modificadas. O conteúdo do
ovo é engolido e sua casca é regurgitada.
Em algumas espécies de serpentes podem
ocorrer mudanças ontogenéticas na alimentação,
ou seja, observa-se a modificação de tipos de
presas consumidas ao longo do seu processo de
desenvolvimento. Um exemplo seria a espécie
Bothrops jararaca, em que filhotes predam
principalmente anfíbios e, adultos, roedores.
Mario Sacramento
Figura 28 - Exemplo de
serpentes especialista, Dipsas
mikanii (A) e, generalista,
Drymarcon corais (B).
A
B
Leandro Drummond
Como comportamentos de defesa das cobras-
corais, pode-se citar enrolar a cauda e esconder a
cabeça (Figura 30 C).
As falsas corais mimetizam as cores, formas e até
comportamentos das corais verdadeiras e, dessa
forma, acabam se beneficiando, uma vez que,
por parecerem com as corais verdadeiras,
também são evitadas por potenciais predadores.
Algumas espécies de serpentes, como a cascavel e
espécies de jararacas, podem afugentar predadores
por meio da descarga de substâncias fétidas pela
cloaca. A esse comportamento, -se o nome de
descarga cloacal. Diversas espécies de jararacas
batem a cauda no chão para afugentar predadores,
enquanto a cascavel utiliza a vibração do chocalho
para intimidá-los.
Figura 30 - Diversidade dos comportamentos
de defesa em serpentes. A- Xenodon merremii;
B - Pseustes sulphureus; C - Micrurus frontalis.
18
São predadores das serpentes espécies de aves,
como águias, falcões, seriemas e corujas; espécies
de mamíferos, incluindo raposas, gambás, e
guaxinins; além de répteis, como jacarés e até
outras espécies de ofídios. Com o intuito de
evitar a predação, as serpentes desenvolveram
uma diversidade de estratégias de defesa.
Devido ao formato longilíneo do corpo, as
serpentes se acomodam bem em pequenas
cavidades no chão, em troncos de árvore ou
entre pedras. Muitas espécies se escondem
quando não estão se aquecendo, procurando por
alimento ou por chances de acasalamento.
Outra forma de defesa comum entre os ofídios é a
capacidade que muitas espécies possuem de se
confundirem com o ambiente onde vivem. Assim,
podem passar despercebidas pelos predadores.
Serpentes verdes, por exemplo, tendem a ser
arborícolas. Poucas espécies possuem coloração
uniforme, pois poucos substratos são
uniformemente coloridos. Dessa forma, é comum
encontrarmos padrões de coloração em manchas
ou linhas na pele do animal.
Quando se sentem ameaçados, muitas serpentes
exibem comportamentos agressivos. A
intimidação ocorre usualmente por meio de
comportamentos que fazem o corpo do animal
parecer maior. A serpente pode achatar o corpo
(Figura 30 A), triangular a cabeça, ou inflar o
papo (Figura 30 B). Algumas cobras, como as
najas, levantam a região anterior do corpo,
abrem as costelas do pescoço, e formam uma
espécie de capuz. Outras espécies podem
escancarar a boca como estratégia de defesa,
exibindo cores vibrantes da mucosa oral.
As cobras-corais verdadeiras possuem uma
estratégia diferente: possuem cores fortes e
contrastantes que servem de advertência para
predadores, uma vez que eles associam as cores
vibrantes ao perigo.
Roberto Murta
Rafael Batista
Roberto Murta
História natural
Hisria natural
Comportamentos de Defesa
A
B
C
No mundo, são reconhecidas mais de 11.600
espécies de répteis, sendo que mais de 3.900 são
de serpentes. O Brasil possui a terceira fauna
mais rica de répteis do planeta ficando atrás
apenas da Austrália (1.121) e do México (995). No
território nacional, temos 848 espécies de
répteis descritas, sendo que, dessas, 430 são de
serpentes, e dentre elas, 70 são consideradas de
importância médica.
No estado de Minas Gerais, foram
catalogadas, até o momento, mais de 150 espécies
de serpentes, sendo que 20 são peçonhentas e
consideradas de interesse médico, uma vez que
podem provocar acidentes graves. Essas
serpentes pertencem às famílias Viperidae e
Elapidae.
19
Figura 31 - Cabeça triangular e pupila elíptica da
suaçuboia (Corallus hortulana).
Roberto Murta
Características como cabeça triangular, cauda
afilada e pupila vertical são comumente
difundidas como indicativas de espécies
peçonhentas. Porém, isso não é verdadeiro para
as espécies do Brasil. Para exemplificar, podemos
citar a cabeça triangular coberta por escamas
pequenas e a pupila vertical da suaçuboia
(Corallus hortulana) (Figura 31), serpente não
peçonhenta; e a cabeça arredondada, pupila
circular e cauda curta das cobras-corais, as quais
que podem provocar graves acidentes .
Figura 32 - Mapa de diversidade de serpentes no mundo.
