ArticlePDF Available

Growth Hormone Deficiency in Adults - Indications and Dosage

Authors:
Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2022;17(3-4)
Revista Portuguesa
de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo
www.spedmjournal.com
133
Déce da Hormona do Crescimento no Adulto:
Indicações e Posologia
Sara Correia a,*, José Diogo Silva a, Patrícia Tavares a, Gustavo Rocha a, Maria João Oliveira a
a Serviço de Endocrinologia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia e Espinho, Vila Nova de Gaia, Portugal
Artigo Revisão
INFORMAÇÃO SOBRE O ARTIGO RESUMO
A deciência da hormona do crescimento pode desenvolver-se durante a infância ou a idade adul-
ta, resultante de uma variedade de causas. Na infância tipicamente resulta num crescimento anor-
malmente lento e baixa estatura. Por sua vez, na idade adulta é caracterizada por alterações do
metabolismo, da composição corporal, da função física e psicossocial, diminuição da qualidade
de vida e um aumento da morbilidade e mortalidade cardiovascular. O tratamento com a reposição
da hormona do crescimento melhora a maioria destas alterações. Em Portugal, os doentes adultos
elegíveis para tratamento abrangem aqueles com uma deciência isolada em somatropina com início
na idade pediátrica e adultos com deciência grave de somatropina no contexto de uma insuciência
hiposária múltipla. O tratamento é fornecido gratuitamente pelo Sistema Nacional de Saúde. A
aprovação para a prescrição hospitalar passa obrigatoriamente pelo parecer da Comissão Nacional
para a Normalização da Hormona do Crescimento. Os riscos e benefícios da terapêutica devem ser
sempre discutidos com cada doente.
Historial do artigo:
Received/ Recebido: 2022-05-01
Accepted/Aceite: 2022-09-29
Publicado / Published: 2023-01-18
© Autor (es) (ou seu (s) empregador (es)) e
Revista SPEDM 2022. Reutilização permitida
de acordo com CC BY-NC. Nenhuma
reutilização comercial.
© Author(s) (or their employer(s)) and SPEDM
Journal 2022. Re-use permitted under CC BY-NC.
No commercial re-use.
Palavras-chave:
Hormona do Crescimento/administração e dosagem;
Hormona do Crescimento/deciência;
Perturbações do Crescimento/tratamento farmacológico.
https://doi.org/10.26497/ar220024
1646-3439/© 2022 Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo. Publicado por Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e
Metabolismo. Este é um artigo Open Access sob uma licença CC BY-NC (https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/).
* Autor Correspondente / Corresponding Author.
E-Mail: saracostacorreia@live.com.pt (Sara Correia)
Rua Conceição Fernandes, S/N, 4434-502, Vila Nova de Gaia, Portugal
ABSTRACT
Growth hormone deciency can develop during childhood or adulthood, resulting from a variety
of causes. In childhood it typically results in abnormally slow growth and short stature. In turn, in
adulthood it is characterized by changes in metabolism, body composition, physical and psychoso-
cial function, decreased quality of life and an increase in cardiovascular morbidity and mortality.
Treatment with growth hormone replacement improves most of these changes. In Portugal, adult
patients eligible for treatment include those with an isolated somatropin deciency with pediatric
onset and adults with severe somatropin deciency in the context of multiple pituitary insufciency.
Treatment is provided free of charge by the National Health System. Approval for hospital prescrip-
tions must be submitted by the National Commission for the Normalization of Growth Hormone.
The risks and benets of therapy should always be discussed with each patient.
Growth Hormone Deciency in Adults: Indications and Dosage
Keywords:
Growth Disorders/drug therapy;
Human Growth Hormone/administration & dosage;
Human Growth Hormone/deciency.
134 Correia S / Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2022;17(3-4)
Introdução
Até 1985, a hormona do crescimento (HC) era escassa e so-
mente usada para o tratamento de crianças com problemas de cres-
cimento, sendo suspensa quando se atingia a estatura alvo preten-
dida.1 Nos adultos, a reposição da HC permaneceu um tema alvo
de controvérsia durante vários anos. O elevado custo da terapia, a
disponibilidade reduzida, a diculdade na realização de testes de
estimulação e as preocupações inerentes a possíveis efeitos adver-
sos a longo prazo foram alguns dos obstáculos que limitaram o seu
uso.2 Contudo, a evidência acumulada de benefícios na reversão
de várias alterações metabólicas, fez com que se pensasse na sua
reposição em determinados contextos.2 Atualmente, o déce da
HC no adulto é uma entidade clínica bem reconhecida com conse-
quências adversas à saúde, que inclui alterações do metabolismo,
da composição corporal, da função psicossocial e um aumento da
morbilidade e mortalidade cardiovascular.2-6 Em Portugal, desde
2017, a HC pode ser fornecida gratuitamente a adultos com déce
da HC isolado de início na idade pediátrica e em indivíduos com
déce da HC, no contexto de uma insuciência adenohiposária
múltipla, após o parecer favorável da Comissão Nacional para a
Normalização da Hormona do Crescimento (CNNHC).7 Esta co-
missão foi criada em 1992 e compete-lhe a denição e a individu-
alização das condições de administração da HC.8
Síntese da HC
A HC ou somatrona é uma proteína com 191 aminoácidos,
produzida pelas células somatotrócas na adeno-hipóse, sob in-
uência de estímulos com origem no hipotálamo, no intestino, no
fígado e nas gónadas.9-12 A secreção da HC é caracterizada por
pulsos episódicos ao longo do dia, intercalados com uma secre-
ção basal mínima.6,13 O principal pulso ocorre à noite, durante o
sono profundo.6,10 A nível do hipotálamo, são dois os peptídeos
principais que a regulam: a hormona hipotalâmica estimuladora
da HC (GHRH) ou somatorrelina e a hormona inibidora da li-
bertação da HC ou somatostatina.9,12 A síntese destas hormonas é
inuenciada por diversos neurotransmissores, tais como a seroto-
nina, a dopamina, a acetilcolina e a noradrenalina e por hormonas
periféricas, como a insulina e os glicocorticóides.11,12 A grelina,
oriunda do trato gastrointestinal e do núcleo ventromedial e arque-
ado do hipotálamo, vai atuar a nível do seu recetor hipotalâmico
e em sinergismo com a GHRH, induzir a secreção da HC.6,12,13 A
maioria da HC circula ligada a proteínas de transporte especí-
cas e apenas 20% circula na forma monomérica.12 Os efeitos da
HC podem resultar de uma ação direta, desencadeada pela sua
ligação ao respectivo receptor na membrana plasmática ou serem
mediados indirectamente pelo IGF-1.11,12,14,15 Tanto o IGF-1 como
a HC, exercem um mecanismo de feedback negativo a nível do
hipotálamo, regulando a sua síntese. Outros fatores como a idade,
o sexo, a puberdade, a alimentação, a atividade física, o estado
nutricional e o índice de massa corporal também inuenciam a
sua secreção.9-12 As mulheres apresentam níveis superiores de HC
comparativamente a indivíduos do sexo masculino da mesma ida-
de e estes são ainda afetados pela fase do ciclo menstrual, sendo
mais elevados na fase lútea.11,16 As concentrações da HC são mais
elevadas no período neonatal imediato, diminuem ao longo da in-
fância e aumentam novamente na puberdade, em consequência do
aumento da amplitude dos pulsos. Posteriormente, há um decrés-
cimo ao longo do processo de envelhecimento.12,14
Ação da HC
Os efeitos da HC são mediados essencialmente pelo IGF-1,
produzido a nível hepático e que atua nos tecidos periféricos como
cartilagem, músculo e osso, promovendo o crescimento linear
(ação anabólica) (Tabela 1).13 Os efeitos metabólicos ocorrem so-
bretudo pela ação direta da HC sobre o metabolismo dos hidratos
de carbono, dos lípidos e das proteínas.9,10,11,13,15
Descoberta da HC
O estudo da hipóse iniciou-se pela curiosidade inerente à
descrição de pessoas com gigantismo e características acromegá-
licas. Em 1912, Harvey Cushing concebe a existência da HC, des-
crevendo-a pela primeira vez no livro da sua autoria “A glândula
hiposária” e promovendo a partir daí, mais investigação nesta
área.6 A primeira metade do século XX é pautada por observa-
ções clínicas e estudos anatómicos e bioquímicos que permitiram
formar a base para o entendimento da estrutura da HC e o conhe-
cimento dos seus efeitos metabólicos.17 Em 1922 é descrita por
Evans e Long, o papel da glândula pituitária no crescimento, após
observação de um crescimento excessivo em ratinhos, aos quais
foi fornecido extracto de HC de origem bovina.19 Este período, foi
Tabela 1. Efeitos siológicos da HC e do IGF-1.
