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CLIMA E DENGUE: uma ajuda para compreender a epidemia na cidade do Rio de Janeiro

Authors:
  • Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu, RJ, Brasil

Abstract and Figures

Este trabalho propõe analisar a relação entre o comportamento climático dacidade do Rio de Janeiro/RJ com a ocorrência dos casos de dengue durante os anos de 2010 até 2014, nos bairros Alto da Boa Vista e Santa Cruz, localizados nas Zonas Norte e Oeste, respectivamente. No aspecto climático, a pesquisa analisou as médias de temperaturas e os totais de pluviosidade para ambos os bairros, observando a correlação com os casos de dengue registrados mensalmente. Concluiu que o período mais favorável à deflagração da dengue ocorreu no outono, por obter os melhores limiares térmicos e pluviométricos ao vetor.
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Artigo recebido em: 08/02/2018 Aprovado em: 09/05/2018
CLIMA E DENGUE: uma ajuda para
compreender a epidemia na cidade do
Rio de Janeiro
Henderson da Silva Neiva1
Cristiane Cardoso2
Resumo
Este trabalho propõe analisar a relação entre o comportamento climático da
cidade do Rio de Janeiro/RJ com a ocorrência dos casos de dengue durante os
anos de 2010 até 2014, nos bairros Alto da Boa Vista e Santa Cruz, localizados
nas Zonas Norte e Oeste, respectivamente. No aspecto climático, a pesquisa
analisou as médias de temperaturas e os totais de pluviosidade para ambos os
bairros, observando a correlação com os casos de dengue registrados mensal-
mente. Concluiu que o período mais favorável à de agração da dengue ocorreu
no outono, por obter os melhores limiares térmicos e pluviométricos ao vetor.
Palavras-chave: Climatologia, dengue, Rio de Janeiro.
1 Graduado em Geogra a, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Geogra a pela
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Membro do Grupo de Estudos
e Pesquisa em Educação Ambiental, Diversidade e Sustentabilidade (GEPEADS). E-mail:
hendersonsn@hotmail.com / Endereço: Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro -
UFRRJ: Avenida Governador Robeto Silveira, s/n, Moquetá, Nova Iguaçu, RJ. CEP: 26210-
210.
2 Licenciada e Bacharel em Geogra a, Doutora em Geogra a pela Universidade Federal
Fluminense, Professora Associada I do Curso de Geogra a e do Programa de Pós-Graduação
em Geogra a e do Programa de Pós-Graduação em Práticas em Desenvolvimento
Sustentável da UFRRJ, membro do GEPEADS. E-mail:
cristianecardoso1977@yahoo.
com.br
MESAS TEMÁTICAS COORDENADAS
AMBIENTE, SAÚDE E POLÍTICAS PÚBLICAS EM TEMPOS
DE CRISE SOCIOAMBIENTAL
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Henderson da Silva Neiva | Cristiane Cardoso
CLIMATE AND DENGUE FEVER: an aid to understand the
epidemic in the city of Rio de Janeiro
Abstract
is study aims to analyze the relation between the climatic behavior and the
occurrence of dengue fever cases in the city of Rio de Janeiro/RJ. Speci cally to
the years of 2010 until 2014, in the neighborhoods Alto da Boa Vista and Santa
Cruz, located at North and West Zones, respectively. About the climatic aspect,
the research analyzed the temperatures averages and the total of rainfall in both
neighborhoods, observing the relation with dengue fever cases registered each
month.  e conclusion was that the best period during the year to the develo-
pment of dengue fever is on autumn, due to the best temperature and rainfall
threshold.
Key words: Climatology, dengue fever, Rio de Janeiro.
1 INTRODUÇÃO
A dengue corresponde a um dos maiores problemas de saúde
pública nas cidades do Brasil e do mundo, sendo mais intensi cada
em países de clima tropical. Isto ocorre porque as condições climáti-
cas favorecem a proliferação do vetor e do vírus causador da doença,
especialmente quando associado a alguns aspectos socioeconômicos
existentes na maioria das cidades localizadas na faixa tropical do glo-
bo terrestre.
Tal característica é impulsionada por serem países que pas-
saram por um processo de urbanização tardio e muito acelerado,
levando a uma infraestrutura urbana inadequada às realidades lo-
cais, propiciando a existência de condições essenciais a diversos
problemas socioambientais, dentre eles, as doenças causadas por
vetores. (MENDONÇA; SOUZA; DUTRA, 2009). Ainda mais por
essas enfermidades serem muito in uenciadas por fatores como o
saneamento básico, hábitos da população urbana, o precário sistema
de políticas públicas e a ausência de uma efetiva conscientização da
população.