Cores quentes representam um maior número de espécies de serpentes.
Riqueza de Espécies
Riqueza de Espécies
Cedido por Uril Roll e Shai Meiri.
diversidade de serpentes
diversidade de serpentes
seta loreal, seria uma serpente que não tem
importância médica. algumas exceções
pertencentes à família Dipsadidae, como
espécies dos gêneros Philodryas, Boiruna e
Thamnodynastes (Figura 33), que podem provocar
envenenamentos, com a presença de manifes-
tações locais intensas, como edema, dor e
hematomas. Porém, acidentes com esses animais
não levam, de um modo geral, a envene-
namentos sistêmicos que requeiram cuidados
intensivos.
Convidamos você a baixar o aplicativo
“Serpentes de Minas Gerais” por meio do
QRCode nesta página. Nele apresentamos uma
chave de identificação interativa, com o objetivo
de auxiliar no reconhecimento das espécies de
serpentes peçonhentas que ocorrem no estado.
fotos de todas as espécies peçonhentas que
ocorrem em Minas Gerais, bem como das
espécies não peçonhentas mais comuns.
A
Escaneie o código e Baixe o
Escaneie o código e Baixe o
Aplicativo "Serpentes de Minas
Aplicativo "Serpentes de Minas
Gerais" na Playstore!
Gerais" na Playstore!
D
B
C
Figura 33 - A. Philodryas olfersii, B. Philodryas
patagoniensis, C. Boiruna sertaneja,
D. Thamnodynastes nattereri.
20
Reconhecimento de serpentes
peçonhentas em Minas Gerais
O reconhecimento das serpentes peçonhentas do
Brasil, especificamente do estado de Minas
Gerais, requer a observação de características
como a presença de fosseta loreal, a exibição do
padrão coral e as características da cauda. Com
o objetivo de facilitar o reconhecimento das
serpentes peçonhentas do estado, elaboramos
uma chave de identificação didática. Em uma
chave dicotômica são apresentadas duas
características e deve-se escolher uma delas a
partir da observação do animal.
Para o reconhecimento das serpentes
peçonhentas de Minas Gerais, a primeira
característica a ser observada é a presença de
anéis vermelhos, pretos e brancos ou amarelos,
ou seja, padrão coral. A serpente possui o
padrão coral? [I] Se a resposta for positiva, pode
ser uma espécie de coral verdadeira. A
diferenciação das cobras corais falsas e
verdadeiras será apresentada a seguir.
No entanto, se a serpente não possuir o padrão
coral, devemos observar a presença da fosseta
loreal, orifício localizado entre o olho e a narina.
A serpente possui fosseta loreal? [II] Todas as
serpentes que possuem essa estrutura são
peçonhentas e pertencem à família Viperidae
(subfamília Crotalinae).
Para reconhecer a qual gênero a serpente
pertence, devemos observar a cauda. A cauda
possui um chocalho ou guizo? [III] Se a cauda
possuir chocalho, trata-se de uma cascavel
(Crotalus durissus). A cauda possui escamas
eriçadas? [IV] Se a resposta for positiva, é uma
surucucu, Lachesis muta. Se a cauda for lisa,
trata-se de um tipo de jararaca (gênero Bothrops).
Em Minas Gerais foram registradas, até o
momento, 12 espécies do gênero Bothrops.
Se a serpente não possuir padrão coral, nem fos-
Roberto MurtaRicardo Marques
Roberto Murta Flávia Cappuccio
IDENTIFICAÇÃO DE SERPENTES
IDENTIFICÃO DE SERPENTES
I. A Serpente possui
padrão coral?
II. A serpente possui
fosseta loreal?
Sim, é uma serpente peçonhenta
de importância médica.
Família Viperidae,
Subfamília Crotalinae
III. A cauda possui
chocalho ou guizo?
IV. A cauda possui
escamas eriçadas?
Não. Vamos
continuar
observando.
Não. Vamos
continuar
observando.
IDENTIFICAÇÃO DE SERPENTES
IDENTIFICÃO DE SERPENTES
Sim, é uma
cascavel.
Crotalus durissus.
Não. É um tipo
de jararaca.
Gênero Bothrops
Não. Não possui
importância médica.
Exceções: Philodryas, Boiruna e
Thamnodynastes (Família Dipsadidae)
Sim. Pode ser
uma coral
verdadeira.
Sim. É uma
surucucu.
Lachesis muta
Ilustrações: Karen Yamada
21
Figura 34 - Chave de identificação didática para reconhecimentos de
espécies de importância médica do estado de Minas Gerais.
No entanto, se a resposta for negativa e os ais
pretos ocorrerem em díades, seria uma falsa coral da
escie Erythrolamprus aesculapii (Figura 35B).
Convidamos você a baixar o aplicativo “Cobra
Coral” por meio do QRCode nesta página. Nele
apresentamos uma chave de identificação
interativa, com o objetivo de auxiliar no
reconhecimento das espécies de cobras corais
que ocorrem no estado de Minas Gerais.
fotos de todas as espécies de cobras corais
verdadeiras que ocorrem em Minas Gerais, bem
como das espécies de corais falsas mais comuns.