Ação da HC Ação do IGF-1
Composição corporal Diminuição da massa gorda, aumento da massa magra Evidência conituante- pode ter efeitos similares à HC
Desempenho físico Aumento da massa e força muscular, aumento do VO2
máximo e da frequência cardíaca máxima Aumento do VO2 máximo,
Efeito anabólico nos
músculos respiratórios
Aumento da massa ventricular esquerda com aumento
correspondente no débito cardíaco
Regulação dos tónus vascular. Níveis correlacionam-se
com hemoglobina, potenciando a entrega de oxigénio
Alterações cardiovasculares Aumento da massa ventricular esquerda com aumento
correspondente no débito cardíaco
Regulação dos tónus vascular. Níveis correlacionam-se
com hemoglobina, potenciando a entrega de oxigénio
Metabolismo da glicose Induz insulinorresistência, reduz a captação periférica da
glucose
Aumenta a sensibilidade à insulina a nível muscular e do
tecido adiposo
Gordura Lipólise com o aumento de ácidos gordos livres e glicerol ----
Proteínas Aumenta síntese proteica Aumenta síntese proteica
Osso Aumento do crescimento longitudinal do osso, aumento
da densidade mineral óssea Aumento do crescimento longitudinal do osso
HC: hormona do crescimento; IGF-1: fator de crescimento tipo insulina I; VO2: volume de oxigénio máximo.
135
Correia S / Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2022;17(3-4)
dedicado à puricação de preparações da HC de diferentes espé-
cies e à sua testagem em animais e humanos. Em 1932, Engelbach
inicia a reposição com HC de origem animal em crianças, contudo
sem sucesso, dada a especicidade da HC humana, que apenas foi
reconhecida anos mais tarde, em 1956, por Ernest Knobil. Nesse
ano, a HC humana é isolada no laboratório pela primeira vez por
Li e Papkoff na Califórnia e por Raben em Massachussetts.17 O
período seguinte (1958-1985), durante o qual a HC humana deri-
vada da hipóse foi usada, gerou um conhecimento mais aprofun-
dado sobre o seu papel siológico e permitiu o seu uso em crian-
ças.6,17 Contudo, dada a sua disponibilidade reduzida, o seu uso
era limitado e as crianças não podiam ser tratadas continuamente,
denindo-se um limite de altura de 152 cm.17,18 Em 1961, é fun-
dada nos Estados Unidos da América, a Agência Nacional da Hi-
póse, uma organização responsável por colectar as glândulas pi-
tuitárias a partir de cadáveres e pela sua distribuição, combatendo
assim o mercado negro que havia surgido. Outros países seguiram
este exemplo.18 Entre 1963 e 1985, 27 000 crianças foram tratadas
a nível mundial com HC humana, com excelentes resultados. Po-
rém em 1985, a Food and Drug Administration (FDA) foi noti-
cada de quatro casos de jovens adultos com doença de Creuzfeldt
Jacob, receptores de HC de origem humana na década de 1960.17
A conexão com a toma da HC na infância foi reconhecida e a sua
distribuição suspensa.17 A era seguinte caracterizou-se pela identi-
cação da estrutura bioquímica da HC e pelo surgimento da tecno-
logia recombinante que permitiu a simplicação da sua produção,
a distribuição em larga escala e eliminou os riscos inerentes ao
uso de derivados da hipóse humana.6,20 É também reconhecido o
benefício da HC recombinante em distúrbios que não o déce da
HC. O tratamento com HC para adultos foi aprovado pela FDA
em 1996.6,17 Em Portugal em 2010, foi aprovada a indicação para
adultos com déce da HC diagnosticada na infância e em 2017,
foi revisto o seu uso na população adulta.
Manifestações clínicas
As manifestações clínicas do déce da HC são variáveis e
dependem de vários fatores: a idade de início, a intensidade do
déce hormonal, o tempo decorrido desde o início da patologia, a
etiologia e a concomitância com outros déces hormonais.
No período neonatal o sintoma mais frequente é a hipoglice-
mia, que pode associar-se a convulsões. O recém-nascido pode
apresentar-se hipotérmico, com hiperbilirrubinemia conjugada e
prolongada e os meninos podem apresentar um micropénis.21
Na criança e adolescente pode manifestar-se por diminuição
na velocidade de crescimento, baixa estatura, implantação anóma-
la dos dentes e adiposidade troncular.13,14
No adulto caracteriza-se por sintomas e sinais inespecícos:
astenia, depressão, labilidade emocional, redução da massa ma-
gra, da força muscular, aumento da massa gorda, osteoporose, es-
teatose hepática, aumento do colesterol total, das lipoproteínas de
baixa densidade (LDL) e diminuição moderada das lipoproteínas
de alta densidade (HDL) (Tabela 2).3,19,22 A maior morbimortalida-
de cardiovascular relaciona-se, pelo menos em parte, à alta pre-
valência da síndrome metabólica.13 As alterações do metabolismo
dos hidratos de carbono são mais comuns em indivíduos obesos e
vericam-se nos indivíduos com índice de massa corporal (IMC)
normal de forma proporcional à adiposidade central. O excesso de
massa gorda parece ser a principal causa destas disfunções.22 Ape-
sar da heterogeneidade nos estudos, as alterações ósseas incluem
modicações na remodelação óssea e diminuição da densidade
mineral com aumento do risco de osteoporose e fratura.22,23 Os
doentes auto-percepcionam terem menos saúde e menos energia
do que os indivíduos saudáveis da mesma idade e aqueles com
início na infância e persistência na idade adulta têm manifestações
clínicas geralmente mais acentuadas.24,25
Etiologia
O déce da HC no adulto é frequentemente associado a le-
sões ocupantes de espaço na região hipotálamo-hiposária e/ou
relaciona-se com o tratamento desses tumores, na sequência de
cirurgia ou radioterapia.2,4,10,26 Outras causas encontram-se descri-
tas na Tabela 3. A secreção da HC é tipicamente a primeira a ser
afetada na maioria dos casos de hipopituitarismo.26,27 Quando a
deciência ocorre na infância devido a uma causa orgânica, esta
quase sempre persiste no adulto.28 Em contraste, a deciência
idiopática raramente persiste, não estando claro se o diagnóstico
foi erróneo ou se tratou de uma forma parcial ou transitória de
déce da HC.28,29 Podemos assim estabelecer três grupos de indi-
víduos adultos: aqueles com diagnóstico prévio de déce da HC
de início na infância, déce da HC adquirido e secundário a lesões
estruturais ou trauma e aqueles com déce idiopático.
Diagnóstico
Dada a inespecicade da sintomatologia no adulto, o diagnós-
tico pode ser um desao.10 A decisão de testar para o déce da
HC deve ser baseada num contexto clínico apropriado, com uma
elevada probabilidade pré teste e quando existe intenção de tra-
tamento.2,16,30 O diagnóstico requer assim a integração da história
clínica e de parâmetros laboratoriais e imagiológicos. O indivíduo
deve ser questionado sobre o seu crescimento (observando-se se
possível o boletim infantil de saúde) e sintomas sugestivos de ou-
tros déces hormonais.31 Antecedentes de exposição a radiação
craniana, déce da HC na infância, história de traumatismo cra-
niano ou infeção do sistema nervoso central, consanguinidade e/
ou um membro da família afetado devem também ser inquiridos.
Características dismórcas, particularmente defeitos da linha mé-
dia craniofacial, podem alertar para o atingimento da hipóse.14,21
Mas o exame físico pode não revelar nenhum achado signica-
tivo.16 A investigação laboratorial baseia-se na determinação do
Tabela 2. Manifestações clínicas da deciência da HC.
Deciência hormonal de HC Sinais e sintomas
Período neonatal Micropénis, hipoglicemia, hiperbilirrubinemia conjugada e prolongada
Crianças Atraso na velocidade de crescimento, atraso na maturação óssea, baixa estatura, implantação anómala dos dentes, adiposidade
abdominal, hipotroa muscular.
Adultos
Fraqueza, depressão, osteoporose, labilidade emocional, redução na massa magra e na capacidade para o exercício, aumento
da massa gorda (com distribuição predominantemente troncular), esteatose hepática, aumento do colesterol LDL e aumento do
risco de doença cardiovascular
Adaptada de Vilar L. Endocrinologia Clínica. 7ª ed. São Paulo: Guanabara Koogan; 2020.13
HC: hormona do crescimento; LDL: lipoproteínas de baixa densidade.