Com isso, o presente trabalho busca contribuir para a discus-
são das condições climáticas (temperatura e o total de precipitação
pluviométrica) existentes na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, que
propiciam o desenvolvimento epidemiológico da dengue, analisando
como a mesma varia dentro do espaço geográ co da capital  umi-
nense. Além da variação espacial dos casos de dengue, é investigada
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a sazonalidade mensal que a doença possui, buscando identi car os
períodos de cada ano mais suscetíveis à ocorrência de casos.
Essa atenção a diferentes bairros é justi cada pelo fato de ha-
ver uma heterogeneidade de totais de casos entre os bairros e zonas
administrativas. Devido a isso, o recorte espacial da pesquisa é cen-
trado na análise climática e epidemiológica em dois bairros, sendo
eles, o Alto da Boa Vista, localizado na Zona Norte, e o Santa Cruz,
na Zona Oeste (Figura 1).
Figura 1 – Localização da área de estudo
Fonte: Elaborado pelo autor Neiva (2016) com base nas informações da Base cartográ ca da Pre-
feitura da Cidade do Rio de Janeiro – Instituto Pereira Passos e Instituto Brasileiro de Geogra a
e Estatística (IBGE).
No ato de investigação atentou-se à diferença da heterogenei-
dade do espaço urbano dos mesmos, além das condições térmicas e
pluviométricas especí cas de ambos os bairros, que são favoráveis ou
não à manifestação da doença.
A escolha dos bairros Alto da Boa Vista e Santa Cruz foi im-
pulsionada tanto pela diferença da intensidade da manifestação da
doença entre eles, como pela disponibilidade dos dados climáticos e
epidemiológicos para estes dois bairros, apresentando boa cobertu-
ra, especialmente, entre os anos de 2010 e 2014, o que motivou este
recorte temporal para a pesquisa.
O período entre 2010 e 2014 também foi motivado pelo com-
portamento da dengue na cidade, pois durante estes quatro anos
houve uma grande oscilação no total de noti cações de casos de den-
gue na cidade do Rio de Janeiro, alcançando uma epidemia no ano
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Henderson da Silva Neiva | Cristiane Cardoso
de 2012 com 130.412 casos, enquanto que em 2010 houve o registro
de 3.268 casos e em 2014 o total de 2.649, de acordo com a Secretaria
Municipal de Saúde da cidade do Rio de Janeiro.
Portanto, esta pesquisa busca evidenciar que a saúde humana
está muito atrelada à saúde do espaço geográ co em que os sujeitos
se encontram, pois ambos devem ser vistos de forma integrada. Des-
se modo, através da Geogra a da Saúde e da Climatologia Médica,
busca-se evidenciar que os elementos naturais proporcionam con-
dições favoráveis (ou não) a determinadas doenças, assim como as
intervenções humanas no meio antes natural podem ser favoráveis
(ou não) à redução dos riscos e vulnerabilidades socioambientais.
2 O CLIMA DA CIDADE RIO DE JANEIRO
O espaço geográ co está em alteração contínua a  m de aten-
der aos objetivos da população ali presente. Com isso, a frequente
alteração da forma, função e estrutura espaciais, a partir de distintos
processos realizados com os avanços das técnicas (SANTOS, 1996),
resultam na alteração da camada atmosférica mais próxima desta
urbanidade, desencadeando o clima urbano próprio (MONTEIRO,
1976).
Isto é, compreender o clima de uma cidade é entender que
esta caracterização climática não está livre de in uências antrópicas,
mas representa o processo de evolução urbana particular a cada mu-
nicípio. Por isso, o estudo do clima urbano tem de estar atento aos
condicionantes socioeconômicos necessários para a sua existência.
Dessa forma, pode-se compreender que a atmosfera carioca
atual é resultado de toda a evolução urbano-histórica pelo qual a ca-
pital  uminense vem passando no decorrer dos anos, especialmente
a partir da década de 1980, devido ao processo de urbanização ace-
lerada pelos quais as cidades dos países subdesenvolvidos passaram,
denominada por Milton Santos (1993) como urbanização corpora-
tiva.
Porém, se deve enfatizar que não apenas de processos urbanos
o clima da cidade do Rio de Janeiro é constituído, mas sim, da rela-
ção indissociável entre o fato natural (fatores climáticos naturais) e o
fato social (a urbanidade). (MONTEIRO, 1976; BRANDÃO, 2013).
Sobre os fatores determinantes naturais, o clima carioca é for-
temente determinado pela sua posição no globo terrestre, maritimi-
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dade, nível do mar, relevo intraurbano, sistemas atmosféricos e aos
diferentes tipos de uso e cobertura da terra.