A B
Flávia Cappuccio
Mario Sacramento
Figura 35 - Espécies de falsas corais.
A. Oxyrhopus guibei, B. Erythrolamprus aesculapii.
Escaneie o código e Baixe o
Escaneie o código e Baixe o
Aplicativo "COBRA CORAL" na
Aplicativo "COBRA CORAL" na
Playstore!
Playstore!
22
Diferenciação de cobras
corais verdadeiras e falsas
No estado de Minas Gerais, seis espécies de
corais verdadeiras: Micrurus brasiliensis, M.
carvalhoi, M. corallinus, M. decoratus, M. frontalis e
M. ibiboboca. para as corais falsas, pelo
menos 35 espécies. Com o objetivo de distinguir
as corais verdadeiras das falsas, desenvolvemos
uma chave de identificação, considerando as
espécies que ocorrem no estado de Minas Gerais.
A primeira característica a ser observada é a
presença de anéis. A cobra tem anéis vermelhos,
pretos e brancos/amarelos? [I] Na ausência de
anéis, trata-se de uma espécie de coral falsa. Se a
serpente possuir anéis, deve-se observar o ventre.
A serpente possui o ventre branco/creme ou
manchado? [II] Ventre com essas características
é típico de falsas corais (e.g.: serpentes do gênero
Oxyrhopus) (Figura 35A). Porém, se os anéis
forem completos, devemos observar sua
conformação. Os anéis formam tríades? [III] Se a
resposta for positiva, trata-se de uma espécie de
coral verdadeira. Com a configuração de tríades,
temos cinco espécies em Minas Gerais: Micrurus
brasiliensis, M. carvalhoi, M. decoratus, M.
frontalis e M. ibiboboca. Os anéis pretos são
únicos? [IV] Se a resposta for positiva,
precisamos observar os olhos. Os olhos são
pequenos? [V] Serpentes com olhos pequenos,
com circunferência menor que a escama labial,
correspondem à coral verdadeira Micrurus
corallinus (Figura 36A). Serpentes com a
presença de mônades, porém com olhos grandes,
com circunferência maior que a escama labial,
correspondem à falsa coral Erytrholamprus
aesculapii (padrão mônade) (Figura 36B).
Adicionalmente, a falsa coral Erythrolamprus
aesculapii possui escamas supralabiais manchadas
de branco e preto (Figura 36B).
Figura 36 - Diferenças nos olhos e escamas labiais da coral
verdadeira Micrurus corallinus (A) e da falsa coral
Erythrolamprus. aesculapii (padrão mônade) (B).
Herpetologia Brasileira
Silva et al, 2021
A
B
IDENTIFICAÇÃO DE SERPENTES
IDENTIFICÃO DE SERPENTES
Breno HamdanFlávia Cappuccio
23
Figura 37 - Chave de identificação didática para
reconhecimentos das cobras-corais do estado de Minas Gerais.
I. A cobra tem anéis vermelhos,
pretos e brancos/amarelos?
V. Os olhos são pequenos e os
anéis brancos são estreitos ?
Sim. Vamos
continuar
observando.
Sim. É uma coral verdadeira.
Micrurus corallinus
Não. É uma falsa coral.
Erythrolamprus aesculapii padrão
mônade.
Não. Os anéis circulam
o corpo.
II. A cobra possui o ventre
branco/creme ou manchado?
IV. Os anéis pretos são
únicos?
Sim. Vamos continuar
observando.
Não. Vamos continuar
observando.
Sim. É uma
falsa coral.
e.g.: Oxyrhopus
Não. É uma falsa coral.
Não. Padrão díade.
É uma falsa coral.
Gênero Erythrolamprus
Sim. É uma coral
verdadeira.
Micrurus brasiliensis, M. carvalhoi,
M. decoratus, Micrurus frontalis,
M. ibiboboca.
III. Os anéis formam
tríades?
Ilustrações: Fábio Neves
IDENTIFICAÇÃO DE SERPENTES
IDENTIFICÃO DE SERPENTES
Característca
Corais Falsas
Corais Verdadeiras
Padrão de Cores
Ausência de anéis (dorso
vermelho, avermelhado ou
com manchas).
Anéis incompletos (ventre
creme, branco ou
manchado).
Exceção: Erytrolamprus
(anéis completos em díades
ou mônades).
Anéis completos (mônades
ou tríades).
Formato do Corpo
Variável.
Cilíndrico.
Formato da Cauda
Variável.
Curta e cilíndrica.
Tamanho dos Olhos
Diâmetro do olho é maior
que a medida da sua
extremidade inferior e
a borda da boca.
Diâmetro do olho é
menor que a medida da
sua extremidade inferior
e a borda da boca.