136
IGF-1 e nos testes de estimulação da HC.13,19 Os níveis basais de
HC são pouco úteis, dada a sua secreção pulsátil e semivida cur-
ta.9,32 Por sua vez, o IGF-1 varia relativamente pouco ao longo do
dia e a interpretação do seu nível deve ser adaptada ao género e à
idade.2,8 A presença de um IGF-1 baixo aumenta a probabilidade
de déce da HC, mas não conrma o diagnóstico, uma vez que
pode ser encontrado perante outras condições (desnutrição, doen-
ça hepática, hipotiroidismo, doença sistémica ou diabetes melli-
tus (DM) mal controlada).4,10,11,13 O IGF-1 tem também um baixo
valor diagnóstico particularmente em adultos acima de 40 anos,
dada a sobreposição dos níveis entre indivíduos saudáveis e com
déce da HC.2,14,22 Por outro lado, em até 30% dos casos de déce
da HC, o IGF-1 pode ser normal.4,13,32 Mas se a suspeita clínica
permanecer alta, os testes diagnósticos devem ser realizados. Pe-
rante um indivíduo bem nutrido e sem doença hepática, um IGF-1
baixo (< –2 desvio padrão) e pelo menos três deciências hormo-
nais pituitárias (não incluindo a HC), existe uma forte evidência
de déce da HC. Neste contexto, alguns autores, consideram a
realização de testes de estimulação opcionais, enquanto outros
defendem a realização de pelo menos um teste para conrmar o
diagnóstico.16 No caso de suspeita de déce isolado da HC ou hi-
popituitarismo parcial (uma suspeita de déce da HC mais um
déce hormonal hiposário adicional), os doentes devem ser sub-
metidos a dois testes provocativos para estabelecer o diagnóstico,
particularmente se o IGF-1 não for baixo.16,50 Estas provas devem
ser efetuadas numa unidade de Endocrinologia com experiência
na sua realização.4,10 Para indivíduos com diagnóstico de déce
da HC “de novo”, o passo seguinte consiste na realização de uma
RM da hipóse.29 A investigação genética não é realizada por ro-
tina, à excepção de um quadro clínico característico: uma falha no
crescimento precoce, história familiar positiva, altura mais do que
3 desvio padrão abaixo da média, valores de resposta aos testes de
estimulação da HC e níveis de IGF-1 muito baixos.14
Testes de estimulação
O diagnóstico do déce da HC exige a demonstração de um
aumento subnormal do pico sérico da HC em resposta a um ou
mais testes de estimulação. Atualmente, são vários os testes dispo-
níveis, enfatizando a complexidade envolvida na realização de um
diagnóstico preciso.16 Nenhum deles é ideal e a escolha deve ter
em consideração características individuais e a sua validade.10,16,33
O teste de tolerância à insulina (TTI) é considerado o teste de
eleição pelas principais directrizes internacionais.10,16 Caso contra-
-indicação, o teste com glucagon pode ser utilizado como alterna-
tiva.16,32 O teste combinado de GHRH e arginina, foi no passado
também realizado, contudo a descontinuação da produção do aná-
logo GHRH em 2008, levou à sua suspensão.30 O teste de cloni-
dina não é útil nos adultos, dado ser um secretagogo fraco.16 Os
testes de estimulação apresentam várias ressalvas: a variabilidade
inter-individual, os diferentes pontos de corte da HC dependendo
do teste usado, a relativa falta de dados normativos validados com
base na idade, no sexo, no IMC, na homeostase da glicose e para
as diversas etiologias do déce da HC.2,29 Falsos positivos podem
ser observados em indivíduos obesos e idosos.10 Com a idade, há
um declínio na produção da HC. No caso da obesidade, esta cor-
responde a um estado de déce da HC funcional, caracterizando-
-se por uma diminuição da secreção espontânea e estimulada da
HC, pelo que devem ser considerados pontos de corte especícos
de acordo com o IMC. A patogénese da redução da secreção da
HC na obesidade é desconhecida.16 Os níveis de IGF-1 não são
afetados, e acredita-se que essa discordância entre HC e IGF-1
seja o resultado do aumento da sensibilidade hepática à HC. Os
testes de estimulação devem ser assim evitados em indivíduos
obesos com baixa probabilidade pré-teste. A questão sobre qual o
teste de estimulação que deve ser usado num indivíduo obeso não
pode ser respondida de forma geral. O Endocrinologista deve ter
em consideração as ressalvas de cada teste e interpretar os resul-
tados, contextualizando com outros parâmetros, nomeadamente
com os valores IGF-1 ou a presença ou ausência de outras de-
ciências hormonais pituitárias. Caso deciência de uma ou mais
hormonas hiposárias, é necessário a sua reposição antes da reali-
zação de qualquer teste.16 Foi também descrita uma variabilidade
signicativa entre os doseamentos da HC obtidos com diferentes
imunoensaios.16,34 A HC circulante está presente em várias isofor-
mas, incluindo a variante mais comum de 22 kDa e outras molé-
culas menores, como a variante de 20 kDa.33 Um método analítico
especíco para a deteção da isoforma de 22 kDa é recomendado,
mas muitos ensaios ainda contêm anticorpos que detectam outras
formas circulantes.16 Outras moléculas semelhantes, como a HC
placentária e a prolactina podem reagir cruzadamente e afetar o
doseamento da HC. Neste sentido, todos os métodos analíticos
devem especicar a validação do seu ensaio, incluindo a especi-
cação das isoformas detectadas, as especicidades dos anticorpos
utilizados e a presença ou ausência de interferência proteica.16,33
Tabela 3. Causas de deciência da HC.
Congénita
Defeitos dos fatores de transcrição (PIT-1, PROP-1, LHX3/4, HESX-1,
PITX-2), mutações nos genes da HC, do recetor do GHRH
Mutações no receptor da HC
- Síndrome de Laron (Nanismo por insensibilidade à hormona do cresci-
mento)
Defeitos estruturais: agenesia do corpo caloso, displasia septo-óptica,
hidrocefalia, quisto aracnóide, Síndrome da sela turca vazia
Adquirida
Tumores da região hipotálamo-hipóse
- adenoma hiposário
- craniofaringeoma
- quisto da bolsa de Rathke
- glioma/astrocitoma
- germinoma
- cordoma
- meningioma
- metástase
Doenças inltrativas/granulomatosas (sarcoidose, tuberculose, hemocro-
matose, histiocitose de células de Langerhans)
Doenças inamatórias (hiposite)
Induzida por fármacos (inibidores do checkpoint imunitário, interferon-α,
quimioterápicos)
TCE
Hemorragia subaracnoideia
Acidente vascular cerebral
Infeções do sistema nervoso central (meningite, encefalite)
Síndrome de Sheehan
Pós-cirurgia da região hipotálamo-hipóse
Pós-radioterapia
Apoplexia hiposária
Idiopática
Adaptada de Yuen KC, et al. American Association of Clinical Endocrinologists and American College
of Endocrinology Guidelines for management of growth hormone deciency in adults and patients
transitioning from pediatric to adult Care. Endocr Pract. 2019;25:1191-232.2
HC: hormona do crescimento; GHRH: hormona hipotalâmica estimuladora da secreção da hormona do
crescimento; TCE: traumatismo crânio-encefálico.
Correia S / Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2022;17(3-4)
137
Correia S / Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2022;17(3-4)
Teste de tolerância à insulina
A fundamentação deste teste reside no facto da insulina, ao pro-
vocar hipoglicemia, desencadeia por estimulação α-adrenérgica, a
secreção de GHRH e HC, ACTH e cortisol. O procedimento exige
jejum de pelo menos 8 horas e consiste na administração endove-
nosa de insulina regular: indivíduos saudáveis: 0,10 U/kg; estados
de insulinorresistência, como na obesidade: 0,2 U/kg. Deve efetu-
ar-se colheita de sangue aos 0, 30, 60, 90 e 120 minutos e avaliar a
glicemia capilar, HC e cortisol séricos em todos os tempos.
Interpretação:
Estímulo válido de secreção HC: glicemia <40 mg/dL.
Déce de HC nos adultos: pico de resposta [HC] ≤5 µg/L.2,10
Déce da HC grave: [HC] ≤3 µg/L
Limitações: Perante uma DM descompensada, a prova não é
interpretável. Pode ocorrer hipoglicemia tardia.10,30 Dada a hipogli-
cemia e o risco de convulsão, há necessidade de supervisão médi-
ca.16 Está contra-indicada se antecedentes de convulsão/epilepsia,
patologia cardíaca isquémica ou cerebrovascular, gravidez e nos
idosos.16 Na maioria dos estudos realizados com o TTI, nunca foi
proposto um ponto de corte da HC relacionado com o IMC.35 Nal-
guns estudos, foi demonstrado que um cut off de 3 µg/L permite
a distinção entre indivíduos saudáveis e com déce da HC, mes-
mo perante condições que resultem numa redução da sua secreção,
como a idade e a obesidade.16 Em 2020, o Departamento de Endo-
crinologia, Diabetes e Metabolismo de Turin publicou um estudo
com doentes com antecedentes de doença hipotálamo-hiposária
em que deniu o ponto de corte da HC no TTI de acordo com o
IMC: 3,5 μg/L em indivíduos com IMC < 25 kg/m2 (sensibilidade
82,1%, especicidade 85,7%), 1,3 μg/L em indivíduos com excesso
de peso (sensibilidade 74,1%, especicidade 85,7%) e 2,2 μg/L em
indivíduos obesos (sensibilidade 90,0%, especicidade 50,0%).35
Os autores ressalvam contudo que o ponto de corte identicado em
indivíduos com excesso de peso e obesos é caracterizado por uma
acuidade diagnóstica muito reduzida, pelo que consideram que o
TTI pode não representar a ferramenta diagnóstica de primeira es-
colha nestes indivíduos.35 Mais estudos são necessários nesta área.