Quanto à localização, a cidade do Rio de Janeiro está situada
em uma latitude média, entre as latitudes 22º 74’ 58’’ S e 23º 07’ 34’’ S,
e entre as longitudes 43º 10’ 36’’ O e 43º 74’ 65’’ O, o que determina a
sua localização na zona tropical do planeta, recebendo forte radiação
solar ao longo do ano.
Somado a isto, o fato de estar ao nível do mar e ser ba-
nhada pelo oceano atlântico, o que determina a forte in uência da
maritimidade sobre o controle da amplitude térmica diária, dos altos
valores de umidade relativa do ar e da posição favorável à atuação de
distintas massas de ar e centros de ação atmosféricos. Isto promove
frequentemente o “[...] con ito entre os sistemas atmosféricos pola-
res e intertropicais.” (BRANDÃO, 2013, p. 125).
Portanto, o seu clima é caracterizado como um Clima Tropi-
cal Aw, de acordo com a classi cação de Köppen, que é a utilizada
como referência nesta pesquisa. Este modelo de classi cação climá-
tica utiliza “[...] um conjunto de letras maiúsculas e minúsculas para
designar os grandes grupos climáticos, os subgrupos ou ainda as
subdivisões que indicam características especiais sazonais.” (MEN-
DONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007, p. 119).
A cidade do Rio encontra-se no grande grupo de Climas tro-
picais chuvosos e no subgrupo Clima de savana. A primeira letra – A
– corresponde à temperatura, onde o mês mais frio apresenta tempe-
raturas médias acima de 18ºC. Já a segunda letra – w – corresponde
à distribuição da precipitação pluviométrica ao longo das estações,
que para este caso, representa chuvas de verão. Ou seja, há um maior
regime de chuva durante os meses mais quentes – novembro a mar-
ço. (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007).
De forma a ilustrar esta abordagem, é notável, de acordo com
a Figura 2, que nos meses de novembro a abril há a ocorrência de
temperaturas médias máximas (TMA) acima de 27ºC e médias míni-
mas (TMI) em torno dos 23ºC, já de maio a setembro ocorrem TMA
em torno dos 25ºC e TMI em torno dos 18ºC.
Isso demonstra que não há uma grande amplitude térmica ao
longo das estações, há uma amenização da temperatura de maio a se-
tembro, ocorrendo uma pequena variação no decorrer do ano entre
as TMA e TMI, não sendo superior a 10ºC. A exceção ocorre apenas
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ao comparar a TMA de fevereiro com a TMI de julho, quando che-
gou à maior amplitude térmica média, 11,8ºC.
Essa variação da temperatura não muito acentuada não está
associada apenas à latitude da cidade, mas principalmente, pela ma-
ritimidade, pois, de acordo com Mendonça e Danni-Oliveira (2007,
p. 48), os oceanos “[...] são fundamentais na ação reguladora da tem-
peratura e da umidade dos climas. Além de servirem como princi-
pais fornecedores de água para a Troposfera, controlam a distribui-
ção de energia entre oceanos e continentes”. Ou seja, a proximidade
ao oceano atua como um regulador higrométrico e térmico.
Figura 2 - Grá co das médias de temperaturas máxima e mínima e do
total de precipitação pluviométrica para a cidade do Rio de Janeiro
Fonte: Elaborado pelo autor Neiva (2016) com base nas informações do Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET).
Já o total pluviométrico possui uma amplitude maior ao longo
do ano. Sobre tal, durante os meses de dezembro a março há registros
médios acima de 100 mm mensais na maior parte da cidade.
Dentre os fatores locais que têm maior participação na diver-
sidade microclimática da capital  uminense, há o relevo, a proximi-
dade ao oceano e a urbanização, que afetam as variações termohigro-
métricas e pluviométricas entre os bairros.
Quanto ao relevo, a cidade do Rio de Janeiro possui três gran-
des maciços, sendo eles, o da Tijuca, o da Pedra Branca e o do Mara-
picú-Gericinó-Mendanha – conforme evidenciado na Figura 3 – que
possuem forte in uência nas características microclimáticas de algu-
mas áreas da cidade.
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na cidade do Rio de Janeiro
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Os maciços vão determinar a circulação do ar que ocorre na
cidade, pois atuam como barreiras e corredores para tal. Portanto, há
um fenômeno climático de forte incidência na CRJ que é a presença
de áreas a barlavento e a sotavento na dinâmica de circulação do ar,
determinadas devido à presença dos maciços e as respectivas posi-
ções das suas vertentes.