Dentição
Áglifa/Opistóglifa
Proteróglifa
A) Anéis em tríades: três anéis pretos separados por dois brancos/amarelos (Figura 38A);
B) Anéis em díades: dois anéis pretos separados por um branco (Figura 38B);
C) Anéis em mônades: um anel preto contornado por anéis brancos (Figura 38C).
24
Tabela 1 - Características diagnósticas que diferenciam as cobras-corais verdadeiras e corais falsas
do estado de Minas Gerais, Brasil.
Figura 38 - Padrões dos anéis de cobras-corais.
A) Tríade B) Díade C) Mônade
Glossário
Glossário
Herpetologia Brasileira
Silva et al., 2021
IDENTIFICAÇÃO DE SERPENTES
IDENTIFICÃO DE SERPENTES
Características
do animal
Manchas em formato de losango no dorso da serpente, faixas
paravertebrais no terço anterior do corpo, presença de chocalho na
ponta da cauda.
DENTIÇÃO
Solenóglifa.
TAMANHO
70cm em média. Chegam a até 1,60m.
ALIMENTAÇÃO
Roedores.
DISTRIBUIÇÃO
México à Argentina. No Brasil, ocorrem seis subespécies: C. d. durissus, C.
d. cascavella, C. d. collilineatus, C. d. marajoensis, C. d ruruima e C. d.
terrificus. A cascavel está amplamente distribuída por todo o país. Os
únicos estados em que não há registro para C. durissus, até o momento,
são Rondônia, Acre, Amazonas e Espírito Santo.
HÁBITO
Terrícola.
HÁBITAT
Regiões abertas, campos e cerrados. A fragmentação florestal facilitou o
aumento da distribuição e da densidade das populações de cascavéis.
REPRODUÇÃO
Vivípara.
COMPORTAMENTOS DE DEFESA
Bote, vibração do cho calho, descarga cloacal.
25
Cascavel
Crotalus durissus
Roberto Murta
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Animal longilíneo, manchas triangulares escuras e faixa pós-ocular preta.
O padrão de coloração da espécie varia do castanho claro até quase
completamente negro. Juvenis possuem a ponta da cauda branca (engodo
caudal).
Solenóglifa.
100cm, em média. Chegam a até 1,60m.
Serpentes adultas: pequenos mamíferos;
Serpentes jovens e filhotes: anfíbios e lagartos.
Brasil, Paraguai e Argentina. No Brasil, esta espécie está presente nos
estados de Goiás, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Terrícola.
Variedade de ambientes florestais, matas, campos cultivados. Animal
de grande capacidade adaptativa, ocupando tanto áreas florestais quanto
áreas agrícolas e suburbanas.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda, esconder a cabeça e
bote.
26
Jararaca
Bothrops jararaca
Mario Sacramento
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Manchas em formato de ferradura escuras com bordas branco-
amareladas. Ventre manchado.
Solenóglifa.
100cm, em média. Chegam a até 1,70m.
Pequenos mamíferos.
Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. No Brasil, esta espécie está
presente nos estados do Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Rio
de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Terrícola.
Ambientes florestais, regiões ripárias (perto de cursos d’água) e campos
cultivados.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda, esconder a cabeça e
bote.
27
Urutu cruzeiro
Bothrops alternatus
Mario Sacramento
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Manchas quadrangulares marrons ao longo da linha vertebral e pequenas
manchas marrons circulares laterais. Cabeça com manhas marrons.
Ventre manchado. Juvenis possuem a ponta da cauda branca (engodo
caudal).
Solenóglifa.
65cm, em média. Chegam a até 1,20m.
Pequenos mamíferos.
Brasil, Paraguai, Bolívia, Uruguai e Argentina. No Brasil, esta espécie
ocorre nos estados de Goiás, Distrito Federal, Bahia, Minas Gerais, Rio
de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Terrícola.
Ambientes florestais e campos cultivados.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda e bote.
28
Jararaca do rabo branco ou Jararaca pintada
Bothrops neuwiedi
Rafael Batista
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Pele com aspecto aveludado, manchas trapezoidais escuras com bordas
claras, região da boca com escamas esbranquiçadas. Faixa pós-ocular
cinza ou marrom. Juvenis possuem a ponta da cauda branca (engodo
caudal) e coloração rosada.
Solenóglifa.
95cm, em média. Chegam a até 1,70m.
Serpentes adultas: pequenos mamíferos;
Serpentes jovens e filhotes: anfíbios e lagartos.
Brasil e Paraguai. No Brasil, esta espécie está presente nos estados do
Tocantins, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Piauí, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Terrícola.
Cerrado, florestas de galeria e áreas cultivadas.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda, esconder
a cabeça e bote.
29
Caiçaca
Bothrops moojeni
Roberto Murta
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Manchas em formato de ferradura escuras, intercaladas por áreas
amareladas nas fêmeas e acinzentadas nos machos. Faixa pós-ocular
marrom escura ou preta.
Solenóglifa.
Mais de 100cm, em média. Chegam a até 2,20m.
Pequenos mamíferos e anfíbios.