Teste de estimulação com glucagon
O mecanismo pelo qual o glucagon estimula a secreção de
HC é mal compreendido.34 O procedimento deve ser realizado em
jejum de pelo menos 8 horas e consiste em colher sangue aos 0
minutos, seguida da administração intramuscular de 1-1,5 mg de
glucagon (≤90 kg: 1 mg; >90 kg: 1,5 mg). De seguida, devem
ser efetuadas colheitas aos 30, 60, 90, 120, 150, 180, 210 e 240
minutos e avaliação da glicemia capilar, cortisol e HC séricos em
todos os tempos.34
Considera-se déce de HC nos adultos2:
[HC] <3 µg/L
1. IMC <25 kg/m2;
2. 25 kg/m2≤ IMC ≤30 kg/m2 se elevada suspeita clínica.
[HC] <1 µg/L
1. 25 kg/m2≤ IMC ≤30 kg/m2 se baixa suspeita clínica;
2. IMC >30 kg/m2.
Este teste tem uma sensibilidade e especicidade de 100%
em indivíduos normo- ponderais, é mais seguro nos idosos e tem
uma menor variabilidade com o género e o ciclo menstrual.30 Li-
mitações: Necessidade de múltiplas colheitas. Pode desencadear
cefaleias, diaforese, cólicas abdominais, náuseas, vómitos,10,16
hipotensão grave, hipoglicemia e convulsões.30 A resposta da HC
ao glucagon pode ser mais atenuada pela idade e pela obesidade
em comparação com o TTI.16 Em pacientes com intolerância à
glicose, a precisão diagnóstica deste teste permanece incerta.2 A
hiperglicemia foi associada com uma menor resposta de pico da
HC, mas mais estudos prospectivos são necessários.34
Teste de estimulação com macimorelina
A macimorelina é um agonista sintético do receptor da greli-
na, capaz de estimular a secreção da HC.10,32,36 Está disponível na
forma de grânulos que são dissolvidos em água e tomados por via
oral. A dose recomendada é de 0,5 mg/kg. De seguida, são recolhi-
das quatro amostras de sangue aos 30, 45, 60 e 90 minutos.10,33
Um aumento subnormal na concentração sérica da HC (<2,8
μg/L) conrma o déce da HC.33 Este parece ser um teste promis-
sor e atraente pela simplicidade na sua realização, alta reproduti-
bilidade, segurança e melhor tolerabilidade.33,36,37 Limitações: Os
efeitos secundários incluem um sabor amargo/metálico, cefaleias,
náuseas, tonturas e diarreia.33 Deve evitar-se o uso concomitante
com indutores do CYP3A4 e fármacos que prolonguem o interva-
lo QT.10,33 Mais estudos com idosos, obesos, DM e doenças renais
ou hepáticas, são necessários para determinar a sua sensibilidade
e especicidade nestas populações.34,37 Uma saqueta de macimo-
relina de 60 mg custa aproximadamente 4150 euros.13,33 Ainda não
se encontra disponível em Portugal.
Quem deve ser avaliado
Segundo as recomendações do Consenso para o Diagnóstico e
Tratamento com Déce da HC no Adulto de 2007, os indivíduos
que devem ser testados incluem aqueles com evidência de doença
hipotálamo-hiposária e nos quais há intenção de tratar4,10:
1. Indivíduos com sinais e sintomas de doença hipotálamo-
-hiposária
2. Indivíduos que realizaram radioterapia craniana ou cirurgia
envolvendo a região hipotálamo-hiposária
3. Indivíduos com TCE ou hemorragia sub-aracnóide
4. Indivíduos com antecedentes de déce da HC na infância,
na fase de transição para a idade adulta
A directriz da Endocrine Society de 2011 para a avaliação e tra-
tamento do déce da HC no adulto recomenda que indivíduos com
déce da HC prévio na infância sejam submetidos a uma reavaliação
do eixo somatotróco na fase de transição, após suspensão da tera-
pêutica pelo menos um mês. Perante a combinação de uma doença
hiposária ou hipotalâmica ou com uma causa genética conhecida,
múltiplas (≥3) deciências hormonais hiposárias e uma concen-
tração subnormal do IGF-1 (< -2 Z score do desvio padrão), pode
estabelecer-se o diagnóstico de déce da HC, sem necessidade de
realizar os testes adicionais.5,9,19,29,38 Caso etiologia idiopática, são re-
comendados dois testes para corroborar o diagnóstico.10 A maioria
das crianças quando retestadas têm uma função somatotróca nor-
mal, sem a necessidade de manter a reposição.16 Para indicações pe-
diátricas não- déce da HC, incluindo a deciência do gene SHOX,
tamanho pequeno para idade gestacional em pacientes que não alcan-
çam os percentis normais de crescimento, insuciência renal crónica,
síndrome de Turner ou Noonan e baixa estatura idiopática, a HC é
geralmente interrompida quando o crescimento linear é atingido, com
excepção do síndrome de Pradder Willi (SPW), que pode apresentar
um déce de HC. No caso do SPW, os adolescentes que param o tra-
tamento pioram ao longo do tempo relativamente aos parâmetros de
composição corporal. Assim, se com o tratamento com somatrona
se notarem melhorias, ou pelo menos estabilização, o tratamento é
mantido na idade adulta para regular a composição corporal.39,40
138
Indicações e contra-indicações para o uso da HC
Segundo as indicações da CNNHC de 2020, a HC pode ser
fornecida a doentes com déce da HC grave e com repercussão na
qualidade de vida (QV).41
Com base na evidência disponível, a denição de deciência
grave deve ser estabelecida de acordo com os seguintes pressu-
postos:
1. Na presença de lesões estruturais irreversíveis hipotálamo-
-hiposárias acompanhadas de hipopituitarismo, com pelo
menos 3 déces estabelecidos das hormonas segregadas na
hipóse (da HC e outras duas hormonas) e níveis de IGF-1
inferiores aos valores de referência para a idade e género
(< -2DP).
2. Perante um quadro clínico compatível com déce da HC na
sequência de traumatismo crânio-encefálico ou hemorragia
sub-aracnoideia.
3. Existência de déce da HC diagnosticado na infância e per-
sistente na idade adulta.
A terapêutica está contraindicada se doença maligna ativa, re-
tinopatia diabética proliferativa ou não proliferativa, hipertensão
intracraniana benigna, DM mal controlada, obesidade grau 3, ap-
neia do sono não tratada, psicose ativa, insuciência hepática ou
renal, gravidez e nos idosos (estas duas últimas não são consensu-
ais na literatura).4,13,41
Benefícios e riscos
Em vários estudos, a reposição da HC demonstrou efeitos be-
nécos a nível da composição corporal, da QV, da capacidade de
exercício, na integridade esquelética e na melhoria dos biomarca-
dores cardiovasculares.2,4,5,38 Polimorsmos a nível do recetor da
HC podem inuenciar a resposta individual ao tratamento.37 O seu
uso é considerado seguro.2,4 Dado o risco da HC induzir insulinor-
resistência, em doentes diabéticos pode ser necessário proceder
ao ajuste da terapêutica hipoglicemiante.38 A decisão de iniciar/
manter a terapêutica deve ser partilhada com o doente, equacio-
nando sempre os benefícios e riscos (Tabela 4).38 Em países como
a Alemanha, Brasil, Dinamarca e Holanda, a melhoria da QV foi
quanticada atráves da aplicação de um questionário – “Avalia-
ção da QV no déce da HC do Adulto” (QOL-AGHDA).42-44 Em
Portugal, não existe nenhum questionário validado na língua por-
tuguesa para avaliar a QV nestes pacientes. A adição destes ques-
tionários seria uma mais-valia na prática clínica.
Formulações da HC
Em Portugal, são comercializadas soluções injetáveis de HC
de administração diária (Tabela 5), não havendo diferenças entre
si. A toma deve ser à noite, de forma a simular a maior secre-
ção siológica da HC.4 Os custos podem alcançar os 6800 a 9
104 euros/ano para um doente com uma dose média de 0,5 mg/
dia.2,46 Apesar da elevada quantia, um estudo realizado na Suécia
em 2013 relata que esta é uma terapia economicamente rentável,
quando se considera a morbilidade e a mortalidade associadas ao
déce da HC.47 O facto da injeção ser diária pode tornar-se incon-
veniente a longo prazo.37,45 Nos últimos anos, alguns laboratórios
têm-se dedicado à síntese de formulações da HC de longa duração
que vão permitir reduzir a frequência da toma para semanal, quin-
zenal ou mensal e desta forma, melhorar a adesão terapêutica.45-49
Dose e titulação
Segundo as indicações da CNNHC, a dose inicial de HC
deve ser:
a) > 60 anos: 0,1- 0,2 mg/dia;
b) 30-60 anos: 0,2- 0,3 mg/dia;
c) < 30 anos: 0,4- 0,5 mg/dia;
d) Em doentes com DM ou anomalia da glicemia em jejum,
iniciar com 0,1-0,2 mg/dia.
A dose é titulada gradualmente, a cada 4-6 semanas, até à nor-
malização de IGF-1 sérico para a idade e sexo e posteriormente
a avaliação é semestral.20,38 Alguns estudos indicam que este deve
ser mantido entre o valor médio e o limite superior da norma-
lidade.4,5 Em média, indivíduos do sexo masculino necessitam
de 0,43 mg/dia e do sexo feminino de 0,53 mg/dia.13 A dose de
Tabela 4. Benefícios e riscos associados à terapêutica com HC.