Na CRJ a brisa marítima não atinge toda a cidade de forma
igualitária; isto se dá pelo fato de a brisa marítima encontrar os ma-
ciços da Tijuca e o da Pedra Branca como barreiras naturais.
Dessa forma, os bairros que estão nas vertentes sul destes ma-
ciços, ou seja, os bairros litorâneos (Zona Sul e parte da orla da Zona
Oeste) terão uma amenidade climática causada devido ao frescor
originário desta brisa. Já a Zona Norte e parte dos bairros da Zona
Oeste que estão compreendidos entre os maciços da Pedra Branca e
do Mendanha terão uma circulação do ar muito falha, predominan-
do momentos de calmaria, além do maior aquecimento e resseca-
mento do ar que chega nestes pontos da cidade após atravessarem os
maciços, a sotavento. (SERRA; RATISBONNA, 1941).
Outro aspecto muito relevante nas condições climáticas da
cidade do Rio é a urbanização, sendo responsável pelo desencadea-
mento das ilhas de calor e frescor na cidade, resultando em varrições
signi cativas entre os bairros.
De acordo com a Figura 3, é notável como há áreas da cida-
de com elevadas estimativas de temperatura de superfície terrestre
(ETST) enquanto outras estão com valores bastante inferiores. As
áreas da cidade que apresentaram as maiores ETST são aquelas em
que apresentam as maiores densidades demográ cas e a maior ocu-
pação urbana, evidenciado na Figura 4. Estas estão presentes majo-
ritariamente nas Zonas Norte e Oeste da cidade do Rio de Janeiro.
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Henderson da Silva Neiva | Cristiane Cardoso
Figura 3 - Estimativa da temperatura de superfície terrestre
na cidade do Rio de Janeiro/RJ no dia 31/01/2016
Fonte: Organizado pelo autor Neiva (2017) com base nas informações da Prefeitura da Cidade do
Rio de Janeiro – Instituto Pereira Passos, IBGE e USGS.
Os bairros da maior parte da Zona Norte, especialmente
aqueles mais próximos da Baixada Fluminense (limite com os muni-
cípios vizinhos), e aqueles na Zona Oeste entre os maciços da Pedra
Branca e do Mendanha concentram majoritariamente o intervalo de
ETST “superior a 37.6 ºC”.
Sobre os maciços os menores valores, encontrando-se ali
encravado no Maciço da Tijuca o bairro Alto da Boa Vista. Já o Santa
Cruz, no outro extremo da cidade, encontra-se ao nível do mar e
possui uma ocupação de área construída muito maior que o Alto da
Boa Vista (Figura 4).
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na cidade do Rio de Janeiro
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Figura 4 - Uso e cobertura da terra na cidade do Rio de Janeiro/RJ em 2016
Fonte: Organizado pelo autor Neiva (2017) com base nas informações da Prefeitura da Cidade do
Rio de Janeiro – Instituto Pereira Passos, IBGE e USGS.
As áreas com a maior cobertura vegetal são aquelas sobre os
maciços, já as baixadas da Guanabara e de Sepetiba, onde está a prin-
cipal ocupação do espaço geográ co da cidade, é notável a maior
presença da cobertura urbano, assim como os maiores valores de
ETST (Figura 3).
Portanto, nota-se que a temperatura terrestre é apresentada de
forma mais acentuada no bairro Santa Cruz do que no Alto da Boa
Vista, assim como possui maior cobertura urbana que o segundo,
que apresenta maior cobertura de vegetação.
Quando analisamos a média do padrão termopluviométrico,
como evidenciado na Tabela 1, dos bairros Alto da Boa Vista e Santa
Cruz entre 2010 e 2013, percebemos que o primeiro apresenta maior
amenidade da temperatura do ar, enquanto o segundo apresenta
maiores valores de temperatura. Isto é justi cado tanto pela maior
altitude do Alto da Boa Vista em relação ao Santa Cruz como pelo
aspecto do uso e cobertura da terra distintos entre ambos.
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Tabela 1 - Temperaturas médias máximas e mínimas (2010 - 2013)
Bairros TMA TMI
Santa Cruz 29,7ºC 20,2ºC
Alto da Boa Vista 26,4ºC 18,1ºC
Fonte: Organizado pelo autor Neiva (2017) com base nas informações do Portal GeoRio.
Inversamente proporcional à temperatura, enquanto o Alto
da Boa Vista apresenta os menores valores de temperatura, ele vai
apresentar os maiores totais pluviométricos anuais, enquanto que o
Santa Cruz apresenta totais de chuva inferiores a 1.000 mm, em mé-
dia, do que o ABV (Tabela 2).