Brasil, Paraguai, nordeste da Argentina e sul da Bolívia. No Brasil, esta
espécie ocorre nos estados do Mato Grosso do Sul, Bahia, Espírito Santo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul.
Terrícola.
Ambientes florestais (mata úmida) e áreas cultivadas.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda, bote e descarga
cloacal.
30
Jararacuçu
Bothrops jararacussu
Leo Noronha
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Manchas em formato de ferradura escuras com bordas branco-
amareladas. Ventre escuro.
Solenóglifa.
Em média 85cm.
Pequenos mamíferos.
Esta espécie ocorre apenas no Brasil, nos estados de Minas Gerais,
Rio de Janeiro e São Paulo.
Terrícola.
Mata de araucárias.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda, bote e descarga
cloacal.
31
Urutu
Bothrops fonsecai
Roberto Murta
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Dorso da cabeça e o corpo castanho claro ou escuro, com tons
avermelhados ou alaranjados. Faixa pós-ocular larga, de coloração
variando do marrom claro ao marrom avermelhado. O padrão dorsal
consiste em manchas marrons escuras com bordas brancas, dispostas em
faixas ao longo do corpo.
Solenóglifa.
Entre 30cm e 40cm. Aparentemente não excede 50cm.
Pequenos mamíferos e lagartos.
Esta espécie ocorre apenas no Brasil, nos estados do Mato Grosso do Sul,
Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Terrícola.
Cerrado, áreas abertas e arbustivas.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda, esconder a cabeça e
bote.
32
Cotiarinha
Bothrops itapetiningae
Roberto Murta
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
A coloração dorsal varia do marrom avermelhado ao castanho. No dorso,
manchas retangulares ou trapezoidais, as quais são mais pálidas no
interior e bordeadas de preto e branco. Na base das manchas transversais
há manchas circulares.
Solenóglifa.
Máximo de 1,15m.
Serpentes adultas: pequenos mamíferos;
Serpentes jovens e filhotes: presas ectotérmicas, como lagartos e anfíbios
anuros.
Esta espécie ocorre apenas no Brasil, nos estados do Rio Grande do Norte,
Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo e Minas
Gerais.
Terrícola.
Mata Atlântica e áreas cultivadas.
Vivípara.
Vibração da cauda, bote e tanatose (fingir de morta).
33
Jararaca Malha de Sapo
Bothrops leucurus
Leo Noronha
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Manchas dorsolaterais frequentemente em formato trapezoidal, com
contorno pouco definido. Quilhas das escamas dorsais com coloração
branca. Escamas supralabiais marrom escuro ou marrom com manchas
brancas.
Solenóglifa.
Registros entre 34cm e 72cm.
Pequenos mamíferos e lagartos.
Essa espécie ocorre apenas no Brasil, nos estados de Tocantins, Goiás,
Distrito Federal, Piauí, Ceará, Paraíba, Bahia e Minas Gerais.
Terrícola.
Cerrado e Caatinga.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda, esconder a cabeça
e bote.
34
Jararaca pintada
Bothrops lutzi
Igor Joventino Roberto
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Manchas dorsolaterais triangulares ou trapezoidais, com manchas ovais
ou arredondadas na base. Ventre branco ou amarelo, com manchas
cinzas.
Solenóglifa.
Entre 50cm e 60cm. Podem chegar a 80cm.
Pequenos mamíferos e lagartos.
Essa espécie ocorre apenas no Brasil, nos estados de Goiás, Distrito
Federal, Tocantins e Minas Gerais.
Terrícola.
Cerrado.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda, esconder a cabeça e
bote.
35
Jararaca pintada
Bothrops marmoratus
Rafael Batista
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Faixa pós-ocular bem marcada. Supralabiais com pigmentação uniforme.
Quilhas das escamas dorsais com a mesma coloração das escamas.
Manchas dorsolaterais de formatos variados, mas geralmente distantes
umas das outras. Coloração de fundo variada, porém, o fundo creme
com manchas dorsolaterais negras é um padrão comum.
Solenóglifa.
75cm, em média.
Pequenos mamíferos e lagartos.
Essa espécie ocorre apenas no Brasil, nos estados do Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Terrícola.
Cerrado.
Vivípara.
Achatamento dorsal do corpo, vibração da cauda, esconder a cabeça e
bote.
36
Jararaca pintada
Bothrops pauloensis
Leo Noronha
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Serpente de coloração verde, com pequenas manchas avermelhadas.
Supralabiais amarelo claras, com manchas pretas. Cauda preênsil.
Solenóglifa.
aproximadamente 70cm. Podem chegar a 1,20m.
Pequenos mamíferos, lagartos e aves.
Roraima, Amapá, Rondônia, Amazonas, Pará, Mato Grosso,
Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro.
Arborícola.
Floresta Amazônica e Mata Atlântica. Espécie presente em plantações de
cacau contínuas a fragmentos de Mata Atlântica, no estado da Bahia.
Vivípara.
Vibração da cauda e bote.