Benefícios Riscos
Composição corporal Redução da massa gorda, aumento da massa magra,
aumento da força muscular
Aumento do IMC, perímetro abdominal e aumento do
índice cintura-anca
Metabolismo ósseo Aumento da DMO Efeito sobre incidência de fraturas não foi demonstrado
Qualidade de vida relacionada
com a saúde Melhor em questionários de qualidade de vida
Não há melhoria em todos os parâmetros relacionados
com a qualidade de vida.
Provável ausência de efeitos em doentes com qualidade
de vida normal.
Marcadores de risco
cardiovasculares
Aumento do colesterol HDL
Redução do colesterol total e LDL
Redução da pressão arterial diastólica
Redução da PCR
Redução da espessura da íntima-média carotídea
Redução da sensibilidade à insulina
Aumento da glicemia e insulinemia
Tendência a aumento da síndrome metabólica
Aumento da lipoproteína (a)
Eventos cardiovasculares Redução da incidência de enfartes agudos do miocárdio Tendência a um aumento dos AVC
Neoplasias
Não aumenta a taxa de recidiva ou progressão dos
tumores hipotálamo-hiposários.
Não aumenta o risco global de neoplasias.
Tendência a um aumento do risco de neoplasias em sobre-
viventes de cancro infantil tratados com HC na infância.
Mortalidade Tendência a diminuição da mortalidade global
e cardiovascular
Persistência de maior mortalidade em relação à população
geral em alguns estudos
Adaptada de: Díez JJ, et al. Benets and risks of growth hormone in adults with growth hormone deciency. Med Clín. 2014; 21;143:354-9.3
HC: hormona do crescimento; DMO: densidade mineral óssea; PCR: proteína C reativa; IMC: índice de massa corporal; AVC: acidente vascular cerebral..
Correia S / Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2022;17(3-4)
139
Correia S / Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2022;17(3-4)
manutenção raramente excede 1 mg/dia.13 Não é recomendada a
determinação da dose baseada no peso corporal, dada a variabili-
dade inter-individual na absorção, na sensibilidade à HC e na falta
de evidências de que uma dose de reposição maior seja necessária
em indivíduos com um maior IMC.2,45 Os efeitos secundários do
uso de HC recombinante incluem: edemas periféricos, cefaleias,
artralgias, síndrome do túnel cárpico, mialgias e parestesias. São
geralmente auto-limitados, dose dependentes e podem reque-
rer redução da dose.3,13 As mulheres devem preferir preparações
transdérmicas ou transvaginais de estrogénio, pois a toma oral an-
tagoniza os efeitos da HC, sendo necessário o uso de doses mais
elevadas, o que aumenta o custo do tratamento.13
Monitorização
No caso de ajuste da dose da HC, a avaliação deve ser rea-
lizada não antes de 6 semanas após a alteração.4 Deve também
ser monitorizada a glicose em jejum, a hemoglobina glicada e o
perl lipídico periodicamente (a cada 6-12 meses) ou após alte-
ração da dose.5 As funções tiroideia e adrenal devem também ser
vigiadas.13,38 A HC causa redução da T4 livre, associada ou não
à elevação dos níveis de T3. Assim, 36% a 47% dos pacientes
previamente eutiroideus podem necessitar da reposição de levo-
tiroxina após a introdução da HC.13 No déce da HC observa-se
um aumento da atividade da 11β-hidroxiesteroide desidrogenase
tipo 1 (HSD11B1), enzima que converte a inativa cortisona em
cortisol. Com a reposição da HC, cessa a hiperatividade da HS-
D11B1 e o hipocortisolismo pode tornar-se evidente.13 A avalia-
ção da composição corporal através de medidas antropométricas
deve ser realizada pelo menos anualmente. A densitometria óssea
deve ser realizada no início do estudo e a cada 2 anos.4 Em doentes
com história prévia de tumores da região hipotálamo-hipóse e
com doença residual, a ressonância magnética (RM) deve ser rea-
lizada 6 meses após o início da terapêutica. Na ausência de tumor
residual, a RM deve ser realizada 12 meses após.5
Conclusão
O diagnóstico de déce da HC na população adulta é um de-
sao. A decisão de testar deve ser baseada num contexto clínico
apropriado, com uma elevada probabilidade pré teste e quando
existe intenção de tratamento. O diagnóstico requer a integração
da história clínica e de parâmetros laboratoriais e imagiológicos.
Esta terapêutica está associada a um custo elevado para o sistema
de saúde, devendo ser equacionados os benefícios e riscos para o
indivíduo.
Contributorship Statement / Declaração de Contribuição:
SC: Pesquisa de literatura e escrita do texto.
JDS: Revisão crítica.
PT, GR e MJO: Revisão crítica e aprovação nal.
Todos os autores aprovaram a versão nal.
Responsabilidades Éticas
Conitos de Interesse: Os autores declaram não possuir conitos
de interesse.
Suporte Financeiro: O presente trabalho não foi suportado por
nenhum subsidio o bolsa ou bolsa.
Proveniência e Revisão por Pares: Não comissionado; revisão
externa por pares.
Ethical Disclosures
Conicts of Interest: The authors have no conicts of interest to
declare.
Financial Support: This work has not received any contribution
grant or scholarship.
Provenance and Peer Review: Not commissioned; externally
peer reviewed.
References / Referências
1. Vageesh SA. History of growth hormone terapy. Indian J Endocrinol
Metab. 2011; 15:162-5. doi: 10.4103/2230-8210.84852.
2. Yuen KC, Biller BM, Radovick S, Carmichael JD, Jasim S, Pantalone KM,
et al. American Association of Clinical Endocrinologists and American
College of Endocrinology Guidelines for management of growth hormone
deciency in adults and patients transitioning from pediatric to adult Care.
Endocr Pract. 2019;25:1191-232. doi: 10.4158/GL-2019-0405.
3. Díez JJ, Cordido F. Benets and risks of growth hormone in adults
with growth hormone deciency. Med Clín. 2014; 21;143:354-9. doi:
10.1016/j.medcli.2013.11.026.
4. Ho KK, 2007 GH Deciency Consensus Workshop Participants.
Consensus guidelines for the diagnosis and treatment of adults with GH
deciency II: a statement of the GH Research Society in association
Tabela 5. Formulações disponíveis em Portugal.
Titular Dosagens
disponíveis
Frequência da
administração
Via de
administração Apresentação Custos por caneta
Genotropin®Laboratórios Pzer, Lda. 5; 5,3; 12 mg/1 mL Diária Subcutânea Caneta pré cheia; cartucho 130,08€
Norditropin
Nordiex ®Novonorisk A/S 10; 15 mg/1,5 mL Diária Subcutânea Caneta pré cheia 250,60€; 369,69€
Saizen®
Saizen “Click Easy”®Merck, S.A.
5,83; 8 mg/mL
8 mg/1,37 mL
Diária Subcutânea; via
intramuscular Cartucho 138.71 €- 264.69 €
Humatrope®Lilly-Portugal, Produtos
Farmacêuticos, Lda.
12; 24 mg/3,15 mL
6 mg/3,17 mL Diária Subcutânea; via
Intramuscular Cartucho 369,69€
Omnitrope®Sandoz GmbH 5; 10 mg/1,5 mL Diária Subcutânea Caneta pré cheia 111,88€; 209,54€
Zomacton®Ferring Portuguesa Lda 4 mg/3,5 mL Diária Subcutânea Frasco 271,87 €
NutropinAq®Ipsen TLD 10 mg/2 mL Diária Subcutânea Cartucho 363,92€
140
with the European Society for Pediatric Endocrinology, Lawson Wilkins
Society, European Society of Endocrinology, Japan Endocrine Society,
and Endocrine Society of Australia, European Journal of Endocrinology.
Eur J Endocrinol. 2007;157: 695-700. doi: 10.1530/EJE-07-0631.
5. Díez JJ, Sangiao-Alvarellos S, Cordido F. Treatment with Growth
Hormone for Adults with Growth Hormone Deciency Syndrome:
Benets and Risks. International Journal of Molecular Sciences.
2018;19(3):893. doi: 10.3390/ijms19030893.
6. Ranke MB, Wit JM. Growth hormone - past, present and future. Nat Rev
Endocrinol. 2018;14:285-300. doi: 10.1038/nrendo.2018.22.
7. Dre.pt [homepage na Internet]. Portugal: Diário da República n.º
75/2019, Série I de 2019-04-16. Disponível em: https://data.dre.pt/eli/
port/117/2019/04/16/p/dre/pt/html.
8. Dre.pt [homepage na Internet]. Portugal: Diário da República n.º n.º
32/2018, Série II de 2018-02-14. Disponível em: https://dre.tretas.org/
dre/3244182/despacho-1569-2018-de-14-de-fevereiro.