Tabela 2 - Média do total pluviométrico (2010 - 2013)
1º semestre 2º semestre Total anual
Alto da Boa Vista 1.354,2 mm 1.058,4 mm 2.412,6 mm
Santa Cruz 893, 9 mm 474,8 mm 1.368,7 mm
Fonte: Organizado pelo autor Neiva (2017) com base nas informações do Portal GeoRio.
Por  m, é evidente como os bairros da cidade do Rio variam
bastante entre si, possuindo uma diversidade microclimática e en-
tre os dois especi camente analisados nesta pesquisa, o Alto da Boa
Vista se comporta mais como uma ilha de frescor perante ao Santa
Cruz, melhor caracterizado como uma ilha de calor urbana carioca.
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
Como procedimento para o desenvolvimento desta pesqui-
sa, foi realizado primeiramente um levantamento bibliográ co nas
áreas da Climatologia, principalmente, nas subáreas de Climatologia
Urbana (MONTEIRO, 2013) e Climatologia Médica (SANT’ANNA
NETO; ALEIXO; SOUZA, 2012; MENDONÇA, 2000, 2010), assim
como um embasamento sobre comportamento da dengue em si,
analisando a dinâmica de ocorrência da mesma, os seus ciclos bio-
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lógicos e outras características particulares. (TEIXEIRA BARRETO;
GUERRA, 1999; MORIN; COMRIE; ERNST, 2013).
Esse referencial sobre as particularidades da doença foi essen-
cial para elencar os elementos climáticos da temperatura e precipi-
tação nesta análise climática, pois os autores os consideram como
os principais in uenciadores climáticos sobre o vetor Aedes aegypti.
Foi realizada a análise dos dados climáticos, tais como as tem-
peraturas médias mínimas e médias máximas e os totais de pluviosi-
dade mensais, da cidade do Rio de Janeiro – com ênfase nos bairros
Alto da Boa Vista e Santa Cruz - no período de 2010 até 2014, para
poder analisar a variação desses dados por mês e depois uma com-
paração entre os anos.
Esses dados foram obtidos a partir do Portal Geo Rio1, do Ins-
tituto Nacional de Meteorologia (INMET)2 e do Sistema Alerta Rio3.
Posteriormente, foram tabulados a partir do so ware Microso Ex-
cel 2010. os dados a respeito do total de casos noti cado da dengue
foram coletados a partir da Secretaria Municipal de Saúde (SMS)4,
onde há o número de casos anuais e com detalhamento de cada mês
por divisão administrativa e bairros da capital  uminense.
Por conseguinte, a elaboração dos mapas foi executada a par-
tir da aquisição das bases cartográ cas obtidas pelo banco de dados
cartográ cos do Instituto Pereira Passos (IPP)5, Portal Geo Rio6 e
pelo Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística (IBGE)7. Já a ima-
gem de satélite, classi cada a partir de técnicas de sensoriamento
remoto, foi obtida do satélite Landsat 8, para o ano de 2016, a partir
do site do United States Geological Survey (USGS)8. O processo de
classi cação da imagem de satélite para obter os mapas de cober-
tura da terra e a estimativa da temperatura de superfície terrestre
foi realizado através do plugin Semi Automatic Classi cation Plugin,
utilizado no so ware Quantum Gis, versão 2.1.8.
4 A DINAMICA DA DENGUE NA CAPITAL FLUMINENSE
(2010 - 2014)
Quando se fala das in uências climáticas sobre a ocorrên-
cia da dengue, é importante compreender de que forma os elemen-
tos climáticos afetam os principais personagens desta dinâmica de
transmissão da doença: (sendo eles,) o vetor Aedes aegypti, o vírus
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da dengue e os seres humanos. A efetiva ocorrência da doença é dada
a partir da forte interação entre essas três partes.
Há limiares térmicos e pluviométricos favoráveis à ocorrên-
cia da dengue. No aspecto térmico, o limiar de temperatura ideal
para esse desenvolvimento se encontra entre o intervalo de 20ºC até
30ºC. Entretanto, em 90% dos mosquitos, a 27ºC o vetor atinge o
pico ótimo de desenvolvimento. Acima disso o valor máximo supor-
tado para o seu desenvolvimento é de 34ºC até a fase adulta, pois
temperaturas maiores que estas provocam retardamento do processo
devido à redução das taxas de evolução particular de cada fase.
Assim, o gradativo resfriamento a partir de 27ºC provoca len-
tidão nesse processo, parando totalmente a aproximadamente 9ºC. O
período total para alcançar a fase adulta é de aproximadamente uma
semana em períodos com o ótimo térmico (27ºC), e em torno de 22
dias fora deste intervalo, especialmente em dias mais frios (BESER-
RA et al., 2006; MORIN; COMRIE; ERNST, 2013).