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
37
Jararaca verde
Bothrops bilineatus bilineatus
Renato Gaiga
Maior serpente peçonhenta do Brasil, escamas granulares, corpo
alaranjado com manchas negras. Faixa pós-ocular escura. Ventre branco
ou marfim.
Solenóglifa.
2,00m, em média. Chegam a 3,60m.
Roedores.
No Brasil, esta espécie ocorre nos estados de Roraima, Amapá, Acre,
Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins, Mato Grosso, Goiás, Maranhão,
Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro.
Terrícola.
Habita florestas primárias, sendo raramente encontrado em florestas
secundárias.
Ovípara.
Vibração da cauda e bote.
38
Surucucu
Lachesis muta
Diego José Santana
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Apresenta padrão de tríades.
Anéis pretos e brancos possuem larguras similares.
Possui focinho predominantemente preto, com escamas bordeadas
de branco.
Proteróglifa.
83cm, em média. Podem chegar a 1,65m.
Serpentes e anfisbenas.
Parte central e norte do Paraguai. No Brasil, ocorre nos estados do Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Espírito Santo,
Minas Gerais e São Paulo.
Fossorial.
Cerrado e Mata Atlântica.
Ovípara.
Achatamento dorsal, movimentos erráticos, esconder a cabeça, enrolar a
cauda.
39
Coral verdadeira
Micrurus frontalis
Leo Noronha
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Apresenta padrão de mônades.
Coloração ventral do corpo semelhante à dorsal.
Os anéis brancos são estreitos.
Apresenta um capuz cefálico preto, seguido por uma faixa branca.
Proteróglifa.
62cm, em média. Chegam a até 95cm.
Serpentes e anfisbenas.
Extremo leste da Argentina, leste do Paraguai e Uruguai. No Brasil
ocorre nos estados do Rio Grande do Norte, Bahia, Espírito Santo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.
Fossorial.
Mata Atlântica.
Ovípara.
Achatamento dorsal, movimentos erráticos, esconder a cabeça
e enrolar a cauda.
40
Coral verdadeira
Micrurus corallinus
Breno Hamdan
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Padrão de tríades. Os anéis pretos são semelhantes em largura, podendo
o anel central ser um pouco mais largo. Os anéis brancos são mais
estreitos. Anéis vermelhos apresentam pontos pretos. Apresenta o
focinho preto seguido de uma faixa transversal branca.
Proteróglifa.
65cm, em média. Chegam a 1,60m.
Serpentes e anfisbenas.
Nordeste da Argentina e leste do Paraguai. No Brasil, possui uma ampla
distribuição geográfica, incluindo Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso
do Sul, Goiás, Distrito Federal, Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Bahia,
Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio
Grande do Sul.
Fossorial.
Cerrado.
Ovípara.
Achatamento dorsal, movimentos erráticos, esconder a cabeça e enrolar
a cauda.
41
Coral verdadeira
Micrurus carvalhoi
Flávia Cappuccio
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Apresenta padrão de tríades. Os anéis brancos são um pouco mais largos
que os anéis pretos externos, e o anel preto mediano, um pouco mais
largo que os brancos. Possuem a ponta do focinho preta, seguida por uma
banda transversal branca.
Proteróglifa.
50cm, em média. Chegam a 75cm.
Serpentes e anfisbenas.
Essa espécie ocorre apenas no Brasil, nos estados do Espírito Santo,
Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina.
Fossorial.
Mata Atlântica.
Ovípara.
Achatamento dorsal, movimentos erráticos, esconder a cabeça e enrolar
a cauda.
42
Coral verdadeira
Micrurus decoratus
Breno Hamdan
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
Apresenta padrão de tríades. É caracterizada por um focinho branco e
posterior da cabeça vermelha. As bordas das escamas do focinho podem
ser pretas. As escamas vermelhas da cabeça não possuem bordas negras.
O tom do vermelho nesta espécie pode ser mais claro, semelhante ao
alaranjado.
Proteróglifa.
67cm, em média. Podem chegar a 1,50m.
Serpentes e anfisbenas.
Essa espécie ocorre apenas no Brasil nos estados de Tocantins, Goiás,
Maranhão, Bahia e Minas Gerais.
Fossorial.
Cerrado.
Ovípara.
Achatamento dorsal, movimentos erráticos, esconder a cabeça e enrolar
a cauda.
Coral verdadeira
Micrurus brasiliensis
Nelson Jorge da Silva Jr.
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
43
Apresenta o padrão de tríades. Parte anterior do focinho branca.
Geralmente os anéis pretos possuem a mesma largura que os anéis
brancos.
Proteróglifa.
51cm, em média. Chegam a 1,47m.
Serpentes e anfisbenas.
Essa espécie ocorre apenas no Brasil, nos estados do Rio Grande do
Norte, Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Alagoas,
Sergipe, Bahia, Minas Gerais e no Rio de Janeiro.
Fossorial.
Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica.
Ovípara.