9. Olarescu NC, Gunawardane K, Hansen TK, Møller N, Jørgensen JO.
Normal Physiology of Growth Hormone in Adults. In: Feingold KR,
Anawalt B, Boyce A, Chrousos G, de Herder WW, Dhatariya K, et al,
editors. Endotext [Internet]. South Dartmouth: MDText.com, Inc.; 2000.
[consultado 2021 Apr 22]. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/
books/NBK279056/.
10. Melmed S. Pathogenesis and Diagnosis of Growth Hormone Deciency
in Adults. New Engl J Med. 2019; 380: 2551-62. doi: 10.1056/
NEJMra1817346.
11. Cruzat VF, Júnior JD, Tirapegui J, Schneider CD. Hormônio do
crescimento e exercício físico: considerações atuais. Rev Brasil
Ciências Farmacêuticas. 2008;44:549-62. doi: 10.1590/S1516-
93322008000400003.
12. Nicholls AR, Holt RI. Growth Hormone and Insulin-Like Growth
Factor-1. Front Horm Res. 2016; 47:101-14. doi: 10.1159/000445173.
13. Vilar L. Endocrinologia Clínica. 7ª ed.São Paulo: Guanabara Koogan; 2020.
14. Jantarada CP. Deciência da hormona de crescimento- Análise
retrospetiva da casuística da Consulta de Endocrinologia Pediátrica do
Centro Hospitalar do Porto. 2015 [consultado 2022 Abr 22]. Disponível
em: https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/81742/2/37487.pdf.
15. Bidlingmaier M, Strasburger CJ. Growth hormone. Handb Exp Pharmacol.
2010;195:187-200. doi: 10.1007/978-3-540-79088-4_8.
16. Glynn N, Agha A. Diagnosing growth hormone deciency in adults. Int J
Endocrinol. 2012; 2012:972617. doi:10.1155/2012/972617.
17. Ayyar VS. History of growth hormone therapy. Indian J Endocrinol
Metab. 2011; 15 :162-5. DOI:10.4103/2230-8210.84852.
18. Cohen LE. Discovery of Growth Hormone and Synthesis of Recombinant
Human Growth Hormone. In: Cohen LE, editor. Growth Hormone
Deciency: Physiology and Clinical Management. 1st ed. Zurich:
Springer; 2016. p.1-4.
19. Fleseriu M, Hashim IA, Karavitaki N, Melmed S, Hassan MM, Salvatori
R, et al. Hormonal Replacement in Hypopituitarism in Adults: An
Endocrine Society Clinical Practice Guideline. J Clin Endocrinol Metab.
2016; 101:3888–921. doi: 10.1210/jc.2016-2118.
20. Cai Y, Xu M, Yuan M, Liu Z, Yuan W. Developments in human growth
hormone preparations: sustained-release, prolonged half-life, novel
injection devices, and alternative delivery routes. Int J Nanomed. 2014;
9:3527-3538. doi: 10.2147/IJN.S63507.
21. Ogilvy-Stuart A. Growth Hormone Deciency from Birth to 2 Years of
Age: Diagnostic specics of GHD during the early phase of life. Horm
Res. 2003; 60: 2-9. doi: 10.1159/000071219.
22. Marques CM. Tratamento da deciência de somatropina no adulto. 2016
[consultado 2022 Abr 22]. Disponível em: https://estudogeral.uc.pt/
bitstream/10316/33571/1/Trabalho%20Final%20de%206%C2%BA%20
Ano%20%20com%20refer%C3%AAncias%20bibliogr%C3%A1cas.pdf.
23. Rosén T, Wilhelmsen L, Landin-Wilhelmsen K, Lappas G, Bengtsson
BA. Increased fracture frequency in adult patients with hypopituitarism
and GH deciency. Eur J Endocrinol.1997; 137:240. doi: 10.1530/
eje.0.1370240.
24. McGauley GA. Quality of life assessment before and after growth
hormone treatment in adults with growth hormone deciency. Acta
Paediatr Scand. 1989;356:70. doi: 10.1111/j.1651-2227.1989.tb11249.x.
25. Koranyi J, Svensson J, Götherström G, Sunnerhagen KS, Bengtsson B,
Johannsson G. Baseline characteristics and the effects of ve years of
GH replacement therapy in adults with GH deciency of childhood or
adulthood onset: a comparative, prospective study. The J Clin Endocrinol
Metab. 2001;86:4693. doi: 10.1210/jcem.86.10.7896.
26. Tanriverdi F, Kelestimur F. Classical and non-classical causes of GH
deciency in adults. Best Pract Res Clin Endocrinol Metab. 2017;31:3-
11. doi: 10.1016/j.beem.2017.02.001.
27. Shalet SM, Toogood A, Rahim A, Bernadette MB. The diagnosis of
growth hormone deciency in children and adults. Endocr Rev. 1998; 19:
203-23. doi: 10.1210/edrv.19.2.0329.
28. Penta L, Coni M, Lucchetti L, Zenzeri L, Leonardi A, Lanciotti L, et
al. Growth Hormone Therapy During the Transition Period: Should We
Think About Early Retesting in Patients with Idiopathic and Isolated GH
Deciency? Int J Environ Res Public Health. 2019;16:307. doi: 10.3390/
ijerph16030307.
29. Stanley T. Diagnosis of growth hormone deciency in childhood.
Current Opin Endocrinol Diabetes Obes. 2012;19:47-52. doi: 10.1097/
MED.0b013e32834ec952.
30. Yuen KC, Tritos NA, Samson SL, Hoffman AR, Katznelson L. American
Association of Clinical Endocrinologists and American College of
Endocrinology Disease State Clinical review: Update on growth hormone
stimulation testing and proposed revised cut-point for the glucagon
stimulation test in diagnosis of adult growth hormone deciency. Endocr
Pract. 2016; 22:1235-44. doi: 10.4158/EP161407.
31. Boguszewski MC. Growth hormone deciency and replacement in
children. Rev Endocr Metab Disord. 2021; 22:101-8. : 10.1007/s11154-
020-09604-2.
32. Tritos NA, Biller BM. Current concepts of the diagnosis of adult growth
hormone deciency. Rev Endocr Metab Disord. 2021;22:109-16. doi:
10.1007/s11154-020-09594-1.
33. Hoeck HC, Vestergaard P, Jakobsen PE, Laurberg P. Test of growth
hormone secretion in adults: poor reproducibility of the insulin tolerance
test. Eur J Endocrinol. 1995;133:305-12. doi: 10.1530/eje.0.1330305.
34. Yuen KC. Growth Hormone Stimulation Tests in Assessing Adult Growth
Hormone Deciency. Endotext [Internet]. South Dartmouth: MDText.
com; 2000 [consultado 2021 Apr 22]. Disponível em: https://www.ncbi.
nlm.nih.gov/books/NBK395585/.
35. Gasco V, Ferrero A, Bisceglia A, Prencipe N, Cambria V, Bioletto F,
et al. The Cut-off Limits of Growth Hormone Response to the Insulin
Tolerance Test Related to Body Mass Index for the Diagnosis of Adult
Growth Hormone Deciency. Neuroendocrinology. 2021; 111:442-450.
doi: 10.1159/000508103.
36. Piccoli F, Degen L, MacLean C, Peter S, Baselgia L, Larsen F, et al.
Pharmacokinetics and pharmacodynamic effects of an oral ghrelin agonist
in healthy subjects. J Clin Endocrinol Metab. 2007;92:1814. doi: 10.1210/
jc.2006-2160.
37. Yuen KCJ, Llahana S, Miller BS. Adult growth hormone deciency: clinical
advances and approaches to improve adherence. Expert Rev Endocrinol
Metab. 2019;14:419-36. doi: 10.1080/17446651.2019.1689119.
38. Molitch ME, Clemmons DR, Malozowski S, Merriam GR, Vance ML,
Endocrine Society. Evaluation and treatment of adult growth hormone
deciency: an Endocrine Society clinical practice guideline. J Clin
Endocrinol Metab. 2011; 96:1587-1609. doi: 10.1210/jc.2011-0179.
39. Piloto E. Tratamento da Síndrome de Prader-Willi com Somatropina
Recombinante: Uma Revisão da Literatura. Rev Port Endocrinol Diabetes
Metab. 2017; 12:206-14. doi: 10.1016/j.rpedm.2016.10.011.
40. Deal CL, Tony M, Höybye C, Allen DB, Tauber M, Christiansen JS, 2011
Growth Hormone in Prader-Willi Syndrome Clinical Care Guidelines
Workshop Participants. Growth Hormone Research Society workshop
summary: consensus guidelines for recombinant human growth hormone
therapy in Prader-Willi syndrome. J Clin Endocrinol Metab. 2013;
98(6):E1072-87. doi: 10.1210/jc.2012-3888.
41. Comissão Nacional de Normalização da Hormona do Crescimento.
Tratamento com somatotropina no adulto. Lisboa: CNNHC; 2020.
42. Kołtowska-Haggstrom M, Hennessy S, Mattsson AF, Monson JP, Kind
P. Quality of life assessment of growth hormone deciency in adults
(QoL-AGHDA): comparison of normative reference data for the general
population of England and Wales with results for adult hypopituitary
patients with growth hormone deciency. Horm Res. 2005;64:46-54. doi:
10.1159/000087444.