No âmbito pluviométrico, a chuva participa como um grande
in uenciador da dinâmica sazonal da doença. Porém este atua de
forma mais indireta, que a chuva vai ser responsável apenas por
propiciar locais que podem se tornar habitat dos mosquitos. A chuva
em excesso é desfavorável, pois em muitos casos acaba destruindo o
recipiente ou retirando as larvas dos próprios recipientes devido ao
possível transbordamento. (IBARRA et al., 2013).
Sobre isso Mendonça, Roseghini e Castelhano (2012) cha-
mam a atenção para a importância das chuvas intermitentes, porque
chuvas consecutivas di cultam a capacidade de voo do mosquito e,
como abordado anteriormente, o seu excesso pode interromper o ci-
clo de reprodução.
Com isso, nos bairros Alto da Boa Vista e Santa Cruz foi no-
tado que a temperatura foi reconhecida como a principal reguladora
da variação dos casos de dengue a cada mês nos dois bairros, tendo
como limar térmico favorável entre 19ºC e 31ºC, conforme a Tabela
3.
CLIMA E DENGUE: uma ajuda para compreender a epidemia
na cidade do Rio de Janeiro
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Tabela 3 - Temperaturas, totais pluviométricos e meses identi cados nos bairros
Alto da Boa Vista e Santa Cruz favoráveis à noti cação de casos de dengue
Bairro – Fator de
análise Anos analisados
2010 2011 2012 2013 2014
STC – Intervalo
térmico
31,7ºC
20,5ºC
31,3ºC
21,6ºC
30,2ºC
21,2ºC
30,8º
20,1ºC
30,1ºC
19ºC
STC – Intervalo
pluviométrico
179,3 mm
116,2 mm
215,9 mm
115,6 mm
105,7 mm
106,6 mm
261 mm
138,2 mm
68,6 mm
48,6 mm
STC – Mês mais
epidêmico Dezembro Abril Abril Março Maio
ABV – Intervalo
térmico NI 27,5ºC
19,2ºC
29,1ºC
19,3ºC
27,7ºC
19,2ºC NI
ABV – Intervalo
pluviométrico NI 331,8 mm
178,8 mm
244 mm
124 mm
448,6 mm
140,2 mm NI
ABV – Mês mais
epidêmico Outubro Abril Abril Março NI
Nota: NI – Não identi cado.
Fonte: Elaborado pelo autor Neiva (2016).
Já de forma mais especí ca a cada bairro, o Alto da Boa Vista
possui temperaturas mais amenas do que o Santa Cruz, e em rela-
ção ao total pluviométrico, o Alto da Boa Vista apresenta os maiores
valores mensais. Porém, na escala local, no ABV, nenhum mês com
média mínima inferior a 19ºC obteve o maior registro de casos, pois
este foi o mínimo favorável para este bairro; já em relação à média
máxima favorável, não foi superior a 29ºC. Para o Santa Cruz, os
limiares térmicos ótimos são superiores tanto na mínima como na
máxima, sendo predominantemente na faixa dos 20ºC e 30ºC, res-
pectivamente.
Em relação às in uências da precipitação, foi reconhecida uma
relação em outra escala de tempo daquela observada para a tempera-
tura, pois foi notada uma in uência na escala mais semestral, porque
em todos os anos epidêmicos notou-se a maior concentração dos ca-
sos no semestre mais chuvoso, que se trata do primeiro, englobando
os meses de janeiro até junho. Por isso, os meses cujos totais pluvio-
métricos médios se encontram entre 121,02 mm e 231,86 mm foram
os mais favoráveis à disseminação da doença; já os meses com totais
pluviométricos inferiores a 100 mm e muito superiores a 300 mm
apresentaram tendência à redução dos casos (Tabela 3).
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Henderson da Silva Neiva | Cristiane Cardoso
Notou-se que a análise dos estudos sobre a relação entre as
variáveis climáticas e a dengue deve ser acompanhada da valorização
de quatro fatores essenciais: a temperatura, a chuva, os ciclos biológi-
cos e os hábitos da população local. Devem-se evitar os determinis-
mos, seja ambiental ou social, (mas sim) e valorizar a pluralidade de
fatores que desencadeia a dengue.
Por m, cou evidenciado que diferentemente do ideário
popular sobre o verão ser a estação mais vulnerável para a popula-
ção ter a dengue, a estação que se demonstrou mais favorável foi o
outono, englobando os meses de março, abril e maio como os mais
suscetíveis para ambos os bairros. E foi notada maior in uência das
utuações de temperatura na escala mensal, e para a chuva na semes-
tral, à manifestação da dengue.