Achatamento dorsal, movimentos erráticos, esconder a cabeça e enrolar
a cauda.
44
Coral verdadeira
Micrurus ibiboboca
Ricardo Marques
SERPENTES peçonhentas de Minas Gerais
SERPENTES ponhentas de Minas Gerais
45
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Referências
Referências
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The sexual segment of the kidney (SSK) is a hypertrophied region of the nephron, which occurs in males of most squamate species that have been investigated, at least, during the active season. Many studies have shown that the SSK has a seasonal secretory cycle that could be correlated to the mating season, testicular activity and androgen synthesis. However, to date, no study has investigated the presence of androgen receptors (AR) in cells of the SSK, nor the relation between the expression of AR, testosterone levels, and testicular condition. The SSK in Crotalus durissus corresponds to the distal segment of the nephron and presents a peak of hypertrophy during the period of testicular activity (spermatogenesis) and high testosterone levels, suggesting that seasonal variation of the SSK might be under the control of androgens. Testosterone concentrations and expression of androgen receptors varied seasonally with increased values for both parameters directly correlated to hypertrophy of the SSK. This study is therefore the first to target the SSK of a tropical snake and to establish a relationship between the secretory cycle of the SSK, testicular cycle and levels of androgens. Furthermore, this study is the first to identify the presence of androgen receptors in the nucleus of the SSK cells.
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No Brasil, ocorrem 35 espécies de corais-verdadeiras (gêneros Micrurus e Leptomicrurus), muitas delas apresentam colorações vibrantes, que funcionam como um sinal de advertência contra predadores. As falsas-corais, por possuírem coloração similar às corais verdadeiras, constituem mímicos destas, e acabam também se protegendo contra a predação. As corais-verdadeiras são serpentes crepusculares, de hábitos terrestres e semi-fossoriais, além de serem animais pouco agressivos em comparação com outras serpentes de interesse médico, como jararacas (Bothrops spp.) e cascavéis (Crotalus spp.). Neste sentido, os acidentes com esses animais são raros, mas podem ser graves. O objetivo deste estudo foi levantar dados sobre as espécies, distribuição e diagnose entre corais-verdadeiras e fal sas para produzir um aplicativo para celular e tablet que auxilie no reconhecimento das cobras-corais do estado de Minas Gerais, sudeste do Brasil. Foram identificadas cinco espécies de corais verdadeiras e 35 espécies de falsas corais presentes em Minas Gerais. A presença ou ausência de anéis ao longo do corpo, a disposição destes anéis, o tamanho e a forma da cauda, o tamanho dos olhos e a coloração do ventre foram os atributos mais informativos na distinção das espécies de cobras-corais. A partir destas características foi construída uma chave de identificação ilustrada. Posteriormente, foi desenvolvido o aplicativo “Cobra Coral”, que apresenta informações científicas sobre as cobras corais do estado de Minas Gerais e incorpora uma chave de identificação interativa. É disponibilizado um texto introdutório sobre as cobras corais, imagens em vida de todas as espécies de corais-verdadeiras (Micrurus) e corais-falsas mais comuns, bem como características diagnósticas destes animais e ecológicas, como hábitat e alimentação. Este aplicativo pode auxiliar os profissionais da saúde na identificação de cobras-corais causadoras de acidentes, contribuindo no tratamento das pessoas acometidas por picadas dessas serpentes e também pode auxiliar na conservação das espécies de serpentes.
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We report for the first time the occurrence of the venomous snake species Micrurus ibiboboca in the state of Minas Gerais, Brazil, based on a specimen collected in an Atlantic Forest area. This is the sixth record of a venomous coral snake in Minas Gerais and increases to 160 the number of known snake species in the state.
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We discuss the use of the terms venom and poison, in the context of integrative biology, with particular emphasis on behaviour and natural history. Our purpose is to reach a broad scientific audience, especially that dedicated to zoology. The meaning of the two terms is reviewed from the secretory perspective, mainly focussed on the reptiles and amphibians. We justify the use of the two words, based on biological and behavioural differences.
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Viviparity (live‐bearing) has independently evolved from oviparity (egg‐laying) in more than 100 lineages of squamates (lizards and snakes). We might expect consequent shifts in selective forces to affect per‐brood reproductive investment (RI = total mass of offspring relative to maternal mass) and in the way in which that output is partitioned (number vs. size of offspring per brood). Based on the assumption that newly born offspring are heavier than eggs, we predicted that live‐bearing must entail either increased RI or a reduction in offspring size and/or fecundity. However, our phylogenetically controlled analysis of data on 1,259 squamate species revealed no significant differences in mean offspring size, clutch size or RI between oviparous and viviparous squamates. We attribute this paradoxical result to (1) strong selection on offspring sizes, unaffected by parity mode, (2) the lack of a larval stage in amniotes, favouring large eggs even in the ancestral oviparous mode and (3) the ability of viviparous females to decrease the mass of uterine embryos by reducing extra‐embryonic water stores. Our analysis shows that squamate eggs (when laid) weigh about the same as the hatchlings that emerge from them (despite a many‐fold increase in embryo mass during incubation). Most of the egg mass is due to components (such as water stores and the eggshell) not required for oviductal incubation. That repackaging enables live‐born offspring to be accommodated within the mother's body without increasing total litter mass. The consequent stasis in reproductive burden during the evolutionary transition from oviparity to viviparity may have facilitated frequent shifts in parity modes.