43. Webb SM. Measurements of quality of life in patients with growth
hormone deciency. J Endocrinol Invest. 2008;31:52-5.
44. McKenna SP, Wilburn J, Twiss J, Crawford SR, Hána V, Karbownik-
Lewinska M, et al. Adaptation of the QoL-AGHDA scale for adults with
growth hormone deciency in four Slavic languages. Health Qual Life
Outcomes. 2011 2;9:60. doi: 10.1186/1477-7525-9-60.
45. Miller BS, Velazquez E, Yuen KCJ. Long-Acting Growth Hormone
Preparations - Current Status and Future Considerations. J Clin Endocrinol
Metab. 2020; 105:e2121–33. doi: 10.1210/clinem/dgz149.
46. Vance ML. Can growth hormone prevent aging? New Engl J Med. 2003;
348:779-80. doi: 10.1056/NEJMp020186.
47. Bolin K, Sandin R, Koltowska-Häggström M, Loftus J, Prütz C, Jonsson
B. The cost-effectiveness of growth hormone replacement therapy
Correia S / Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2022;17(3-4)
141
Correia S / Rev Port Endocrinol Diabetes Metab. 2022;17(3-4)
(Genotropin®) in hypopituitary adults in Sweden. Cost Eff Resour Alloc.
2013;11:24. doi: 10.1186/1478-7547-11-24.
48. Johansson JO, Wirén L, Oscarsson J, Bengtsson BA, Gudmundur J.
Growth hormone (GH) replacement in GH-decient adults: a crossover
trial comparing the effect on metabolic control, well-being and compliance
of three injections per week versus daily injections. Growth Horm IGF
Res. 2003; 13: 306-15. doi: 10.1016/S1096-6374(03)00041-8.
49. Yuen K, Bradley M, Boguszewski Cesar L and, Hoffman AR. Usefulness
and Potential Pitfalls of Long-Acting Growth Hormone Analogs. Front
Endocrinol. 2021; 12: 1664-2392. doi:10.3389/fendo.2021.637209.
ResearchGate has not been able to resolve any citations for this publication.
Article
Full-text available
Daily recombinant human GH (rhGH) is currently approved for use in children and adults with GH deficiency (GHD) in many countries with relatively few side-effects. Nevertheless, daily injections can be painful and distressing for some patients, often resulting in non-adherence and reduction of treatment outcomes. This has prompted the development of numerous long-acting GH (LAGH) analogs that allow for decreased injection frequency, ranging from weekly, bi-weekly to monthly. These LAGH analogs are attractive as they may theoretically offer increased patient acceptance, tolerability, and therapeutic flexibility. Conversely, there may also be pitfalls to these LAGH analogs, including an unphysiological GH profile and differing molecular structures that pose potential clinical issues in terms of dose initiation, therapeutic monitoring, incidence and duration of side-effects, and long-term safety. Furthermore, fluctuations of peak and trough serum GH and IGF-I levels and variations in therapeutic efficacy may depend on the technology used to prolong GH action. Previous studies of some LAGH analogs have demonstrated non-inferiority compared to daily rhGH in terms of increased growth velocity and improved body composition in children and adults with GHD, respectively, with no significant unanticipated adverse events. Currently, two LAGH analogs are marketed in Asia, one recently approved in the United States, another previously approved but not marketed in Europe, and several others proceeding through various stages of clinical development. Nevertheless, several practical questions still remain, including possible differences in dose initiation between naïve and switch-over patients, methodology of dose adjustment/s, timing of measuring serum IGF-I levels, safety, durability of efficacy and cost-effectiveness. Long-term surveillance of safety and efficacy of LAGH analogs are needed to answer these important questions.
Article
Full-text available
Growth hormone deficiency (GHD) is a rare but treatable cause of short stature. The diagnosis requires a careful evaluation of clinical history, physical examination and appropriate interpretation of longitudinal growth, with specific features for each period of life. Other clinical findings, in addition to growth failure, may be present and can be related to the etiology and to associated hormone deficiencies. Despite more than 50 years since the first reports of provocative tests of growth hormone (GH) secretion for the diagnosis of GHD, the interpretation of the results remains a matter of debate. When GHD is confirmed, GH treatment is recommended. Treatment is effective and safe, but requires daily injections during many years, which can affect adherence. At the end of longitudinal growth, during the transition phase, it might be necessary to re-evaluate GH secretion. This review summarizes and updates the recent information related to GHD in children, as well the recommendations for treatment.
Article
Full-text available
In adults, growth hormone (GH) deficiency is associated with increased visceral adiposity, decreased lean body mass, bone mineral density and exercise capacity, dyslipidemia, insulin resistance, increased cardiometabolic and fracture risk, and impaired quality of life. The aim of the present article is to review the diagnosis of GH deficiency in adults. To avoid overdiagnosis of GH deficiency, it is critical to evaluate only patients at risk for pituitary dysfunction, including those who have had sellar masses, pituitary surgery, radiation therapy, traumatic brain injury, subarachnoid hemorrhage or childhood onset GH deficiency. Evaluation for GH deficiency should be undertaken after testing and replacement of other pituitary hormone deficits. Since GH secretion is pulsatile, measuring serum GH levels randomly is not helpful in establishing the diagnosis of GH deficiency. Serum insulin-like growth factor I (IGF-I) levels lack substantial diurnal variation but also lack sufficient sensitivity and specificity in the diagnosis of GH deficiency in adults. However, adults with multiple (≥3) additional pituitary hormone deficiencies, risk factors for hypopituitarism and low serum IGF-I levels are very likely to be GH deficient. In most cases, the diagnosis of GH deficiency requires stimulation testing. These tests involve the administration of a pharmacologic agent that normally stimulates GH release from pituitary somatotrophs, including insulin, glucagon, growth hormone releasing hormone-arginine or macimorelin, followed by sampling of serum specimens at regular intervals for GH assay. Patients with a peak GH level that is below a predetermined cutpoint are classified as GH deficient. A systematic approach to the diagnosis of GH deficiency is essential in order to accurately identify adults who may benefit from GH replacement.
Article
Full-text available
To investigate growth hormone (GH) secretion at the transition age, retesting of all subjects who have undergone GH replacement therapy is recommended when linear growth and pubertal development are complete to distinguish between transitional and persistent GH deficiency (GHD). Early retesting of children with idiopathic and isolated GHD (i.e., before the achievement of final height and/or the adult pubertal stage) can avoid possible over-treatment. Here, we report data from our population with idiopathic and isolated GHD to encourage changes in the management and timing of retesting. We recruited 31 patients (19 males) with idiopathic GHD who received recombinant GH (rGH) for at least 2 years. All of the patients were retested at the transition age at least 3 months after rGH discontinuation. Permanent GHD was defined as a GH peak of <19 ng/mL after administration of growth hormone–releasing hormone (GHRH) + arginine as a provocative test. Permanent GHD was confirmed in only five of 31 patients (16.13%). None of these patients presented low serum insulin-like growth factor (IGF)-1 levels (<−2 standard deviation score (SDS)). Only one male patient with an IGF-1 serum level lower than −2 SDS showed a normal GH stimulation response, with a GH peak of 44.99 ng/mL. Few patients with idiopathic and isolated GHD demonstrated persistence of the deficit when retested at the transition age, suggesting that the timing of retesting should be anticipated to avoid overtreatment.
Article
Full-text available
Pharmacological treatment of growth hormone deficiency (GHD) in adults began in clinical practice more than 20 years ago. Since then, a great volume of experience has been accumulated on its effects on the symptoms and biochemical alterations that characterize this hormonal deficiency. The effects on body composition, muscle mass and strength, exercise capacity, glucose and lipid profile, bone metabolism, and quality of life have been fully demonstrated. The advance of knowledge has also taken place in the biological and molecular aspects of the action of this hormone in patients who have completed longitudinal growth. In recent years, several epidemiological studies have reported interesting information about the long-term effects of GH replacement therapy in regard to the possible induction of neoplasms and the potential development of diabetes. In addition, GH hormone receptor polymorphism could potentially influence GH therapy. Long-acting GH are under development to create a more convenient GH dosing profile, while retaining the excellent safety, efficacy, and tolerability of daily GH. In this article we compile the most recent data of GH replacement therapy in adults, as well as the molecular aspects that may condition a different sensitivity to this treatment.