5 CONCLUSÃO
A cidade do Rio de Janeiro está localizada numa latitude mé-
dia, na zona tropical do planeta, o que justi ca a recepção de grandes
taxas de insolação ao longo do ano. Associado a isso, vários fatores
geográ cos locais, diferentes usos e coberturas de solo desencadeiam
numa diversidade de climas existentes, muitas vezes favoráveis ao
aparecimento do mosquito da dengue. Associadas, a esses elemen-
tos, as práticas culturais/socais/políticas estabelecidas nesse espaço
proporcionam as grandes crises epidemiológicas na cidade.
Para tal estudo, considera-se de suma importância reconhecer
a necessidade de uma análise multifacetada das possíveis causas à
ocorrência da dengue, assim como qualquer outro fenômeno estu-
dado na Geogra a, mas em especial quando se trata da relação dos
estudos geográ cos atrelados à saúde e à existência de determinadas
doenças de cunho socioambiental tão forte. Por isso é que nos estu-
dos de Geogra a da Saúde, em muitos momentos, há diálogos com
outras ciências além da Geogra a, como a Biologia e a Epidemiolo-
gia, o que evidencia o caráter plural dessa problemática.
Por  m, foi observado que há sazonalidade da ocorrência da
doença tanto por in uência térmica como pluviométrica, porém em
escalas diferenciadas, sendo importante compreender que os estres-
ses térmico e hídrico podem ocorrer tanto por excesso como por
redução exacerbada desses elementos climáticos. Isso favoreceu, em
especial nos anos com maiores registros de casos (2011, 2012 e 2013),
a sazonalidade concentrada no trimestre março abril – maio, meses
CLIMA E DENGUE: uma ajuda para compreender a epidemia
na cidade do Rio de Janeiro
1149
que apresentavam a combinação desses elementos climáticos mais
suscetíveis à contaminação da população.
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Notas:
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2
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http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=clima/
normaisclimatologicas
>. Acesso em: 3 mar. 2016.
3
Disponível em:<http://alertario.rio.rj.gov.br/>. Acesso em: 5 maio 2016.
4
Disponível em:<
http://www.rio.rj.gov.br/web/sms
>. Acesso em: 15 fev. 2016.
5
Disponível em:<
http://www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/
> Acesso em: 10 fev. 2016.
6
Disponível em:<
http://portalgeo.rio.rj.gov.br/mapa_digital_rio/
>. Acesso em: 10 fev.
2016.
7
Disponível em:<
http://mapas.ibge.gov.br/
>. Acesso em: 10 fev. 2016.
8
Disponível em:<
http://earthexplorer.usgs.gov/
>. Acesso em: 10 fev. 2016.
... Já nos períodos mais frios e secos esse número diminui. Segundo Neiva e Cardoso, (31) A partir dos mapas na Figura 2, observa-se que a densidade populacional parece exercer papel fundamental para explicar as epidemias de dengue, haja vista que as regiões com maiores notificações de casos são as que apresentam as maiores concentrações de habitantes. A respeito disso, Cabral e Freitas (33) apontam que um número maior de indivíduos, por km 2 , em uma região contribui para uma maior chance de contato com o vetor, ao encontrar grupos maiores de suscetíveis. ...
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Objetivo: detectar a presença de agrupamentos espaço-temporais dos casos de dengue em Três Corações, Minas Gerais, Brasil, utilizando informações da localização e do tempo de cada ocorrência e a série histórica da precipitação pluviométrica do período de estudo. Métodos: o método Kernel foi utilizado para estimar a intensidade dos casos, enquanto a função K espaço-temporal e o método de varredura foram utilizados para detectar o padrão e identificar agrupamentos, respectivamente. Resultados: a partir dos 2.818 casos observados, verificou-se que a maior parte desses ocorreu no final dos períodos chuvosos. Também foi detectada a presença de agrupamentos de casos, principalmente na Região Central da cidade. Uma razão para a formação de agrupamentos pode ser devido à maior densidade populacional das regiões afetadas. Conclusão: os resultados mostram que indivíduos que moram em regiões densamente povoadas são mais propensos a contrair dengue. Os métodos estatísticos utilizados permitiram caracterizar a distribuição espaço-temporal dos casos de dengue e também podem ser utilizados para analisar outras doenças endêmicas ou pandêmicas, o que pode contribuir para as políticas de prevenção e combate à proliferação dessas doenças.