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Sperm storage is common in the oviducts of female snakes and results in the decoupling of mating from ovulation and fertilization. In the majority of female snakes examined, sperm storage occurs in receptacles of the infundibular regions of the oviducts. In pitvipers (Viperida, Crotalinae), the storage of sperm was described in the caudal regions of the oviducts (utero‐vaginal junction) through a mechanism termed uterine muscular twisting (UMT). Uterine muscular twisting was described as a twisting of the oviducts after copulation because of uterine contractions. The twisting remains until ovulation at which time the oviducts straighten and sperm migrate cranially to fertilize ovulated ova. Here, we demonstrate that the UMT is not formed by twisting (rotation around axis) of the oviducts of Crotalus durissus but rather coils formed by the inner layers of the oviducts at the utero‐vaginal junction. Contrary to previous findings, coiling of the oviducts is present in females throughout the year, not only in the postcopulatory period; however, the degree of coiling is variable and may be linked to the seasonal reproductive cycle of C. durissus. We categorize the degree of coiling as pronounced coil, discreet coil or absent coil.
Article
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We studied the structural and cellular organisation of the oviduct of Erythrolamprus miliaris including its morphological variation during the reproductive cycle using light microscopy, scanning electron microscopy and transmission electron microscopy. Four anatomically distinct regions compose the oviduct of E. miliaris including the anterior and posterior infundibulum, glandular uterus, non‐glandular uterus and pouch. The cells of the oviductal epithelium secrete material by apocrine and merocrine processes, which vary between the anatomical regions and according to each phase of the reproductive cycle. The infundibular epithelium secretes electron dense vacuoles, which suggests the production of lipids, whereas the epithelial secretion of the glandular uterus, non‐glandular uterus and pouch creates lucent and slightly electron dense vacuoles, indicating the production of glycoproteins. The timing of mating, vitellogenesis and sperm storage directly influences the morphofunctional alterations in the oviducts of E. miliaris. Sperm storage occurs only in the infundibular receptacles with increased production of the neutral carbohydrates in the presence of male gametes. Sperm storage happens in vitellogenic, non‐vitellogenic and pregnant females of E. miliaris. Thus, females may be able to produce multiple clutches at different seasons of the year regardless of mating during autumn.
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In this study, we describe the female reproductive cycle of Philodryas patagoniensis in south Brazil, which was described through morpho-anatomical and histological analyses. The peak of secondary vitellogenesis occurred during winter–spring (July–December), ovulation in spring (October–December), mating and fertilization in spring–summer (October–February), oviposition in spring–autumn (October–May) and births from late spring to autumn (December–July). The diameter of vitellogenic follicles/eggs was larger in winter–spring than in other seasons. The diameter of the shell glands was also larger in winter–spring. In spite of the clear reproductive peak, gonads only showed reduced activity in the autumn. Therefore, at the individual level, females have a discontinuous cyclical reproduction; in the populational level, the reproductive cycle is seasonal semisynchronous. We support the hypothesis that P. patagoniensis have the ability to produce multiple clutches with long-term stored sperm. Sexual dimorphism in body size was evident, and females are significantly larger and heavier than males. Larger females were able to produce follicles and eggs in larger amount and size. The maternal body size was positively related to the reproductive effort and fecundity. To conclude, we deliberated about the proximal and distal causes that influence the reproductive traits and patterns of P. patagoniensis.
Article
Background Scorpion envenoming is relatively frequent in tropical and subtropical regions and potentially fatal. We aimed to identify risk factors for fatal scorpion envenoming among Brazilian children. Methods A case–control study investigated all fatal cases of scorpion envenoming among children up to 10 y old, reported to the Brazilian Diseases Surveillance System between 1 January 2007 and 18 July 2016. Controls were randomly sampled from children who survived the envenoming over this period. Data were analysed using logistic regression. Results Of the 254 cases and 1083 controls investigated, the identified risk factors were age ≤5 y, occurred in a rural area, time-to-treatment ≥3 h, treatment with scorpion antivenom (SAV) but either excessive or insufficient number of vials, treatment with antivenom that was neither SAV nor anti-spider and no antivenom administered compared with the standard recommended treatment. Treatment effectiveness at preventing fatal scorpion envenoming was 77.0% when time-to-treatment was <3 h and 75% in children 9–10 y of age. SAV was 63% effective at preventing death when administered early at the recommended dosage. Conclusions Fatal scorpion envenoming was associated with younger age, incident occurring in a rural area, late treatment and inadequate antivenom treatment. SAV was effective at preventing death when administered early.