Article
Introduction: The diagnosis of GH deficiency (GHD) in adults is based on a reduced GH response to provocative tests, such as the insulin tolerance test (ITT) and the GHRH + arginine (ARG) test. However, the cut-off limits of peak GH response in lean subjects are not reliable in obese patients; this is noteworthy since adult GHD is often associated with obesity. To date there are no cut-offs to ITT related to body mass index (BMI). Objective: Aim of this study was to evaluate the diagnostic cut-offs of GH response to ITT in function of BMI. Methods: The GH responses to ITT were studied in 106 patients with history of hypothalamic-pituitary disease [age (mean ± S.D.): 48.2 ± 12.4 years; BMI: 26.8 ± 6.1 kg/m2]. Patients were divided into lean, overweight and obese subjects according to BMI. The lack of GH response to GHRH + ARG test was considered the gold standard for the diagnosis of GHD. The best GH cut-off to ITT, defined as the one with the best sensitivity (SE) and specificity (SP), was identified using the receiver-operating characteristic curve (ROC) analysis. Results: The best GH cut-off to ITT was 3.5 μg/l in lean subjects (SE 82.1%, SP 85.7%), 1.3 μg/l in overweight subjects (SE 74.1%, SP 85.7%) and 2.2 μg/l in obese subjects (SE 90.0%, SP 50.0%). The diagnostic accuracy was 97.2, 76.5 and 76.7% respectively. Conclusions: Our data show that ITT represents a reliable diagnostic tool for the diagnosis of adult GHD, in lean subjects, if an appropriate cut-off limit is assumed. Overweight and obesity strongly reduce GH response to ITT, GH BMI related cut-off limits and diagnostic reliability of the test.
Article
Objective: The development of these guidelines is sponsored by the American Association of Clinical Endocrinologists (AACE) Board of Directors and American College of Endocrinology (ACE) Board of Trustees and adheres with published AACE protocols for the standardized production of clinical practice guidelines (CPG). Methods: Recommendations are based on diligent reviews of clinical evidence with transparent incorporation of subjective factors, according to established AACE/ACE guidelines for guidelines protocols. Results: The Executive Summary of this 2019 updated guideline contains 58 numbered recommendations: 12 are Grade A (21%), 19 are Grade B (33%), 21 are Grade C (36%), and 6 are Grade D (10%). These detailed, evidence-based recommendations allow for nuance-based clinical decision-making that addresses multiple aspects of real-world care of patients. The evidence base presented in the subsequent Appendix provides relevant supporting information for the Executive Summary recommendations. This update contains 357 citations of which 51 (14%) are evidence level (EL) 1 (strong), 168 (47%) are EL 2 (intermediate), 61 (17%) are EL 3 (weak), and 77 (22%) are EL 4 (no clinical evidence). Conclusion: This CPG is a practical tool that practicing endocrinologists and regulatory bodies can refer to regarding the identification, diagnosis, and treatment of adults and patients transitioning from pediatric to adult-care services with growth hormone deficiency (GHD). It provides guidelines on assessment, screening, diagnostic testing, and treatment recommendations for a range of individuals with various causes of adult GHD. The recommendations emphasize the importance of considering testing patients with a reasonable level of clinical suspicion of GHD using appropriate growth hormone (GH) cut-points for various GH–stimulation tests to accurately diagnose adult GHD, and to exercise caution interpreting serum GH and insulin-like growth factor-1 (IGF-1) levels, as various GH and IGF-1 assays are used to support treatment decisions. The intention to treat often requires sound clinical judgment and careful assessment of the benefits and risks specific to each individual patient. Unapproved uses of GH, long-term safety, and the current status of long-acting GH preparations are also discussed in this document. LAY ABSTRACT This updated guideline provides evidence-based recommendations regarding the identification, screening, assessment, diagnosis, and treatment for a range of individuals with various causes of adult growth-hormone deficiency (GHD) and patients with childhood-onset GHD transitioning to adult care. The update summarizes the most current knowledge about the accuracy of available GH–stimulation tests, safety of recombinant human GH (rhGH) replacement, unapproved uses of rhGH related to sports and aging, and new developments such as long-acting GH preparations that use a variety of technologies to prolong GH action. Recommendations offer a framework for physicians to manage patients with GHD effectively during transition to adult care and adulthood. Establishing a correct diagnosis is essential before consideration of replacement therapy with rhGH. Since the diagnosis of GHD in adults can be challenging, GH–stimulation tests are recommended based on individual patient circumstances and use of appropriate GH cut-points. Available GH–stimulation tests are discussed regarding variability, accuracy, reproducibility, safety, and contraindications, among other factors. The regimen for starting and maintaining rhGH treatment now uses individualized dose adjustments, which has improved effectiveness and reduced reported side effects, dependent on age, gender, body mass index, and various other individual characteristics. With careful dosing of rhGH replacement, many features of adult GHD are reversible and side effects of therapy can be minimized. Scientific studies have consistently shown rhGH therapy to be beneficial for adults with GHD, including improvements in body composition and quality of life, and have demonstrated the safety of short- and long-term rhGH replacement. Abbreviations: AACE = American Association of Clinical Endocrinologists; ACE = American College of Endocrinology; AHSG = alpha-2-HS-glycoprotein; AO-GHD = adult-onset growth hormone deficiency; ARG = arginine; BEL = best evidence level; BMD = bone mineral density; BMI = body mass index; CI = confidence interval; CO-GHD = childhood-onset growth hormone deficiency; CPG = clinical practice guideline; CRP = C-reactive protein; DM = diabetes mellitus; DXA = dual-energy X-ray absorptiometry; EL = evidence level; FDA = Food and Drug Administration; FD-GST = fixed-dose glucagon stimulation test; GeNeSIS = Genetics and Neuroendocrinology of Short Stature International Study; GH = growth hormone; GHD = growth hormone deficiency; GHRH = growth hormone–releasing hormone; GST = glucagon stimulation test; HDL = high-density lipoprotein; HypoCCS = Hypopituitary Control and Complications Study; IGF-1 = insulin-like growth factor-1; IGFBP = insulin-like growth factor–binding protein; IGHD = isolated growth hormone deficiency; ITT = insulin tolerance test; KIMS = Kabi International Metabolic Surveillance; LAGH = long-acting growth hormone; LDL = low-density lipoprotein; LIF = leukemia inhibitory factor; MPHD = multiple pituitary hormone deficiencies; MRI = magnetic resonance imaging; P-III-NP = procollagen type-III amino-terminal pro-peptide; PHD = pituitary hormone deficiencies; QoL = quality of life; rhGH = recombinant human growth hormone; ROC = receiver operating characteristic; RR = relative risk; SAH = subarachnoid hemorrhage; SDS = standard deviation score; SIR = standardized incidence ratio; SN = secondary neoplasms; T3 = triiodothyronine; TBI = traumatic brain injury; VDBP = vitamin D-binding protein; WADA = World Anti-Doping Agency; WB-GST = weight-based glucagon stimulation test
Article
Introduction: There have been significant clinical advances in the understanding of the diagnosis and benefits of long-term recombinant human growth hormone (rhGH) replacement in adults with GH deficiency (GHD) since its approval in 1996 by the United States Food and Drug Administration. Areas covered: We searched PubMed, Medline, CINAHL, EMBASE and PsychInfo databases between January 2000 and June 2019 for published studies evaluating adults with GHD. We reviewed the data of the oral macimorelin test compared to the GHRH plus arginine and the insulin tolerance tests that led to its approval by the United States FDA and European Medicines Agency for adult diagnostic testing. We summarize the clinical advances of long-term benefits of rhGH therapy and the potential effects of GH receptor polymorphisms on individual treatment responsiveness. We identify that non-adherence and discontinuation rates are high and recommend strategies to support patients to improve adherence. We also provide an overview of several long-acting GH (LAGH) preparations currently under development and their potential role in improving treatment adherence. Expert opinion: This article summarizes recent clinical advances in rhGH replacement therapy, the biological and molecular aspects that may influence rhGH action, and offers practical strategies to enhance adherence in adults with GHD.
Article
Context Long-acting growth hormone (LAGH) preparations are currently being developed in an attempt to improve adherence. The profile of growth hormone (GH) action following administration of LAGH raises practical questions about clinical monitoring, and long-term safety and efficacy of these new therapeutic agents. Evidence Acquisition Recent literature and meeting proceedings regarding LAGH preparations are reviewed. Evidence Synthesis Multiple LAGH preparations are currently at various stages of development allowing for decreased GH injection frequency from daily to weekly, bi-weekly, or monthly. Following administration of LAGH, the serum peak and trough GH and IGF-I levels vary depending upon the mechanism used to prolong GH action. Randomized, controlled clinical trials of some LAGH preparations have reported non-inferiority compared to daily recombinant human GH (rhGH) for improved growth velocity and body composition in children and adults with GH deficiency (GHD), respectively. No significant LAGH-related adverse events have been reported during short-term therapy. Conclusions Multiple LAGH preparations are proceeding through clinical development with some showing promising evidence of short-term clinical efficacy and safety in children and adults with GHD. The relationship of transient elevations of GH and IGF-I following administration of LAGH to efficacy and safety remain to be elucidated. In order for LAGH to replace daily rhGH in the treatment of individuals with GHD, a number of practical questions need to be addressed including methods of dose adjustment, timing of monitoring of IGF-I, safety, efficacy and cost-effectiveness. Long-term surveillance of efficacy and safety of LAGH preparations will be needed to answer these clinically relevant questions.
Article
Growth hormone synthesis and physiology are discussed in the context of recombinant growth hormone use in adults. Growth hormone assessment in adults with possible growth hormone deficiency is considered. Randomized, controlled trials and personalized efficacy markers are needed.