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O presente estudo tem por objetivo desenvolver um índice de vulnerabilidade socioambiental a partir de casos confirmados de dengue, considerando a intenção de espacializar e analisar os números de casos de pessoas infectadas conforme o grau de vulnerabilidade socioambiental no município do Rio de Janeiro, no período de 2007 a 2017. Dessa forma, foram selecionados dois bairros da Zona Sul – Copacabana e Jardim Botânico – e dois bairros da Zona Oeste – Guaratiba e Santa Cruz. Para isto, foram estabelecidas e analisadas variáveis do Censo 2010 (IBGE) por meio da elaboração do Índice de Vulnerabilidade Socioambiental e a confecção de mapas temáticos por setor censitário em ambiente do Sistema de Informação Geográfica. Em seguida, os dados foram analisados pelo método estatístico Análise das Componentes Principais (ACP), com intenção de identificar quais variáveis assumiram maior peso no Índice de Vulnerabilidade Socioambiental. De acordo com os resultados obtidos pela ACP, a infraestrutura e a diferença de renda foram as principais consequências relacionadas ao grau de vulnerabilidade à luz dos casos confirmados de dengue. Em geral, os bairros de Guaratiba e Santa Cruz, localizados na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, apresentaram maiores números de casos de pessoas infectadas e apresentaram maior grau de Vulnerabilidade Socioambiental quando comparados aos bairros de Copacabana e Jardim Botânico, localizados na Zona Sul da cidade.
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Climate influences dengue ecology by affecting vector dynamics, agent development, and mosquito/human interactions. While these relationships are known, the impact climate change will have on transmission is unclear. Climate-driven statistical and process-based models are being used to refine our knowledge of these relationships and predict the effects of projected climate change on dengue fever occurrence, but results have been inconsistent. We identify major climatic influences on dengue virus ecology and evaluate the ability of climate-based dengue models to describe associations between climate and dengue, simulate outbreaks, and project the impacts of climate change. We review the evidence for direct and indirect relationships between climate and dengue generated from laboratory studies, field studies, and statistical analyses of associations between vectors, dengue fever incidence, and climate conditions. The potential contribution of climate driven, process-based dengue models is assessed, and suggestions are provided to improve their performance. Relationships between climate variables and factors that influence dengue transmission are complex. A climate variable may increase dengue transmission potential through one aspect of the system, while simultaneously decreasing potential through another. This complexity may at least partly explain inconsistencies in statistical associations between dengue and climate. Process-based models can account for the complex dynamics but often omit important aspects of dengue ecology, notably virus development and interactions between host species. Synthesizing and applying current knowledge of climatic effects on all aspects of dengue virus ecology will help direct future research and enable better projections of climate change effects on dengue incidence.
Article
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O trabalho teve por objetivo determinar as exigências térmicas para o desenvolvimento e estimar o número de gerações anuais de Aedes aegypti (L.) em campo. O ciclo biológico das populações de A. aegypti foi estudado nas temperaturas constantes de 18, 22, 26, 30 e 34ºC, e fotofase de 12h. Foram avaliados, diariamente, o período de desenvolvimento e a viabilidade da fase de ovo, sobrevivência de larva e pupa, longevidade e a fecundidade dos adultos, determinando-se, ainda, os limites térmicos inferiores de desenvolvimento (Tb) e as constantes térmicas (K). Em função dessas variáveis foram estimados os números de gerações anuais do inseto em laboratório e campo. A temperatura favorável ao desenvolvimento de A. aegypti encontra-se entre 21ºC e 29ºC, e para a longevidade e fecundidade os adultos entre 22ºC e 30ºC. As Tbs, Ks de ovo a adulto, e o número de gerações anuais em campo foram de 9,5, 8,5, 3,4, 7,1, 13,5ºC; 244,5, 273,9, 298,5, 280,9 e 161,8 graus-dias; e 21,9, 23,8, 24,2, 21,1 e 22,1 gerações para as populações de A. aegypti das regiões de Boqueirão, Brejo dos Santos, Campina Grande, Itaporanga e Remígio, respectivamente.
Clima urbano. 2. ed. São Paulo: Contexto
  • A M Brandão
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BRANDÃO, A. M. de P. O clima urbano da cidade do Rio de Janeiro. In: MENDONÇA, F.; MONTEIRO, C. A. de F. (Org.). Clima urbano. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2013. Cap. 4. p. 121-192.
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  • A De
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As novas geogra as dos países de língua portuguesa: paisagens, territórios e política no Brasil e em Portugal (II)
  • Sant' Anna
  • J L Neto
  • N C R Aleixo
  • C G Souza
  • M M Passo
  • L Cunha
  • R Jacinto
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